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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: DELIMITAÇÕES CONCEITUAIS E HISTÓRICAS
Maynara Maia Muller/Universidade Tiradentesi
Jadson Tavares de Jesus/Universidade Tiradentes ii
Ranusia Pereira Silva/Universidade Tiradentes iii
RESUMOA Educação a Distância, conforme descreve a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, é uma modalidade de ensino que viabiliza a autoaprendizagem, como a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos meios de comunicação. Este estudo tem o objetivo de descrever as delimitações conceituais e históricas da educação a distância com vistas a difundir aspectos teórico-históricos. A problemática baseou-se em categorias de análise, como: educação a distância, legislação e contexto histórico, a partir de um estudo teórico, de cunho bibliográfico, sendo considerado uma relevante fonte de pesquisa na área. O surgimento e desenvolvimento eletrônico trouxeram para o ambiente educacional as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), ferramentas que viabilizam possibilidades inéditas de interação entre professor e aluno; estudante e estudante e, também, de interatividade com material didático variado. Análise permitiu inferir que a partir da utilização das tecnologias na sala de aula as práticas docentes podem ser ressignificadas. Concluiu-se que o professor pode propor alternativas de intervenção no processo de aprendizagem por meio da educação a distância, bem como, criar estilos de debates em equipes, lidar com a diversidade, apropriar-se de saberes e valores conceituais e históricos, principalmente no cenário de formação inicial docente.PALAVRAS-CHAVE: Educação a distância. Conceitos. História.
1 INTRODUÇÃO
A Educação a Distância (EAD), conforme descreve a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDBEN), é uma modalidade de ensino que viabiliza
a autoaprendizagem, como a mediação de recursos didáticos sistematicamente
organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados
isoladamente ou combinados, e veiculados pelos meios de comunicação. Assim, a
compreensão mais comum de EAD é a de que alunos e professores estão situados em
locais distintos enquanto se desenvolve o processo de ensino e aprendizagem levado
a efeito através de tecnologia específica. Esta serve de veículo de transmissão das
informações, abordagens, conteúdos, exercícios, além da interação e colaboração
constantes entre estudantes e professores.
Em virtude desse perfil, a modalidade EAD
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[...] vem sendo apontada como uma alternativa eficaz para atender à grande demanda por educação inicial e continuada de nosso país, à medida que abre possibilidade para aqueles que não puderam frequentar a escola, além de propiciar permanente atualização dos conhecimentos que são gerados em grande quantidade e em uma velocidade cada vez maior dia a dia. (CRUZ et al, 2009, p. 1).
O surgimento e desenvolvimento eletrônico trouxeram para o ambiente
educacional as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), ferramentas que
viabilizam possibilidades inéditas de interação entre professor e aluno; estudante e
estudante e, também, de interatividade com material didático variado.
No interior desse processo de ininterrupta formação de uma cultura
global, Guimarães (2007, p. 156) afirma, “[...] que o saber navega por vias nunca
antes imaginadas, os conceitos de tempo e espaço de aprendizagem sofrem mudanças
significativas”. Isso acontece em uma mobilização multidimensional, plural e
espontânea própria da humanidade em seus movimentos sociais.
Considerando esse cenário, este estudo tem o objetivo de descrever as
delimitações conceituais e históricas da educação a distância com vistas a difundir
aspectos teórico-históricos. A problemática baseou-se em categorias de análise, como:
educação a distância, legislação e contexto histórico, a partir de um estudo teórico, de
cunho bibliográfico, sendo considerado uma relevante fonte de pesquisa na área.
2 DELIMITAÇÕES CONCEITUAIS E HISTÓRICAS
O conceito de EAD tem sido ampliado e acompanha a evolução das mídias
e dos métodos de ensino que vêm sendo estruturados a partir da entrada da tecnologia
moderna nas salas de aula. Por mais inusitado que pareça, há estudos que atribuem
a textos bíblicos das epístolas de São Paulo dirigidas às comunidades cristãs da Ásia
Menor, a origem histórica da Educação a Distância. Estes ensinavam como viver dentro
das doutrinas cristãs em ambientes desfavoráveis e teriam sido enviadas por volta de
meados do século I. (VASCONCELOS, 2010; GOLVÊA; OLIVEIRA, 2006).
Esse levantamento histórico da EAD desde o século XVIII, exatamente no
ano de 1728, é considerado o marco inicial da EAD, quando foi anunciado um curso
pela Gazeta de Boston, na edição de 20 de março. Em 1829 foi inaugurado na Suécia
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o Instituto Líber Hermondes, que possibilitou a mais de 150.000 pessoas realizarem
cursos dessa natureza. Já em 1840, registra-se a inauguração da primeira escola por
correspondência, no Reino Unido, a Faculdade Sir Isaac Pitman.
O ano de 1856 marca, em Berlim, o surgimento da Sociedade de Línguas
Modernas. Em 1892, criou-se no Departamento de Extensão da Universidade de
Chicago, nos Estados Unidos da América, a Divisão de Ensino por Correspondência
para preparação de docentes. No século XX, ano de 1922, passam a existir os cursos por
correspondência na União Soviética. Em 1935, o Japanese National Public Broadcasting
Service passa a desenvolver programas escolares transmitidos via rádio. O ano de 1947
entrou para a história da EAD através da transmissão das aulas da Faculdade de Letras e
Ciências Humanas de Paris/França, que eram veiculadas pela Rádio Sorbonne.
Em seguida, entram ainda para esta relação, com outros eventos de igual
importância, a Noruega, a Universidade de Sudáfrica, a Chicago TV College/Estados
Unidos, Argentina, Espanha, Venezuela, Costa Rica, Holanda, Índia, Portugal etc.
(GOLVÊA; OLIVEIRA, 2006)
Quanto ao Brasil, as primeiras experiências em EAD ficaram sem registro,
tendo em vista que os primeiros dados de que se tem notícia são apenas os recentes e
pertinentes ao século XX. Os mais relevantes marcos nacionais envolvem o registro na
primeira edição do Jornal do Brasil, em 1904, na seção de classificados, em anúncio
oferecendo profissionalização por correspondência para datilógrafo; o ano de 1923,
quando um grupo liderado por Henrique Morize e Edgard Roquette-Pinto criou a Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro que oferecia curso de Português, Francês, Silvicultura,
Literatura Francesa, Esperanto, Radiotelegrafia e Telefonia.
Segundo Giolo (2008, p. 1212), a EAD tem no Brasil, uma história curta, sob
o ponto de vista de sua participação na oferta de cursos regulares. A LDBEN, Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, desencadeou o processo, mas ele só se estruturou
efetivamente a partir do ano de 2000. Essa lei dispõe sobre a EAD em oito dispositivos,
acumulados em um artigo, quatro parágrafos e três incisos.
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. § 1° A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições, especificamente credenciadas pela União. § 2° A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância. §
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3° As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4° A educação a distância gozará de tratamento diferenciado que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem anus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. (BRASIL, 1996, p. 42)
Além da LDBEN, torna-se relevante registrar que há uma vasta literatura
acerca das questões relacionadas à EAD. Essa literatura forma um estado da arte de
grande relevância para as pesquisas na área e sinalizam uma EAD enquanto símbolo e
representatividade de democratização e universalização do ensino.
Os estudos também indicam que a EAD é um sistema complexo cujos desafios
precisam ser analisados, inclusive quanto aos procedimentos junto às instituições que
visam implantar programas de ensino a distância e à clientela que elas pretendem
atender, assumindo, dessa forma, a ousadia de desenvolver diferentes propostas,
acompanhar sua execução, levantar indicadores de qualidade e avaliá-las ao longo de
todo o período de realização (ALMEIDA, 2011).
As inovações tecnológicas e processos educacionais, pedagogia e
tecnologia, compreendidas sob a perspectiva de processos sociais, o comum é o de
que sempre formam um contexto que se desenvolve no processo de socialização das
novas gerações. Desse envolvimento brota a necessidade da “[...] preparação dos jovens
indivíduos para o uso dos meios técnicos disponíveis na sociedade, seja o arado seja o
computador” (BELLONI, 2002, p. 118).
Pensar EAD nessa abordagem implica em formar sujeitos históricos capazes
de participar nas reconstruções dos espaços sociais em que estão inseridos. A qualidade
política da EAD está em possibilitar uma formação acadêmica que prepare para a
intervenção e transformação das realidades, ressignificando conhecimentos e saberes.
3 DIMENSÕES CONCLUSIVAS
O contexto conceitual e histórico da EAD permite fazer uma análise de
que a partir da utilização das tecnologias na sala de aula as práticas docentes podem
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ser ressignificadas. Além disso, o professor pode propor alternativas de intervenção no
processo de aprendizagem por meio da educação a distância, bem como, criar estilos
de debates em equipes, lidar com a diversidade, apropriar-se de saberes e valores
conceituais e históricos, inclusive no cenário de formação inicial docente.
A discussão, aqui, proposta conduz a uma reflexão mais veemente acerca da
relevância de o professor (re)criar a profissão docente pela utilização das tecnologias.
Isso possibilita afirmar que há uma relação entre a prática reflexiva e a educação a
distância com vistas a otimizar os processos de ensino e aprendizagem.
Referências
ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Educação à distância no Brasil: diretrizes políticas, fundamentos e práticas. Disponível em: <http://cecemca.rc.unesp.br/cecemca/EaD/artigos/atigo%20Beth%20Almeida%20RIBIE.pdf>. Acesso em: 15 set de 2013.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996.
CRUZ, Flávia Araújo et al. A visão de alunos sobre o conceito de Educação a Distância e a possibilidade de autonomia e interatividade no ambiente virtual de aprendizagem (AVA). 2009. Disponível em: http://www.abciber.com.br/simposio 2009/trabalhos/anais/pdf/artigos/4_educacao/eixo4_art9.pdf. Acesso em: 30 ago. 2013.
GIOLO, J. A educação a distância e a formação de professores. Revista. 2008, vol. 29, n.105.
GOUVÊA, G.; C. I. OLIVEIRA. Educação a Distância na formação de professores: viabilidades, potencialidades e limites. 4. ed. Rio de Janeiro: Vieira e Lent. 2006.
GUIMARÃES, Jane Mary de Medeiros. Educação, globalização e educação a distância. Revista Lusófona de Educação, 2007, 9, 139-158. Disponível em: <http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/ rle/n9/n9a09.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2013.
VASCONCELOS, S. P. G. Educação a Distância: histórico e perspectivas. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Disponível em: <http://www.filologia.org.br/viiifelin/ 19.htm>. Acesso em: 08 jan. 2010.
i Mestranda em Educação pela Universidade Tiradentes, especialista em Metodologia do Ensino Superior pelo Centro de Estudos e Pesquisas Ênfase e graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Faculdade Santíssimo Sacramento. ii Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe, especialista em Gestão Escolar pela Universidade Católica de Brasília e graduado em Filosofia pela Faculdade Salesiana de Filosofia Ciências e Letras de Lorena.
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iii Mestranda em Educação pela Universidade Tiradentes, especialista em Didática do Ensino Superior pela Faculdade Pio Décimo e graduada em Letras Vernáculas pela Universidade Federal de Sergipe.
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