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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE” EDUCAÇÃO EMOCIONAL E APRENDIZAGEM Por: Solange Hyath Pereira RIO DE JANEIRO 2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

EDUCAÇÃO EMOCIONAL

E APRENDIZAGEM

Por: Solange Hyath Pereira

RIO DE JANEIRO

2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

EDUCAÇÃO EMOCIONAL

E APRENDIZAGEM

Trabalho monográfico apresentado

à Universidade Cândido Mendes

como requisito parcial para a

obtenção do grau de especialista

em Psicopedagogia - Curso de

Pós – Graduação “Lato Sensu”

Por: Solange Hyath Pereira

Orientadora: Prof ª. Ms. Yasmin Maria R. Rodrigues Madeira da Costa

RIO DE JANEIRO

2002

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Para Georgia, fonte de saber emocional.

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A Deus, que me deu condições de

concluir este curso; e também a muitas

pessoas interessantes, que além de

oferecerem ajuda, tive o prazer de

compartilhar seus saberes e também,

em alguns casos, da amizade. A essas

pessoas ofereço a minha gratidão.

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“É com o coração que se vê corretamente; o essencial é invisível aos olhos.”

ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY, O Pequeno Príncipe.

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RESUMO

A inteligência emocional está relacionada ao desenvolvimento das

habilidades de motivar-se, controlar impulsos, administrar as emoções, ser empático,

motivar as pessoas, ajudando-as a liberar talentos e conseguir seu engajamento

para objetivos de interesse comum. Pessoas inteligentes emocionalmente são

dotadas de capacidade prática e de equilíbrio emocional, sendo capazes de

desenvolver sua autoconsciência, ter controle emocional, automotivação, empatia e

relacionar-se bem com outros. A arte de relacionar-se é a aptidão de lidar com as

emoções dos outros. A educação da emoção deve ser incluída entre os propósitos

da ação pedagógica. A pouca atenção dada às aptidões emocionais vem sendo

apontada como uma das principais causas das relações frustradas e do

descontentamento pessoal que atormenta o ser humano. As emoções são

importantes para a racionalidade e em certo sentido, temos duas inteligências: a

emocional e a racional. Segundo Goleman, a alfabetização emocional deve começar

o mais cedo possível, embora essas aptidões emocionais continuem a formar-se

durante todo o período escolar. Crianças hábeis em lidar com as emoções ganham

em relação à sociabilidade e no rendimento escolar. Para o programa de

alfabetização emocional a escola deve capacitar os professores e contar com o

apoio da família e da comunidade. Na sala de aula, o professor deve criar um

ambiente agradável que facilite a aprendizagem e não deixe que as emoções

prejudiquem o processo pedagógico, cabendo à escola assumir seu papel na

sociedade e se empenhar para que as crianças recebam os ensinamentos

essenciais para a vida.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

O que há de novo em Inteligência Emocional? 10

Pesquisas contemporâneas 11

A Inteligência Emocional segundo Daniel Goleman 12

Inteligência intra e interpessoal 15

Evolução, estrutura e funcionamento cerebral 16

Harmonizando o Racional e o Emocional 18

CAPÍTULO II 20

EMOÇÃO E APRENDIZAGEM

O que é Emoção? 20

Os níveis de Desenvolvimento Emocional 23

Educação Emocional no contexto pedagógico 26

CAPÍTULO III 29

ALFABETIZAÇÃO EMOCIONAL

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O Be – a – Bá da Inteligência Emocional 29

Uma proposta de programação curricular 32

Estratégias para as aulas de alfabetização emocional 34

CAPÍTULO IV 37

ENSINANDO AS EMOÇÕES

A emoção em sala de aula 37

Uma missão maior para as escolas 38

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 42

ANEXOS 43

Sugestões de atividades para as aulas de alfabetização emocional 44

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INTRODUÇÃO

Por Inteligência Emocional entende-se o conjunto de habilidades

necessárias ao ser humano para compreender, gerenciar e expressar os valores e

aspectos sociais e emocionais da vida e que permitem o manejo bem sucedido de

tarefas da vida, tais como: formação de relacionamentos, solução de problemas do

dia-a-dia e adaptação às complexas demandas e exigências do crescimento e

desenvolvimento. A Inteligência Emocional inclui a auto-consciência, o controle da

impulsividade, o trabalho cooperativo e o interesse e a compreensão de si mesmo e

dos outros.

O trabalho sobre educação emocional no âmbito de sala de aula

abordará, em especial, o primeiro ciclo do ensino fundamental (1ª e 2ª séries),

quando a inteligência da criança se acha aberta a aprendizagens psico-emocionais

novas. Tendo como objetivo o favorecimento do desenvolvimento da inteligência

emocional de crianças na situação de sala de aula.

Durante algumas observações feitas em sala de aula, constatamos que

não é possível imaginar, ainda nos dias de hoje, que não há relação entre a

aprendizagem e o emocional dos alunos.

Na sala de aula, as crianças, com freqüência, entram em conflito por uma

série de sentimentos que vivenciam em casa, na rua ou na escola e que se refletem

na aprendizagem.

Os alunos precisam conviver com suas emoções e aprender a lidar com

seus sentimentos no cotidiano, por isso devem ter na escola um ambiente que

acolha e estimule o desenvolvimento emocional, através de dinâmicas, na qual

possam compartilhar sinceramente suas emoções , e também tomar consciência

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delas em relação a si mesmo e às outras pessoas são os primeiros para trabalhar a

Educação Emocional na escola.

Este trabalho visa buscar melhoria para o processo de ensino e de

aprendizagem, utilizando a Educação Emocional para tentar superar problemas que

se deparam, diariamente, os professores, em sala de aula, sabendo-se que a

maioria desses problemas é de origem emocional. Para desenvolver sua afetividade,

aumentar sua auto-estima e, conseqüentemente, melhorar o relacionamento com os

colegas e professores, o trabalho está centrado no auto-conhecimento do aluno.

Sabendo entender suas emoções é mais fácil administra-las e isto terá reflexos

positivos na aprendizagem.

O trabalho está baseado, teoricamente, nas pesquisas desenvolvidas pelo

psicólogo americano Daniel Goleman, e os trabalhos desenvolvidos pelos brasileiros

Celso Antunes e pela pedagoga Ana Rita Silva Almeida.

Para a realização do trabalho monográfico a metodologia utilizada será a

de vivências profissionais e pesquisa bibliográfica.

O Capítulo I analisa o que é Inteligência Emocional.

O Capítulo II apresenta os níveis de desenvolvimento emocional e a

relação entre emoção e aprendizagem.

O Capítulo III examina a importância da alfabetização emocional para nos

tornar mais aptos nos fundamentos da Inteligência Emocional.

O Capítulo IV relata como em sala de aula as aptidões emocionais podem

ser trabalhadas melhorando a relação professor-aluno e também como a escola

deve proceder para o ensinamento das emoções.

Aprendendo a identificar e controlar a emoção, o aluno será capaz de

participar da vida em grupo, mantendo o equilíbrio e a harmonia.

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CAPÍTULO I

A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

Inteligência Emocional é o conjunto de aptidões básicas necessárias para

lidar adequadamente com as diferentes situações da existência e com

relacionamentos interpessoais e grupais familiares, sociais e no trabalho através de

uma regulação das emoções.

1.1 - O que há de novo em Inteligência Emocional?

O livro de Daniel Goleman (1995) cita largamente experiências anteriores.

Por exemplo: ”a do Centro Nueva de Aprendizado da Ciência do Eu e do projeto da

W. T. Grant Foundation.” Relata, também, os trabalhos do grupo de Harvard, ao qual

pertence H. Gardner (Projeto Zero e Projeto Espectro), deixando claro que essas

iniciativas pedagógicas se inspiraram no conceito de inteligências múltiplas –

contexto maior da discussão sobre inteligência emocional e educação emocional.

Nos últimos anos, um grupo cada vez maior de psicólogos chegou a

conclusões semelhantes, concordando com Gardner que os antigos conceitos de QI

(quociente de inteligência) giram em torno de uma estreita faixa de aptidões

lingüísticas e matemáticas, e que um bom desempenho em testes de QI é um fator

de previsão mais direta de sucesso em sala de aula ou como professor, mas cada

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vez menos quando os caminhos da vida se afastam da academia. Esses psicólogos

– entre eles Sternberg e Salovey – adotaram uma visão mais ampla de inteligência,

tentando reinventa-la em termos do que é necessário para viver bem a vida.

1.2 - Pesquisas contemporâneas

Primeiro, o conceito de inteligências múltiplas, de H. Gardner, colhe bem

o que se diz hoje sobre a inteligência. Recoloca em termos muito interessantes a

plasticidade das faculdades mentais da criança, com ênfase na relação emoção-

inteligência. Supera certo reducionismo que vem desde os gregos e que

circunscreve o conceito a duas dimensões: a lógico-matemática (sintética e

dedutiva) e a verbal. Com Gardner, de uma maneira até agressiva, se acentuam

aspectos esquecidos pela psicometria e pela didática uniformes. O conceito de

Gardner e as anteriores pesquisas do Projeto Espectro significam um avanço

importante para a psicologia e a educação. Mostram aspectos que Piaget não podia

perceber, dado seu ponto de partida. Estão provocando uma revolução na educação

e no ensino nos EUA, podendo mudar o rosto da escola do ano 2013, como escrevia

Gardner em 1993, prevendo mudanças para os 20 anos seguintes. A escola e o

educador de amanhã deverão ser, cada vez mais, “preparadores” da criança para a

vida toda e não só para os exames acadêmicos ou o êxito profissional.

Em segundo lugar, a visão mais holística (do grego holos, que significa

“totalidade”) do ser humano em sua teia de relações com o mundo é típica de

nossa época. Supera esquemas racionalistas que dividem o ser humano em

partes e passa a vê-lo em sua integridade bio-psico-social, em suas relações com

a natureza/cosmos (ecologia), com os outros seres humanos, com a história e com

o transcendente e na busca de um sentido compreensivo para o existir e o fazer.

Conceitos tradicionais de emoção e inteligência são postos em cheque. Com isso,

a escola, os currículos e métodos, as relações entre as pessoas que integram o

processo escolar tornam-se passíveis de críticas e carentes de inovações.

FONTE: VALLE, 2000, P.80

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O ponto de partida de Gardner foi a observação do comportamento de

pessoas com lesões e diversos distúrbios cerebrais. Ele procurou estabelecer a

correlação entre as disfunções neurais e o andamento dos processos psíquicos

superiores. Servia-se de técnicas novas, como a ressonância magnética, para

melhor observar o que se passa no nível da ativação dos tecidos especializados do

cérebro, cuja maleabilidade revelou-se impressionante. Só depois foram vistas as

conseqüências dessas constatações para a escola, a educação e a didática.

A importância social e até econômica dessas investigações pode ser

medida pela decisão de G. Bush, quando presidente dos EUA, de proclamar os anos

90 como a Década do Cérebro. Essa política norte-americana trouxe milhões de

dólares para uma área de pesquisa que envolve quase todos os setores da atividade

e do pensamento. São extraordinárias as perspectivas abertas por tais estudos.

Nesse sentido se fala de uma revolução que se apóia na neurofisiologia, na

biogenética, na inteligência artificial, na informática aplicada. Também a educação e

o ensino- aprendizagem serão atingidos por esses avanços. No século XXI, a

questão do ensino/aprendizagem deverá ser completamente revista à luz do que

está por acontecer na investigação do cérebro e da mente humana.

1.3 - A Inteligência Emocional segundo Daniel Goleman

A Inteligência Emocional está relacionada ao desenvolvimento de

inúmeras habilidades, tais como: motivar-se e persistir face a frustrações, controlar

impulsos, canalizando emoções para situações apropriadas, praticar gratificação

prorrogada, motivar pessoas, ajudando-as a liberarem seus melhores talentos e

conseguir seu engajamento a objetivos de interesse comum.

P. Salovey¹ e R. Sternberg são, juntamente com J. Mayer, autores em que

Goleman se baseia para explicar a inteligência emocional. Eles constatam que as

_______________________

1. Citado por: GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional, Rio de Janeiro: ed. Objetiva, 1995.

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pessoas inteligentes são dotadas simultaneamente de capacidade prática e de

equilíbrio emocional peculiares. Salovey amplia para cinco domínios as inteligências

intra e inter-pessoais de Gardner:

Autoconsciência: a inteligência emocional implica uma percepção das

próprias emoções e sentimentos, reconhecendo quando ocorrem e por quê. Com

isso, consegue ter deles certa consciência e domínio práticos. O processo é

neurofisiológico e mental a um só tempo. Um sentimento enquanto ele ocorre é a

chave da inteligência emocional. A falta de habilidade em reconhecer nossos

verdadeiros sentimentos deixa-nos à mercê de nossas emoções.

Controle emocional: a pessoa inteligente torna-se capaz de lidar bem com

seus sentimentos. Sabe confrontar-se com emoções básicas como a ira, a tristeza, o

medo, o prazer, o amor, a surpresa, o nojo, a vergonha e a culpa. Ela reduz as

tensões, percebe a diferença entre sentir e agir, rotula e expressa o que sente,

controla impulsos e adia satisfações em função de outros objetivos maiores.

Automotivação: a pessoa emocionalmente inteligente sabe colocar suas

capacidades a serviço de metas e motivações. É mais eficiente e realista, mais

criativa e disposta ao novo. A automotivação é a capacidade de dirigir emoções a

serviço de um objetivo, é essencial para manter-se determinado a alcançar o que se

propõe, para ficar sempre no controle da situação e tornar a mente criativa na busca

de soluções. Pessoas com essa habilidade tendem a ser mais produtivas e eficazes,

qualquer que seja seu empreendimento.

Empatia: aliada a essa disposição positiva em relação a si própria, torna-se

mais capaz de perceber e aceitar as emoções dos demais e dos grupos a que

pertence. É sociável e dialogável. Sabe escutar e esperar, mas tem posições e

convicções pessoais. É uma habilidade que favorece a construção do

autoconhecimento emocional. Essa habilidade permite às pessoas reconhecer

necessidades e desejos dos outros, oportunizando-lhes relacionamentos mais

eficazes.

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Capacidade de relacionar-se bem: além da sensibilidade de captar o que vai

nos demais, a pessoa emocionalmente inteligente tem facilidade de relacionar-se

melhor e entender-se melhor com os outros. Geralmente é popular e exerce

liderança eficiente e espontânea. A arte de se relacionar é em grande parte a

aptidão de lidar com as emoções dos outros. As pessoas excelentes nessas

aptidões se dão bem em todas as coisas que dependam de interagir tranqüilamente

com os outros.

Celso Antunes (2001) condensa o conceito de inteligência emocional em

cinco pontos essenciais:

Está ligado ao auto-conhecimento, entendido como capacidade de identificar

e aceitar, manejar “inteligentemente” os próprios sentimentos, usando-os para tomar

decisões e resolver problemas que tragam satisfação e bem estar pessoais;

Supõe uma capacidade de administrar de administrar as emoções. Compõe

essa administração sábia uma habilidade de: controlar os impulsos; aliviar a

ansiedade; direcionar para objetivos substitutivos a raiva, frustração e a mágoa, sem

reprimi-las. Muitas vezes, odiar uma atitude ou o comportamento de alguém se

transforma em sentimento de ódio contra o autor desse ato. Essa transposição

indevida prejudica a ambos os implicados;

A empatia consiste numa sintonização empática, numa habilidade de se

colocar no lugar do outro, entendendo-o e percebendo seus sentimentos, intenções

e mensagens não verbalizadas;

Não há desenvolvimento adequado da inteligência sem que a pessoa seja

capaz de se auto-motivar. A inteligência emocional é a capacidade de preservar e

conservar um otimismo motivacional equilibrado e não ilusório mesmo quando as

circunstâncias externas e o comportamento das pessoas são adversos;

Um de seus principais indicadores está na capacidade de relacionamento

pleno com os demais. Implica, por conseguinte, uma habilidade mais esmerada de

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lidar com as reações comportamentais e emocionais alheias e de interagir

adequadamente com elas.

1.4 – Inteligência intra e interpessoal

As habilidades referidas anteriormente constituem o que H. Gardner

identificou como inteligência intrapessoal e como inteligência interpessoal.

A inteligência intrapessoal pode ser identificada como um conjunto das

habilidades de autoconhecimento emocional, controle emocional e automotivação;

são as voltadas para a formação de um modelo verdadeiro e preciso de si mesmo

para ser usado de forma efetiva e construtiva.

O trabalho com educação emocional visa, portanto, à compreensão e à

expressão da emoção, à avaliação da emoção sentida para sua posterior utilização,

objetivando que cada um pense e procure a solução dos problemas.

Aprendendo a identificar e controlar a emoção e a solucionar problemas, o

aluno poderá ser capaz de participar da vida em grupo, terá o seu reconhecimento e,

conseqüentemente, poderá analisar e tentar resolver conflitos, diminuir a

agressividade e encontrar o ponto gerador da paz.

A inteligência interpessoal pode ser identificada, então, como um conjunto

de habilidades para entender outras pessoas: o que as motiva, como trabalham e

como trabalhar cooperativamente com elas.

Esse conjunto de habilidades apresenta desdobramentos identificados

como aspectos relevantes a situações de relacionamentos:

organização de grupos, onde a liderança é essencial e envolve iniciativa e

coordenação de esforços de um grupo; não é poder dado por cargos de chefia, mas

habilidade de obter do grupo o reconhecimento da liderança e a cooperação

espontânea;

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negociação de soluções, quando é necessário o papel de mediador,

prevenindo e resolvendo conflitos; sua característica é a diplomacia para argumentar

e buscar entender os pontos de vista alheios;

empatia, sintonia pessoal, identificando e entendendo os desejos e

sentimentos das pessoas; responder (reagir) buscando canalizar interesses comuns;

motivar, ajudar pessoas a liberarem seus talentos; as pessoas que apresentam esse

aspecto geralmente são excelentes gerentes e vendedores;

sensibilidade social, detectando e identificando os sentimentos e os motivos

das pessoas; o conhecimento de como as pessoas se sentem ou como são

motivadas ajuda a estabelecer harmonia interpessoal.

Gardner observou que o âmago da inteligência interpessoal inclui a

capacidade de discernir e responder adequadamente ao humor, temperamento,

motivação e desejo de outras pessoas. Na inteligência intrapessoal, chave do

autoconhecimento, ele inclui o contato com nossos próprios sentimentos e a

capacidade de descriminá-los e usá-los para orientar o comportamento.

1.5 – Evolução, estrutura e funcionamento cerebral

O cérebro é o produto evolutivo da capacidade básica dos seres vivos de

sentir (perceber o meio), reagir (processar informação) e aprender (acumular

informação). O cérebro humano é a estrutura mais complexa que a evolução

produziu até o estágio atual e inclui muitas outras capacidades.

Nosso cérebro, segundo estudos citados por Goleman (1995), é

constituído de três camadas evolutivas superpostas, cada uma correspondendo a

uma etapa da evolução das espécies. A camada inferior e mais antiga é chamada

paleoencéfalo (páleo = antigo + encéfalo = cérebro) e se assemelha ao cérebro de

um réptil, sendo também chamado cérebro reptiliano. A camada intermediária é

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chamada mesencéfalo (Meso = mediano + encéfalo), que se assemelha ao cérebro

dos mamíferos. Nos primatas, a camada mais recente, chamada neo -encéfalo (neo

= recente + encéfalo), se encontra mais desenvolvida, é nesta camada que reside a

capacidade racional.

O paleoencéfalo funciona basicamente através de impulsos de busca de

alimentos, reprodução e luta ou fuga. É a parte do cérebro que cuida da

sobrevivência pura e simples. É de onde se provém o instinto e impulso primário de

fome, raiva, surpresa, medo e impulso sexual.

O mesencéfalo é a parte do cérebro de onde provém os sentimentos mais

complexos de evitação (repulsa), amor, vergonha, alegria e tristeza. É nele também

que se localizam as estruturas controladoras das emoções, o sistema límbico, que

nos confere a capacidade de condicionamento das respostas emocionais.

O neo-encéfalo é a camada onde se encontram nossas capacidades

intelectivas e que nos confere uma maior capacidade de filtragem e contenção de

impulsos, o córtex pré-frontal.

O cérebro emocional é, portanto, mais antigo do que o racional em termos

evolutivos, pois é formado basicamente pelas duas camadas mais antigas.

A estrutura fundamental do cérebro emocional é o sistema límbico,

formado por vários núcleos interligados entre si e com as camadas inferior e

superior, cumprindo um papel de intermediação e integração da atividade das

diversas partes do cérebro. Um dos núcleos mais importantes deste sistema é a

amídala (assim chamada por sua forma semelhante às amídalas da garganta).

A amídala é um superchip que recebe informações de todas as partes do

cérebro e decide qual reação deve ser tomada diante das diferentes situações

ativando as diferentes áreas cerebrais de acordo com a necessidade. A amídala é a

responsável pela reação de alarme, que pode resultar em comportamento de luta,

fuga ou pânico. A amídala interage intimamente com um outro núcleo do sistema

límbico denominado hipocampo (assim chamado devido a sua forma semelhante a

de um cavalo marinho). O hipocampo é responsável pelo registro e atribuição de

sentido aos padrões perceptivos e pela memória de reconhecimento. A amídala é

responsável pela avaliação do significado emocional dos fatos = memória emocional.

A reação emocional final depois passa pelo filtro do cérebro racional representado

pelo córtex pré-frontal, o núcleo do neo-encéfalo que fará uma avaliação racional da

reação emocional, e que é capaz de suprimir (conter) ou moderar as emoções

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automáticas e selecionar, entre um repertório de reações comportamentais

aprendidas, qual a mais adequada para lidar com a situação presente.

De acordo com o resultado desta interação o cérebro – mente apresenta

uma reação global à situação presente que está sendo vivenciada.

Este sistema possui características pré-configuradas pela constituição

hereditária da espécie com algumas variações individuais. Ao longo da formação da

personalidade este sistema vai sendo condicionado de acordo com as vivências

individuais que constituem o treinamento emocional básico de cada um.

1.6 – Harmonizando o Emocional e o Racional

As ligações entre a amídala (e as estruturas límbicas relacionadas) e o

neocórtex são o centro das batalhas ou dos tratados de cooperação entre a cabeça

e o coração, o pensamento e o sentimento. Esses circuitos explicam por que a

emoção é tão crucial para o pensamento efetivo, tanto no que diz respeito a tomar

decisões sensatas quanto simplesmente a permitir que pensemos com clareza.

Os neurocientistas usam o termo “memória funcional” para a capacidade

de atenção que guarda na mente os fatos essenciais para concluir uma determinada

tarefa ou problema.

A contínua perturbação emocional cria deficiências nas aptidões

intelectuais da criança, mutilando a capacidade de aprender. Essas deficiências,

quando muito sutis, nem sempre aparecem em testes de QI, embora se revelem em

avaliações neuropsicológicas mais dirigidas, bem como na contínua agitação e

impulsividade da criança.

Num determinado estudo, por exemplo, descobriu-se que meninos de escola

primária com QI acima da média, mas com fraco desempenho escolar, tinham uma

deficiência no funcionamento do córtex frontal. Também eram impulsivos e

ansiosos, o que sugere um falho controle pré-frontal sobre os impulsos límbicos.

Apesar de seu potencial intelectual, essas crianças são as mais propensas a terem

problemas na escola, ao alcoolismo e à criminalidade – não por deficiência

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intelectual, mas porque o controle que têm sobre sua vida emocional é deficiente.

O cérebro emocional, bastante distinto das regiões corticais reveladas pelos testes

de QI, controla igualmente a raiva e o sentimento de piedade. Esses circuitos

emocionais são esculpidos pelo que foi vivenciado na infância. Dr. Antonio

Damásio, neurologista da Universidade de Iowa, diz que as decisões são mal

tomadas porque eles perderam acesso ao que foi emocionalmente aprendido.

FONTE: GOLEMAN, 1995, p.41

Como ponto de encontro entre pensamento e emoção, o circuito pré-

frontal-amídala é uma entrada crucial para o repositório de preferências e aversões

que adquirimos ao longo de vida.

As emoções, portanto, são importantes para a racionalidade. Na dança

entre sentimento e pensamento, a faculdade emocional guia nossas decisões a cada

momento, trabalhando de mãos dadas com a mente racional e capacitando – ou

incapacitando – o próprio pensamento. Do mesmo modo, o cérebro pensante

desempenha uma função de administrador de emoções – a não ser naqueles

momentos em que elas lhe escapam ao controle e o cérebro emocional corre solto.

Num certo sentido, temos dois cérebros, duas mentes – e dois tipos

diferentes de inteligência: racional e emocional. Nosso desempenho na vida é

determinado pelas duas – não é apenas o QI, mas a inteligência emocional também

conta. Na verdade, o intelecto não pode dar o melhor de si sem a inteligência

emocional.

O novo paradigma nos exorta a harmonizar cabeça e coração. Fazer isso

bem em nossas vidas implica precisarmos primeiro entender com mais exatidão o

que significa usar inteligentemente a emoção.

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CAPÍTULO II

EMOÇÃO E APRENDIZAGEM

Existem inúmeros estados emocionais possíveis que correspondem a

uma resposta emocional personalizada às diferentes situações apresentadas pela

vida. As emoções mais complexas são formadas por uma mescla de emoções

básicas. As emoções básicas são aquelas naturalmente apresentadas desde o início

da vida como respostas mais ou menos programadas geneticamente e que se

manifestam através de expressões faciais e corporais encontradas universalmente,

cada uma apresentando uma gama de variações de intensidade.

2.1 – O que é Emoção?

Emoção é um estado anímico da mente caracterizada por um conjunto de

pensamentos, sentimentos e disposição para a ação expressas em um conjunto de

manifestações corporais correspondentes.

AMOR (simpatia, aceitação, amizade, afinidade, paixão, dedicação)

SURPRESA (susto, espanto, pasmo)

NOJO (desprezo, evitação, rejeição, aversão, repulsa)

VERGONHA (constrangimento, timidez, culpa, mágoa, arrependimento)

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MEDO (temor, horror, terror, pavor, ansiedade, apreensão, susto, nervosismo)

RAIVA (irritação, ira, ódio, fúria, indignação, aborrecimento)

PRAZER (alegria, calma, tranqüilidade, contentamento, entusiasmo, felicidade,

satisfação, bom humor)

TRISTEZA (tédio, aborrecimento, desânimo, depressão, melancolia, desespero)

A primeira oportunidade para moldar os ingredientes da inteligência

emocional é nos primeiros anos, embora essas aptidões continuem a formar-se

durante todo o período escolar.

Para Brazelton ² o como aprender é o foco mais básico para se

avaliar a capacidade da criança para sentir-se bem na escola e ter bom rendimento.

Os sete ingredientes por ele enumerados num estudo do Centro Nacional de

Programas Clínicos para a Criança têm a ver com a educação emocional:

Confiança: o senso do controle e domínio do próprio corpo, comportamento e

mundo; o senso de que tem mais probabilidade de vencer do que de fracassar

naquilo que empreender; o senso de que os adultos – pais e professores – são

confiáveis e podem ajudar.

Curiosidade: o senso de que descobrir coisas é positivo e dá prazer.

Intencionalidade: o senso de competência e eficiência. Implica a capacidade

persistente de buscar seus objetivos no quadro do que a escola propicia.

Auto-controle: dentro dos padrões da idade, que é ainda imediatista e

concreta, a criança tem condições de adiar satisfações e controlar as próprias ações.

Relacionamento: a capacidade de fazer amigos, aceitar parcerias, entender

os outros e ser por eles entendido e aceito. Refere-se àquilo que no curso é

chamado de interdependência.

_______________________

2. Citado por GOLEMAN, D. Inteligência Emocional... p.208.

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Capacidade de comunicação: abertura nos contatos com os outros. Tem dois

aspectos: desejar e não ter ansiedade exagerada ante o outro e ante as tarefas;

segurança ao expressar idéias e sentimentos sem maiores inibições. É uma

dimensão prazerosa que se relaciona com a capacidade de fazer amigos.

Cooperação: é o que permite a parceria e a entrada no jogo social de maneira

pessoal e produtiva. As necessidades pessoais são contrabalançadas pelas dos

demais em função de objetivos que são de todos.

Um professor/a que consegue estabelecer em sua classe um clima com

essas características, logrará êxito no tocante à aprendizagem formal dos alunos. As

crianças se sentirão preparadas para bem aprender. Sua inteligência emocional

encontra clima para vicejar livremente.

A emoção se refere a um sentimento e seus pensamentos distintos,

estados psicológicos e a uma variedade de maneiras de agir.

A forma como as crianças lidam e compreendem suas emoções começa

na infância, com pais em sintonia com os sentimentos de seus filhos. Embora

algumas aptidões emocionais sejam aperfeiçoadas ao longo da vida com os amigos,

pais emocionalmente aptos podem ajudar muito os filhos a aprender a reconhecer,

controlar e canalizar as emoções, ter empatia e lidar com os sentimentos que

afloram nos relacionamentos.

Crianças hábeis em lidar com as emoções ganham no que diz respeito

à sociabilidade, pois são mais dadas e queridas por outras crianças. Os professores

as classificam entre as que menos apresentam problemas comportamentais. Há

também os benefícios de ordem cognitiva, essas crianças são mais atentas e,

portanto, aprendem melhor. Este é um forte argumento em defesa do ensino da

inteligência emocional como pré-requisito para a aprendizagem acadêmica e em

tudo mais na vida.

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2.2 – Os níveis de Desenvolvimento Emocional

A linha de estudos de Greenspan ³ aprofunda as “sensações emocionais”

do nascimento, e também parece concordar com as fases do desenvolvimento

biológico propostas nos estudos desenvolvidos por Jean Piaget, pois declara que

“somente após os 8 anos admite a formação mental de emoções autênticas, nos

estágios das mais expressivas aberturas das inteligências intra e interpessoal.”

A seguir estão relatadas as etapas do desenvolvimento emocional

propostas pelo pediatra citado.

Do nascimento ao 4º mês

1. Estágio das sensações

O bebê extrai sentido de suas emoções: os sons transformam-se em

ritmos e os sinais em imagens que ele é capaz de reconhecer. A criança começa a

organizar as sensações, com respostas corporais. Nesta fase a presença de um

adulto é essencial para que ela se desenvolva.

Do 4º ao 6º ou 7º mês

2. Estágio das intimidades

A criança já desenvolve a possibilidade de se relacionar com outras

pessoas, registrando emocionalmente essa percepção. Seus afetos são cada vez

mais distintos. Já começa a diferenciar as manifestações de “explosão” e de

“contrariedade”. Neste momento é hora de demarcar as fronteiras do que “pode” e

do que “não pode” com firmeza e também muita ternura.

_______________________

3. Citado por: ANTUNES, Celso. Teorias das Inteligências Libertadoras. Petrópolis, Vozes, 2001.

Págs. 107 e 108.

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Do 7º mês a um ano

3. Estágio das intencionalidades

A criança descobre que há “intenção” no mundo, pois um sorriso leva a

outro. Desenvolve múltiplas formas de interação e empatia. Começa a perceber que

suas ações provocam respostas ou reações. Começa a desenvolver a consciência

mas ainda não tem possibilidade de criar símbolos ou idéias que expressem suas

vontades. A principal forma de se comunicar é através do sistema motor. É

importante a preservação do afeto, à medida que a criança cresce e começa a

mostrar independência.

De 1 a 2 anos

4. Estágio das interacionalidades

A comunicação torna-se gradativamente mais recíproca e complexa e a

criança já percebe diferenças emocionais em seus pais e nos outros. Já compreende

que a ausência física é temporária e não significa abandono. Já é capaz de

identificar os pais, avós e amigos por certos atos, razão pela qual se torna muito

importante que essas relações sejam sempre promovidas com coerência.

Curiosidade, raiva, amor, dúvida, dependência já se integram em sua experiência à

medida que as percebe em seus pais.

Nesta fase os adultos devem mostrar coerência nas relações emocionais,

pois a criança já consegue fazer a “leitura” de situações indicadoras de segurança e

conforto e outras que associa a perigo ou mal-estar.

De 2 a 3 anos

5. Estágio da simbologia

Nessa fase a criança já diferencia sentimentos e pode expressa-los. O

repertório e vocabulário de símbolos aumentam rapidamente. E ela já consegue se

auto-avaliar e pode testar a realidade, controlar impulsos e se concentrar em coisas

que deseja. A fala é um elemento significativo da descoberta de pensamentos,

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sentimentos, virtudes, reações e eventos. A criança se torna consciente de que tem

medos e desejos. É preciso ajudar a criança a associar eventos, situações às

emoções.

De 3 a 4 anos

6. Estágio da definição das emoções

Tem início a interação entre o pensamento da criança e o pensamento

dos outros, e a criança já assume as coisas que quer ou não quer. É uma fase em

que a criança se refugia na fantasia com muita facilidade. Nesse estágio, a criança

que não interage intensamente com seus pais, se entrega apenas a “seu” mundo

imaginário. O sonho, a fantasia, os amigos secretos são necessários para a

criatividade, mas é igualmente importante a parte entre devaneio e o mundo externo.

É essencial ouvir sempre com paciência e empatia e ajudar a criança a descobrir as

palavras que mais claramente expliquem suas emoções.

De 5 a 8 anos

7. Estágio da realidade intrapessoal

A criança se encontra no auge de suas possibilidades e está pronta para

mergulhar nas crenças de sua cultura. Sua mente mostra-se receptiva para assumir

valores, mas também para ser marcada por estereótipos e preconceitos. Já

desenvolve de forma quase completa o significado dos símbolos da linguagem,

precisa ampliar progressivamente o seu domínio sobre outros sistemas simbólicos

(musicais, pictóricos, cartográficos, numéricos e outros). Possui percepção da

realidade e de seu potencial com fértil imaginação e variado repertório de “leituras”

sociais. A criança vai se libertando da “moralidade de restrição” descrita por Piaget,

está estruturando seus princípios morais, aprendendo a complexidade das relações

sociais com os colegas. Nesta fase, a criança encontra-se parcialmente definida pela

sua afiliação na sociedade de seus amigos. Pela sua identidade social, começa a

avaliar a si mesmo e as outras pessoas e que o mundo se divide entre pessoas boas

e más. Neste momento, abrir-se para o mundo dos amigos é essencial e a

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solidariedade e a empatia necessitam de valorização. Sua auto-imagem começa a

se definir e precisa de ajuda na construção da auto-estima.

De 8 a 12 anos

8. Estágio da realidade interpessoal

Agora já não é mais inteiramente criança. Gosta de se envolver, ainda

que no imaginário, em causas nobres. Aos poucos, começa a descobrir-se capaz de

se colocar no lugar dos outros e a julgar algumas atitudes. Aprende que as regras

podem ser alteradas pelas pessoas. Nesta fase, valoriza o direito à liberdade de

opinião e adquire a capacidade de julgar os outros de modo realista. Descobre sua

identidade e percebe a essência do “ser” ou “não ser”. Precisa descobrir confidentes

que ouvem com empatia e que opinam quando solicitados.

2.3 – Educação Emocional no contexto pedagógico

A compreensão adequada da educação emocional dentro do contexto

didático-pedagógico exige mais do que discutir a natureza, modalidades e

funcionamento da inteligência humana. (VALLE, 2000, p.12) A criança do primeiro

ciclo do ensino fundamental se encontra em meio a um processo de abertura ao

meio social e cultural. A escola pode tornar-se um excelente local de interação no

qual ela toma consciência de si mesma e do que acontece em torno dela.

Na convivência com os colegas, a criança aprende a conhecer o mundo,

tem contato com padrões culturais de sua época, é influenciada pelos modelos,

idéias e valores vigentes, tenta definir sua identidade ameaçada por um mundo

plural.

Na escola, a criança entra em contato pela cultura que plasma o ambiente

em que ela, sua família e a escola se constituem como sujeitos e como objetos dos

processos de socialização.

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No Brasil, o desenvolvimento dos alunos (pessoas) não pode estar

desvinculado das condições de desigualdade social e econômica. Pois o

desenvolvimento pleno de uma pessoa não decorre apenas de um ambiente

psicológico e afetivo estimulante. Estando relacionado a fatores sociais e estruturais,

como a desnutrição, o desemprego dos pais, a carência de condições de habitação,

saúde e educação e as dificuldades da vida familiar. Sem considerar essas

condições, os objetivos de cunho psico-emocional tornam-se paliativos de problemas

sociais graves. Por isso, a educação deve ter uma conexão com a vida e os

problemas sociais.

Muitos falam de falência e sucateamento da sociedade, da educação e da

escola pública. No plano emocional cresce o constrangimento de origem sócio-

cultural. É uma época difícil para professores/as e pais, que diante de tantas

mudanças, percebem que as crianças estão mais irritadiças, mal-humoradas,

deprimidas, impulsivas e desobedientes, e muitos destes apresentando dificuldades

de aprendizagem.

Por trás desse seqüestro e analfabetismo emocional, como os designa

Goleman (1995), há forças maiores: a realidade econômica que obriga os pais a

trabalharem mais terem menos tempo para os filhos; o distanciamento entre as

pessoas da mesma família; os bairros perigosos que assustam os pais, estes não

deixam seus filhos brincarem na vizinhança e irem à casa de amigos. Assim, as

crianças passam um longo tempo isoladas diante da tela do computador ou da TV, o

que significa um empobrecimento no tempo dedicado às brincadeiras e aos

relacionamentos com outras crianças. A carência no desenvolvimento psico-afetivo

das crianças é outro aspecto que merece a consideração do educador.

A escola por mais que inove suas tecnologias, não pode desconsiderar o

mal-estar da civilização que desde cedo envolve as crianças de toda a sociedade.

Muitos dos problemas enfrentados na escola, entre eles a indisciplina,

provém de várias situações sócio-afetivas não resolvidas no decorrer dos anos e da

debilitação que muitas crianças passam a ter, causando, muitas vezes,

conseqüências irreversíveis para sua aprendizagem.

Não podemos esquecer que os seres humanos são seres emotivos e

trazem consigo marcas profundas desde a gestação, que não devem ser ignoradas

por nós, professores/as, em função do conteúdo que devemos cumprir no tempo

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determinado. Oportunizar aos alunos momentos de relato de sua vida, sejam eles

alegres ou tristes, são momentos ganhos em relação à aprendizagem.

A educação da emoção deve ser incluída entre os propósitos da ação

pedagógica, o que supõe o conhecimento do seu modo de funcionamento.

Com a educação emocional criamos um vínculo afetivo muito grande, pois

acontece um comprometimento mútuo entre professor e aluno, respeitando a

individualidade de cada um enquanto pessoa.

As emoções fazem parte do cotidiano das escolas. A todo momento se

vivencia uma experiência emocional que se manifesta de diversas maneiras. Por

exemplo, alguns choram de dor ou tristeza, outros, de alegria.

Com diferentes técnicas a serem desenvolvidas, os alunos passam a dar-

se conta de que, por meio de pequenas situações, como um diálogo, um conflito

pode ser resolvido. E o professor é o mediador desse processo de aprendizagem.

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CAPÍTULO III

ALFABETIZAÇÃO EMOCIONAL

Alfabetizar emocionalmente é produzir com os alunos experiências

através de jogos e estratégias vivenciadas, “que aguçam suas funções cerebrais e

abastecem sua memória de informações, prontas para serem usadas...” (ANTUNES,

p.19)

A alfabetização emocional ampliará os limites em relação ao nosso

autoconhecimento e aumenta nossas opções para trabalhar a empatia, a

automotivação e os demais processos emocionais.

Tomando por base as observações de Celso Antunes, pode-se afirmar

que as “estratégias” para o desenvolvimento da Alfabetização Emocional são ações

que por meio de várias técnicas são capazes de ampliar o acervo de “fichas” na

memória do aluno, e eventualmente pede ajudar o aluno a administrar suas

emoções.

O trabalho de Alfabetização Emocional deve estar centrado na

preocupação em levar o aluno a identificar as emoções presentes nos grupos em

que convive e a trabalhar o controle dessas emoções.

3.1 – O Be – a – Bá da Inteligência Emocional

Sendo usado há quase vinte anos, o currículo da “Ciência do Eu”, no

Centro de Aprendizagem Nueva Lengua (projeto desenvolvido em escola particular

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nos EUA), é modelo para as escolas que desejam um programa de ensino de

inteligência emocional.

Durante suas aulas quando se fala sobre raiva, ajuda-se a criança a

entender que a raiva é uma reação secundária e outros sentimentos estão por trás

dela, como a mágoa e o ciúme. As crianças aprendem que existem opções para se

reagir a uma emoção “e quanto mais meios temos para lidar com as emoções, mais

rica é a nossa vida.” (GOLEMAN, p.282)

Os conteúdos da “Ciência do Eu” são os componentes principais da

inteligência emocional e com o núcleo de aptidões recomendadas como prevenção

para as crianças.

Entre os tópicos ensinados, está:

Autoconsciência, onde a criança observa a si mesma e aprende a relação

entre pensamentos, sentimentos e reações.

Tomar decisões; onde o aluno deve examinar suas ações e avaliar as

conseqüências.

Lidar com os sentimentos, que é “conversar consigo mesmo”, para captar

mensagens internas, compreender um sentimento e encontrar meios para lidar com

o medo, a tristeza e outros sentimentos.

Lidar com a tensão, por meio de exercícios orientados, o aluno aprende o

valor dos métodos de relaxamento.

Empatia: compreende os sentimentos dos outros e adota a perspectiva do

outro.

Comunicação com o outro: o aluno fala de sentimentos, sendo bem ouvinte;

distingue entre o que uma pessoa faz e diz e suas próprias reações e julgamento.

Auto - revelação: aprender quando se deve revelar nossos sentimentos,

valorizando a franqueza e a confiança no relacionamento.

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Intuição: identificar padrões e reações emocionais em sua vida, reconhecendo

padrões semelhantes nos outros.

Auto - aceitação: aceitar-se como é, reconhecendo suas forças e fraquezas;

sentir orgulho de si mesmo.

Responsabilidade social: reconhecer as conseqüências de suas ações, ser

responsável, indo até o fim dos compromissos.

Assertividade: declarar preocupações e sentimentos sem raiva ou

passividade.

Dinâmica de grupo: saber o momento e tomar uma decisão, a cooperação, e

também quando se deve submeter à liderança.

Solução de conflitos: encontrar um modelo para negociar com outras

crianças, pais e professores.

Os relacionamentos são um foco importante, aprendendo a ser bom

ouvinte e questionador, distinguindo entre o que se diz e o que se faz, nossas

reações e julgamentos, aprendendo as artes da cooperatividade, como solucionar

seus conflitos e negociar seus compromissos. Aprendendo de forma saudável como

lidar com as emoções e conflitos da vida.

Nesta escola, “Ciência do Eu”, não existe nota; “a própria vida é a prova

final.” (GOLEMAN,p.282)

Este trabalho toma por base centenas de experiências de Alfabetização

Emocional. Cabe aos educadores brasileiros tomarem uma posição a favor da

educação da inteligência emocional.

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3.2 – Uma proposta de programação curricular

Experiências tentadas em escolas de São Paulo e a alentadora

experiência do Centro de Aprendizagem de Nueva Lengua, nos Estados Unidos,

sugerem que a melhor proposta não é criar uma nova disciplina, mas se deve

“somar os ensinamentos relativos à Alfabetização Emocional com outras matérias já

ensinadas em outras disciplinas.”(ANTUNES, p.41)

Na escola de São Paulo, citada por Antunes, tentaram aumentar em uma

aula semanal a carga horária de uma disciplina, em todas as séries. Mas essa “aula

extra” não podia estar associada a uma única disciplina, pois estavam mais

preocupados com quem iria ministrar as aulas do que com sua associação aos

conteúdos curriculares. Com o início do projeto, os próprios professores se

incumbiram do desenvolvimento e da programação das aulas.

No primeiro ano de implantação dessa “aula extra” na escola, o conteúdo

programático foi o mesmo para todas as séries, “e apenas o nível de

aprofundamento evoluía de acordo com a faixa etária da classe.” (ANTUNES, p.42)

Ao contrário das outras disciplinas, os conteúdos curriculares da

Alfabetização Emocional não precisam ser diferentes, “novos” a cada ano. Apenas

na abordagem do tema as estratégias variam de um ano para outro. A discussão

sobre a emoção, a frustração e outros “fluxos” emocionais era mantida e em nenhum

momento foi constatado que a classe perdia o interesse por já haver tratado o

assunto da aula em ocasiões anteriores.

A questão que preocupa é: quando iniciar as aulas de Educação

Emocional? Segundo as afirmações de Goleman “nunca é cedo demais” para se

iniciar este aprendizado. Portanto, deve haver sensibilidade para faze-lo “quando

brotar da curiosidade da criança”. (ANTUNES, p.42) Quando bem aplicados esses

ensinamentos podem trazer grandes benefícios em questões emocionais e sociais.

Apresentado de maneira simplificada um projeto de Alfabetização

Emocional desenvolvido numa escola em São Paulo. O programa aborda seis

grandes temas, que são desdobrados em inúmeros outros. Sendo estes os

seguintes temas apresentados abaixo.

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1) O autoconhecimento

a) Como conhecer os próprios sentimentos.

b) Como fazer opções conscientes.

c) Como gostar de si mesmo.

d) Como ser respeitado em casa, na escola e em sociedade.

e) Como aprender a pensar e a desenvolver a criatividade.

2) A administração das emoções

a) Como controlar os impulsos.

b) Como dispensar a ansiedade.

c) A interpretação dos indícios das emoções em outras pessoas.

d) Como “dialogar” consigo mesmo.

e) As etapas de uma tomada de decisões.

3) Ética social e empatia

a) As ferramentas da empatia.

b) A compreensão dos sentimentos e apreensão dos outros.

c) O reconhecimento no modo como as outras pessoas se sentem em

relação às coisas

d) As diferenças entre moral e ética.

e) A ética num país de contrastes.

4) A arte do relacionamento

a) O valor da cooperação.

b) A administração de conflitos.

c) Os tipos de personalidade.

d) Trabalhando com diferentes personalidades.

5) A automotivação

a) O monitoramento dos sentimentos.

b) As ferramentas do otimismo.

c) Meios de lidar com a raiva, ansiedade, medo e tristeza.

d) A construção da amizade.

e) A “descoberta” do outro.

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6) Aprimorando a comunicação

a) A valorização da franqueza.

b) O uso das inteligências múltiplas para a comunicação.

c) A construção da consciência.

d) Aprendendo a ouvir.

3.3 – Estratégias para as aulas de alfabetização emocional

O trabalho com os jogos emocionais envolve um quadro de mudança dos

valores do ser humano, em relação à amizade, parece sinalizar para o momento

mais expressivo, para uma proposta de jogos sobre a automotivação e sobre a

empatia. Qualquer estratégia poderá ser usada para qualquer um dos conteúdos

propostos.

1) O autoconhecimento

Estratégias propostas:

- Uma aula operatória

- O círculo de debates

- A eleição

- Personality

- O lado positivo

- Elenco sensacional

Trabalho complementar sugerido:

- Relatório atitudinal

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2) A administração das emoções

Estratégias propostas:

- Painel de fotos

- Dramatizações

- O jogo das mãos

- Opções de valores

Trabalhos complementares sugeridos:

- A nota diária do “meu eu”

- A caixa das emoções

3) Ética social e empatia

Estratégias propostas:

- Autógrafos

- Rótulos (com nomes e relatórios)

- Símbolos

- Estudos de caso

Trabalhos complementares sugeridos:

- Mural de casos éticos

- Entrevistas e estudos de casos

4) A arte do relacionamento

Estratégias propostas:

- Qualquer outra a ser analisada ou descrita

- Tipos humanos

- Leilão

Trabalhos complementares sugeridos:

- Os mesmos propostos para outros eixos temáticos

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5) A automotivação

Estratégias propostas:

- Painel de relacionamentos

- O jogo dos quadrados ou quadrados da cooperação

- Barbante

Trabalhos complementares sugeridos:

- Trabalhando a tevê

- O jogo dos sinais de trânsito

- Plano de metas

6) Aprimorando a comunicação

Estratégias propostas:

- Quem conta um conto...

- Narciso

- Berlinda

- Change

Trabalhos complementares sugeridos:

- Trabalhos de comunicações não verbais

- Questionários

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CAPÍTULO IV

ENSINANDO AS EMOÇÕES

O tema, por sua própria natureza, exige que professores e alunos se

concentrem no desenvolvimento emocional. Uma concentração quase que

totalmente ignorada nas salas de aula. “O aprendizado não pode ocorrer de forma

distante dos sentimentos das crianças. Ser emocionalmente alfabetizado é tão

importante na aprendizagem quanto a matemática e a leitura.” (GOLEMAN, 1995,

p.276)

Por isso, não se pode deixar de lado que há inteligência nas emoções e

há importância do emocional para a inteligência. Afinal, a emoção é o vínculo que

estabelece o elo entre o eu e o mundo.

4.1- A emoção em sala de aula

É muito importante que os educadores dediquem algum tempo para

refletir sobre os ambientes educativos, que devem ser estimuladores, agradáveis,

alegres. E que através de suas aulas crie um ambiente em que os alunos reflitam

sobre suas emoções e também as dos outros.

Preocupados em extinguir tudo o que pode ameaçar a aprendizagem em

sala de aula, ignora-se o quanto o movimento é importante para representar as

emoções.

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“De acordo com Wallon (1971), os movimentos, como expressões de natureza

afetiva, podem gerar emoções e ser resultado delas. Como salientado pelo autor,

a alegria, ao se produzir na criança, desencadeia uma grande excitação motora; a

criança, ao ficar dividida entre o movimento de realização da atividade e os

movimentos de entusiasmo, geralmente entrega-se a este último.”

FONTE: ALMEIDA, 2001, p.90

Na verdade, é preciso que os professores estejam atentos aos

movimentos das crianças, pois estes são indicadores de estados emocionais que

devem ser levados em conta na sala de aula.

Baseado nos estudos de Almeida (2001), geralmente os professores

demonstram certa dificuldade em lidar com situações que envolvam emoção na sala

de aula, o que é compreensível devido ao fato de a emoção ser imprevisível e surgir

nos momentos de “vulnerabilidade” do indivíduo. No caso dos professores, se não

estiverem preparados para lidar com as situações emocionais de sala de aula, sua

relação com os alunos pode ser prejudicada. O professor deve apresentar certa

habilidade em lidar com as emoções sob pena de que as “crises” emotivas das

crianças sejam um meio de ação sobre a classe.

O professor pode interferir para reduzir a crise emocional utilizando várias

técnicas – “a dramatização, o desenho, o relato oral, como forma de reduzir a

emotividade dos alunos.” (ALMEIDA, 2001, p.93) Portanto, o professor deve

identificar as emoções para melhor administra-las mantendo um diálogo aberto,

interpretando as emoções para melhor planejar sua ação pedagógica.

4.2 – Uma missão maior para a escola

Além de treinar o professor, a alfabetização emocional amplia nossa visão

acerca da missão da escola, explicitando a escola como “um agente da sociedade

encarregado de constatar se as crianças estão obtendo os ensinamentos essenciais

para a vida.” (GOLEMAN, 1995, p.294) Esse projeto maior para a escola exige, além

de qualquer mudança específica no currículo, que o professor aproveite as

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oportunidades, dentro e fora da sala de aula, para transformar os momentos de

conflito e de crise pessoal em “lições” de competência emocional. Em muitos

programas de alfabetização emocional são oferecidas aulas especiais para os pais,

para que saibam o que os seus filhos estão aprendendo e ajudar os pais a lidarem

mais efetivamente com a vida emocional de seus filhos. Assim, as crianças recebem

mensagens e ensinamentos consistentes sobre “competência” emocional em todas

as áreas da vida.

O reforço das lições emocionais no pátio, e não somente na escola, mas

também em casa são ideais para o desenvolvimento emocional da criança.

O trabalho interligado entre a escola, os pais e a comunidade, “aumenta a

probabilidade de as crianças aprenderem nas classes de alfabetização emocional”

(GOLEMAN, 1995, p. 294) e este ensinamento não ser perdido, mas praticado e

afiado nos desafios da vida.

“As escolas, observa Etzioni, têm um papel central no cultivo do caráter pela

inculcação de autodisciplina e empatia, que por sua vez permitem o verdadeiro

compromisso com valores cívicos e morais. Ao fazer isso, não basta pregar

valores às crianças; é preciso praticá-los, o que acontece quando as crianças

formam aptidões emocionais e sociais essenciais. Nesse sentido, a alfabetização

emocional anda de mãos dadas com a educação para ter caráter,

desenvolvimento moral e cidadania.”

FONTE: GOLEMAN, 1995, p.300

Segundo Goleman (1995), o projeto “ideal” dos programas de

alfabetização emocional é começar cedo, estar apropriado à idade, cobrir todo o

tempo de escolaridade e entremear os trabalhos na escola, em casa e na

comunidade.

Apesar desses programas significarem mudanças no currículo e diante de

alguns obstáculos que surgirão no decorrer do trabalho, certamente vale a pena

tentar.

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CONCLUSÃO

Ao concluir este trabalho, estou cada vez mais ciente da importância do

desenvolvimento da inteligência emocional para o ser humano compreender,

gerenciar e expressar, em sua vida, os valores e as aptidões emocionais que

permitem ao indivíduo sucesso nos empreendimentos e nos relacionamentos.

A escola necessita de um programa de alfabetização emocional, para que

através de estratégias adequadas ao estágio de desenvolvimento emocional de seus

alunos, seja possível que as crianças compreendam suas emoções e aprendam a

conviver com os seus próprios sentimentos, e também os dos outros. Pois é

perfeitamente possível que uma criança aprenda a administrar suas emoções se

tiver ajuda para conhecer e compreender as emoções.

As emoções fazem parte do cotidiano escolar e a cada momento

vivenciamos uma experiência emocional que se manifesta de maneira positiva ou

negativa em relação à aprendizagem.

Muitos dos problemas enfrentados na escola, como a indisciplina e o

desinteresse provêm de situações socioafetivas não resolvidas no decorrer dos

anos, causando conseqüências graves para a aprendizagem.

A educação emocional é o processo através do qual os alunos

desenvolvem as habilidades da inteligência emocional. É fundamental que as

crianças desenvolvam as aptidões emocionais básicas para a vida, garantindo a

todas as crianças o mínimo de competência para lidar com a raiva e resolver

conflitos de forma positiva, agir empaticamente, administrar seus impulsos e

aprender a relacionar-se bem com outras pessoas. Portanto, não podemos deixar ao

acaso a aprendizagem das lições emocionais, que proporcionarão aos alunos um

desenvolvimento emocional saudável.

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Na verdade, sabemos que temos duas inteligências e que o intelecto não

pode dar o melhor de si sem a inteligência emocional.

Nos dias de hoje, diante de todos os problemas que a humanidade

atravessa, como a violência e o uso de drogas, devemos analisar esses sinais

alarmantes de que a sociedade está emocionalmente doente, e que tudo isso é

reflexo de uma cultura que sempre privilegiou o ensino acadêmico, relegando ao

esquecimento ou a um segundo plano, a inteligência emocional das crianças.

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BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na sala de aula. 2ª edição. Campinas, SP:

Papirus, 2001.

ANTUNES, Celso. Teoria das Inteligências Libertadoras. 3ª edição. Petrópolis, RJ:

Vozes, 2000.

______________. Alfabetização Emocional: Novas Estratégias. 8ª edição.

Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.

______________. Jogos para a Estimulação das Múltiplas Inteligências. 9ª edição.

Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

______________. A Inteligência Emocional na Construção do Novo Eu. Petrópolis,

RJ: Vozes, 2000.

GARDNER, Howard. Estruturas da Mente: A teoria das inteligências múltiplas. Porto

Alegre, RS: Artes Médicas, 1994.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o

que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 1995.

MARANHÃO, Diva. Ensinar Brincando: A aprendizagem pode ser uma grande

brincadeira. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2001.

VALLE, Edênio. Educação Emocional. São Paulo, SP: Ed. Olho d’Água, 2000.

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ANEXOS

Sugestões de atividades para as aulas de alfabetização emocional

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Sugestões de atividades para as aulas de alfabetização emocional:

1)ELEIÇÃO

Habilidade:

Autoconhecimento e comunicação interpessoal

Preparação:

Folha de papel em branco e caneta ou lápis para cada participante. Cada aluno, ao

receber sua folha, deverá dividi-la em 4 partes, escrevendo ao alto de cada uma

delas seu nome.

Utilização:

Cada aluno deve anotar em um dos pedaços de papel três a quatro aspectos de seu

temperamento que acreditam ser identificadores de sua personalidade (por exemplo:

coragem, simpatia, bondade, solidariedade, timidez, insegurança ou outras).

Enquanto os alunos estão anotando esse “auto-retrato emocional”, o professor

deverá percorrer suas carteiras recolhendo os outros três pedaços de papel em

branco, onde está apenas registrado o nome do autor e, em seguida, distribuir para

cada aluno três papéis em branco, não permitindo que os alunos vejam o nome nos

mesmos escritos. Após um sinal, solicitar que, em silêncio, verifiquem esses nomes,

trocando um ou mais papéis caso tiverem nomes repetidos ou recebido seu próprio

nome. Pedir que cada aluno preencha esses papéis, escrevendo elementos do

temperamento e do caráter de cada uma das pessoas cujo papel recebeu. Após o

tempo necessário para esse triplo preenchimento, solicitar que cada aluno entregue

(e receba) os papéis, conversando com seus colegas sobre as impressões colhidas

e transmitidas. Encerrar a atividade com um debate sobre as “descobertas”

realizadas.

2) LEILÃO

Habilidade:

Administração das emoções

Preparação:

Alunos sentados em círculo. Recebem cem pequenas folhas de papel onde estão

registrados valores de R$ 1,00. Cada aluno receberá o equivalente a 100 reais. São

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orientados a participar de um leilão, onde pagarão valores que julgarem coerentes

para cada uma das “qualidades” que serão leiloadas pelo professor. Os alunos

sabem que serão leiloadas de cinco a oito “qualidades”, sem saber quais são.

Utilização:

Iniciada a atividade, o professor, literalmente, promove um leilão das “qualidades”

que vai extraindo de uma sacola. Pode iniciar o leilão, indagando quanto pagam por

“amizade”, coloca depois em leilão a “família” e inúmeras outras. Não é essencial

como o aluno “administrou seus bens”, mas leva-lo à reflexão sobre a hierarquia dos

valores que considera essenciais ou que considera supérfluos. Um círculo de

debates é indispensável para dar oportunidade de proposições por parte dos

participantes e, se julgar válido, o professor pode sugerir outras qualidades e solicitar

que os alunos distribuam seus reais de maneira a classifica-las por sua importância

pessoal.

3)RÓTULOS

Habilidade:

Ética e estereótipos

Preparação:

Um conjunto de etiquetas gomadas para cada grupo. Essas etiquetas devem conter,

com letras bem visíveis, as palavras SOU SURDO(A) – GRITE / SOU

PODEROSO(A) – RESPEITE / SOU ENGRAÇADO(A) – RIA / SOU SÁBIO(A) –

ADMIRE / SOU PREPOTENTE – TENHA MEDO / SOU ANTIPÁTICO(A) – EVITE /

SOU TÍMIDO(A) – AJUDE.

Utilização:

Formar grupos de cinco a sete alunos e sugerir que, durante 4 a 5 minutos, discutam

um tema polêmico qualquer, proposto pelo professor. Avise que, entretanto, na testa

de cada um dos integrantes será colocada uma etiqueta (rótulo) e que o conteúdo da

mesma deve ser levado em conta nas discussões, sem que seu possuidor,

entretanto, saiba o significado. Com os rótulos na testa, os grupos iniciam a

discussão que torna-se, naturalmente, inviável. Ao final do tempo, solicitar que os

grupos exponham suas conclusões que é, entretanto, impossível. Após essa

tentativa, os alunos devem retirar a etiqueta e debater as dificuldades que os muitos

rótulos que recebemos impõem a relações mais profundas. A estratégia permite

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aprofundar os problemas da comunicação e relacionamento impostos pelos

estereótipos e pelos preconceitos.

4) PAINEL DE FOTOS

Habilidade:

Administração de emoções

Preparação:

O professor prepara uma folha com doze fotos de pessoas de ambos os sexos,

extraídas de revistas, cria um nome para cada um dos “personagens” dessas fotos e

providencia uma cópia para cada grupo. Os alunos são divididos em grupos de

quatro a sete participantes.

Utilização:

Observando as fotos, os grupos devem buscar um consenso separando os

“simpáticos” dos “antipáticos” e elegendo quem levariam e quem não levariam a um

eventual passeio. Após registrar em um quadro-negro os nomes dos personagens

“escolhidos” e dos “rejeitados” , solicitar que tentem adivinhar qual dentre os

personagens é um “criminoso em potencial”, “uma pessoa caridosa”, “uma pessoa

inteligente”, uma “pessoa pouco inteligente” e inúmeras outras situações. Em geral,

os grupos não revelam qualquer dificuldade em “rotular” os personagens, abrindo a

possibilidade de uma intrigante discussão sobre a impressão que nos causam as

pessoas apenas quando levamos em conta sua expressão, ou seus trajes, sua idade

ou eventualmente outros estereótipos.

5)SURPRESA

Habilidade:

Administração das emoções

Preparação:

Espaço onde os alunos possam ficar sentados em círculo. Ao centro do grupo uma

caixa que, sem que os alunos saibam, conterá um espelho.

Utilização:

Um aluno, escolhido pelo grupo, deverá dirigir-se até a caixa e sem revelar o que viu

na mesma tentará, sem o uso da linguagem verbal, dizer o que está na caixa. A

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atividade estimula os participantes a ter autonomia quanto à sua imaginação criativa;

mas também para dar-se a conhecer. A atividade se encerra quando o grupo

descobrir qual a “surpresa” contida nessa caixa.

6) EMOÇÕES FIGURATIVAS

Habilidade:

Empatia e relacionamento interpessoal

Preparação:

Escrever em folhas de sulfite, com pincel atômico, diferentes emoções como “amor”,

“raiva”, “alegria” e muitas outras. Fixar às costas de um participante uma dessas

folhas sem que o mesmo possa ter visto.

Utilização: Os alunos, com as palavras às costas, circulam por alguns minutos e

após o mesmo os integrantes do grupo tentam fazer com que cada aluno descubra a

emoção que traz escrita em suas costas, através de mímica, portanto, sem qualquer

comunicação verbal. Procede-se à garimpagem, discutindo com o grupo as

conclusões e os sentimentos desenvolvidos com a experiência.

7) ALFABETO DOS SENTIMENTOS

Habilidade:

Desenvolvimento da auto-estima, do autoconhecimento, da automotivação e do

controle emocional.

Materiais:

Papel pardo, pincel atômico ou tinta.

Procedimentos:

O professor organiza os alunos em círculo;

Conversa com os alunos sobre os sentimentos, o que sentem perante certas

situações, incentivando-as a se manifestarem;

Separa a turma em grupos de 4 alunos;

Entrega o material para os grupos e solicita que escrevam todo o alfabeto no

papel pardo;

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Solicita que escrevam a 1ª letra – A, em conjunto e, ao lado dela, uma palavra

que expresse um sentimento. Por exemplo: A – AMOR. Cada grupo forma o

seu alfabeto de sentimentos, escrevendo com cada uma das iniciais, o nome

de um sentimento, como o exemplo a seguir. A – AMOR, B – BONDADE, C –

CARINHO...

Após fazer a listagem de sentimentos com o alfabeto, os alunos

confeccionam, com ela, um cartaz;

Todos os grupos deverão expor seus cartazes, depois de explicar para o

grande grupo por que escolheram aquelas palavras, lembrando de algum fato

vivenciado.

8) BOLA IMAGINÁRIA

Habilidade:

Comunicação interpessoal

Preparação:

Espaço onde os alunos possam ficar sentados em círculo

Utilização:

Os alunos são dispostos em círculo, de pé. Seguindo a orientação do professor,

cada um deverá imaginar que tem em mãos uma bola. Ao comando do professor,

essa bola mudará de tamanho e de cor, passando a ser uma bola de tênis, de

basquete, de futebol, de isopor, de chumbo, bolas grandes e pequenas e cada

aluno através da mímica simulará estar brincando com a mesma. Após um

tempo, todas as bolas desaparecem, e passa a existir, simbolicamente, apenas

uma, para ser jogada por todos os participantes, repetindo-se os comandos do

professor. Desenvolver em um círculo a análise da experiência e a “garimpagem”

da transferência da mesma com a administração dos sentimentos de ética e de

solidariedade.