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JOAÇABA, 27 de setembro de 2014 4 CIDADE EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO O pedido de uma criança pode mudar sua atitude? Campanha do Colégio Marista Frei Rogério, promovida por alunos de 8 a 10 anos, tem como objetivo provocar mudanças de atitude nos motoristas CLEMIR SCHMITT P ai, quando eu crescer não preciso mais usar o cinto? Mãe, quando tá atrasado pode correr? Frases como essas fazem parte do material que compõem a campanha “Um trânsito mais gentil começa por você”, realizada por alunos entre 8 e 10 anos, do Colégio Marista Frei Rogério. Esta iniciativa faz parte de um projeto intitu- lado “Eduque pelo exem- plo”, onde são abordadas questões de respeito em to- das as esferas, assim como no trânsito. A coordenadora psi- copedagógica da educação infantil e ensino fundamen- tal séries iniciais do Colégio Marista Frei Rogério, Eli- sete Maria Peruzzo, destaca que esta ação procurou tra- balhar valores como respei- to e educação no trânsito, visando provocar mudanças de atitudes nos pais motor- istas, motoristas da comuni- dade e pedestres. “Partimos de uma questão central que era como despertar a at- enção de pais motoristas e motoristas da comunidade em relação as atitudes de- les no trânsito. A gente sabe que todos participam de uma correria do dia a dia em função de chegar a um destino alguns minutos an- tes, e numa situação assim, acabam infringindo regras. Embora a pessoa tenha a consciência que está com- etendo uma infração, não dá importância, pelo tempo”. A professora explica que analisando campanhas que são veiculadas todos os anos na mídia e que não provocam uma mudança BLIZT EDUCATIVA CONTOU COM A PARTICIPAÇÃO DE 60 ALUNOS EM DOIS DIAS ALUNOS ENTREVISTARAM AS PESSOAS SOBRE O TRÂNSITO NA CIDADE FOTOS: PATRÍCIA HOFFELDER APRENDIZADO PLACAS INDICATIVAS U m dos alunos envolvidos no projeto, Artur Francisco Pagliarin, 10 anos, disse que antes da campanha era comum os pais esquecer- em de usar o cinto de segurança, mas agora, com ele chamando a atenção para uma atitude diferente, isso não acontece mais. “Vejo como principais infrações que os motoristas cometem não usar o cinto, falar ao telefone quando está dirigindo e ultrapassar o limite de velocidade. Essa campanha vai chamar a atenção para que os motoristas não façam tal infração e res- peitem mais o trânsito. Lá em casa, era comum não usarmos o cinto, agora não”. Outra aluna também envolvida na campan- ha, Lorenza Elis Chiamolera, 10 anos, destaca que a educação no trânsito não é função só dos motoristas. “Muitos pedestres não respeitam o trânsito e quando vão atravessar a faixa vão bem devagar, as vezes até mexendo no celular, sem prestar a atenção. Deve par- tir também do pedestre esse respeito”. A mudança de atitude vai ser motivada pelo exemplo. “A mudança de pensamento dos motoristas vai acontecer porque eles pararam para pensar de uma forma diferente, depois das explicações que demos a eles”, finaliza a aluna Eduarda Rover, 11 anos. A Polícia Militar tem um papel muito importante nesta educação para o trânsito. O sargento Adão Jair Florêncio, explica que ao longo do ano a instituição recebe inúmeros ofícios de estabelec- imentos de ensino e empresas para dar palestras a re- speito da educação no trânsito. No ano passado foram 36 palestras realizadas, atingindo um público de 2,7 mil pessoas. “Esse ano já tivemos, em parceria com a Secretaria de Educação de Joaçaba, dois dias de pal- estras com a participação da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, para estabelecimentos de ensino. É um trabalho gratificante que eu gosto de fazer”. Para cada público, uma maneira diferenciada de abordagem. As palestras são ministradas desde a educação infantil, para alunos de 3 e 4 anos até ensino superior e empresas. Além de material didático também são apresentados vídeos educativos. Em quase 20 anos nesse serviço, Florêncio diz que a educação para o trân- sito deve começar desde criança. “É importante incutir na criança o comportamento para o trânsito. As leis ele vai aprender com o tempo. O Brasil é campeão mundial em acidente de trânsito, incutir esse comportamento e pensamento vai proporcionar mudanças de atitudes para que a gente passe esse título para outro país”, finaliza. substancial de atitude no trânsito, eles precisavam traçar uma estratégia difer- enciada. “Pensamos então em usar a voz que reflete di- retamente no nosso público primeiro que são os pais motoristas. A voz certa, aquela voz que os pais não ignoram em hipótese al- guma que é a voz dos seus filhos. Até pelo material de divulgação usamos falas de crianças, como se elas estivessem participando in- diretamente das situações, seja no momento em que o pai traz para o colégio, busca e em outras situações corriqueiras que elas partici- pam e veem a atitude do pai e mãe refletida no trânsito”. As ações foram abordadas internamente desde a educação infantil até o ensino fundamental, séries iniciais, trabalhando a atitude na coletividade, na convivência com o outro. Primeiro a estratégia foi fazer os alunos observarem o trânsito dentro da escola, na hora da entrada, do rec- reio e da saída. Não só o trânsito de veículos, mas o de pedestres. A professora diz que eles passaram a ver que não podiam furar fila na cantina, que era errado correr no corredor e isso se estendeu para a melhor edu- cação dos pais no trânsito, no estacionamento, hora da chegada e saída da escola. A partir da tomada desta consciência mais de 60 alunos foram para às ruas com panfletos, faixas, banners, promovendo uma blitz educativa. Foram dois momentos, um na quinta- feira (18) abrindo a Semana Nacional do Trânsito e o segundo nessa quinta-feira (25), comemorando o Dia Nacional do Trânsito e en- cerrando a semana. A tercei- ra iniciativa foi visando con- correr ao prêmio “Repórter por um dia” da Fenabrave, onde em cinco minutos a criança entrevista as pes- soas na rua sobre o trânsito. Elas questionaram 20 pes- soas a respeito do trânsito na cidade e quais atitudes ela toma em relação a isso. “Essa participação refletiu muito neles. Diferente de você pegar um texto e ex- plicar as regras de trânsito, assim eles acabam se envol- vendo indiretamente, em- bora não sendo motorista”, acrescenta Elisete. Toda essa ação con- tou com o apoio da Polícia Militar na segurança às cri- anças. O projeto culmina no dia 10 de outubro, quando se celebra o Dia da Família Marista na escola, onde serão apresentados os ma- teriais de divulgação para o trânsito e da construção de valores, como resultado final de todo o trabalho de- senvolvido com os alunos. “Nossa intenção é que o chamamento das crianças tornem o exemplo para a mudança de atitude. As frases são as situações mais comuns. Elas se envolver- am com tal entusiasmo que acaba refletindo nas atitudes dessas pessoas que veem e escutam suas explanações. Afinal, é uma criança falan- do de situações que ela vê o adulto realizar, chamando sua atenção”, finaliza Eli- sete.

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JOAÇABA, 27 de setembro de 20144 CIDADE

EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO

O pedido de uma criança pode mudar sua atitude?Campanha do Colégio Marista Frei Rogério, promovida por alunos de 8 a 10 anos, tem como objetivo provocar mudanças de atitude nos motoristas

CLEMIR SCHMITT

Pai, quando eu crescer não preciso mais usar o cinto? Mãe,

quando tá atrasado pode correr? Frases como essas fazem parte do material que compõem a campanha “Um trânsito mais gentil começa por você”, realizada por alunos entre 8 e 10 anos, do Colégio Marista Frei Rogério. Esta iniciativa faz parte de um projeto intitu-lado “Eduque pelo exem-plo”, onde são abordadas questões de respeito em to-das as esferas, assim como no trânsito.

A coordenadora psi-

copedagógica da educação infantil e ensino fundamen-tal séries iniciais do Colégio Marista Frei Rogério, Eli-sete Maria Peruzzo, destaca que esta ação procurou tra-balhar valores como respei-to e educação no trânsito, visando provocar mudanças de atitudes nos pais motor-istas, motoristas da comuni-dade e pedestres. “Partimos de uma questão central que era como despertar a at-enção de pais motoristas e motoristas da comunidade em relação as atitudes de-les no trânsito. A gente sabe que todos participam de uma correria do dia a dia em função de chegar a um destino alguns minutos an-tes, e numa situação assim, acabam infringindo regras. Embora a pessoa tenha a consciência que está com-etendo uma infração, não dá importância, pelo tempo”.

A professora explica que analisando campanhas que são veiculadas todos os anos na mídia e que não provocam uma mudança

BLIzT EDUCATIvA CONTOU COM A pARTICIpAÇÃO DE 60 ALUNOS EM DOIS DIAS

ALUNOS ENTREvISTARAM AS pESSOAS SOBRE O TRÂNSITO NA CIDADE

FOTOS: pATRíCIA HOFFELDER

APRENDIZADO

PLACAS INDICATIVAS

Um dos alunos envolvidos no projeto, Artur Francisco Pagliarin, 10 anos, disse que antes da campanha era comum os pais esquecer-

em de usar o cinto de segurança, mas agora, com ele chamando a atenção para uma atitude diferente, isso não acontece mais. “Vejo como principais infrações que os motoristas cometem não usar o cinto, falar ao telefone quando está dirigindo e ultrapassar o limite de velocidade. Essa campanha vai chamar a atenção para que os motoristas não façam tal infração e res-peitem mais o trânsito. Lá em casa, era comum não usarmos o cinto, agora não”. Outra aluna também envolvida na campan-ha, Lorenza Elis Chiamolera, 10 anos, destaca que a educação no trânsito não é função só dos motoristas. “Muitos pedestres não respeitam o trânsito e quando vão atravessar a faixa vão bem devagar, as vezes até mexendo no celular, sem prestar a atenção. Deve par-tir também do pedestre esse respeito”. A mudança de atitude vai ser motivada pelo exemplo. “A mudança de pensamento dos motoristas vai acontecer porque eles pararam para pensar de uma forma diferente, depois das explicações que demos a eles”, finaliza a aluna Eduarda Rover, 11 anos.

A Polícia Militar tem um papel muito importante nesta educação para o trânsito. O sargento Adão Jair Florêncio, explica que ao longo do

ano a instituição recebe inúmeros ofícios de estabelec-imentos de ensino e empresas para dar palestras a re-speito da educação no trânsito. No ano passado foram 36 palestras realizadas, atingindo um público de 2,7 mil pessoas. “Esse ano já tivemos, em parceria com a Secretaria de Educação de Joaçaba, dois dias de pal-estras com a participação da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, para estabelecimentos de ensino. É um trabalho gratificante que eu gosto de fazer”. Para cada público, uma maneira diferenciada de abordagem. As palestras são ministradas desde a educação infantil, para alunos de 3 e 4 anos até ensino superior e empresas. Além de material didático também são apresentados vídeos educativos. Em quase 20 anos nesse serviço, Florêncio diz que a educação para o trân-sito deve começar desde criança. “É importante incutir na criança o comportamento para o trânsito. As leis ele vai aprender com o tempo. O Brasil é campeão mundial em acidente de trânsito, incutir esse comportamento e pensamento vai proporcionar mudanças de atitudes para que a gente passe esse título para outro país”, finaliza.

substancial de atitude no trânsito, eles precisavam traçar uma estratégia difer-enciada. “Pensamos então em usar a voz que reflete di-retamente no nosso público primeiro que são os pais motoristas. A voz certa, aquela voz que os pais não ignoram em hipótese al-guma que é a voz dos seus filhos. Até pelo material de divulgação usamos falas de crianças, como se elas estivessem participando in-diretamente das situações, seja no momento em que o pai traz para o colégio, busca e em outras situações corriqueiras que elas partici-pam e veem a atitude do pai e mãe refletida no trânsito”.

As ações foram abordadas internamente desde a educação infantil até o ensino fundamental, séries iniciais, trabalhando a atitude na coletividade, na convivência com o outro. Primeiro a estratégia foi fazer os alunos observarem o trânsito dentro da escola, na hora da entrada, do rec-reio e da saída. Não só o trânsito de veículos, mas o de pedestres. A professora diz que eles passaram a ver que não podiam furar fila na cantina, que era errado correr no corredor e isso se estendeu para a melhor edu-cação dos pais no trânsito, no estacionamento, hora da chegada e saída da escola.

A partir da tomada desta consciência mais de 60 alunos foram para às ruas com panfletos, faixas, banners, promovendo uma blitz educativa. Foram dois momentos, um na quinta-feira (18) abrindo a Semana Nacional do Trânsito e o segundo nessa quinta-feira (25), comemorando o Dia Nacional do Trânsito e en-cerrando a semana. A tercei-ra iniciativa foi visando con-correr ao prêmio “Repórter por um dia” da Fenabrave,

onde em cinco minutos a criança entrevista as pes-soas na rua sobre o trânsito. Elas questionaram 20 pes-soas a respeito do trânsito na cidade e quais atitudes ela toma em relação a isso. “Essa participação refletiu muito neles. Diferente de você pegar um texto e ex-plicar as regras de trânsito, assim eles acabam se envol-vendo indiretamente, em-bora não sendo motorista”, acrescenta Elisete.

Toda essa ação con-tou com o apoio da Polícia Militar na segurança às cri-anças. O projeto culmina no dia 10 de outubro, quando se celebra o Dia da Família Marista na escola, onde serão apresentados os ma-teriais de divulgação para o trânsito e da construção de valores, como resultado final de todo o trabalho de-senvolvido com os alunos. “Nossa intenção é que o chamamento das crianças tornem o exemplo para a mudança de atitude. As frases são as situações mais

comuns. Elas se envolver-am com tal entusiasmo que acaba refletindo nas atitudes dessas pessoas que veem e escutam suas explanações.

Afinal, é uma criança falan-do de situações que ela vê o adulto realizar, chamando sua atenção”, finaliza Eli-sete.