eduardo marçal grilo _o país não resiste a este pingue-pongue_ - pÚblico

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E MARIA JOÃO AVILLEZ (Texto) e DANIEL ROCHA (HTTP://WWW.PUBLICO.PT/AUTOR/DANIEL-ROCHA) (Fotografia) É culto, civilizado, cosmopolita, curioso. Tem vida própria. Há nele algo de britânico que cultiva com brio: o tom de voz, a atitude, os modos, o ar vagamente snob . Em resumo: é óptimo conversar com ele, mesmo quando se discorda duardo Marçal Grilo foi director-geral do Ensino Superior, trabalhou para o Banco Mundial, presidiu ao Conselho Nacional da Educação,foi ministro da Educação com Guterres, é administrador da Gulbenkian. Um servidor público que lê compulsivamente e é militante do ciclismo. Eduardo Marçal Grilo "O país não resiste a este pingue- pongue"

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Revista 2 - Marçal Grilo Entrevista

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  • EMARIA JOO AVILLEZ (Texto) e DANIEL ROCHA

    (HTTP://WWW.PUBLICO.PT/AUTOR/DANIEL-ROCHA) (Fotografia)

    culto, civilizado, cosmopolita, curioso. Tem vida

    prpria. H nele algo de britnico que cultiva com

    brio: o tom de voz, a atitude, os modos, o ar

    vagamente snob . Em resumo: ptimo conversar

    com ele, mesmo quando se discorda

    duardo Maral Grilo foi director-geral do Ensino

    Superior, trabalhou para o Banco Mundial,

    presidiu ao Conselho Nacional da Educao,foi

    ministro da Educao com Guterres,

    administrador da Gulbenkian. Um servidor pblico que

    l compulsivamente e militante do ciclismo.

    Eduardo Maral Grilo"O pas no resiste a este pingue-pongue"

  • Eduardo Maral Grilo, 72 anos, morreria sem os fins

    de semana na sua casa da Praia das Mas onde o ar do

    mar e as longas caminhadas a p lhe tonificam a alma;

    sem a companhia dos cinco netos, trs dos quais

    italianos, o que o leva, com a sua mulher Teresa, a

    aterrar com alguma frequncia em Milo, para matar

    saudades deles. E passaria muito mal sem ler todos

    os dias, particularmente sobre a Segunda Guerra

    Mundial da qual quase se tornou especialista. Refere-

    se sua formao como tendo sido de banda larga, o

    que lhe apurou o critrio. Continua a trabalhar as horas

    que forem precisas na sede da Fundao Gulbenkian, da

    qual um dos administradores e responsvel por reas

    de formao e investigao h trs dias, eram quase

    21 horas estava ainda no seu gabinete a acabar umas

    coisas. E mantm o dirio que comeou em 1993:

    Talvez um dia publique pelo menos uma parte dos

    mais de 80 cadernos que j tenho escritos.

    H dias, o ministro Poiares Maduro referiu-se

    publicamente ao ensino superior como um

    bem exportvel, fazendo-o aps a assinatura

    no incio deste ano, de um protocolo, entre as

    universidades portuguesas e a AICEP (Agncia

    para o Investimento e Comrcio Externo de

    Portugal), que oficializava essa inteno. Sei

    que teve alguma coisa que ver com isto. Como

    foi esta estreia absoluta? O ensino superior

    encarado como um bem de exportao?

    Houve dois momentos. Numa sesso em Maio do ano

    passado, em Boston, vi um filme da AICEP que

    apresentava uma espcie de roadshow de Portugal,

    apercebendo-me de que o ensino superior, o

    conhecimento, a formao de recursos humanos

    avanados no constavam do filme. Mais tarde, numa

    conversa com Pedro Santa-Clara, professor da

    Universidade Nova, tive ocasio de debater longamente

  • esse tema, concordando ambos na enorme importncia

    que devia ser atribuda ao ensino superior como

    produto de exportao.

    Onde assenta a bondade da ideia?

    Ao contrrio de h 20 anos, h hoje uma capacidade de

    formao avanada e de investigao muito

    significativas, o que , em si mesmo, um factor de

    captao de investimento e de atraco de estudantes

    estrangeiros. Em nome da Fundao Gulbenkian,

    procurei sensibilizar o presidente do Conselho de

    Reitores e da AICEP para que a agncia inclusse o

    ensino superior como um produto que merecia ser

    divulgado no exterior.

    Os portugueses conhecem mal a universidade e a

    investigao que aqui se produz. E no exterior

    conhecem ainda pior, embora haja redes a que

    pertencem algumas escolas e investigadores: o Instituto

    Superior Tcnico, a Faculdade de Engenharia do Porto e

    a de Economia da Nova, a Faculdade de Economia da

    Universidade Catlica. E alguns centros das

    universidades de Coimbra, Aveiro e Minho que so

    plos que podem competir com quaisquer outros.

    H exemplos disso?

    Dou-lhe j um: a Bosch tem trs fbricas

    em Portugal. Um dia houve um problema

    tecnolgico na fbrica de Aveiro,

    necessitavam de um trabalho de pesquisa

    em laboratrio e decidiram procur-lo na

    Universidade de Aveiro. Semanas depois,

    vindo a Portugal, um dos directores da

    Bosch na Alemanha espantou-se:

    Aveiro? Porqu? Passados porm

    alguns meses os alemes reconheceram

    que, na Europa, aquela universidade era

    o lugar onde tal trabalho seria realizado com maior

    sucesso. Ou seja, o pas conta hoje com um conjunto

    Ao contrrio de h vinte

    anos h hoje uma

    capacidade de formao

    avanada e de

    investigao muito

    significativas, o que , em

    si mesmo, um factor de

    captao de investimento

    e de atraco de

    estudantes estrangeiros

  • de departamentos, institutos, faculdades e centros de

    pesquisa que competem com qualquer universidade do

    mundo. Basta olhar para os resultados das candidaturas

    ao European Research Council as bolsas mais

    competitivas da Europa para verificar que Portugal

    tem j um nmero significativo de bolsas ganhas por

    investigadores portugueses com projectos portugueses.

    E ento, na sua qualidade de administrador da

    Fundao Gulbenkian, abenoou o

    casamento da AICEP com as nossas

    universidades...

    Sim: puseram-se os parceiros em contacto, promoveu-

    se o dilogo, obteve-se um protocolo entre todas as

    universidades pblicas mais a Universidade Catlica e a

    AICEP. Fomos os catalisadores deste processo, que

    uma das funes da fundao. Tratou-se do

    indispensvel primeiro passo mas o que importa agora

    que a agncia, nas suas misses no exterior, inclua as

    nossas universidades como factor de valorizao do pas

    e de atraco de investimento estrangeiro mas que o

    faa de forma criteriosa. As universidades no so todas

    iguais. Embora no haja varinhas mgicas, prevejo que

    dentro de algum tempo consigamos atrair para Portugal

    alguns centros de desenvolvimento tecnolgico e de

    conhecimento avanado vindos de grandes grupos

    empresariais: os recursos humanos existem, as

    condies de vida em Portugal so magnficas, o pas

    amvel e hospitaleiro e, havendo como h, capacidade

    acrescida em reas sensveis estou convencido de que

    um dia poderemos dizer, como ocorre com o turismo,

    que tivemos uma balana positiva na rea da cincia e

    tecnologia que oscila entre tantos e tantos milhes de

    euros.

    Falo com um optimista...

    Temos de atrair as pessoas para aqui. E atrair

    estudantes A aprovao muito recentemente, por

  • parte do Governo, de uma nova legislao sobre o

    estudante estrangeiro vai introduzir aqui um factor

    novo. Novo e melhor. s vezes novo e no melhor,

    mas sucede que este novo e melhor.

    A propsito de bolsas: h para a uma celeuma

    sem fim sobre a atitude do Estado face cincia

    mas os nmeros do Oramento do Estado

    mostram que Portugal o quarto pas da

    Europa a investir em cincia e desenvolvimento.

    Que se passa?

    O Governo alterou os critrios de atribuio de bolsas

    para investigao e f-lo de forma infeliz. Quanto aos

    nmeros, tenho a sensao de que o Governo joga

    com eles de forma habilidosa, mas a sua desmitificao

    foi feita com algum -vontade por pessoas insuspeitas

    como o prof. Carlos Fiolhais. cedo para percebermos

    exactamente o que levou o Governo por exemplo a no

    atribuir bolsa a dois candidatos do Tcnico com notas

    entre os 18 e os 19 valores na rea de um doutoramento

    em Fsica. No se podem cortar as pernas a quem tem

    capacidades excepcionais. Em resumo o Governo

    parece no saber explicar o que quer fazer. Mais uma

    grande trapalhada.

    um servidor pblico. Como tal, encara o seu

    trabalho na Gulbenkian como um catalisador

    de bons projectos?

    Sim, trabalho desde 1966, o que perfaz quase 50 anos de

    actividade ininterrupta, muito dela dedicada funo

    pblica. Na fundao, tutelo quatro reas: o Programa

    Qualificao das Novas Geraes, o Programa Lngua e

    Cultura Portuguesas, o Servio de Bolsas de Estudo e o

    Programa Educao para a Cultura e Cincia. No caso

    concreto do nosso ensino superior, apenas dei corpo a

    uma ideia que estava a germinar, porque insisto a

    conversa com o professor Pedro Santa-Clara foi

    determinante. H muito que estuda estas matrias e se

  • interessa por elas, o que lhe conferiu um grande

    conhecimento no lidar com esta iniciativa que depois a

    fundao pde completar.

    interessante registar como a interveno da Fundao

    Gulbenkian foi mudando de filosofia ao longo do

    tempo.

    Dantes, propunha-se resolver os problemas do pas,

    lembra-se do programa das bibliotecas itinerantes, que

    cobria Portugal todo, procurando dinamizar o livro e a

    leitura? Hoje pretendemos introduzir projectos-piloto,

    em escolas, centros de formao, universidades,

    organizaes da rea do apoio e desenvolvimento social

    mas de modo a que os possamos conduzir entre a

    concepo e o ponto final, avaliando depois os

    resultados obtidos de modo a poder replic-los.

    Que determina insistir ou desistir

    de um projecto?

    Se h dificuldade que a fundao tenha,

    justamente o saber como que pegando

    numa experincia que fizemos em meia

    dzia de escolas com bons resultados

    diminuindo as taxas de abandono,

    melhorando o aproveitamento dos estudantes,

    conseguindo que eles tenham melhores classificaes e

    melhor conhecimentos vamos tentar obter o mesmo

    no resto do pas? H casos em que temos tido sucesso, e

    em que o prprio Ministrio da Educao tem sido

    capaz de pegar nalgumas destas experincias e alarg-

    las, outras vezes, no. Nem sempre fcil.

    Evoca a escola, gosta da escola, foi ministro da

    Educao: o que a escola do futuro?

    Estamos justamente a reflectir sobre isso. Repare: se

    pegar num mdico do sc. XIX e o trouxer de repente

    para um hospital, ele ser incapaz de fazer cirurgia, nem

    sequer perceber onde est. Com a educao no bem

    assim. O meu av que foi professor primrio no final do

    Os portugueses conhecem

    mal a universidade e a

    investigao que aqui se

    produz. E no exterior

    conhecem ainda pior

  • sculo XIX, seguramente reconheceria numa sala de

    aula muito do que viveu h cem anos nas suas classes.

    Mas se assistimos a uma evoluo muito rpida,

    sobretudo em alguns equipamentos, a questo

    fundamental para ns a formao dos professores.

    a que estamos interessados em investir. H cerca de

    um ms a Gulbenkian aprovou um programa que

    testar nalgumas escola certos equipamentos tablets

    por exemplo , mas a nossa ateno vai para a

    formao dos professores que os iro utilizar. Nenhum

    equipamento por si s resolve problema algum, se no

    estiver ao servio de um projecto pedaggico conduzido

    pela liderana da escola e pelos professores preparados

    para utilizar esses equipamentos. Em resumo:

    apostamos sobretudo na formao dos professores para

    o melhor uso das novas tecnologias.

    O facto de ser engenheiro, ter frequentado o

    Tcnico e o Laboratrio de Engenharia Civil,

    uma vantagem no modo como avalia e

    intervm?

    A minha formao foi de banda larga, tive a felicidade

    enorme de trabalhar numa grande instituio como o

    Laboratrio Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e de

    trabalhar com um homem absolutamente excepcional,

    o eng. Manuel Rocha, com quem aprendi quase tanto

    como na universidade e com quem adquiri hbitos de

    disciplina que ainda hoje tenho. Sim, julgo no ser

    destrinvel aquilo que fiz durante dez anos no LNEC

    daquilo que fiz depois, em circunstncias muito

    diferentes: fui director-geral do Ensino Superior,

    coordenei projectos do Banco Mundial, vim para a

    Fundao Gulbenkian, estive no Conselho Nacional da

    Educao, exerci funes governativas h 15 anos e

    desde 2000 tenho-me dedicado ao Conselho de

    Administrao da Fundao Gulbenkian. No teria feito

    isto se no fosse engenheiro. Isto , a minha formao,

  • o sentido da racionalidade e a lgica das coisas que

    desenvolvi, formatou o que vim depois a fazer e decidir

    pela vida fora.

    Um engenheiro cuidando das Humanidades,

    um engenheiro-leitor...

    O ter-me tornado um leitor modificou-me muito, o livro

    e a leitura so talvez a forma mais reflexiva de olhar para

    o mundo e de o compreender. Percebe-se o mundo em

    parte pela televiso mas ela distorce a realidade,

    enquanto o livro... E no falo apenas do livro rigoroso

    do historiador mas da fico. O Eduardo Loureno, por

    exemplo, dizia que conhecemos ainda mal como se vivia

    no Estado Novo porque h muito poucos romances e

    pouca fico dessa poca.

    A fico como fonte de aprendizagem?

    Sim, fundamental. Tenho um grande interesse pelas

    questes da II Guerra Mundial, li praticamente todos os

    grandes historiadores Trevor-Roper, A.J.P. Taylor,

    Antony Beevor, Richard Evans, Martin Gilbert, Joachim

    Fest , mas um livro que me impressionou imenso foi

    Les Bienveillantes [As Benevolentes]. Uma fico de um

    jovem com 32 anos, Jonathan Littell, que cola os

  • momentos histricos mais dramticos da guerra

    descritos de forma absolutamente admirvel com a

    vida de um personagem.

    Como se ensina os futuros engenheiros a ler?

    Os economistas, os mdicos? A cultivar

    interesses fora das suas reas tcnicas ou

    cientficas?

    uma questo que temos de pensar em Portugal com

    alguma seriedade, e penso que as universidades o esto

    a fazer: at que ponto que vamos querer que

    engenheiros, economistas, mdicos, gestores tenham

    acesso, na universidade, no apenas s suas reas

    cientficas mas tambm a rea das humanidades? Um

    bocadinho como j sucede em Harvard e no MIT, por

    exemplo, onde h a obrigatoriedade de cada estudante,

    em cada semestre, fazer duas disciplinas na rea das

    humanidades: Histria de Arte, Teatro, Cinema,

    Histria da II Guerra Mundial... Felizmente comea a

    haver entre ns muita reflexo sobre isto, vamos assistir

    a uma abertura muito significativa nesta matria. H

    pouco tempo num debate em Coimbra, um professor

    americano e eu defendemos exactamente os dois a

    mesma coisa. O auditrio ficou surpreso, pensou que

    amos falar em integrais mltiplos ou derivadas parciais

    e afinal puxmos ambos para o lado do engenheiro

    nas cincias humanas...

    Antes de recordarmos o ministro da Educao

    que foi, falta-nos o Imperial College, que

    tambm frequentou aos 26 anos.

    Acabara o Tcnico, j estivera dois anos no LNEC

    quando fui para o Imperial College uma grande escola

    de engenharia! fazer um mestrado em mecnica, que

    depois daria origem ao meu doutoramento em

    tecnologia mecnica. O primeiro choque que tive com

    Londres foi a diferena entre a nossa RTP e a BBC:

    percebi que havia verdadeiramente outro mundo! E as

  • livrarias? Lembro-me de ter perguntado

    por um livro na Foyles e de me dizerem

    deve estar mais ou menos ali

    apontando para uma rea de a uns sete

    ou oito metros quadrados de livros...

    ainda no havia livrarias computorizadas!

    Tudo era fantstico: o ambiente que se

    vivia, as pessoas, as bibliotecas, as coisas

    que se faziam. E havia um estmulo: eu

    fora com uma bolsa, tinha de a cumprir,

    havia uma deadline [prazo].

    Em 1995, Antnio Guterres

    convida-o para tutelar a Educao.

    Pretendeu conciliar, no exerccio e

    na aplicao do seu cargo, a necessidade da

    competncia tcnica com a indispensabilidade

    da questo humanstica? Que retm dessa

    experincia?

    A passagem pelo Governo teve quatro componentes

    diferentes: a participao em Conselho de Ministros,

    onde somos obrigados a lidar com problemas fora da

    nossa rea especfica mais de 90% das questes que

    passaram pelo conselho enquanto l estive no eram da

    minha rea, o que me obrigava a uma viso de conjunto

    do pas e dos seus problemas especficos; a segunda

    componente era a necessidade de gerir bem uma

    mquina difcil de dominar como o Ministrio da

    Educao; a terceira foi a importncia que atribumos

    introduo de reformas, traduzida na produo

    legislativa decretos-leis, propostas de lei, diplomas. O

    que implicou um rduo trabalho jurdico efectuado com

    base na concepo que pretendamos imprimir nossa

    caminhada. E em quarto lugar havia algo de muito

    importante que era a mensagem que o ministro lanava

    para a sociedade.

    Prevejo que dentro de

    algum tempo consigamos

    atrair para Portugal

    alguns centros de

    desenvolvimento

    tecnolgico e de

    conhecimento avanado

    vindos de grandes grupos

    empresariais: os recursos

    humanos existem, as

    condies de vida em

    Portugal so magnficas, o

    pas amvel e

    hospitaleiro

  • Qual era?

    Uma delas foi muito simples: a importncia da educao

    nos primeiros anos de escolaridade.

    O clebre pr-escolar de que tanto falaram na

    altura?

    Lanmos o pr-escolar, crimos as suas bases. Era

    uma grande preocupao minha que vinha do tempo

    em que dirigia o Conselho Nacional de Educao

    antes de entrar para o Governo e sobre a qual j

    muito escrevera. Os resultados de diversos testes

    demonstram que os midos que passaram pela

    educao pr-escolar so muito diferentes dos que no

    tiveram essa possibilidade. H uma sociabilizao da

    criana, o contacto com as letras, os nmeros, as

    pessoas, o mundo, e isto absolutamente essencial para

    o seu desenvolvimento.

    H tempos ouvi-o dizer na televiso que o

    ministro Nuno Crato confunde por vezes o

    essencial com o acessrio, no tocando no

    fundo das questes. Em quais que Maral

    Grilo tocou para alm do pr-escolar? E

    animado por que filosofia, que modelo, que

    princpios?

    Ainda antes de tomar posse, numa grande conversa com

    o ento primeiro-ministro Antnio Guterres, disse-lhe

    que no mdio prazo teramos de conceder uma grande

    autonomia s escolas. O sistema que em certa medida

    ainda vigora era muito centralizado e uniformizador.

    Sempre pensei que cada escola devia ser tratada como

    uma instituio em si: com o seu projecto educativo e

    capaz de desenvolver por ela o que nenhum sistema

    centralizado pode comandar distncia. E que o

    director da escola, o responsvel que preside ao

    conselho directivo os ingleses chamam-lhe o

    headmaster , dever ser o lder de projecto concreto

    daquela escola, aquela comunidade, aqueles midos,

  • aqueles pais.

    Nada disto porm imutvel, sabemos que as escolas

    tm alteraes significativas: dantes, a Escola n. 3 de

    Algs recebia os midos da Pedreira dos Hngaros, mas

    aquilo que eram os problemas desta escola em 1997

    desapareceram. Hoje ela totalmente diferente dessa

    altura. O que significa que os projectos tm de se ir

    adaptando, como os business plan a cinco anos que se

    fazem nas empresas... A cada passo, h que perceber

    exactamente qual a realidade envolvente e quais os

    problemas que se colocam.

    Nem sempre os directores de escola

    tm a capacidade de ser maestros...

    Tm de ser formados para isso.

    Foi o que fez como ministro?

    Iniciou-se o processo com a primeira

    grande legislao sobre autonomizao

    das escolas. O modo como depois se ps

    em prtica no foi, na minha perspectiva,

    muito feliz. Sabe que a ideia da

    autonomia no uma ideia muito

    consensual...

    Por exemplo?

    Por exemplo, os sindicatos. No no so

    particularmente favorveis ideia. A autonomia implica

    algumas medidas especficas, como as escolas poderem

    contratar os seus prprios professores, algo de que

    estamos muito longe...

    ... e j l vo 15 anos...

    ... continuamos com as colocaes que anualmente

    concorrem por quadros de escola, uns que concorrem

    para Bragana e querem ir para a Covilh... Enfim. A

    O ter-me tornado um

    leitor modificou-me

    muito, o livro e a leitura

    so talvez a forma mais

    reflexiva de olhar para o

    mundo e de o

    compreender. Percebe-se

    o mundo em parte pela

    televiso mas ela distorce

    a realidade, enquanto o

    livro...

  • partir do ano 2000 houve alguma regresso, mas j se

    retomou hoje a ideia da autonomia como caminho

    promissor.

    O que mais definiu o seu mandato?

    Trs grandes linhas: pr-escolar, autonomia e

    financiamento do ensino superior. Houvera grande

    contestao chamada Lei das Propinas do ministro

    Couto dos Santos e da ministra Ferreira Leite [ministros

    da Educao nos governos de Cavaco Silva]. Revogou-

    se a lei tecnicamente muito injusta e muito incorrecta

    na minha opinio e crimos uma outra. Foi aprovada,

    conjuntamente com o pr-escolar, em articulao com o

    PSD, atravs de uma negociao directa que fiz com o

    prof. Marcelo Rebelo de Sousa, na altura presidente do

    partido, e com o dr. Marques Mendes, seu lder

    parlamentar, que cumpriram rigorosamente o acordado.

    bom que recordemos exactamente como que as

    coisas se fizeram e porqu. Em resumo, o pr-escolar foi

    considerado por ns uma enorme prioridade, a

    autonomia tambm e o financiamento do ensino

    superior idem.

    Lembro-me que de vez em quando almoava

    com o ento Presidente da Repblica Jorge

    Sampaio. Este ter dito ao ento primeiro-

    ministro que gostava de ter encontros consigo.

    Queria estar bem informado do andamento da

    Educao.

    Sim, dada a imensa importncia que o Presidente

    atribua educao. Lembro-me que o primeiro

    encontro ocorreu ainda antes de ele tomar posse, num

    restaurante em Oeiras. Seguiram-se regularmente

    muitos outros ao longo do meu mandato.

    Devem estar registados no seu dirio. Continua

    a faz-lo, no verdade? Um dia vamos ler essas

    pginas ou...?

  • Escrevo um dirio desde 1993. Talvez um dia publique

    pelo menos uma parte dos mais de 80 cadernos que j

    tenho escritos.

    Voltando ao ministro: no teve grandes casos,

    no sofreu contestaes de vulto. porm isso

    que ocorre quando se faz rupturas, quando se

    desinstala, quando se corta... Mas Maral

    Grilo tinha o apoio e o mimo do ento titular

    das Finanas, professor Sousa Franco.

    Peo desculpa, mas a guerra das propinas foi terrvel!

    Ainda hoje, na Faculdade de Letras do Porto, h uma

    esttua minha dessa poca, alis lindssima: um grilo de

    cartola e casaca, feito em papier mach, colocado

    debaixo de um arco. H tempos fui l fazer uma

    conferncia e estava um estudante minha espera. O

    nosso caminho passava rente esttua, eu olhei que

    isto?, o aluno atrapalhou-se: sr. doutor, uma coisa

    que fizemos, e tal, e eu, hum.... No, no, isto sou eu,

    respondi eu, rindo. Depois, at tirei uma fotografia

    muito engraada, ao lado da esttua... Voltando

    guerra, ela foi fortssima! Embora eu nunca me tenha

    furtado ao dilogo, reunindo com os alunos e expondo

    as minhas ideias...

    ... ganhou a guerra?

    ... os estudantes acabaram por perd-la, a

    lei passou no Parlamento, entrou em

    vigor, apesar das tentativas para que no

    fosse aplicada. At me lembro de um

    jornal que falava na grande

    contestao, mas rematava a notcia

    dizendo que a fila para pagar as propinas

    saa fora da porta do edifcio. Entretanto,

    a lei j sofreu alteraes para melhor

    mas, se no tivssemos ganho essa

    guerra, ainda hoje tnhamos algum a

    lutar contra as propinas.

    (http://static.publico.pt/files/revista2/2014-

    02-16/entrevista/entrevista_05.jpg)

    Novembro de 1996: estudantes pintam

    murais em protesto contra a poltica

    de ensino de Maral Grilo DANIEL

    ROCHA

  • Quando saiu do Governo, disse numa entrevista

    que deixara um barco a seguir na direco

    certa. O que era a direco certa?

    Nos quatro anos em que estive no Governo,

    resolveram-se os problemas a que ento chamei os

    escolhos que existiam para que a nau pudesse

    navegar. E ela comeou de facto a navegar, graas

    sobretudo ao empenhamento dos professores e ao

    maior envolvimento dos pais. Alm de que, na minha

    perspectiva, os sinais que demos foram to ou mais

    importantes que a legislao produzida. Para alm

    disso, h um outro factor que me parece essencial e foi

    um trabalho de fundo relacionado com a mensagem

    sobre a importncia e a responsabilidade que todos

    temos de ter e assumir na educao e no crescimento

    equilibrado dos mais novos. Ou seja, tocmos no

    essencial, mas o essencial nunca d resultados

    imediatos, algo que se repercute ao longo do tempo.

    No era expectvel que em quatro anos pudssemos

    melhorar significativamente.

    Nuno Crato no toca no essencial?

    Conheo-o bem, sou seu amigo pessoal, mas julgo que

    tem feito uma gesto que incide muito, ou que atende

    mais, a aspectos relacionados com o curriculum, o

    contedo das disciplinas, e que h outros aspectos que

    no esto a ser acautelados.

    Quais?

    A criatividade, a iniciativa, a responsabilidade, a

    atitude...

    O que a criatividade neste caso?

    Pr os alunos a fazer coisas novas e a tomar iniciativas

    por si s.

  • ... mas se a maioria no sabe

    contar, escreve mal, l mal, fala

    mal, como falar de criatividade at

    isso estar resolvido?

    ... obviamente que no ponho em causa a

    importncia excepcional do Portugus,

    da Matemtica, da Histria, da Geografia.

    Mas lembro que na escola h trs reas

    fundamentais: os conhecimentos de

    base, os comportamentos e atitudes e a

    rea dos valores. Nos valores, h imenso

    a fazer, se h algo que o pas e o mundo

    perderam, foi a tica, parece varrida do comportamento

    das pessoas. Em Portugal, h hoje uma ideia de que o

    que legal tico, quando h coisas que sendo legais

    no so ticas! No so legtimas, ponto! No se devem

    fazer, mesmo sendo legais. Longe de mim desprezar os

    conhecimentos de base, j falei do grande orgulho na

    minha formao de engenheiro, com Matemtica,

    Fsica, Qumica, estruturas, resistncia dos materiais,

    etc. Sucede porm que a escola no s isto. E aqui

    que eu penso que o ministro no tem sabido mobilizar

    os professores, os alunos e os pais para a ideia de que h

    mais vida para alm do que se estuda nos livros para

    responder nos exames e satisfazer os testes

    internacionais.

    Ningum achar que s isso... Mas olhando

    roda, com as honrosas excepes que sempre

    h, nem a grande plateia dos alunos nem o

    palco dos professores parecem dispostos

    criatividade.

    Repito: to importante o aluno saber ler, escrever e

    exprimir-se; possuir um raciocnio matemtico e

    conhecer a Histria e a Geografia, como quanto o a

    rea comportamental isto , a forma como cada um

    age, olha para o mundo, lida com os outros, com as

    Peo desculpa, mas a

    guerra das propinas foi

    terrvel! Ainda hoje, na

    Faculdade de Letras do

    Porto, h uma esttua

    minha dessa poca, alis

    lindssima: um grilo de

    cartola e casaca, feito em

    papier mach, colocado

    debaixo de um arco

  • coisas, com os problemas. Hoje, numa empresa, o que

    mais conta a capacidade de inovar, de ter iniciativa e

    conviver com a mudana! De ser capaz de ser um

    elemento catalisador, da criao de novos produtos, da

    alterao dos processos de fabrico, da reduo de custos

    ou da racionalizao de qualquer outro processo. Se

    olharmos para esta crise, o que que verdadeiramente

    impressiona? A enorme capacidade que os empresrios,

    os gestores, os pequenos empresrios tm tido! Alm da

    imaginao, a determinao e a fora para impor

    determinadas coisas, muitas vezes contra a vontade de

    tanta gente nas prprias empresas. Ser a eles, sem

    dvida, que ficaremos a dever o que poder ser a sada

    desta crise.

    Gostaria de destacar algum sector que o

    entusiasme?

    O do calado: muitssimo bem organizado, com uma

    associao slida e uma estratgia. Sabem que tm os

    segundos sapatos mais caros do mundo, s exportam

    para pases com rendimento per capita acima dos 30 mil

    dlares por cabea, sabem que o produto que colocam

    no mercado de altssima qualidade. Mas isto implicou

    o qu? Uma retaguarda tecnolgica fortssima, a criao

  • duma srie de empresas volta que hoje so elas

    prprias exportadoras, como as empresas de mquinas

    de corte as malas da Vuitton ou os tecidos dos avies

    Airbus so cortados com mquinas feitas em Portugal

    inicialmente desenvolvidas para a indstria dos sapatos.

    Trata-se de sectores imaginativos, que se organizaram

    com grande esforo, trabalho e determinao. O que me

    entusiasma mais no momento actual parecendo que

    no, sou um optimista... o pas ter hoje um tecido

    industrial manifestamente diferente de h dez anos.

    E qual o outro lado? Que o desentusiasma?

    Algo de complexo que o pas vai ter de resolver: este

    novo tecido industrial e as novas empresas

    exportadoras, geis e flexveis, capazes de contactar a

    China, o Brasil, Singapura, a ndia, etc., no vo ter

    capacidade de absorver o que chamo a herana do

    modelo anterior: os 300 mil desempregados. H uma

    espcie de lastro que ficou, mas o lastro so pessoas.

    Sabemos que a crise provocou em certa medida, teria

    de o fazer um desemprego muito significativo, maior

    do que o esperado, mas h que cuidar dessas pessoas...

    H tempos tambm disse

    publicamente que as pessoas, para

    o Governo, eram descartveis.

    Por outro lado, sei que conversou

    muito recentemente a ss com o

    primeiro-ministro sobre esse

    mesmo tema. Mantemos o

    descartvel?

    No quero ser mal interpretado, o

    descartvel tem a ver com o futuro

    dessas pessoas cujas provaes me

    afligem e s quais sou muito sensvel.

    No podemos caminhar e deixar na beira

    da estrada os menos capazes e os mais

    desprotegidos. Temos de os reabsorver e, se no o

    Portugal precisa de uma

    grande reforma e para tal

    h dois passos

    absolutamente decisivos:

    os dois grandes partidos,

    PSD e PS, tm de

    compreender a

    necessidade de se

    reformar internamente,

    deixando de funcionar

    com base em interesses

    intermdios que afastam

    o eleitor

  • conseguirmos, temos de os apoiar. preciso um leque

    de solues diversificadssimas capazes de minimizar os

    estragos provocados pela situao de emergncia por

    que passmos.

    Como o faria?

    Atravs de uma vasta negociao poltica com todos os

    parceiros envolvidos: PSD, PS, organizaes sindicais e

    patronais, autarquias, sociedade civil, Igreja, as

    organizaes ditas de solidariedade social, as ONG...

    Uma negociao assente em lideranas polticas fortes e

    capazes de negociar.

    J h a concertao social. Mas est o pas

    capaz de ir mais alm?

    Portugal precisa de uma grande reforma e para tal h

    dois passos absolutamente decisivos: os dois grandes

    partidos, PSD e PS, tm de compreender a necessidade

    de se reformar internamente, deixando de funcionar

    com base em interesses intermdios que afastam o

    eleitor. Basta ver o afastamento cada vez maior entre

    quem eleito e quem elege.

    Mas h quanto tempo no se clama por isso?

    Ah, mas se no o fizerem, podemos no estar muito

    longe do fim desta terceira repblica. E o segundo ponto

    a que aludi a reforma do sistema eleitoral e a reforma

    do Parlamento, que eu defendo que devem ser prvios

    prpria reforma do Estado. Sim, j foi proposto imensas

    vezes e nas mais diversas ocasies mas ningum tem

    coragem de o fazer dentro dos partidos, apesar de o

    sistema estar esgotado. H que diminuir o nmero de

    deputados e introduzir crculos uninominais

    combinados com crculos nacionais, como tm os

    alemes. H vrias formas de fazer isto, no h sistemas

    perfeitos. Cabe aos partidos sentarem-se a uma mesa e

    encontrar solues para os problemas complexos e

    graves que os afligem, at porque j existem os

  • problemas que decorrem da prpria crise e que no se

    resolvero nos prximos anos. Alm de que falta debate

    e dilogo. Debate srio em vez de gritarias, insinuaes

    e monlogos, por vezes de brutal agressividade, que a

    populao no entende mas que engordam o carnaval

    televisivo.

    Diz-se que as crises podem ser positivas ao

    gerarem mudanas e propiciarem melhores

    caminhos. Mudou alguma coisa em Portugal e

    nos portugueses?

    Mudou. Ia falar-lhe disso: a crise introduziu de uma

    forma muito subliminar, mas rpida, uma alterao de

    mentalidade em largas camadas de pessoas. Perceberam

    que h coisas que no vo voltar a ter ou a fazer, do

    consumismo, casa prpria. Esto muito mais contidas.

    Aquilo que ocorreu em Portugal aqui h alguns anos

    o crdito quase enfiado pelas goelas abaixo o faa

    frias, compre um automvel, compre casa,

    compre o recheio da casa, acabou mesmo. Como

    acabou a ideia da facilidade do emprego no Estado,

    algo destinado hoje a um mais reduzido nmero de

    pessoas. Alis, e voltando aos partidos, se eles

    continuarem a querer satisfazer clientelas, do cabo do

    Estado e, a seguir, deles prprios.

    Tem evocado a dbil sade dos partidos

    polticos. Pergunto a propsito: tambm

    defende a necessidade de um acordo entre PSD

    e PS?

    Quero deixar aqui bem claro que absolutamente

    imperioso: ou estes dois partidos deixam de pensar na

    eleio do prximo ano, em que esto sempre a

    pensar

    Antnio Jos Seguro sabe que, se fizer um

    acordo seja em que base for com o PSD, no

    chega s eleies...

  • Eu no sei se o acordo feito com o Antnio Jos

    Seguro ou com quem for, no sei se com o Passos

    Coelho, o que digo que vo ter de se entender. At

    2020, esse acordo ter de existir e ser slido, o pas no

    resiste a este pinguepongue. Nem o pas nem a

    pacincia das pessoas.

    H um ano assegurava-se a

    certeza do segundo resgate, a

    queda do Governo, a sada do euro,

    o aumento do desemprego, a

    maioria absoluta do PS, por a

    fora...

    Houve vrias coisas positivas, cito j

    uma: o facto de se ter equilibrado a

    balana de transaces de bens e servios

    um factor que credibiliza muito o pas na satisfao

    dos seus compromissos externos. Mas estamos em

    situao mais delicada porque temos uma dvida brutal,

    e porque temos ainda um desemprego altssimo.

    Qualquer governo este ou outro ter de se esforar

    para tornar a dvida menos onerosa ao longo do tempo.

    Esta ltima ida ao mercado permitiu que uma parte da

    dvida passasse para um patamar mais baixo de

    encargos com juros, mas ainda estamos longe de

    alcanar nveis de crescimento que permitam satisfazer

    os encargos que temos. Mas estou optimista: a reaco

    que a sociedade teve, particularmente no que toca s

    exportaes e criao de riqueza, d-me uma grande

    esperana.

    Pequena curiosidade para terminar: donde vem

    a paixo do ciclismo? A paixo e o saber, no h

    nada que no saiba sobre esta modalidade. At

    lhe falam de jornais a pedir datas e nomes...

    Sinceramente, no sei. Talvez o facto de a Volta a

    Portugal parar em frente da minha casa nos anos 50

    tenha contribudo para isso. Castelo Branco era uma

    Gostava de ter sido

    diplomata num pas de

    expresso portuguesa

    durante dois ou trs anos,

    e gostava de ter escrito

    um livro de fico. Talvez

    ainda v a tempo. Sei l!

  • aldeia e a Volta era a nica manifestao desportiva de

    dimenso nacional com que eu contactava todos os

    anos.

    Houve alguma coisa que gostasse de ter feito e

    no fez?

    Duas coisas. Gostava de ter sido diplomata num pas de

    expresso portuguesa durante dois ou trs anos e

    gostava de ter escrito um livro de fico. Talvez ainda v

    a tempo. Sei l!

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  • 16/02/2014 21:44

    Maria Ferreira

    (/utilizador/perfil/e1643c08-32ac-4ff9-992b-1b29779ebc4d)

    Um prazer ler esta entrevista. Um Homem como no existem

    muitos neste pas que os partidos e a comunicao social

    tornaram esquizofrnico.

    Responder

    16/02/2014 19:10

    RMP

    Porto

    (/utilizador/perfil/9ae16157-0ba5-4b31-8341-2d7e06412633)

    Gostei! Pena que quando foi ministro no tenha conseguido

    mandar na educao, sobretudo na sua Secretria de Estado

    Ana Benavente, que na prtica era a ministra.

    Responder

    16/02/2014 04:46

    lopes25240

    (/utilizador/perfil/b60b6b53-3c45-4449-af2b-ceac38219b5f)

    Excelente entrevista, na forma e contedo! Vai sendo raro,

    homens com o conhecimento e as responsabilidades j

    assumidas, como Maral Grilo, assumam com clareza e

    frontalidade, o que pensam e querem para o pas. Apreciei,

    particularmente, as suas ideias sobre a indispensabilidade das

    reformas internas dos partidos, da lei eleitoral e da Assembleia

    da Repblica.

    Responder