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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Pós Graduação em Docência no Ensino Superior
Educação a Distância
PorVera Lúcia dos Reis Soares
Rio de JaneiroFevereiro de 2002
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Pós Graduação em Docência no Ensino Superior
Educação a Distância
Rio de JaneiroFevereiro de 2002
Trabalho Monografia apresentadocomo exigência final do Curso dePós Graduação em Docência noEnsino Superior
PorVera Lúcia dos Reis Soares
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Educação a Distância
VERA LÚCIA DOS REIS SOARES
Dissertação submetida ao Departamento de Pós Graduação -Projeto a vez do Mestre da Universidade Cândido Mendes, como requisito final doCurso de Pós Graduação em Docência no Ensino Superior.
Rio de Janeiro 2002
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AGRADECIMENTOS
Ao professor Palmiro, orientador desta dissertação, meus agradecimentos peladedicação;
À Professora Christie, por seu apoio, incentivo e interesse;
Ao Professor Vilson, toda força e incentivo que foram fundamentais no transcurso dapesquisa;
À minha família e os amigos pela ajuda e compreensão nos momentos difíceis;
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SUMÁRIO
I – Introdução ...................................................................... 6
II – Mudanças nos processos de aprendizagem .............. 7
III – A Internet e o ensino ..................................................... 10
IV – Considerações finais .................................................... 15
V – Referências bibliográficas ........................................... 21
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I. INTRODUÇÃO
A globalização dos negócios, o desenvolvimento tecnológico, o forte impacto
das mudanças e do intenso movimento pela qualidade, surge uma eloqüente
constatação no cenário atual, a globalização.
Vivemos na sociedade da aprendizagem. A cultura atual nos demanda uma
formação permanente e uma reciclagem profissional que alcança quase todos os
âmbitos produtivos, como conseqüência, em boa medida, de um mercado de
trabalho complexo, mutável, flexível e inclusive imprevisível, junto a um acelerado
ritmo de mudança tecnológica que nos obriga a estar aprendendo sempre coisas
novas.
No entanto, esta cultura de aprendizagem avança para além dos espaços
educativos formais, como expõe Pozo (1996), a aprendizagem acontece “não só ao
largo de toda a nossa vida, senão durante a extensão de cada dia”. Assim, nossas
necessidades de aprendizagem não só estão relacionadas ao âmbito profissional, já
que nos dedicamos a adquirir conhecimentos culturalmente relevantes para nossa
inserção social, como são por exemplo os estudos de idiomas ou informática.
Além disso, nossa interação quotidiana com a tecnologia nos obriga a
adquirir novos conhecimentos: aprender a manejar automóveis, caixas eletrônicos,
máquinas expedidoras de passagens, máquinas automáticas de bebidas, televisores
sofisticados, computadores etc. Assim mesmo, existem outras necessidades de
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aprendizagem ligadas ao ócio. Quando acabamos de aprender todo o anterior,
aprendemos a nadar, a esquiar, a tecer, a pintar, a dançar, a cantar, a jogar cartas,
xadrez, a tocar algum instrumento etc.
Sem lugar a dúvidas, vivemos em uma sociedade de aprendizagem. Esta
demanda de aprendizagens contínuas e massivas é uma das características que
definem a sociedade atual, ou seja, de mudanças constantes e imprevisíveis.
Muito se tem falado sobre o uso de tecnologias de informação para melhoria
dos processos produtivos das empresas num cenário globalizado mas pouco ou
quase nada se fala sobre as possibilidades de seu uso no ensino, e as
oportunidades de aprendizagem que podem advir desse processo, ou seja, da
internet na educação. Nesse sentido, este trabalho visa abordar e dar destaque a
discussão que envolve a tecnologia nas entidades de ensino, ou seja, o uso da
tecnologia da informação como ferramenta essencial para desenvolvimento de
métodos educacionais.
II. MUDANÇAS NOS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM
O forte impacto das mudanças, decorre em função do mundo não poder ser
considerado estável, previsível. As mudanças são cada vez mais rápidas e
descontinuadas, ou seja, não seguem a nenhuma lógica conhecida.
Mudanças podem também ser observadas nos processos de aprendizagem.
Cada vez mais, o conhecimento, a capacidade de aprendizagem, se torna um
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diferencial. Tendo como pano de fundo este cenário, a aprendizagem através de
recursos da tecnologia, passa a ser fundamental.
Diante desse novo cenário, a educação à distância vem sofrendo mudanças e
transformações nestes últimos anos. A visão que se tem hoje é totalmente diferente
de sua tradicional configuração. Trata-se de um novo contexto, de um novo cenário.
É dentro desta nova visão que se propõe o desenvolvimento deste trabalho, ou seja,
abordar e enfatizar o ensino à distância, através da utilização das novas tecnologias
existentes, no caso, a internet.
O ensino a distância passa a ter um papel determinante no processo de
formação e atualização de profissionais e cidadãos.
O que é educação a distância? É uma forma de aprender e ensinar muito
antiga: os famosos cursos por correspondência existem desde o século passado. O
correio, o telefone, o telégrafo, o rádio e a TV, ou seja, os meios de comunicação a
distância entre pessoas foram sempre muito usados para eliminar a necessidade de
proximidade física entre alunos e professores. Atualmente o meio mais utilizado na
educação à distância, vem sendo realizado através da internet.
As mudanças, de certa forma, impactantes, num curto espaço de tempo
obrigou uma profusão de conceitos tão intensa. E com eles, exigências de novas
posturas, paradigmas e modelos mentais. Aprender, no caso, não significa ser capaz
de reproduzir comportamentos ou memorizar conteúdos pré fixados. Aprender, no
sentido sistêmico e abrangente do termo, significa ser capaz de transformar-se, de
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modo a modificar a própria estrutura de comportamento, tornando-a mais eficaz no
sentido de perseguir os valores essenciais da própria pessoa, grupo social ou
comunidade.
A educação a distância vem experimentado um crescimento sem
precedentes no último decênio; no entanto, esta explosão acontece em detrimento
da qualidade da oferta educativa e, de alguma maneira, tem gerado a
desvalorização, no mercado de trabalho, das credenciais outorgadas. Este é o
desafio que os educadores e as organizações educativas governamentais e não
governamentais latinoamericanas devem enfrentar para estar a altura das
necessidades de aprendizagem que a vertiginosa sociedade da informação reclama.
Na verdade, o processo de globalização está trazendo profundas
transformações para as sociedades contemporâneas, isto porque, o acelerado
desenvolvimento tecnológico e cultural, principalmente na área de comunicação,
caracteriza uma nova etapa, onde coloca novos desafios para o homem,
principalmente nas seguintes esferas: cultura, estado, mundo do trabalho, educação,
entre outros. Essas esferas sofrem as influências de um novo paradigma, devendo-
se adequarem ao mesmo, pois quem não se der conta desse processo de
transformação e não conseguir enxergar o futuro tende a inércia ou ao atraso.
Quanto ao que tange à educação, a transformação está em possibilitar o
desenvolvimento desse valor (educação) trabalhando o homem integralmente para
que ele possa não só atender aos requisitos do mercado, mas também atuar como
cidadão do mundo globalizado.
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III. A INTERNET E O ENSINO
O processo de globalização da produção acadêmica no ciberespaço está
alterando o conteúdo das disciplinas, o ensino está deixando de ser uma atividade
meramente presencial, restrita ao quadro e ao giz, para ser uma atividade rica em
termos do alcance, escala de atuação, intercâmbio acadêmico, escopo científico e
flexibilidade.
A partir do domínio de um provedor de rede, alguns professores que possuem
página doméstica (home page) e trabalham com o ensino à distância já estão
utilizando seu portfólio de aulas, testes, textos, arquivos, imagens e bancos de
dados, na sala de aula; disponibilizando via internet para os alunos informações
sobre temas trabalhados em sala de aula, bibliografias retidas nos diretórios de seu
portfólio.
Muitos estudantes universitários farão o curso todo sem sair de casa. A
combinação de computadores, redes e multimídia provocará uma verdadeira
revolução no ensino superior, dentro de poucos anos. Esta perspectiva futurista já
está se tornando realidade graças à Internet. É cada vez maior o número de
universidades on-line, que oferecem cursos completos em nível de graduação ou
pós-graduação. Neste contexto, o ensino a distância requer do aluno uma
característica de autodidatismo, justamente por ser um requisito necessário, onde
deve ser considerado os conhecimentos anteriores do aluno e a sua experiência
pessoal. Outro fator relevante é que o autodidatismo basicamente não contempla o
contato humano, porém quanto maior for a interatividade, maior será a qualidade do
aprendizado.
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É válido ressaltar que a atual geração de professores não se encontra
preparada para atuar dentro do paradigma estimulado pelo ensino a distância, na
Internet. Para o Professor Marco Antônio da Silva, da Faculdade de Educação da
UERJ, a atual geração ainda mantém-se na perspectiva do linear, do texto didático
único, da fala do mestre, da sinopse no quadro, do macete para a prova, da coisa
pronta. Esta geração não está preparada para lidar com a conectividade, com a
multiplicidade, com o hipertextual.
• CARACTERÍSTICAS DO ENSINO A DISTÂNCIA ATRAVÉS DA INTERNET
- O aluno pode entrar no site desejado, escolher o curso que quer, e ler o
material ali disponível;
- Pode entrar em contato por correio eletrônico com o professor do curso ou
com o seu professor-tutor;
- Pode responder à questões para testar sua proficiência no aprendizado e
ler materiais mais aprofundados, seguindo a orientação do computador ou
do tutor;
- Os professores e tutores podem receber relatórios detalhados sobre o que
o aluno viu, estudou e respondeu;
- Coleções de “links” nas páginas do curso e mecanismos de busca
permitem que o estudante navegue pela Internet global e ache mais
materiais didáticos de estudo sobre um tema determinado; acessar
numerosos recursos de informação para ajudar o estudo, tais como livros e
revistas multimídia, filmes, gravações de áudio, programas educacionais
de computador.
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Enfim, o ensino a distância permite um aprendizado mais rápido do que os
métodos tradicionais pelo fato do aluno poder avançar no conteúdo segundo seu
próprio ritmo, além disto o aluno pode estruturar o seu tempo, com maior
aproveitamento deste.
- Vantagens: - Rápida atualização dos conteúdos;
- Personalização dos conteúdos transmitidos;
- Facilidade de acesso e flexibilidade de horários;
- O ritmo de treinamento pode ser definido pelo próprio usuário;
- Disponibilidade permanente dos conteúdos do treinamento
- Custos menores quando comparados ao treinamento convencional
- Redução do tempo necessário para o aprendizado.
- Possibilidade de treinar um grande número de pessoas ao mesmo
tempo.
- Diversificação da oferta de cursos.
- Desvantagens: - A “tecnofobia” ainda está presente em significativa parcela da
população;
- Necessidade de maior esforço para motivação dos alunos;
- Exigência de maior disciplina e auto-organização por parte do
aluno;
- A criação e o preparo do curso on-line é geralmente, mais
demorada do que a do treinamento;
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- Não gera a possibilidade da existência de insights e vínculos
relacionais, que somente o processo de interação presencial
permite;
- O custo de implementação da estrutura para o desenvolvimento
programa de E-learning é alto;
- Dificuldades técnicas relativas à Internet e à velocidade de
transmissão de imagens e vídeos;
- Limitações no desenvolvimento da socialização do aluno;
- Limitações em alcançar objetivos na área afetiva e atitudinal,
pelo empobrecimento da troca direta de experiência entre
professor e aluno;
Comparação entre as mídias utilizadas no Ensino à Distância
Mídias paraEducação a
DistânciaCaracterísticas Vantagens Desvantagens
CD Rom
Conteúdo teóricodo cursoincrementado como uso de imagens,sons e outrosrecursosmultimídias.
Compactação dainformação.Utilização devariadas fontes deestímulo, atravésde animaçõescom sons eimagens.
Não permiteatualizaçõesrápidas.BaixaInteratividade.
DVD
Conteúdo teóricodo cursoincrementado como uso de imagens,sons e outrosrecursosmultimídias.
Compactação dainformação.
Utilização devariadas fontes deestímulo, atravésde animaçõescom sons eimagensMaior resolução evelocidade em
Não permiteatualizaçõesrápidas.
BaixaInteratividadeNúmero deusuários de DVDé ainda muitopequeno. Só 5%dos usuários de
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imagens,principalmente emvídeos.
CD têm tambémDVD.
Internet
Conteúdo teóricodo cursoincrementado como uso de imagens,sons e outrosrecursosmultimídias,transmitidosatravés da web edisponibilizadosde forma on-line.
Atualizaçãopermanente.Maiorinteratividade.Possibilidade dedirecionamentodireto para outrosendereços cominformaçõescomplementares.
Limitaçõestécnicas para oenvio de imagense vídeos.Exige conexãocom a internet,conta de email econhecimentossobre navegação.
Intranet
Conteúdo teóricodo cursoincrementado como uso de imagens,sons e outrosrecursosmultimídias,disponibilizado narede da empresae acessadoatravés de senha.
Facilita o controledos usuários.Atende a umaclientela comperfil maisdefinido.Não implica custode acesso para ousuário.
Limitada aoespaçocorporativo.
Teleconferência eVideoconferência
Conferênciatransmitida naforma deprograma de TV,em circuitofechado, viasatélite, comcobertura nacionalou internacional.O Programa égerado a partir deum determinadoponto etransmitido viasatélite paralocalidadesdesignadas,sendo captadoatravés deantenasparabólicas.
Evita odeslocamento depessoas, quepodem assistir àconferência semsair de seu localde trabalho.Possibilita atingirum grandenúmero depessoas em umúnico evento.As possíveisdúvidas podemser esclarecidasde imediato,através deperguntas aopalestrante viatelefone ou fax.
Alto custo deimplementaçãoMédio grau deinteratividade.Demanda amesmaorganização deum eventopresencial.
Vídeo-AulaAula gravada emvídeo, geralmenteem estúdio,
Flexível, poispermite o controledo aluno sobre o
Lentidão nadifusãoCustos deduplicação e
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reproduzida emVHS e distribuídaem larga escala.
ritmo doaprendizadoGrandecapacidade derecursosmultimídia.
reprodução.Baixainteratividade
Tele-Aula
Aula transmitida,via satélite, porTV aberta. OTelecurso daRede Globo é oexemplo maisconhecido.
Difusão imediatacom largaabrangência depessoasBaixocusto dedistribuiçãoGrandecapacidade derecursosmultimídia.
Pouco flexívelNãopermite o controledo aluno sobre oaprendizadoBaixainteratividade.
IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como já foi citado anteriormente, a educação a distância passa a ter um
papel determinante no processo de formação e atualização de profissionais e
cidadãos. Entretanto obstáculos que impedem à maior penetração da educação a
distância, são exatamente o preconceito, pois existe uma temerosidade na qualidade
desse aprendizado, bem como a idoneidade dos cursos oferecidos neste contexto.
A educação a distância, como define a UNESCO, nos permite vislumbrar
uma redemocratização da informação e do conhecimento, prioridade absoluta das
Nações Unidas, garantindo o acesso à educação permanente para todos. No
entanto, os programas de educação a distância sofrem, em alguns países, de uma
escassa credibilidade e igualdade de reconhecimento e valorização dos títulos
obtidos, tal como enuncia a UNESCO, historicamente falando, a maioria dos países
têm tido experiências com programas e instituições de baixa qualidade, o que
implica em uma pobre reputação desta forma de estudo.
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Os programas de educação a distância sofrem, “em alguns países, de uma
escassa credibilidade e igualdade de reconhecimento e valorização dos títulos
obtidos”, tal como enuncia a UNESCO, “historicamente falando, a maioria dos países
têm tido experiências com programas e instituições de baixa qualidade, o que
implica em uma pobre reputação desta forma de estudo.
Na região latino-americana, a educação a distância se viu submetida a
numerosos questionamentos, derivados por um lado, das tristes experiências de
pessoas que, sem parâmetros para selecionar ou eleger, caíram presas de
comerciantes sem ética, que vendem “cursos a distância” e, em realidade, entregam
livros on line, materiais escritos com os quais os alunos, sozinhos, não têm
condições de aprender.
Realmente, um exemplo real são os cursos por correspondência do Instituto
Universal Brasileiro e do Instituto Monitor, considerados de baixa qualidade ou
simples enganação. Tanto assim que vários Conselhos Regionais, como o de
Contabilidade, rejeitam a certificação profissional de pessoas formadas por cursos a
distância. Mas essa situação tende a mudar, certamente, com a entrada de
universidades respeitadas na área.
Entretanto, é válido ressaltar que hoje, graças ao acúmulo de experiências
realizadas e a projetos de porte nacional em desenvolvimento, como presenciais dos
Centros de Estudos Supletivos da Secretaria Estadual de Educação do Rio de
Janeiro; o Telecurso, iniciativa da Fundação Roberto Marinho em parceria com a
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FIESP/CIESP/SESI/SENAI/IRS; o Salto para o Futuro, da Fundação Roquete Pinto
em parceria com as Secretarias Estaduais da Educação; os cursos por
correspondência da ABT; os cursos de extensão da Faculdade Carioca e de
especialização da Cope/UFRJ, ambos através da Internet, e muitos outros, o público
está cada vez mais familiarizado com a presença da educação a distância. Também
o público interno da área educacional mostra-se mais receptivo. Em suma, o ensino
a distância hoje dispõe de muitas outras alternativas para aproximar professores e
alunos.
Outro dos problemas mais comuns em programas de educação a distância é a
escassa comunicação promovida entre alunos, tutores e professores, que gera
isolamento e empobrecimento no tratamento da informação, falta de motivação e
limita o potencial de transferência dos conhecimentos à prática, a outras realidades
ou problemas. Outro fator também é o conservadorismo e acomodação quanto aos
métodos tradicionais de aprendizagem e, segundo, a falta de hábito, de
conhecimento, afinidade quanto ao uso das tecnologias utilizadas.
Como explica NISKIER (1996), a Educação à Distância no Brasil é cercada de
preconceitos e considerada um ensino de segunda classe, muito embora o sistema
regular de ensino seja impotente para atingir todo o País. Esta situação difere
inteiramente do que ocorre em inúmeros países adiantados e em desenvolvimento
que há anos vêm adotando esta modalidade de ensino, atribuindo a ela o mesmo
valor e credibilidade dos cursos convencionais.
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Em decorrência de compromisso assumido na Conferência Mundial sobre
Educação para Todos, realizada na Tailândia em 1990, foi elaborado no Brasil o
Plano Decenal de Educação para Todos, para o período compreendido entre 1993 e
2003, cujo item 8 trata do Sistema Nacional de Educação à Distância. O Sistema
deverá aprimorar o programa de atualização e capacitação de professores e avaliar
os projetos de Educação à Distância, dentre outras atribuições. Está direcionado
para a pré-escola, a educação especial, o ensino básico e tecnológico
(UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO, 1996).
Com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal no
9.394/96) sancionada pelo Presidente da República em 20 de dezembro de 1996, a
Educação ganhou amparo legal, podendo contribuir para a solução dos graves
problemas educacionais do País.
Agora parece que o Brasil está deslanchando em educação a distância,
basicamente por dois motivos: primeiro, a nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDBE), que é a regulamentação maior do setor educacional público e
privado no País, deu um espaço importante para a educação a distância, colocando-
a em pé de igualdade com o ensino presencial, em termos de certificação. Segundo,
o desenvolvimento recorde da Internet colocou uma massa grande de usuários no
mercado de educação a distância, que cada vez mais se baseia em tecnologias de
rede, como email, Web, etc., para a implementação de cursos à distância com alta
interatividade e riqueza de informações. Para isso, as universidades públicas e
privadas tem se equipado aceleradamente, treinando professores, comprando
computadores e redes, e se conectando à Internet.
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Como estamos muito no início dessa revolução, no entanto, há ainda poucas
iniciativas sólidas e concretas, baseadas em estratégias integradas das instituições.
Algumas universidades, como a Universidade Federal de Santa Catarina, a
Universidade Nacional de Brasília, a PUC do Rio de Janeiro e a Universidade
Morumbi/Anhembi foram pioneiras e tem programas muito fortes. A UFSC é uma das
mais bem posicionadas: tendo iniciado o seu programa de educação a distância em
1995, hoje tem muitos cursos de extensão e 17 cursos de mestrado, com mais de
500 alunos. Estes geralmente são fechados, muito próximos a cursos convencionais,
e oferecidos via videoconferência através de convênios com outras universidades.
Mais de 150.000 alunos já participaram dessas atividades e espera-se concluir 150
teses de mestrado por esse sistema até o final do ano, com baixa taxa de evasão. A
PUC de Campinas já tem curso de mestrado a distância ou parcialmente presencial.
Existem já há bastante tempo uma Associação Brasileira de Tecnologia Educacional
(que tem uma parte forte em educação a distância) e a Associação Brasileira de
Educação à Distância (ABED), que realizou em agosto um congresso de grande
sucesso no Rio de Janeiro.
Concluindo: A Internet está alterando a paisagem do nosso ambiente social e
intelectual e, sem dúvida, veio para ficar. Ela está produzindo modificações nas
teorias de aprendizagem e, portanto, no ensino. Novas maneiras de pensar e de
conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática.
As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na
verdade, da metamorfose incessante dos dispositivos informacionais de todos os
tipos. Escrita, leitura, visão, audição são capturados por uma informática cada vez
mais em evolução.
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O que precisamos entender é que a Internet constitui-se hoje em um dos
dispositivos técnicos pelos quais percebemos o mundo, o social, os seres vivos, os
processos cognitivos. A experiência passa a ser estruturada também via Internet.
Enfim, a Internet na escola, nas faculdades e universidades é uma realidade
tão inelutável como foi a da introdução da palavra escrita; O que nos faz concluir
que, a tecnologia está presente na vida das pessoas comuns – portanto, não pode
ser ignorada pelas entidades de ensino.
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V. Referências Bibliográficas
Revista Infoexame, 2000, pag. 32
Pierre LEVY, As tecnologias da inteligência
SABBATINI, Renato - Jornal Correio Popular, Campinas, 1/10/99
SABBATINI, Renato - Correio Popular, Caderno de Informática, 14 e 21/7/98
Cavalcanti, José Carlos. Internet: o modelo nacional, Revista de Economia Política,
Vol.17, nº2(66), abril-junho/1997, pp.130-144.
Comitê gestor da Internet no Brasil: http://www.cg.org.br
Gutierrez, Francisco e Prieto, Daniel. A Mediação Pedagógica, Campinas – São Paulo,
Editôra Papirus, 1994.
Lévy, Pierre. As tecnologias da inteligência, Rio de Janeiro, Editôra 34, 1993.