educação para a solidariedade no ensino superior

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Mari Regina Anastácio (Coord.) EDUCAÇÃO PARA A SOLIDARIEDADE NO ENSINO SUPERIOR Curitiba 2013

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Este é um livro escrito literalmente a muitas mãos, pois aqui temos as vozes de todos os colaboradores do Núcleo de Projetos Comunitários (NPC) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), do Reitor por meio de entrevista que nos concedeu, dos dirigentes de instituições sociais parceiras e de nossos queridos jovens universitários. Solidários mensageiros da paz e do amor, que descobrem a compreensão do termo solidariedade, não apenas em discurso ou por reflexão, mas pelo ato concreto do aprender fazendo.

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  • 1. EDUCAO PARA ASOLIDARIEDADE NOENSINO SUPERIOREducao para a Solidariedade no Ensino Superior 1Mari Regina Anastcio (Coord.)Curitiba2013

2. 2 1. Contexto2013, Editora Universitria Champagnat2013, Mari Regina Anastcio e outrosEste livro, na totalidade ou em parte, no pode ser reproduzido por qualquer meio semautorizao expressa por escrito do Editor.Coordenao-geral: Mari Regina AnastacioRedao de textos: Cesar Augusto Rufatto, Juliana de Oliveira Souzae Mari Regina AnastcioEditora Universitria ChampagnatDireo: Ana Maria de BarrosEditora-chefe: Rosane de Mello Santo NicolaCoordenao de projeto grfico: Felipe Machado de SouzaCapa, projeto grfico e diagramao: LikewiseReviso de texto: Rosane de Mello Santo Nicola e Debora Carvalho CapellaImpresso: Grfica CapitalRua Imaculada Conceio, 1155 - Prdio da Administrao - 6 andarCmpus Curitiba - CEP 80215-901 - Curitiba (PR) - Brasil | Tel.: (41) 3271-1701editora.champagnat@pucpr.brwww.editorachampagnat.pucpr.brE21 Educao para a solidariedade no ensino superior / Mari Regina Anastcio(Coordenadora). Curitiba : Champagnat, 2013.196 p. : il. ; 19 cm.Inclui referncias.ISBN 978-85-7292-316-31. Pontifcia Universidade Catlica do Paran. Projeto Comunitrio Histria. 2. Comunidade e universidade. 3. Ao social. 4. Solidariedade.I. Anastcio, Mari Regina. II. Ttulo.CDD 378.8162 3. Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 3AgradecimentosRegistramos aqui os agradecimentos a todos oscolaboradores que passaram pelo Projeto Comuni-trio,a todas as reas funcionais da PUCPR, e aosacadmicos, pelos exemplos que nos do no papelde agentes de mudana de si e do mundo. Pelaslies de solidariedade e bondade a que temos tidoa honra de assistir.Ao Ir. Clemente Ivo Juliatto, idealizador da propostade educao para a solidariedade na PUCPR, em ummomento histrico em que no Brasil o tema estavaainda muito voltado ao discurso. Seu esprito visionrioe empreendedor, bem como sua determinao possi-bilitaramno apenas o surgimento da proposta, mastambm sua implantao e consolidao, primeiro noambiente universitrio, e depois fora de seus muros.Sem dvida, esta uma obra construda por muitasmos e coraes solidrios, por meio de uma granderede de amor e solidariedade. 4. 4 1. Contexto0612SumrioPrefcio-IntimaoApresentao1. O Contexto1.1 Formao Humana, Solidariedade e Ensino Superior1.2 Educao para a Solidariedade na PUCPR1920282. A Estrutura de Gesto2.1 A Estrutura de Gesto51523. A Dimenso Pedaggica3.1 Procedimentos Metodolgicos da Primeira Etapa3.2 Ocinas de Qualicao para Desenvolvimento das Aes676871737986Sociais3.3 Formao para os Responsveis pelo Acompanhamentodas Aes Sociais3.4 Metodologia para conduo de grupos de estudantesadultos em processo de aprendizagem vivencial3.5 Metodologia dos Programas Geridos pelo NPC 5. 4.1 A Denio de Instituies Parceiras do Ncleo deProjetos Comunitrios4.2 O Processo de Denio das Aes Sociais junto sInstituies Parceiras4.3 O Acompanhamento das Instituies Parceiras4.4 Como o NPC procede em casos de tratamento especial4.5 Tecnologia de Informao na Gesto do ProjetoComunitrio4.6 Comunicao do Projeto Comunitrio1015. O Processo de Avaliao e os Resultados5.1 Design do processo de avaliao5.2 Apresentao dos resultados1391401536. Desafios Futuros 171Referncias186Anexos 189Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 54. Os Processos de Gesto1021091201261271327. Consideraes Finais 177 6. 6 1. ContextoPrefcio-IntimaoEntre os males morais do nosso tempo, o individua-lismo o mais evidente. Trata-se de uma degeneraodos laos comunitrios, de um desinteresse pelo que pblico, de uma apatia diante da dor do outro. So-lidariedade,benevolncia e compaixo no so maisvirtudes maisculas e, em seu lugar, tm mais valor adisputa, a vanglria, a busca desenfreada pelas honras,pelos prazeres e pelas riquezas que prometem fal-samentesalvar a humanidade de si mesma. A lgicado medo passa a reger nossas vidas. Tememos tudo.Principalmente o rosto desconfivel do outro. Ergue-mosmuros, pagamos seguranas, montamos grades,blindamos o carro, mudamos de hbitos, no samos noite, no falamos com estranhos, no falamos nada,nada nos interessa, nada nos comove, porque final-mente,nada muda, ningum presta, todos os polti-cosso corruptos, no conosco, no nos interessa,no nos diz respeito. Insulados em nossos reduzidosmundos, inventamos amigos virtuais, numa cidadevirtual, num mundo to seguro quanto sem graa,to sem risco quanto sem importncia. assim, queo estranho hspede do individualismo se instala emnossos coraes, rege o movimento global, fomenta 7. nosso consumo, organiza a competio econmica,guia nossas relaes humanas.Este o diagnstico do Papa Francisco, em sua pri-meiraExortao Apostlica, na qual ressalta a tristezae a frustrao fomentadas pelo atual modelo civiliza-trio:O grande risco do mundo atual, com sua mlti-plae avassaladora oferta de consumo, uma tristezaindividualista que brota do corao comodista e mes-quinho,da busca desordenada de prazeres superfi-ciais,da conscincia isolada. Tal vida, diz o Papa, en-cerradaem si mesma, fecha os olhos para a alteridadee empobrece a condio humana, fenecendo o entu-siasmoe a alegria que nascem da realizao de todasas nossas potencialidades. quase um clich dizer, em nossos dias, que a edu-caoest rendida a tal lgica nefasta. E que a uni-versidadeest a servio do lucro. E que h poucosmestres de verdade. E que h poucas verdades sendoditas. E quase nenhuma sendo vivida. E que o estudan-te,na face inerme do cliente, vislumbra mais diploma emenos educao integral.Este livro o avesso de tudo isso. Ele conta uma his-triaque recusa a lgica do individualismo para falardo valor da solidariedade. A raiz da palavra solidarie-daderemete ao latim solidum (slido) e solus (cho),que significa unificar destinos com consistncia, ouEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 7 8. 8 Prefcio-Intimaoseja, retirar as vidas do isolamento e tecer novas co-nexes.Por isso, a solidariedade um complementoda caridade: no uma mera ajuda, mas um compro-misso;no um ato, mas um envolvimento; no umaao, mas um processo. A solidariedade a arte doencontro de pessoas que foram separadas pelas dife-renas.E como todo encontro, a solidariedade umapartilha e seu resultado um crescimento para ambosos lados. Como inter-relao, a solidariedade umaassistncia recproca que oferece vida humana osnutrientes principais da convivncia, criando oportu-nidadepara que os projetos pessoais se tornem, cadavez mais, projetos comunitrios.Este livro , sobretudo, o testemunho do empenhoda PUCPR em ser uma universidade comprometidacom a educao integral, o que significa educar parao bem comum. Os relatos, as experincias, os teste-munhos,os nmeros e os resultados aqui expostostraduzem essa inteno. Os xitos dos mais de dezanos desse projeto do prova de que a universidade,como instituio a servio da sociedade, realiza-se noentrecruzamento entre a experincia do conhecimen-toe a experincia da vida. Nas insistentes palavras doIr. Clemente Ivo Juliatto, idealizador desse projeto, auniversidade deve dar dois diplomas a seus alunos: umde bom profissional, outro de gente boa. No primeiro, 9. atesta-se a competncia e a habilidade. No segundo, aatitude tica e solidria, o compromisso com a solida-riedadeEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 9e com o bem de todos.Aliado s disciplinas que formam o eixo humansti-coda PUCPR (Filosofia, tica e Cultura Religiosa), oProjeto Comunitrio uma espcie de revoluo mo-lecular,porque muda vidas, promove encontros, orien-tadestinos. Vigoroso em seus testemunhos, vence afragmentao social e o individualismo com a foraantiga da inquietude. Se o tempo de acdia, como-dismo,indiferena, isolamento e apatia, eis aqui orelato do entusiasmo. Eis o aprendizado da esperana.E nesse sentido, eis um testemunho institucional deque a educao pode ser integralmente transforma-dora,socialmente efetiva, eticamente guiada.Se a solidariedade a seiva que azeita nossas re-laes,o Projeto Comunitrio aproxima parceiros,alunos e representantes institucionais e traduz, comisso, acima de tudo, que possvel construir uma so-ciedademais justa e solidria e que ela a soma depequenas e efetivas aes cotidianas de indivduos einstituies sociais. Ora, aes efetivas nunca so pe-quenase seu resultado se prolonga no tempo porquese compe de histrias pessoais, de emoes trans-formadorase de vnculos autnticos. 10. 10 Prefcio-IntimaoInterdisciplinar, dialgico, sinrgico, ecumnico e in-clusivo,o Projeto Comunitrio expressa, alm disso,um modelo educativo exemplar. Sua pedagogia doenvolvimento traduz os conceitos mais relevantes eurgentes que merecem guiar a vida de toda a univer-sidadepara que ela seja, cada vez mais, um espao deconstruo de formas alternativas de vida, experimen-tadascomo teoria e como prtica libertadora, comoconfluncia da indignao, da ousadia, da coragem eda perseverana. Uma educao, portanto, que formepara a vida e que se realize para alm da sala de aulae dos muros institucionais. Uma educao que diluaos muros. Que distenda as fronteiras. Que alargue oshorizontes. Nesse contexto, a ignorncia o estado deesprito daqueles que se acostumam dor alheia, aosnmeros da violncia e s notcias da misria. Terre-nodo impossvel, ela tanto estril quanto malfica.Com o Projeto Comunitrio, a PUCPR quer reacendersonhos na brasa incandescente das antigas sabedo-rias,aquelas que educam integralmente porque esca-pamda mera instruo.Essa utopia no aquela do lugar nenhum ou dosonho impossvel. Aprendendo a decifrar os sinais eeducando para ver o que no bvio, o Projeto Co-munitrioimplica a mudana dos modos autoritrios,hierrquicos e corporativos das estruturas sociais, em 11. favor da instalao da verdadeira igualdade e dignida-dede todos os seres humanos.Este livro, como se ver, no apenas um inventriode coisas feitas. Ele tambm uma convocao. Emcada captulo, a palavra goteja aquele entusiasmo queimpulsiona para o futuro. No encontro do universitriocom as comunidades vulnerveis e vulnerabilizadas,reside a confiana de que sua atuao profissional sermarcada pelo compromisso tico e pela promoo dobem comum. no seio da sociedade, portanto, queo Projeto Comunitrio espera colher seus frutos. Naao social desses profissionais, a sociedade humanaplanta suas esperanas. Por enfocar as articulaes,os ns comunicativos, os entrecruzamentos vivenciais,a interseco de sensibilidades, a espontaneidade dapresena, a liderana integradora, o equilbrio relacio-nale a dilatao dos subjetivismos, essa experinciadeve contagiar toda a sociedade atravs do testemu-nhoEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 11daqueles que fizeram e fazem parte dela.Por isso o livro contagiante. Uma espcie de intima-o.Depois de ler, preciso tambm aceitar o convite!Jelson Oliveira 11 Doutor em Filosofia pela Universidade Fe-deralde So Carlos (UFSCar), mestre emHistria da Filosofia Moderna e Contempo-rneapela mesma Universidade. Atualmen-te, coordenador e professor do Programade Ps-Graduao em Filosofia da PontifciaUniversidade Catlica do Paran (PUCPR). 12. 12 1. ContextoApresentaoEste um livro escrito literalmente a muitas mos,pois aqui temos as vozes de todos os colaboradoresdo Ncleo de Projetos Comunitrios (NPC) da Pon-tifciaUniversidade Catlica do Paran (PUCPR), doReitor por meio de entrevista que nos concedeu, dosdirigentes de instituies sociais parceiras e de nossosqueridos jovens universitrios. Solidrios mensageirosda paz e do amor, que descobrem a compreenso dotermo solidariedade, no apenas em discurso ou porreflexo, mas pelo ato concreto do aprender fazendo.Importante destacar que algumas partes do textoconstituem-se ampliao de artigos sobre o ProjetoComunitrio da PUCPR j publicados pela Coordena-doradeste livro em congressos e revistas na rea daEducao, e de documentos produzidos e divulgadospelo Ncleo de Projetos Comunitrios (NPC). E, comono poderia deixar de ser, mesclam-se, em diversosmomentos, falas do Reitor, Prof. Dr. Clemente IvoJuliatto, idealizador do Projeto de Educao para a so-lidariedadena PUCPR, no ano de 2000. Seus muitosescritos, discursos oficiais e conversas informais esta-ropresentes, sem a inteno de eliminar a originali-dadede seus pensamentos, principalmente porque tal 13. proposta educativa funde-se pessoa desse eminenteeducador, tanto por sua formao como por sua tra-jetriacomo educador e gestor Marista. De antemo,lembramos que a entrevista concedida por ele contri-buipara subsidiar alguns aspectos que abordaremosneste livro, e que o jeito Marista de ser tambm estimpregnado nos executores dessa proposta.Consideramos conveniente expor os motivos pelosquais decidiu-se pela publicao deste texto, que seaproxima de um relatrio sobre o projeto de educaopara a solidariedade, denominado Projeto Comunit-rio(PC). Dentre os principais motivos, destacamos:primeiramente, o atual ciclo de amadurecimento daproposta, tanto no Ncleo de Projetos Comunitriosquanto na Universidade como um todo. Quando a in-tenode inserir uma disciplina curricular de cunhosolidrio surgiu, no ano 2000, no existiam experin-ciassimilares no Brasil que pudessem servir de pa-rmetroe aprendizado. Como no se tinha um pro-fissionalcom experincia no assunto e que pudesseorientar a estruturao e a implantao, tudo precisouser pensado internamente, o que proporcionou muitoaprendizado Universidade. Nesse percurso de maisde uma dcada, muitas prticas foram criadas, imple-mentadas,revistas e aprimoradas. Com o passar dotempo e a constante ateno s necessidades de apri-Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 13 14. 14 Apresentaomoramento, o projeto de educao para a solidarie-dadeda PUCPR foi encontrando seu jeito prprio deser e de se fazer. Assim, considerou-se vlido registraresse processo.O segundo motivo para publicar estes registros o fato de que muitas instituies educacionais bra-sileirase estrangeiras que pretendem iniciar projetovoltado educao para a solidariedade tm nos pro-curado,cada vez em maior nmero, pedindo que apre-sentemosnosso modelo de atuao. Isso nos levou aorganizar esta obra, ampliando materiais e reunindo--os em um nico documento.Em terceiro lugar, a repercusso que o projeto temquando apresentado em congressos e outros even-toseducacionais nacionais e internacionais evidenciaa relevncia de se compartilhar essa experincia torica para a sociedade brasileira. E ainda, a procura dediversos meios de comunicao para produo de ma-triase entrevistas que atingiram abrangncia local,nacional e internacional.O quarto motivo se atrela ao reconhecimento da im-portnciade registrar os saberes dos muitos atoresenvolvidos na consolidao dessa prtica na PUCPR,visando ampliao da discusso sobre o tema edu-caoe solidariedade no Ensino Superior. 15. Nestes escritos, os leitores encontraro o momen-tovivido atualmente pelo projeto comunitrio naUniversidade, o qual, com certeza, dada sua dinmi-ca,daqui a alguns anos, ter nuanas diferenciadas. preocupao da Universidade estar atenta ao perfildos estudantes, o qual, ao longo do tempo, se modifi-ca;a dinmica dos parceiros envolvidos e da socieda-de,de forma geral, e ir adequando-se ao que exige omomento, sem perder de vista os propsitos de suagnese e as diretrizes do Grupo Marista, ao qual aUniversidade pertence.Queremos registrar, ainda, um dos dilemas gra-maticaisque tivemos ao escrever para escolhermosa pessoa do discurso que adotaramos nesta obra.Assim, perdoe-nos, prezado leitor, por quebrarmospadres lingusticos, mas a pessoa do discurso pre-cisarser mesclada ao longo do texto, pois teremospartes tericas e descritivas que estaro em terceirapessoa do singular. E outras que evocam posiciona-mentosinstitucionais e aprendizagens gerados porum conjunto de atores, que sero expostas na primei-rapessoa do plural. A escolha intencional, registran-do-se a construo ora individual, ora coletiva de umprojeto dessa envergadura.Cabe, ainda, uma informao a respeito dos inme-rosdepoimentos apresentados ao longo dos captulos.Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 15 16. 16 ApresentaoQuando indicada a autoria dos estudantes da PUCPR,trata-se de textos extrados da publicao ProjetoComunitrio: dez anos (PUCPR, 2012a). Quando noindicada a autoria, foram extrados dos instrumen-tosde avaliao respondidos ao final da realizaode aes sociais, cujo formulrio virtual respondi-dosem identificao. Os depoimentos dos IrmosMaristas foram extrados dos documentos relativoss comemoraes dos 10 anos do Projeto Comuni-trio.E, finalmente, depoimentos de representantesinstitucionais foram solicitados especialmente paraserem inseridos neste livro. inteno apresentarnestas pginas nosso jeito prprio de desenvolvereducao para a solidariedade, tanto em termos tc-nicosquanto em termos filosficos. No poderamosdeixar de abordar e apresentar o anima institucio-nalao qual estamos ligados, que nos identifica e semo qual este projeto no teria ganhado corpo e vida.Para finalizar, quero registrar minha alegria pelahonra de coordenar e apresentar esta obra sobreo tema solidariedade, efetivamente produzida, so-lidariamente,por muitas e valiosas pessoas. Estouimersa na experincia do Projeto Comunitrio desdeo primeiro dia de sua implantao. muito grati-ficanteolhar para todo esse tempo, o espao, aspessoas, os saberes produzidos e perceber a atual 17. abrangncia dessa proposta. E tambm instigantepensar que seu real impacto jamais poder ser iden-tificadototalmente, porque se trata de um projetoeducativo, que envolve vidas, portanto, sobre o qualno temos controle diante de seus muitos e com-plexoselementos. Cabe-nos, todavia, a tarefa desemear, semear e semear, dia aps dia... O que sercolhido, como e onde ecoaro esses milhares de atossolidrios praticados cabem vida e ao tempo revelar.Mari Regina AnastcioCoordenadora do Ncleo de Projetos ComunitriosEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 17 18. 18 1. Contexto 19. Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 191. ContextoQue nenhum estudante deixe a universidade sem teraprendido a importante lio da solidariedade.Ir. Clemente Ivo JuliattoEste captulo abordar o contexto da formaohumana no Ensino Superior brasileiro, trazendo re-flexesacerca da verdadeira essncia da educao, asaber: despertar a potencialidade dos indivduos emsua plenitude e no apenas transmitir informaes econhecimento.Nesse contexto, ser apresentada a disciplina volta-da educao para a solidariedade da PUCPR, suasorigens e seus objetivos, a concepo, as caracters-ticasdiferenciadas em relao a outras disciplinas dainstituio, bem como as especificidades do projetonos diversos Cmpus da PUCPR. 20. 20 1. Contexto1.1 FORMAO HUMANA,SOLIDARIEDADE E ENSINO SUPERIORObserva-se forte tendncia do Ensino Superiorbrasileiro em focar a instrumentalizao de seus es-tudantestendo em vista a profissionalizao para omercado de trabalho. Nesse sentido, as instituieseducacionais proliferam-se imbudas, em sua maioria,do propsito de fazer com que os indivduos estejampreparados rapidamente para ingressar na fora detrabalho produtivo.O real sentido do processo educacional parece seperder, e batalhar para que um maior nmero de estu-dantesse matricule e contribua para gerar lucro aos em-preendimentoseducacionais passa, em diversos casos,a ser o foco principal de muitas instituies de EnsinoSuperior. Embora no seja assim nos discursos e nos ele-mentospublicitrios das instituies, isso o que se evi-denciana prtica. No h necessidade de ser um grandeespecialista da rea para constatar tal afirmao; bastaconhecer e observar um pouco o setor.No queremos, com isso, afirmar que o aspecto pro-fissionalizanteno importante, mas tambm no deveser o nico foco das instituies de Ensino Superior.Tampouco desconsideramos a importncia do lucropara a sobrevivncia das instituies, principalmente 21. para as de Ensino Superior de cunho privado, hoje amaioria em nosso pas. O lucro considerado umaresponsabilidade das instituies privadas com a so-ciedadeque autoriza seu funcionamento, por meio dergos reguladores. Os recursos financeiros possibi-litama continuidade e o acesso da sociedade a seusprodutos/servios, alm da gerao de renda s fam-liasque laboram em tais organizaes. Sabemos que,sem os recursos financeiros, as instituies privadasno podem cumprir suas misses. Portanto, a questono uma coisa ou outra, mas uma coisa e outra.Assim, questionamos aqui qual o papel da EducaoSuperior no atual contexto civilizatrio, pois pensareducao tambm pensar a vida em sociedade,pensar nosso futuro comum enquanto humanidade,e alm da espcie humana, uma vez que no somosos nicos seres a habitar este planeta ameaado pornossa espcie.Boff (1999) alerta para a emergncia de um novoparadigma civilizacional que possibilite disseminar aconstruo de formas relacionais mais humanas e soli-drias,e que, nesse sentido, cabe educao mobilizar.A interdependncia de um mundo globalizado noscoloca, enquanto seres pertencentes a este plane-ta,a necessidade e a responsabilidade de nos orga-nizarmosem prol da possibilidade de vivermos bem,Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 21 22. 22 1. Contextoe de sobrevivermos enquanto humanidade. Paratanto, urge aprendermos a viver juntos. Nesse sentido,o desenvolvimento da cultura solidria tem se tornadonecessidade vital. A nica forma de garantirmos nossasobrevivncia coletiva.A percepo das interligaes conscientiza-nos aobservar mais atentamente as propores de nossaresponsabilidade e do maior respeito que devemoster com tudo e todos que nos cercam.O cuidado, o saber cuidar, precisa ser reconhecidoe resgatado. O homem um dos seres que mais pre-cisade cuidados para sobreviver, e tem se mostradoao longo da histria, principalmente com o surgimen-toda era industrial, esquecido desse aspecto inerente vida. Perdemo-nos no caminho, enquanto seres hu-manos,e preciso retornarmos.E no somente a interpretao de mundo pelas di-versasreas de conhecimento que precisa ser repen-sada;o uso desse conhecimento e o relacionamentoentre os humanos, nas mais diferentes esferas, e delescom a natureza, tambm precisam de um rumo queleve ao equilbrio.Para Assmann (2000), o esvaziamento da visode solidariedade que predomina na modernidadenos apresenta um triste panorama de excluses; ea vida atual, marcada pela competitividade e pela 23. insensibilidade, precisa ser iluminada por lampejospelo desejo de solidariedade.Dessa forma, a educao chamada a contribuir paraa construo de um novo jeito de pensar e agir quepossibilite s pessoas condies de maior compre-ensode si, do outro e do mundo ao qual todos per-tencemos,como seres presentes neste planeta. Paratanto, fundamental que a educao volte-se verda-deiramentepara sua essncia: despertar a potencia-lidadedos indivduos em sua plenitude, e no apenasse ocupar em transmitir informaes e conhecimento.E ainda, segundo Assmann (2007, p. 205), a educaodeve contribuir para recriar, resgatar e revalorizar asensibilidade social e redescobrir o desejo do reco-nhecimentorecproco. Desejo que nos faz desejar afelicidade alheia como parte integrante de nossa fe-licidade;isto faz o desejo de solidariedade se tornaruma necessidade vital.Lamentavelmente, no apenas o sistema educacio-nal,mas todo o sistema social que aponta deficinciasno que se refere ao desenvolvimento pleno da pessoa.Em especfico, isso ocorre quando a base cultural oci-dentalizadade nossa sociedade orientada predo-minantementepela racionalidade e pelos interesseseconmicos. Faltam percepo e atuao com focoEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 23 24. 24 1. Contextoem colaborao, inter-relao e unidade, no apenasna escola, mas na vida social humana de forma geral.Nossas escolhas dirias e individuais constroem odestino da humanidade. Muitas vezes, agimos comoalienados e, consequentemente, no responsveispelo importante papel que nos cabe. papel daEducao Superior, sobretudo, fazer despertar nosjovens, to bombardeados pelos contravalores, suadimenso humana.A maioria das pessoas, em seu mago, sonha comum mundo mais harmonioso e em paz, onde as re-laesentre os humanos possam ocorrer de formamais generosa. A educao tem a misso de criarcondies para mudanas culturais e comporta-mentais,dentro de parmetros reais e de um olharsensvel, sensibilidade e concretude juntas, poisuma no anula a outra. preciso que a educao efetivamente volte-se formao de pessoas capazes de reconhecer e vi-venciarseu contexto de maneira mais profunda eresponsvel. Isso no envolve somente a materia-lidadeda vida, to difundida em nossa sociedadeconsumista e individualista.O futuro apresenta-se multifacetado e se faz neces-srioreconhecer a unidade na diversidade, a tolern-possvel que muitos de ns,em algum momento da vida,tenhamos nos deparado como questionamento da razopela qual passamos por estemundo. E, certamente, as res-postasque emergem do nossointerior so muito complexas equase sempre transitrias, poisem momentos diferentes davida podemos ter perspectivasdiferentes. Talvez, durante nos-savida, essa dvida nunca sejasatisfatoriamente respondida.No tenhamos a pretenso deapresentar qualquer anliseque queira dar alguma soluoa isso. Por outro lado, permi-timo-nos indagar sobre essaquesto e partilhar essa refle-xocom os leitores.A histria humana nos d pistasde que h duas dimenses dasquais no conseguimos fugirpara alcanar qualquer tipo derealizao que seja significati-vae, at certo ponto, duradou-ra.Uma aquela que nos im-pulsionaa concretizar nossosprojetos pessoais para sentir-mosque nossa existncia temalgum sentido e que alcana-mosalgum tipo de realizao.(continua) 25. cia entre os indivduos e entre os povos, a conscinciaecolgica e espiritual da condio humana.E pensar que o conceito essencial da educao estto prximo de um dos conceitos ecumnicos de es-piritualidade.Em ltima instncia, a educao precisase preocupar em espiritualizar os educandos. Pareceque se esqueceu, ou os educadores no aprenderamisso em suas vidas. H muito discurso e pouca prticaa respeito nas instituies de ensino, e disso depen-dea completude do ser, caso queiramos efetivamenteeducar seres integrais.Se ns humanos tivssemos sido incisivos quanto aesse tipo de educao nos processos educativos aolongo dos sculos, talvez hoje no tivssemos tantasquestes complicadas no mundo a resolver.Para que o ato de educar possibilite humanizar, necessrio que os coraes sejam tocados pela com-paixo,pela empatia, pelo ato concreto de servir aooutro, que um prolongamento de si mesmo.Paulo Freire (1993, p. 40) j afirmava: Ningumnasce feito, experimentando-nos no mundo que nsnos fazemos. No nascemos humanos, ns nos torna-mosEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 25humanos medida que vamos vivendo.E um dos sinais mais ntidos desse despertar parao humano que nos habita quando nosso posicio-namentopassa de individual e autocentrado para oE, fundamentados nesse senti-mento,dedicamos grande par-tede nossas vidas trabalhandopara construir nossos sonhos.Porm, por outro lado, sabe-mos,mesmo que muitas ve-zesintuitivamente, que nossosprojetos individuais s se ple-nificamquando conseguimoscrescer em coletividade. Emoutras palavras, o outro umaspecto de fundamental impor-tnciapara nossa possibilidadede felicidade pessoal. Podera-mostranquilamente estenderesses ganhos ao Planeta, umavez que, cuidando de nossa fe-licidade,automaticamente es-tendemostais cuidados parao espao em que habitamos.Assim, nessa perspectiva, umaexistncia plenificada tender aconsagrar-se nos planos indivi-duale coletivo.Ir. Rogrio Mateucci 26. 26 1. Contextoreconhecimento do outro e de nossa interao e in-terdependnciacom esse outro. Diversas tradiesespirituais ensinam que as grandes almas, ou almascom elevado nvel de compreenso da realidade, ca-racterizam-se por vidas vividas em favor de seus se-melhantes.Aqui no so os mais abastados financei-ramenteque se destacam, mas os que servem a seussemelhantes. Em essncia, somos todos oriundos domesmo centro. A evoluo dos estudos cientficosj evidencia que somos uno em nossa gnese e emnosso processo de desenvolvimento.Essa essncia partilhada leva-nos a entender a soli-dariedadeno como um favor, mas como valor morale estratgia prtica em benefcio do desenvolvimentohumano integral (REDE MARISTA DE SOLIDARIEDA-DE,2012, p. 20).Quando essa compreenso desenvolvida, por meiode encontros verdadeiros, quando h efetiva entre-ga,sentimos um estado de plenitude interior, um realdespertar da humanidade que habita o ser.E essa humanidade s desperta pela porta docorao, e no somente da mente. Nesse ponto,parece-nos estar o grande equvoco da educaocontempornea buscar a reproduo do conheci-mento,pela via eminentemente intelectual, mental. 27. E no aquilo que efetivamente desperta, alerta e li-berta,Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 27que a via do corao.No h transformao em educao se comporta-mentosno so alterados, se o educar no formar eno auxiliar o ser a tornar-se cada vez mais humano.No h humanidade sem fraternidade, no h frater-nidadesem compaixo, no h compaixo verdadeirasem ao humanizante, sem solidariedade.Para tanto, segundo Assmann (2000, p. 14),[...] necessrio crescermos na capacidade deinovar formas de educar, que saibam juntar ascompetncias sociais requeridas pelas atividadesprofissionais mais variadas e as novas atividadesque inventarmos com a sensibilidade social ne-cessriapara a construo de um mundo no qualcaibam todos.Precisamos de um novo projeto de sociedade, emque o verdadeiro esprito humano encontre espaopara manifestar-se. E nesse espao habita o sagra-do,o espiritual. Falar em educao para a solidarie-dade falar da dimenso espiritual do ser humano, manifestar essa dimenso, a dimenso da intei-rezae da unicidade. E onde h o empenho em prolde causas solidrias, ali se faz presente o sagrado, aespiritualidade em ao.Com os atuais valores dominantes na estrutura denossa sociedade, falar de amor ao prximo parece, 28. 28 1. Contextoe soa muitas vezes, como antiquado, falar de es-piritualidadeento. Muitas vezes parecemos estareducando para formatar engrenagens de mquinas,mquinas vivas. preciso que a educao passe ahumanizar seres humanos e no se preocupe ape-nasem instru-los.Nesse sentido, o tema solidariedade deve passar afazer, cada vez mais, parte do cenrio pedaggico dediversas instituies educacionais de Ensino Superior.A humanidade e demais seres que habitam este plane-tadependem, sobretudo, do estabelecimento de umrelacionamento humano que muda a vida de todos osenvolvidos (RMS, 2012, p. 25).1.2 EDUCAO PARA ASOLIDARIEDADE NA PUCPRConsideramos conveniente, para compreenso dosleitores, antes de apresentar o tema solidariedadena PUCPR, explanar, em linhas amplas, a origem e aabrangncia da PUCPR. Dessa forma, acreditamosque facilite a contextualizao do tema que ora nospropomos abordar.Considerando as informaes contidas no ProjetoPoltico Institucional da PUCPR (2012), a Universida-defoi criada em 1959, reunindo faculdades ligadas A PUCPR entende que a edu-caooferecida a seus estu-dantesdeve ser integral. Issosignifica educar a mente e ocorao, a racionalidade e aafetividade, a capacidade in-telectuale a formao tico--humanista. Costumo dizer queesta forma de compreender aeducao nos leva a oferecerdois diplomas aos nossos estu-dantes:o primeiro, de profissio-nalcompetente; o outro, de pes-soade bem ou de gente boa.Ir. Clemente Ivo Juliatto 29. Igreja Catlica com o nome de Universidade Catlicado Paran. E reconhecida pelo Governo Federal em1960, sendo mantida pela arquidiocese e por congre-gaesEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 29religiosas at a dcada de 1970.A Universidade passou a ser administrada pelosIrmos Maristas em 1973. Assim, incorporou os prin-cpiose valores do fundador da Congregao dosIrmos Maristas, So Marcelino Champagnat.A Congregao dos Irmos Maristas foi fundadaem 1817 por So Marcelino Champagnat, em Lavalla,Frana. No Brasil, os primeiros Irmos chegaramem 1897. Atualmente, existem trs Provncias e umDistrito no Brasil: Provncia Marista do Brasil Cen-tro-Sul, Provncia Marista do Brasil Centro-Norte,Provncia Marista do Rio Grande do Sul, e o Distritodo Amazonas. A PUCPR faz parte da Provncia Ma-ristado Brasil Centro-Sul (denominada atualmenteGrupo Marista), que compreende os estados de SoPaulo, Paran e Santa Catarina, alm do Distrito Fe-derale da cidade de Goinia.O fundador da Congregao Marista, inspirado nafigura Maria, me de Jesus, estabelece os princpiospedaggicos dessa instituio religiosa que tinha etem como foco evangelizar por meio da educao.Em 1985, a universidade recebeu, da Sagrada Congre-gaopara a Educao Catlica, o ttulo de Pontifcia, 30. 30 1. Contextocomo reconhecimento de seu compromisso com aqualidade, o humanismo cristo e a solidariedade.Em 1991, inicia processo de expanso criando uni-dadesem outros municpios do Estado do Paran.O primeiro Cmpus fora de sede foi o de So Jos dosPinhais. A seguir, vieram Londrina, com oferta dos pri-meiroscursos em 2002, Toledo, em 2003 e, em 2004,Maring. Considerando todos os Cmpus, a PUCPRoferta atualmente mais de 60 cursos de graduao,mais de dez programas de ps-graduao strictosensu e cerca de 150 cursos de ps-graduao latosensu em reas diversas.1.2.1 Origens e objetivos da propostaAo reformular seu projeto poltico pedaggico em2000, a Pontifcia Universidade Catlica do Paran(PUCPR) instituiu uma disciplina curricular deno-minadaProjeto Comunitrio (PC). Idealizado peloento Reitor Ir. Clemente Ivo Juliatto e regulamen-tadano ano de 2001 pela Resoluo n. 106, de 18de dezembro de 2001, do Conselho Universitrio.Sua efetiva implantao ocorreu em 2002. Naqueleano, teve incio nos Cmpus Curitiba e So Jos dosPinhais, e posteriormente, nos Cmpus Londrina(2004), Toledo (2005) e Maring (2006). 31. Definir como funcionaria a proposta na prtica foium grande desafio para a Universidade. Houve inter-namentemuitas discusses acerca da possibilidadede ser ofertada por adeso voluntria ou apresenta-dacomo compulsria. Nas reflexes, ponderou-se ofato de que optar pela adeso voluntria beneficiariaapenas os estudantes que j possuam sensibilidadepara causas sociais, e a maioria provavelmente noparticiparia. Mesmo as pessoas considerando a prti-cada solidariedade algo nobre e importante, o cotidia-noda vida faz com que optem por outras prioridades.No incio, segundo conta o Ir. Clemente, houveprotestos, alguns gestores da Universidade no es-tavamconvictos de que essa seria a melhor opopara a proposta, e muitos foram contrrios ofertacompulsria da disciplina. Isso trouxe a necessidadede um posicionamento firme e decisivo por parte doReitor, Ir. Clemente, afirmando veementemente quea realizao da disciplina, por parte dos estudantes,seria obrigatria. Uma segunda deciso importantedizia respeito operacionalizao dos processos, euma terceira, definio do tipo de estrutura quecomportaria esses processos.Aps algumas reflexes, definiu-se que a estruturaseria centralizada em um rgo que faria a gesto dadisciplina, que no teria professores. Os contornosEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 31 32. 32 1. Contextodos processos foram sendo dados por uma equipede professores da casa com o acompanhamento doIr. Clemente. A opo pela centralizao levou emconta o porte da Universidade e a quantidade de es-tudantes,que, de outra forma, talvez comeassem aprocurar desordenadamente as diversas instituiessociais das cidades sede de Cmpus. Tal fato pode-riaocasionar incmodo para elas, e ao mesmo tempo,no garantiria a continuidade das aes. Pensou-setambm no impacto gerado para as instituies queviessem a se tornar parceiras.Sempre houve forte preocupao de a proposta serpositiva para todos os envolvidos. E um dos quesitos,nesse sentido, estaria relacionado qualidade dosservios prestados s pessoas atendidas e a constn-ciana contribuio da Universidade junto aos parcei-ros.Embora a carga horria para cada estudante sejade 36 horas, o rodzio deles nas mesmas instituiesgarante que os parceiros possam receber estudantestodos os semestres, salvo algumas excees.A quarta deciso estava relacionada origem dosrecursos para cobrir os custos da estrutura, e entrecobrar ou no a disciplina dos estudantes, optou-sepor no cobrar e absorv-los em nome da misso daUniversidade com a formao integral. Na opinio do 33. Ir. Clemente, esse o tipo de investimento bem reali-zado,pois produz diferena em termos de educao.A disciplina Projeto Comunitrio ficou caracterizadapor ser predominantemente vivencial e buscar desen-volvernos estudantes aprendizagens significativas quecontribuam para uma slida formao humanstica.A proposta educativa aliou-se aos esforos dasdemais disciplinas institucionais que compem o de-nominadoEixo Humanstico nas matrizes curricularesdos cursos de graduao (tica, Filosofia e CulturaReligiosa) e s atividades do Setor de Pastoral (quealimenta a dimenso espiritual da comunidade aca-dmica).Esse conjunto de aes constituem-se im-portantesinstrumentos para garantir o compromissoexpresso na misso institucional direcionada forma-ointegral e ao compromisso com princpios ticos,cristos e Maristas.Formalmente, estabeleceram-se alguns objetivos,mas h os que no foram explicitados abertamente, em-boratambm faam parte dos propsitos da disciplina:- proporcionar, alm de conhecimentos de ordemtcnica ofertados pela Universidade, lies de vida,que os estudantes aprendam no somente a ganhar avida, mas, sobretudo aprendam a viver;O Projeto Comunitrio umadisciplina curricular, mas as li-esque ensina ultrapassam,em muito, os limites acadmi-cos.Trata-se muito mais deuma experincia de vida, pau-tadana solidariedade e na dis-posiode sair de si e buscarajudar os outros.Ir. Clemente Ivo JuliattoEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 33 34. 34 1. Contexto- desenvolver competncias sociais por meio de ex-perinciavivencial com a solidariedade com vistas apromover a sensibilidade solidria;- semear o compromisso solidrio e a cultura de paz,por meio da ao reflexiva;- levar os estudantes a refletirem sobre o privilgio ea responsabilidade de estar no Ensino Superior;- possibilitar, por meio da prtica solidria, a prticaespiritual. Entendendo que isso pode ocorrer a partirdo momento em que se possa contribuir para o aper-feioamentodo indivduo e o despertar da compaixo,do desejo pela felicidade alheia como parte integrantede sua prpria felicidade;- propiciar experincias que envolvam a empatia nasrelaes sociais por meio do contato com realidadesque ultrapassam o cotidiano da maioria dos estudantes;- contribuir para que os estudantes se tornem pesso-as,pais, irmos, colegas de trabalhos, lderes e profis-sionaismais humanos, justos e cooperativos;- propiciar que saiam de uma possvel condio deindiferena para uma atitude de indignao e ao po-sitivase transformadoras;- evitar a acomodao e a indiferena, que se torna-ramatitudes comuns diante dos absurdos e das situ-aesalarmantes com as quais nos deparamos cons-tantementena vida coletiva; 35. - possibilitar aos estudantes um nvel mais apura-dode compreenso sobre seus valores pessoais, aefetiva reflexo sobre a realidade que os cerca e seupapel na sociedade;- permitir a insero da universidade na comunida-de,possibilitando a troca de saberes entre universi-triose a comunidade, o que confere disciplina umcarter extensionista.A inteno, em essncia, que os estudantes tenhamcondies de receber lies que no podem ser en-contradasem livros, somente na vida em comunho.E ainda, que compreendam que, se querem ver mu-danasno mundo, elas devem comear neles pr-priose refletir-se em atitudes concretas junto a seussemelhantes.Os estudantes universitrios constituem a elite pen-santedeste pas. De alguma forma, cabe-lhes uma par-celamaior de responsabilidade, uma vez que tiverammais oportunidades, pelo menos teoricamente, deincremento de repertrio e de alargamento de visode mundo. Tem, dessa forma, obrigao de contribuirpara a construo de um mundo mais humano e justo. fundamental destacar, ainda, que a proposta estinserida em um contexto de formao humana, pelovis da solidariedade, e que provavelmente podergerar projetos de extenso universitria. Entretanto,Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 35 36. 36 1. Contextoo foco do projeto est na linha do ensino, prioritaria-mente,e da extenso como consequncia.O objetivo maior promover a sensibilizao so-lidriados estudantes. Isso no quer dizer, todavia,que a Universidade no esteja preocupada com opblico atendido pelos estudantes e com suas rela-esde parceria, pois esse cuidado est sempre pre-sente.Pretende-se, com isso, dizer que os proces-sosso pensados considerando, em primeiro plano,a garantia de sensibilizao solidria, e partindo decontextos em que identificamos que os aprendizadossero frteis; com os parceiros, so desenvolvidaspropostas de interveno tendo como premissa quetodos os envolvidos possam colher frutos positivos.Caso isso no seja possvel, opta-se por no desen-volveras aes. Ou todos ganham, pessoas atendi-das,instituies e estudantes, ou no h execuo deaes pelos estudantes. Algumas vezes, por motivosdiversos, isso no percebido na fase de elaboraodas aes, mas quando detectado que alguma parteno tem ganhos positivos, as aes so revistas e,conforme o caso, at mesmo extintas.Outra premissa a se considerar a tentativa de ga-rantirque as aes a serem desenvolvidas sejam, namedida do possvel, contextualizadas acerca de umdado pblico, rea ou sistema. A organizao das 37. aes no sentido do encontro humano essencial,mas a reflexo sociopoltica, e consequentementecidad, tambm precisa ser explorada.Segundo o Ir. Clemente, em muitos de seus pronun-ciamentos:educar muito mais do que simples-menteinstruir, porque a autntica educao, almdo conhecimento, tambm conduz os estudantes busca da sabedoria e do sentido da vida. E isso omais importante!Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 371.2.2 Concepo da propostaA concepo de educao para a solidariedade daPUCPR traz em sua gnese os Valores e as VirtudesMaristas, que inspiram todas as propostas pedag-gicasdas instituies vinculadas ao Instituto Maristaem todos os 79 pases onde se faz presente. Assim, aeducao para a solidariedade na PUCPR busca sin-toniacom os principais documentos institucionaisvoltados ao tema, a saber: Diretrizes e Direciona-mentosda Rede Marista de Solidariedade, Diretrizespara Escola de Pastoral, e recentemente, os Princ-piosorientadores que fundamentam a presena eas opes de solidariedade Marista nas Amricas.Esses documentos tm servido como guias para ali- 38. 38 1. Contextonhamento das aes e dos processos do NPC, o queconfere sentido maior proposta.Mesmo tendo surgido na universidade anos antes dasistematizao dos documentos mencionados, a dis-ciplinaj trazia consigo o iderio Marista.Por esses aspectos, no possvel abordar essetpico somente pelas perspectivas da Universida-dee do Ncleo de Projetos Comunitrios, pois seencontram em um contexto mais amplo, do qual seconstituem estruturas/unidades cuja misso, pormeio de suas prticas, emanar os direcionamentosestabelecidos.Assim, o PC faz parte da inteno do Instituto Ma-rista,em nvel internacional, de incorporar cada vezmais explicitamente o tema solidariedade em seusprojetos educativos.Considerando o alinhamento institucional, o PC estligado tambm Rede Marista de Solidariedade, cujoobjetivo a educao para a solidariedade, voltadapara os pblicos internos do Grupo Marista, e a pro-mooe a defesa dos direitos de crianas e jovens.Para isso, estrutura-se de forma a atender ao princpioda atuao em rede tanto no mbito interno de suasaes, quanto no mbito externo, na interao impor-tantee necessria com outros setores da sociedade,seja ao promover o acesso educao com qualidade 39. As aes do Projeto Comunitrioenriquecem a proposta educati-vaMarista, fortalecendo a pro-mooe a defesa dos direitosdas infncias e juventudes. Con-tribuemcom propostas educati-vas,com respeito, comprometi-mentoe dedicao, levando osestudantes da PUCPR ao encon-trode novos desafios...Silvia Maria Cardozo dos Santos(ProAo Eunice Benato)para crianas e jovens em situao de vulnerabilidade,seja ao incidir nas polticas pblicas, contribuindo paraa efetivao dos direitos das infncias e juventudes.Pelo fato de o PC estar vinculado Universidadee, consequentemente, a uma diversidade de cursose campos de conhecimento, os projetos executadospelos estudantes extrapolam o atendimento exclusivoa crianas e adolescentes. Todavia, convm salientarque esses pblicos somados representam cerca de70% do total de atendidos pelos estudantes nas aessociais ofertadas pelo NPC.Os direcionamentos oriundos dos documentos men-cionadosfundamentam a concepo do PC. Na sequn-cia,apresentaremos, de forma sinttica, o conceito desolidariedade e o papel da universidade catlica na for-maoEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 39solidria e sua relao com a sociedade.A solidariedade uma noo em constante constru-o.Tal conceito, ao mesmo tempo que um princ-piomoral, transforma-se numa forma concreta deser e agir no mundo e, para alguns, mais ainda, numjeito prprio de viver a f. Alinhada ao princpio est anoo de que as pessoas podem construir a solidarie-dadea partir de processos e prticas que oportunizama sensibilizao e a vivncia, possibilitando nveis deinterao e engajamento com pessoas e realidades. 40. 40 1. ContextoNo por acaso, a expresso mais concreta da soli-dariedadeacontece no cotidiano; na comunho como outro e na relao de servio e partilha dos bensintelectuais, espirituais e materiais. Na viso crist,a solidariedade ocorre via ato fraternal. De acordocom Almeida (2005), o sujeito solidrio a pessoaque percebe as injustias e se mobiliza para a ao,desenvolvendo causas humanitrias. Inicialmente, elepossui compreenso apurada da realidade, o que otorna capaz de ver as adversidades e agir de maneirapontual diante de algumas situaes. Depois, o sujeitosolidrio intervm na realidade, exprimindo atitude, naperspectiva operacional de participao. Num ltimoestgio, tem percepo do todo e trabalha em prol dobem comum, engajando-se em aes e movimentosde transformao da realidade. Seu bem-estar depen-dede que todos tenham qualidade de vida, especial-menteos mais vulnerveis.Ser solidrio, antes de tudo, romper com a cultu-rada desigualdade social. O engajamento real com ooutro supera a superficialidade de sentimentos quese encerram na comoo ou na condolncia, como seas situaes de opresso e excluso fossem necess-riase naturais ao funcionamento social. A solidarie-dadeexige ateno, acolhida, escuta e dilogo, almda deciso firme de se empenhar pelo bem comum. 41. acreditar no potencial dos vnculos, como instru-mentoEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 41agregador e modificador.A solidariedade estende-se a uma cidadania pla-netria.Trata-se de um compromisso tico-polticoque tem respeito pela vida, em toda a sua complexi-dadee diversidade, como um princpio para a cons-truode uma comunidade planetria. A naturezatambm clama por justia e impe seus limites sambies humanas.De uma solidariedade global para uma ao de cui-dadolocal: atores solidrios, em diversas partes domundo, que promovem a mediao de conflitos, adefesa da natureza, o dilogo inter-religioso e inter-cultural,a conexo de causas pessoais com projetosinternacionais, a gerao de paz e de esperana, emvista de outro mundo possvel e vivel.Vivemos num continente marcado pela desigual-dadesocial, por isso a opo preferencial pelos maispobres se traduz em dar prioridade queles que asociedade trata como os ltimos. A pobreza comocompromisso exige exatamente isso: viso tica,que gera indignao perante a situao subumanavivida ainda por boa parte da populao, e genero-sidadede corao, que leva a uma ao perene e in-tencionalde justia e de paz, na defesa da dignidadedaqueles que praticamente nada tm. 42. 42 1. ContextoPara agir de maneira a fazer a diferena na socieda-de,a universidade catlica tem a responsabilidade deinvestigar e ampliar o debate em torno da noo deadvocacy, ao mesmo tempo que deve torn-la umarealidade a partir de suas prerrogativas: a conscien-tizao,a capacitao de agentes transformadores, amobilizao e o acompanhamento do poder pblico.A comunidade universitria desafiada constante-mentea garantir, em todas as suas estruturas e todosos seus servios, a dignidade humana e a promooda justia social. A ateno aos mais pobres e a quemsofre injustias nos campos econmico, social, cultu-rale religioso, dentro e fora de seus muros, condiosine qua non para uma atuao em consonncia como Evangelho e a misso institucional. fundamental que a Universidade promova, em seusdiferentes espaos acadmicos, a compreenso doscriativos sentidos da noo de solidariedade e realizeuma interveno qualificada junto s comunidades vul-nerabilizadas.Dessa forma, ela responsvel por: pro-duode conhecimento sobre o tema; financiamentode pesquisas voltadas a contribuir para a resoluo daproblemtica social; garantia de acesso e permann-ciade alunos menos favorecidos economicamente;desenvolvimento de projetos e disciplinas curricula-resque contemplem a educao para a solidariedade; 43. fomento de experincias que favoream a partilha doconhecimento em favor da garantia e da promoo dedireitos, em especial de crianas e jovens.Pela investigao, em especial o estudo dos gravesproblemas contemporneos que afetam a dignidadehumana e pem em xeque a justia social, a univer-sidadecatlica cumpre seu papel de oferecer so-ciedadealternativas tericas aos sistemas polticos eeconmicos vigentes, quase sempre promotores dedesigualdade. Por outro lado, por meio do desenvol-vimentode projetos e disciplinas de solidariedade, elasela o compromisso de jovens e adultos com a defesae a promoo de direitos.O Projeto Comunitrio, ao somar esforos com ins-tituiesgovernamentais, no governamentais, ecle-siaise da sociedade civil organizada, fomenta a inten-sificaoe a qualificao de aes locais, rompendobarreiras territoriais quando sensibiliza jovens solid-riospara uma atuao cuidadosa e reflexiva.Devemos, por fim, considerar que a comunidade aca-dmicaprecisa encontrar formas criativas e autnticasde educar, defender e promover os direitos humanos.Essa prerrogativa do cumprimento de sua missoinstitucional e parte fundamental da proposta de edu-caoemancipadora, que forma sujeitos autnomos,dialogais, comunicativos, ticos, justos e solidrios.O Projeto Comunitrio da PUCPR um espao de construo co-letivada felicidade. Envolve asindividualidades, mas ofereceoportunidades para que as pes-soassuperem o lado puramen-tepessoal e evoluam para umapercepo dessa dimenso com-plementare fundamental para otodo da felicidade humana. Umafelicidade construda a partir dasrealidades localizadas, mas quenecessitam de interveno paraque a construo do todo sejaum fato. Pela mesma intensida-de,o Projeto Comunitrio igual-menteatinge o lado pessoal, poiso bem construdo socialmente sevolta para a felicidade individu-al,na qual cada um sente-se tilpor ter feito o bem no mundo emque vive. um movimento sem-preem dois sentidos. Vale lem-brarque tudo isso se d numacomplexidade e numa diversida-demuito grandes, e que no possvel simplificar uma reflexoem poucas palavras. Hoje des-tacamosalguns aspectos e, emoutras oportunidades, outrosdevero vir tona.Ir. Rogrio MateucciEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 43 44. 44 1. ContextoNesse sentido, as diretrizes da Rede Marista de So-lidariedadeapontam a educao para a solidariedadecomo essencialmente aprender a ser e aprender aviver juntos e com os outros, tendo por base a desco-bertado outro.1.2.3 As caractersticas diferenciadasde outras disciplinasNo desenvolvimento da disciplina Projeto Comunit-rio(PC), os estudantes no possuem, na maioria doscasos, professor para acompanhar as atividades, nemnecessariamente a executam em sua rea especficade formao. Desse modo, a disciplina no pode serconfundida com estgio supervisionado. Deve ser re-alizadaem perodo de contraturno de suas aulas re-gularese fora de sala de aula. Em apenas um caso permitido aos estudantes realizarem em turno deaula, com abono de faltas: nas atividades de imerso,em que o estudante precisa permanecer no local parao desenvolvimento das aes por mais de dois dias,havendo pernoite. importante ressaltar que o PC difere tambm deaes de voluntariado e de estgio no remunerado,pois o fato de constar em matriz curricular lhe conferecompulsoriedade. Nessa disciplina no so conferidosaos estudantes notas ou conceitos, como na totalida-Joo Paulo II, na ConstituioApostlica Universidades Ca-tlicas,nos exorta que a comu-nidadeacadmica deve con-tribuirpara o desenvolvimentoda dignidade humana, comotambm, para a herana cul-tural,mediante a investigao,o ensino e os diversos saberesprestados s comunidades lo-cais,nacionais e internacio-nais.Assim, entendemos que,com o Projeto Comunitrio, es-tamosrealizando nossa missoenquanto Instituio Maristae enquanto Universidade Ca-tlica,fomentando o conheci-mentopara alm das frontei-rasinstitucionais. Entendemosque o Projeto Comunitrio uma oportunidade para quenossos alunos se sensibilizeme desenvolvam o compromissocom uma sociedade mais justae tica.Ir. Alvanei Finamor(PUCPR, 2012, p. 29) 45. de das demais disciplinas ofertadas na Universidade;nesse caso, os estudantes so avaliados com base emum conjunto de critrios pelos responsveis nas insti-tuiesEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 45por seu acompanhamento.O objetivo desse procedimento retratar como sedeu a experincia do estudante na viso de quemfoi responsvel por seu acompanhamento. No hmeno a notas ou conceitos, dada a subjetividade doprocesso, uma vez que a experincia de aprendizagemdo Projeto Comunitrio implica algo que Assmann(2000) denomina de construo personalizada doconhecimento, na qual se propicia produo de ex-perinciascapazes de construir o conhecimento deforma personalizada, portanto a nfase no reside naformao instrucional. A partir de seu referencial, oprprio estudante elabora seu aprendizado, por meiodo processamento de sua experincia pessoal. No quese refere frequncia s atividades, aqui se tem outracaracterstica diferenciada da disciplina, pois precisaser desenvolvida com 100% de presena. Disso de-correa flexibilidade dada pela Resoluo que regulainternamente e disciplina, para que o estudante a re-alizeem algum momento entre o terceiro e o ltimoperodo de seu curso.Os responsveis pelo acompanhamento in loco dosestudantes so pessoas ligadas ao quadro funcional 46. 46 1. Contextodas instituies de cunho social e/ou ambiental, comas quais a PUCPR estabelece, formal e legalmente,Termo de Parceria para atuao dos estudantes.A Universidade oferta a esses profissionais um progra-made formao continuada com o objetivo de possi-bilitarmelhor compreenso dos processos de ordemtcnica e pedaggica envolvidos na proposta.1.2.4 Especificidades do projetonos diversos Cmpus da PUCPRA estrutura da PUCPR, instituio j apresentada,contempla cinco Cmpus. A experincia adquirida aolongo dos anos permite-nos afirmar que temos cincomacrocontextos diferentes, cada um com suas peculia-ridadesque merecem reflexo.Tais peculiaridades influenciam as relaes do NPCcom os acadmicos, as instituies parceiras, os pro-fessorese os tcnicos. Percebemos que a cultura localda cidade est presente em seus atores e, sem dvida,repercute no desenrolar dos processos no cotidiano.Ao abordar esse tema, queremos focar no somentea estrutura da Universidade como elemento de influ-nciano desenho/modelo de educao para a solida-riedadede uma instituio de ensino, mas o perfil dacomunidade local quanto aos aspectos culturais, eco-nmicos,demogrficos, polticos, econmicos e at 47. mesmo religiosos. E ainda, a quantidade e o perfil deoutras universidades existentes em cada cidade ou emseus arredores. Esses aspectos no podem ser des-merecidos,pois alguns deles influenciam diretamenteo desenvolvimento das aes sociais e a necessidadede adequaes precisa sempre ser considerada quandodo funcionamento do Projeto.Na sequncia, faremos uma breve explanao dealguns exemplos de especificidades percebidas justifi-candoo convite reflexo. O intuito trazer mais ele-mentoss instituies educacionais de grande porteque percebam, nessa experincia, uma contribuiopara o desenvolvimento de seus modelos de educaopara a solidariedade.Para que a coordenao-geral do projeto possa per-ceberas especificidades regionais, auxiliando de formaadequada as equipes locais, importante que conheacada realidade, por meio de visitas aos Cmpus, visitass instituies parceiras, leitura de relatrios de avalia-osemestral e reunies com cada equipe local.Observamos que algumas cidades tm o esprito desolidariedade mais vivo em seus habitantes; nesseslocais, percebemos maior engajamento dos acadmi-cos,pois nas visitas tcnicas, normalmente, h maistempo para o dilogo e a acolhida equipe tcnica doNPC. Quando na Capital, por exemplo, em mdia, as vi-O Projeto Comunitrio se apre-sentacomo um importantediferencial da PUCPR, poisproporciona a todos os alunosuma formao vivencial de so-lidariedade.Trata-se de umprojeto robusto e maduro, queem todos os seus anos de exis-tnciacontribuiu fortementepara a concretizao da mis-soda PUCPR de formar cida-dosticos e solidrios. A nos-saUniversidade um celeiro defuturas lideranas e o ProjetoComunitrio uma importanteiniciativa para a formao delideranas transformacionaisque sejam capazes de moldaruma sociedade mais justa.Ir. Joaquim SperandioEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 47 48. 48 1. Contextositas so realizadas em 45 minutos, em cidades meno-res,as visitas podem durar at duas horas, com direitoa cafezinho, biscoitos, po caseiro, bolos etc. Conse-quentemente,nos Cmpus menores, as instituiestendem a ser mais assduas aos Encontros de Forma-oofertados e aos eventos promovidos pelo NPC.Nesses espaos, as oportunidades de aprendizagemvia eventos so menores, por isso mais valorizadas.H cidades que possuem um conjunto de aspec-tosmuito semelhantes, desde o porte ao perfil dosacadmicos, mas a relao da equipe do NPC comas instituies diferente. Alguns poderiam afir-marque isso talvez seja influenciado pelo perfil dostcnicos de cada Cmpus. Todavia, temos o caso deuma colaboradora que j atuou em trs Cmpus, oque poderia trazer maior uniformidade, entretantoas diferenas persistem.Obviamente, o tamanho do Cmpus tambm facilitae tende a aproximar mais a equipe tcnica do NPC eos acadmicos. Quando o ele menor, o contato diriono s facilita o processo de comunicao com osacadmicos como tambm com professores e funcio-nrios.Com nmero menor de estudantes e de insti-tuiesparceiras, possvel dar ateno mais persona-lizadatanto a estudantes quanto a instituies. 49. O perfil dos acadmicos pode apresentar diferenasmarcantes, havendo Cmpus em que so muito disci-plinadose assduos s aulas, s aes sociais, e conse-quentemente,ocorrem poucos problemas com acad-micosformandos que escolhem deixar para cursar oPC no ltimo perodo de seu curso. Tambm nessetipo de Cmpus que maior o envolvimento de profes-sorese colaboradores nas aes relacionadas ao NPC.Outro aspecto que nos chama ateno quanto a ci-dadesque possuem muitas instituies de Ensino Su-periore, portanto, grande nmero de estudantes uni-versitriosem proporo ao nmero de instituies decunho social e/ou ambiental. Nesses locais, as institui-essociais acabam sendo disputadas, recebem muitoauxlio por meio da atuao de estagirios que chegamcom aes vinculadas sua rea de formao e que re-presentam,em alguns casos, at a possibilidade de re-duode quadro funcional daquela instituio parceirano projeto. Infelizmente, essa condio acaba limitandoo espao de acadmicos do Projeto Comunitrio, queno desenvolvero aes especficas de seu curso deformao e precisaro de maior apoio da instituio noque diz respeito a direcionamento e encaminhamentopara o desenvolvimento das aes.Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 49 50. 50 2. A Estrutura de Gesto 51. 2. A ESTRUTURA DE GESTOO Projeto Comunitrio, dentro de nossa Universidade,traz um vetor formativo indispensvel educao uni-versitriacontempornea: um cidado com viso e pro-tagonismoe, portanto, consciente de suas responsabili-dadessociais e atuante na transformao da realidadena qual est inserido. O estudante d e recebe elementosformativos que perduraro ao longo de toda a sua vida.Ir. Dario BortoliniNeste captulo, ser apresentada a estrutura degesto da disciplina de educao para solidarieda-deda PUCPR, apresentando os elementos sobre osquais se organiza e, consequentemente, os processosdecorrentes. Tais elementos compreendem as inter-facesdo Projeto Comunitrio, as aes sociais oferta-dasaos estudantes e as etapas para realizao dessaEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 51disciplina pelos acadmicos. 52. 52 2. A Estrutura de Gesto2.1 A ESTRUTURA DE GESTONa estrutura da PUCPR, o Projeto Comunitrio umcomponente curricular da rea de ensino, mas a gestoda disciplina, por sua natureza e suas especificidades,estruturalmente, est ligada Pr-Reitoria Comunitria.O Ncleo de Projetos Comunitrios a instncia ad-ministrativaresponsvel pela operacionalizao doPC. Dentre as principais atribuies do Ncleo, esto:a) preparao dos estudantes para realizao dasatividades sociais; b) celebrao formal de parceriaspara captao de projetos socioambientais que seroofertados aos estudantes; c) acompanhamento dasparcerias por meio de visitas tcnicas, entre outrosmecanismos; d) acompanhamento dos procedimen-tosreferentes a processos de ordem acadmica; e)execuo de algumas das atividades ofertadas aosestudantes; e f) avaliao junto aos atores envolvidosna rede do Projeto Comunitrio (PUCPR, 2001, art. 4).A equipe do Ncleo composta por uma professora,responsvel pela coordenao-geral do PC em todosos Cmpus. No Cmpus Curitiba, centralizam-se todasas atividades de carter gerencial e de atendimentotcnico-operacional aos estudantes de Curitiba e SoJos dos Pinhais. Os demais Cmpus contam com doiscolaboradores cada, que atuam predominantementeem atendimentos e procedimentos de ordem tcnica.As reas de formao dos profissionais do NPC so di- 53. versificadas, incluindo: Administrao, Psicologia, Ser-vioSocial, Pedagogia, Comunicao Social, dentreEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 53outros.2.1.1 As interfaces do Projeto ComunitrioA rede desenvolvida a partir dessa proposta educa-tivacongrega mais de uma centena de instituies decunho social e/ou ambiental, todas pertencentes aosprimeiro e terceiro setores da sociedade. Tambmso recebidas propostas de atividades alternativasprovenientes da comunidade interna da PUCPR. Cer-cade 3 mil estudantes da PUCPR, semestralmente,tm a opo de escolher entre mais de 300 diferentesaes que chegam a estar desmembradas em cercade 2 mil atividades em diversas reas, tais como:cultura, entretenimento, sade, cidadania e valoreshumanos, educao, meio ambiente, incluso digital,gerao de renda e desenvolvimento comunitrio.Os estudantes tambm tm a possibilidade de optarpor atuar junto aos seguintes pblicos: crianas, ado-lescentes,idosos, pessoas com deficincia, indgenas,pessoas com doenas infectocontagiosas, albergados,comunidades de baixa renda, dependentes qumicos,pacientes de hospitais, dentre outros. So atendidassemestralmente milhares de pessoas, considerando 54. 54 2. A Estrutura de Gestoreas e pblicos diversos, em mais de 30 municpiosdo estado do Paran.Atualmente, a rede social do Projeto Comunitrioest estruturada da seguinte forma (Figura 1):MutiresProgramasgeridospelo PCRedeInternaProjetosInternosTeiaAcadmicaTeiaInstitucionalComunhoIntegra lidade amaNcleo deProjetosProgrComunitriosEcolgica dosSaberesCaravanasRedeMarista deSolidarie-Aliana dadeSadeRedeExternaInstituiesSociais do1 e do 3setorFigura 1 Integrantes das interfaces do NPC-PUCPRFonte: PUCPR, 2012a. 55. Programa Integralidade Ecolgica: insere transver-salmenteo tema ecologia em diversas frentes de atu-aoEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 55do Ncleo de Projetos Comunitrios.Programa Caravanas: visa refletir sobre a situaosocial da comunidade e, a partir disso, trocar conhe-cimentos,contribuindo para o desenvolvimento daconscientizao social e a mobilizao solidria.Programa Comunho dos Saberes: conjunto deaes que buscam a incluso educacional e social me-dianteatividades complementares escola pblica.Programa Mutires: aes ambientais e/ou socioe-ducativasem comunidades e/ou instituies sociaiscom pblico em situao de vulnerabilidade, seguindoum calendrio anual estabelecido com os represen-tantesdos locais de atuao.Projetos Internos: proposies oriundas da comu-nidadeinterna da Universidade: acadmicos, rgosinstitucionais, colaboradores e professores doscursos de graduao.Rede Marista de Solidariedade: Unidades sociais deatendimento direto a crianas, jovens e famlias emvulnerabilidade social, ligadas ao Grupo Marista.Aliana Sade: complexo de sade que congregauma rede de hospitais de diversas especialidades ealgumas unidades de sade geridas pela mantene-dorada PUCPR aes que propiciam o resgate 56. 56 2. A Estrutura de Gestoindividual e social de cada pessoa, bem como a hu-manizaocalorosa aos pacientes e familiares noambiente hospitalar.2.1.2 As aes sociais ofertadasaos estudantesNormalmente, as aes sociais ofertadas aos es-tudantesso desenvolvidas em comunidades e/ouinstituies sociais (sem fins lucrativos) ou pblicas(com projetos de cunho socioambiental) que mantmtermo de parceria com a universidade. Os estudantesso acompanhados nos locais de atuao por profis-sionaisvinculados s instituies.Os estudantes escolhem livremente, entre um lequede opes que podem ser visualizadas no site do NPC,a ao que pretendem desenvolver, considerando: p-blicoenvolvido; rea de atuao; relao ou no comsua rea de formao; disponibilidade de horrios, quevariam conforme cada atividade e perfil do pblico eda instituio; localizao; dentre outros. So disponi-bilizadosaos estudantes dois perodos de inscrio noano, no incio de cada semestre.As atividades propostas devem estar vinculadas sseguintes prioridades de ao:a) promoo e assistncia sade; b) promoo dosmarginalizados; c) apoio ao autoemprego e gerao 57. de renda; d) combate ao atraso educacional; e) de-senvolvimentourbano; f) melhoria da qualidade devida das comunidades; g) fortalecimento da integra-oe autonomia dos municpios; h) apoio a comuni-dadesrurais e de pescadores; i) defesa e promoodos direitos humanos; j) apoio cultura ecolgica;k) assistncia a pessoas portadoras de necessida-desespeciais; l) apoio a instituies beneficentese de promoo comunitria (PUCPR, 2001, art. 6).Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 57No so aceitas atividades que envolvam:Atividades profissionais remuneradas; eventosexclusivamente religiosos ou espirituais; prose-litismoreligioso ou poltico-partidrio; partici-paoem atividades acadmicas ou culturais;bem como atividades assistencialistas isoladas,incluindo doaes e participao em campa-nhasque estejam desvinculadas de planos maisamplos de ao comunitria (PUCPR, 2001, art. 7).Algumas aes sociais, comumente de fim desemana, precisam ser acompanhadas por colaborado-resdo Ncleo, devido ao expressivo nmero de acad-micosque estudam e trabalham durante a semana o percentual de estudantes nessa condio diferen-teentre os diversos Cmpus. Outro aspecto que traza necessidade de um tcnico do NPC acompanhar osestudantes a dificuldade de se encontrar, em fins desemana, na maior parte das cidades sede de Cmpusda PUCPR, instituies com pblico e profissionaisdisponveis para o acompanhamento dos estudantes. 58. 58 2. A Estrutura de GestoAssim, para as instituies que possuem pblico, masno pessoal para acompanhar os acadmicos, foramcriados alguns programas executados com o acompa-nhamentodireto de tcnicos do NPC.As mais de 3.500 aes sociais ofertadas anualmen-tenos Cmpus Curitiba, Londrina, Maring, So Josdos Pinhais e Toledo esto agrupadas em 38 progra-masconcentrados nas reas relacionadas no Quadro 1(PUCPR, 2012a).Quadro 1 - Programas do Projeto Comunitrio da PUCPR(Continua)reas Programas Finalidades PblicoComunidadesurbanas e ruraisem situao devulnerabilidadeeconmica, sociale/ou ambiental.Projetos voltados aofortalecimentocomunitrio por meiode aes informativas eeducativas com foco emtemas de cidadania.Fortalecimentode ComunidadesCidadania eValoresHumanosCrianas,adolescentes,jovens e adultos.Projetos que envolveminformaes jurdicas ede acesso a direitoslegais fundamentais,discusses sobre tica,poltica e cidadania.Direitos eDeveres doCidado 59. Quadro 1 - Programas do Projeto Comunitrio da PUCPR(Continua)reas Programas Finalidades PblicoCrianas eadolescentes.Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 59Projetos que possibili-temacesso a livros,vinculados implanta-ode bibliotecas,rodas de leitura econtao de histrias.Incentivo LeituraCulturaProjetos voltados ao Crianas.desenvolvimento dasensibilidade msica.Msica paraCrianasCrianas,adolescentes eadultos.Projetos voltados sociabilizao por meiode canto e instrumen-tosmusicais.MsicaCrianas,adolescentes eadultos.Projetos voltados sociabilizao por meioda dana de diversostipos e ritmos.DanaCrianas,adolescentes,adultos, pessoascom necessida-desespeciais.Projetos voltados aodesenvolvimento daspotencialidadesartstico-criativas emtodas as idades.TeatroCrianas,adolescentes eadultos.Projetos voltados aoresgate histrico decomunidades e etnias.Valorizando aCulturaCrianas,adolescentes,adultos, pessoascom necessida-desespeciais epacienteshospitalares.Projetos voltados aodesenvolvimento deatividades ligadas readas expressesartsticas (artes visuais).ExpressesArtsticas 60. 60 2. A Estrutura de GestoQuadro 1 - Programas do Projeto Comunitrio da PUCPR(Continua)reas Programas Finalidades PblicoCultura Crianas,Crianas eadolescentes.Projetos voltados aoauxlio no desempenhoescolar, por meio deatividades ldicas emtodos alternativosque estimulam oraciocnio lgico e aexpresso de ideias.Educao Apoio EscolarCrianas eadolescentes.Projetos que envolvematividades ldico-educativasutilizandocomo referncia ostemas transversais:tica, sade, meioambiente, orientaosexual, pluralidadecultural e trabalho econsumo.Temas Transver-saisProjetos voltados ao Adultos e jovens.desenvolvimento detrabalhos manuais comnalidade de geraode renda.Artesanato eRendaGerao deRendaProjetos voltados Adultos e jovens.incluso no mercadode trabalho.Mundo doTrabalhoAdolescentes,jovens e adultos.Projetos na rea deinformtica com vistas incluso no mercadode trabalho.InformticaBsicaInclusoDigitaladolescentes,adultos, pessoascom necessida-desespeciais epacienteshospitalares.Projetos voltados atrabalhos manuais comnalidade artstica e/oude entretenimento.Artesanato 61. Quadro 1 - Programas do Projeto Comunitrio da PUCPR(Continua)reas Programas Finalidades PblicoCrianas,adolescentes epessoas comdecincia.Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 61Projetos voltados aoincentivo prtica deesportes.Incentivo sAtividadesEsportivasEntreteni-mentoCrianas,adolescentes,adultos, idosos epessoas comdecincia.Projetos voltados aoincentivo prtica deatividades fsicas.Incentivo sAtividades FsicasCrianas,adolescentes,adultos, idosos epessoas comdecincia.Projetos que utilizam oentretenimento comoestratgia para aincluso social.Incluso Social eEntretenimentoCrianas eadolescentes.Projetos que utilizam oldico como estratgiapara tratar temas decunho educativorelacionados qualidade de vida.BrincadeirasEducativasCrianas,adolescentes,adultos, idosos epessoas comdecincia.Projetos que envolvema realizao de eventoscomo estratgia paraincluso e integraosocial.Festividades eEventosInclusoDigitalProjetos voltados Crianas.utilizao dos recursosdigitais como ferramen-tade sociabilizao eincluso digital.InformticaLdicaProjetos na rea de Idosos.informtica com vistas incluso digital.Informtica paraTerceira Idade 62. 62 2. A Estrutura de GestoQuadro 1 - Programas do Projeto Comunitrio da PUCPRreas Programas Finalidades PblicoCrianas,adolescentes,adultos, idosos epessoas comde cincia.Projetos educativos deconscientizaoambiental envolvendoora e fauna.Cuidando daNaturezaMeioAmbiente(ProgramaIntegralida-deEcol-gi-ca)Comunidades,crianas eadolescentes.Projetos educativos queadotam a reciclagemcomo estratgia paratrabalhar os temasecologia e meioambiente.ReciclagemCrianas,adolescentes,adultos e idosos.Projetos que envolvema implantao de hortascomo estratgia para aconscientizaoambiental.HortasCrianas,adolescentes,adultos e idosos.Projetos que envolvemo cinas direcionadas aoincentivo adoo deuma alimentaosaudvel e cincia deseus impactos naqualidade de vidaAlimentaoSaudvelSadeCrianas eadolescentes.Projetos educativosrelacionados ao temasade bucal.Sade BucalCrianas eadolescentes.Projetos educativos quetratam o temasexualidade com vistasao desenvolvimento deautoestima e afetividade.Sexualidade eAfetividade(Continua) 63. Quadro 1 - Programas do Projeto Comunitrio da PUCPR(Concluso)reas Programas Finalidades PblicoSade Projetos educativos que Adolescentes.Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 63tratam o temasexualidade com vistasao desenvolvimento daautoestima, prevenoda gravidez precoce edoenas sexualmentetransmissveis.Sexualidade eSadeCrianas eadolescentes.Projetos educativos quetratam da higienepessoal como elementopara a sade preventiva.CuidadosPessoaisCrianas,adolescentes,adultos, idosos,pacienteshospitalares epessoas comdecincia.Projetos que envolvemcampanhas, ocinase/ou palestras comtemas relacionados sade preventiva.Promoo daSadePacienteshospitalares.Projetos que visam ocupao do tempoocioso dos pacientes,contribuindo para oseu processo derecuperao.Humanizao noAmbienteHospitalarPessoas comdecincia e/oucom transtornosmentais.Projetos que promovema interao entre sereshumanos e animais, comcunho teraputico.Amigo AnimalProjetos que visam Comunidade.sensibilizar para ocuidado adequado deanimais domsticos e asade coletiva.Guarda Respon-svelFonte: PUCPR, 2012a. 64. 64 2. A Estrutura de GestoH, tambm, a possibilidade de os estudantes propo-remaes em instituies/comunidades que no fi-guramentre as parcerias formalmente estabelecidas.Nesse caso, o NPC possui procedimento para aprecia-ode tais propostas, que aps anlise tcnica, podemser aprovadas e inseridas como atividade formal.2.1.3 Etapas para realizao do ProjetoComunitrio pelos estudantesA efetivao do Projeto Comunitrio pelo estudan-tecompreende cinco etapas: preparao, inscriona ao social, realizao da ao, avaliao da aorealizada e validao de frequncia pela instituioparceira do NPC, as quais so explicitadas a seguir,conforme o Manual do aluno do Projeto Comunitrio(PUCPR, 2013a):1. A etapa de preparao (4 horas) requisito paraa realizao da inscrio nas aes sociais ofertadaspelo Ncleo de Projetos Comunitrios.2. Como segunda etapa, tem-se a inscrio, que,na maioria dos casos, realizada pelo estudantevia internet.3. A inscrio permitir que o estudante se apresen-tepara realizar as aes sociais, a terceira etapa.Com certeza, os ganhos do Pro-jetoComunitrio so muitospara comunidade que esperaansiosa pelos projetos dos filhosda PUCPR, como aqui so cha-mados.Quanto aos acadmicos,acompanh-los nos fortalece emotiva. A cada turma que pas-sapor aqui temos novas ideiase vamos aprimorando nossoaprendizado; percebemos, tam-bm,pelo relato dos alunos, queesto aprendendo muito, tendoa oportunidade de interagir comcomunidade da periferia, comuma cultura totalmente diferen-ciadadas suas. muito rica essadiversidade de ideias e opinies.Maria Julia Xavier(Associao de Proteo InfnciaVov Vitorino) 65. 4. Ao trmino da ao desenvolvida, o estudantepreenche um instrumento, tambm via intranet, noqual procede a sua avaliao do Projeto Comunitrio.Na quinta etapa, o NPC recebe um documento dosresponsveis pelo acompanhamento dos estudantesnas aes sociais contendo o acompanhamento defrequncia e a avaliao de desempenho do estu-dante.Esses dados, posteriormente, so inseridos noEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 65sistema de informao do NPC.Percebemos que, alm de so-maras respectivas experin-cias,a parceria nos permi-teatuar de forma estratgicanas reas de educao, do des-porto,da cultura e do lazer,da inovao e transfernciade conhecimentos, produzin-docondies para a melhoriada qualidade de vida dos cida-dos,contribuindo para a inte-graosocial e o desenvolvi-mentolocal.Andreia Moraes(Comunidade Escola) 66. 66 3. A Dimenso Pedaggica 67. 3. A DIMENSO PEDAGGICAAs buscas acertadas da vida normalmente indicamganhos para a pessoa e para a sociedade.Ir. Rogrio MateucciEste captulo abordar a dimenso pedaggica do ProjetoComunitrio, composta por procedimentos metodolgicosque se complementam para o alcance dos objetivos pedag-gicosEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 67da disciplina.Sero apresentados os seguintes processos: etapa de prepa-rao;oficinas de qualificao para desenvolvimento das aessociais ofertadas aos acadmicos; programa de formao paraos responsveis pelo acompanhamento dos acadmicos nasaes sociais; e conduo de grupos de estudantes adultos in-seridosem processo de aprendizagem vivencial.E, por fim, sero descritos os procedimentos desenvolvidospara os programas acompanhados diretamente pelo NPC,que compreendem as aes sociais ocorridas no ProgramaCaravana, no Programa Mutiro e no contexto dos ambienteshospitalares geridos pelo Grupo Marista. 68. 68 3. A Dimenso Pedaggica3.1 PROCEDIMENTOSMETODOLGICOS DAPRIMEIRA ETAPANa etapa de preparao do Projeto Comunitrio, osacadmicos so informados sobre todos os aspectosdessa peculiar disciplina e participam de momentos desensibilizao para que se engajem nas aes sociaisjunto s instituies parceiras da PUCPR, de formaconsciente e mais imbudos do valor da solidariedade.O processo da etapa de preparao tem incio com avisita da equipe do Projeto Comunitrio s salas de aula,para as turmas em que a disciplina consta na matrizcurricular do respectivo semestre. Embora cada cursotenha a autonomia de definir, em seu Projeto PolticoPedaggico, em qual perodo a disciplina ser inseridana matriz curricular, a atual Resoluo do Projeto Co-munitrio(2013), independente do perodo constantena matriz dos cursos de graduao, possibilita que aca-dmicosa partir do terceiro perodo iniciem o PC.Os procedimentos metodolgicos do encontro ini-cial(etapa de preparao) preveem uma programa-ocuidadosamente pensada com relao ao perfildo pblico jovem, ateno dinmica das turmas for-madas(por vezes, renem-se mais de um curso degraduao, dependendo do nmero de estudantes 69. de cada turma). Outro aspecto relevante refere-se aocuidado tanto com o contedo como com o sentidodo discurso de cada tpico a ser abordado, para quetudo, na medida do possvel, seja convergente com ospropsitos do PC. Os grupos formados contam com,no mximo, 70 acadmicos. O mediador apresentaalgumas provocaes reflexivas acerca do papel decidadania dos indivduos jovens em um contexto deformao universitria. Vdeos curtos so apresenta-dosno percurso. A tcnica psicodramtica adotadapara a sensibilizao, obedecendo a trs etapas: aque-cimentoideolgico, momento cnico com direo psi-codramticaEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 69e partilha grupal.A metodologia psicodramtica, que fundamentaa preparao do acadmico, possibilita aproxima-osensvel com as motivaes profundas do eu medida que busca revelar a grandiosidade de signifi-cadospresentes na simplicidade e na sutileza de umaverdadeira ao solidria, entendida como resultadoda vocao maior de todo ser humano, que necessitadar e receber.Assim, por meio de uma tcnica de psicodrama, osacadmicos so convidados a revisitar histrias pes-soaisque envolveram aes solidrias vividas poreles. Aps a encenao realizada pelos participantese dirigida pelo psicodramaticista, ocorre uma partilha 70. 70 3. A Dimenso Pedaggicaverbal acerca do que foi assistido e vivido cenicamen-te,que envolve a plateia, inclusive. Nesse momento,so revelados os significados e as reais motivaesque levam a uma ao solidria. Na maioria das vezes,verifica-se, pela forma como a tcnica se desenrola,que os estudantes so tocados pela essncia da pro-postado Projeto Comunitrio.O corao tem razes que a prpria razo desconhe-ce.Essa frase de Blaise Pascal (1966, p. 227), fsico,filsofo e telogo, expressa bem a temtica principalque inspira a etapa de preparao do Projeto Comu-nitrio.Por meio dela, visamos promover a percepoe a compreenso no racional do estudante quantos reais motivaes que devem reger a participaonas aes da disciplina. Tais motivaes no vm pro-priamentedo plano racional ou mental dos indivduos,mas do sopro da alma que habita cada ser.O encontro termina com a partilha de todo o gruposobre os sentimentos e as emoes que brotaram esobre os aprendizados conquistados a partir das ex-perinciascnicas. Nessa partilha, so realizadas refe-rnciasexplcitas vivncia de valores humanos uni-versais,relacionando-os tanto s cenas ali assistidas evivenciadas como a exemplos de futuras atuaes nasmuitas e variadas aes sociais ofertadas via disciplina. 71. Os estudantes passam a compreender mais profun-damentea importncia de suas aes e a necessidadede agirem de forma mais frequente e sistemtica, fa-zendosua parte ou seu papel no sistema e nos sub-sistemasem que esto inseridos. E que essa melhorcompreenso de solidariedade deve se estender almdo humano, e incluir todas as formas de vida existen-tesno planeta.Outras abordagens metodolgicas j foram experi-mentadaspara o encontro inicial, mas nenhuma surtiuo efeito que o psicodrama tem atingido em termosde sensibilizao e compreenso profunda do sentidodo ato solidrio na vida pessoal de cada indivduo eno convvio social. A maioria dos grupos conclui queser solidrio um dever humano no sentido de buscarconstruir justia social e dignidade.Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 713.2 OFICINAS DE QUALIFICAOPARA DESENVOLVIMENTODAS AES SOCIAISAps o perodo de inscrio nas aes sociais, o NPCoferece aos estudantes algumas oficinas que possibili-tamsitu-los quanto ao processo de conduo de ati-vidadesna rea e com o pblico escolhido. O objetivo fazer com que o acadmico sinta-se mais prepara- 72. 72 3. A Dimenso Pedaggicado e seguro para desenvolver a ao social (PUCPR,2012a, p. 16).Essas oficinas so ofertadas normalmente aos sba-dos,quando a maioria dos acadmicos tem disponi-bilidadepara participar, tendo durao de 2 a 3 horascada. A carga horria total varia, dependendo do temaabordado e, de acordo com a metodologia proposta,o ideal as turmas no ultrapassarem 50 acadmicos;por isso, para alguns temas, so ofertadas mais deuma turma, dependendo do Cmpus.Ao cadastrar as aes no sistema de informaesdo NPC para oferta aos acadmicos, indicada a ne-cessidadede eles participarem ou no de algum tipode oficina.Os temas das oficinas ofertadas so: meio ambiente,conduo de grupos, incluso digital, acompanhamen-tode idosos, atividades em hospitais, hora do conto,dana e teatro, dentre outros.A metodologia utilizada nas oficinas predominan-tementevivencial com foco em dicas relacionadas aformas de abordagem aos diversos pblicos, alm deindicao de possveis materiais e tcnicas para repli-caodo tema. 73. Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 733.3 FORMAO PARA OSRESPONSVEIS PELOACOMPANHAMENTO DASAES SOCIAISO NPC desenvolveu um Programa de Formao Con-tinuadadestinado aos responsveis pelo acompanha-mentodos estudantes na realizao das aes sociais.O objetivo aprimorar a forma de acompanhamentodos estudantes na realizao das aes sociais, contri-buindo,assim, para a melhoria do processo de apren-dizagemdeles. Os encontros so ofertados todo inciode semestre, pouco antes da chegada dos acadmicosnas instituies.A participao dos responsveis pelo acompanha-mentodos estudantes nas instituies/comunidadesconstitui-se requisito para a manuteno das parce-rias.Os encontros proporcionam rica partilha de expe-rinciasentre os responsveis participantes.O Programa, formatado em Ciclos, tem, no Ciclo I,a apresentao da proposta metodolgica para con-duode grupos de estudantes adultos inseridos emprocesso de aprendizagem vivencial. O Ciclo II foca asdimenses dos Valores Maristas inseridos na propos-tapedaggica do PC e os aspectos relacionados aoAo longo dos anos, a forma-ofoi se tornando cada vezmais importante. Os acadmi-cosso cada vez mais crticos,e a PUCPR, mais cuidadosa emrelao s instituies que re-cebemseus acadmicos. Nossainstituio pode crescer e melho-raro atendimento aos acadmi-coscom a fundamentao rece-bida.Ressaltamos que, medidaque os acadmicos conhecem epercebem o porqu de estaremna escola, comeam a gostar dainfluncia e da importncia quetm na vida de nossa comunida-de,incorporando-se ao trabalhoe entendendo que o programa feito a muitas mos.Raquel Elisabete de Mello Boeira(Comunidade Escola) 74. 74 3. A Dimenso Pedaggicaacompanhamento e relacionamento com os acadmi-cosno decorrer das aes.O ciclo I composto de 6 mdulos, a saber:Mdulo I Panorama completo do processo de con-duode grupos: como acolher os acadmicos; apre-sentandoa instituio aos acadmicos, sensibilizan-do-os e integrando-os; estabelecendo combinados eacompanhando os acadmicos; planejando as aescom os acadmicos; e fechamento ou processamentodos aprendizados. Carga horria: 8 horas.Esse mdulo ofertado todos os semestres, tendoem vista que sempre h novas instituies parceirase rotatividade das pessoas que acompanham os aca-dmicosnas instituies, seja por desligamento oupor mudanas de atribuies nas equipes de trabalhodessas organizaes.Mdulo II O papel do facilitador de grupos; apro-fundandoos passos: como acolher, apresentar a ins-tituio,sensibilizar e integrar os acadmicos na insti-tuio.Carga horria: 4 horas.Mdulo III Aprofundando os passos: estabelecendocombinados e acompanhando os acadmicos. Cargahorria: 4 horas.Mdulo IV Aprofundando os passos: planejando asatividades com os acadmicos. Carga horria: 4 horas. 75. Mdulo V Aprofundando os passos: fechamentoou processamento dos aprendizados. Carga horria:4 horas.O ciclo II composto inicialmente de trs mdulos:Mdulo I Projeto Comunitrio Vivncia em ValoresHumanos: Pedagogia Marista. Carga horria: 4 horas.Mdulo II parte I A importncia do dilogo no pro-cessode aprendizagem: comunicao na diversidade.Carga horria: 4 horas.Mdulo III parte II A importncia do dilogo noprocesso de aprendizagem: no julgamento e empa-tia.Carga horria: 4 horas.No terceiro ciclo, pretende-se definir com o grupo departicipantes os interesses e/ou as necessidades deaprendizado deles.A metodologia utilizada predominantemente viven-cial,utilizando-se das tcnicas de dinmicas de grupoou de psicodrama pedaggico, de forma a possibilitaraos participantes o aprender fazendo, por meio de si-mulaesEducao para a Solidariedade no Ensino Superior 75e reflexes. essencial que o contedo dos mdulos seja rico emexemplos, da a importncia de ser algum da equipetcnica do PC que ministre os mdulos, por conhe-cerbem todos os processos da disciplina em si e doNcleo. interessante que a pessoa ministrante co-nheain loco todas as instituies parceiras, pois isso 76. 76 3. A Dimenso Pedaggicaconfere maior propriedade para abordar os contedospela proximidade com as diversas realidades. E ainda,que preferencialmente, tenha conduzido grupos deacadmicos em aes sociais.Isso porque os grupos anseiam muito por exemplos,e, alm disso, por trocas de experincias entre eles,sendo imprescindvel prever um espao na programa-odos encontros para essa partilha, ou inseri-la aolongo das tcnicas aplicadas aos contedos propostos.Optou-se tambm, a partir da experincia, por or-ganizargrupos de no mximo 60 pessoas por encon-tropara melhor adequao da metodologia proposta.E ainda, dividir os grupos por similaridade de perfildas instituies. Em nosso caso, optamos por dividiros grupos em escolas pblicas e outras instituies decunho social e/ou ambiental.Uma prtica bastante positiva que utilizamos apsa aplicao dos mdulos iniciais do primeiro ciclo aavaliao por meio de pesquisa junto aos participantes.O objetivo foi verificar em que medida estavamsendo compreendidos e aplicados os contedos mi-nistrados.Os resultados nos indicaram que diversospontos precisavam ser reforados. Isso nos levoua desenvolver um mdulo parte, no qual passa-mospor todos os passos da metodologia indagan-docomo os participantes estavam aplicando cadaO Projeto Comunitrio em Bo-caivado Sul, para mim, foiextraordinrio. O carinho e areceptividade das professoras(nossas alunas naquele mo-mento)foram maravilhosos.Cada professora participantedeixou uma marca muito im-portanteem minha vida, desdea imensa vontade de aprenderat o respeito e a dedicaoque nos mostraram. Fico felizpor ter tido essa oportunida-de.Gostaria que esse trabalhocontinuasse, no somente pelofato de que ajuda o Municpio,mas pelas lies de vida queadquirimos, para que outrosalunos possam vivenciar essemomento de alegria e confra-ternizaoentre pessoas toprximas e to distantes aomesmo tempo.Capacitao em Informtica comprofessores da Rede Pblica de Ensi-noda Secretaria de Educao do Mu-nicpiode Bocaiva do Sul 77. um, e na sequncia, apresentvamos as respostasda avaliao que eles mesmos haviam realizado.O resultado foi muito bom e, com o contedo produ-zidono encontro e o resultado da pesquisa, a equipedo NPC compilou um documento que denominouSugestes de atividades para aplicao da metodo-logiade acompanhamento de acadmicos do Pro-jetoComunitrio da PUCPR (PUCPR, 2013b), comdicas e exemplos de atividades que poderiam serdesenvolvidas com os acadmicos em cada passo dosprocedimentos metodolgicos de acompanhamento.Essa experincia nos indicou a necessidade de tra-balharmoscom a abordagem de aprendizagem emespiral, ou seja, os contedos seriam revisitadosem todos os encontros a fim de aprofund-los, massempre com o cuidado de no se tornar repetitivo,garantindo maior probabilidade de assimilao pelosparticipantes.Outros dois motivos nos levaram adoo da apren-dizagemem espiral: primeiro, o fato de que se trata-vade um processo que os participantes vivenciavamconstantemente, sendo, a partir das experinciasdeles, continuamente ressignificado; segundo, porqueos encontros ocorrem em espaos longos de tempo,um a cada semestre, e com durao de 4 horas cada,Educao para a Solidariedade no Ensino Superior 77 78. 78 3. A Dimenso Pedaggicasempre com muitas informaes; da a dificuldade deos participantes assimilarem tudo de uma s vez.Com relao carga horria dos mdulos, o interes-sante que fossem todos de 8 horas cada. Todavia,como as instituies normalmente possuem equi-pesmuito enxutas e grande sobrecarga de trabalho,quando ofertamos mdulos de 8 horas, um dia todo,o ndice de frequncia se apresentou menor compara-doa atividades com durao de meio perodo. Assim,optou-se por ofertar os mdu