educação religiosa - uma reflexão para os dias atuais

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Educação Religiosa Uma reflexão para os dias atuais Em busca de novos paradigmas para a Educação Religiosa Lourenço Stelio Rega © [email protected] 1ª Conferência sobre Educação Cristã do Estado de Minas Gerais Convenção Batista Mineira 2 e 3 de abril de 2004 versão 2.1

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EDUCAÇAO RELIGIOSA

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  • Educao Religiosa Uma reflexo para

    os dias atuais Em busca de novos paradigmas

    para a Educao Religiosa

    Loureno Stelio Rega [email protected]

    1 Conferncia sobre Educao Crist

    do Estado de Minas Gerais Conveno Batista Mineira

    2 e 3 de abril de 2004

    verso 2.1

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    Revitalizando a Educao Religiosa na Igreja Em busca de novos paradigmas

    para a Educao Religiosa Loureno Stelio Rega1

    1. A educao religiosa como componente da misso da igreja

    O ENSINO NA BBLIA

    Princpio Texto

    Objetivos do ensino

    2 Tm 3.16,17: Toda Escritura divinamente inspirada proveitosa para ensinar, repreender, corrigir, instruir na justia; para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.

    Abrangncia do ensino,

    estratgia, contedo

    Atos 1.1: Escrevi o primeiro livro, Tefilo relatando todas as coisas que Jesus comeou a fazer e a ensinar.

    Qualidade do ensino Atos 18.25: (Apolo) era instrudo no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de esprito, falava e

    ensinava com preciso a respeito de Jesus ...

    A educao e a misso da igreja

    NNoossssaa hheerraannaa ddoo pprrootteessttaannttiissmmoo ccoonnvveerrssiioonniissttaa SSaa llvvaacciioonniissmmoo ffooccoo nnaa ssaa llvvaaoo FFoorrmmaaoo tteeoollggiiccaa nnoo BBrraassii ll ssuuaa oorriiggeemm,, ccoonntteeddoo,, nnffaasseess ee tteennsseess NNoossssaa tteeoollooggiiaa,, pprr ttiiccaass eecclleessiissttiiccaass ee llii ttrrggiiccaass oorriieennttaaddaass ppeelloo ssaallvvaacciioonniissmmoo PPeerrddaass && ggaannhhooss -- ggaannhhooss eemm mmiisssseess -- ppeerrddaass eemm ffoorrmmaaoo ddee vv iiddaass

    -- ppeerrddaass eemm nnoo tteerrmmooss aa iinnttee ggrraalliiddaaddee ddoo eevv aannggeellhhoo VVaammooss rreevveerr ttuuddoo ddeessddee oo iinncciioo?? CCoommoo ttuuddoo ccoommeeoouu??

    VVaammooss rreevveerr ttuuddoo ddeessddee oo iinncciioo?? CCoommoo ttuuddoo ccoommeeoouu??

    1 Loure no Stelio Rega Bacharel em Teologia, Mestre em Teologia (espec. em tica), Licenciado em Filosofia, Ps-Graduado em Administrao (ncleo de Analise de Sistemas), tem curso de extenso pedaggica do ensino superior, Mestre em Educao e Doutorando em Cincias da Religio. Diretor Geral e professor da Faculdade Teolgica Batista de So Paulo, ex-Presidente da Associao Bra sileira de Instituies Batistas de En sino Teolgico (ABIBET), Diretor do Programa de Educao Religiosa do Estado de So Paulo (CETM-CBESP), foi asse ssor na rea de educao da Igreja Evanglica Batista da Liberdade (S. Paulo). Foi Ministro de Educao da Igreja Batista em Perdizes (S. Paulo) e Igreja Batista da Praia do Canto (Vitria ES).

  • 2

    Para que fomos criados? B C D = geralmente pensamos que o TODO do Evangelho A Z = na verdade, este o TODO B C D = apenas parte Z Vivermos

    para a glria 1 Corntios de Deus 10.31 Isaas 43.7 D B 2 Corntios 5.15

    Gn 3

    A C Deus nos criou para (vide Z) Romanos 3.23

    Gnesis 1

    A educao como componente da misso da igreja OO eennssiinnoo eesstt ccoonnttiiddoo nnaa mmiissssoo iinntteeggrraa ll ddaa iiggrree jjaa ((ttrriiddiimmeennssiioonnaa ll )) EEnnssiinnoo ccoommoo ddoomm ppoorrttaannttoo iinntteeggrraa oo ppllaannoo ddee DDeeuuss ffeerrrraammeennttaa ppaarraa qquuee aa iiggrreejjaa ccuummpprraa aa ssuuaa mmiissssoo eemmppoobbrreecciimmeennttoo ccoomm oo ssaallvv aacciioonniissmmoo eennssiinnoo mmaaiiss ddoo qquuee EEBBDD eennssiinnoo mmaaiiss ddoo qquuee eedduuccaaoo iinnffaannttiill eennssiinnoo mmaaiiss ddoo qquuee mmaanntteerr aass ccrriiaannaass ddiissttrraaddaass eennqquuaannttoo tteemmooss oocc uullttoo eennssiinnaarr mmaaiiss ddoo qquuee ffaazzeerr rreeccoorrtteess ee uussaarr ffllaanneellggrraaffoo eennssiinnaarr mmaaiiss ddoo qquuee iinnffoorrmmaarr,, ffoorrmmaarr ee ttrraannssffoorrmmaarr tteemmooss ffoorrmmaa ddoo//ttrraannss ffoorrmmaaddoo oouu ddeeffoorrmmaaddoo vv iiddaass??

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    Qual a diferena entre educao crist, religiosa e teolgica?

    Educao Significado aplicao

    Educao Crist

    a concepo filosfica, teolgica, poltica, sociolgica, psicolgica da educao em geral. O que a educao do ponto de vista cristo?

    toda educao praticada na denominao: colgios batistas, programas (incluindo Instituies e Entidades) de educao religiosa e teolgica, treinamento de lderes

    Educao Religiosa

    a educao aplicada realidade da igreja local

    Ministrio de Educao Religiosa na igreja, EBD, EBF, Escola de Treinamento, Unies (organizaes), programa de treinamento de lderes

    Educao Teolgica

    a educao aplicada na formao ministerial e na pesquisa teolgica

    seminrios

    2. Reflexes sobre a educao para hoje NNoo tt iivveemmooss aavvaannooss nnaa qquuaannttiiddaaddee nnee mm ee mm qquuaalliiddaaddee EEdduuccaaoo ttee mm ssiiddoo mmaaiiss aattiivviiddaaddee//eevveennttoo eedduuccaaoo ccoommoo eedduuccaaoo -->>

    ffaazzeerr ccoomm ffuunnddaammeennttoo FFooccoo mmaaiiss nnoo ccoommoo ee eemm eessttrruuttuurraass EEdduuccaaoo ttaarree ffaa ddee sseegguunnddaa ccllaassssee nnaa iiggrreejjaa EEdduuccaaddoorr rreelliiggiioossoo == aammaa--sseeccaa ddee nnoossssooss ff iillhhooss ppaarraa qquuee nnoo aattrraappaallhhee mm

    oo ccuullttoo?? EEnnssiinnoo aattiivviiddaaddee pprrooffiillttiiccaa ee eessttrraattggiiccaa PPaarreeccee qquuee eessttaammooss iinnvveessttiinnddoo mmaaiiss eemm pprroonnttoo--ssooccoorrrroo ee aammbbuullaattrr iioo 3. A educao como sistema de hegemonia prs e contras

    3.1 A educao como ao adestradora dos espritos 3.2 A educao como "aparelho ideolgico"2 3.3 Riscos e perigos de uma educao reprodutivista

    4. Uma breve anlise do sistema atual ou a educao religiosa uma

    caixa preta? Estamos juntos no barco, temos de fazer um diagnstico do que est ocorrendo e ajudar a corrigir os rumos. Mos obra ...

    2 vide Aparelhos ideolgicos de Estado, por Louis Althusser, Rio de Janeiro : Graal, 1985

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    Ser preciso analisar alguns princpios e categorias-chave:

    4.1 Currculo e sistema nacional

    a. mais barato e fcil de produzir b. Desconsidera as variveis ambientais, regionais, descontextualizado veja

    anlise de Michael Apple3 (a) Do Acre ao Rio Grande do Sul, mesmo que o pas tenha

    caractersticas/necessidades diferentes, temos o mesmo currculo, o mesmo temrio, por isso mesmo descontextualizado

    (b) Como elaborado o projeto da educao religiosa da igreja? Em geral copiado de manuais oficiais (Organizaes UM, UF, JUMOC), a partir do que o formato das lies e revistas exigem e da tradio oral

    c. Pode ter um carter ideolgico e reprodutivista d. Ficamos presos a uma cultura do momento visto pela liderana presente (estudo

    dos dons ausente por muito tempo, devido viso traumatizada das crises passadas)

    e. Por isso mesmo a nossa JUERP precisaria ser uma implementadora de sistemas, consultora, mais do que mera produtora de revistas e editora. Se a JUERP tivesse se dedicado mais a isso teramos projetos contextualizados e as igrejas, pequenas ou grandes, conseguiriam elaborar, cada uma, o seu projeto contextualizado para buscar atender as suas demandas.

    f. O currculo no neutro, muito menos o sistema educacional. Lucola Santos (1990, p. 23), afirma comentando Ivor Goodson e Young, em que as disciplinas ou contedos escolares so estruturados de acordo com os interesses dominantes daqueles que tm poder na sociedade. Sobre isso Resende (1995, p. 146) nos informa que os movimentos que acontecem no interior da escola refletem aspectos de uma cultura social mais ampla e que garantem a penetrao de paradigmas ideologicamente construdos que funcionam como matrizes de comportamentos que se expressam das mais diferentes formas. Michael W. Apple (in Moreira & Silva, 1999, p. 59) afirma que4

    o currculo nunca apenas um conjunto neutro de conhecimentos, que de algum modo aparece nos texto s e na s sala s de aula de uma nao. Ele sempre parte de uma tradio seletiva, resultado da seleo de algum, da viso de algum grupo acerca do que seja conhecimento legtimo. produto das tenses, conflitos e concesse s, polticas e econmicas que organizam e desorganizam um povo. (grifo do autor)

    4.2 nfase em estrutura e metodologia

    a. Em geral os congressos educacionais oferecem nfase mais nestes nveis b. Nem sempre h discusso sobre filosofia da educao, polticas de educao, a

    sociologia da educao. O quanto muito fala-se em psicologia da educao,

    3 APPLE, Michael W. A poltica do conhecimento oficial: faz sentido a idia de um currculo nacional? in:

    MOREIRA, Antonio Flvio & SILVA, Tomaz Tadeu. Currculo, cultura e sociedade. So Paulo: Cortez, 1999. p. 59-91. Veja tambm, APPLE, Michael W. (Conhecimento Oficial, 1999, Vozes; Educao e poder, Artes Mdicas, 1989.

    4 Sobre o assunto veja as seguintes obra s: RESENDE, Lcia Maria Gonalves. Relaes de poder no cotidiano escolar. Campinas : Papirus, 1995; SANTOS, Lucola Licino de C. P. Histria das di sciplinas escolare s : perspectivas de anlise in : Teoria & Educao, Porto Alegre, n 2, p. 21-29, 1990; MOREIRA, Antonio Flvio & SILVA, Tomaz Tadeu da (orgs.). Currculo, Cultura e Sociedade. So Paulo : Cortez, 1999.

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    especialmente em temas da psicologia do desenvolvimento.

    4.3 Divulgao do currculo anual

    a. Currculo anual tipo caixa de surpresa b. Ainda que se tente divulgar o programa plurianual da Educao Religiosa, tenho a

    impresso que a maioria das igrejas ficam sabendo o que vai ser lecionado no prximo ano pelos Pontos Salientes ou quando as revistas chegam;

    c. Quem constri o plano educacional praticado d. O dito e o feito qual o espao de distncia entre esses dois fatos?

    (a) Discurso pedaggico: as nossas prticas escolares so compatveis com nosso discurso pedaggico?

    (b) o dito e o feito: h uma relao entre o que se prope e o que se realiza? (c) Onde queremos chegar? O currculo formal e o real: o dito e o feito

    4.4 Sistema orientado por contedos (conteudista) em vez de orientado por

    objetivos educacionais

    O sistema educacional oferecido pela denominao orientado por contedos oferecidos em vez de ser orientado por um conjunto de valores e objetivos educacionais. Da tambm vem a descontextualizao, pois no considera os objetivos contextuais partir do ambiente eclesistico. Este outro item que precisa ser discutido no campo das pressuposies educacionais. Ele diz respeito construo de todo processo educacional (currculo, plano de curso, plano de aula, contedo, carga horria, avaliao, etc.). Em termos gerais a educao pode ser orientada ou direcionada por, pelo menos duas alternativas, por objetivos educacionais ou por contedos. a. Por contedos: seguir um currculo e contedo emprestado ou imposto de fora; o sistema atual adotado na maioria das igrejas no Brasil. b. Por objetivos educacionais: os objetivos indicam onde devemos chegar, que fins devemos atingir. Neste caso temos: (a) Objetivos gerais da educao crist valores permanentes do Reino: so os objetivos obtidos no levantamento bblico sobre os fins da educao crist. i. compreenso doutrinal das Escrituras; ii. compreenso literria das Escrituras; iii. compreenso tica geral das Escrituras; iv. compreenso da experincia crist luz das Escrituras; v. treinamento operacional do cristo no desempenho do seu ministrio (b) Objetivos contextuais da educao crist: so os objetivos obtidos no levantamento do ambiente da sua aplicao. Cada igreja local est inserida num ambiente e vive uma realidade cultural especfica. i. anlise dos fnomenos sociais, culturais, econmicos e religiosos do contexto luz dos princpios bblicos. Isso envolve o Zeitgeist (esprito de poca) e a sua influncia no quotidiano (ex.: pragmatismo, existencialismo como foras filosficas de nossa era; globalizao, etc); ii. busca de respostas aos dilemas contextuais da comunidade; iii. interpretao tica do contexto e estabelecimento da conduta tica especfica para o contexto; iv. treinamento especfico do cristo no desempenho do ministrio contextual; (c) a busca dos objetivos contextuais da educao obtida atravs do levantamento descritivo do pblico-alvo para se estabelecer o seu perfil. A nossa pergunta ser: quem o membro da nossa igreja? quais as suas caractersticas? quais so os seus dilemas? quais so os seus objetivos pessoais? Esses objetivos contextuais devem

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    ser interpretados luz dos gerais e servem para referenciar o processo educacional ao contexto. Enfim, associando-se esses dois objetivos, se obtem uma educao contextualizada que influenciar na estruturao de todo sistema educacional - currculo, contedo, didtica, avaliao, etc. (d) depois de feito o levantamento dos objetivos educacionais (gerais e contextuais) prepara-se uma taxionomia de objetivos educacionais que nortear o planejamento da grade curricular e do contedo, bem como da integrao deste contedo entre as diversas classes e diversos setores educacionais da igreja. Como vimos, no se pode fazer educao, meramente, criando mais classes, arranjando temas diversos, novos livros para serem estudados, ou mesmo reescrevendo toda literatura que ser utilizada na estrutura educacional da igreja, mudando o horrio da EBD, fazendo uma campanha de freqncia, concurso bblico, etc. Ser preciso estabelecer qual a ideologia que funcionar como pressuposto para direcionar todo o projeto educacional. Essa ideologia nortear o caminho que deveremos seguir, a elaborao da misso e da poltica de qualidade da rea de educao da igreja, alm de seus objetivos bsicos a serem conquistados. Aps isso ser possvel traar um plano de metas e um cronograma a serem cumpridos.

    4.5 Filosofia fragmentria de ensino

    a. Fragmentamos a educao em teoria e prtica: EBD e ETM. H uma dissociao teoria / prtica (EBD: estudo terico da Bblia / ETM: estudo das prticas eclesisticas). Outra discusso dentro dos pressupostos do trabalho educacional est na dicotomia entre o ensino terico ou abstrato e o ensino calcado no treinamento prtico ou operacional. Esta ltima nfase tem como pressuposto que as pessoas devem ser preparadas para a vida prtica, para serem teis a sociedade, criando um sistema instrumental de educao em que enfatiza o cidado til e domesticado. Enquanto que a primeira nfase defende que qualquer prtica precisa de teoria. O sujeito tambm um ser pensante. Por trs destas duas tenses dialticas h a discusso em que se aborda a questo de desenvolvermos um sistema de ensino (reprodutivista, utilitrio e instrumental hoje conhecida como educao profissional), ou um sistema de pesquisa (desenvolvimento de descobertas, reflexo, etc.). A verdade que em vez de pensarmos que essas duas nfases esto numa posio dicotmica, poderamos imagin-las como necessrias para uma formao integrada da pessoa. Ento, elas no esto em oposio, mas devem ser integradas, interligadas. Afinal, toda prtica produto de uma hiptese terica. Pois, mesmo que no admitamos, somos influenciados por alguma ou algumas ideologias (de fundo abstrato) presentes na cultura em que vivemos. Por outro lado, a teoria apenas nos levaria a uma contemplao monasterial e incua.

    b. Ainda trabalhamos com faixas etrias. H outras descobertas na educao que podero alterar essa abordagem - estgios morais, Piaget, e.g.; fases da vida mas que vo requerer um trabalho mais profissionalizado com testes, entrevistas em vez da simples promoo para outra classe, que tem se demonstrado cruel e desconsideradora da pessoa como indivduo singular.

    c. O contedo e o sistema privilegia mais o crebro: O programa deve envolver toda a pessoa: no s o saber / fazer, mas tambm o sentir, o conviver e o ser;

    d. Orientao da educao por organizaes: fragmentamos a educao em organizaes e cada uma delas tem um programa, sem integrao. Alis o GT Repensando est iniciando dilogos sobre isso com UF, UM, JUMOC. As organizaes no esto integradas, cada uma faz o seu trabalho separadamente, tem seu calendrio prprio.

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    e. Lies tericas muitas vezes despidas da prtica tica. f. Caso da literatura de uma igreja (Freedom): lies literrias sobre a Bblia, primeiro

    aprender sobre, depois aprender a viver (congelar a realidade de vida, as decises, at aprender sobre ... )

    g. O projeto pedaggico da denominao fragmentado (a) Mas h um projeto?? (b) um sistema (se que existe um??!!) orientado por organizaes. (c) As organizaes no esto integradas, cada uma faz o seu trabalho

    separadamente, tem seu calendrio prprio h. Como integrar o programa de Educao Religiosa oficial com o da igreja?

    (a) Deve ter um programa ou sistema oficial? (b) Ou devemos capacitar a igreja local a construir o seu sistema? (c) E as igrejas pequenas conseguiro ter um sistema prprio? Podero ter um

    sistema bsico, mas contextualizvel?

    4.6 Indefinio filosfica educacional

    a. Que teoria da aprendizagem devemos seguir? b. H uma abordagem crist educao? c. Poltica: quem no segue a revista oficial no batista??!!

    4.7 Poltica de oferta, mas no de demandas

    Assim, uma poltica de ofertas dever ser transformada numa poltica de demandas na modelagem de todo sistema educacional da CBB. Isto , em vez de cada segmento educacional e funcional da CBB planejar e agir considerando o que deve oferecer s igrejas e ao povo batista dentro de seu ponto de vista, agir partir do que as igrejas e o povo explicitam atravs da manifestao de seus anseios e expectativas. Sem dvida, as tendncias contextuais do mundo em que vivemos e norteadoras de nosso futuro devero ser consideradas na elaborao de um planejamento estratgico, global, integrado e integrador. Assim, em vez de partir da estrutura para as igrejas/povo batista, a CBB partir das igrejas/povo batista para suas necessrias elaboraes e ao e se voltar novamente igreja/povo prestando seu servio nas mais variadas esferas e reas de atuao. Do documento: Fundamentos do Repensar a CBB, livro do mensageiro

    4.8 EBD, instituio de ensino e no tanto de pesquisa

    a. formar o imaginrio batista brasileiro (diga-se Sul dos Estados Unidos) b. ETM tambm ler o ponto c. Em vez de ensinar a pesquisar e interpretar a Bblia (Sacerdcio universal dos

    crentes princpio distintivo dos batistas) d. Escola reprodutivista: exemplos de ensino reprodutivista

    (a) Culto noturno evangelstico (b) Dzimo: veterotestamentrio, reducionista em relao mordomia integral do

    NT (c) Sacralidade do templo (d) Ministrio pastocntrico, pulpitocntrico

    4.9 Projeto reducionista de Educao Religiosa e supervalorizao do plpito

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    a. Escolarizao do ensino s vlido se for na estrutura escolar oficial e

    institucional (EBD, ETM, Organizaes), assim, a instituio escolar passa a ser o nico locus de aprendizagem, ou a ser o locus privilegiado disso.

    b. A Educao Religiosa no lar fica fora do sistema, (a) o principal meio de ensino (b) A ER na igreja profiltica e instrumental, mas a nfase deve ser na ER no lar.

    No NT no havia a igreja como instituio (c) Culto domstico ausncia do programa em geral da igreja (d) ER mais do que EBD (e) O programa deve envolver toda a pessoa: no s o saber / fazer, mas tambm

    o sentir, o conviver e o ser. c. Tratar o ensino apenas como atividade e no como processo com suas

    propriedades e peculiariedades:

    (a) Como so escolhidos os professores? (b) Como elaborado o projeto da educao religiosa da igreja? (c) A ER como atividade auxiliar, a nfase est no plpito (cpia do catolicismo o

    sacerdote precisa dar o aval (mito do cartrio) do pentecostalismo mas h o pastor-mestre (Ef 4.11)

    (d) Quando se vai construir o edifcio de ER, o engenheiro, a liderana da igreja, consultam um educador?

    (e) A ausncia geral de treinamento contnuo de liderana da igreja e professores

    d. No tem havido tratamento e profilaxia ao fracasso escolar: (a) por fracasso escolar entendo no apenas a reprovao/repetncia, em ltima

    instncia a evaso escolar, mas tambm situaes indicativas de que o aluno no conseguiu atingir os objetivos propostos no Plano do Curso, pela escola, ou mesmo a saturao pedaggica ou cognitiva demonstrada pelo aluno;

    (b) qual a percepo do aluno ao concluir um curso? Ele quer mais? Entendeu como o contedo se simetriza com sua formao global? Ele ficou com ojeriza da classe e do estudo? Livro: Um gosto amargo da escola! Frase: a escola faz mal ao meu filho ( ... adverte: a escola faz mau aprendizagem)

    (c) Quais as causas do fracasso escolar?

    i. Escola: sistema educacional inadequado: carga curricular deficiente ou hipersuficiente; falta de recursos didticos; deficincia no espao fsico; pr-requisitos incorretamente dimensionados (em menor ou maior dimenso); desprezo no atendimento dos pr-requisitos de origem do aluno; objetivos educacionais inexistentes ou at mesmo incorretamente dimensionados; sistema educacional que desconsidera a simetrizao ou conexo entre as disciplinas/contedos (o sistema no possui mecanismos ou procedimentos que tornam isso realidade), suporte deficiente aprendizagem (biblioteca, recursos diversos); outras deficincias no ambiente em que se realiza a aprendizagem, etc.

    ii. Professor: conhecedor do contedo, mas no das tcnicas didtico-pedaggicas (nem todo bom mdico necessariamente ser um bom professor de Medicina); sistema de avaliao mau dimensionado ou inadequado (at que ponto a prova pode avaliar adequadamente? O que queremos avaliar: contedo congnitivo, aplicabilidade do contedo, aluno mais do que o crebro?); viso monoltica de sua disciplina sem a

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    conexo com o todo do sistema educacional da escola; desatualizao em contedo e metodologia especfica da disciplina, etc.

    produo da legitimidade do saber: o professor tem o conhecimento do contedo, mas nem sempre da tcnica de ensino

    (d) Aluno: deficincia nos pr-requisitos de ingresso (teolgico-espirituais, cultura

    geral, idioma nacional, etc); deficincia de aprendizagem; ausncia ou m gerncia de tempo,

    (e) como se instala a lgica do fracasso escolar no interior da igreja?

    3.10 Sistema adestrador e reprodutivista: a. Muito expositivo e pouco instrumental: os alunos estudam o que posto, mas

    no aprendem a pesquisa e a busca da verdade por si mesmo. b. Assim, um sistema mais de ensino do que de pesquisa. c. Isso incompatvel com o esprito batista do:

    (a) livre exame das Escrituras; e, (b) sacerdcio de cada crente.

    d. A revista da EBD e da ETM, como instrumento ideolgico reprodutivista? Isso no meio batista? claro que no acredito no mito da neutralidade cientfica da pesquisa, especialmente no campo da Teologia e estudos bblicos (a) perpetua o imaginrio batista brasileiro, diga-se do Sul dos Estados Unidos

    da poca do sculo XIX, por isso mesmo (b) perpetuador da cultura popular religiosa batista e evanglica no Brasil, em

    vez de ser criativo e contextualizador. Por exemplo perpetua a viso salvacionista implantada pelos missionrios e lderes pioneiros motivados pelo protestantismo conversionista. Isso empobrece o Evangelho e a Misso da igreja, pelo menos;

    (c) em geral no oferece oportunidade para uma viso analtica e crtica da identidade batista que formamos a partir desse foco

    e. Por isso mesmo precisamos descer ao cho da igreja (compare com a expresso cho da fbrica.

    5. Uma educao integral no contedo e para o sujeito aprendente: em

    busca de uma definio filosfica educacional para a educao religiosa

    Embora aplicada Educao Teolgica e Ministerial, cabe aqui a meno de uma situao que vivi. Um dia um lder regional me procurou e me perguntou se eu poderia ir na inaugurao do seminrio de sua regio. A perguntei se eles j tinham decidido que modelo educacional iam seguir, quais os objetivos educacionais pretendidos, etc. Ele me respondeu, bem, ns j temos o prdio e o estatuto, o diretor, a data da inaugurao e fizemos propaganda, tudo aprovado pela Junta da Associao. O que mais precisariam? Bastava inaugurar o seminrio.

    Poderemos at pensar que o ensino envolve apenas o papel do professor ministrando a lio em sala de aula, uma lousa e os alunos. A verdade que existe uma srie de fatores que influenciam diretamente todo processo e prtica educativa. Estes fatores determinaro a viso que devemos ter de Deus, do mundo, do homem, da

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    sociedade, etc. Numa outra oportunidade poderei explicitar as principais alternativas educacionais.5 A verdade que estamos tratando de educao, no mbito da igreja e mesmo dos seminrios, e nem sempre tratamos deste assunto luz da cincia da educao. como se um mdico fosse fazer cirurgia e deixasse de lado toda tcnica e conhecimento cientfico sobre Medicina. Antes de se elaborar um currculo preciso que haja o estabelecimento de uma declarao de valores e objetivos educacionais que ser norteadora de todo sistema educacional. Mas mesmo antes de se estabelecer quais os objetivos educacionais que desejamos atingir ser preciso decidir sobre qual modelo educacional vamos adotar para compor o nosso sistema de ensino. Pois isso vai determinar a composio da estrutura, do espao fsico, dos equipamentos necessrios, do volume de contedo a ser ministrado. H diversos modelos que podemos adotar para elaborar um projeto educacional para uma igreja. Em termos mais simples indicar sete modelos principais, mas vamos indicar um oitavo que tem sido a opo que estamos sugerindo como um novo paradigma: 1. Modelo humanista. Neste caso a nfase na formao da pessoa, de seu carter. A preocupao no ser tanto com matrias tericas ou doutrinrias. O currculo se concentrar em matrias como tica crist, santificao, etc. o modelo do SER. 2. Modelo situacionista. A preocupao neste modelo o atendimento s necessidades, tendncias e demandas atuais do mundo, do programa da igreja ou da denominao. Neste caso traado um perfil para o crente baseado nestas tendncias. Que perfil de aluno queremos? Baseado nessas tendncias e demandas, traa-se um perfil do aluno que se espera alcanar no cumprimento da carga curricular. Um dos principais riscos aqui a constante desatualizao do ensino neste modelo, uma vez que o ambiente est em contnua mudana. 3. Modelo pragmtico. A nfase neste modelo treinar os alunos na operacionalizao de tarefas no cumprimento de um programa de atividades. Neste caso, mais do que saber um contedo, o aluno deve aprender a fazer coisas (pregar, visitar, aconselhar, discipular, etc.). o modelo do FAZER. 4. Modelo academicista. O importante neste modelo a formao acadmica do aluno. H nfase no conhecimento e espera-se que o professor ensine o aluno a pensar. O currculo se concentra em matrias tericas e doutrinrias. o modelo do PENSAR. 5. Modelo especialista. A preocupao aqui est em treinar o aluno num ministrio ou saber especfico, sem se deter em qualquer outro carter da sua formao. um modelo vlido medida que se almeja prover capacitao tcnica e acadmica aos alunos, partir de uma formao genrica j existente. 6. Modelo social-comunitrio. Aqui a preocupao no tanto com o ensino, mas com o desenvolvimento da interao de cada aluno com o grupo a que pertence. As atividades educacionais valorizam sobremaneira a vivncia em grupo. Em geral so utilizadas tcnicas de dinmica de grupo como recursos didticos do professor. o modelo do CONVIVER. 7. Modelo afetivo. O importante neste modelo a formao afetivo/emocional do aluno. A preocupao com os seus sentimentos e com a adaptao do contexto realidade afetiva do aluno. o modelo do SENTIR. 8. Como pudemos observar cada modelo converge para uma nfase educacional enfocando um lado da formao do aluno. Tomado separadamente, cada 5 Um texto resumido, mas muito ti l, sobre isso MIZUKAMI, Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. So Paulo : EPU, 1986.

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    modelo valoriza apenas um aspecto do indivduo. A proposta criar um envoltrio em torno de cada nfase unindo-as num MODELO INTEGRAL DE EDUCAO RELIGIOSA. A proposta criar um envoltrio em cada nfase e interlig-las almejando a formao integral do aluno SABER / REFLETIR, CONVIVER, FAZER, SER e SENTIR. Esse modelo integral de educao, em vez de enfatizar apenas um aspecto do indivduo, enfoca integralmente a formao de vidas maduras do ponto de vista intelectual, social, operacional ou pragmtico, pessoal (ontolgico) e afetivo. Assim, ser preciso rever todo projeto educacional da igreja, seja o estabelecimento dos objetivos educacionais, seja o planejamento curricular, do contedo programtico, do contedo das aulas, enfim, a didtica adotada pelo professor, a viso do aluno, etc. Como se pode observar, para atingirmos profundos e permanentes objetivos com a educao religiosa na igreja, ser preciso rever todo processo educacional que temos desenvolvido e estarmos dispostos a assumir o custo, seja financeiro, operacional, material, em mo de obra ou temporal. Qualquer falha na escolha do modelo a ser adotado representar graves distrbios em todo processo do trabalho educacional. Por exemplo, aplicando-se esse mesmo conceito na Educao Teolgica, temos na Filosofia da Conveno Batista do Estado de So Paulo, a compreenso que alterou a designao de Educao Teolgica para Educao Teolgica e Ministerial (ETM), numa tentativa de ampliar o conceito do modelo do ensino teolgico. Este modelo integral de educao que proponho pode ser ilustrado pelo diagrama a seguir: A VONTADE A MISSO A MISSO O DESENVOLVI-

    DE DA DA MENTO DA DEUS IGREJA PESSOA PESSOA

    Treinamento na Treinamento Treinamento Treinamento na vida compreenso da para a vida Operacional pessoal Palavra de Deus comunitria COMPREENSO COMPREENSO COMPREENSO COMPREENSO Teolgico Social Funcional Ontolgica e exegtica Existencial SABER/REFLETIR CONVIVER FAZER SER, SENTIR

    T R A N S V E R S A L I D A D E

    A - A VONTADE DE DEUS

    1. O ponto de partida para a Educao Religiosa, e mesmo para a Educao Teolgica, depender do nvel de autoridade que a Palavra de Deus exerce sobre a compreenso de nossa realidade, sobre a nossa fonte de verdade e direcionamento para a vida. (Objetivao da vida)

    2. Em muitas obras de avaliao Teologia da Libertao percebi que estudiosos

    afirmaram que os telogos da Libertao buscaram compreender as questes humanas luz da realidade e depois tentaram reinterpretar os referenciais bblicos luz desta compreenso. Hoje temos um mundo em convulso,

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    secularismo, relativismo, sem referncia, e nossa gerao foi deixada a possibilidade de negar a culpa.

    3. Se a Palavra de Deus for apenas um referencial entre outros, no ser

    colocada como ponto de partida para a Educao Religiosa.

    4. A vontade de Deus est revelada nas Escrituras que so teis para o ensino, para a repreenso, para a correo e para a educao na justia.

    o ensino perfeito A Palavra de a repreenso para que o a correo homem de e

    Deus til para a educao na Deus seja justia perfeitamente habilitado para toda boa obra 5. A Palavra de Deus a fonte para a PESQUISA DE BASE no campo do saber

    para a Educao Religiosa e mesmo para a Educao Teolgica:6 a. No desenho a seguir veja o dilogo que existe entre o Bblia como pesquisa

    de base e outras reas relacionadas do conhecimento:

    6 O ponto de partida para os g rficos de ste item me foram sugeridos pelo Dr. Hilmar Frstenau na palestra A Importncia do Ensino das Lnguas Originais no Seminrio, proferida em 6.6.1992 na Faculdade Teolgica Batista de So Paulo.

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    A CENTRALIDADE DA BBLIA

    Estudos filosficos Estudos propeduticos no bblicos Estudos no teolgicos Estudos ESTUDOS teolgicos DA BBLIA (pesquisa de base) Estudos sobre Estudos cultura geral ticos Estudos Estudos para histricos formao ministerial

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    b. No desenho a seguir a ilustrao demonstra a Bblia como ncleo do ensino, no caso temos as lnguas originais que se aplica mais aos seminrios:

    Estudos Estudos Bblicos das Lnguas Propeduticos Originais Geografia, Arqueologia, Grego, Hebraico, Introduo Bblica, Aramaico Cr it icismo Bblico Estudos Estudos Bblicos Hermenuticos Livros bblicos Hermenutica, Tcnicas de Exegese

    c. Neste caso, o estudo da Palavra de Deus o centro de convergncia e divergncia para o currculo da Educao Religiosa e Teolgica tambm, gerando um contnuo fluxo de dilogo entre ela prpria, como ponto de partida e chegada, e os diversos ramos do conhecimento humano.

    B A MISSO DA IGREJA

    1. Em geral, nutre-se a concepo de que a formao crist visa, entre outra

    coisas, treinar o crente para o desempenho de seu ministrio na igreja. J ouvi a afirmao de que os seminrios desempenham uma tarefa que pertence igreja e, assim, nem deveriam existir. Mas sabemos a funo estratgica desempenhada pelos seminrios. Neste caso, ser preciso estudar a finalidade da existncia da igreja para que formemos crentes adequadamente para ela.

    2. A pergunta qual a misso da igreja? geralmente tem sido respondida que

    evangelizar o mundo perdido. Esta resposta tem seu transfundo na nossa origem no "protestantismo conversionista"7 trazido para c pelos nossos

    7 Para mais detalhes sobre esta tipologia do protestantismo no Brasil veja: Loureno Stelio Rega, A educao teolgica batista no Brasil: uma anlise histrica de seu iderio na gnese e a sua transformao no perodo de 1972 [dissertao de Mestrado], So Paulo: Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo, abril de 2001, pgs. 40ss; Walter Altmann, Lutero e l ibertao, So Paulo: tica & So Leopoldo: Sinodal, 1994, pgs. 90 e 95, 121-123; Jether Pereira Ramalho, Prtica educativa e sociedade um estudo de

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    fundadores. Dessa forma o crescimento da igreja, por exemplo, medido numericamente. A vida da igreja local, suas tarefas, enfim, sua mensagem acaba sendo direcionada pelo enfoque de apenas evangelizar o mundo perdido. Esta viso salvacionista acabou por polarizar a concepo da misso da igreja apenas voltando-se ao mundo na busca da conquista das almas dos perdidos. Assim a misso da igreja voltada ao mundo pode ser ilustrada:

    3. Afirmar isso reduzir e polarizar a ampla dimenso da misso da igreja a apenas uma de suas facetas.

    3.1 J que pertencemos igreja, um bom ponto de partida seria ampliar a resposta luz dos objetivos de nossa criao e da nossa salvao. Neste caso nossa busca teleolgica. Para que existimos? para que somos chamados salvao? S para possuirmos a segurana do cu?

    3.2 - A resposta encontrada quando retornamos na histria at a ocasio da criao e queda do homem no den.

    a. Fomos criados para glorificar a Deus (Isaas 43.7), vivendo sob Sua dependncia, alegrando-O e lhe sendo leais. Esse era o nosso papel na criao.

    b. A queda consistiu na declarao de independncia do homem contra Deus. Agindo assim, o homem se rebelou e se distanciou do propsito original do qual foi criado deixou de glorificar a Deus (Romanos 3.23). O diagrama a seguir ilustra todo esse processo:8

    sociologia da Educao, Rio de Janeiro: Zahar, 1973, pgs. 47-68; Cndido Procpio Ferreira de Camargo, Catlicos, protestantes, espritas, Petrpolis: Vozes, 1973, pgs. 105-157; Antnio Gouva de Mendona, O celeste porvir a insero do protestantismo no Brasil, So Paulo: Paulinas, 1984, pgs 43ss; Antnio Gouva Mendona & Prcoro Velasques Filho, Introduo ao protestantismo no Brasil, So Paulo: Loyola, 1990, pgs. 13-46. Veja tambm o artigo de Antnio Gouva Mendona Panorama atual e perspectivas histricas do prote stantismo no Bra sil in: Simpsio, So Paulo: ASTE, ano XXXIII, n. 42, pgs. 32-51, outubro de 2000. 8 Esse diagrama foi inspirado em DeVern Fromke, O supre mo propsito, So Paulo: ELO, 1980.

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    B C D = geralmente pensamos que o TODO do Evangelho A Z = na verdade, este o TODO B C D = apenas parte Z Vivermos

    para a glria 1 Corntios de Deus 10.31 Isaas 43.7 D B 2 Corntios 5.15

    Gn 3

    A C Deus nos criou para (vide Z) Romanos 3.23

    Gnesis 1

    c. A salvao, por intermdio de Jesus Cristo, nos recoloca neste estado original do qual nos desviamos em Ado. Se a vontade de Deus que vivamos neste estado renovado de vida, vontade de Deus tambm que ele se concretize coletivamente em nossa comunidade eclesistica e, assim, podemos concluir que a comunidade dos salvos a igreja existe tambm para glorificar a Deus. Assim, temos a misso da igreja voltada a Deus:

    4. Ora, adorar a Deus inclui muito mais que culto, louvor e liturgia. Inclui lealdade Sua vontade, vida de servio, de cooperao e convivncia comunitria. Embora esse aspecto da vida seja desenvolvido pelo indivduo, na somatria acaba envolvendo a prpria comunidade e no difcil deduzir que isso requerer constante manuteno. Desta forma podemos concluir que a misso da igreja inclui mais um aspecto que est diretamente relacionado com a sua prpria comunidade. a igreja promovendo a sua prpria manuteno e fortalecimento para que seus membros tenham uma vida dedicada comunidade, ao seu trabalho e desenvolvimento, ao treinamento para o servio e testemunho ao mundo. Aqui est includo o treinamento operacional dos crentes, a administrao, a admoestao, o ensino da Palavra, a assistncia espiritual e material aos domsticos da f ( Glatas 6.10), a manuteno da prpria convivncia ou comunho na igreja do primeiro sculo ( Atos 2.42-47; 4.32,35). Assim, temos a misso da igreja voltada a si mesma.

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    5. Desta forma poderemos concluir que, no conjunto, a misso da igreja, em vez de nica evangelizao, por exemplo trplice. direcionada a Deus, a si mesma e ao mundo. Assim temos:

    6. Teologicamente essa maneira tridimensional de enfocar a misso da igreja pode ser chamada de MISSO HOLSTICA9 ou integral da igreja. A expresso holstica vem da palavra grega oloj, que significa todo, inteiro. Essa viso holstica representa uma viso integral da misso da igreja, pois abrange outros aspectos e implicaes que uma viso polarizada (parcial) deixa de lado.

    7. Uma implicao prtica da aceitao da misso holstica da igreja a

    ampliao da viso ministerial. Pois assim, teremos na igreja no apenas evangelistas, missionrios, pastores e leigos serviais.

    7.1 - A igreja ter um ciclo de atividades contnuas envolvendo diversas

    reas de atuao, bem como uma descentralizao operacional e, conseqentemente, de pessoas.

    7.2 - Assim, o crescimento da igreja ser integral envolvendo diversas

    reas e no apenas umas poucas, como evangelizao, pregao, etc. 9 Infelizmente a palavra "holstica" nem sempre bem entendida desta forma, uma vez que foi assumida pelo movimento "Nova Era", com nova semntica. Desta forma estamos util izado atualmente a expresso "Misso Integral da Igreja".

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    Veja a seguir uma tabela ilustrativa das atividades contnuas da igreja. Compare-a com o grfico anterior:

    ATIVIDADES CONTNUAS DA IGREJA

    Atividades Contnuas da Igreja Textos Algumas reas ministeriais envolvidas

    a. Adorar a Deus Atos 2.42ss 1 Co. 0.31

    Msica Sacra Pastoral

    b. Admoestar aos crentes Quanto vontade de Deus

    Hb 1.:25 Pregao Ensino

    c. Ensinar os crentes Mt 28.20 Ensino Pastoral d. Treinar os crentes para uma vida

    operacional frutfera Ef 4.11,12 Ensino Pastoral

    e. Dar assistncia aos crentes 1. Espiritualmente 2. Materialmente

    Gl 6.1-10 Pastoral Aconselhamento Assistncia Social Diaconato

    f. Promover comunho ou convivncia (no gr. koinwnia) entre os crentes

    At 2.42-47; 4.32

    Pastoral

    g. Administrar seus negcios Rm 12.8 1 Co. 12.28

    Administrao

    h. Proclamar o Evangelho aos no-crentes

    Mt 28.19 Apostolado (misses), Evangelizao, Todos os crentes (como testemunhas - At 1.8)

    8. Este enlace lembra-nos que na Educao Religiosa devemos enfocar a

    igreja luz de sua misso integral. Ela no pode ser vista apenas como agncia de evangelizao, por exemplo. Respostas na Palavra de Deus para o cumprimento dos diversos enfoques da misso da igreja precisaro ser abordados na Educao Religiosa tambm, afinal ela deve estar a servio da igreja no cumprimento de sua misso diante do reino de Deus. Por exemplo, qual o papel da igreja em relao ao, ao servio e assistncia social. Alm disso a Teologia deixa de ser soteriocntrica, para ser teocntrica em seu enfoque teleolgico, cristocntrica em seu carter interpretativo e pneumocntrica em seu carter operacional.

    B - A MISSO DA PESSOA

    1. Devido viso tridimensional da misso da igreja, vista no enlace anterior, j foi possvel observar que ela possui diversos ministrios ou esferas de ao.

    2. Esses ministrios aparecem muito cedo, tanto em Jerusalm quanto no

    desenrolar dos primeiros passos da igreja em sua expanso, principalmente entre os gentios.

    2.1 - Segundo o livro de Atos (6.1-6) os doze eram assistidos pelos sete para que pudessem se consagrar orao e a ministrao da palavra, enquanto aqueles cuidariam da assistncia social da igreja.

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    2.2 - Em Jerusalm (Atos 11.30) temos tambm a existncia de presbteros, mesmo antes de Paulo apresentar as suas qualificaes a Tito e a Timteo. Neste trecho de Atos os apstolos nem so mencionados, talvez por estarem fora em viagem missionria, e, assim, a liderana da igreja ficaria sob o comando dos presbteros. interessante notar aqui que no havia apenas um presbtero na liderana da igreja local do NT, mas presbteros, indicando descentralizao de poder.

    3. Vemos, assim, j na igreja do NT a existncia de lderes e liderados e o texto

    chave que indica esse fato Efsios 4.11-16 e luz deste texto possvel traar o seguinte grfico descrevendo a igreja em sua orientao por processos e resultados:

    o aperfeioamento para a edificao da Apstolos dos santos igreja DEUS Profetas para deu Evangelistas Pastores/Mestres para a obra do ministrio

    Assim, na formulao da Razo de Ser/Misso/Viso das igrejas, e de tudo o que a ela se referir, por exemplo as instituies de ensino teolgico e ministerial necessrio que reavaliemos essas ponderaes para que o servio prestado ao reino de Deus resulte em crentes qualificados (perfeitos e perfeitamente habilitados para toda boa obra 2 Tm 3.17), para que a igreja cumpra tambm a sua Razo de Ser/Misso/Viso adequadamente.

    4. Para que, ento deve existir o apstolo, o profeta, o evangelista e o pastor-mestre? A partir do v. 12 temos a resposta:

    4.1 - Para o aperfeioamento ( gr. katartismoj, preparo, equipamento, conserto

    de redes, tornar algo no que deve ser ) dos santos; 4.2 - Para que os santos, depois de devidamente preparados, possam

    desempenhar seu servio; 4.3 E, assim, ocorra a edificao da igreja.

    5. E os liderados quem so? Paulo em Romanos 12.6-8 menciona

    representativamente alguns deles: ministrios (gr. Diakonia, que a tarefa do dicono), ensino, exortao (talvez aconselhamento), exerccio da misericrdia ( talvez assistncia social ), etc.

    6. No enlace anterior falamos sobre a misso holstica da igreja e aqui poderemos dar um carter prtico ou funcional, isto se relacionarmos as diversas tarefas da igreja sua prpria misso e assim poderemos ilustrar essa integrao ministrios/misso com a seguinte figura:

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    7. Um conceito preocupante o conceito de distino entre o clero e leigos que alguns fazem ao crer, ainda que inconscientemente, que ns pastores somos mais importantes que nossas ovelhas. No Novo Testamento no h essa distino. Podemos estar na liderana do povo de Deus, mas isso no nos faz melhores. Alis o vocbulo leigo vem do grego laikoj (que vem de laoj, povo) que significa algum do povo. Se a igreja o povo de Deus (1 Pedro 2.9,10 ) todos ns somos leigos, isto , pertencentes ao povo de Deus.

    7.1 - sobre isso Ray C. Stedman afirma que:

    ... veio uma transferncia gradativa de responsabilidade do povo para o que foi denominado de clero ... o conceito bblico de que todo crente um sacerdote diante de Deus foi se perdendo aos poucos, su rgindo um corpo especial de super-cristo s que eram procurados praticamente para todos os fin s e, assim, acabou sendo chamado de ministrio (ou o pastorado). Agora, Ef sios 4 deixa bem claro que todos o s cristo s e sto no s ministrios. A tarefa prpria dos quatro ministrios de apoio treinar, motivar e servir de suporte s pe ssoa s no trabalho de seu prprio ministrio. Quando o ministrio foi, portanto, relegado aos profissionais, no sobrou nada para as pessoa s fazerem a no servir igreja e ficar escutando. dizia-se-lhes que era sua re sponsabilidade trazer o mundo para dentro do edifcio da igreja, a fim de ouvir o pastor a pregar o Evangelho. Em breve o cristianismo se tornou nada mais, nada menos, do que um esporte de e spectadore s, muito parecido com o futebol: 22 homens em campo desesperadamente precisando de descanso, e 20 mil nas arquibancadas, dese speradamente precisando de exerccio.10

    7.2 Neste caso a interpretao de Efsios 4.11, contextualizada para hoje

    ficaria assim: honrar Apstolos que edificao DEUS OS obedecer Profetas devero da deu SANTOS para sustentar aos Evangelistas trabalhar igreja velar Pastores/Mestres para a

    8. Este enlace desperta-nos para oferecer uma Educao Religiosa diversificada que possa promover a formao do crente em seus diversos dons e talentos. Ento, em vez de oferecer um currculo padro meramente seriado, o ideal

    10 A Igreja Corpo Vivo de Cristo, So Paulo: Mundo Cristo, 1974, p. 79,80

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    poderia ser um currculo com um ncleo comum de matrias e diversos ncleos diversificados. H algumas implicaes para isso:

    8.1 Corpo docente: O corpo docente necessrio para um projeto assim

    precisar ser maior do que o normal para atender a demanda dos diversos ncleos de pesquisa e especializao;

    8.2 Custo operacional: O custo operacional desse projeto elevado, uma vez que ser inevitvel classes com poucos alunos devido a oferta de alternativas de formao aos alunos. O espao fsico dever oferecer condies de mais salas, ser preciso adquirir mais material didtico e de suporte, etc. Veja grfico a seguir:

    Ncleos diversificados

    Ncleo bsico do currculo

    8.3 Educao continuada uma soluo: Uma alternativa poder ser criar um

    projeto pedaggico que contemple uma educao continuada, em que o aluno comea os seus estudos por uma formao bsica e tenha oportunidade alcanar outros segmentos de sua formao atravs de outros cursos diversificados. a. O ncleo bsico, ir fornecer ao aluno a habilitao essencial para a

    sua formao; b. Os ncleos diversificados podero oferecer, em termos de

    capacitao, um ensino instrumental na formao do crente em reas especficas;

    IV - O DESENVOLVIMENTO DA PESSOA

    1. Como j vimos, o crente deve ser perfeito e habilitado 2 Timteo 3.17; Efsios

    4.15,16. Aqui pensamos no aluno como pessoa, como ser. Neste caso o projeto no deve considerar o aluno com a inteno de torn-lo mo de obra til ao ministrio, mas algum que seja instrumentalizado ao trabalho e tambm que conhea o contedo bsico da f, ou mesma que consiga refletir. A preocupao com o aluno quanto a tornar-se pessoa. O aluno aqui considerado como um sujeito histrico participante da construo social da vida. O trabalho ser focalizar a vida no como algo de consumo, mas como de um projeto a ser construdo em seu cotidiano. O aluno deixa e ser um consumidor da realidade para ser participante em sua construo.

    2. Quando pensamos na Educao Religiosa apenas focando o seu lado intelectual,

    literrio e acadmico para conduzir o aluno compreenso da f e sua reflexo, sem contudo considerarmos o seu desenvolvimento como pessoa, estaremos focando apenas as suas funes mentais e cognitivas. Se o aluno um todo, no poderemos pensar em apenas parte dele. Vamos lembrar que o Evangelho integrador da vida. Nesse caso ser bom alistar alguns perigos do academismo teolgico.

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    2.1 Dr. Daniel Ciobotea pergunta se a teologia acadmica a nica teologia na igreja. A sua resposta informa que

    a maioria dos estudioso s do mundo de hoje ( se no na teoria, mas na sua mentalidade) atuam mais ou menos dentro da concepo ocidental da escolstica medieval da teologia: fides querens intellectum busca da compreen so intelectual. Esta definio, sem ser totalmente incorreta, , entretanto, restritiva e unilateral, porque ela reduz ou limita o conhecimento teolgico da f em sua dimenso intelectual ou racional; em segundo lugar, porque essa espcie de conhecimento parece ser um alvo em si me smo ... uma con seqncia desta compreenso escol stica da teologia, que a espiritualidade, a l iturgia e a vida de piedade em geral so con sideradas distncia no trabalho teolgico em seu prprio sentido ou locus theologicus, muitas vezes so apenas classificados como assunto s devocionais.11

    2.2 O prof. Robson Ramos afirma que igualmente negativo pode ser o surgimento de uma elite pensante que no vai alm da sua retrica, ainda que correta e necessria ... a reflexo sem ao carece de autoridade que vem da praxes onde a reflexo testada.12 Neste artigo ele cita Os Guinness

    Os pen sadore s cristo s muitas veze s se aproximam mais de pessoa s cultas que de sprezam a f, que de seu s irmo s cristo s; o conhecimento dos e specialistas perseguido como um fim em si; o conhecimento especializado (que somente os especialistas podem entender) cria uma distncia entre os especialistas e a s pessoa s comun s. 13

    3. Peter, o barbeiro de Martinho Lutero, perguntou-lhe, em 1535, sobre linhas mestras a respeito da orao. Em resposta, Lutero alistou trs regras que constituem um bsico mtodo de orao e meditao:14

    MEDITATIO

    piedade, reflexo atenta, esprito humilde de orao

    por iluminao do Esprito Santo ORATIO A orao como resposta TENTATIO ao confronto da Palavra de Deus o teste para auto-exame que conduz ao desafio e deciso

    4. Neste enlace a Educao Religiosa deve contemplar o desenvolvimento integral da pessoa:

    11 Spiritual Theological Formation Throught the Liturgical Life of the Church, Ministerial Formation, Genebra, (47), out 1989, p.12. 12 A Mente Crist: Uma Reflexo, Boletim Teolgico, Fraternidade Teolgica Latino-Americana-Seo Brasil, Porto Alegre, 5 (15), junho de 1991, p. 31. 13 OS GUINNESS, A Misso frente modernidade, Boletim Teolgico, Fraternidade Teolgica Latino-Americana-Seo Brasil, So Leopoldo, 4 (11), abril de 1991, p. 14 apud ibidem. 14 Con sultation on Spiritual Formation in Theological Education a Brief Report, Ministerial Formation, Genebra, (47), out 1989, p. 4.

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    4.1 Na arte de refletir, pensar e descobrir as razes da realidade da vida e da sua f. 1 Pedro 3.15

    4.2 Na piedade. 1 Timteo 6.3-16 4.3 No carter (2 Timteo 3.17). Penso que os maiores dilemas do ministrio

    tm sido na rea do carter. 4.4 Na formao de uma cosmoviso crist e na compreenso da realidade

    existencial conhecendo o mundo e a realidade em que vive. O prof. Robson Ramos afirmou que quando um indivduo se converte a Cristo ele traz consigo para a nova vida uma bagagem cosmovisional assimilada durante anos de vida desde a mais tenra idade, que, a partir da converso ao evangelho, precisa ser reavaliada e reconstruda com premissas fundamentais nas Escrituras.

    5. A estrutura funcional da Educao Religiosa deve, ento, abranger a formao

    pessoal do crente provendo disciplinas, oportunidades e suporte para o desenvolvimento do seu carter.

    Observaes conclusivas desta parte. A ttulo ilustrativo, nesta parte vou citar a

    introduo do documento Objetivos Educacionais da Faculdade Teolgica Batista de So Paulo, pertinente a este assunto.15

    1. Formar o aluno, dando-lhe os instrumentos pelos quais possa chegar a ser um bom crente nas reas do ser, saber e fazer. Assim o curso pretende abrir ao aluno o mais possvel o leque dos conhecimentos, oportunidades e meios de servio, bem como ajud-lo a conhecer e desenvolver os talentos e os dons que o Esprito lhe deu.

    2. Preparar o crente de tal maneira que possa combinar conhecimentos, atitudes,

    valores e habilidades com uma vida piedosa, a fim de que estes elementos combinados no obreiro sejam usados por Deus para capacitar a igreja a cumprir sua misso na sociedade.

    3. Desenvolver o crente nas vrias reas de relacionamentos, conhecimentos, bem

    como habilidades de comunicao e trabalho com o povo, seja na igreja ou na comunidade em que esta igreja est inserida.

    3.1 - Desenvolver o crente em relao a Deus, a si mesmo, a outros e sua misso. 3.2 - Desenvolver no crente a compreenso das Escrituras e da f crist, bem como

    o conhecimento das habilidades necessrias para cumprir seu ministrio. 3.3 - Levar o aluno a adquirir as habilidades necessrias para comunicar a f crist,

    bem como para edificar a igreja e equip-la para o servio. 4. Formar o crente com a capacidade e a mentalidade de discipular os santos para

    desempenhar o servio da igreja.

    A luz destes pressupostos cabe-nos transport-los realidade de nossos seminrios e formulando o modelo ideal e integral que devemos ter para o cumprimento de nosso trabalho educacional. 15 Faculdade Teolgica Batista de So Paulo, Manual de informaes gerais - 1995-1996. So Paulo: FTBSP, 1994. pgs. 79-84.

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    6. Discutindo o centro da Educao Religiosa na igreja Aqui desejo falar sobre qual o ponto de convergncia no qual todas as prticas educacionais tm origem. Qual a nossa preocupao central quando vamos modelar o projeto educacional? O que deve ser o referencial que nortear o sistema educacional que vamos construir (Objetivos educacionais, currculo, espao fsico, estratgias didticas, relacionamento professor/aluno, etc.). As tendncias mais conhecidas so: a. Viso tradicional: ensino centrado no contedo/professor; b. Viso skinneriana: ensino centrado no processo, no estmulo-reposta (E-R); c. Viso roggeriana: ensino centrado no aluno; d. Viso freireana: ensino centrado na participao poltica do aluno como sujeito; e. Viso crist: ensino centrado em Deus e sua vontade como currculo e contedo da vida do professor e aluno; nfase na autenticidade da vida do aluno e do professor; a vida do professor como modelo para a do aluno; nfase no aluno como discpulo e no professor como mestre ou discipulador; nfase na integrao teoria/prtica; nfase na operacionalidade do aluno como instrumento do reino de Deus na sua vivncia; etc. Neste sentido, h no apenas a informao, mas a formao e a transformao da pessoa:

    IN FORMAO TRANS

    Assim, em vez de reprodutora, uma teremos educao formadora do sujeito histrico e mediadora entre o sujeito e o seu contexto uma educao que informa, forma e transforma 7. Filosofia fragmentria de ensino dissociao entre a teoria e a prtica? Outra discusso dentro dos pressupostos do trabalho educacional est na dicotomia entre o ensino terico ou abstrato e o ensino calcado no treinamento prtico ou operacional. Esta ltima nfase tem como pressuposto que as pessoas devem ser preparadas para a vida prtica, para serem teis a sociedade, criando um sistema instrumental de educao em que enfatiza o cidado til e domesticado. Enquanto que a primeira nfase defende que qualquer prtica precisa de teoria. O sujeito tambm um ser pensante. Por trs destas duas tenses dialticas h a discusso em que se aborda a questo de desenvolvermos um sistema de ensino (reprodutivista, utilitrio e instrumental hoje conhecida como educao profissional), ou um sistema de pesquisa (desenvolvimento de descobertas, reflexo, etc.). A verdade que em vez de pensarmos que essas duas nfases esto numa posio dicotmica, poderamos imagin-las como necessrias formao integral e integrada da pessoa. Ento, elas no esto em oposio, mas devem ser integradas, interligadas. Afinal, toda prtica produto de uma hiptese terica. Mesmo que no admitamos, somos influenciados por alguma ou algumas ideologias (de fundo abstrato) presentes na cultura em que vivemos. Por outro lado, a teoria apenas nos levaria a uma contemplao monasterial e incua. Cabem aqui algumas indagaes concretas:

  • 25

    1. Lies tericas despidas de prtica: na ministrao de diversas disciplinas no mbito da igreja corre-se o risco de se ficar na abstrao Teologia Sistemtica, Histria da Igreja, estudos bblicos, etc.

    2. Um exemplo concreto: recebi para anlise a literatura que uma igreja utilizava para o ensino na Escola Bblica Dominical. Logo notei que as lies tinham apenas o enfoque literrio sobre a Bblia. O aluno ia seguindo uma seqncia de estudos de modo que primeiro tinha de aprender sobre a Bblia, Teologia, para depois aprender a viver. Fiquei pensando que o novo convertido precisaria congelar a realidade de vida, das decises, at aprender sobre ... Hoje muito comum a compreenso da interdisciplinaridade em que diversas reas do saber esto interligadas.

    3. O projeto pedaggico da denominao fragmentado? bem provvel que muitos lderes e igrejas nem saibam se a denominao tem um projeto pedaggico. Eu mesmo estou procurando descobrir isso e no tenho encontrado. Na realidade temos um conjunto de projetos educacionais desconectados. Tenho a impresso que os, de modo geral, seminrios no seguem uma linha pedaggica clara. No mbito da educao religiosa, cada organizao segue seu rumo. Nesse sentido poderamos concluir que o sistema educacional da denominao orientado por organizaes. Mas nem as prprias organizaes no esto integradas, cada uma faz o seu trabalho separadamente, tem seu calendrio prprio. A prpria Educao Teolgica nem sempre tem um rumo definido a seguir. Cada seminrio procura seguir o seu prprio rumo.

    Estes so apenas alguns exemplos da desintegrao educacional que deve

    ser objeto de nossa preocupao como educadores. 8. Qual o rumo a ser seguido o dos contedos ou o dos objetivos educacionais e valores cristos? Este outro item que precisa ser discutido no campo das pressuposies educacionais. Ele diz respeito construo de todo processo educacional (currculo, plano de curso, plano de aula, contedo, carga horria, avaliao, etc.). Em termos gerais a educao pode ser orientada ou direcionada, entre outras alternativas, por objetivos educacionais/valores ou por contedos.

    1. Por contedos: seguir um currculo e contedo emprestado ou imposto de fora; o sistema atual adotado na maioria das igrejas no Brasil, em termos de educao religiosa.

    2. Por objetivos educacionais e valores cristos: os objetivos indicam onde devemos chegar, que fins devemos atingir; os valores indicam nossas prioridades e o que valorizamos. Neste caso temos:

    2.1 Valores e Objetivos gerais da educao crist: so os objetivos obtidos no levantamento bblico sobre os fins da educao crist.

    a. compreenso doutrinal das Escrituras; b. compreenso literria das Escrituras; c. compreenso e vivncia tica das Escrituras; d. compreenso e vivencia experiencial crist luz das Escrituras; e. treinamento operacional do cristo no desempenho do seu ministrio

    2.2 Objetivos contextuais da educao crist: so os objetivos obtidos no

    levantamento do ambiente da sua aplicao. Cada igreja local est inserida num ambiente e vive uma realidade cultural especfica.

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    a. anlise dos fenmenos sociais, culturais, econmicos e religiosos do contexto luz dos princpios bblicos. Isso envolve o Zeitgeist (esprito de poca) e a sua influncia no quotidiano (ex.: pragmatismo, existencialismo como foras filosficas de nossa era; globalizao, etc);

    b. busca de respostas aos dilemas contextuais da comunidade; c. interpretao tica do contexto e estabelecimento da conduta tica

    especfica para o contexto; d. treinamento especfico do cristo no desempenho do ministrio contextual; 2.3 a busca dos objetivos contextuais da educao obtida atravs do

    levantamento descritivo do pblico-alvo para se estabelecer o seu perfil. A nossa pergunta ser: quem o membro da nossa igreja? quais as suas caractersticas? quais so os seus dilemas? quais so os seus objetivos pessoais? Esses objetivos contextuais devem ser interpretados luz dos gerais e servem para referenciar o processo educacional ao contexto. Enfim, associando-se esses dois objetivos, se obtm uma educao contextualizada que influenciar a estruturao de todo sistema educacional - currculo, contedo, didtica, avaliao, etc.

    2.4 se seguirmos o modelo de Benjamin Bloom,16 depois de feito o levantamento dos objetivos educacionais (gerais e contextuais) prepara-se uma taxionomia de objetivos educacionais que nortear o planejamento da grade curricular e do contedo, bem como da integrao deste contedo entre as diversas classes e diversos setores educacionais da igreja, ou do seminrio.

    Como vimos, no se pode fazer educao, criando mais classes, novos cursos, usando esse ou aquele recurso didtico. E na igreja local, arranjando temas diversos, novos livros para serem estudados, ou mesmo reescrevendo toda literatura que ser utilizada na estrutura educacional da igreja, mudando o horrio da EBD, fazendo uma campanha de freqncia, concurso bblico, etc. Ser preciso estabelecer quais objetivos que funcionaro como pressupostos para direcionar todo o projeto educacional. Esses pressupostos nortearo a ser seguido, a elaborao da misso e da poltica de qualidade da igreja, alm de seus objetivos bsicos a serem conquistados. Aps isso ser possvel traar um plano de metas e um cronograma a serem cumpridos. Me preocupa tambm como alguns seminrios e igrejas, por exemplo, fazem alterao curricular como se troca de roupa, incluem, subtraem disciplinas, alteram a carga horria. Isso uma abordagem conteudista, emprica e bem amadora da educao. Se temos uma educao orientada por objetivos educacionais e valores, os ajustes ou alteraes curriculares precisaro corresponder a esses objetivos e valores. 9. Currculos entrpicos ou sinrgicos?

    Um currculo no apenas uma lista de matrias distribudas por um perodo cronolgico que ser oferecido pela igreja para que, ao final de seu cumprimento, o aluno obtenha um diploma. Como j vimos, existem inmeras foras impulsoras ou no que orientam um currculo e a sua elaborao. Essas foras modelam o enlace que haver ou no entre as diversas disciplinas que compe um currculo e o seu funcionamento.

    H diversas maneiras de descrever este fenmeno ideolgico, aparentemente invisvel, que existe por trs de um currculo. Lendo um livro sobre

    16 Sobre a abordagem de Bloom veja, Benjamin Bloom et alli, Taxionomia de objetivos educacionais, Rio de Janeiro: Globo, 1973 (volume 1: Domnio cognitivo; volume 2: Domnio afetivo). Sobre as diversa s teorias de objetivos educacionais veja, Ivor K. Davies, O planejamento de currculo e seus objetivos, So Paulo: Saraiva, 1979.

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    administrao17 quando tratava de dois tipos gerenciais (entrpico e sinrgico), procurei imaginar essa abordagem na avaliao curricular.

    Assim, podemos dizer que escolas entrpicas, so as que enfatizam apenas a sua dimenso prtica ou pragmtica e buscam gerenciar de forma racional seus recursos humanos. Desta forma, elas tm sido bruscamente confrontadas com uma realidade mais ampla, mais complexa e diversificada. De forma impulsiva essas escolas progressivamente se fecham, se isolam do contexto maior, chegando a acreditar que aquilo que no se compreende no existe - o mito do avestruz. O fechamento de qualquer sistema implica menor comunicao e troca de informaes com o ambiente, o que conduz gradativamente a nveis cada vez mais altos nveis de entropia e desagregao. Diversamente, as escolas sinrgicas tem uma arquitetura sistmica flexvel e adaptvel. O que se observa que os currculos entrpicos acabam se tornando um fim em si mesmo e os sinrgicos um meio para se conquistar os fins propostos na declarao de objetivos educacionais da Escola, que tambm devero ser sinrgicos.

    Currculos Entrpicos enfatizam apenas uma dimenso da formao do aluno. Ex. : prtica, ou terica, etc. so confrontados com uma realidade mais ampla, mais complexa e diversificada estrutura curricular fechada, isolada do contexto maior menor comunicao e troca de informaes com o ambiente aquilo que no se compreende no existe - mito do avestruz "produto final" fechado ciclo vicioso: currculos e escolas entrpicas conduzem o processo a nveis mais altos

    de entropia e desagregao conseguem sobreviver apenas em regime de monoplio ou cartelizao

    Currculos Sinrgicos so capazes de se comunicar tanto com o seu pblico interno (professores,

    denominao), quanto com o externo (igrejas,sociedade) Flexveis, dinmicos e equilibrados Preparados para as alteraes (demandas e ameaas) do contexto Formao adequada e equilibrada

    Professores Sinrgicos maturidade pessoal abertura para recebimento de crtica, participao dos alunos capacidade para auto-reflexo capacidade de integrao de polaridades, sabendo evitar os extremos capacidade de se libertar de papis esteriotipados (opressor, defensor etc) capacidade de equilibrar entre as pessoas e as tarefas equilbrio entre pragmatismo,

    existencialismo, conhecimento, etc. Que tipo de educao religiosa almejamos para o futuro? Entrpica, ou sinrgica?

    17 Roberto Ziemer, Mitos organizacionais - o poder invisvel na vida das empresas, So Paulo: Atlas, 1996.

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    10. A viso estrutural da educao planejada J vimos alguns aspectos importantes da fundamentao que alicera o projeto educacional que deve ser implantando numa igreja. Agora chegou a hora de demonstrar os diversos componentes que devem estar contidos no sistema educacional que poder ser implantado em paralelo sem convulsionar o processo e sistema educacional existente. Assim, evitando criar turbulncias no cotidiano escolar j existente, ser preciso elaborar e implantar o Plano Diretor Educacional da igreja. Esse mtodo de implantao em paralelo prtica comum no campo da informtica, quando um novo sistema implementado e implantado lado a lado com o sistema j existente. Entre outras vantagens, a implantao em paralelo no interrompe o atendimento que o sistema atual oferece, alm disso, aproveita nele o que de bom existe e com ele aprende a entender o contexto. medida que o Plano Diretor implementa novos processos, os atuais lhe so agregados dentro da nova abordagem. Na realidade o que estamos fazendo uma reengenharia dosada da educao. Pois bem, com base em toda fundamentao at aqui exposta, que dever ser considerada pela equipe pedaggica da igreja, ser preciso agora responder a pergunta como poderemos desenhar ou planejar a estrutura do Plano Diretor Educacional da igreja? O grfico a seguir resume essa estrutura.

    VISO GLOBAL DO PROJETO EDUCACIONAL

    Palavra de Deus PROCESSO EDUCACIONAL

    SISTMICO Objetivos ESTRUTURA Gerais CURRCULO e Valores CONTEDO (Bblicos) AVALIAO FORMAO DOCENTE Objetivos AMBIENTE, etc Contextuais (anlise scio- cultural) FORNECEDORES Atividade de contedos Docente Pressupostos do Projeto Feedback Educacional Ambiente (anlise ambiental: sociedade, perfil do aluno, etc.) Lembrando que o nosso projeto est construindo a nossa realidade atravs de uma educao orientada por objetivos educacionais e valores cristos, ento, partimos deles e dos pressupostos filosfico-polticos-educacionais para reconstruir a estrutura do sistema, o currculo que ser adotado por todos os setores educacionais da igreja (sendo, portanto, um currculo integrado e interdisciplinar), o contedo (aqui se incluem os Planos dos Cursos e os Planos das Aulas), que tipo de avaliao ocorrer no processo

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    educacional (docente e discente), como ser a formao e capacitao do corpo docente, como dever ser tratado o ambiente (sala de aula, equipamentos e recursos didticos, etc.). Num processo sistmico assim gerado, cada disciplina no pode ser vista separadamente, mas num conjunto que segue sintonizado com os objetivos educacionais (gerais e contextuais) que foram propostos. Assim o professor no vai para a sala de aula apenas pensando em sua aula e no seu contedo, mas em como a sua aula ir completar todo o conjunto educacional da igreja. Essa abordagem radicalmente diferente daquela orientada por contedos que enfoca apenas o contedo das disciplinas e no todo o conjunto sistmico educacional, gerando um processo educacional descontextualizado e desintegrado, que induz a uma intolervel redundncia de contedo. Este tipo de abordagem poderia ser assim representada: SALA PROFESSORES CONTEDO DE AULA As bases do processo educacional proposto devem ser lanadas reconhecendo-se que a implantao do Plano Diretor um processo que requer muita pacincia de todos os participantes, principalmente considerando-se que o ideal adotar-se uma administrao por objetivos (APO) e co-participativa, isto , uma administrao que, no apenas gera atividades e eventos, mas que estabelece objetivos a serem perseguidos. Para isso ser preciso elaborar a Declarao de Misso e da Poltica da Qualidade da igreja. Alm disso, a administrao co-participativa, embora exija mais tempo, envolve mais pessoas na elaborao do processo que ser realizao de todos e no apenas do Diretor da Instituio ou de seu Coordenador Acadmico. relativamente fcil mudar estruturas, criar classes alternativas, oferecer cursos de capacitao, criar espaos, inaugurar salas novas, adquirir equipamentos e materiais didticos. fcil fazer muito barulho e movimentar muita gente. O difcil fazer a reengenharia da educao religiosa a partir de todos os pressupostos filosfico-educacionais, reescrevendo conceitos, reconstruindo prticas de planejamento e de sala de aula. Para isso preciso de conhecimento, pacincia, coragem, nimo para enfrentar as barreiras e desafios, muito trabalho de todos e constante auto-avaliao. E esta a poltica que recomendamos para a continuidade do Plano Diretor Educacional, afinal muitas igrejas, seminrios e lderes podero agora ter sua esperana conquistada descobrindo como desenvolver seu prprio Plano, utilizando-se este modelo.

    Concluso Ao adotarmos um modelo integral de educao que, em vez de enfatizar apenas um aspecto do indivduo, enfoca integralmente a formao de vidas maduras do ponto de vista intelectual, social, operacional ou pragmtico, pessoal (ontolgico) e afetivo, teremos de rever todo projeto educacional da igreja, seja o estabelecimento dos objetivos educacionais, seja o planejamento da matriz curricular, do contedo programtico, do contedo das aulas, enfim, a didtica adotada pelo professor, a viso do aluno, etc. Como se pode observar, para atingirmos profundos e permanentes objetivos com a Educao Religiosa, ser preciso rever todo processo educacional que temos desenvolvido e estarmos dispostos a assumir o custo, seja financeiro, operacional, material, em mo de obra ou temporal. Qualquer falha na escolha do modelo a ser adotado representar graves distrbios em todo processo do trabalho educacional.

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    Outros desafios esto surgindo, tais como a busca de uma educao proativa e preventiva, que trabalha estrategicamente estudando e considerando os cenrios de mudana do mundo e como isso poder afetar as igrejas e o Evangelho. tambm um desafio para estudo futuro a popularizao do ensino bblico formal, de modo a levar a Palavra de Deus ao povo ("leigos"). Procuraremos construir uma educao capacitadora dos dons de servio o cristo como agente do Reino de Deus na vivncia, propagao e ensino da Palavra, levando, inclusive, a educao religiosa para o lar cristo Vamos, nesta concluso recordar alguns fatos que apresentamos:

    a. Nosso ponto de partida e pesquisa de base: Bblia demais matrias so instrumentais (sociologia, psicologia, filosofia) ou extensivas (teologia, tica)

    (a) Projeto poltico-pedaggico da Educao Religiosa (b) Isto fundamental para nosso trabalho docente diferentes tipos de formao,

    convergindo para um s foco, e partindo da para ver o mundo: Deus/Bblia Mundo

    (c) Interdisciplinaridade convergente

    b. "Sala de aula", que espao este?: a mstica da sala de aula; a sala de aula como picadeiro; sala ou salas de aula um desafio escolarizao do ensino; o espao e o tempo escolar; espao para o jogo do saber; etc.

    c. O ensino de valores

    (a) F. Kopp (appud Maria Christina Siqueira de Souza Campos, p. 16, 1985): Valor tudo aquilo que objeto de avaliao e visto como significativo para algum.

    (b) Por uma educao orientada por valores e objetivos educacionais (c) O currculo/contedo deve ser mais do que um cardpio atraente oferecido

    aos alunos dentro de uma poltica de demanda de mercado. (d) O aluno como sujeito histrico em vez de consumidor da realidade. Ser que

    pensa, que vive, que sente, que ordena; que cuida de gente, de negcios relativos causa.

    (e) Fornecimento de critrios para leitura crtica da realidade e construo significativa de sua histria pessoal, familiar, social e ministerial;

    (f) Mitos e paradigmas do ministrio pastoral: reprodutivismo? (g) Kratologia: ensinar o aluno a usar sadiamente o poder trabalhar para

    Deus vs. trabalhar para a obra de Deus (ou seria dos homens??!!) (h) Capacitar o aluno a construir o seu projeto de vida e ministrio educao

    integral

    d. Por uma escola interativa

  • 31

    (a) Domesticao ou construo do sujeito histrico nfase na reflexo (b) Bblia/cristianismo e a cultura ou cristianizao / cristandade (c) Formar lderes que sejam cristos autnticos e culturalmente sensveis.

    Transparncia das cinco janelas para a igreja do sculo XXI. (d) Os contedos devem refletir os amplos aspectos da cultura, tanto do

    passado quanto do presente, assim como todas as possibilidades e necessidades futuras ... o aluno est inserido numa sociedade que lhe faz exigncias de toda ordem e lhe impe obrigaes e responsabilidades. (Maximiliano Menegolla e Ilza Martins SantAnna, Por que planejar? Com que planejar? currculo rea aula escola em debate, 1999, Vozes).

    e. Saberes bblicos teolgicos e atividade docente

    (a) As exigncias do ambiente, as tendncias e modismos que afetam as igrejas e a denominao, os anseios/expectativas populares, acabam gerando uma educao situacional, mas sem contedo de base

    (b) Formao do aluno como pessoa como um todo (c) Como isso transpassa sala de aula e prticas/cultura escolares e

    eclesisticas? (d) Como j dissemos, devemos desenvolver uma educao que valorize o

    ensino, mas tambm a pesquisa, a reflexo e a formao do sujeito histrico.

    f. Enfim, Precisamos explicitar os fundamentos do projeto poltico pedaggico da

    escola:

    A educao est intimamente ligada poltica da cultura. O currculo nunca apenas um conjunto neutro de conhecimentos, que de algum modo aparece nos textos e nas salas de aula de uma nao. Ele sempre parte de uma tradio seletiva, resultado da seleo de algum, da viso de algum grupo a respeito do que seja o conhecimento legtimo. (Michael W. Apple in : Currculo, Cultura e Sociedade, p. 59, Cortez, 1999)

    Sugesto bibliogrfica

    KOURGANOFF, Wladimir. A face oculta da universidade. So Paulo: UNESP, 1990. MORAES, Maria Cndida. O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus,

    1997. MOREIRA, Antonio Flvio & SILVA, Tomaz Tadeu da (organizadores). Currculo, cultura

    e sociedade. So Paulo: Cortez, 1999. MOREIRA, Antonio Flvio Barbosa (organizador). Currculo: polticas e prticas.

    Campinas: Papirus, 1999. MOREIRA, Antonio Flvio Barbosa (organizador). Currculo: questes atuais. Campinas:

    Papirus, 1997. VEIGA, Ilma Passos A. Projeto poltico-pedaggico da escola uma construo possvel.

    Campinas: Papirus, 1995.

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    LIDERANA REATIVA E PROATIVA

    ESTILO REATIVO ESTILO PROATIVO passivo ativo

    espera as coisas acontecerem faz as coisas acontecerem vida determinista vida determinativa

    somos um espelho social e reagimos como mapas determinados

    somos construtores da realidade social

    reagimos a scripts da vida escrevemos a nossa histria o ambiente, as contingncias so

    responsveis somos responsveis pelos nossos atos

    sem autoconscincia com autoconscincia vida orientada por situaes,

    sentimentos e eventos vida orientada por princpios e valores

    as decises so REAES a situaes externas

    conduzimos a maior parte das situaes da vida

    as decises so tomadas e a organizao anda a medida que as coisas vo acontecendo

    possumos a iniciativa e planejamos a vida da organizao para um rumo definido

    Loureno Stelio Rega

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    LINGUAGEM REATIVA E PROATIVA

    Linguagem reativa Linguagem proativa no h nada mais que fazer vamos procurar alternativas

    sou assim e pronto, no mudo mais posso tomar outra atitude isso me deixa louco preciso de um tempo para avaliar

    melhor meus sentimentos eles nunca vo aceitar isso vou procurar uma apresentao eficaz

    tenho de fazer isso preciso encontrar uma reao adequada no posso eu escolho no poder eu preciso eu escolho

    Ah, se eu pudesse ... eu vou fazer ... a essa altura essa a melhor sada

    (ou seria a menos pior?) bem, como tnhamos previsto, temos de

    valer mo do plano B ... mas isso vai desagradar o fulano de tal bem, como combinamos ...

    Fonte: adaptado por Loureno Stelio Rega de COVEY, Stephen R. Os 7 hbitos das pe ssoa s

    muito saudveis. So Paulo: Best Seller, 20 edio, s.d.. pg. 84.

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    Orientao para tempo ou para acontecimento

    PARA TEMPO PARA ACONTECIMENTO horrios/programas/pontualidade preocupao mais com os detalhes dos

    acontecimentos do que com os horrios viso cronolgica do tempo viso acontecimental do templo o tempo contado e medido o tempo vivido e experimentado

    reunies e trabalho so controlados pelo tempo

    reunies e trabalho so valorizados pelas oportunidades de realizaes

    nada pode ser feito sem planejamento prvio os acontecimentos podero indicar os rumos

    preocupao com a pontualidade e quantidade de tempo gasto

    preocupao com detalhes do acontecimento qualquer que seja o tempo necessrio

    gerenciamento do tempo para alcanar o mximo dentro dos limites fixados

    considerao exaustiva de um problema at resolv-lo

    atividades marcadas com o tempo fixo e com objetivos especficos

    atitude venha o que vier, no presa a nenhum esquema

    so oferecidas recompensas como incentivos para o uso eficiente do tempo

    o esforo em completar o evento ou desafio uma recompensa em si mesmo

    nfase em datas e histria nfase na experincia presente, em vez de no passado ou no futuro

    fonte: Antonia Leonora van der Meer, O preparo cultural do missionrio in Capacitando para misse s tran sculturais, So Paulo: volume 6, 1998, pgs. 25 a 45.

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    Orientao para tarefas ou para relacionamentos

    PARA TAREFAS PARA RELACIONAMENTOS enfoque em tarefas e normas enfoque em pessoas e acontecimentos

    satisfao em cumprir objetivos satisfao nos relacionamentos motivao em realizar coisas motivao em interagir com pessoas

    aceita solido e privao social para alcanar realizaes pessoais

    lastima a solido; sacrifica realizaes pessoais pelo benefcio do grupo

    vidas frenticas por tentar sempre se manter ocupado com alguma tarefa

    gastam muito tempo e energia em manter laos pessoais

    as pessoas so vistas como meros itens de seu esquema de trabalho

    as pessoas so vistas como oportunidade para relacionamento e convivncia

    aceita as pessoas quando as tarefas e os objetivos esto sendo cumpridos

    precisam da aceitao e do estmulo do grupo

    recompensa pessoas que completam o mximo das tarefas e dos objetivos do grupo

    recompensa pessoas que conseguem lidar com os conflitos e com relacionamentos

    vida dirigida por uma sucesso interminvel de objetivos e metas

    a prioridade mais elevada estabelecer e manter relacionamentos pessoais

    passa mais tempo planejando, fazendo relatrios passa mais tempo visitando, conversando vamos trabalhar e ser der tempo poderemos nos

    relacionar conhece a pessoa antes de iniciar a tarefa

    burocrata estruturalista humanocrata funcionalista salrio na base do job description salrio na base do valor da pessoa

    fonte: adaptado de Antonia Leonora van der Meer, O preparo cultural do missionrio in Capacitando para misse s tran sculturais, So Paulo: volume 6, 1998, pgs. 25 a 45

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    TESTE DE PERFIL DO LDER

    Anote na coluna da direita um dos nmeros a seguir, conforme o seu caso:

    1 = nada a ver comigo 3 = raras veze s 4 = algumas vezes 5 = geralmente 7 = sempre

    respostas 1. Eu procuro amigos e gosto de conversar sobre qualquer assunto que aparecer. 2. Raramente penso no futuro; gosto de me envolver nas coisas quando elas

    aparecem.

    3. Quando escolho um objetivo, me esforo por alcan- lo, mesmo quando outras reas da minha vida f iquem prejudicadas.

    4. Sinto fortemente que o tempo um recurso precioso e dou muito valor ao mesmo.

    5. Quando meu carro necessita de manuteno, eu vou oficina autorizada, em vez de pedir que meu vizinho, que trabalha em sua prpr ia garagem, faa o trabalho. Com profissionais eu sei que o trabalho ser bem feito.

    6. Se me oferecerem uma promoo que envolve a mudana para outra cidade, o rompimento pela distncia com os relacionamentos com pais e amigos no seriam impec ilho para mim..

    7. Sempre uso um relgio e observo as horas freqentemente, para no me atrasar em qualquer atividade/compromisso.

    8. Quando f ico na f ila, costumo comear a conversar com pessoas que no conheo.

    9. Detesto chegar atrasado, s vezes desisto de participar, para no entrar atrasado.

    10. Fico irritado com pessoas que querem parar a discusso e empurrar o grupo para a tomada de uma dec iso, especialmente quando nem todos tiveram a oportunidade de expressar suas opinies.

    11. Eu planejo minhas atividades dirias e semanais. Fico irritado quando meu programa ou minha rotina f icam interrompidas.

    12. Completar uma tarefa quase uma obsesso comigo e no f ico satisfeito at estar pronto.

    13. Quando estou envolvido num projeto, tendo a trabalhar at complet-lo, mesmo se isso signif ica chegar tarde para outras coisas.

    14. Mesmo sabendo que poder ia chover, eu participaria de um churrasco de um amigo, em vez de me desculpar dizendo que vou atender um outro compomisso.

    15. Eu converso com outras pessoas sobre meus problemas e peo seus conselhos.

    16. Mesmo se estou com pressa e tratando de assuntos urgentes, paro no caminho para conversar com um amigo.

    17. Eu f iz objetivos espec f icos para o que quero alcanar no prximo ano e nos prximos 5 anos.

    18. Eu resisto contra uma vida muito organizada, preter indo fazer as coisas quando aparecem.

    19. Quando dir ijo uma reunio, cuido em fazer com que inicie e termine na hora certa.

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    Anlise do Perfil

    Para determinar o seu perfil, preencha suas respostas s declaraes correspondentes do questionrio. Por exemplo se sua resposta para a pergunta 4 era 5, ento coloque um 5 aps o 4=. Segue-se assim at preencher os nmeros para perguntas 7, 9, 11 e 19. Depois some os 5 nmeros de cada linha e divida o total por cinco para obter a mdia de cada caracterstica, arredondando o resto para cima quando igual ou maior que 5.

    Estilo Orientado para Total Mdia

    Tempo 4= 7= 9= 11= 19=

    Acontecimento 2= 10= 13= 14= 18=

    Tarefa 3= 5= 6= 12= 17=

    Pessoa 1= 15= 8= 14= 16=

    TEMPO 7 1 7 TAREFA PESSOA 7 1 7

    ACONTECIMENTO

    Fonte: Lingenfeiter, Sherw ood G. & Mayers, Marv in K. Ministering Cross-Culturally. Grand Rapids: Baker Books, 1988, pgs. 34-38. Traduzido por Antonia Leonora van der Meer, O preparo

    cultural do missionrio in Capac itando para misses transculturais, So Paulo: volume 6, 1998, pgs. 34 a 36. Grfico f inal elaborado por Loureno Stelio Rega

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    Perfil do lder para este terceiro milnio algumas notas Loureno Stelio Rega

    a. Leitura crtica do ambiente (a) que saiba ler as foras impulsoras e inibidoras do movimento da sociedade

    e suas instituies (b) que possua reao criativa e construtiva realidade (c) que, em vez de ser um consumidor da realidade, seja seu construtor (d) que saiba selecionar a massa informacional produzida neste mundo

    contemporneo evitando ficar intoxicado por ela

    b. Flexibilidade com convico (a) que tenha um profundo e habilidoso conhecimento bblico, teolgico e tico

    como sua pesquisa de base e alicerce de relacionamentos e dilogos necessrios com o ambiente

    (b) nfase na apologtica dialogal em vez de contestatria (c) disposio para ouvir os diversos segmentos da sociedade (d) que saiba navegar com segurana no relativismo e nihilismo contemporneo

    sem contudo manter aberta a porta do dilogo para apresentar a alternativa crist de vida

    c. Coerncia vivencial, transparncia

    (a) valorizao do carter, da honestidade, da veracidade acima da competncia ou de cargos / ttulos

    (b) coerncia entre o que prega / ensina e o que realmente vive. Francis Shaeffer fala do ponto de tenso que existe entre o que pregamos e o que vivemos

    (c) em uma organizao cuja cultura se baseia na confiana, as pessoas trocam informaes e experincias antes que antes constituam sua fonte de poder (Chirstopher Bartlette e Sumantra Ghoshal Caractersticas que fazem a diferena in : HSM Management, n 9, ano 2, julho e a