educação e sociedade

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Educao e sociedade Thatiane Barella Educao e Sociedade Thatiane Barella1 Parte I A educao como objeto de estudo sociolgico 1. Introduo A educao consiste num processo inclusivo cujas formas se dividem em dois nveis: o sociocultural e o psicossocial (socializao). (pg.3) Por esta razo que a sociologia da educao deve ser dependente, pois esta deve ser focalizada como objeto de anlise sociolgica, uma vez que desta forma s haja vantagens. (pg.3) Faz-se necessrio ao socilogo conceber a educao como um processo social especfico, ao mesmo tempo em que se deve atentar s vinculaes do processo educacional juntamente com a configurao estrutural da sociedade global. (pg.4) 2. Sociologia da educao como Sociologia Especial Florestan Fernandes

Segundo Florestan Fernandes, a sociologia divide-se em vrias disciplinas que estudam a ordem existente nas relaes dos fenmenos sociais de diversos pontos de vista irredutveis. No entanto, salienta que nada foi dito acerca das sociologias denominadas especiais, que abarcam a Sociologia Econmica, a Sociologia Moral, a Sociologia Jurdica, a Sociologia do Conhecimento Educao, entre outras. Os mtodos sociolgicos podem ser tambm, aplicados investigao e explicao de fenmenos sociais, assim como qualquer cincia, desde que haja objeto e problemas prprios. (pg. 6) 3. Tendncias no desenvolvimento da Sociologia da Educao Antnio Cndido Conforme o progresso dos estudos sociolgicos acerca da educao discerne trs linhas -se principais que abarcam a tonalidade dominante, sendo elas: filosfico-sociolgica, pedaggicosociolgica e propriamente sociolgica. (pg.7) A primeira, filosfico-sociolgica, uma reflexo sobre o carter social do processo educativo, o significado como sistemas de valores sociais, sua relao com as concepes e teorias do homem. Esta linha o ponto inicial da sociologia da educao, pois fundamenta o ngulo social de uma teoria geral da educao. (pg. 7) Por esta razo, abriram-se caminhos, porm no suficiente para se fazer uma sociologia especial, devido limitao que ainda se mantinha com o esquema geral do relacionamento entre a sociedade e a educao, mas que conduziram a uma nova concepo, que se traduziram em pedagogia ou filosofia. (pg. 7) Fundamentado por este ponto de vista, Gurvitch afirma que a sociologia da educao um ramo da sociologia do esprito, na medida em que se limitaria a estudos de valores e idias educacionais, o que a aproximaria da sociologia do conhecimento. (pg. 7)1

Assistente Social. Graduada em Servio Social pela Universidade Nove de Julho.

Educao e sociedade Thatiane Barella A segunda, pedaggico-sociolgica, desenvolveu-se principalmente nos Estados Unidos, cujo objetivo era realizar um estudo acerca dos aspectos sociais da educao a fim de obter bom funcionamento da escola. A linha pedaggica, implantada no estudo do socilogo, consiste em analisar as relaes entre a escola e o meio social, denominado tambm, como school-and-community. (pg.8) Este mtodo media a situao educacional com as partes interessadas, que so: famlias, congregaes religiosas e associaes instituidoras, pois h entre ambas, uma corrente de contato, que tem por finalidade, assegurar o ajuste. (pg.8) Contudo, Peters afirma que muito pouco dessas pesquisas tm sido feitas por socilogos declarados. Parece claro que a Sociologia Educacional estaria no caminho errado se esperasse dos socilogos certas generalizaes de que necessita para aplicaes educacionais . (pg.9) Este trecho expressa a separao entre socilogos e educadores, pois no contribuam para a fundamentao sistemtica, ao passo que no se interessavam em desenvolver uma disciplina intermediria. (pg.9) J a terceira linha, por sua vez, foi beneficiada pelo desenvolvimento das linhas anteriores, e delas, acabou por herdar a tendncia filosfica e prtica, isto , a preocupao com a funo social e com a soluo dos problemas educacionais. E com isso, buscou definir um sistema coerente de teorias elaboradas segundo as exigncias do socilogo. (pg.9) Este sistema d-se sob dois aspectos: o primeiro um aprofundamento sociolgico das duas primeiras linhas e o segundo como uma anlise das situaes pedaggicas. (pg.9) Observa-se, no primeiro caso, o desenvolvimento do estudo acerca dos aspectos sociais do processo educacional; a sistematizao das conexes entre a escola e o meio social; a definio da contribuio da sociologia perante os problemas educacionais. (pg.9) J no segundo caso, h uma especializao de interesses, tais como: os grupos de ensino, os papis definidos em funo do ensino e a sociabilidade especfica decorrente do processo pedaggico. (pg.10) Em suma, mesmo com a separao entre socilogos e educadores, herdou-se por um lado, o problema dos valores e da funo social e por outro, o da prtica, que se faz impossvel ignor-los. (pg.10) Conseqncias do exposto Nota-se, no campo da sociologia da educao, que h uma defasagem tanto na teoria quanto na pesquisa, e esta de qualidade duvidosa e em nmero limitado. (pg.10) No caso da educao no Brasil, h duas formaes profissionais: a dos professores que esto aptos a lecionar em nvel primrio e a dos professores que esto aptos a lecionar em nvel secundrio, com isso auxilia a prtica pedaggica, garante a sua existncia nos currculos como disciplina e compromete a sua vitalidade cientfica. (pg.11)

Educao e sociedade Thatiane Barella Contudo, para que isto se realize, faz-se necessrio especificar a anlise das situaes de ensino como fundamento da sociologia educacional, pois ao passo que o ensino moderno se distingue dos processos gerais, deve-se fundar um ensino centralizado na escola. Quer dizer, deve-se determinar os critrios para estudar a estrutura interna da escola e desta perante a sociedade. (pg.11) Em suma, so pelos pontos de reparo para a pesquisa e pelas situaes especficas que se desenvolvem a formao do educador. Somente pelo conhecimento da realidade que estes educadores podero se inserir e assim, manipular os instrumentos conforme sua anlise. (pg.12) A anlise da escola A escola uma unidade social, possuindo vida prpria, que por vezes, escapa as leis que a sociedade impe. No devendo, portanto, tornar-se incapaz de analisar o que ocorre dentro de sua dinmica pelas relaes externas nela ligadas. Vale ressaltar que, as escolas criam suas prprias atividades, assim sendo, cada uma se torna um grupo diferente dos demais, e, por conseguinte, no devem seguir as mesmas regras. (pg. 12 e 13) Ao definir educao, Durkheim estabeleceu bases para um critrio seguro de analisar o processo geral da educao, ao mesmo tempo em que criou obstculos para o entendimento de suas manifestaes particulares. (pg.13) Dizia Durkheim que atravs da ao exercida (pelas geraes adultas), cria-se o ser social a partir do ser individual. Ou seja, a educao algo que flui do educador ao educando, envolvendo-o pela ao tutelar de princpios e valores retificados pela experincia da coletividade. (pg.13) Devido a estas lutar de geraes dentro das escolas resultou nas dive rsas formas de competio e acomodao, de assimilao ou conflito. Somente diante desta situao que se tem uma prtica pedaggica eficiente, pois se concentra na anlise interna da escola, utiliza conceitos adequados e tcnicas de pesquisa sociolgicas Caso contrrio, corre o risco de . torn-la mera filosofia e pedagogia. (pg.14) O estudo da escola com grupo social O estudo da escola somente foi possvel devido considerao do processo educacional e da anlise institucional da escola, especificando conceitos que permitiram a diferenciao da realidade global e aspectos particulares, tornando-os instrumentos de sua anlise. (pg.14) Influenciado por Simmel e talvez Von Weise, Fischer afirma que a relao professor-aluno tem um aspecto social que destaca o aspecto pedaggico e assim determina a interao dentre ambos. (pg.14) J Waller analisou a posio social do professor, abrindo, assim, novos caminhos para o estudo das relaes entre a escola e o meio social. Foi ele quem infundiu a noo de vida social prpria da escola na sociologia norte-americana. (pg.15)

Educao e sociedade Thatiane Barella A Sociologia Pedaggica, na Alemanha, comea a se desenvolver, tanto no seu estudo de autoridade, como tambm suas conseqncias sobre a formao de agrupamentos, ou situaes interativas na escola. (pg.15) Nos Estados Unidos, na Alemanha e na Inglaterra, o movimento deveu -se pelo desenvolvimento do interesse pela teoria e pela anlise de pequenos grupos, onde a indstria e a escola tornam-se campos preferenciais desta tendncia. (pg.16) O problema, contudo, d-se no desenvolvimento de uma anlise sociolgica da escola, ou seja, uma viso mais ampla da escola na sociedade, evitando o estreitamento tcnica/teoria nos pequenos grupos. (pg.16) Vale ressaltar que a anlise da vida grupal na escola no se deve restringir aos agrupamentos definidos. (pg.16) 4. reas da Sociologia da Educao Wilbur B. Brookover Segundo Brookver, a sociologia da educao a anlise cientfica dos processos e regularidades sociais inerentes ao sistema educacional. Ou seja, a educao faz-se da combinao de aes sociais e a sociologia faz-se da anlise da interao humana; esta por sua vez, pode abarcar tanto a educao formal como a multiplicidade de processos de comunicao informal e, no entanto, implica na elaborao de generalizaes cientficas acerca das relaes humanas ligadas ao sistema educacional. (pg.19) J na situao atual da pesquisa e anlise possvel uma esquematizao, pois se restringe s reas de anlise dos aspectos formais do sistema educacional. (pg.19) Relao do sistema educacional com outros aspectos da sociedade Nota-se que a educao subdividiu-se em: funo da educao na cultura; relao do sistema educacional com o processo de controle social e com o sistema de poder; funo do sistema educacional no processo de mudana social e cultural ou na manuteno do status quo; e no funcionamento do sistema de educao formal em suas vinculaes com os grupos raciais, culturais e outros. (pg.20) Relaes humanas na escola No interior da escola, os padres culturais so diversos, e por isso sugerem dois tipos para a anlise sociolgica, que so: a natureza da cultura da escola, particularmente enquanto cultura diversa da cultura externa escola; e, os padres de interao social ou a estrutura do grupo social escolar, este por sua vez, engloba a caracterizao das vrias posies sociais, estratificao social e os padres informais de interao com os grupos existentes no interior da escola. (pg.20) Influncia da escola no comportamento e na personalidade dos seus membros A escola influencia, pelo comportamento ou personalidade do professor, o aluno e outros membros nele conectados. Assim como o comportamento das crianas afetam o comportamento dos professores. (pg.21)

Educao e sociedade Thatiane Barella Por esta razo faz-se importante o desenvolvimento da personalidade do professor. E para que haja xito, os assuntos so analisados em reas: os papis sociais do professor; a natureza ou caractersticas da personalidade do professor; influncias da personalidade do professor no comportamento dos alunos; e a funo da escola na socializao das crianas. (pg.21) A escola na comunidade Necessita ter a interao entre a escola e a comunidade em que o aluno se insere. Assim, pode-se incluir: a caracterizao da comunidade, naquilo que repercute na organizao escolar; a anlise do processo educacional que se desenvolve em sistemas sociais no escolares a comunidade; a relao entre a escola e a comunidade no desempenho da funo educacional, e os fatores demogrficos e ecolgicos da comunidade, em suas relaes com a organizao escolar. (pg.21) Estes temas so necessrios para a compreenso do sistema educacional da comunidade assim como de sua integrao na vida comunitria global. (pg.21) 5. Funes das cincias sociais no mundo moderno Florestan Fernandes H uma resistncia passiva de entender o significado das cincias sociais, e devido a ela, motivou-se a abertura do campo de interpretao cientfica dos fenmenos sociais. H dois pontos a ser estabelecido. O primeiro refere-se tendncia de avaliar como desnecessrio os conhecimentos produzidos pelas cincias sociais. Isto ocorre nas escolas que mantm suas concepes no mtodo tradicional e, portanto, as experincias vividas pelos mais velhos eram vista como saber plenamente eficaz. Foi por este motivo que as cincias sociais pouco importavam para as solues dos problemas. (pg.22) O segundo refere-se concepo religiosa que estava vinculada ao antigo saber popular, e por isso propunha a explicao da vida social, da natureza do homem e o funcionamento das instituies de modo racional, proposta pelo conhecimento cientfico-positivo. (pg.23) Houve conflitos abertos entre ambas as formas, pois os representantes do saber teolgicometafsico defendiam o sagrado das explicaes, restringindo o mbito de aplicao de critrios racionais, como tambm a eliminao da focalizao da realidade social que entrasse em contradio com o carter teolgico-religioso. (pg.23) Por estes conflitos, resultaram algumas conseqncias, tais como: a criao de ambientes desfavorveis compreenso da natureza da necessidade e da importncia das cincias sociais; a crtica do emprego de noes como religio e moral nos estudos dos povos primitivos; que tentaram defender cientificamente hipteses falaciosas. (pg.23) Contudo, o problema que se faz mais srio o de carter cientfico, pois tentam acentu-lo nos movimentos polticos e tambm por ter de estabelecer as condies para o aproveitamento dos conhecimentos cientficos no campo das relaes humanas. (pg.24) Isto resultado do processo herdado de geraes mais antigas que por no descobrir solues para os problemas existentes deixavam para as novas geraes. (pg.24)

Educao e sociedade Thatiane Barella Os problemas so, todavia, produtos de quatro grupos. O primeiro cujo trip - famlia, propriedade e Estado - resulta na forma em que se organizam. Em segundo pelas condies existentes no campo e na cidade. Em terceiro resulta das condies de tenso e conflitos internacionais. E em quarto so provocados pela utilizao de tcnicas baseadas em descobertas cientificas. (pg.25) Estes problemas fazem-se presentes devido expanso da produo agrcola ou industrial conquistados pela tecnologia cientfica. (pg.25) Compete s cincias sociais descobrir novos conhecimentos que permitam encarar os problemas sociais e a construir tcnicas racionais para a manuteno e tratamento prtico. Quer dizer, obter conhecimentos e meios cientficos para os problemas sociais umas das funes das cincias sociais. (pg.26) Outro aspecto importante a ser ressaltado a alienao da personalidade, pois devido transio da vida rural para a urbana, os elementos so substitudos por outros, isto , h interesses e propagandas. (pg.26) Originam-se a partir deste aspecto, grupos de pessoas cuja funo a de manipular a opinio pblica para determinados fins. Esta uma manobra para a organizao de movimentos sociais sob o disfarce de motivos ideolgicos. (pg.26) No entanto, esses movimentos sociais tm como base levantar fundos com organizaes que lutam contra uma determinada manifestao social, tais como: alcoolismo, indigncia, abandono do deficiente fsico, entre outros. (pg.27) O homem chega a tornar-se instrumento de outro homem em uma escala deveras perigosa integridade da pessoa, ao equilbrio da ordem social democrtica e sobrevivncia dos ideais democrticos de vida, sejam eles de natureza liberal ou socialista. (pg.27) Isso se traduz, no mundo contemporneo, uma necessi ade de tornar-se mais eficaz o d aproveitamento das cincias sociais, estendendo-a do campo da aplicao ao da educao. (pg.27) Para explicitar a influncia socialista sob a sociologia tem-se por tema: somente quem quer algo socialmente, v algo sociologicamente . A seguinte frase tem por objetivo alterar a viso da educao pelas cincias sociais, com vista que esta crie personalidade para que se faa presente na participao das atividades polticas. (pg.28) Em suma, estes pontos servem como indicadores para entender a funo e o significado das cincias sociais no mundo moderno. (pg.28) Parte II A educao como processo social 1. Introduo Durkheim caracteriza a sociedade como uma situao educativa, e sob ela destaca funes homogeneizadoras e diferenciadas da educao assim como suas conseqncias. Partindo do princpio de que a educao um processo socializador, Durkheim pe como foco central as

Educao e sociedade Thatiane Barella relaes entre as geraes em convvio, pois afirma que no h como negar a reciprocidade de influncias entre elas. (pg.31) Para Linton, a socializao d-se pela aprendizagem de papis. Utiliza em seus estudos as noes de personalidade bsica e personalidade status, as quais considera indispensveis anlise das relaes entre personalidade e estrutura social. (pg.31) J. Querino Ribeiro prope que a educao processada na escola representa apenas uma das formas, pois a escola um campo especfico da educao sistemtica e programada. (pg.32) Brookover demonstra que a educao varia de acordo com o perodo histrico-social e, conseqentemente, pelas funes de controle no qual se manifestam. (pg.32) J Mannheim afirma que a educao pode ser tanto usada como implicaes conservadoras quanto como um fator construtivo de transformao da ordem vigente. (pg.32) Em suma, a educao tanto como processo socializador quanto processo de controle se fazem complementares, pois na primeira, a nfase d-se ao analisar as alteraes psicossociais sofridas pelas personalidades no decorrer do processo, j na segunda aborda as conseqncias que se desencadeiam no sistema social. (pg.33) 2. A educao como processo socializador: funo homogeneizadora e funo diferenciada mile Durkheim As definies da educao: exame crtico Segundo Stuart Mill, a educao compreende tudo aquilo que fazemos por ns mesmos, e tudo aquilo que os outros intentam fazer com o fim de aproximar-nos da perfeio de nossa natureza. Em sua mais larga acepo, compreende mesmo os efeitos indiretos, produzidos sobre o carter e sobre as faculdades do homem, por coisas e instituies cujo fim prprio inteiramente outro: pelas leis, formas de governo, pelas artes industriais, ou ainda, por fatos fsicos independentes da vontade do homem, tais como o clima, o solo, a posio geogrfica . Portanto a educao engloba diversos fatores e, a fora que estes fatores influenciam os homens tambm diversa, no entanto, faz-se diferente da influncia que os adultos exercem sobre as crianas e adolescentes. (pg.34) J para Kant, o fim da educao desenvolver, em cada indivduo, toda a perfeio de que ele seja capaz . Entende-se por perfeio o desenvolvimento harmnico de todas as faculdades humanas. (pg.35) H, contudo, uma contradio, pois ao mesmo tempo em que o desenvolvimento harmnico necessrio, h tambm uma conduta que nos obriga a dedicarmos a uma tarefa restrita. Para que ambas no entre em conflito, faz-se necessrio que coloquemos em harmonia nossas aptides com o trabalho, pois o indivduo no pode desenvolver sua capacidade de pensar isoladamente. (pg.35)

Educao e sociedade Thatiane Barella Para James Mill a educao tem por objetivo fazer do indivduo um instrumento de felicidade, para si mesmo e para os seus semelhantes , pois afirma que a felicidade subjetiva e, por isso cada qual a aprecia de forma diferente. Por conseqncia deste pensamento resultou no livre arbtrio da educao. James afirma que para a felicidade ser completa, a vida tem de ser completa tambm; isto , h de ter a harmonia do meio e do tempo, h de ter uma padronizao entre as relaes externas (do meio social) e as internas (organismo). (pg.35) Uma das definies de educao que ela deveria ser universal, perfeita, nica. Porm esta definio se torna falha uma vez que a educao varia de acordo com o contexto histrico pela qual a sociedade vive no momento. Por exemplo, nas cidades gregas, a educao conduzia o indivduo a subordinar-se coletividade. Em Roma, pregava-se a educao de forma que ela formasse homens de ao. J nos tempos atuais, a cincia deixou de ser leiga e passou a ocupar o seu devido lugar, que antes no fora preenchido. (pg.36) Estas transformaes que se deram acerca da cincia resultaram em u efeito positivo, m uma vez que as civilizaes posteriores no poderiam ter se mantid sem as anteriores. as (pg.37) Todavia, a educao no poderia ser ideal, pois os sistemas educacionais no possuem: condies de tempo/lugar; conjunto de atividades e instituies; e por esta razo no pode ser mudada vontade do indivduo, mas sim pela sociedade. (pg.37) No cabe agora se ocupar com os erros que foram cometidos no passado, e sim averiguar formas de como se deve proceder, tomando como base os acontecimen do passado para tos que no se cometa os mesmos erros. (pg.38) Entretanto cada sociedade tem seu sistema educacional e se impe de acordo com seu modo de pensar. H tambm fatores que reforam essa imposio, tais como os costumes e as idias, os princpios, a questo da religio e a organizao poltica. No se pode negar que, devido a estes fatores, que foram passados pelas geraes anteriores, contribui para os princpios que temos estabelecidos atualmente. (pg.38) Assim, para construir a noo preliminar de educao, para determinar a coisa a que damos esse nome, a observao histrica parece-nos indispensvel . (pg.39) Definio de educao Para definir a educao faz-se necessrio que se considere tanto os sistemas educativos que existem quanto os que existiram, compar-los e compreender os caracteres comuns que apresentam. (pg.39) Ento, para que haja educao faz-se necessrio: uma gerao de adultos, jovens, adolescentes e crianas, pois uma exerce influncia sobre a outra. (pg.39) Outro ponto a ser destacado o fato de a educao ser dividida por castas, isto , cada grupo social tem uma educao que se difere das demais. Por exemplo: a educao da casta dos brmanes diferente da dos sudras; a educao que o burgus recebe diferente a qu o e operrio recebe. (pg.40)

Educao e sociedade Thatiane Barella No entanto, a educao constitui, alm destas diferenas, uma parte bsica cuja funo suscitar na criana um certo nmero de estados fsicos e mentais, que a sociedade a que pertena considera como indispensveis a todos os seus membros; certos estados fsicos e mentais, que o grupo social particular (casta, classe, famlia, profisso) considera igualmente indispensveis a todos que o formam. (pg.42) Para que a sociedade exista, faz-se necessrio uma contradio entre a homogeneidade de seus membros e a diversificao. A primeira porque refora a educao perptua e fixa na criana certas semelhanas essncias. J a segunda porque assegura a diversificao, o que possibilita as especializaes. (pg.42) Em suma, pode-se concluir que a educao , para a sociedade, um meio que prepara as crianas, d-lhes condies essenciais para sua existncia. Para que isso ocorra extremamente importante que haja um confronto entre as geraes, pois somente assim pode-se desenvolver e suscitar estados fsicos, intelectuais e morais nas crianas. (pg.42) Conseqncias da definio precedente: carter social da educao A educao tem por objetivo constituir o ser social, isto , as idias, sentimentos, hbitos que so adquiridos pela convivncia, uma vez que nascemos como uma tabula rasa como uma folha de papel branca, sem informaes. E por isso, ela no se limita a desenvolver o organismo, mas sim de criar um ser novo. (pg.43) Por este carter criativo, que a educao tem seu pr ivilgio. Atravs da educao, permite-se que a inteligncia se adapte conduta da natureza das coisas. (pg.44) Segundo Rousseau, para satisfazer s necessidades da vida, a sensao, a experincia e o instinto podem bastar, como bastam aos animais . Que dizer, se o homem no tivesse r conhecimento de outras necessidades, no faria necessria a cincia, pois no seria adquirida seno por esforos. At ento o homem no detinha o conhecimento. Este, se deveu porque a sociedade sentiu a necessidade de faz-lo, uma vez que a vida social pedia por um modo mais complexo de pensar, e como resultado deu-se a cultura cientfica, tornando-se indispensvel deste ento. (pg.45) O mesmo ocorreu com as qualidades fsicas. Um exemplo disso foi em Atenas, pois cultivavam a imagem dos corpos belos. Isso nada mais foi do que uma exigncia do meio social, que a considerava necessria. (pg.46) Isso acontece porque os homens mesmos querem ser submissos a essas tiranias impostas e porque a questo moral est vinculada a questo da natureza das sociedades. Por isso que o sistema se mantm rgido, pois representa um sentimento de lei, que institudo pela prpria sociedade. (pg.46) Na verdade, a cincia quem elabora essas noes que acabam por dominar o pensamento humano: ela cria a noo de causa, de lei, de espao, de nmero; noes de corpo, de vida, de conscincia, de sociedade. Todas elas esto vinculadas ao processo de evoluo. Hoje, no se pensa da mesma da mesma forma que se pensavam na Idade Mdia, por exemplo. (pg.47)

Educao e sociedade Thatiane Barella Aprendendo uma lngua, aprendemos todo um sistema de idias organizadas, classificadas, e, com isso, nos tornamos herdeiros de todo o trabalho de longos sculos, necessrio a essa organizao . (pg.47) Sem a linguagem, no teramos idias gerais, porquanto a palavra que as fixa, que d aos conceitos suficiente consistncia, permitindo ao esprito a sua aplicao. Foi a linguagem que nos permitiu ascender acima da sensao; e no ser necessrio demonstrar que, de todos os aspectos da vida social, a linguagem um dos mais preeminentes . (pg.47) Conclui-se que, se se retirasse do homem a sociedade, ele voltaria condio animal. (pg.47) Por isso que a sabedoria humana vai crescendo, pois se acumula nas bases das geraes anteriores e por ser revista no seu cotidiano. (pg.48) 3. Condicionamento sociocultural da personalidade Ralph Linton H uma incapacidade de se avaliar a cultura de sua prpria sociedade como uma totalidade. Isso resultado da restrio das investigaes, pois sem ela no se pode chegar a conceitos verdadeiros. (pg.49) Em contrapartida, se h conhecimento acerca das outras sociedades e culturas, torna -se possvel aproximar o estudo da personalidade a conceitos verdadeiros. Entretanto, o desenvolvimento de tcnicas precisas para estudar a personalidade encontra-se em fase inicial, o que torna-se prejudicial ao conhecimento humano, uma vez que, h de se basear por informaes informais. Outro ponto a destacar a escassez de material referente s sociedades no-europias, pois com a rapidez em que cresciam as sociedades primitivas, e havendo poucos antroplogos, resultou nesta escassez, pois tinham de investig naquele -las exato momento antes que se transformassem. (pg.50) Em decorrncia deste fato, os antroplogos concordaram em certos pontos, a saber: as normas de personalidade diferem de uma sociedade para a outra; os membros de qualquer sociedade sempre apresentaro considervel variao individual de personalidade; e quase que a mesma amplitude de variao e quase que os mes mos tipos de personalidade so encontrados em todas as sociedades. Fora estas, as diferentes sociedades apresentam tambm, diferentes normas para tais sries consideradas como todos; revelam uma grande amplitude de variao individual dentro de cada srie e muita sobreposio entre as sries. (pg.51) Outro ponto a ser discutido o fato de se pensar a sociedade como norma de personalidade ou como status na sociedade. Em relao primeira pode-se afirmar que os membros de qualquer sociedade apresentaro personalidades comuns. J a segunda compreende os sistemas de valores-atitudes, que so compartilhados pelos membros da sociedade, podendo refletir no comportamento. Ao conjunto de componentes comuns de personalidade d-se o chamado Tipo de Personalidade Bsica, configurao proporciona aos membros da sociedade interpretar e ter valores comuns, tornando-se essa resposta emocional unificada. (pg.52)

Educao e sociedade Thatiane Barella H tambm as denominadas personalidades-status, ou seja, abrangem quaisquer sistemas de valores-atitudes distintos da personalidade bsica. E h tambm um padro especfico de respostas, estas so simples e concretas, o que as tornam fcil de ser aprendidas. (pg.53) No entanto foram atribudas a personalidade -status algumas diferenas referentes hereditariedade e a fatores sexuais. Para provas estas diferenas, fizera uma investigao que consistia em trs pontos distintos, que so: at que ponto a personalidade determinada por fatores fisiolgicos?; Em que medida so hereditrios esses determinantes fisiolgicos?; E qual a probabilidade de que tais determinantes hereditrios se tornem to largamente difundidos numa sociedade a ponto de afetarem seu tipo de personalidade bsica ou, em sociedades estratificadas, suas personalidades-status? (pg.54) Nota-se que as qualidades inatas do indivduo influenciam o desenvolvimento de sua personalidade. Assim, qualquer combinao de fatores inatos e ambientais, promover o desenvolvimento de certas atitudes bsicas; e qualquer combinao que o exponha a um a situao de insegurana e subordinao acarretar o desenvolvimento de outras . Concluise que os fatores inatos so insuficientes para explicar as configuraes da personalidade, se analisados isoladamente. (pg.55) Assim como os fatores fisiolgicos tambm no podem ser responsabilizados pelos padres de respostas, mas podem sim ser responsveis pela capacidade psquica do indivduo. No entanto, pode-se apenas avali-la em sua manifestao exterior, que conseqncia de uma experincia anterior que o indivduo passou. (pg.56) No se pode afirmar se a inteligncia da pessoa um fato hereditrio ou uma oportunidade. Pode-se, todavia, dizer que existe uma combinao entre os fatos fisiolgicos que so responsveis por nveis de capacidade e pela hereditariedade que responsvel pela combinao de gens. Assim, ambas no podem atuar separadamente. (pg.57) Contudo, a personalidade bsica faz-se por uma questo de mdias, onde pode variar conforme a sociedade e com decorrncia de fatores hereditrios, e tais fatores se fazem mais presentes nas sociedades primitivas. (pg.58) H, todavia, uma discordncia a respeito deste tema, mesmo entre os antroplogos. H alguns que admitem a existncia de acentuadas diferenas nas capacidades hereditrias da maioria das sociedades. Em contrapartida, h os que negam esta possibilidade. A verdade, por sua vez, encontra-se no meio de ambos. Se por um lado as sociedades que permanecem isoladas por um longo tempo diferem-se em suas potencialidades psquicas, por outro lado os membros da sociedade extensa so to heterogneos quanto hereditariedade. Sendo assim, qualquer observao acerca desta explicao se torna precrio. (pg.58) A nica alternativa admitir que tais diferenas so atribuveis aos ambientes particulares nos quais so criados os membros das diversas sociedades . (pg.59) Quer dizer, o comportamento dos membros de uma determinada sociedade segue, na verdade, um padro denominado culturais, isto , ele influenciado pela experincia do indivduo, quando este entra em contato com os padres impostos . (pg.60)

Educao e sociedade Thatiane Barella Tais influncias podem ser de duas ordens distintas: a primeira refere influncia -se resultante do comportamento padronizado de cultura, que por sua vez, exercem seu poder desde o nascimento. E a segunda refere-se influncia derivada da observao do indivduo acerca os padres de comportamento ou da instruo que lhe foi fornecida. Estas influncias afetam o indivduo para sempre. (pg.60) Para que isso no ocorra, se aceita o fato de a criana, nos seus primeiros anos de vida, receber a formao de sistemas de valores-atitudes, pois elas talharo melhor sua personalidade, pois so mais profundas. (pg.61) Pela cultura predominante em uma sociedade que se determinam os nveis da personalidade de seus membros pelas tcnicas de educao as quais submetem seus membros. E por ser mutvel, os modelos que so padres hoje, amanh j no o sero e assim faz-se necessrio aprender novos padres que sero, conseqentemente, mais apropriados ao lugar e a fase da sua a qual estar ocupando. (pg.63) Em sntese, todos os seres humanos so nicos e de potencial varivel. Como exemplo, tem-se as personalidades semelhantes os indivduos de uma mesma famlia cujos padres culturais permitiram essa variao cultural, pois agem conforme os limites e padres estabelecidos pela figura de autoridade, no caso o pai. (pg.67) A cultura deve ser considerada como fator dominante no estabelecimento dos tipos de personalidade bsica nas vrias sociedades, bem como no estabelec imento das sries de personalidade-status caractersticas de cada sociedade . (pg.68 e 69) 4. Formas do processo educacional Jos Querino Ribeiro Segundo Jos Querino, o processo de educao faz-se por auto-educao, ou seja, um fenmeno individual e psquico, que por sua vez, envolve as experincias por ele vividas, quer seja experincia biolgica quer seja experincias sociais. (pg.70) Isso, todavia, no interfere o papel que a sociedade exerce perante seus membros, pois sendo ela a criadora, acaba proporcionando meios e determina os objetivos e a orientao de seus membros. (pg.70) No entanto, os aspectos sociais da educao possuem duas formas: a intencional e a nointencional. (pg.70) A educao intencional compreende as situaes em que o grupo prepara condies, tais como idias, comportamentos e atitudes j com valores pr-estabelecidos por ele, onde o indivduo passa a incorpor-los e ajusta-se a ele, tornando-o indispensvel. So os responsveis pela integrao do indivduo no grupo, uma vez que estas situaes estabelecidas tm a inteno de estilizar as interpretaes individuais pretendidas. (pg.71) J a educao no-intencional compreende as situaes em que o indivduo aprende as idias, comportamentos e atitudes de valores pr-estabelecidos, mas o que difere da intencional o fato de que aqui o grupo no as impe de propsito . So os responsveis pela acentuao das diferenas individuais dentro de um grupo. (pg.71)

Educao e sociedade Thatiane Barella A capacidade de aproveitar experincias no preparadas varia conforme a compreenso conjunta de experincias anteriores, uma vez que h um mnimo de integrao do indivduo no grupo, aqum do qual nem poder aprender as situaes comuns que no tero sequer sentido para ele. (pg.71) A instruo, fator essencial da educao A educao intencional pode-se denominar tambm como instruo, pois sua maior preocupao a de comunicar as experincias anteriores, que por sua vez auxilia a interpretao por parte do indivduo. (pg.72) De fato, os conhecimentos e as experincias adquiridos pelo indivduo constituem um instrumento cuja inteno a de ajust-lo sociedade, tornando possvel a elaborao e integrao individual. (pg.72) Por esta razo, a instruo tem como objetivo incorporar-se ao patrimnio das experincias individuais, e assim pode ser utilizada de diversas formas; bem como facilitar a integrao do individuo no complexo social que o envolve e a que se destina. (pg.73) A instruo divide-se, tambm, em dois aspectos: a assistemtica, no programada e a sistemtica, programada. A primeira vigorava nos primeiros anos de vida dos indivduos e nas sociedades primitivas , isto , no evoludas e diferenciadas. Outro fator a comunicao que pode ser decidida por um processo denominada participao direta na vida social, todavia, se assim ela permanecer, logo a vida tende a ser menos progressiva, pois se perde possibilidades de acumulao e multiplicao das experincias. (pg.73) A instruo sistemtica, em contrapartida, faz-se necessria quando h uma multiplicao das experincias entre os grupos que rompem com a participao direta favorecendo a rotina. Assim as experincias vividas vo sendo vencidas atravs de tcnicas e exigncias cada vez mais complexas que as sociedades impem. (pg.74) A instruo sistemtica uma tcnica que o homem encontrou para resolver seus problemas. Ela criou problemas novos e tambm critrios de seleo, estes so problemas da economia global e se resolvem pela diviso do trabalho, pela especializao das funes, pela institucionalizao dos empreendimentos e pela formao de grupos profissionais (advento da escola) (pg.74) A escola, campo especfico da instruo sistemtica e programada Devido o advento de a escola ter sido um fenmeno da diviso do trabalho, traz nas suas razes a classe dominante a elite - e somente com o passar do tempo, seus servios e efeitos foram alcanando as camadas mais inferiores. (pg.75) Para exemplificar, na historia do Ocidente tem-se relatado que levou milnios at que a estrutura que se conhece atualmente, o elementar, o mdio e o superior, se definisse por completo. No entanto, essa estrutura se definiu de cima para baixo: os estudos superiores se organizaram desde a Idade Mdia, o ensino mdio se definiu na Idade Moderna e por fim o ensino elementar na passagem do sec. XVIII para o XIX. (pg.75)

Educao e sociedade Thatiane Barella Com a diviso do trabalho, criam-se novos traos de cultura, a saber: uma nova profisso, um novo gnero literrio, um novo estilo arquitetnico e, uma nova forma para ser usada pelos grupos sociais particulares que conduzem a sociedade. (pg.76) Aps consolidada, a escola vem desempenhando duas atividades distintas: as especficas e as supletivas. As especficas tratam-se das escolas de instruo sistemtica (por impor um certo formalismo) e programada (utiliza comunicaes selecionadas). (pg.76) As escolas especficas possuem dois aspectos: o corpo docente e a filosofia da educao. O primeiro corresponde aprendizagem, o ensinar. na instituio escolar que se revela a instruo sistemtica e programada da comunicao, por ser utilizada em classe com o objetivo de estilizar as experincias e assim incorpor-las ao patrimnio do educando. (pg.77) J as escolas supletivas constituem-se de indivduos cujas familias so de categoria social menos favorveis, desorganizadas. Este quadro resultante das condies que a vida moderna exige, pois cada vez mais passam a exigir numerosos e complicados cuidados com a formao das novas geraes. Entende-se, portanto, que a funo da escola supletiva a de suplementar a ao das outras agncias sociais educativas. (pg.78 e 79) Em suma, devida a expanso da escola, j no se pode mais separ-la em especficas e supletivas, pois ambas se interligam, desempenhando tanto as atividades especficas quanto as supletivas, sem que estas interfiram as atividades realizadas pela primeira. (pg.79) 5. A educao como processo de controle social: funo conservadora e funo inovadora Wilbur B. Brookover Segundo Brookover a natureza da mudana social possui alguns aspectos importantes: a primeira d-se pelos ritmos de mudanas que variam em diferentes culturas e setores de uma mesma cultura, isto , em uma sociedade isolada a mudana social faz-se relativamente lenta, j numa sociedade que tem acesso mais facilmente s idias a mudana social faz mais -se rapidamente. (pg.80) J o segundo aspecto refere-se aos diferentes ritmos de mudana entre os mais variados segmentos de uma determinada cultura. Este aspecto ocorre nas sociedades onde o acesso s informaes mais acessvel e por isso propiciam esse fenmeno, pois os instrumentos e maquinarias j se fazem presentes dentro dessa sociedade, e por ser vinculada estrutura familiar, a religio entre outros aspectos, fazem com que se renovem mais rapidamente. (pg.81) A escola como fator de mudana As escolas no funcionam como algo parte da sociedade e tampouco est acima ou sobre o sistema social. esperado da escola que preparem adequadamente os jovens, capacitando os para ocupar um lugar no sistema industrial, tendo em vista o acompanhamento das mudanas que ocorrem dentro da sociedade resultante das outras foras. Que se espera da escola que proporcione experincias educacionais que resolvessem os problemas sociais da poca e fizessem do mundo um melhor lugar para se viver . (pg.82)

Educao e sociedade Thatiane Barella O papel da educao , portanto, aumentar a rapidez com que as mudanas tecnolgicas se expandam dentro de uma sociedade. Com base na rea da cincias fsicas e biolgicas, a escola tem como manipular a mudana, podendo modificar algumas causas de problemas sociais tais como: a guerra, o crime, a pobreza, entre outros. (pg.83) Segundo Maciver e Page, o curso da civilizao tem-se caracterizado por um desenvolvimento constante dos meios de educao, porm nunca to celeremente como em nossos dias, quando a eletricidade no adotada apenas como energia m otora em substituio ao vapor... O impacto dessas mudanas sobre a sociedade por demais grande e facetado...cada etapa do avano tecnolgico inaugura uma srie de mudanas que interagem com outros procedentes do sistema tecnolgico total...a especializao de funes, na vida econmica moderna, acarreta a formao de elevado nmero de grupos organizados, cada um dos quais visando ao seu prprio proveito tornando indispensvel pela interdependncia da vida moderna. Por outro lado, esses grupos so filiados ou incorporados a grandes federaes, estas, por sua vez, exercem um poder correspondente maior, de forma que as disputas suscitadas pelo choque de interesses ameaam desintegrar toda a ordem social .(pg.83 e 84) Em sntese, as mudanas tecnolgicas que vm ocorrendo ao longo do tempo, nas sociedades afetam os sentimentos, crenas de seus membros, pois estimula a mudana no campo material e tecnolgico, ao passo que mostra que o inimigo sempre culpado por se fazer a guerra. E cabe a escola impedir que essas crenas se percam com o advento da tecnologia e, ao mesmo tempo, ensine cincia e tecnologia. (pg.84) A educao e a construo de uma nova ordem social Para que ocorresse uma nova ordem social necessitaria dos grupos controladores, que concordassem em reformar a escola e assim poder alcanar tal obje tivo. Entretanto, para que haja realmente uma modificao, necessita que se mude a postura do professor, sem que se troque o existente pelo antiquado. A possibilidade de criar-se, pela escola, uma nova ordem social independe de outras foras, ou seja, envolve mudanas nas foras de controle. (pg.86) H proposies que exemplificam tal fenmeno, a saber:y y y

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O controle da educao norte-americana esta geralmente em mos de elementos conservadores da sociedade; O controle da educao exercido para impedir mudanas, exceto nas reas em que os grupos dominantes desejam a mudana; Como parte integrante da sociedade, a educao pode funcionar como uma agncia de mudana apenas dentro da estrutura da sociedade e no como uma agncia externa; A crena norte-americana da educao, como criador a de um mundo melhor, somente pode ser comprovada quando as outras foras tambm operam como agncias de mudanas. (pg.87)

6. A educao como tcnica social Karl Mannheim

Educao e sociedade Thatiane Barella Entende-se por tcnica social, mtodos que influenciam o comportamento humano, seja na esfera da poltica, da educao, da guerra, da comunicao, da propaganda, entre outras, que imponham padres vigentes. Quer dizer, ela existe para controlar e disciplinar a vida civil. (pg.88) A educao vlida tanto para os sistemas democrticos quanto para os autoritrios, pois apenas uma tcnica que se destina a criar o tipo de cidado a qual deseja. (pg.89 e 90)y y

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A educao no molda o homem em abstrato, mas em uma dada sociedade e para ela. A unidade educacional fundamental nunca o indivduo, mas o grupo, que pode variar em extenso, objetivo e funo; com isso variaro os padres predominantes de ao, aos quais tero de conformar-se os membros desses grupos. Os objetivos educacionais da sociedade no podem se adequadamente entendidos r quando separados das situaes que cada poca obrigada a enfrentar e da ordem social para a qual eles so formulados. Para o socilogo, cdigos e normas no constituem fins em si mesmos, mas sempre a expresso de uma interao entre o ajustamento individual e grupal. Esses objetivos educacionais, em seu contexto social, so transmitidos nova gerao, juntamente com as tcnicas educacionais vigentes. Assim, a educao apenas ser corretamente compreendida se a considerarmos como uma das tcnicas que influenciam o comportamento humano e como um meio de controle social. Quanto mais consideramos a educao do ponto de vista de nossa recente experincia, como apenas um dos muitos meios de influenciar o comportamento humano, mais evidente se torna, que mesmo a tcnica educacional mais eficiente, esta condenada a falhar, a menos que esteja associadas s demais formas de controle social.

7. Funes das geraes novas Karl Mannheim A juventude, ainda que sempre surjam novas geraes, fruto da estrutura social, ou seja, a juventude tornou-se um recurso para o capital, uma vez que so denominados jovens aqueles que dispem sua vitalidade ao trabalho. (pg.92) No entanto, as sociedades estticas confiam mais nas experincias vividas pelos mais velhos, pois a educao centralizada, ainda, na tradio e devido a isso, relutam em encorajar os jovens, sendo as reservas vitais e espirituais negligenciadas. J as sociedades modernas buscam nova orientao, pois utilizam seus recursos vitais para o desenvolvimento social. (pg.92) A maior qualidade da juventude por no estar envolvida no status quo da ordem social. E quando ingressam na vida pblica, se defrontam com o caos de valore antagnicos, isso o s resultado de no haver uma separao entre as normas ensinadas pela famlia e as que prevalecem no mundo. (pg.94)

Educao e sociedade Thatiane Barella Por esta razo que a juventude est pronta a integrar a qualquer nova orientao da sociedade. Isso ocorre porque at a fase da puberdade, o indivduo convive no mbito familiar sendo moldado ao passar dos anos por tradies tanto emocionais quanto intelectuais. J na adolescncia, comea-se os primeiros contatos, com a vizinhana, comunidade agregando-lhe novos valores, costumes, hbitos, mas que no entanto, ainda no o influenciam em relao ao sentido econmico envolvido, pois ainda no tem interesses comprometidos. (pg.95) E justamente por este no comprometimento que os torna um fator especial. (pg.97) E por fim, tanto as sociedades tradicionais ou mutveis operam sem a mobilizao destes recursos, porm mais cedo ou mais tarde, percebero que necessitam destes recursos para se organizar. (pg.97) Parte III o estudo sociolgico da escola 1. Introduo O estudo sociolgico da escola o marco de uma nova etapa, assim como de tendncias dominantes no que se refere ao desenvolvimento da sociologia da educao.(pg.101) Segundo Znaniecki a escola um grupo institudo, isto , possui vnculos com outros sistemas instituidores ou no; e tais sistemas no so especificamente escolares e as vinculaes estabelecidas indicam de que modo a escola opera como uma agncia de controle. (pg.101) J Antonio Cndido analisa a estrutura da escola, isto , os nveis de agrupamentos (formao de subgrupos) e o controle interno de acordo com a dinmica da escola. Em relao aos subgrupos, relata que estes singularizam a escola, pois envolvem em sua estrutura dois papis particulares: a de professor e a de aluno. Mannheim e Stewart seguem a mesma linha de Antonio Cndido no que diz respeito ao subgrupo e acrescentam a ele o aprendizado na sua estrutura e funcionamento. Em relao a Fernando de Azevedo, parte do princpio de integrao e diferenciao do sistema escolar. (pg.102) E por fim, Peter Blau descreve o processo de burocratizao juntamente com a complexidade qualitativa e quantitativa do sistema. Entende-se, portanto, que o processo de burocratizao deriva de manifestaes das relaes sociais, de processos sociais tais como a democratizao do poder, a racionalizao, a secularizao da cultura, entre outros. (pg.103) 2. A escola como grupo institudo Florian Znaniecki Grupo institudo refere-se a um grupo de cooperao cujas funes so coletivas e as posies so institudas por outros grupos sociais. No entanto, deve limitar-se, de incio, a uma investigao subdividida de uma espcie geral de grupo, tais como: igreja, escola, famlia. Em seguida, deve-se analisar a estrutura e a organizao das mesmas. E por fim, deve-se investigar se as mesmas so institudas por outros grupos e em que se consistem. (pg.104) A escola um grupo institudo por ser formado por um grupo social e por haver uma composio definidas, assim como organizao e estrutura, por vezes rudimentares. Para que exista, faz-se dependente das atividades relacionadas de seus membros, ou seja, professores e

Educao e sociedade Thatiane Barella alunos. H escolas que so institucionalizadas, quer por grupos religiosos, quer por grupos territoriais, havendo, ora concordncia, ora contradio entre elas. H grupos profissionais, classes sociais, grupos econmicos que constituem as escolas. Apesar disso, a escola ainda mantm certa autonomia, uma vez que os papis desempenhados por professores e alunos diferem dos papis que estes grupos desempenham na escola. (pg.105 e 106) Sendo assim, tanto a organizao da escola quanto a sua estrutura no pode ser reduzida , organizao e estrutura de outros grupos. (pg.106) 3. A estrutura da escola - Antonio Cndido A escola como grupo social Em relao ao educador, vale ressaltar algumas noes:y

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As escolas se diferem entre si pela suas caractersticas sociais prprias. Ainda que a estrutura administrativa seja a organizao consciente, a estrutura total , todavia, bem mais amplo, abrangendo tanto as rela ordenadas quanto s es relaes enquanto grupo social. (pg.107) Se se limitar a viso ao administrativo, o educador ter sua viso tambm limitada. J se compreender a realidade total, logo poder analisar de forma mais adequada; e esta s poder efetivar-se desde que haja uma anlise sociolgica, tornando as relaes mais dinmicas. Com isso, a viso do educador se aprofunda o que lhe permite igualmente uma viso mais profunda. (pg.108)

Apesar de as escolas serem grupos sociais cuja composio definida e onde sua existncia se faz por atividades combinadas, isto , professor e aluno, mantendo sua autonomia, muitas das escolas so institudas, ou seja, seguem as normas estabelecidas de outros grupos. (pg.109) Estes grupos - seja de carter religioso, seja poltico, ou de classes- estabelecem normas para a escola visando ajust-la s suas finalidades. Ou seja, a dinmica interna da escola passa a ser de formao especfica, sob um sistema de normas e valores desenvolvidos. No entanto, o que diferencia uma escola da outra a estrutura externa, supervisionado pelos grupos institudos. (pg.109) A estrutura social da escola deve estar atenta ao que h de especfico no desenvolvimento social da criana e do adolescente, aos grupos que estes se envolvem, do processo de seleo do lder, ao conflito com os padres sociais impostos pela educao, dentre outros. Porm, pelas presses que so exercidas sob a escola, estas atendem aos interesses das organizaes sociais e no aos interesses internos. Por esta razo, estabelece-se uma dupla corrente social que abarca, por um lado, o ajustamento do imaturo aos padres do adulto,e por outro, exprime as suas necessidades e tendncias. (pg.110) A escola constitui um ambiente social peculiar, caracterizado pelas formas de tenso e acomodao entre administradores e professores representando os padres cristalizados da sociedade e os imaturos, que devero equacionar, na sua conduta, as exigncias desta com as da sua prpria sociabilidade . (pg.111)

Educao e sociedade Thatiane Barella Por este motivo, houve uma diferenciao dos educandos conforme o nvel de idade. Por isso foram adquiridas as noes que se tornaram indispenveis na socialibidade da criana e do adolescente, determinando o seguinte agrupamento: ciclo primrio e secundrio; coexistncia dos sexos e tradio escolas. (pg.111) A seguir, mostra-se o panorama sociolgico da escola como grupo social em relao a sua estrutura interna. (pg.111 e 112) 1. Formas de agrupamento y Grupos de idade y Grupos de sexo y Grupos associativos y Status y Grupos de ensino II. Mecanismos de sustentao dos agrupamentos 1. Liderana y Exercida pelo educador y Exercida pelo educando 2. Normas y Que regem o comportemento do educador y Que regem o comportamento do educando 3. Sanes y Administrativas y Pegaggicoas y Grupais 4. Smbolos

1. Formas de agrupamento: 1. Grupos de idade Assim, como os educadores seguem uma diviso em relao ao grupo (professores, administradores, auxiliares de administrao), os alunos tambm so divididos em grupos, cujo critrio conforme o nvel de idade. (pg.112) A imagem do educador representa os valores sociais originados do convvio com outras geraes, por isso cabe-lhe a tarefa de preparar as crianas, atribuindo a estes, uma educao mais especializada. O corpo de administradores e professores possui uma unidade funcional devido o seu carter de grupo social de idade, em que se pressupe uma experincia de cultura, representativa dos padres dominantes na comunidade .(pg113) J os alunos se comportam de maneiras diversificadas, tais como: alguns andam em bandos pouco estruturados, outros com grupos complexos, outros ainda apresentam comportamento pr-social. Isso reflete a vida administrativa da escola, ocasionando a diviso

Educao e sociedade Thatiane Barella entre maiores, mdia e menor, onde os direitos e deveres so diferenciados, tal como a segregao de recreio, dormitrio, estudo, refeitrio, entre outros. (pg.113) 2. Grupo de sexo Em toda a histria, homens e mulheres foram separados no que diz respeito educao, pois se acreditava que cada grupo tinha suas prprias necessidades. Esta viso comea a se modificar na sociedade moderna onde se observa a necessidade de uma unificao entre ambos os sexos. (pg.114) Neste perodo, transforma-se no somente o corpo, como tambm o esprito e a vida social. Devido este fato, encontravam-se nas casas de ensinos ambos os sexos, no somente no que se refere aos dois grupos centrais, como tambm nos grupos imaturos. (pg.114) Na medida em que se elevava a escala de idade, a relao entre os sexos se modificava devido sua posio social. Dentro do processo de amadurecimento entre ambos, ocorre uma transformao que acarretar atrao e, ao mesmo tempo, repulsa de um pelo outro, desenvolvendo assim, a valorizao negativa do sexo oposto. (pg.114) Do ponto de vista sociolgico, esse fato no passa de apenas uma supervalorizao do prprio sexo, fazendo com que se rejeite o sexo oposto. A integrao no grupo de sexo condio que o imaturo deve encarar, a fim de participar da posio conferida socialmente a este, e varivel segundo a cultura . (pg.114) 3. Grupos associativos Estes grupos fundam-se na atividade exercida pelo educando onde depende da sua adeso consciente, sendo fruto das condies especficas da escola. Pode-se classificar estas associaes escolares em 3 tipos principais: as recreativas, as intelectuais e as cooperativas. (pg.115) As recreativas so os grupos de brinquedos, o times esportivos organizados. Quer dizer, so estudos de formao e desenvolvimento da sociabilidade, mesclando teoria e prtica, para um bom desenvolvimento da criana. (pg.115) As intelectuais visam o aprendizado e cultivo geral da inteligncia, dando oportunidade de os alunos se organizarem em grupos de estudos para esclacerer a matria, assim como grmios e academias, como funo de expandir a ao da escola. (pg.116) J as cooperativas utilizavam de ao voluntria cuja finalidade definida segundo os interesses do grupo. Tais interesses podem ser: prestgio, privilgio, prazer, subverso, a fim de forjar um estilo prprio. (pg.116 e 117) 4. Status O aparecimento do status se d em diversos nveis. A primeira diferenciao est no ponto de vista que superpem educadores e educando , ou seja, a estrutura da escola hierarquizada, assim mantm a ordem no seu interior. O que diferencia educador de educando

Educao e sociedade Thatiane Barella so fatores, tais como: diferenciao de sexo e idade; a fatores externos classe, ideologia; ou traos especficos da sociabilidade social. (pg.118) Os fatores externos so definidos no mbito escolar, onde os de melhor posio social comandam com seu modo. Quer dizer, o mais importante a ideologia educacional onde os alunos so valorizados de acordo com o seu rendimento intelectual, e suas demais capacidades. Em sntese, as associaes cooperativas exprimem o que h de mais profundo na vida escolar . (pg.118) 5. Grupos de ensino A principal finalidade da escola so as aulas. No entanto, as relaes determinadas por sexo, idade, status, influem fortemente os grupos de ensino. Isto ocorre devido ao dinamismo que a atividade lhe proporciona, uma vez que est vinculada com todos os segmentos que compem a escola. Segundo Simmel: a sala de aula vem sendo alvo de toda sorte de investigaes, baseadas em grande parte nas modernas tcnicas sociomtricas . (pg.119) II. Mecanismos de sustentao dos agrupamentos 1. Liderana Liderana tcnica pessoal, ou seja, a distino entre prestgio e autoridade, sendo a que se sobressai a autoridade. Por esta razo que a liderana se subdivide em dois tipos: a exercida pelo educador, e a exercida pelo educando. (pg.120) A exercida pelo educador depende de fatores objetivos, isto , idade, fora e posio, pois sem esses elementos no h como ter autoridade, uma vez que cada uma tem seu objetivo a fim de, no final, lograr a liderana. A idade tem como objetivo lhe atribuir maiores expectativas, pois quanto mais idade, mais experincias e valores ter o indivduo. E, juntamente com o fator idade, o professor ter seu status definido, uma vez que a su a autoridade pode variar conforme o tempo e o lugar. Soma-se a esses elementos, o prestgio, pois to importante quanto os demais, por ser um requisito intransfervel de ascenso pessoal, formado pela atitude com que o professor mostra ante os problemas relacionados educao didtica e social com os educando. (pg.121) A liderana exercida pelos alunos baseada tanto no prestgio do professor, que os condiciona, como tambm na autoridade que a escola impe, de acordo com a idade ou o sexo. Como a estrutura dos imaturos varia de acordo com os nveis de idade, o controle que o bando exerce sob as aes pessoais tambm pode variar, de acordo com as manifestaes da personalidade de cada um. Sendo assim, faz-se de extrema importncia os dois elementos (prestgio e autoridade), pois sem eles no h como ajustar a conduta dos imaturos - deixandoos sob a fora do lder que, por sua vez, impe-lhes valores vinculados com a dinmica da vida social escolar - e, os auxiliam na direo e no ensino. (pg.122 e 123)

2. Normas de conduta escolar

Educao e sociedade Thatiane Barella So duas as normas de conduta escolar: as que regem a conduta do educador e as que regem a conduta do educando. (pg.123) Compete a conduta do educador impor as normas, que podem ser de diferentes ordens: comunidade, grupo docente e administrativo, e as do educando, por sua vez, so atendidas, definindo assim o papel social do educador. Cabe a escola valorizar os valores da comunidade, mas no se pode esquecer os valores que h dentro dela. E por esta razo que o educador deve ajustar-se s normas da escola, sempre visando a harmonia com os educando, mas impondo-lhes ordens e limites, para que no se tornem brinquedos nas mos dos mesmos. (pg.123 e 124) A conduta do educando tambm se estrutura nas mesmas ordens do educad No or. entanto, deve-se levar em conta que, no interior da escola, os educando se agrupam em bandos, sendo subordinados s ordens impostas pelo lder, que nem sempre esto de acordo com as normas impostas pela escola e pelos educadores, ocasionando rebeldi s ou algum a outro tipo de comportamento. Essas aes so importantes para o educando, pois atravs destas, obtm o seu status, integrando-a a sua personalidade, o que facilita sua vida social. (pg.124 e 125) 3. Sanes A escola possui trs sanes: as administrativas, as pedaggicas e as grupais. (pg.125) As sanes administrativas e pedaggicas so desenvolvidas no interior da escola conforme sua interao. So sistematizadas, ou seja, podem reger o comportamento tanto dos educadores quanto dos educando, como tambm podem ser exclusivas (excluem o indivduo do grupo a que pertence de modo definitivo), corretivas (aplicam mtodos como castigo, represso, reprovao pelo comportamento desviado dos educando) ou prestativas (impem retribuio como multa, cpia dos erros, submisso ao ofendido). (pg.125) Em relao s sanes grupais, podem ser sistematizadas ou difusas. (pg.125) As sanes administrativas tm como objetivo a punio pelo comportamento tanto por parte do educando quanto por parte do edu cador, caso desviem dos regulamentos internos que a escola determina. Possuem o poder de suspender o insubordinado, punir por atraso, entre outros. (pg.125 e 126) As sanes pedaggicas tm como objetivo o aprendizado. (pg.126) 4. Smbolos Os smbolos importam s escolas, uma vez que atravs deles, que se manifesta a sua tradio e o seu conjunto de sanes que so impostas aos calouros que nela ingressam. (pg.127)

Educao e sociedade Thatiane Barella 4.O subgrupo de ensino Karl Mannheim e W. A. C. Stewart A escola possui uma determinada populao. E para esta populao que a escola funciona, por trs motivos: a primeira, consiste no fato de se apresentar dados importantes, tanto por parte dos educadores como pelos funcionrios, ou seja, as teorias e prticas da cultura que lhes so impostas. A segunda tem por funo a estimulao de atitudes teis para o aprendizado. E a terceira funo a preparao do imaturo para a vida profissional. (pg.130) Alm destas funes diretas, as escolas possuem tambm as funes consideradas indiretas. A primeira consiste no treinamento do imaturo para a vida adulta. A segunda a subordinao dos imaturos pela sua dependncia econmica que tende a mant jovens . -los A terceira funo proporcionar a pessoas a acreditar que a instruo deve ser passada por especialistas, treinados. (pg.131) Para o grupo de alunos so impostos algumas condies, co por exemplo, de se mo sentarem em cadeiras enfileiradas, o que indica o cuidado que se teve em planejar as disposies, assim como obter o comportamento esperado por parte dos professores e ajudlos sua superviso. (pg.131) Os educando so organizados de forma hierarquizada, ou seja, conforme sua capacidade de aprender. Porm, em bases sociolgicas, essa hierarquizao e posteriormente a seleo, serve to somente como motivo de estimular a competio entre os educando, uma vez que, a graduao indica os graus de sucesso ou fracasso. J nas bases psicolgicas, a graduao ajuda na formao de grupos homogneos, pois atravs desta, os alunos descobrem que po dem ser capazes de trabalhar juntos. (pg.132) E a seleo nada mais que uma forma de excluso, onde os psiclogos encaram como uma forma de hierarquizao, e afirmam que os pais, desde que sejam orientados, consideram-na como forma de sucesso ou fracasso. (pg.133) A escola impe a freqncia das aulas como obrigatria com os dias organizados, ou seja, h um limite estabelecido para entrar e sair das aulas, h um tempo de frias ou descanso, horrio para refeies. Isso significa que o dia dividido em perodos e devem ser obedecidos. (pg.133) Depois de estabelecida a hierarquia dos alunos na sala, h outros aspectos a ser observados, como a rotina de freqncia, pontualidade, auto -submisso autoridade, o silncio. Estes elementos so dominados, segundo Freud, como o contedo manifesto da sala de aula, onde os professores vigiam se esto sendo cumpridos, e quando h um descumprimento destes elementos, pode-se corrigir de diversas maneiras. (pg.133) Cabe ao professor ser um lder institucional, onde seu prestgio compete ao cargo e no pessoa. Reconhece sua superioridade em relao ao aluno, mas no superior as leis e tradies de seu cargo. Seu mrito de lder crescer medida que o tempo passa e logra sua devida aceitao, mas para isso, exige-se uma personalidade que sobreponha os limites dentro da sala de aula. (pg.134)

Educao e sociedade Thatiane Barella Segundo Waller, desde que o professor tenha conhecimento, a responsabilidade para planejar como comunic-lo a um grupo de crianas que podem no desejar aprender o que ele apresenta precisa ser introduzido no grupo algum tipo extremo de autoridade e incentivo . A organizao poltica da escola tal que o professor se torna dominante, e lhe incumbe usar essa dominao a fim de promover o processo de ensino e aprendizagem .(pg.135) A relao dominao-subordinao faz-se bsica entre professor e aluno, pois revela que o educador tem algo a ministrar, e por isso os alunos devem aceitar as suas condies, o que lhe permitiro uma boa aprendizagem. (pg.136) Por esta razo que existe a escola, pois ela quem capacita e ensina os imaturos, mantendo-os agrupados, e conseqentemente, mantm relaes sociais. Essa interao comea com os professores, por deter os principais instrumentos de controle em suas mos, desde que este o deseje, e caso haja um conflito, a autoridade e o controle se confundiro. Isso no quer dizer que o professor tenha total comando, mas sim, condies que favorecem sua deciso acerca de que tipo ir ser dado em sala. (pg.137) Em sntese, o papel da escola proporcionar aos professores e alunos, de modo que faa jus parte que lhes cabe, uma estrutura formal, pois possibilita que as relaes se esbocem. (pg.137) 5. Os sistemas escolares Fernando de Azevedo O sistema pedaggico formado por um conjunto de instituies pelas quais a sociedade busca formar suas idias. Todo sistema deve ter vinculado a si, organizaes tanto pblicas e privadas, como hierarquizadas, com maior ou menor grau de complexidade, de natureza e nveis diferenciados, pois so elas que iro auxiliar o seu desenvolvimento, possibilitando maior ou menor influncia externa conforme sua infra-estrutura. (pg.138 e 139) A escola, todavia, vai se transformando medida que a sociedade tambm se transforma, e com isso, carrega consigo, as marcas dessas transies em sua estrutura. Por esta razo que os sistemas educacionais, assim como os econmicos, jurdicos e polticos tambm variam suas funes de acordo com a forma que a sociedade se encontra. (pg.139) Portanto o sistema pedaggico a luz e em face do conjunto do sistema social em que teve origem e desenvolvimento, e em cujas formas de estrutura e transformaes operadas no processo de sua evoluo se devem buscar os caracteres constitutivos e as causas determinantes de um sistema dado . E no h como modific-lo, pois a cada momento o sistema educacional ter uma autonomia diferente das que surgiro no futuro, uma vez que est vinculado ao sistema social vigente, e por esta razo deve-se compreender o todo. Ainda assim, a sociedade possui semelhanas e diferenas, o que acarretar a riqueza e a complexidade das organizaes. (pg.140) Devido a esses dois processos, os indivduos se encontram integrados em seu grupo, e acaba por distinguir a complexidade que o sistema social, pois dela se d: a diviso do trabalho por sexo, idade e especializao. A essa complexa diviso se atinge o maximum, ou seja, deve haver o mnimo de semelhana comum que pertena como condio especial para

Educao e sociedade Thatiane Barella sua sobrevivncia. Ela uniformiza e diferencia, mas, especializando, coordena, completa e harmoniza, de modo que, a par das semelhanas essenciais, reclamadas pela vida coletiva, se assegure a persistncia dessas diversidades imposta pela diviso do trabalho social, que uma das causas mais ativas da diferenciao dos grupos . (pg.141) J nas escolas modernas, a estrutura se encontra sob o formato de pirmide, constituda por uma infra-estrutura, que abarca o ensino elementar e mdio; e de uma superestrutura, que abarca as escolas superiores e Universidades. Essas estruturas so importantes na medida em que, a partir dela, pode-se diversificar os indivduos, sendo exigida pela sociedade. (pg.141) Essa diversificao na verdade, o interesse que a classe dominante tem em torna o r sistema cada vez mais complexo e assim, poder impor a diviso do trabalho. Sendo assim, o sistema educacional dividido em trs nveis: na base, estaria o conjunto das escolas elementares, cujo objetivo era de proporcionar uma educao comum a todos; a segunda constituda pelos ginsios e colgios, cujo objetivo era de manter a homogeneidade desenvolvendo e aprofundando a cultura geral comum e preparando os imaturos para as especializaes; e a ltima composta pelas universidades, cujo objetivo era de formar profissionais aptos a realizar pesquisas cientficas, investigaes. (pg.142) Em relao especializao tcnica e profissional, ora era ministrada nas corporaes, ora nas escolas pblicas ou distribuda nas escolas particulares. (pg.143) Portanto, a complexidade do sistema educacional reflete a complexidade da sociedade, pois quanto maior o aumento e densidade, maior ser a diviso do trabalho social. Assim, possibilitar maior exigncia referente cultura. Isso somente possvel porque as superestruturas das escolas se desenvolvem devido s presses e influncias vindas da vida social espontnea. (pg.144) Em conseqncia dessas presses, puderam-se multiplicar as escolas primrias, as tcnicas e as especiais, com isso resultou num enriquecimento interno, onde a sua dimenso pde chegar a limites fora da escola. (pg.145) Apesar, da crescente complexidade da escola, cresceu-se, por conseguinte, os problemas de organizao, tais como: direo e controle tcnico, coordenao e orientao. Na Amrica do Norte, por exemplo, o nmero de escolas pblicas que dominavam no mbito de ensino era esmagador em relao s escolas particulares, o que ocasionou srias desigualdades. Por esta razo, observa-se a necessidade de mudar o regime de descentralizado para centralizado, tornando-se compatvel com o sistema poltico federativo. (pg.1456) Ainda que haja diversos sistemas educativos, todos apresentam as duas estruturas fundamentais da sociedade: a assimilao e a diferenciao, que assim so hierarquizadas: infra-estrutura, constituda das escolas primrias e secundrias, ministrando o ensino comum a todos, e a superestrutura, constituda das escolas tcnico-profissionais, e sistemas universitrios. (pg.147)

Educao e sociedade Thatiane Barella Segundo Dewey, a educao universal aquela que atende a imensa variedade de exigncias sociais e necessidades individuais. Para que isso se torne concreto, necess rio alguns princpios comuns, a saber: gratuidade e a obrigatoriedade no curso dos primeiros anos de ensino, a diviso do ensino em diferentes ordens segundo a idade dos alunos e os cursos prosseguidos, a gratuidade do sistema de subvenes e de bolsas no curso das escolaridades secundria e superior, preparao profissional dos professores e a colao de grau. (pg.148) Em suma, as relaes que articulam entre si os ensinos de diversos graus ou tipo, quaisquer modificaes mais profundas nesse ou naquele domnio de ensino repercurte m imediatamente em outro do sistema educativo e pode ser comparado a um jogo de xadrez em que o descolamento de um peo acarreta uma mudana geral da situao sobre todo o tabbuleiro . (pg.149) 6. Componentes burocrticos dos sistemas escolares Peter M. Blau A estrutura burocrtica, segundo Weber, possui as seguintes caractersticas: (pg.150 154) 1. As atividades regulares necessrias s finalidades da organizao so distribudas de maneira fixa, como deveres oficiais. 2. A organizao dos cargos segue o princpio da hierarquia, isto , cada cargo est sob controle e superviso de outro mais elevado. 3. As operaes so orientadas por um sistema coerente de regras abstratas e constituem na aplicao destas regras a casos particulares. 4. O funcionrio ideal desempenha seu cargo com um esprito de impessoalidade formalista, sem dio ou paixo, e, portanto, sem afeio ou entusiasmo. 5. O emprego na organizao burocrtica baseado em qualificaes tcnicas e protegido contra a demisso arbitrria. 6. A experincia tende, universalmente, a mostrar que o tipo puramente burocrtico de organizao administrativa , de um ponto de vista puramente tcnico, capaz de atingir o mais elevado grau de eficincia. Para que haja eficincia na administrao das escolas, faz -se necessrio esses componentes burocrticos. Ou seja, para que o indivduo se empenhe com eficincia no que lhe cabe, a escola tambm precisa ser eficiente. Por este motivo que se pede formao qualificada, pois so trabalhos que requerem certas habilidades. (pg.154) A burocracia tem por finalidade criar condies sociais que obriguem os membros a agir de determinada forma para que ajude nos objetivos da escola. A esta forma denomina-se anlise funcional da burocracia, pois se trata de uma anlise da estrutura social, mostrando como seus elementos auxiliam para que as suas operaes sejam efetivas. (pg.155) A primeira vez que utilizaram palavra a burocracia foi para designar problemas de organizao. Para exemplificar, no antigo Egito, o trabalho para construir canais de gua e distribu-la, era muito complexo. J os outros pases exigiam defesa, pela fronteira. (pg.156)

Educao e sociedade Thatiane Barella As burocracias no so estruturas rgidas, elas sempre evoluem conforme s mudanas que se do nas condies, quando surge problemas ou se defrontam com estes. (pg.158) Por isso, h o que chamamos de administrao cientfica cuja finalidade de estudar movimentos/tempo, ou seja, estudar os interesses econmicos que drigem a conduta dos trabalhadores, assim como a negligncia dos fatores sociais, e no ignora os aspectos noracionais da vida social. Mudanas em condies externas criam novos problemas administrativos e as prprias inovaes introduzidas para resolv -los tm freqentemente conseqncias imprevistas, que produzem novos problemas . (pg.159) A eficincia administrativa est em entender que o indivduo afetado pelo meio em que vive e com isso busca conhecimento para criar condies para que estas se efetivem e as conduzam prtica. (pg.160) Em uma cultura democrtica, cuja ao e igualdade de status so valorizadas, algumas regras podem provocar mgoas. Por este fato, reprimir a capacidade de autodisciplina torna-se desperdcio, pois deve-se canalizar essa motivao e capacidade para que as aproveite em organizao. (pg.161) Em sntese, a burocracia uma organizao que eleva a eficincia da administrao em pontos extremamente altos, pois leva em conta a forma com que a conduta social se organiza, tomando-a como objeto da sua eficincia. (pg.161) Para que se estabeleam padres, deve-se encorajar seus membros a enfrentar os problemas que surgirem e a encontrar um mtodo que melhor d resultados. (pg.162) Parte IV Educao e estrutura social 1. Introduo Segundo Freyer, dizer que forma social existe equivale a: os homens a afirmam de uma ou outra maneira; capaz de mobilizar outras pessoas. compreender que as estruturas sociais fundam suas razes e h de desvendar as foras integrativas e desintegradoras de que se alimentam . (pg.165) Os tipos estruturais so tradicionalistas, diferenciando a sociedade de classe, isto , predomina os modos de produo anteriores ao capitalismo. (pg.165) 2. A educao numa sociedade tribal Florestan Fernandes Introduo Nas sociedades tribais h uma nocessidade de se rotinizar as atividades cotidianas do grupo, pois assim asseguram a herana social. Devido a esta existncia do cotidiano, os indivduos so expostos vrias situaes sociais que devem ser enfrentadas, tais como: relaes entre os homens, sua comunicao com o sobrenatural, os fenmenos que escapam de seus controle como as mudanas climticas que ocorrem bruscamente no ciclo ecolgico. Por esta situao, devem ser preparados para enfrentar o que chamam de problemas para o grupo . (pg.168)

Educao e sociedade Thatiane Barella Por esta razo h uma predominncia de formas de socializao as quais pressupem discriminar o supra-individual da vontade dos indivduos, nas mais diversas circunstncias da vida social. Portanto, h uma uniformizao nos modos de comportamento que s o dominantes ao grupo, fazendo com que o indivduo se torne submisso a eles e, conseqentemente, a perder sua identidade pessoal. Essa uniformizao nada mais do que as normas que os indivduos devem acatar em suas atividades. (pg.169) O sistema organizatrio tem por finalidade resguardar o indivduo de possveis transformaes que possam provocar em sua atividade. Por conseqncia, surge as tenses, em dois nveis: primeiro, onde surjam alteraes inevitveis no contato com estranhos, pela quebra do isolamento espacial, cultural e social e, segundo, onde as alteraes se vinculem a ocorrncias cataclsmicas, incontrolveis socialmente, ou se prendam a perturbaes da ordem social. Isso ocorre pelo fato de o homem aprender com a repetio de suas aes, e quando acontece alteraes bruscas, no sabem como enfrent-las. (pg.170) Entretanto, para se manter a herana cultural, h o que demonina-se inovao e tradio. A inovao, ainda que por mais radical que seja, lana suas razes no passado e assim se alimenta das dinmicas contidas nas tradies e, porque ela nasce da experincia sagrada de um saber. Por isso motivo, uma conduz a outra. (pg.171) J a inteligncia do homem no se limita to somente em conservar as experincias vividas, como tambm no modo em que se organiza e explora sua capacidade intelectual a fim de descobrir novas experincias e por conseginte, adaptar-se ao novo. (pg.171) Portanto, para que se mantenha certas formas de vida, faz-se necessrio o uso de talento e capacidade de criar, uma vez que h de transformar as alteraes ocorridas e reajust-las s condies existenciais da vida humana. Ou seja, tudo depende da maneira com que o homem encara, interpreta e avalia sua ao. (pg.172) Todavia, cada sistema possui um nvel e utilizao de qu alidades intelectuais, onde os limites so explorados de forma construtiva dentro do modo pelo qual se estruturam e se organizam. O importante saber quais so as exigncias da situao e em que medida elas so atendidas pelos comportamentos postos em prtica . (pg.172) No que se refere ao foco da educao, vale ressaltar que ela derivada, tanto material, estrutural quanto dinamicamente, das tendncias da ordem social estabelecida; onde seu objetivo preparar a capacidade do homem de se conformar com o outro, sem que perca a sua capacidade de auto-realizao e de como ser til sociedade. A educao teria ainda como objetivo, que os agentes sociais soubessesm encaminhar os indivduos e ajust -los s novas situaes e, com isso a educao tornar-se-ia ideal, pois preparariam os indivduos para responder s escolhas e s exigncias dentro da dinmica do sistema social. (pg.173) Como os tupinamb utilizavam a educao A educao dos tupinamb consistia em assimilar o indivduo ordem social tribal, que era fundamental para a dinmica da vida em sociedade. Essa ordem consistia em manter o equilbrio da tribo, como tambm o entrosamento entre seus membros, resultado da ausncia

Educao e sociedade Thatiane Barella de competitividade entre si (caracterizado pelos critrios de igualdade atribudo pelo status), somado s posies sociais que eram limitadas. (pg.174) Por isso, a estrutura social proporcionou a elaborao da educao por meio de canalizao, mobilizao e utilizao das aptides individuais. No entanto, ainda que uma sociedade tenha sua base na homogeneidade dos seus membros, estes se diferem entre si e assim podem ajustar-se aos mecanismos da sociedade. (pg.175) Isso ocorre pelo fato de que, ao se integrar e ao mesmo tempo diferenciar-se, faz com que a sociedade se torne dinmica, tanto no funcionamento da personalidade quanto da cultura ou da prpria sociedade. A organizao social requer...o aproveitamento construtivo recorrente de aptides mais ou menos variveis de um indivduo para outro . (pg.175) A variao das aptides so contidas por exigncias das linhas tradicionais, ou seja, essas aptides so sofrendo os impactos de limitao conforme vai se originando novas tcnicas, que por sua vez, so fornecidas pela organizao social. (pg.176) Contudo, no somente a linha tradicional que impactava as aptides, haviam tambm, outros aspectos como: a diviso sexual do trabalho, a idade, as tcnicas sociais, o xamanismo. Essas peculiaridades demosntram que: na sociedade tupinamb, a educao comunitria, ou seja, os conhecimentos so passados de forma igual a todos, e pela ausncia de tendncias s especializaes, que permite a transmisso cultural. (pg.177) H de considerar tambm os seguintes aspectos da educao dos tupinamb: os processos de transmisso da cultura; as condies da cultura; a natureza dos conhecimentos transmitidos; as funes sociais da educao a ordem societria tribal. Os processos de transmisso da cultura era feito por via oral, de modo que os indivduos teriam de estar frentea-frente. Ademais, todos podiam aprender, desde os imaturos at os mais velhos, o que convertia qualquer indivduo em agente da educao (mestre). (pg.178) Faz-se um parnteses no processo educativo, pois h trs pontos que devem ser analisados. O primeiro o valor da tradio, isto , o saber puro, capaz de orientar as aes e as decises dos homens independente da circunstncia. J o segundo e o terceiro o valor da ao e o valor do exemplo, isto , aprender fazendo sem temer errar e, ensinar dando o exemplo, fazendo com que refletissem as palavras do mestre, assim como o legado do antepassado e o contedo prtico das tradies. (pg.178 180) As condies de transmisso da cultura, por sua vez, dependiam do sexo e idade dos agentes envolvidos. Havia a seguinte classificao: Peitan fase que abrange desde o nascimento at os primeiros passos abarca ambos os sexos sob o aspecto de que necessitavam da me e as crianas largavam o peito conforme sua vontade. A fase seguinte chamada de Kunumy-miry fase que abrange o sexo masculino at sete ou oito anos de idade seguiam junto me, mas aprendiam a fabricar e usar o arco e flecha, compartilhavam folguedo em grupos, aprendiam os cantos e as danas e perfuravam os lbios. Na mesma fase, h o aprendizado do sexo feminino chamado Kugnatin-miry, onde as meninas ficavam totalmente dependentes da me, compartilhavam folguedos em grupos, eram adestradas pelas vrias atividades. Outra fase classificada como Kunumy fase que abrange o sexo

Educao e sociedade Thatiane Barella masculino de oito a quinze anos saiam sem a me e a imagem do pai se convertia em aprendizado, aprendiam a buscar comida (caa e pesca). J o sexo feminino denominado de Kugnatin, aprendiam na base da imitao como fazer os servios domsticos, fiar algodo, fazer redes, semear nas roas, preparar alimentos. nesta fase que as meninas perdiam a virgindade, logo aps a primeira menstruao. A prxima fase domina-se Kunumy-uau fase que abrange o sexo masculino de quinze a vinte anos tornam-se principal produtor da economia, comeam a ir para as expedies guerreiras, de caa e de pesca, fabricam flecha e prestam servios nas reunies dos velhos. J para as mulheres, esta fase classificada como Kunammuu, nessa fase a mulher j possui seu status por estar apta ao matrimnio. Para este status, classifica-se como Kunammuupoare, e quando a mulher esta grvida classifica-se como Puruabore. Na fase denominada Awa os indivduos do sexo masculino entre vinte e cinco a quarenta anos, eram admitidos nos bandos guerreiros e podiam participar da vida de personalidade masculina da tribo. Nesta fase ocorre o primeiro sacrifcio, a renomao, a incluso nos crculos dos adultos e o casamento (Mendar-amo, status do homem casado). J para as mulheres cabia o trabalho rduo, a educao dos filh podiam devotar-se ao os, curandeirismo, e assim podiam participar do sacrifcio humano. Esta fase era classificada como Kugnam. A ltima fase era classificada como Thuvuae fase que abrange o sexo masculino de quarenta anos para cima nesta fase podiam tornar-se chefes de maloa, de grupo local, chefes de bando e lderes guerreiros. Os paj eram chamados de medice-men. J para as mulheres, esta fase era classificada como Uainury, faziam todos os servios domsticos, fabricavam caium, carpiam os mortos, cuidavam da preparao da carne, eram mestras para as novias, participavam de vrias reunies e algumas se entregav aos prazeres sexuais. am (pg.180 183) Em relao a natureza dos conhecimentos transmitidos exigiam-se que cada agente social fosse capaz de transmitir aos mais jovens ou com menos experincia a herana social que possua em seu currculo. No entanto, o professor via obrigado, na medida em que a -se situao se tornava cada vez mais complexa, a especializar-se e a desenvolver um domnio mais profundo no que se refere aos aspectos formais do conhecimento e acerca as condies pedaggicas da aprendizagem. Nessas condies, o especialista era o mestre da vida cuja finalidade era a de ensinar como viver em uma determinada circunstncia e por isso, fazia-se imprescindvel o saber e como utiliz-lo com eficcia. Ou seja, o homem se apropria da educao atravs da histria-cultural da sociedade em que vive, sob todos os aspectos e direes possveis. (pg.184 e 185) Nota-se que o intuito de transmitir o conhecimento aos imaturos nada mais era do que controlar a relao homem/natureza. E neste caso, as relaes e controle sociais eram beneficiadas devido ao nvel de tecnologia tribal e a ausncia de especializao, o que permitia a transmisso gradual de experincias segundo os princpios de sexo/idade. (pg.185) Essa transmisso de experincias iniciava desde cedo, onde as crianas podiam participar das atividades econmicas que eram realizadas tanto dentro quanto fora de casa. E isso possibilitava-lhe o conhecimento de como trabalhar suas habilidades e tambm a manusear os instrumentos. No que se refere ao nvel de tecnologia tupinamb, pode-se notar que o corpo jutamente com as invenes eram os elementos principais que lhes proporcionavam a explorao de suas potencialidades adaptativas. Conclui-se portanto, que o homem era seu

Educao e sociedade Thatiane Barella prprio meio, ou seja, eram necessrias as participaes repetitivas das situaes, uma vez que envolviam a cooperao e a solidariedade, desde s famlias pequenas at as grandes, pois somente desse modo haveria a dimenso humana da tcnica, cujo conhecimento era essencial.(pg. 186) No que se refere s relaes entre os homens nota-se que era preciso ter amplos , conhecimentos, pois tinham de educar a memrias para guardar as le mbranas e ensinar os demais, via oral. Para que o indivduo se elevasse altura dos pais ou ancestrais, era necessrio que o mesmo mobilizasse suas capacidades competitivas e a concentr-las em direes que lhe promovessem a ascenso de seu prestgio soci l ou que pelo menos a a conservasse. Ter xito como caador, como guerreiro ou como cabea de parentela eram condies essenciais para preservar os laos de solidariedade que resultavam da circulao de bens (mulheres, caas, prisioneiros) entre as parentelas e para perpetuar a unidade tribal . No entanto, para que se lograssem tal xito, fazia-se imprescindvel aptides complexas, que por sua vez, exigiam profunda educao no que se refere s emoes e assim, obstinava-se , apenas em manter as alianas e interesses em primeiro lugar. (pg. 187) J nas relaes com o sagrado, os conhecimentos pregados podiam ser aprendidos por qualquer pessoa ou conhecimentos que s eram acessveis aos mais velhos. Estes conhecimentos estabelecem diversos pontos interessantes:y

y

y

Os adultos podiam continuar sua aprendizagem at uma idade avanada, se revelassem aptides para a comunicao com o sagrado e, especialmente, se ; tivessem dotes carismticos acentuados; Muitos conhecimentos mgico-religiosos eram acessveis aos homens e s mulheres, mas, entre estas, poucas conseguiam xitos comparveis aos dos homens na participao dos papis sociais correspondentes; Somente os velhos podiam vangloriar-se de um conhecimento extenso e profundo das tradies tribais, agregando elas as tcnicas mgico-religiosas, a mitologia e os diferentes tipos de ritos, pois era necessrio toda uma vida para acumular tal saber e possuir tais requisitos especiais para participar das situaes em que ele fosse atualizado ou para exercer, no decorrer delas, alguma espcie de liderana.

As tcnicas mgico-religiosas se diferem, no entanto, das atividades xamansticas, pois na primeira, o conhecimento era passado de gerao para gerao; j na segunda, o conhecimento era mais complexo, perigoso e poderoso e, portanto, necessitava de um adestramento apropriado e exclusivo. (pg.188) Outro ponto relevante o fato de que as tcnicas mgico-religiosas e tradicionais eram dinmicas, o que permitiam a conscientizao e a manipulao ativa das coisas ou dos acontecimentos. Um exemplo decorrente deste fato o nomadismo, ou seja, um grupo que indivduos que viviam solitrios, e que ao deparar-se com a impossibilidade de reestabelecer o equilbrio com a natureza, acabavam por descolar-se para outras localidades. Em contrapartida, o xamanismo se constitua de um mecanismo consciente, cujo objetivo era de

Educao e sociedade Thatiane Barella buscar solues adequadas aos problemas insatisfatrios que se estabeleciam nas sociedades. E os comportamentos permitiam que enfrentassem e ressolvessem tais problemas.(pg. 189) neste quadro, de conflitos e conhecimento, que o homem aprende o seu significado dentro de seu cosmos moral, e as colocam em prtica. nessa natreza, que os tupinamb organizavam, estrutural e dinamicamente, o horizonte de sua cultura. (pg.190) H, tambm, na sociedade tupinamb as funes sociais da educao, ou seja, uma contribuio para que se mantenha ou se transforme certa ordem social. Tais funes so divididas em trs partes. A primeira refere-se ao ajustamento das geraes, isto , as geraes maduras so responsveis por graduar e transmitir a herana social aos imaturos, mantendo assim, a crena no sagrado e nas tradies. Por deterem o poder ilimitado, so eles os que avaliam se as aes realizadas esto certas ou erradas, prprio ou imprrpio, digno ou indigno, justo ou injusto, elogivel ou reprovvel, desejvel ou indesejvel. A segunda funo refere -se preservao e valorizao do saber tradicional, ou seja, atravs dos conhecimentos acumulados na origem e natureza sagrada faz-se o enriquecimento da herana social na sociedade tupinamb. A terceira funo refere-se na adequao dos dinamismos da vida psquica ao ritmo da vida social, ou seja, o entrosamento das geraes s situaes da vida dependiam de outras tcnias de controle social. (pg. 190 192) Observa-se que a educao valia tanto para a formao da personalidade quanto para estruturar-se economicamente. A capacidade de corresponder s expectativas provocadas pelo status atribudo e de adquirir prestgio social suplementar gravitava estreitamente em torno da habilidade de cada um de erigir-se em mestre consumado na utilizao do saber preexisente . Por esta razo, foram estabelecidas educao, duas funes: a assistemtico e a informal. Constitua-se, por um lado, o veculo de seleo das personalidades aptas para o exerccio da dominao gerontocrtica e xamanstica. E por outro lado, inclua-se as tcnicas sociais bsicas d