educação da próxima geração

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Faculdade de Educação Licenciatura – Introdução aos Estudos da Educação – EDF283 Professora Cristiane Gottschalk 2°semestre 2003 – Noturno TRABALHO DO SEMESTRE "COMO SERÁ A EDUCAÇÃO DA PRÓXIMA GERAÇÃO?" Havia 12 textos discorrendo sobre o tema proposto na revista Sinapse [Folha de São Paulo 29/07/03]. Selecionei 4 que me pareceram com conteúdo mais apropriado para desenvolver a discussão do tema. O que mais apreciei foi o texto de Agueda Bittencourt, discorrendo sobre o que se passou na educação brasileira, durante o século 20. A análise da educadora é suficientemente clara, descrevendo o cenário das transformações que explicam o baixo nível da educação brasileira e aponta a inevitável correlação da escola como expressão da própria sociedade onde está inserida. Sua visão é de que a educação vai evoluir exatamente na proporção em que a sociedade avançar no seu conteúdo de igualdade, inclusão e justiça social. O segundo texto escolhido foi do Rui Canário, discorrendo sobre sua visão dos problemas e soluções da educação. Suas idéias são válidas, porém me pareceram um tanto sonhadoras. Suas propostas de ações são mais fáceis de falar do que fazer. Apesar dessa restrição, entendi que seria útil ter em mente os propósitos apontados nas sugestões do autor. O terceiro texto foi do Daniel Greenberg, discorrendo sobre a proposta de educação da escola que dirige nos EUA. A proposta é ridícula, pelo seu formato utópico de governo pelas crianças, mas foi escolhida pelo elenco de características que defende como meta principal da escola, no mínimo pela curiosidade que desperta esse exemplo de proposta. O último texto foi do Jorge Werthein, discorrendo sobre o ponto de vista da Unesco quanto ao futuro da educação no Brasil. Suas propostas acabam ficando no lugar comum, porém adquirem importância em razão da visibilidade do órgão que representa, com conotação de recomendação "universal". Aluno: Miguel Angelo Romero – Turma 32 [transferido da Turma 31]

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Resumo de estudo

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Page 1: Educação Da Próxima Geração

Faculdade de Educação Licenciatura – Introdução aos Estudos da Educação – EDF283 Professora Cristiane Gottschalk – 2°semestre 2003 – Noturno

TRABALHO DO SEMESTRE

"COMO SERÁ A EDUCAÇÃO DA PRÓXIMA GERAÇÃO?"

Havia 12 textos discorrendo sobre o tema proposto na revista Sinapse [Folha de São Paulo 29/07/03]. Selecionei 4 que me pareceram com conteúdo mais apropriado para desenvolver a discussão do tema.

O que mais apreciei foi o texto de Agueda Bittencourt, discorrendo sobre o que se passou na educação brasileira, durante o século 20. A análise da educadora é suficientemente clara, descrevendo o cenário das transformações que explicam o baixo nível da educação brasileira e aponta a inevitável correlação da escola como expressão da própria sociedade onde está inserida. Sua visão é de que a educação vai evoluir exatamente na proporção em que a sociedade avançar no seu conteúdo de igualdade, inclusão e justiça social.

O segundo texto escolhido foi do Rui Canário, discorrendo sobre sua visão dos problemas e soluções da educação. Suas idéias são válidas, porém me pareceram um tanto sonhadoras. Suas propostas de ações são mais fáceis de falar do que fazer. Apesar dessa restrição, entendi que seria útil ter em mente os propósitos apontados nas sugestões do autor.

O terceiro texto foi do Daniel Greenberg, discorrendo sobre a proposta de educação da escola que dirige nos EUA. A proposta é ridícula, pelo seu formato utópico de governo pelas crianças, mas foi escolhida pelo elenco de características que defende como meta principal da escola, no mínimo pela curiosidade que desperta esse exemplo de proposta.

O último texto foi do Jorge Werthein, discorrendo sobre o ponto de vista da Unesco quanto ao futuro da educação no Brasil. Suas propostas acabam ficando no lugar comum, porém adquirem importância em razão da visibilidade do órgão que representa, com conotação de recomendação "universal".

Em minha opinião, creio que poderíamos avançar somando os melhores aspectos dessas quatro visões. Seria uma escola que evitaria a subordinação à racionalidade econômica, com ênfase no gosto intelectual de aprender o valor de uso de cada conteúdo e ênfase em aprender a ser intolerante com as injustiças. Ao mesmo tempo, procuraria reforçar habilidades de relacionamento, respeito com as diferenças, responsabilidade, independência e automotivação. Por outro lado, seria preciso estar equacionada a melhoria dos padrões salariais e qualificação progressiva dos docentes, em um sistema de coexistência de ensino público e privado com ética e responsabilidade.

Tudo isso seria possível se a sociedade avançasse no seu conteúdo de igualdade, inclusão e justiça social. O primeiro passo na direção desse sonho seria a ampliação da permanência do aluno na escola, passando para período integral do jardim ao segundo grau, podendo enriquecer a educação na dimensão necessária ao desenvolvimento da nossa sociedade.

Aluno: Miguel Angelo Romero – Turma 32 [transferido da Turma 31]

Page 2: Educação Da Próxima Geração

Faculdade de Educação Licenciatura – Introdução aos Estudos da Educação – EDF283 Professora Cristiane Gottschalk – 2°semestre 2003 – Noturno

A Escola sozinha não produz igualdade [Agueda Bittencourt - Unicamp]

O que ocorreu com a escolarização brasileira no último século?

As referências de "boa escola" pertencem aos anos 40 ou 50, considerando que a escola atual fica cada vez pior.

"Hoje, os jovens levam 10 anos para aprender o que se aprendia em 3 anos de escola."

Esquecemos de observar: aqueles eram sobreviventes de um sistema de ensino onde a expressiva maioria não entrava ou era expulsa.

Após os anos 60, a garantia de vagas na escola virou problema de política internacional e a expulsão tornou-se constrangedora, sendo substituída pela evasão. Esse novo fenômeno da evasão virou escândalo e, em pouco tempo, já se sabia que era resultado de reprovações consecutivas.

O escândalo foi politicamente "varrido pra debaixo do tapete", a partir dos anos 80, quando os governos estaduais passaram a decretar que escola e professores não poderiam mais reprovar os alunos.

Assim, nos dias de hoje, crianças e jovens recebem seus diplomas sem saber o que deveriam saber, a escola ensina pouco, os alunos aprendem pouco e nossos índices de desempenho estão entre os piores do mundo.

Nada mudou no século 20!

1°) expulsão 2º) evasão 3º) retenção 4º) baixo desempenho escolar

Papel histórico: selecionar, classificar, distinguir, hierarquizar... não mudou!

Nossa sociedade é desigual, excludente e injusta. A escola é apenas um dos espaços de socialização e produção de cultura, só podendo por em circulação o que se produz no conjunto da sociedade. Nossos professores nunca serão mais ou menos cultos ou ignorantes que a média da nossa sociedade.

Assim, daqui a 25 anos, a educação continuará sendo reflexo dos avanços sociais e culturais que a sociedade for capaz de gerar e sustentar.

Em nossa sociedade, a compreensão dessa limitação - que a educação e a escola são partes integrantes da cultura de um povo - já seria uma perspectiva promissora para a próxima geração.

Parar de transformar crianças e jovens em alunos [Rui Canário - Universidade de Lisboa]

Problema da escola: obsoleta [saber cumulativo] sentido deficiente [qual papel de alunos e professores] legitimidade deficiente [acentua desigualdades]

Proposta de finalidades: aprender pelo trabalho e não para o trabalho [evitar subordinação à racionalidade

econômica] ênfase no gosto intelectual de aprender [valor de uso e não benefícios materiais] ênfase no gosto pela política [aprender a ser intolerante com as injustiças]

Planos de ação: pensar a escola a partir do não escolar [contaminar com práticas de aprendizagem

informais] desalienar o trabalho escolar [exercício como obra, dando prazer] pensar a escola como projeto de sociedade [realização humana, livre de tiranias e

exploração]

Aluno: Miguel Angelo Romero – Turma 32 [transferido da Turma 31]

Page 3: Educação Da Próxima Geração

Faculdade de Educação Licenciatura – Introdução aos Estudos da Educação – EDF283 Professora Cristiane Gottschalk – 2°semestre 2003 – Noturno

A escola surgiu como projeto de transformação das crianças e jovens em aluno. A proposta é inverter o caminho: transformar os alunos em pessoas.

As crianças devem estar no poder [Daniel Greenberg - Sudbury School, EUA]

"Quando pensamos sobre a forma que o mundo terá, parece que já sabemos muito sobre o que será necessário em termos de educação porque a Sudbury School eliminou todas as incertezas da previsão." [esse Daniel é mesmo muito arrogante...]

Características que a escola deve ajudar a desenvolver: criatividade [criar ambiente confiante] automotivação [não esperar que lhe digam o que e como fazer] Independência [pensar por si mesmo] responsabilidade [compreender as conseqüências dos seus atos] respeito [evitar abusos por diferenças de raça, sexo, religião, idade ou grupo étnico] habilidades sociais [relacionamento confortável com personalidades diferentes] habilidades de comunicação [articulação do pensamento, escutar e compartilhar idéias] habilidades políticas [todos devem ter voz igual quando decisões afetam a comunidade]

"...criado para inculcar esses atributos. ... as crianças estão livres para se desenvolverem plenamente como indivíduos singulares, sem interferência adulta, onde participam plenamente no governo de sua comundade."

O desafio da educação [Jorge Werthein - Argentino, Unesco]

A educação deve ser vista como estratégia de desenvolvimento na medida em que proporciona reforma de mentes e mentalidades.

Daqui a 25 anos espera-se que o Brasil já tenha se inserido plenamente na economia internacional competitiva, com ampliação do mercado interno e integração de populações marginalizadas no contexto de uma nova economia.

Espera-se que a questão dos docentes esteja equacionada: carreira com qualificação progressiva e melhoria dos padrões salariais. Ao mesmo tempo, seria necessário superar as discussões entre ensino público e privado, valendo a coexistência com sentido público, ética e responsabilidade.

Seria importante que os currículos dessem ênfase ao respeito ao ambiente, com preocupação sobre o esgotamento de fontes de energia fóssil. Espera-se destaque para valores e atitudes necessários na convivência e solidariedade internacional.

A questão da violência nas escolas seria equacionada com a criação de ambientes que favoreçam a liberação do potencial criativo das crianças e adolescentes para enriquecer o acervo cultural e científico em uma cultura de paz.

O foco principal seria formar e consolidar mentes éticas para enfrentar as incertezas do século 21, tendo presente a dimensão e a importância da subjetividade em todo o projeto educacional.

A realização desses propósitos irá depender da redução significativa das desigualdades sociais, que não será possível sem alterar a sensibilidade de pessoas e instituições que lideram a economia internacional.

Aluno: Miguel Angelo Romero – Turma 32 [transferido da Turma 31]