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Educação Ambiental: construindo uma proposta no contexto escolar Rosangela Cristina Alves Silva 1 RESUMO Diante dos impasses ambientais do mundo contemporâneo, a humanidade enfrenta um novo desafio: o de promover o desenvolvimento sustentável. A escola e a sociedade são chamadas para enfrentar este desafio. Por ser a escola a principal instituição responsável pela educação e formação do indivíduo é que ela deve oferecer ao estudante condições para exercer sua cidadania, vivenciando atitudes que levem à preservação do meio ambiente. O presente artigo buscou discutir temas como: sociedades sustentáveis, consumo consciente, descartabilidade, obsolescência planejada, Política dos 3 R’s e visão de reciclagem segundo os discursos oficial e alternativo. Também neste artigo é apresentado e analisado o resultado da implementação do Projeto Na Escola Tem Lixo! O Que Fazer Com Ele? desenvolvido no primeiro semestre de 2009 no Colégio Estadual José Pavan, na cidade de Jacarezinho(PR) com estudantes do Ensino Médio matutino. O referido Projeto foi implementado no âmbito das ações políticas da Secretaria Estadual da Educação do Estado do Paraná (SEED) voltadas para a formação continuada de professores, mais especificamente, do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). Palavras-chave: Educação Ambiental, sociedade sustentável, consumo, preservação, contexto escolar. 1 INTRODUÇÃO Em busca de soluções para resolver os problemas gerados pelo modo de produção vigente em todo o planeta, a sociedade tem organizado 1 Professora da Rede Pública Estadual de Educação do Paraná na cidade de Jacarezinho; e-mail: [email protected]

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Educação Ambiental: construindo uma proposta no contexto escolar

Rosangela Cristina Alves Silva1

RESUMO

Diante dos impasses ambientais do mundo contemporâneo, a humanidade enfrenta um novo desafio: o de promover o desenvolvimento sustentável. A escola e a sociedade são chamadas para enfrentar este desafio. Por ser a escola a principal instituição responsável pela educação e formação do indivíduo é que ela deve oferecer ao estudante condições para exercer sua cidadania, vivenciando atitudes que levem à preservação do meio ambiente. O presente artigo buscou discutir temas como: sociedades sustentáveis, consumo consciente, descartabilidade, obsolescência planejada, Política dos 3 R’s e visão de reciclagem segundo os discursos oficial e alternativo. Também neste artigo é apresentado e analisado o resultado da implementação do Projeto Na Escola Tem Lixo! O Que Fazer Com Ele? desenvolvido no primeiro semestre de 2009 no Colégio Estadual José Pavan, na cidade de Jacarezinho(PR) comestudantes do Ensino Médio matutino. O referido Projeto foi implementado no âmbito das ações políticas da Secretaria Estadual da Educação do Estado do Paraná (SEED) voltadas para a formação continuada de professores, mais especificamente, do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).

Palavras-chave: Educação Ambiental, sociedade sustentável, consumo, preservação, contexto escolar.

1 INTRODUÇÃO

Em busca de soluções para resolver os problemas gerados pelo modo

de produção vigente em todo o planeta, a sociedade tem organizado 1 Professora da Rede Pública Estadual de Educação do Paraná na cidade de Jacarezinho; e-mail: [email protected]

frequentes campanhas em prol da preservação do meio ambiente. Diante

desse quadro faz-se necessário trabalhar com Educação Ambiental (EA) formal

tendo em vista que a escola é a principal instituição responsável pela educação

e formação do indivíduo. Desta forma, entende-se que a escola assume a

função social de formar cidadãos, por meio da construção de conhecimentos,

atitudes e valores que levem o indivíduo a ser solidário, crítico, participativo e

ético. Sabe-se que tal função muitas vezes é prejudicada pela ideia de que ela

deva formar cidadãos para o mercado de trabalho, não levando em

consideração a formação humanista e, sim técnica, para atender a lógica do

capital.

Nessa perspectiva, trabalhar com a EA na escola significa dar

condições ao aluno para exercer sua cidadania, a partir da conscientização de

que deve ter um relacionamento saudável com a natureza, vivenciando atitudes

que levem à preservação do meio ambiente. “A EA é parte do movimento

ecológico e surge da preocupação da sociedade com o futuro da vida e com a

qualidade da existência das presentes e futuras gerações” (CARVALHO, 2005,

p. 51).

Segundo Carvalho (2005, p.52), a EA começa a ser objeto de discussão

de políticas públicas, no plano internacional, em Conferências que

aconteceram em Estocolmo, na Suécia em 1972, em Tbilisi, na ex-URSS em

1977 e em Tessalônica, na Grécia em 1997. Já no Brasil, o evento mais

significativo para o avanço da EA foi o Fórum Global, no Rio de Janeiro, em

1992, que ocorreu paralelamente à Conferência da ONU sobre

Desenvolvimento e Meio Ambiente, conhecida como Rio-92.

A respeito do referido Fórum Global, Carvalho (2005, p.53) explicita que

“as ONGs e os movimentos sociais de todo o mundo reunidos formularam o

Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis, cuja

importância foi definir o marco político para o projeto pedagógico de EA”.

Jacobi (2003, p.194) ressalta ainda que este Tratado “coloca princípios e um

plano de ação para educadores ambientais, estabelecendo uma relação entre

as políticas públicas de educação ambiental e a sustentabilidade”.

No plano governamental, os acontecimentos que merecem destaque

neste artigo são: 1988, na Constituição Federal a EA é incluída como direito de

todos e dever do Estado, em 1992, criação do IBAMA (Instituto Brasileiro do

Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), em 1997, inclusão do

tema “meio ambiente” nos Parâmetros Curriculares Nacionais elaborados pelo

MEC e em 1999, aprovação da Política Nacional de Educação Ambiental pela

Lei 9795, cujo artigo 1° tem a seguinte redação:

Art. 1 – Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.2

Para complementar o parágrafo acima encontra-se em Viel que “A EA

começa a receber apoios e incentivos para a construção de um modo de vida

ecologicamente correto, necessário à construção de sociedades sustentáveis”

(2008, p. 206). É importante salientar que para se construir uma sociedade

sustentável é preciso promover o desenvolvimento sustentável. Tal processo é

possível buscando o equilíbrio entre a preservação do meio ambiente e o

desenvolvimento socioeconômico, atendendo às necessidades do presente

sem comprometer as necessidades das gerações futuras.

Diante disso, percebe-se que para atingir os ideais do desenvolvimento

sustentável é necessário englobar aspectos sociais, econômicos e ambientais.

Entende-se que a sustentabilidade só ocorrerá quando os indivíduos

(consumidores) adquirirem uma consciência voltada para a preservação do

planeta. Educar-se ambientalmente é um grande desafio para toda a

sociedade. Concorda-se com Gomes (2006, p.25) ao apontar que “o modelo

econômico adotado atualmente pela sociedade proporciona e induz a um alto

padrão de consumo, que, mesmo ao alcance de poucos, é insustentável pelos

danos que acarreta para o meio ambiente”.

Neste sentido, ressalta Penna (1999, p, 216) apud Gomes (2006, p. 25):

Os efeitos da degradação ambiental não podem ser tratados sem que se combatam suas causas. O capitalismo moderno deu à luz o consumismo, o qual criou raízes profundas entre as pessoas. O consumismo tornou-se a principal válvula de escape, o último reduto de auto-estima em uma sociedade que

22 A citação provém do endereço eletrônico http://hps.infolink.com.br/peco/lex02.htm.

está perdendo rapidamente a noção de família, de convivência social, e em cujo seio a violência, o isolamento e o desespero dão sinais de crescimento.

Vale destacar o conceito de Funival (2006) apud Guanabara, Gama e

Eigenher (2008, p. 126) para sociedade de consumo: “é aquela em que a

atividade de consumo ocupa papel central na vida das pessoas que a

constituem”. Consome-se muito e a cada dia que passa observa-se uma

quantidade maior de resíduos. Além disso, há uma enorme geração desses

resíduos embutida na fabricação de produtos, que quando chegam às lojas já

carregam consigo uma enorme quantidade de resíduos pré-consumo.

Conforme Layrargues (2005, p. 201) para cada tonelada de lixo gerada pelo

consumo, vinte são geradas pela extração de recursos e cinco durante o

processo de industrialização.

Todo esse consumismo acarreta grandes desperdícios contribuindo para

o aumento da produção de resíduos gerados pela sociedade moderna. Ao lado

do excesso de consumo e de desperdício aparece outro problema. Trata-se da

obsolescência planejada que, segundo Layrargues (2005, p. 183) acontece

quando as pessoas são forçadas a consumir bens que se tornam obsoletos

antes do tempo, tendo em vista que atualmente os produtos saem das fábricas

com tempo de validade “vencido”. Isso, porque os produtos fabricados

atualmente duram muito menos tempo que os de antigamente. Quando esses

necessitam de consertos não é economicamente viável. Assim o indivíduo opta

pela compra de um produto novo, ao invés de mandá-lo consertar.

Uma das soluções para o problema ambiental descrito acima seria “A

eliminação da obsolescência planejada [...]: afinal, produzir um refrigerador que

funcione doze anos ao invés de oito significa ter um terço de refrigeradores a

menos no lixo durante esse mesmo período de tempo” (LAYRARGUES, 2005,

p. 184). Desta forma observa-se que os avanços tecnológicos contribuem para

a descartabilidade de produtos que ainda poderiam ser úteis, haja vista que a

todo o momento aparecem produtos de última geração no mercado. Percebe-

se, assim, uma clara união entre a obsolescência planejada e a criação de

“demandas artificiais no capitalismo”, gerando a obsolescência planejada

simbólica, induzindo o indivíduo ao pensamento ilusório de que a vida útil do

produto esgotou-se, mesmo que ele ainda esteja em perfeitas condições de

uso.

A moda e a propaganda provocam um verdadeiro desvio da função primária dos produtos. Ocorre que a obsolescência planejada e a descartabilidade são hoje elementos vitais para o modo de produção capitalista, por isso encontram-se presentes tanto no plano material como simbólico. (LAYRARGUES, 2005, p.184)

Nessa perspectiva, a implementação da EA na escola considera-se a

Política ou Pedagogia dos 3 R’s (Reduzir, Reutilizar, Reciclar) a qual oferece

subsídios técnicos e pedagógicos importantes para o enfrentamento da

questão. Conforme essa política, a princípio é necessário reduzir o volume de

resíduos produzidos tanto pelas residências quanto pelas indústrias; em

seguida é fundamental reutilizar , ao máximo, esses resíduos e só por fim

lançar mão da reciclagem.

Essa Pedagogia é muito utilizada em projetos de EA que têm os

resíduos sólidos como tema, embora sua implementação possa trazer algumas

contradições. Segundo Layrargues (2005, p.180):

Apesar da complexidade do tema, muitos programas de educação ambiental na escola são implementados de modo reducionista, já que, em função da reciclagem, desenvolvem apenas a Coleta Seletiva do Lixo, em detrimento de uma reflexão crítica e abrangente a respeito dos valores culturais da sociedade de consumo, do consumismo, do industrialismo, do modo de produção capitalista e dos aspectos políticos e econômicos da questão do lixo.

O pesquisador advoga que a reciclagem do lixo deve ser um tema

gerador de questionamentos sobre suas causas e conseqüências e não

apenas uma atividade-fim; que é preciso estabelecer uma política pública para

a gestão do lixo e não apenas que se discutam seus aspectos técnicos,

psicológicos e comportamentais.

De acordo com Carvalho (1991, apud Layrargues, 2005, p. 182) existem

dois discursos ecológicos vigentes na sociedade: o discurso ecológico oficial,

proferido pelo governo; e o discurso ecológico alternativo, enunciado pelo

movimento social organizado. É importante ressaltar que um opõe-se ao outro.

“Enquanto o oficial deseja manter o status quo, o alternativo deseja transformá-

lo”. O discurso ecológico alternativo critica o consumismo que seria combatido

pela diminuição da descartabilidade e a eliminação da obsolescência

planejada.

Já o discurso ecológico oficial prioriza a reciclagem, em detrimento da

redução do consumo e da reutilização. Assim, estamos diante de um grande

desafio, porque colocar em prática os ideais da Educação Ambiental pressupõe

mudanças significativas nas atitudes comportamentais do indivíduo, o que não

é muito simples, pois abrir mão de hábitos de consumo que trazem facilidades

para a vida moderna é, realmente muito difícil, contudo não é impossível. Um

trabalho de conscientização constante, políticas públicas que realmente

queiram transformar o status quo, aliados a boa vontade de cada cidadão, são

caminhos a percorrer para a realização dessas mudanças.

Assim, para se construir uma sociedade sustentável os consumidores

devem alterar seu comportamento e rever seus valores. Para Gomes (2006,

p.26) “o consumo consciente e responsável é a principal manifestação de

responsabilidade social do cidadão”. Ainda de acordo com a mesma autora:

responsabilidade social é a contribuição direta de cada indivíduo para o

desenvolvimento social, construindo uma sociedade mais justa e igualitária, por

meio da condução correta de seus negócios e de suas ações pessoais.

O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global expressa que “a Educação Ambiental é um processo

de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida.

Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a transformação

humana e social e para a preservação ecológica.” (CARVALHO, 2005, p. 235).

Portanto, a Educação Ambiental é um processo contínuo, participativo que

procura incutir nos estudantes uma consciência crítica sobre a problemática

socioambiental.

É preciso aceitar também que ela não é a “salvadora da pátria”, pois não

tem a solução mágica para os problemas ambientais, já que a educação como

um todo é sempre “um processo contínuo de aprendizagem de conhecimento e

exercício da cidadania, capacitando o indivíduo para uma visão crítica da

realidade e uma atuação consciente no espaço social” (Meyer, 2008).

Enquanto a educação escolar tem o objetivo de formar o indivíduo para

a vida social e situá-lo em seu contexto histórico, o da EA é posicioná-lo no

mundo em que vive com responsabilidade em relação aos outros e ao

ambiente gerando condição necessária para o enfrentamento das questões de

ordem socioambiental e seus elementos causais.

Neste sentido, a Educação Ambiental deve estabelecer ação educativa

que respeite as condições culturais de cada região. Por sua ação pedagógica o

homem deve tornar agente consciente, pois somente a partir do conhecimento

é que o indivíduo é capaz de julgar com responsabilidade a sua própria

realidade, assumindo atitudes que possam garantir o desenvolvimento sócio-

econômico de uma comunidade, e ao mesmo tempo garantir o seu bem-estar e

a preservação ambiental.

Foi com o propósito de querer colaborar com a disseminação dos ideais

da EA na comunidade escolar, que nasceu o projeto: Na Escola Tem Lixo! O

Que Fazer Com Ele? com a intenção de levar à comunidade escolar propostas

e ações que verifiquem o nível de conhecimento sobre a produção e o destino

mais adequado para os resíduos gerados na escola. Não é pretensão que essa

proposta fique apenas nos limites da comunidade escolar. Espera-se que a

partir da conscientização dos estudantes, os pais e outros moradores do bairro

também sejam atingidos e passem a assumir atitudes mais sensatas em prol

do ambiente, dentro e fora da escola.

1.1 Objetivos

Este artigo tem como objetivo apresentar e analisar os resultados do

desenvolvimento do projeto Na Escola Tem Lixo! O Que Fazer Com Ele?

implementado no âmbito das ações políticas da Secretaria Estadual da

Educação do Estado do Paraná (SEED) voltadas para a formação continuada

de professores, mais especificamente, do Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE).

1.2 Metodologia

O projeto iniciou-se no segundo semestre de 2008 com um estudo

exploratório das condições da escola e de seu entorno. Com predominância de

abordagem qualitativa, foram elaborados um roteiro de observação e uma

entrevista semi-estruturada3 com a finalidade de verificar a concepção de

professores e funcionários sobre a EA e as possíveis dificuldades para a

implementação do projeto na escola sob a ótica dos entrevistados. Além de

procurar diagnosticar quais ações concretas têm sido realizadas em sala de

aula no âmbito da EA.

O trabalho prosseguiu durante o primeiro semestre de 2009, com o

desenvolvimento de outras ações como: aplicação de questionários junto aos

alunos envolvidos no Projeto, exibição de filmes, realização de palestras e a

instalação de lixeiras. O cenário para seu desenvolvimento foi o Colégio

Estadual José Pavan que está localizado na periferia da cidade de

Jacarezinho, norte do Paraná, atendendo a um corpo discente de mais ou

menos 700 estudantes, a maioria pertencente a uma classe social

desprivilegiada. É conveniente lembrar aqui que o Projeto foi desenvolvido

especificamente com estudantes na faixa etária de 15 a 20 anos do Ensino

Médio, período matutino.

2 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3 Os resultados da entrevista semi-estruturada foram apresentados no artigo Educação Ambiental na Escola: desafio da sociedade contemporânea, como Produção Didático-Pedagógica, material obrigatório do segundo período do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).

A partir do roteiro de observação foi possível diagnosticar informações

interessantes sobre a escola que, muitas vezes, pode passar despercebidas

diante do olhar da comunidade escolar. Dentre elas, destacam-se algumas

peculiaridades da escola, como, por exemplo, a arquitetura antiga do prédio,

com 58 anos de construção, mas que ainda se mantém em bom estado de

conservação, embora as condições de conservação do ambiente no entorno da

escola estivessem razoáveis, havendo certa quantidade de lixo espalhado

pelas ruas e falta de árvores, inclusive nas calçadas que circundam a escola.

Um problema que pôde ser detectado facilmente foi a considerável quantidade

de lixo jogada no leito do riacho denominado Ribeirão Ourinhos, localizado há

umas três quadras da escola que, além de estar poluído, ainda possui pouca

mata ciliar.

Observou-se também que a escola possui uma boa biblioteca com

acervo bastante rico, porém com poucos livros específicos sobre a EA. Todas

as treze salas de aula estão equipadas com a TV Multimídia, além de

laboratório de informática com acesso à internet. Não possuía lixeiras para

coleta seletiva, mas havia latões espalhados pelo pátio para a coleta

convencional do lixo. Apesar da existência de murais informativos para a

apresentação de trabalhos, não foram encontrados murais específicos para as

questões ambientais.

Antes de apresentar o Projeto aos estudantes foi proposto a eles um

questionário composto por duas questões de resposta livre: “O que é ambiente

pra você?” e “Este ambiente está com boa qualidade ou pode ser melhorado?”.

Participaram da pesquisa um total de 57 estudantes que não apresentaram

nenhuma objeção e nem dificuldade para respondê-las, apresentando um total

de sete respostas diferentes para a primeira pergunta, conforme aponta o

gráfico abaixo:

05

1015202530

Luga

r ond

e viv

emos

Tudo o

qie é

vivo

Parque

s e fl

ores

tas

Nature

za

Animais

e p

lanta

s

Flora e

faun

a

O mun

do

Figura 1 - Resposta dos estudantes à questão "O que é ambiente pra você?"

mer

o d

e es

tud

ante

s

Série1

Como se pode observar pela Figura 1, a maioria das respostas para a

primeira questão (45%) foi: lugar onde vivemos. Isso demonstra que os

estudantes já possuíam um conhecimento prévio sobre o assunto que pode ter

sido adquirido tanto em contexto escolar quanto na sociedade em geral. Cabe

ressaltar, que na entrevista realizada como primeira ação deste projeto junto

aos professores, muitos deles disseram trabalhar com questões relativas ao

meio ambiente, ora com atividades sistematizadas, ora com discussões

surgidas espontaneamente em sala de aula. Isso permite pensar que muitos

estudantes tenham adquirido tal conhecimento em contexto escolar.

Para a segunda questão do questionário, o resultado foi o seguinte: 54

dos 57 entrevistados disseram que o ambiente pode ser melhorado e apenas

três acreditam que ele está com boa qualidade. O que leva a perceber, mesmo

que de forma sutil, um certo grau de descontentamento com relação ao

ambiente em que eles vivem. Isso ficaria mais evidente caso tivesse sido

proposto a eles que apontassem os problemas a serem melhorados. Cabe

ressaltar que essas duas questões são de cunho diagnóstico, pois os

estudantes até então não tinham conhecimento acerca do Projeto. Somente

depois desta primeira ação é que este foi apresentado a eles.

Já conscientes da implementação do Projeto, os alunos assistiram ao

curta-metragem Ilha das Flores4·, documentário de Jorge Furtado, produzido

em 1989, que retrata a mecânica da sociedade capitalista. O filme mostra o

caminho de um tomate: plantado, colhido e vendido a um supermercado pelo

4Disponível em http://.youtube.com/watch?v=KAzhAXjUG28

Sr. Suzuki; comprado, rejeitado e jogado no lixo por Dona Anete; levado como

lixo para a Ilha das Flores, rejeitado como alimento para os porcos, e

finalmente, encontrado por pessoas que passam fome e têm cinco minutos

para recolher as sobras dos porcos.

Após a exibição do curta novamente foi proposto aos estudantes um

questionário com quatro perguntas relacionadas ao filme. O objetivo geral

dessa atividade foi levá-los a refletir sobre questões imbricadas à Educação

Ambiental, como: o desperdício, a qualidade do lixo, a responsabilidade do

cidadão perante os problemas advindos da falta de educação ambiental, dentre

outras. A primeira pergunta proposta foi “Qual a diferença entre Dona Anete e

as pessoas que vão recolher lixo para sua alimentação na Ilha das Flores?”.

Cerca de 50% das respostas a esta questão aponta o fator social como

principal diferença entre Dona Anete e as pessoas que recolhem o lixo,

evidenciado no fato de que ela tem trabalho, dinheiro, família. Situação que, na

visão dos alunos, dá a ela melhor condição social, permitindo-lhe o

desperdício, já que tendo dinheiro pode substituir os produtos de má qualidade

a qualquer momento. O que não acontece com as pessoas de classe social

desprivilegiada, principalmente, as que buscam seu alimento no lixo.

Outra questão pertinente apontada pelos alunos é que, segundo eles, a

pessoa que tem dinheiro não tem consciência do valor e/ou do preço dos

alimentos que possuem, por isso joga-os. Respostas que apontam para outras

discussões no âmbito da EA, já que o desperdício pode não estar

necessariamente relacionado à condição social do indivíduo.5

A segunda pergunta do questionário foi “O que coloca os seres humanos

da Ilha das Flores depois dos porcos na prioridade de escolha de alimentos?”.

Pergunta feita durante a exibição do filme, pelo narrador, cuja resposta é

“porque eles não têm dinheiro nem dono”. Tendo em vista que tal pergunta já

tivesse sido respondida no filme, esperava-se que as respostas dos alunos

fossem essa também. Ao contrário, apenas sete dos setenta e cinco

estudantes participantes desta atividade, deram essa resposta.

A grande maioria apontou a falta de dinheiro e o fato de as pessoas

serem livres como principais fatores que as colocam depois dos porcos na

5 Essa problemática será discutida em sala de aula no próximo ano letivo.

prioridade de escolha de alimentos. Se tivessem dinheiro poderiam comprar

seus alimentos e se tivessem um dono como os porcos têm, certamente, teriam

alguém que providenciaria seus alimentos. A liberdade ganha, na visão dos

alunos, um status de prisão, pois sendo livres, são responsáveis pelo seu

próprio alimento.

A terceira questão proposta foi “De quem é a culpa por esta situação dos

seres humanos da Ilha das Flores? Por quê?”. A Figura 2 mostra a resposta

dada pelos estudantes a esta questão:

0

5

10

15

20

25

30

Governo,autoridades

De todos nós Do dono dosporcos

Nossa e dogoverno

Respostasem sentido

Dona Anete De ninguém Delesmesmos

Dos lixeiros Do Sr.Suzuki

Figura 2 - Respostas dos estudantes à pergunta citada acima

me

ro d

e e

stu

dan

tes

Série1

Em geral, os alunos culparam os governantes6 pelo estado deplorável

encontrado pelas pessoas apresentadas em Ilha das Flores. Resposta que já

era esperada, já que culpar o governo por todos os problemas ocorridos na

sociedade faz parte do senso comum. Esperava-se que essa resposta pudesse

ter uma porcentagem ainda maior. Alguns estudantes consideraram culpado o

dono do terreno na ilha onde é depositado o lixo, pois, segundo eles, para este

seria mais importante o lucro que os porcos poderiam lhe dar, do que alimentar

as pessoas que não tem o que comer.

6 Tendo em vista que os alunos atribuíram a culpa ao governo ou autoridades em suas três instâncias (municipal, estadual e federal), optou-se neste artigo pelo uso da palavra “governantes” para designar todas as esferas governamentais.

Foi interessante perceber que 24% dos estudantes, ou seja, 18 deles

depositaram a culpa em toda a sociedade. Isso mostra claramente que eles

têm consciência de que todas as pessoas também têm responsabilidades,

como cidadãos, perante as pessoas menos favorecidas. É conveniente lembrar

que, alguns alunos apontaram mais de um culpado para tal situação. Dos 27

estudantes que atribuíram a culpa ao governo, seis deles, também depositaram

uma parcela dessa culpa em toda a sociedade, elevando a porcentagem de

estudantes que reconhecem a responsabilidade do cidadão diante de tal

situação. A soma desses seis alunos mais os 18 já citados anteriormente eleva

para um total de 24 estudantes (32%) que apresentam essa consciência.

Muitos dos que disseram pertencer a culpa a “todos nós”, citaram o

desperdício como um dos principais problemas a ser resolvidos pela sociedade

para melhorar, ou pelo menos, amenizar a condição de indigência vivenciada

por muitas pessoas que passam fome. Acredita-se que os alunos que culparam

a Dona Anete (4 estudantes), o dono dos porcos (8 estudantes), os lixeiros (2

estudantes) e o Sr. Suzuki (um estudante) apresentaram concepção

semelhante, pois suas respostas levam a perceber que eles conseguiram ver

em cada personagem do filme a representação de algum tipo de

comportamento humano que poderia ser mudado para a transformação da

sociedade.

O comportamento de Dona Anete, pela ótica dos alunos, pode simbolizar

o desperdício, isto é, as pessoas que desperdiçam alimentos; o dono dos

porcos, a pessoa que tem dinheiro e não pensa em seus semelhantes, só

deseja lucrar e os lixeiros, as pessoas omissas, já que eles poderiam, de

alguma maneira, separar o lixo bom e doar às pessoas menos favorecidas.

Assim, pensando nos 24 estudantes que já haviam demonstrado consciência

social, com mais esses 15 agora citados, têm-se um total de 39, ou seja, 52%

dos alunos que responderam ao questionário apresentam tal pensamento. Não

se esperava um número tão expressivo.

A quarta e última questão proposta foi “Você acredita que nós podemos

fazer alguma coisa para melhorar esta situação? O quê?” A Figura 3 mostra a

resposta dada pelos estudantes a esta questão:

0

5

10

15

20

25

Desperdiçarmenos

Ajudar as pessoas Separar o lixo Criar maisempregos

Cobrar daautoridades

Doar alimentos Doar dinheiro

Figura 3 - Resposta dos estudantes à questão citada acima

Nu

mer

o d

e es

tud

an

tes

Série1

Como podemos observar pela leitura do gráfico acima, para a maioria

dos estudantes (22), ou seja, 29% deles, desperdiçar menos alimentos é a

melhor maneira de o indivíduo contribuir para a reversão de tal situação. Na

visão de 17% dos alunos (13), as pessoas podem contribuir separando

adequadamente o lixo para a reciclagem. Como o Projeto já tinha sido

apresentado a eles, considera-se um número razoável de estudantes que

deram essa resposta.

É interessante observar que, como na questão anterior 27 estudantes

haviam culpado o governo pela situação sub-humana vivenciada pelas pessoas

que buscavam seu alimento no lixo depositado em Ilha das Flores, esperava-se

que para esta questão esses mesmos estudantes respondessem que seria

necessário cobrar atitudes do governo, contudo, apenas sete deles deram

essa resposta. Oito alunos responderam que a criação de novos empregos

pode ser um caminho para reverter tal situação, remetendo também ao

governo. Aumentando, portanto, o número de estudantes (15) que acreditam

estar nas mãos das autoridades governamentais as ferramentas para o

enfrentamento dessa problemática.

A grande maioria deles, entretanto, acredita que a solução está nas

mãos da própria sociedade. Para eles, “desperdiçar menos alimentos”, “separar

adequadamente o lixo”, “ajudar as pessoas”, “doar alimentos” e “doar dinheiro”,

são atitudes, que segundo os estudantes, poderiam ser tomadas diariamente

pela população em geral para amenizar tal situação. Pelo menos 58

estudantes, ou seja, 77% deles deram respostas que vão nessa direção.

Ainda com relação a essa questão, vale ressaltar que, as respostas de

dois estudantes chamam a atenção. A do primeiro pela expressiva carga de

pessimismo, já que segundo o aluno, não se pode fazer nada para melhorar a

vida das pessoas que passam fome e a do segundo, porque acredita que é

fundamental a conscientização de que todos os seres humanos são iguais, a

única diferença é a conta bancária. O aluno ainda chama atenção para a

extrema desigualdade social: “vejam o descaso com o próximo, uns

construindo castelos e outros rasgando o lixo”.

Quinze dias após a exibição de Ilha das Flores, foi exibido outro filme: A

História das coisas e novamente proposto um questionário com três questões.

O filme discute questões relacionadas à produção de bens e serviços, desde a

extração de matéria prima, passando pela produção, venda, consumo e

descarte de produtos em comunidades de diversos países. O filme é um alerta

pela urgência em se criar um mundo mais sustentável e justo, revelando as

conexões entre diversos problemas ambientais e sociais.

Ele coloca de uma maneira muito clara e com uma linguagem bem acessível o grande erro da sociedade moderna - achar que nosso planeta é capaz de fornecer ao nosso sistema produtivo e ao nosso modo de vida todos os recursos que precisamos, indefinidamente. Ele mostra como nós, consumidores, contribuímos para criar um sistema econômico totalmente insustentável, e as conseqüências desastrosas que isso tem causado à sociedade e ao planeta.(www.pt.shvoog.com)

O objetivo geral dessa atividade foi levá-los a refletir sobre outras

questões imbricadas à Educação Ambiental, que não foram discutidas no

primeiro filme como: o consumismo, a quantidade de lixo produzido pelas

pessoas e pelas indústrias, a descartabilidade de produtos que ainda poderiam

ser úteis, a exposição das pessoas a produtos químicos tóxicos, dentre outras.

A primeira questão referente ao conteúdo do filme foi “Você acredita

que se as mulheres em idade reprodutiva de países pobres soubessem do

perigo que correm em ficar expostas às toxinas que afetam a gestação e

carcinogênicos para trabalhar em indústrias, desistiriam de trabalhar? Por

quê?” Essa questão foi proposta com o objetivo de levá-los a refletir sobre a

exposição de pessoas a produtos tóxicos que afetam a saúde humana. Como

era de se esperar 67 estudantes (89%) responderam não, mesmo sabendo dos

perigos que correm, elas não desistiriam, pois não tinham outra opção de

trabalho, dependiam daquele. Além disso, muitas tinham que sustentar os

filhos com o dinheiro que ganham nessas fábricas.

O fato de os estudantes pertencerem a uma comunidade de baixa renda

pode ter influenciado na resposta dada, já que se eles mesmos tivessem que

optar, provavelmente, iriam preferir trabalhar correndo riscos de saúde, a

ficarem desempregados e consequentemente sem dinheiro.

A segunda questão proposta foi a seguinte: “Depois de receber as

informações do filme sobre exteriorizar o verdadeiro custo de produção, você

acha que pagamos o preço justo por produtos importados? Por quê?” Sessenta

e cinco estudantes (86%) disseram não ser pago o preço justo e os motivos

citados por eles foram bastante variados: a baixa qualidade dos produtos, os

operários não receberem um salário justo, os produtos não possuírem garantia

e a destruição da natureza, foram os motivos mais enfatizados. Os dez

estudantes que responderam “sim, pagamos o preço justo” também apontaram

como motivo a baixa qualidade dos produtos.

A terceira questão proposta, como no Ilha das Flores, foi “Você acredita

que nós podemos fazer alguma coisa para melhorar esta situação? O quê?”.

Dos 75 estudantes que participaram desta atividade 67, o equivalente a 89%,

responderam que sim, o restante, oito estudantes (11%) ou responderam

apenas não ou afirmaram que essa ação deve ser dos governantes. A Figura 4

mostra as ações mais citadas pelos estudantes que deram resposta afirmativa

para melhorar esta situação:

0

5

10

15

20

25

30

35

Diminuir oconsumismo

preservar o planeta Recilar o lixo Reciclar e diminuir oconsumo

Utilizar produtos semtoxinas

Emprego com saláriojusto

Figura 4 - Respostas dos estudantes à questão citada acima

mer

o d

e es

tud

an

tes

Série1

Considerando que o Projeto tinha como ação final a instalação de

lixeiras para a coleta seletiva de lixo, o objetivo desta questão era verificar se

essa ação apareceria nas respostas dos estudantes. Pode-se verificar pelo

exposto no gráfico acima que seis estudantes deram essa resposta e cinco

responderam reciclar e consumir menos. Somando-se as duas categorias tem-

se um total de 11 estudantes (16%) que afirmaram estar na reciclagem a

solução para melhorar essa situação. Para a grande maioria (44%), entretanto,

como está exposto no gráfico acima, a chave para resolver os problemas

gerados para o ambiente pelo modo de produção vigente (44%) é a diminuição

do consumo. Somando-se mais os cinco que além da reciclagem também

deram essa resposta, a porcentagem sobe para 52%.

Esse resultado vem ao encontro do que foi discutido na introdução deste

trabalho, quando trata da opinião do pesquisador Layrarques (2005, p.180)

sobre essa problemática. Como já foi enfatizado, o estudioso defende que a

solução para resolver o problema do aumento de resíduos sólidos está na

diminuição do consumismo e não apenas no desenvolvimento de programas de

coleta seletiva de lixo sem envolver reflexões críticas sobre a “sociedade de

consumo, o industrialismo, o modo de produção capitalista e os aspectos

políticos e econômicos da questão do lixo”.

Após a exibição desses dois filmes foi proposto aos alunos a leitura de

textos que abordavam a temática do meio ambiente e do lixo. Posteriormente

foram realizadas discussões em sala, com base no conteúdo dos textos, com o

objetivo de levá-los à reflexão sobre a temática principal do Projeto, como

elemento para atingir a perspectiva crítica do estudo e possibilitando, pela ação

prática transformadora, a criação de condições para que os estudantes atuem

com atitudes conscientes em prol do ambiente escolar, tal como propõe os

ideais da Educação Ambiental.

Foi realizada também uma palestra com Jussara Aparecida Fernandes,

responsável pela gestão ambiental da empresa Seara Cargill, unidade de

Jacarezinho, cujo ramo é o alimentício e a atividade é o abate de aves. A

palestrante versou sobre os tipos de resíduos sólidos e sobre a cor adequada

de lixeira para estes serem depositados. A referida atividade teve boa

aceitação pelos estudantes, o que demonstra interesse pelo assunto abordado.

A última ação do Projeto foi a instalação das lixeiras para coleta seletiva

no pátio da escola. Essa ação tinha o objetivo de dar ao estudante condição de

contribuir para mudar seu ambiente de forma a abrandar o problema em

análise. Do ponto de vista pedagógico, essa ação exige um conjunto de

conhecimentos e potencializam o aprendizado dando sentido ainda mais

dinâmico do papel da escola na vida cotidiana.

3 CONCLUSÃO

Os dados de implementação do projeto Na Escola Tem Lixo! O Que

Fazer Com Ele? obtidos por meio das cinco ações junto aos estudantes do

Colégio Estadual José Pavan reforçam a necessidade de se trabalhar com os

ideais da Educação Ambiental formal juntos aos alunos. Isso porque, como já

foi enfatizado na Introdução deste artigo, trabalhar com a EA na escola significa

dar a eles condições para o exercício de sua cidadania, fundamentado na

conscientização de que deve ter um relacionamento saudável com a natureza,

por intermédio da vivência de atitudes que levem à preservação do meio

ambiente. Demonstrando com isso, preocupação “com o futuro da vida e com a

qualidade da existência das presentes e futuras gerações” (CARVALHO, 2005,

p. 51).

Os resultados deste Projeto apontam para várias reflexões, bem como

diversas possibilidades de atuação e de desenvolvimento de trabalho no

âmbito da Educação Ambiental em contexto escolar. A maioria dos

entrevistados tem consciência de que o ambiente é o lugar onde vive e que

esse ambiente não está com boa qualidade, podendo ser melhorado com

ações que remetem a eles mesmos, como a redução de desperdício de

alimentos, a separação adequada de lixo, a diminuição do consumo”. O que é

bastante pertinente, já que o primeiro passo para a mudança de atitudes está

na consciência da necessidade dessa mudança.

É necessário, entretanto, que se tenha vontade e coragem de assumir e

de adotar determinadas atitudes. O conhecimento acerca dos problemas

gerados pelo modo de produção vigente em todo o planeta é fundamental para

impulsionar a transformação do indivíduo. Somente a partir do conhecimento

é que o indivíduo é capaz de julgar com responsabilidade a sua própria

realidade, assumindo atitudes que possam garantir o desenvolvimento

socioeconômico de uma comunidade, e ao mesmo tempo garantir o seu bem-

estar e a preservação ambiental.

Com base nos dados obtidos no âmbito da primeira etapa de

desenvolvimento do Projeto, foi possível constatar que projetos relacionados a

EA encontrarão poucos problemas de implementação em contexto escolar. O

discurso dos professores, apesar do conhecimento limitado a respeito das

políticas de Educação Ambiental, ratifica o discurso que circula socialmente a

respeito da necessidade do homem assumir uma posição responsável para o

desenvolvimento social e econômico que mantenha equilíbrio com a

preservação da natureza. Nosso maior desafio, contudo, é fazer com que esse

discurso não permaneça no vazio, mas que se transforme em práticas efetivas

e conscientes no cotidiano daqueles que participaram deste Projeto.

Embora a EA faça parte de um processo contínuo, espera-se que com o

desenvolvimento do projeto Na Escola Tem Lixo! O Que Fazer Com Ele?, a

comunidade escolar tenha passado a ter uma visão crítica das condições da

escola e do seu entorno e que passe a agir efetivamente para melhorar essas

condições, não jogando lixo em qualquer local, adequando-os às lixeiras que

serão instaladas em seu interior e que se sensibilize para as questões

ambientais gerais, consciente de que cada um tem sua responsabilidade nesse

processo.

REFERÊNCIAS

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