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EDITORIAL Informativo Oficial da Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica, Sociedade Brasileira de Osteoporose e Sociedade Brasileira para Estudos do Metabolismo Ósseo e Mineral Edição nº 27 - ano XVI - Out a Dez de 2010 Impresso Especial 7220282900/DR/SPM SBDens CORREIOS FILIADA À: Cristiano A. F. Zerbini - Presidente Sobrao José Carlos Amaral Fº - Presidente SBDens Victória C. Borba - Presidente Sobemom Novos horizontes para 2011 E stamos terminando mais um ano de muito trabalho e realizações. A SB- Dens promoveu: 1) a fundação da Escola de Densitometria no mês de setembro, em sua sede, em São Paulo (SP); 2) o Curso de Certificação em Densitometria Óssea ISCD-SBDens e o Curso de Treina- mento em Osteoporose, ambos inéditos na América Latina, em Curitiba, no mês de outubro; e 3) o PEC - Programa de Educação Continuada em Densitometria Óssea - em parceria com o Colégio Brasi- leiro de Radiologia, em São Paulo (SP), no início de dezembro. A SOBRAO (So- ciedade Brasileira de Osteoporose) con- solidou seus estatutos e está agilizando a mudança de sua sede para o mesmo ende- reço da SBDens, na rua Itapeva nº 518, 1º andar. A SOBEMOM (Sociedade Brasilei- ra para o Estudo do Metabolismo Ósseo e Mineral) promoveu o IV Curso Anual de Reciclagem, abordando vários aspec- tos das doenças ósseas em SP e mantém uma reunião mensal de discussão de ca- sos clínicos na Faculdade de Medicina da USP. As três sociedades têm trabalhado em uníssono em todas as suas ativida- des e o nosso boletim conjunto é um bom exemplo desta união. Estamos agora or- ganizando o 4º BRADOO – Congresso Brasileiro de Densitometria, Osteoporose e Osteometabolismo – que será realizado no Minascentro, em Belo Horizonte, de 11 a 14 de outubro de 2011. Preparem-se. Este é o evento mais importante na área de doenças osteometabólicas no Brasil e talvez na América Latina. As reuniões ini- ciais tratando principalmente da logística do evento estão sendo realizadas e a re- ceptividade dos patrocinadores e entida- des afins tem sido excepcional. Estamos trabalhando porque acredi- tamos nos rumos de nosso país. O Bra- sil está firmando-se no cenário mundial como um dos líderes dos países emergen- tes e temos sinais de que o progresso eco- nômico-social deverá continuar. Fomos brindados como sede da Copa de 2014 pela FIFA e também como sede das Olim- píadas. Cerca de 17 milhões de brasileiros mudaram de classe econômica para cima. Nossa reserva de energia decuplicou com a descoberta de petróleo em nossa costa atlântica. A produção científica brasilei- ra tem aumentado exponencialmente, mostrando o intenso trabalho das Uni- versidades e entidades privadas. Várias indústrias estão aplicando cada vez mais em Pesquisa e Desenvolvimento. Nossa missão, neste novo horizonte, é incentivar o desenvolvimento científico na área das doenças osteometabólicas com foco no bem estar de nossa popula- ção e na formação de jovens pesquisado- res, que darão continuidade ao progresso que começamos a desfrutar. Uma grande expressão de nosso esforço nesta direção, em 2011, será a realização do BRADOO. Esperamos você.

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Page 1: EDITORIAL Novos horizontes para 2011 - sbdens.org.br · A portaria 453/98, referente ao Regulamento Técnico que estabelece as diretrizes básicas de pro-teção radiológica em radiodiagnóstico

EDITORIAL

Informativo Oficial da Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica, Sociedade Brasileira de Osteoporose e Sociedade Brasileira para Estudos do Metabolismo Ósseo e Mineral

Edição nº 27 - ano XVI - Out a Dez de 2010

ImpressoEspecial

7220282900/DR/SPMSBDens

CORREIOS

FILIADA À:

Cristiano A. F. Zerbini - Presidente Sobrao José Carlos Amaral Fº - Presidente SBDens

Victória C. Borba - Presidente Sobemom

Novos horizontes para 2011Estamos terminando mais um ano de

muito trabalho e realizações. A SB-Dens promoveu: 1) a fundação da Escola de Densitometria no mês de setembro, em sua sede, em São Paulo (SP); 2) o Curso de Certificação em Densitometria Óssea ISCD-SBDens e o Curso de Treina-mento em Osteoporose, ambos inéditos na América Latina, em Curitiba, no mês de outubro; e 3) o PEC - Programa de Educação Continuada em Densitometria Óssea - em parceria com o Colégio Brasi-leiro de Radiologia, em São Paulo (SP), no início de dezembro. A SOBRAO (So-ciedade Brasileira de Osteoporose) con-solidou seus estatutos e está agilizando a mudança de sua sede para o mesmo ende-reço da SBDens, na rua Itapeva nº 518, 1º andar. A SOBEMOM (Sociedade Brasilei-ra para o Estudo do Metabolismo Ósseo e Mineral) promoveu o IV Curso Anual de Reciclagem, abordando vários aspec-tos das doenças ósseas em SP e mantém uma reunião mensal de discussão de ca-sos clínicos na Faculdade de Medicina da USP. As três sociedades têm trabalhado em uníssono em todas as suas ativida-des e o nosso boletim conjunto é um bom exemplo desta união. Estamos agora or-ganizando o 4º BRADOO – Congresso Brasileiro de Densitometria, Osteoporose e Osteometabolismo – que será realizado no Minascentro, em Belo Horizonte, de 11 a 14 de outubro de 2011. Preparem-se. Este é o evento mais importante na área de doenças osteometabólicas no Brasil e talvez na América Latina. As reuniões ini-ciais tratando principalmente da logística do evento estão sendo realizadas e a re-ceptividade dos patrocinadores e entida-des afins tem sido excepcional.

Estamos trabalhando porque acredi-tamos nos rumos de nosso país. O Bra-

sil está firmando-se no cenário mundial como um dos líderes dos países emergen-tes e temos sinais de que o progresso eco-nômico-social deverá continuar. Fomos brindados como sede da Copa de 2014 pela FIFA e também como sede das Olim-píadas. Cerca de 17 milhões de brasileiros mudaram de classe econômica para cima. Nossa reserva de energia decuplicou com a descoberta de petróleo em nossa costa atlântica. A produção científica brasilei-ra tem aumentado exponencialmente, mostrando o intenso trabalho das Uni-versidades e entidades privadas. Várias indústrias estão aplicando cada vez mais em Pesquisa e Desenvolvimento.

Nossa missão, neste novo horizonte, é incentivar o desenvolvimento científico na área das doenças osteometabólicas com foco no bem estar de nossa popula-ção e na formação de jovens pesquisado-res, que darão continuidade ao progresso que começamos a desfrutar. Uma grande expressão de nosso esforço nesta direção, em 2011, será a realização do BRADOO. Esperamos você.

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INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA

ARTIGO CIENTÍFICO

Dra. Nara CrispimDra. Cynthia S. LucenaDr. Francisco Bandeira

Divisão de Endocrinologia e Diabetes,Hosp Agamenon Magalhães,

Secretaria da Saúde, Faculdade de Ciências Médicas, UPE - Recife

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Rua Itapeva, 518, Ed. Scientia - cj. 111/112 - Bela VistaCEP: 01332-000 - São Paulo (SP) - Tel: (11) 3253-6610Fax: (11) 3262-1511 - E-mail: [email protected] responsável: Renato H. S. Moreira (Mtb 338/86 - ES).

Coordenadora:Mirley do Prado

Membros:José Carlos Amaral Filho([email protected]) Presidente SBDensCristiano A. F. Zerbini([email protected])Presidente da SobraoVictória C. Borba([email protected])Presidente da SobemomBruno Muzzi Camargos ([email protected])

Sergio Ragi Eis([email protected]) Laura Maria C. Mendonça ([email protected])

TIRAGEM: 3.000 exemplares

RH comuni caçãoEDITORAÇÃO:

Informativo Oficial da Sociedade Brasileira de Densi-tometria Clínica, Sociedade Brasileira de Osteoporose e Sociedade Brasileira para Estudos do Metabolismo Ósseo e Mineral - ed. 27 · ano XVI · out a dez/2010

Atualmente, o interesse por um de-terminado tipo de fratura de fêmur,

chamada atípica, vem aumentando, principalmente por parte dos médicos que prescrevem bisfosfonatos. Esse interesse decorre de alguns relatos de casos que associaram o uso prolongado de bisfosfonatos com fratura atípica de fêmur, o que não ocorreu em uma me-ta-análise de estudos clínicos pivot1 .

Até pouco tempo atrás, a caracteri-zação das fraturas atípicas de fêmur, ainda não estava bem estabelecida. O “Task Force Report” da American Society para Bone Mineral Resear-ch2, publicado recentemente, definiu características maiores e menores de fratura femoral atípica completa e in-completa e recomendou que todas as características maiores, incluindo sua localização na região sub-trocantérica e haste femoral, orientação transversa ou oblíqua curta, nenhum ou mínimo trauma associado, espícula medial na presença de uma fratura completa e a ausência de lesão cominutiva, esti-vessem presentes para designar uma fratura femoral como atípica. Carac-terísticas menores devem incluir: es-pessamento cortical, reação periostal do córtex lateral, pródomos de dor, bi-lateralidade, demora na cicatrização, co-morbidades e uso concomitante de drogas, como os bisfosfonatos.

No nosso serviço, encontramos três casos de fraturas femorais com carac-terísticas de atipia, em um banco de dados de 780 mulheres em uso de bis-fosfonatos (0.38%). Todas estavam em terapia por mais de 5 anos, e sofreram fratura de haste femoral, após queda da própria altura. Essas pacientes tiveram

dificuldade na cicatrização de suas fra-turas, permanecendo não consolidadas por aproximadamente um ano.

Um estudo australiano recentemen-te apresentado no encontro anual da American Society for Bone and Mi-neral Research3, através de uma aná-lise retrospectiva, estimou o risco de fraturas femorais atípicas com o uso prolongado de alendronato e risen-dronato. Apesar de uma aumento na sua incidência com o uso prolongado desses fármacos, para um NNT(5)* entre 10 e 30 (redução de fraturas os-teoporóticas), o NNH(5)** foi de 800 a 1000 (fraturas femorais atípicas).

Em conclusão, a incidência de fratu-ras atípicas de fêmur durante uso de bisfosfonatos parece ser muito baixa, sendo que os benefícios na prevenção de fraturas osteoporóticas ultrapas-

Fraturas femorais atípicas

sam em muito o risco de uma ocasio-nal deterioração na qualidade óssea.

Referências:1 - Black DM, Kelly MP, Genant HK et al. Bisphospho-nates and fractures of the subtrochanteric or diaphy-seal femur. N Engl J Med 2010; 362(19):1761-71.

2 - Shane E, Burr D, Ebeling PR et al. Atypical Subtro-chanteric and Diaphyseal Femoral Fractures: Report of a Task Force of the American Society for Bone and Mi-neral Research. J Bone Miner Res 2010; 25(11):1-28.

3 - Girgis C, Scher D, Siebel M. Atypical femoral frac-tures are associated with bisphosphonate use. J Bone Miner Res 2010; 25(Suppl. 1) S23.

*NNT: number needed to treat**NNH: number needed to harm

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INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA

Tabela 1

Com a escassez de informações sobre a construção e adequação de salas

de Densitometria, e com a multiplicação de dúvidas a esse respeito, se faz neces-sário a análise de normas técnicas brasi-leiras existentes sobre o assunto. Estas normas, baseadas em documentos ame-ricanos e europeus, têm por finalidade adequar a exposição de radiação entre os profissionais, bem como determinar espaços usados para a colocação de um aparelho de Densitometria. As duas em-presas responsáveis pelos modelos exis-tentes no mercado (GE Lunar e Hologic) apresentam em seus manuais informa-ções úteis para o correto tamanho de sala, entre outros dados.

No Brasil, existem dois documentos oficiais sobre as adequações para servi-ços de Densitometria. A portaria 453/98, referente ao Regulamento Técnico que estabelece as diretrizes básicas de pro-teção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico, dispondo sobre o uso dos raios X diagnósticos em todo território nacional [1]. Criada devido à expansão do uso de radiação ionizante para fins de diagnóstico e considerando que esta seja uma das principais fontes de exposição da população em geral, se fez necessário estabelecer uma política de proteção radiológica. Dentre outras diretrizes, esta portaria tem a função de garantir a qualidade dos serviços de radiodiagnóstico prestados à popula-ção, assim como assegurar os requisitos mínimos de proteção radiológica aos

pacientes, profissional e pública em ge-ral [1]. Esta portaria é baseada em reco-mendações da Comissão Internacional de Proteção Radiológica, estabelecidas entre 1990 e 1996, e do Instituto de Ra-dioproteção e Dosimetria da Comissão Nacional de Energia Nuclear. Já a RDC 50 - “Regulamento Técnico para pla-nejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabe-lecimentos assistenciais de saúde” tem como prioridade regulamentar os pro-jetos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, devendo, obrigatoriamente, ser elaborados em conformidade com as disposições desta norma [2].

Estudando a portaria 453/98, a Den-sitometria é citada apenas uma vez e não diz respeito a dimensões de sala, nem diretrizes para o funcionamento de um serviço. Porém, na RDC 50 já é possível encontrar algo a respeito, inclu-so juntamente com as normas para ge-ral, odontológica e mama. Nela, existem especificações para uma sala ideal com ADE, distâncias mínimas entre as bor-das ou extremidades do equipamento e todas as paredes da sala igual, sendo um metro das bordas laterais da mesa de exame do equipamento e 60 cm das demais bordas ou extremidades do equi-pamento. Da mesma forma, o dimensio-namento das salas de exames de raios-X convencionais ou telecomandados deve obedecer também à distância mínima de 1,5m de qualquer parede da sala ou bar-reira de proteção ao ponto emissão de

radiação do equipamento, observando-se sempre os deslocamentos máximos permitidos pelo mesmo [2].

De acordo com as informações aqui re-latadas, os profissionais da saúde podem obter informações sobre proteção radio-lógica e adequações na sala de Densito-metria a partir de documentos técnicos desenvolvidos por órgãos ligados ao Mi-nistério da Saúde. Lembrando, toda me-lhoria no que se refere à radioproteção gera um ambiente seguro e reduz a pro-babilidade de futuros processos traba-lhistas. Entretanto, até hoje nenhum ór-gão responsável criou diretrizes capazes de padronizar os ambientes dos serviços de Densitometria, impossibilitando que a fiscalização possa julgar se a área onde o equipamento se encontra é adequada ou não. Segundo manifestação do órgão responsável, estes impasses já estariam sendo estudados a fim de incluir a Den-sitometria nas diretrizes vigentes, facili-tando a adaptação dos laboratórios e o trabalho da fiscalização. Esperamos que as mudanças sejam significativas, dando espaço digno à Densitometria entre os métodos de diagnóstico por imagem.

O entendimento completo e contri-buições da SBDens podem ser acessados no site da entidade, no link “Produtos e Serviços”, item “Diretrizes de Proteção Radiológica SBDens.

Adequações para DensitometriaARTIGO

Guilherme Cardenaz de SouzaDep. de Profissionais Aliados

Daniel Silva de SouzaFísico Médico – ABFM-1270

Normas da portaria 453/98 e RDC 50

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INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA

ARTIGO CIENTÍFICO

A vitamina D é um esteróide cuja função no tecido ósseo é bem es-

tabelecida e estudada, porém, sabe-se de sua importância em outros teci-dos do corpo humano. É sintetizada na pele e depende da fotoconversão pela radiação ultravioleta. Estudos de prevalência demonstram que a hipovitaminose D é freqüente nos países temperados, porém há poucos estudos no Brasil. Havia a suposição de que por ser um país ensolara-do, a hipovitaminose D seria pouco freqüente, mas os poucos estudos brasileiros realizados demonstram o contrário. Um estudo realizado na UNIFESP denominado SPADES (The São PAulo Vitamina D Evalua-tion Study) teve como objetivo ava-liar as concentrações de 25 hidroxi-vitamina D (25OHD) de indivíduos moradores na cidade de São Paulo (23°34’S) de diferentes faixas etá-rias com características comporta-mentais distintas e correlacioná-las com diversos parâmetros biológicos e com a radiação ultravioleta (UVR) medida ao longo do ano. Foram in-cluídos 591 indivíduos agrupados segundo sua origem, assim distribu-ídos: 177 institucionalizados (idade média de 76,2±9,0 anos), 243 ido-sos da comunidade (79,6±5,3 anos), 99 participantes de um programa de atividade física para a terceira idade (67,6±5,4 anos) e 72 contro-les jovens (23,9±2,8 anos). Foram avaliadas as concentrações de cálcio iônico, PTH, 25OHD, creatinina e albumina em diferentes momentos ao longo do ano e agrupadas por es-tação do ano. Na análise de regres-são múltipla tendo a 25OHD como variável dependente, os fatores de-terminantes foram PTH, cálcio iôni-co, mês do ano (p<0,05). Foi criada

Análise dos fatores determinantes para concentrações de 25 Hidroxivitamina D em diferentes populações de São PauloThe São Paulo vitamin D Evaluation Study (SPADES)

uma equação exponencial que prediz o valor de PTH baseado na concen-tração de 25OHD e é expressa pela fórmula PTH=10+104.24.e-(vitD-12,5)/62,36. O valor acima do qual a 25OHD perdeu correlação com o PTH foi de 75,0 nmol/L (30 ng/ml), valor bastante semelhante ao des-critos por outros autores. Baseado nisto, consideramos que este valor deva ser o limite inferior da normali-dade. Em sendo assim, encontramos que 91,5% dos institucionalizados, 87,6% dos idosos da comunidade, 48,5% dos idosos fisicamente ativos e 40,3% dos jovens apresentavam hi-povitaminose D. Encontramos con-centrações muito baixas de 25OHD nos idosos institucionalizados e da comunidade, se comparados aos jo-vens e idosos fisicamente ativos.

A influência das estações do ano sobre as concentrações de vitamina D é fato amplamente reconhecido em países localizados em latitudes extre-mas. Entretanto, desconhecemos o papel da sazonalidade sobre as con-centrações de 25OHD em nossa po-pulação. Os valores de UVR, forneci-dos pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) utilizados neste estudo, apresentavam um padrão que se assemelha a uma senóide. De-vido ao movimento de translação da Terra, os autores partiram da idéia de haver repetição cíclica da 25OHD e da UVR a cada 12 meses. A fórmula genérica é representada pela equa-ção: P1+P2.sin[-2π/12.(t-P3)]. Foi demonstrada a presença de variação sazonal da 25OHD em todos os gru-pos estudados, porém a amplitude de variação assim como as concen-trações médias foram maiores nos grupos de jovens e praticantes de atividade física ao ar livre indepen-

dentemente da estação do ano, pos-sivelmente devido à maior exposição solar recebida por estes grupos rela-cionada aos seus hábitos. Também foi possível observar que o nadir da UVR ocorre em junho enquanto que o da 25OHD ocorre no mês de outu-bro, havendo uma defasagem de três meses entre estes momentos. Estes achados demonstram que o mês da coleta da 25OHD deve ser considera-do na avaliação médica, assim como a necessidade de uma anamnese es-pecífica para ponderar se há risco para hipovitaminose D.

Os resultados deste trabalho apon-ta para a necessidade de uma preo-cupação governamental em torno de política de saúde, que poderia ava-liar medidas como distribuição de vitamina D, fortificação de alimentos e a educação médica quanto à alta prevalência desta condição dentre a população idosa, considerando-se o risco de fraturas e todas outras co-morbidades associadas. A correção da hipovitaminose D tem como obje-tivos primários promover a máxima absorção de cálcio intestinal, reduzir a freqüência de quedas e corrigir o hiperparatireoidismo secundário. Além disto, existem outros efeitos extra-esqueléticos, como a preven-ção de cânceres e de doenças auto-imunes, que devem ser mais bem estudados.

Autores: *Sergio Setsuo Maeda, Gabriela Saraiva, Marise Lazaretti-Castro

* Prof. instrutor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP

Mestre e Doutor pela UNIFESPSecretario Adjunto SOBEMOM

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CURSOS

As aulas já estão disponíveis na web para associados em dia

Em parceria com o Colégio Bra-sileiro de Radiologia, a SBDens

desenvolveu um Programa de Edu-cação Continuada em Densitometria Óssea (PEC). Trata-se de uma nova prestação de serviços aos associados que podem atualizar-se sem desloca-mentos, no conforto de sua casa.

Coordenado pelo Dr. José Carlos Amaral Filho, presidente da SBDens, o programa aborda aspectos de inte-resse prático em Densitometria Ós-sea e conta com a participação de ex-

CBR e SBDens lançam curso on-line de Educação Continuada

celente corpo docente. E já está está disponível na internet, nos sites da SBDens (www.sbdens.org.br) e do CBR (www.cbr.org.br).

Ao todo, são nove aulas cuidado-samente preparadas e divididas em três módulos. Os associados em dia com a anuidade e com acesso à área restrita do site (www.sbdens.org.br) podem acessar as aulas sem custos adicionais. Esperamos que todos aproveitem. Vejam a programação do PEC - Densitometria óssea:

1ª aula Dr. José Carlos Amaral FilhoApresentação da SBDensAplicação Clínica da Densitometria Óssea; Indicações e limitações do método

2ª aulaFst. Guilherme Cardenaz de SouzaO densitômetro: princípios do método DXA, componentes dos aparelhos, dimensões e condições ambientais das salas de densitometria

3ª aula Dr. Ben Hur AlbergariaControle de qualidade em Densitometria Óssea: protocolos de aquisição e posicionamento

4ª aula Dr. Bruno Muzzi CamargosAnálise dos exames: os recursos do software

5ª aula Dra Mirley do PradoO monitoramento da massa ósseaInterpretação e laudos densitométricos

6ª aulaDra Victoria Z. BorbaDO em crianças e adolescentes: interpretação, consenso da SBDens

7ª aulaDra. Laura C. MendonçaComposição Corporal: aquisição, análise, interpretação

8ª aula Dr. Cristiano Augusto ZerbiniAvaliação do risco relativo de fratura - critérios da OMSAvaliação do risco absoluto de fraturas - Frax: considerações sobre o seu uso.

9ª aula Dr. Sergio Ragi EisIdentificação das fraturas vertebrais por morfometria vertebral (VFA)

Para acessar a primeira aula, entre no site da SBDens, cli-que na guia “Cursos” e no item “PEC Densitometria”.

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ARTIGO CIENTÍFICO

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Composição corporal e Síndrome de Apnéia/Hipopnéia Obstrutiva do Sono (SAHOS)A Síndrome de Apnéia/Hipopnéia

Obstrutiva do Sono (SAHOS) é uma doença multifatorial caracte-rizada por episódios recorrentes de obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores (VAS) durante o sono. Variáveis como sexo, obesida-de, níveis séricos de leptina, fatores genéticos, anatômicos, hormonais e controle da ventilação interagem de forma distinta e complexa na fisio-patologia da SAHOS. Esta condição deteriora a qualidade de vida, predis-põe ao desenvolvimento de hiperten-são arterial, resistência à insulina e ao aumento do risco cardiovascular2-4 (DEMPSEY ET AL, 2010; VGONT-

ZAS, 2008; VGONTZAS ET AL, 2008; JEAN-LOUIS et al, 2008).

A etiologia da SAHOS é heterogênea na população e os fatores de risco dife-rem em subgrupos e individualmente. Homens e mulheres com mesmo Índi-ce de Massa Corporal (IMC) e mesma circunferência da cintura apresentam diferenças na quantidade e distri-buição da gordura no corpo inteiro e regionalmente, isto pode confundir a relação entre obesidade e os fatores de risco metabólicos e cardiovascula-res, desconsiderando o impacto que a distribuição da gordura representa (Simpson et al, 2010) e na SAHOS e em outras doenças.

A composição corporal, mais preci-samente, a quantidade e a distribui-ção de gordura corporal total, vem ganhando papel de destaque no en-tendimento do complexo mecanismo que envolve a Síndrome de Apnéia/Hipopnéia do Sono1 (SIMPSON et al, 2010). A obesidade é descrita como um dos principais fatores de risco da SAHOS (JEAN-LOUIS et al, 2008; DEMPSEY et al, 2010). Apesar da cla-ra associação entre as duas doenças, a maioria dos estudos realizados diag-nostica a obesidade nos pacientes com apnéia somente a partir do IMC ou da combinação deste índice a outros indi-cadores antropométricos tradicionais,

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como a circunferência da cintura e do pescoço. O IMC estabelece a relação entre o peso (expresso em quilogra-mas) e a altura ao quadrado (expres-sa em metros). Apesar do baixo custo de aplicação e da fácil utilização, este índice apresenta alta especificidade, porém baixa sensibilidade na identifi-cação da adiposidade corporal5 (OKO-RODUDU et al, 2010).

A definição de obesidade se refere ao acúmulo excessivo de gordura corpo-ral em relação à massa magra6 (BRAY, 1989), o qual é definido como maior que 25% de gordura corporal em ho-mens e maior que 35% em mulheres (WHO, 1995). O IMC corresponden-te a este percentual de gordura é de 30kg/m² em caucasianos jovens. Em 1995, a Organização Mundial de Saúde recomendou este ponto de corte como critério para diagnóstico de obesidade (WHO, 1995).

A avaliação de composição cor-poral mais precisa pode ser obtida a partir do uso da Dual Energy X-Ray Absorciometry (DXA), uma ferra-menta que recentemente se tornou vi-ável na prática clínica1 (SIMPSONS et al 2010). A composição corporal por

DXA é descrita como o “padrão ouro” na obtenção das medidas corporais (SIMPSONS et al 2010; LEE et al, 2008; SALOMONE et al, 2000; MA-ZESS et al, 1990).

O primeiro estudo que investigou utilização do DXA em pacientes com SAHOS foi conduzido por Simpson et al (2010). Estes autores descreveram a diferença na composição corporal de 60 homens e 36 mulheres com SAHOS a partir da avaliação de indi-cadores antropométricos e do DXA.

Os indicadores antropométricos uti-lizados foram IMC, circunferência da cintura, circunferência do pescoço, circunferência do quadril, relação cin-tura quadril. O DXA foi empregado para avaliar a composição corporal e foram descritos os valores de % gordu-ra e % de massa magra do corpo intei-ro e também de segmentos (pescoço, tronco e abdome). Os resultados indi-caram que a obesidade teve associação direta com a gravidade da apnéia de forma distinta nos homens e nas mu-

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lheres. Nas mulheres, tal gravidade se dá pelo acúmulo de gordura na região do pescoço e nas suas implicações so-bre as vias aéreas superiores. Já nos homens a gordura abdominal parece ter um impacto predominante. Segun-do os autores, a gravidade da apnéia foi melhor predita pela associação do DXA aos indicadores antropométricos do que só pelos indicadores antropo-métricos, usualmente adotados nos estudos sobre SAHOS.

A importância que a medida de gor-dura corporal avaliada por DXA teve nesta amostra foi corroborada pelos resultados obtidos com a leptina séri-ca. Dentre as variáveis analisadas, os valores de leptina sérica constituíram a única diferença significativa entre as pacientes com e sem apnéia do sono. As mulheres com apnéia apresenta-ram níveis séricos superiores aos das mulheres sem apnéia. Em humanos, a resistência à leptina tem sido consis-tentemente associada a obesidade e o aumento nos níveis de leptina é repor-tado em pacientes com apnéia do sono ou ainda na síndrome de hipoventila-ção alveolar. (DEMPSEY et al 2010; SILVA et al , 2009; MARTINS, TUFUK

E MOURA, 2007, Vgontzas, 2008). Lee et al (2008) pesquisaram qual

medida de adiposidade (circunferên-cia da cintura, DXA, tomografia com-putadorizada) seria melhor preditora na identificação de fatores de risco metabólico avaliando 95 mulheres, com IMC médio 27,5 kg/m², circunfe-rência da cintura 90,2 cm e 42 anos. Os resultados da composição corpo-ral foram comparados aos valores de pressão arterial, colesterol total, HDL colesterol, triacilglicerol, glicemia de jejum, insulina e proteína C reativa. Os resultados indicaram que nenhu-ma medida de adiposidade isolada foi capaz de predizer de forma mais expressiva os fatores de risco do que a associação entre elas.

Além do número reduzido de estu-dos que associem DXA a distúrbios do sono, faltam ainda parâmetros para definir os valores de referência para as diferentes regiões do corpo. Ou seja, o DXA permite a aferição precisa de gordura, músculo e osso em diferentes regiões, entretanto ainda não há dados que viabilizem a comparação. Na prá-tica clínica, o método já é empregado. Os resultados obtidos são comparados

Patricia Costa Bezerra Nutricionista, especialista em Nutrição

Clínica, Mestre em Psicologia e doutoranda em Medicina

aos exames subseqüentes permitindo uma análise da evolução clínica do pa-ciente, o que indica a necessidade de mais estudos nessa área.

A maior parte dos estudos realiza-dos em SAHOS investiga homens. A SAHOS é muito pouco valorizada em mulheres. Queixas frequentes de fadi-ga crônica, hipersonolência diurna e depressão são pouco associadas à ap-néia na população feminina.

Investigar a composição corporal por DXA é importante não só como uma maneira de predizer a SAHOS, a obesidade e os outros distúrbios me-tabólicos advindos das suas complica-ções. A quantidade e a distribuição de gordura corporal também devem ser utilizadas como uma meta terapêuti-ca, bem mais eficientes e precisas que somente a redução do peso corporal. A utilização do DXA na prática clíni-ca abre uma extensa possibilidade de linhas de investigação acerca da obesi-dade, da quantidade e da distribuição da gordura corporal.