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Educação na Era Vargas: rupturas e continuidades Profa. Dra. Denise Silva Araújo

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Page 1: Educação na Era Vargas: rupturas e continuidades Profa. Dra. Denise Silva Araújo

Educação na Era Vargas: rupturas e continuidades

Profa. Dra. Denise Silva Araújo

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Contexto brasileiro: conflitos de interesses

A década de 1920, marcada pelo confronto de idéias entre correntes divergentes, influenciadas pelos movimentos europeus, culminou com a crise econômica mundial de 1929.

Disputa econômica e política Movimentos que buscam romper com a

ordem social oligárquica Reajustamento dos setores emergentes na

sociedade com os setores tradicionais

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Quebra da Bolsa de Nova York em 1929

Crise econômica agravada pela Quebra da Bolsa de Nova York em 1929, que repercutiu diretamente sobre as forças produtoras rurais que perderam do governo os subsídios que garantiam a produção.

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Novo ciclo econômico

O modelo agrário-exportador-dependente cede lugar ao modelo de substituição das importações

Ideologia Política: Nacional desenvolvimentismo

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Revolução de 1930 Forças oposicionistas - Aliança

Liberal: Marco referencial para a

entrada do Brasil no mundo capitalista de produção.

A acumulação de capital, do período anterior, permitiu com que o Brasil pudesse investir no mercado interno e na produção industrial.

A nova realidade brasileira passou a exigir uma mão-de-obra especializada e para tal era preciso investir na educação.

Do Sul para o Rio: Miguel Costa, Góis Monteiro e Getúlio Vargas na Revolução de 1930.

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Governo Vargas: três fases

Governo Provisório – após a Revolução de 1930 até 1934

Presidente eleito pelo Congresso Nacional – de 1934 a 1937

Estado Novo – de 1937 a 1945

Duas constituições bem diferentes: o Constituição de 1934 mais democráticao Constituição de 1937 de cunho autoritário

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Governo Provisório: uma série de instabilidades

Em 1932 eclode a Revolução Constitucionalista de São Paulo.

Em 1934 a nova Constituição (a segunda da República) dispõe, pela primeira vez, que a educação é direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos.

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Governo Provisório: medidas educacionais em meio a uma série de instabilidades

Em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública

Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova – 1932

Ainda em 1934, por iniciativa do governador Armando Salles Oliveira, foi criada a Universidade de São Paulo. A primeira a ser criada e organizada segundo as normas do Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931.

Conflitos entre liberais e católicos: os dois grupos tentam influenciar na elaboração da nova Carta Constitucional

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Reforma Francisco Campos

Em 1931, o governo provisório sanciona decretos organizando o ensino secundário e as universidades brasileiras ainda inexistentes. O Decreto 19.850, de 11 de abril de 1931, cria o Conselho Nacional de Educação e os Conselhos Estaduais de Educação (que só vão começar a funcionar em 1934). O Decreto 19.851, de 11 de abril de 1931, institui o Estatuto das Universidades Brasileiras que dispõe sobre a organização do ensino superior no Brasil e adota o regime universitário.

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Reforma Francisco Campos

O Decreto 19.852, de 11 de abril de 1931, dispõe sobre a organização da Universidade do Rio de Janeiro. O Decreto 19.890, de 18 de abril de 1931, dispõe sobre a organização do ensino secundário. O Decreto 20.158, de 30 de julho de 1931, organiza o ensino comercial, regulamenta a profissão de contador e dá outras providências. O Decreto 21.241, de 14 de abril de 1931, consolida as disposições sobre o ensino secundário.

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Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova - 1932 Em 1932 um grupo de educadores lança à nação o

documento, redigido por Fernando de Azevedo e assinado por outros conceituados educadores da época.

Princípios gerais: educação como serviço público, que o Estado é chamado a realizar

Concebe uma escola comum para ambos os sexos, leiga

Escola primária (sete a doze anos) gratuita e obrigatória

Expandir a obrigatoriedade progressivamente até os dezoito anos e a gratuidade a todos os graus.

Financiamento:fundos próprios para a educação Ampliam o debate educacional no plano político e

pedagógico. Influencia na Constituição de 1934

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Constituição de 1934 esperança de mudanças

Inspiração liberal Inovações importantes Acrescentou três novos títulos: da ordem

econômica e social; da família, educação e cultura e da segurança nacional

Dispositivos econômicos: intenções nacionalistas

Dispositivos de caráter social: pluralidade e autonomia dos sindicatos, legislação trabalhista

Segurança Nacional: a cargo do Conselho Superior de Segurança Nacional, com a chefia do Presidente da República

Possibilita o voto feminino

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A Constituição de 1934 e a Educação brasileira: rupturas e continuidades

Conserva a estrutura anterior do Sistema Educacional: União responsável pela manutenção do ensino secundário e superior no DF e ação “supletiva” na obra educativa em todo país

Responsabilidade da União: estabelecer as diretrizes da educação nacional, promovendo a articulação entre os diferentes sistemas

Competência da União: fixar o Plano Nacional da Educação, que estabeleceu como meta o ensino primário integral e gratuito e de freqüência obrigatória, extensivo aos adultos e a tendência a gratuidade do ensino posterior ao primário

Ensino religioso com freqüência facultativa Isenção tributária aos estabelecimentos de ensino

particulares considerados idôneos.

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Em 1935 o Secretário de Educação do Distrito Federal, Anísio Teixeira, cria a Universidade do Distrito Federal, com uma Faculdade de Educação na qual se situava o Instituto de Educação.

Em função da instabilidade política deste período, Getúlio Vargas, num golpe de estado, instala o Estado Novo e proclama uma nova Constituição, também conhecida como "Polaca".

 

Governo constitucional –

1934 a 1937

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Constituição de 1937: a Carta do Estado Novo Fase da ditadura Inspirada nas constituições de regimes facistas

europeus Disposições finais e transitórias - outorgava

poderes irrestritos ao presidente da República:o confirmar ou não os governadores eleitos, nomear

interventores, o dissolver o Parlamento, assembléias estaduais e

Câmaras municipais, o aposentar ou demitir funcionários civis ou militares,

“no interesse do serviço público ou por conveniência do regime”

o cassar os direitos civis garantidos pela Constituição,o governar mediante decretos-lei

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A Constituição de 1937 e a centralização da educação

Retrocessos na educação: reforçou a dualidade entre a escola de ricos e pobres

Competência da União não apenas traçar diretrizes para a educação, mas “fixar as bases e determinar os quadros da educação”

Mantém a liberdade de ensino Dever do Estado em segundo plano: para

aqueles a quem “faltarem recursos necessários” Não se refere a gratuidade do ensino posterior

ao primário Ensino religioso ganha maior espaço Primeiro dever do Estado: ensino pre-vocacional

e profissional

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Reforma Gustavo Capanema - Leis Orgânicas do Ensino

Lei Orgânica do Ensino Industrial – Decreto-Lei n. 4.073 de janeiro de 1942

Lei Orgânica do Ensino Secundário – Decreto-Lei n. 4.244 de abril de 1942

Lei Orgânica do Ensino Comercial – Decreto-Lei n. 46.141 de dezembro de 1943

Criação do SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial por meio do Decreto-lei 4.048, de janeiro de 1942

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Após a Queda de Vargas Lei Orgânica do Ensino Primário – Decreto-

Lei n. 8.529 de janeiro de 1946 Lei Orgânica do Ensino Normal – Decreto-

Lei n. 8.529 de janeiro de 1946 Lei Orgânica do Ensino Agrícola – Decreto-

Lei n. 9.623 de agosto de 1946 Instituído o SENAC –Serviço Nacional de

Aprendizagem Comercial, pelos Decretos-leis 8.621 e 8.622 de janeiro de 1946

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Leis Orgânicas do Ensino Industrial

Ensino técnico profissional – dois ciclos (média entre sete a oito anos de duração):

Ciclo 1 - Industrial básico com 4 anos mais Mestria com 2 anos

Ciclo 2- Técnico - de 3 a 4 anos Curso de formação de professores – 1 ano Cursos de curta duração: treinamentos rápidos Curso de aprendizagem: no ambiente de trabalho

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Leis Orgânicas do Ensino Comercial

Ensino técnico profissional – dois ciclos (média entre sete a oito anos de duração):

Ciclo 1 – Comercial básico com 4 anos

Ciclo 2- Técnicos - de 3 anos (Contabilidade, comércio, estatística, propaganda e secretariado)

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Significado ideológico e social da Reforma Capanema

Falta de articulação entre os níveis e ramos do ensino profissional, inviabilizando a mudança de curso por parte do aluno

Dificultava o ingresso no ensino superior Naturalizava as diferenças sociais: ensino

secundário para as elites e ensino profissional para as massas

Acentua o dualismo na educação brasileira

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Saldos numéricos da Era Vargas No início do Governo Vargas, 2/3 da população em idade

escolar estava excluída da escola e o analfabetismo atingia 65% da população maior de 15 anos

Educação passou a ocupar o sexto lugar das despesas no âmbito da União e o segundo, dos Estados

Ampliação do número de escolas e de matrículas Aperfeiçoamento no âmbito administrativo No período de 1935-1946, as matrículas no ensino

fundamental passam de 2.413.594 para 3.238.940 No ensino médio, passam de 202.886 para 465.612 Em 1940, o analfabetismo caiu para 56% Incapaz de eliminar a seletividade da educação

brasileira e romper com a contradição entre trabalho manual e intelectual

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Bibliografia

VIEIRA, S. L. e FREITAS, I. M. S. de. Política Educacional no Brasil. Brasília: Plano Editora, 2003. p. 85-102

SHIROMA, Eneida Oto; MORAES, Maria Célia M. de & EVANGELISTA, Olinda. Política educacional. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2002.