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IndústrIa 3

a

Editorial

Fazer acontecer a regeneração urbana

A Regeneração Urbana, quando vista no seu vasto âmbito de in-tervenção em zonas da cidade ou em bairros e não apenas como a recuperação de prédios, de forma descoordenada e sem uma política integrada, é uma oportunidade de investimento multi-dis-ciplinar, envolvendo variadíssimos agentes e valências, criando emprego, gerando negócios, rentabilizando estruturas existentes que se encontram subaproveitadas e viabilizando investimentos.Envolve comércio e indústria. Consome materiais. Atrai engenhei-ros e arquitectos, desenhadores e projectistas. Ocupa urbanistas, consultores e ambientalistas. Mantém e cria emprego, quer o qualificado quer o especializado, mas também o indiferenciado. Melhora a vida nas cidades e torna-as mais atractivas. Promove o arrendamento e facilita a mobilidade. Reduz o tempo de deslo-cação casa - trabalho, com os consequentes impactos a nível dos transportes e melhorando a protecção do ambiente. A CIP pretende que sejam desenvolvidos programas consisten-tes, orientados para o objectivo de reabilitar as cidades, requalifi-car os centros urbanos e recuperar edifícios degradados.As medidas propostas pela CIP são divulgadas nesta edição da Revista Indústria. O documento resulta de um trabalho desenvol-vido pelos quadros técnicos da CIP, coordenado pelo Vice-Presi-dente da CIP Engº Carlos Cardoso, que contou com a colabora-ção de especialistas e que teve em consideração a opinião dos agentes associativos da fileira da construção (a Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário e a Associação dos Industriais da Construção de Edifícios, bem como as outras Asso-ciações da fileira da construção e a ela ligadas, como os sectores metalúrgico e metalomecânico e do material eléctrico). Tivemos também o apoio de consultores especializados e de personalida-des altamente competentes e muito envolvidas nestas questões, como o Prof. Augusto Mateus, o Engº Fernando Santo ou o Engº João Teixeira, além do Dr. Marques da Silva e do Engº Samuel Silva. A todos agradeço a colaboração que prestaram à CIP.A proposta da CIP contém 4 medidas essenciais:I. Alterar o Sistema Fiscal incidente sobre o Património Imobiliário, criando estímulos que canalizem a poupança para a Regenera-ção UrbanaII. Criar medidas orientadas para a dinamização do Mercado de Arrendamento e a valorização do Património e do Investimento no Imobiliário

antónio saraivaPresidente da CiP

III. Alterar profundamente o actual regime jurídico de Reabilitação Urbana e do Licenciamento conferindo-lhe eficáciaIV. Adoptar politicas de incentivo ao investimento na Regeneração Urbana e no ImobiliárioApresentámos, entretanto, uma candidatura ao SIAC - Sistema de Apoio às Acções Colectivas no âmbito do COMPETE (QREN).É sabido que a indústria da construção é decisiva para o cres-cimento económico sustentável e não há crescimento sem uma indústria da construção competitiva. Num contexto em que as leis existentes favorecem mais a de-gradação urbana que a Regeneração Urbana, entendemos que qualquer política só será bem sucedida se permitir:• Soluções integradas e harmoniosas, orientadas para criar vida nova nas cidades• A reabilitação de imóveis degradados, incluindo os que sejam demolidos e construídos de novo• O investimento na aquisição de prédios urbanos novos ou que tenham sido objecto de reabilitação profunda• O arrendamento desses imóveis para habitação, como política predominanteO nosso primeiro contributo está dado. Cabe agora ao Gover-no e às autarquias tomar as decisões estratégicas e adoptar as medidas legislativas e regulamentares necessárias para FAZER ACONTECER A REGENERAÇÃO URBANA. Mas não ficaremos por aqui. Prestaremos toda a colaboração, apontando as medidas concretas a tomar nos domínios fiscal e da legislação sobre o arrendamento, bem como em todos os outros em que se mostre necessário intervir para reabilitar as cidades, requalificar os centros urbanos e recuperar edifícios degradados.

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SUMÁrio

IndústrIarEVIsta dE EMPrEsÁrIOs E nEGÓCIOs

SUMÁrioEditorial

informação Económica

actualidade CiP - Posição conjunta da AEP, AIP e CIP sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2011

dossiê - Indústria Metalúrgica e Metalomecânica

análise Económica - Estratégia da Europa 2020- Aspectos Microeconómicos, por Diogo Costa

internacionalização Especial Angola

Empresas e Serviços

Notícias

opinião- A Crise, por Henrique Salles da Fonseca

3

6

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DirectorAntónio Saraiva

Director AdjuntoDaniel Soares de Oliveira

Conselho EditorialArmindo MonteiroJoão Mendes de AlmeidaGregório Rocha NovoManuela GameiroJaime BragaSofia Baião Horta

SecretariadoFrancisco CarreraFilomena Mendes

Administração e PropriedadeCIP - Confederação da Indústria PortuguesaAv. 5 de Outubro, 35 - 1º 1069-193 LisboaTel.: 213 164 700 Fax: 213 579 986E-mail: [email protected]: 500 835 934

N.º de registo na ERCS - 108372Depósito Legal 0870 - 9602

Produção e EdiçãoBleed - Sociedade Editorial e Organização de EventosCampo Grande, 30 - 9.º C1700-093 Lisboa

Tel.: 21 795 70 45/6Fax: 21 795 70 [email protected]

Director EditorialMiguel [email protected]

Director ComercialMário [email protected]

Gestor de MeiosFrancisco dos Reis Mesquita

Editor FotográficoSérgio Saavedra

Design e PaginaçãoJosé Santos

ImpressãoInprintAlameda das Linhas de Torres, 1791750-142 Lisboa

PeriodicidadeBimestral

Tiragem10.000 exemplares

N.º 83-84 Setembro/DezembroAno XXX

4 IndústrIa

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6 IndústrIa

CoNjUNtUra

Informação económica

OE/2011:

Perspectivas

macroeconómicas

A proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2011 foi entregue na Assembleia da República no dia 15/10/2010; a apresentação, pelo Governo, das principais linhas do OE/2011 e a disponibilização do respectivo Relatório tiveram lugar no dia seguinte.Na elaboração das perspectivas macroeconómi-cas para 2011 (ver figura I), o Governo assumiu as seguintes hipóteses como enquadramento internacional:• Desaceleração da procura externa relevante para Portugal;• Aumento das taxas de juro de curto prazo;• Ligeiro aumento do preço do petróleo;• Depreciação do euro face ao dólar;• Aumento da taxa de inflação.Neste contexto, e tendo em conta o compromis-so assumido de redução do défice orçamental, em percentagem do PIB, em 2.7 pontos percen-tuais entre 2010 e 2011 (de 7.3% do PIB, em 2010, para 4.6% do PIB, em 2011), o Governo prevê que, em 2011:• A economia portuguesa cresça 0.2% (1.3% em 2010); este crescimento é baseado, sobretudo, no aumento das exportações;• A quebra de todas as componentes da procura interna se reflicta na contracção das importações, o que contribuirá para uma redução do défice da balança comercial e, consequentemente, das ne-cessidades de financiamento da economia;• A taxa de inflação aumente para 2.2% (1.3% em 2010);• O emprego registe nova retracção e se verifique um agravamento muito ligeiro da taxa de desem-prego (+0.2 pontos percentuais).

Previsões

económicas para

2011

O FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou, em 06/10/2010, o World Economic Outlook de

1.

2.

Figura IoE/2011 – perspectivas macroeconómicas

Outubro/2010, documento que contempla previ-sões para a economia portuguesa (ver figura II).Segundo este organismo, o PIB mundial, depois da contracção de 0.6% verificada em 2009, de-verá crescer 4.8% no corrente ano e 4.2% em 2011. É de referir que o abrandamento econó-mico previsto para 2011 deverá ocorrer quer nas economias avançadas (de 2.7%, em 2010, para 2.2%, em 2011) quer nas economias emergen-tes e em desenvolvimento (de 7.1%, em 2010, para 6.4%, em 2011).Em relação a Portugal, o FMI prevê o seguinte:• Crescimento da actividade económica, em 2010, de 1.1%, e estagnação em 2011;• Aumento da taxa de inflação de 0.9%, em 2010, para 1.2%, em 2011;• Agravamento da taxa de desemprego, que de-verá atingir 10.9% em 2011 (9.6%, em 2009, e 10.7%, em 2010).No dia seguinte à divulgação das previsões eco-nómicas do FMI, o Banco de Portugal apresen-tou o Boletim Económico de Outono 2010.Tal como o FMI, o Banco de Portugal prevê que, em 2011, a economia portuguesa registe uma

estagnação, após um crescimento de 1.2% em 2010, e acrescenta que “esta evolução resultará da conjugação de uma contracção da procura in-terna, a partir da segunda metade de 2010, com um abrandamento das exportações em linha com o crescimento da procura externa dirigida às empresas portuguesas”.O Banco de Portugal entende que “a evolução da economia portuguesa em 2011 será fortemente condicionada pelo processo de consolidação orçamental, bem como por alguma dinâmica de redução do endividamento do sector privado”, e que “o processo de consolidação orçamental as-sume importância primordial no actual contexto”.Esta entidade refere que “o cumprimento escru-puloso dos objectivos orçamentais actualmente delineados surge como indispensável”; no en-tanto, adverte que “a prossecução destes ob-jectivos deve ser conjugada com o reforço dos incentivos ao crescimento económico no médio e longo prazo, nomeadamente no que respeita ao grau de previsibilidade e permanência das políticas, à mobilidade e capacidade de reafec-tação de recursos, à exigência na qualificação

2010 2011

1. Despesa e PIB (variação em volume, %)Consumo privado 2.0 -0.5

Consumo público 1.9 -8.8

Investimento -2.0 -2.7

Exportações 8.6 7.3

Importações 6.7 -1.7

PIB 1.3 0.22. Preços (taxa de variação, %)

Taxa de inflação 1.3 2.2

3. Emprego e desempregoEmprego total (taxa de variação, %) -1.4 -0.4

Taxa de desemprego (%) 10.6 10.8 Fonte: MFAP (Relatório do OE/2011, pág.ª 38)

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produtividade, que se vinha a acumular há vários anos.• O desafio mais imediato é o fomento da con-fiança dos investidores, já que spreads eleva-dos não só põem em perigo a sustentabilidade orçamental, mas também colocam em risco a retoma da actividade ao aumentarem os custos de financiamento em toda a economia. A chave para recuperar a confiança dos investidores é uma rápida consolidação das finanças públicas.• Deveriam ser exploradas as oportunidades de se conseguir obter um sistema fiscal com me-nos distorções e mais favorável ao crescimento. A nossa análise defende um maior esforço de redução dos impostos sobre o trabalho, por con-trapartida de um aumento dos impostos sobre o consumo e a propriedade. Esta transferência da carga fiscal proporcionaria uma forma prática de recuperar competitividade e de conseguir ga-nhos em matéria de emprego.• O recente Código do Trabalho e o novo Código Contributivo da Segurança Social representam passos importantes nas reformas do mercado de trabalho. Mas ainda é possível ir mais longe.• Portugal deveria também rever a arquitectura dos subsídios de desemprego. Para todos os trabalhadores, o grau de generosidade do sub-sídio deveria ser função inversa da duração do período de desemprego, e não da idade do tra-balhador.• Portugal precisa de combater o excesso de burocracia e a rigidez da regulamentação. Os estrangulamentos existentes estão a impedir a entrada de empresas eficientes e a saída das ineficientes, o que trava a produtividade, em par-ticular nos serviços. A simplificação do sistema fiscal é uma prioridade para melhorar o ambiente de negócios.• Portugal viveu duas décadas de crescimento e de convergência dos níveis de vida em relação à média da UE. Havia um sentimento generali-zado de confiança num futuro melhor, baseado nas expectativas de aderir à União Europeia em 1986 e depois ao euro, em 1999. Esta dinâmica parece ter sido perdida na última década.• Portugal pode contar com diversos pontos for-tes: uma forte cultura empresarial, redes de con-tacto efectivas no mundo dos negócios apoiadas em afinidades históricas e culturais, uma mão-de-obra séria e trabalhadora, amplos recursos humanos qualificados em ciências e engenharia, e uma cultura florescente e acolhedora.

CIP/DAEM

CoNjUNtUra

3.

Figura IIPiB (taxa de crescimento real, %)

IndústrIa 7

dos recursos humanos e à criação de um quadro institucional - nomeadamente no que se refere à celeridade do sistema judicial – favorável ao crescimento económico”.Note-se que as previsões do FMI e do Banco de Portugal não entraram em linha de conta com as “Principais Medidas para o Orçamento do Es-tado para 2011 e para reforço da execução or-çamental de 2010” que o Governo anunciou no dia 29/09/2010. De qualquer forma, aquando da conferência de imprensa em que o FMI apresen-tou o World Economic Outlook de Outubro/2010, foi dito por um responsável do Fundo que, caso estas medidas fossem tidas em consideração, a previsão, para 2011, da evolução do PIB portu-guês seria de -1.4% e não de estagnação, con-forme consta do documento.

OCdE:

Estudo

sobre Portugal

No dia 27/09/2010, Angel Gurría, Secretário-Ge-ral da OCDE, apresentou, em Lisboa, o Estudo

Económico de 2010 sobre Portugal, da OCDE.Perante o Ministro das Finanças e da Adminis-tração Pública afirmou, nomeadamente, o se-guinte:• O principal desafio da política económica em muitos países da OCDE consiste em compati-bilizar o apoio a uma retoma ainda frágil com a necessidade de regressar a uma trajectória orça-mental mais sustentável.• Portugal foi fortemente afectado pela crise mun-dial e os spreads da dívida pública mantêm-se em níveis elevados, reflectindo as preocupações dos investidores quanto à sustentabilidade orça-mental. Esta situação é injusta de vários pontos de vista, especialmente porque Portugal lançou reformas económicas de primeiro plano tanto antes como durante a crise, nomeadamente em matéria de mercado de trabalho e de pensões.• Estou confiante que Portugal vai conseguir ul-trapassar esta crise. A ambiciosa estratégia de consolidação orçamental precisa de um forte consenso político que o país já mostrou no pas-sado que conseguia alcançar.• Portugal entrou na crise com um problema de

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8 IndústrIa8 IndústrIa8 IndústrIa

CoNjUNtUra

dia

Mundial

da Estatística

No dia 20/10/2010 celebrou-se, pela primeira vez, o Dia Mundial da Estatística. Com este evento pretendeu-se sublinhar a importância das estatísticas oficiais nas sociedades mo-dernas.Um press-release do Sistema Estatístico Euro-peu a propósito deste dia afirma que “as estatís-ticas europeias apresentam duas características essenciais que as tornam insubstituíveis: ofere-cem valores de referência para o conjunto da UE e garantem a comparabilidade entre dados dos Estados-Membros, permitindo identificar seme-lhanças e diferenças no espaço da UE”.O comunicado dá um exemplo concreto do que as estatísticas europeias permitem descrever: o “cidadão-médio” da UE e de cada Estado- -Membro.Assim:• Na UE, “uma mulher tem cerca de 42 anos e pode esperar viver mais 41; é mãe pela primei-ra vez aos 28 anos e tem menos de dois filhos; trabalha (...) cerca de 33 horas por semana e completou pelo menos o ensino secundário. Um homem tem cerca de 39 anos e pode esperar viver mais 39; trabalha (...) cerca de 40 horas por semana e completou pelo menos o ensino secundário”;• “Em Portugal, a mulher-média tem cerca de 41 anos e pode esperar viver mais 42 anos; é mãe pela primeira vez aos 28 anos e tem menos de dois filhos (...); tem um nível de escolarida-de completo correspondente, no máximo, ao 3º ciclo do ensino básico (...). Em média, uma mu-lher empregada por conta de outrem trabalha 38 horas por semana. O homem médio tem cerca de 38 anos e uma expectativa de vida de mais 39 anos; tem também um nível de escolaridade completo correspondente, no máximo, ao 3º ci-clo do ensino básico (...). Em média, um homem

1.

Estatísticas em destaque

FIGUra Irepartição do PiB mundial

(2008; %)

empregado por conta de outrem trabalha 41 ho-ras por semana”.O documento dá ainda conta que “em 2011, será realizado um Recenseamento da População em todos os Estados-Membros cujos resultados são de importância vital quer a nível nacional, para as decisões sobre a localização de infra estruturas públicas (escolas, hospitais, abastecimento de energia, transportes...), quer a nível europeu, na determinação do peso de voto de cada Estado- -Membro no Conselho Europeu”.Ainda a propósito do Dia Mundial da Estatística, o Eurostat divulgou uma nova publicação: “A UE no Mundo – Um Retrato Estatístico”.

Esta publicação dá a conhecer, nomeada-mente, que:• Em 2010, 7.3% da população mundial vive na UE (500 milhões de habitantes). A população mundial ascendeu a 6.9 mil milhões de habi-tantes, tendo a China (o país mais populoso do mundo) 1.35 mil milhões de habitantes (19.6%) e a Índia 1.21 mil milhões de habitantes (17.6%).• A mortalidade infantil reduziu-se, no mundo, de 116 casos por mil nados vivos, em 1960, para 47.3 casos por mil nados vivos, em 2008.• Em 2007, no mundo, a esperança mé-dia de vida à nascença era de 67.6 anos (82.7 anos no Japão, 79.2 anos na UE e

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IndústrIa 9

CoNjUNtUra

FIGUra IIPercentagem de adultos, entre os 25 e os 64 anos de idade,

que declararam não conhecer uma língua estrangeira (2007; %)

51.6 anos na África do Sul, por exemplo).• Em 2008, o PIB da UE representava 30% do PIB mundial (ver figura I). Nesse ano, o PIB mundial foi de 41.2 mil biliões de euros.• Em média, em 2008, existiam, no mundo, 21 utilizadores de internet por 100 habitantes (64 utilizadores na UE). Na Coreia do Sul, este rácio foi de 77 utilizadores de internet por 100 habi-tantes.• As emissões de dióxido de carbono per capita, em 2008, foram de 8.2 toneladas na UE; nos EUA e na China, em 2006, foram de 19 e 4.6 toneladas, respectivamente.

rendimento

e Condições

de Vida

O INE, associando-se às iniciativas “2010 Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social” e Dia Mundial da Estatística, divulgou, no dia 20/10/2010, uma publicação com a análi-se dos resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento em Portugal (que se realiza a nível europeu desde 2004).

Alguns resultados:• Tendência de redução da taxa de risco de po-breza monetária entre 2003 e 2008, de 20.4% para 17.9% (diminuição de 8.9 pontos percentu-ais no risco de pobreza para a população idosa);• Em 2008, o risco de pobreza nas famílias com crianças dependentes era maior do que o das famílias sem crianças dependentes: 20.6% e 14.9%, respectivamente;• Entre 2003 e 2008, a desigualdade na distri-buição dos rendimentos familiares em Portugal reduziu-se gradualmente;• Em 2009, 21.4% dos residentes referiu viver em privação material;• Estima-se que, em 2009, 14.1% dos indivíduos viviam em alojamentos sobrelotados.

UE:

Jovens adultos

em 2008

Em 2008, na UE, segundo o Eurostat, 32% dos homens e 19.6% das mulheres, com idades en-tre os 25 e os 34 anos de idade, viviam com os seus pais. Em Portugal, estas taxas são mais

elevadas: na faixa etária 25-34 anos, 47.6% dos homens e 34.9% das mulheres viviam com os seus pais.Analisando os valores correspondentes à faixa etária 18-24 anos, verifica-se que:• Na UE, 81.5% dos homens viviam com os seus pais, enquanto que, em Portugal, essa taxa era de 91.6%;• Na UE, 71% das mulheres viviam com os seus pais; em Portugal a taxa era de 82.8%.

dia

Europeu

das Línguas

O Dia Europeu das Línguas foi comemorado no dia 26/09/2010. Neste contexto, o Eurostat, ao disponibilizar dados sobre esta matéria, concluiu que, em 2008, na UE, 79% das crianças estu-davam uma língua estrangeira (crianças que se encontravam num nível de ensino que tem início aos 4-7 anos de idade e que, em geral, dura en-tre 5 e 6 anos, dependendo do país), sendo o inglês a língua estrangeira mais comum.As maiores percentagens de crianças que es-tudavam uma língua estrangeira verificaram-se no Luxemburgo e na Suécia (100%), em Itália (99%) e em Espanha (98%); não está disponível informação sobre Portugal.Na UE, segundo dados de 2007, quando foi so-licitado a adultos entre os 25 e os 64 anos de idade para avaliarem o seu nível de competên-cia na língua estrangeira que melhor conhecem, 13.3% declararam ser proficiente (isto é, muito bom) (Portugal: 10.1%); 15.9% como sendo bom (Portugal: 16.2%); 29.6% como sendo razoável ou básico (Portugal: 22.4%) e 38% declararam não ter conhecimentos acerca de uma língua estrangeira (Portugal: 51.3%). A percentagem de adultos, na faixa etária dos 25-64 anos, que declarou não conhecer uma língua estrangeira foi mais elevada na Roménia (75%), na Hungria (74.8%) e em Portugal (51.3%; ver figura II).

CIP/DAEM

2.3.

4.

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a

10 IndústrIa

aCtUalidadE CiP

A AEP, a AIP e a CIP não podem deixar de deplorar o recurso a este tipo de medidas que, prejudicando a competitividade das empresas, tornarão mais difícil a recupera-ção das exportações, do investimento e do emprego.

Existe margem de manobra para melhorar a proposta do OE 2011, corrigindo alguns dos seus aspectos mais nega-tivos – consideram a AEP, AIP e CIP num comunicado conjunto, em que alertam todos os partidos políticos para as graves implicações que a não aprovação do OE teria sobre a confiança dos empresários e dos mercados financei-ros na economia portuguesa, com consequências imprevisíveis para a economia nacional, para a sustentabilidade social, para a própria República e, acima de tudo, para a soberania nacional. No comunicado, AEP, AIP e CIP dizem ainda que, apesar do aumento da carga fiscal se focalizar na tributação indirecta, a proposta de aumento da taxa normal do IVA e, sobretudo, as alterações de taxas aplicáveis a muitos produtos do sector da alimentação e bebidas e diversas outras medidas penalizam directamente as empresas

PoSição CoNjUNta da aEP, aiP E CiP sobre a proposta de orçamento

do Estado para 2011

É imperativo cumprir rigorosamente as me-tas de consolidação orçamental a que Por-tugal se comprometeu, sob pena de, a breve trecho, sofrermos consequências, derivadas do corte de financiamento externo, ainda mais penalizadoras para a economia e, em

particular, para o emprego – referem ainda a AIP, AEP e CIP.A PROPOSTA de Orçamento do Estado para 2011 apresentada pelo Governo re-flecte a necessidade de uma forte redução do défice público, a concretizar através da

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IndústrIa 11

aCtUalidadE CiP

A CAP, CCP, CIP e CTP reuniram para analisar o impacto da ruptura do processo negocial entre o Governo e o principal partido da oposição visando a viabilização do OE para 2011.As quatro confederações vêem com muita preocupação as consequências da não aprova-ção do Orçamento do Estado para o próximo ano. Apesar de considerarem que este não é o Orçamento de que o País precisa para encetar um processo sustentado de recuperação da sua economia, consideram que seria dramático que, na actual conjuntura, Portugal vivesse o ano de 2011 sem um novo Orçamento aprovado pela Assembleia da República.Os mercados financeiros e os nossos parceiros da União Europeia não entenderiam que Portugal não conseguisse dispor de um Orçamento do estado que credibilizasse os muito exigentes compromissos assumidos de redução do défice orçamental em 2011 e, por certo, a economia portuguesa e as empresas iriam sofrer os efeitos do descrédito daí resultante.É responsabilidade patriótica dos políticos ter visão de futuro, comprometendo-se com o País na procura das soluções adequadas para resolver o grave impasse em que todos nos encontramos. Sem um novo Orçamento do Estado, não será viável reduzir o défice das contas públicas em cerca de 3 pontos percentuais nem dispor de um conjunto de medidas exigentes e credíveis que responsabilize o Governo pela sua execução e que defina os meios para fiscalizar o seu cumprimento.As Confederações Patronais fazem, por isso, um apelo ao Governo e aos grandes partidos políticos com assento parlamentar para colocarem o interesse do País acima das lógicas e do confronto político-partidário e para desenvolverem todos os esforços negociais no sen-tido de permitirem a restauração da confiança dos mercados financeiros e das empresas, como condição para a recuperação económica. Está em causa a soberania nacional, a sobrevivência económica do País, a estabilidade social e a esperança dos portugueses no seu próprio futuro.

Confederações Patronais apelam a consenso que viabilize o oE 2011

tomada de medidas drásticas, tanto do lado das despesas como no das receitas, que terão, inevitavelmente, um efeito recessivo sobre a economia portuguesa.A necessidade de medidas tão drásticas não se justifica nem pela conjuntura económica nem pela assunção de metas mais ambicio-sas, mas sim pela imperiosa necessidade de estabilizar as finanças públicas, sem o que poderíamos ter o corte do financiamento ex-terno à economia portuguesa. Tais medidas têm de ser agora mais pesadas devido a po-líticas económicas e, em particular, políticas orçamentais erradas, nas últimas décadas, tudo agravado pela derrapagem da execu-ção orçamental de 2010, resultante da inca-pacidade de contenção da despesa corrente primária, que pôs em causa o cumprimento do objectivo fixado para o défice.A AEP – Associação Empresarial de Por-tugal, a AIP – Associação Industrial Portu-guesa e a CIP – Confederação da Indústria Portuguesa reconhecem, contudo, que é imperativo cumprir rigorosamente as metas

de consolidação orçamental a que Portugal se comprometeu, sob pena de, a breve tre-cho, sofrermos consequências, derivadas do corte de financiamento externo, ainda mais penalizadoras para a economia e, em particular, para o emprego.A AEP, a AIP e a CIP constatam que é pro-posto um contributo substancial da redução da despesa para o reequilíbrio orçamental. De facto, a redução de mais de 4500 milhões de euros na despesa corrente primária, a concretizar-se, será algo inédito na eco-nomia portuguesa. Ainda que grande parte deste esforço assuma um carácter conjun-tural, podendo ser facilmente reversível a prazo, estão previstas algumas medidas es-truturais. Neste aspecto, consideramos que o anúncio da extinção ou fusão de diversos institutos e outros organismos públicos, se tiver sido resultante da necessária reflexão, é um sinal positivo, ainda que notoriamente insuficiente, a exigir um estudo e soluções

que abranjam a organização do Governo e das autarquias. Está em causa redefinir a missão e as funções do Estado. Para já, espera-se que a reorganização prevista, ao incluir a extinção de serviços socialmente inúteis, não afecte o funcionamento das em-presas.A AEP, a AIP e a CIP reafirmam assim que a sustentabilidade das finanças públicas passa, fundamentalmente, pela reforma do papel do Estado e, consequentemente, por uma reforma profunda de toda a Administra-ção Pública e do Sector Empresarial do Es-tado, incluindo empresas públicas, regionais e municipais. Esperam, por isso, a maior determinação do Governo e dos partidos do arco democrático neste domínio, até por-que uma Reforma para o Século XXI não se compadece com medidas circunstanciais.A redução prevista para o défice orçamen-tal resulta ainda, em mais de um terço, do aumento da receita corrente, implicando um

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aCtUalidadE CiP

novo e forte aumento da carga fiscal sobre as famílias e as empresas.Apesar deste aumento se focalizar na tribu-tação indirecta, desejavelmente, com efeitos menos negativos sobre a competitividade, a proposta de aumento da taxa normal do IVA e, sobretudo, as alterações de taxas aplicá-veis a muitos produtos do sector da alimen-tação e bebidas e diversas outras medidas penalizam directamente as empresas.Isto decorre quer do aumento da tributação directa que sobre elas incide, designada-mente pelo efeito da limitação da despesa fiscal, quer do acréscimo de custos que acarretam, a que acresce a retracção do mercado doméstico, principalmente o que é servido pelas empresas do sector agro-alimentar. A AEP, a AIP e a CIP não podem deixar de deplorar o recurso a este tipo de medidas que, prejudicando a competitivida-de das empresas, tornarão mais difícil a re-cuperação das exportações, do investimen-to e do emprego.AO CONTRÁRIO, a AEP, a AIP e a CIP con-sideram positiva a inclusão neste Orçamen-to de medidas de estímulo à recapitalização das empresas, pondo fim à discriminação negativa do recurso ao financiamento por

parte dos sócios. Outras medidas de estí-mulo às exportações e ao investimento, pro-postas pela AEP, AIP e CIP em devido tem-po, com um impacto diminuto sobre o défice, deveriam ter sido consideradas, como forma de compatibilizar a consolidação orçamental com o incentivo à competitividade das em-presas, apoiando a recuperação económica baseada no aumento das exportações.Por outro lado, a assunção de um cenário macroeconómico muito exigente, sobretudo no que se refere à previsão da redução das importações e do crescimento do produto, torna os riscos inerentes à execução orça-mental, ao longo de 2011, particularmente elevados, apesar da previsão das receitas se basear em pressupostos credíveis. A AEP, a AIP e a CIP registam o optimismo do Governo no que se refere às exportações, o que consideram positivo pelo reconheci-mento que será o sector privado, através das exportações, a ser o real motor do cres-cimento da economia.Neste quadro julgamos ser decisivo alte-rar drasticamente as políticas públicas que favorecem a actual economia dual, consti-tuída pelo universo das empresas não tran-saccionáveis, e pelo universo das empresas

de bens transaccionáveis, por quanto na configuração actual se torna mais difícil vencer o desafio da exportação.POR TUDO ISTO, a AEP, a AIP e a CIP consideram imprescindível que se preve-jam mecanismos no sentido de assegu-rar que qualquer desvio que se venha a registar na execução do Orçamento seja acomodado do lado da despesa. É, pois, para nós claro que todo o esforço adi-cional que eventual-mente tenha de ser fei-to deverá vir da redução da despesa pública, sen-do impensável continuar a corrigir o desequilíbrio orça-mental pelo lado das receitas.FINALMENTE, a AEP, a AIP e a CIP não entendem que o Or-çamento do Estado para 2011 continue a persistir na prossecução de grandes projectos em infra-estruturas incompa-tíveis com a grave situação financei-

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ra que neste momento o País atravessa.Os recursos disponíveis deverão ser priori-tariamente canalizados para o estímulo aos sectores transaccionáveis com o conse-quente aumento da capacidade exportadora e da redução do peso das importações na economia, bem como para o apoio aos gru-pos socialmente mais débeis.A AEP, a AIP e a CIP concluem que existe margem de manobra para melhorar a pre-sente proposta de Orçamento do Estado para 2011, corrigindo alguns dos seus as-pectos mais negativos, mas entendem ser seu dever para com os portugueses alertar todos os partidos políticos para as graves implicações que a sua não aprovação teria sobre a confiança dos empresários e dos mercados financeiros na economia portu-guesa, com consequências imprevisíveis para a economia nacional, para a sustenta-bilidade social, para a própria República e, acima de tudo, para a soberania nacional.

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o SECtor MEtalúrgiCo E MEtaloMECâNiCo EM PortUgal

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OO sector metalúrgico e metalomecânico caracteriza-se pela sua heterogeneidade, abrangendo subsectores muito distintos entre si. Integra nomeadamente, entre muitos ou-tros, fabricantes de máquinas, de componen-tes para a indústria automóvel, de estruturas metálicas, de materiais de construção ou de cutelarias e louça metálica.Abrange igualmente tanto empresas de gran-de tecnologia como estruturas de mão de obra mais intensiva.Em termos de dimensão, embora predomi-nem as pequenas e médias empresas, exis-tem também muitas grandes empresas alta-mente marcantes.Para além disso, no que concerne à estrutu-ra do capital, a mesma varia entre empresas familiares e outras integradas em grupos mul-tinacionais – alguns deles instalados nos mer-cados globais.Do exposto resulta assim não existir pois um padrão único para avaliar as empresas do sector metalúrgico e metalomecânico portu-guês ou mesmo este no seu conjunto.Não obstante o exposto, é certo que este sector se tem afirmado cada vez mais como uma indústria de grande peso e relevância no contexto da economia nacional, revelando ex-celentes performances nos mais diversos in-dicadores económicos e sociais, como sejam,

por exemplo, a criação de emprego, o volume de exportações ou o investimento privado.Infelizmente, terá de reconhecer-se que tais indicadores recuaram nos anos de 2008 e 2009 devido à existência de duas crises simul-tâneas e indissociáveis: a crise internacional e a crise portuguesa. A primeira teve fortes impactos nas exportações portuguesas em 2009; a segunda afectou o consumo interno. Estas circunstâncias tiveram reflexos negati-vos nos resultados financeiros das empresas, particularmente ao nível da fileira dos mate-riais de construção, dos produtores de máqui-nas ou dos fabricantes de componentes para a indústria automóvel.Há ainda que sublinhar nesse âmbito os facto-res adversos com que as empresas se viram confrontadas, mormente o aumento dos pre-ços das matérias-primas, dos custos energé-ticos e dos combustíveis, aos quais acresceu ainda a dificuldade de acesso ao financiamen-to bancário.Em 2010, embora lentamente, verifica-se já uma recuperação económica do sector, impul-sionada nomeadamente pelas exportações.Assim, ao nível do emprego, o sector voltou a ser o único que em Portugal criou postos de trabalho em termos líquidos. No investimen-to privado, embora mais ténue, a inversão da tendência do ano anterior também é uma

realidade. E no que respeita às exportações, regista-se um crescimento de cerca de 17%, sendo além disso evidente que, como vinha a suceder até 2008, o sector metalúrgico e me-talomecânico volta a ser o principal responsá-vel pelo crescimento do volume de vendas de bens e serviços transaccionáveis portugueses para o exterior.Em termos globais, apesar de todas as con-trariedades, verifica-se que o desempenho das empresas continua a ser positivo, pers-pectivando-se que o ano de 2010 irá ser con-cluído com melhores resultados face ao ano transacto.Tal melhoria deve-se essencialmente ao es-forço desenvolvido pelas empresas no sentido de fazer uma aposta empenhada e consisten-te na qualidade e particularmente nos factores distintivos dos produtos e das próprias empre-sas, nomeadamente através de um maior in-vestimento em domínios como a propriedade industrial, a certificação, a investigação e de-senvolvimento e a formação profissional. A indústria metalúrgica e metalomecânica na-cional continua assim a projectar para o país e para o mercado, aos mais diversos níveis, a imagem de excelência que foi consolidando ao longo dos anos, distinguindo-se por direito próprio como um sector chave da economia portuguesa.

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raFaEl CaMPoS PErEira, ViCE-PrESidENtE ExECUtiVo da aiMMaP

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HHá uma pergunta recorrente em todas as entrevistas efectuadas aos principais res-ponsáveis da AIMMAP e é precisamente com ela que iniciaremos esta conversa: como está actualmente a saúde da indús-tria metalúrgica e metalomecânica portu-guesa?Se a questão que coloca é recorrente, tam-bém o enquadramento da resposta terá de o ser. Com efeito, é importante começar por dizer a esse respeito que o nosso sector é ex-tremamente heterogéneo aos mais diversos níveis: dimensão das empresas, caracterís-ticas dos produtos, tipos de clientes. Dentro do grande sector do metal há um conjunto de subsectores com especificidades evidentes. Daí decorre que nem sempre se possa fazer uma avaliação simplista do estado do sector metalúrgico e metalomecânico, sendo impor-tante reconhecer que, em cada momento, haverá necessariamente alguns subsectores que se encontram em melhor situação do que alguns outros.Apesar de tudo, há uma síntese que pode e deve ser feita. Nesse âmbito, o primeiro ponto a sublinhar é o de que o sector, tal como a ge-neralidade dos restantes sectores portugue-ses, ainda está a sofrer os efeitos de duas cri-ses simultâneas: a crise internacional e a crise portuguesa. A primeira implicou uma redução das exportações em 2009; a segunda afec-tou o consumo interno. Tais circunstâncias, associadas ou não, fizeram baixar a factura-ção e os resultados de um número grande de empresas do sector, particularmente ao nível das fileiras dos materiais de construção, dos fabricantes de máquinas ou dos componentes para o sector automóvel.

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“Mais do que nunca, a defesa dos interesses das empresas está em excelentes mãos”

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Para além do exposto, há a sublinhar o au-mento dos preços das matérias-primas, dos custos energéticos e dos combustíveis. E não pode deixar igualmente de se sublinhar como importante factor de inibição da competitivida-de das empresas do sector, a crescente difi-culdade no acesso ao financiamento bancário e algumas medidas erradas do governo e da administração pública, nomeadamente ao ní-vel da fiscalidade, da formação e da justiça.Não obstante o exposto, em termos globais, apesar de todas essas enormes contrarieda-des, o desempenho das empresas continua a ser positivo. E pode dizer-se que, depois de um ano de 2009 muito difícil, o presente ano de 2010 vai ser concluído com resultados mui-to melhores, evidenciando uma clara situação de recuperação e retoma.Mas devo dizer que isso acontece quase ex-clusivamente em razão do esforço e da dedi-cação dos respectivos empresários, gestores e colaboradores. Aliás, deve dizer-se com toda a frontalidade que a receita para o su-cesso de muitas das empresas do sector me-talúrgico e metalomecânico nacional é a sua própria aposta na excelência, materializada designadamente num contínuo investimento nos chamados factores de diferenciação.Apenas por tal motivo há cada vez mais em-presas no sector que são verdadeiros casos de sucesso na economia nacional. E é inequí-voco que também por tal motivo há tantas em-presas desta indústria a resistir às constantes adversidades.

Em que indicadores a retoma a que se refe-re se torna mais evidente?É sabido que este sector metalúrgico e me-talomecânico tem vindo a ser aquele que, ao longo dos últimos anos, melhores perfor-mances tem revelado nos indicadores mais relevantes em termos económicos e sociais, como sejam a criação de emprego, o volume de exportações ou o investimento privado.Tal como sucedeu na generalidade dos res-tantes sectores, em 2009 as empresas do sector recuaram também nesses domínios.Verifica-se porém que, em 2010, está já a haver uma significativa recuperação nesse âmbito.Assim, ao nível do emprego, o sector voltou a ser o único que criou postos de trabalho em termos líquidos. No investimento privado, em-bora mais ténue, a inversão da tendência do

ano anterior também é uma realidade. E no que respeita às exportações, regista-se um crescimento de cerca de 17%, sendo além disso evidente que, como vinha a suceder até 2008, o sector metalúrgico e metalomecânico volta a ser o principal responsável pelo cresci-mento do volume de vendas de bens e produ-tos portugueses para o exterior.Pena é que estes desempenhos raramente sejam reconhecidos pelos nossos governos. Esperemos que o estudo sobre o sector que em breve iremos divulgar ajude os observa-dores e os agentes políticos a olharem este magnífico sector com outros olhos.

Fez referência expressa à criação de pos-tos de trabalho nas empresas do sector, mas a verdade é que a AIMMAP tem-se queixado de grandes dificuldades das em-presas no recrutamento de mão de obra. Não lhe parece haver aí uma contradição?Não há qualquer contradição. Pelo contrário, as duas questões estão absolutamente liga-das, sendo aliás certo que a constatação de tais dificuldades na contratação de trabalha-dores apenas foi possível pelo facto de as empresas estarem efectivamente a investir na criação de emprego. Se as empresas não estivessem empenhadas na criação de pos-tos de trabalho não teriam naturalmente de-tectado as dificuldades que a AIMMAP tornou públicas.

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Devo esclarecer que essa conclusão não é meramente empírica. Resulta das queixas das empresas associadas mas também de um estudo rigoroso que a AIMMAP efectuou a partir de um inquérito que lançou à generali-dade das empresas do sector.A conclusão mais relevante desse estudo é a de que as empresas sentem muitas dificulda-des em contratar pessoas que se encontram a receber subsídio de desemprego.Nós não somos contra as políticas sociais de apoio aos desempregados. Mas havemos de convir que uma política que motiva os desem-pregados a continuarem a receber o subsídio de desemprego ao invés de preferirem traba-lhar nas empresas é altamente nociva para a economia portuguesa. Apesar de algumas al-terações que recentemente foram efectuadas à legislação de protecção do desemprego, é evidente que há ainda muitos mais ajusta-mentos a fazer no sentido de evitar que este verdadeiro escândalo continue a alastrar-se.Em sua opinião quais os pontos mais re-levantes da actividade da AIMMAP no pre-sente ano de 2010?O presente ano fica antes de mais nada mar-cado pelo facto de ter havido eleições para os órgãos sociais da AIMMAP, sendo de su-blinhar a esse respeito que a participação no acto eleitoral em causa foi a mais significativa dos últimos 30 anos.Por outro lado, independentemente de al-

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guns factos ou eventos mais específicos que marcaram o ano de forma muito positiva e que pretendo realçar em seguida, quanto a nós o ponto mais relevante continuou a ser o trabalho de consultadoria e apoio diário aos nossos associados. Os nossos diversos de-partamentos prestaram no seu conjunto, até ao final de Agosto, um número superior a três mil consultas a associados. Por telefone, e-mail, fax ou pessoalmente. Nos domínios da legislação laboral, contratação colectiva, fis-calidade, propriedade industrial, certificação, normalização, ambiente, higiene e segurança no trabalho, economia, mercados e interna-cionalização entre vários outros. E com uma qualidade que é unanimemente reconhecida.Num outro plano, regista-se a importante re-visão dos estatutos da AIMMAP, aprovada em reunião da assembleia geral, com o objectivo de consolidar um diferente modelo de fun-cionamento da associação tendo em vista a resposta aos novos desafios que o futuro nos reserva.De uma importância ainda mais relevante, há a enfatizar a celebração de novos contratos colectivos de trabalho aplicáveis às relações

entre as empresas associadas da AIMMAP e a grande maioria dos seus trabalhadores.Tais acordos foram o corolário de um longo processo que se havia iniciado com a denún-cia e a concomitante caducidade dos velhos contratos colectivos de trabalho, concretizada pela AIMMAP há já alguns anos. Finalmente, as empresas do sector e as filiadas na AIM-MAP em particular passaram a ter ao seu dis-por contratos colectivos ajustados à realidade actual, os quais são verdadeiros instrumentos de apoio às empresas na gestão dos respecti-vos recursos humanos.Não tenho a menor dúvida de que esse facto foi não só uma marca da actividade da AIM-MAP no presente ano como além disso um marco altamente relevante na sua história ri-quíssima.

Relativamente ao ano de 2011, quais serão as matérias prioritárias para a AIMMAP?Em primeiro lugar as que constam de forma mais enfatizada do programa de candidatura apresentado pela lista única que concorreu às eleições para os órgãos sociais e que actual-mente dirige a associação.

Recordo a esse respeito que as prioridades anunciadas foram a internacionalização, a formação e a inovação. Estamos a preparar iniciativas específicas em cada uma dessas áreas. Mas para além dessas, não descuraremos a defesa das nossas causas – sempre natural-mente ajustadas àquilo que o poder político vier a fazer em cada momento.

Seria oportuno que se pronunciasse rela-tivamente a alguns dossiers específicos em que a AIMMAP procurará seguramente interagir com o poder político e a adminis-tração pública. Comecemos pelo Código Contributivo cuja entrada em vigor esteve prevista para o início de 2010 e acabou en-tretanto por ser adiada para 1 de Janeiro do próximo ano.Entendemos claramente que o simples adia-mento da entrada em vigor do diploma foi um erro. Esse adiamento foi um mero remendo que não resolveu o problema de fundo. O Có-digo em causa era mau e não servia os inte-resses dos trabalhadores, das empresas e da economia em geral. Pelo que a sua eventual

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entrada em vigor seria muito negativa para o país. Não obstante, reconhecemos que as al-terações entretanto efectuadas, melhoraram significativamente o diploma.

No que se refere a eventuais alterações à legislação laboral, qual a posição da AIM-MAP?Como posição de princípio, entendemos que não faz qualquer sentido que se proceda ago-ra a alterações ao Código do Trabalho. Esse diploma entrou em vigor em 2009, pelo que seria prematuro estar já a revê-lo.Encaramos todavia com bons olhos eventuais propostas que visem a vigência temporária de um regime transitório que agilize a contrata-ção a termo.Num momento em que apesar de alguma re-toma, não há ainda sequer perspectivas de que a situação do país e do mundo vão me-lhorar, se nada for feito, a maioria das em-presas poderá retrair-se na criação de mais postos de trabalho. Pelo que se o país quer mesmo criar mais emprego, tem de encarar esta matéria sem os habituais preconceitos.

Outra questão importante, prende-se com o facto de estar já previsto um aumento do salário mínimo nacional para € 500,00 em 2011. Qual a posição da AIMMAP? Esta é uma matéria que nos preocupa muito. Alguns segmentos do nosso sector poderiam ter grandes dificuldades em consequência de tal aumento.Devo aliás dizer que um número apreciável de trabalhadores ao serviço de empresas de alguns subsectores do sector metalúrgico e metalomecânico – correspondente a cerca de 6% do total de trabalhadores do sector -, po-derá estar a auferir em Janeiro de 2011 uma retribuição mensal inferior a € 500,00.O aumento do salário mínimo nacional para tal valor iria pois, por si só, provocar signifi-cativas perdas de competitividade a diversas empresas.Mas acresce que esse facto acabaria por afectar a generalidade das empresas, uma vez que um aumento da retribuição míni-ma mensal garantida terá seguramente efeitos na generalidade dos salários, em-purrando-os para níveis que muitas empre-sas não estarão em condições de pagar. Em nosso entendimento, o aumento projec-tado terá no mínimo de ser faseado. E terá

necessariamente de ser acompanhado de medidas de apoio a alguns sectores de ac-tividade. Caso contrário, estamos convictos de que as nossas empresas perderão com-petitividade nos mercados internacionais com inevitáveis decréscimos das exporta-ções nacionais. Em todo o caso, estamos certos de que o valor aprovado será inferior a €500,00.

Para finalizar este conjunto de questões, perguntamos-lhe qual a expectativa da AIMMAP relativamente à discussão e vota-ção da Lei do Orçamento para 2011.As nossas empresas em particular e o país em geral já não têm mais capacidade de resis-tência face a crises políticas mais ou menos artificiais. Os dois principais partidos políticos têm de ser verdadeiramente responsáveis. Em nossa opinião, PS e PSD estão condena-dos a entender-se no que se refere à Lei do Orçamento. Se não o fizerem serão, os dois, os principais responsáveis por uma crise gra-víssima, de proporções que se antevêem ver-dadeiramente assustadoras.Assim sendo, nem sequer nos passa pela ca-

beça que não venha a haver bom senso nesta matéria.

Para concluir. Como encara a AIMMAP a anunciada refundação do movimento asso-ciativo patronal de cúpula, nomeadamente através da reformulação da agora CIP – Confederação Empresarial de Portugal?É sabido que a AIMMAP desde há muito tem estado altamente empenhada no reforço da actividade desenvolvida pela CIP.Estando representada na Direcção da CIP, a AIMMAP participou activamente neste proces-so de consolidação daquela confederação.Estamos certos de que a “nova” CIP tem condições para defender ainda melhor os legítimos interesses e as grandes causas da indústria nacional. Relativamente ao passado, houve ganhos de representatividade, de coe-são e até mesmo de legitimidade.A AIMMAP encara pois com grande entu-siasmo esta nova fase da vida da sua con-federação de cúpula, estando certa ainda de que com a sua actual liderança, mais do que nunca, a defesa dos interesses das empresas está em excelentes mãos.

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a importância das tecnologias de produção para a competitividade da indústria transformadora

OOs acontecimentos e as transformações ve-rificadas na economia mundial nos últimos 3 anos vieram confirmar que a existência de uma indústria transformadora forte é funda-mental para a sustentabilidade de qualquer país ou região. Por outro lado, os principais sectores da indústria transformadora europeia e nacional estão hoje sob uma forte pressão concorrencial, quer de países avançados (como os Estados Unidos ou o Japão), quer de países com custos de mão-de-obra signi-ficativamente mais baixos (nomeadamente no continente asiático e na América Latina).Em termos gerais, pode dizer-se que a com-petitividade da indústria europeia e nacional passa pelo upgrade tecnológico e de valor dos sectores mais tradicionais, pela dinamização de novos sectores em áreas emergentes, e também pela criação de grandes empresas (ou grupos de empresas), de dimensão glo-bal, capazes de ancorar e desenvolver redes de negócio especializadas, dificilmente repli-cáveis pelas economias concorrentes.As estratégias a adoptar exigem alterações mais ou menos profundas nos modelos de negócio, métodos de gestão e processos, e implicam a utilização de novas tecnologias e ferramentas de suporte que são em muitos casos transversais a vários desses sectores. Existe, por isso, uma necessidade de merca-do real, a nível nacional e internacional, para o desenvolvimento de novas máquinas, equipa-mentos, sistemas e aplicações informáticas, assim como de novos serviços e novos mode-los de negócio, capazes de apoiar o processo de transformação industrial. As empresas que produzem e fornecem es-tes produtos e serviços para a indústria trans-formadora, na sua grande maioria PME’s, integram a designada fileira das tecnologias de produção. Considerando esta realidade e a dimensão e abrangência dos objectivos e das oportunidades anteriormente elencadas,

só através da implementação de estratégias colectivas e cooperativas, com altos índices de eficiência e eficácia, será possível reunir os recursos e a massa crítica necessários, e tornar os investimentos produtivos e rentá-veis. Para isso, é necessário aumentar a co-operação entre as empresas da fileira e entre estas e as entidades do SCTN e os sectores industriais utilizadores.O PRODUTECH - Pólo das Tecnologias de Produção - visa aproveitar esta oportunidade de mercado, a nível nacional e internacional, e promover a fileira das tecnologias de produ-ção portuguesa, através do desenvolvimento de novos produtos, sistemas e serviços inova-dores, em áreas e nichos onde Portugal possa construir vantagens competitivas sólidas. Mo-biliza, actualmente, a participação de mais de 70 associados, entre empresas produtoras e utilizadoras de tecnologias de produção, as-sociações empresariais, centros tecnológicos e outras entidades do SCTN, etc., represen-tando a fileira das tecnologias de produção e os principais sectores da indústria transforma-dora nacional. O sector da metalomecânica tem um peso significativo nesta iniciativa, quer como produtor de tecnologias de produção, quer como utilizador exigente dessas tecno-logias.Para atingir os seus objectivos, o Pólo de-senvolveu e está a implementar um plano de acção integrado e multidisciplinar, que cobre todo o ciclo de inovação, englobando activi-dades de investigação, de desenvolvimento, adaptação e transferência de tecnologias, de disseminação e demonstração, de formação, de promoção externa, etc. As actividades que promovem a cooperação e a partilha de co-nhecimento entre os parceiros do Pólo assu-mem uma importância crítica para o sucesso destas iniciativas. Estão já a ser desenvolvidas diversas acções específicas nesse contexto, com especial destaque para os PRODUTECH

OPEN DAYS, eventos com uma periodicida-de mensal, realizados em empresas líder de sectores utilizadores, nos quais são apresen-tados e debatidos, com uma plateia de empre-sas produtoras de tecnologias de produção e entidades do SCTN, os principais desafios e necessidades dessas empresas e dos res-pectivos sectores, visando identificar oportu-nidades de negócio de curto prazo (a partir de produtos, serviços e tecnologias já existentes) e também áreas onde seja necessário e justifi-cável o lançamento de iniciativas de médio ou longo prazo, nomeadamente projectos de IDI. O desenvolvimento e comercialização de no-vas tecnologias para a indústria transformado-ra terá um duplo efeito, na competitividade e na economia nacional. Por um lado, permitirá à indústria transformadora dispor de tecnolo-gias que possibilitam a criação de vantagens competitivas sustentáveis, relativamente aos seus principais concorrentes. Por outro, possibilitará o desenvolvimento da indústria nacional de máquinas, sistemas e serviços para a indústria, tornando mais competitivas as empresas existentes e proporcionando o aparecimento de novas empresas de base tecnológica. O impacto dos resultados será reflectido no PIB (pelo desenvolvimento de um sector de alto valor acrescentado), na ba-lança comercial externa e na balança tecnoló-gica (redução das importações e aumento das exportações de tecnologia). Considerando, por um lado, o peso da indús-tria transformadora na economia portuguesa e nas suas exportações e, portanto, o seu papel como motor de desenvolvimento e de sustentabilidade do País e, por outro, a impor-tância estratégica da fileira das tecnologias de produção e os desafios e oportunidades com que estes sectores se confrontam actu-almente, este Pólo corresponde clara e ine-quivocamente a uma aposta estratégica para Portugal.

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ProPriEdadE iNdUStrial

Uma ferramenta de Vigilância tecnológica

aA crescente competitividade relacionada com os produtos ou processos de fabrico, obriga as em-presas à procura constante de novas formas de obter vantagens sobre os seus concorrentes na conquista e consolidação de mercados. Neste sentido, as empresas que investem em inova-ção, necessitam de obter conhecimento sobre as tendências mundiais, concorrência, merca-dos, consumidores potenciais e inovações tec-nológicas, para enfrentar os desafios causados pela globalização da economia.Parte desse conhecimento, pode advir do am-biente interno da empresa, efectuando uma cor-recta gestão da informação já existente no seu seio, de forma a criar conhecimento útil para a empresa. No entanto, as práticas orientadas ao ambiente externo das empresas, permitem tra-zer para a empresa tendências e novas informa-ções, que podem servir de alavanca para a cria-ção de um sistema de inteligência empresarial. A monitorização do ambiente externo não é uma actividade desconhecida para a maioria das empresas. Na verdade, pode-se dizer que seria impossível para qualquer empresa so-breviver sem praticar uma ou outra forma de vigilância, que lhe permita obter o mínimo de informações necessárias para actuar no merca-do. No entanto, tratando-se de obter vantagens competitivas, o que faz a diferença é a qualida-de e credibilidade dessa informação bem como os recursos investidos nessa vigilância. É o que usualmente se designa por Vigilância Tecnoló-gica, e que consiste numa série de actividades de análise contínua e sistemática de informação tecnológica, que permite uma identificação das características e tendências de um determinado sector tecnológico, bem como dos seus princi-pais “players”.Uma das ferramentas mais eficazes para a prossecução de actividades de Vigilância Tec-nológica é a análise e utilização estratégica das informações constantes das bases de dados de patentes, a “Patent Intelligence”. Essa análise e

o seu relacionamento com outras informações relevantes obtidas no mercado, disponibilizam um conjunto de dados e indicadores importan-tes, nomeadamente, sobre determinado sector tecnológico; tecnologia específica; produto ou sobre os próprios concorrentes.A utilização deste instrumento de Vigilância tec-nológica pode ser crucial na definição da estra-tégia das empresas, entre outras, pelas seguin-tes razões:

Antecipação – Permite detectar mudanças de rumo tecnológico, observar o nível de maturida-de de uma determinada tecnologia, o nível e as perspectivas de desenvolvimento de determina-do sector tecnológico e o seu grau de satura-ção, alterações de tendências, de mercados, de competidores, etc.,. Este conhecimento possibi-lita à empresa antecipar-se à concorrência na implementação de novas estratégias de desen-volvimento.

Vigilância da Concorrência – Permite o acom-panhamento da actividade dos seus concorren-tes, através do conhecimento das suas áreas de actividade e mercados de actuação. Possibilita a identificação das empresas líderes numa de-terminada área tecnológica, a entrada no mer-cado de novos competidores, as estratégias de protecção adoptadas pelos concorrentes, etc.

Redução do Risco – Potencia a redução do risco na definição de estratégias de I&D, ao dar uma perspectiva do estado da técnica de determinada área tecnológica. Evita a violação

por parte da empresa de direitos de terceiros, permitindo simultaneamente verificar se os con-correntes estão a copiar os seus produtos, po-dendo assim reagir atempadamente.

Inovação – Permite detectar novas ideias e tec-nologias, orientando a empresa para novos pro-jectos e estratégias de negócio, mas também auxiliar a empresa na decisão de abandonar de-terminados projectos que esteja a desenvolver, se descobrir que os seus concorrentes já estão mais adiantados nas suas pesquisas, evitando assim o investimento em projectos redundantes e improdutivos.

Identificação de parceiros – Permite a iden-tificação de empresas, especialistas, investi-gadores e outras entidades relacionadas com uma tecnologia específica, bem como detectar possíveis compradores/fornecedores de tecno-logia, facilitando a cooperação empresarial e a transferência de tecnologia.Permite ainda saber o estado jurídico de um de-terminado direito de Propriedade Industrial, no-meadamente no que se refere à sua titularidade, validade, vigência e âmbito territorial.Pelas razões acima referidas, cada vez mais o Sistema de Propriedade Industrial deverá ser encarado pelas empresas não apenas como um mecanismo de protecção de direitos, mas também como uma potente ferramenta de Vigilância Tecnológica que, correctamente enquadrada ao serviço da estratégia empre-sarial contribuirá para o aumento da sua com-petitividade.

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26 IndústrIa

CENFiM

25 anos a Qualificar para o Sector Metalúrgico, Metalomecânico e ElectromecânicoA indústria Metalúrgica e Electromecânica nacional, em termos globais, tem em actividade cerca de 25.000 empresas e emprega mais de 220.000 trabalhadores. A estrutura empresarial do sector caracteriza-se pela predominância das pequenas empresas, 97% tem menos de 50 trabalhadores, as quais na sua grande maioria, não têm condições para fazerem a formação dos seus próprios trabalhadores e/ou a qualificação dos jovens que pretendem admitir, embora seja grande a necessidade de pessoal especializado e qualificado

OO CENFIM - Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica foi instituído por protocolo entre o IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional e pelas duas Associações do Sector: AIMMAP - As-sociação dos Industriais Metalúrgicos, Meta-

lomecânicos e Afins de Portugal e ANEMM - Associação Nacional das Empresas Metalúr-gicas e Electromecânicas em 15 de Janeiro de 1985 - 2010 é o ano da comemoração do seu 25º Aniversário.Procurando dar cobertura a todas as Empre-

sas do Sector, tem actualmente em actividade Núcleos em Amarante, Arcos de Valdevez, Caldas da Rainha, Ermesinde, Lisboa, Mari-nha Grande, Oliveira de Azeméis, Peniche, Porto, Santarém, Sines, Torres Vedras e Tro-fa.

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IndústrIa 27

Tem o CENFIM tido um papel decisivo no âmbito da formação profissional porque tem perspectivado e adequado as qualificações às exigências do Sector Metalúrgico, Metalo-mecânico e Electromecânico proporcionando quer a Adultos, quer a Jovens os conheci-mentos necessários á sua adaptabilidade ao mercado de trabalho, quer através de novos perfis profissionais, quer através dos perfis já existentes, e também através da promoção de cursos de formação profissional para desem-pregados.Assim compete ao CENFIM a Educação For-mação de Adultos – EFA, Formação Modular Certificada, Formação Continua - Aperfei-çoamento, o Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências Escolares e Profissionais – RVCC e a Formação de Pro-fissionais de Formação – Inicial e Continua, na dupla óptica da melhoria das suas qualifi-cações e da sua empregabilidade, bem como o desenvolvimento organizacional das Empre-sas, através de intervenções especificamente dirigidas às PME’s, para a sua modernização e aumento da produtividade e competitivida-de, bem como a formação e promoção da in-serção profissional da população portuguesa mais jovem, nomeadamente pela formação desenvolvida no âmbito do Sistema de Apren-dizagem, Cursos de Educação e Formação de Jovens – CEF e Cursos de Especialização Tecnológica - CET.Tem o CENFIM mantido um esforço de aber-tura ao exterior, reforçando a cooperação com entidades vocacionadas para o desenvol-vimento e transferência de conhecimentos, quer por via do estabelecimento de parce-rias conjuntas em projectos específicos, por exemplo de investigação-acção, quer no do-mínio particular da celebração de protocolos de estágio e de formação destinados a alunos de estabelecimentos de ensino superior.O desenvolvimento dos Projectos de Coope-ração Nacionais e Transnacionais trouxeram um valor acrescentado ao seu Know-how e actividade formativa.O apoio prestado pelo CENFIM aos Palop’s, no estudo e implementação de soluções têm vindo a apoiar o desenvolvimento do sector metalúrgico e electromecânico nestes países.A sua capacidade de renovação tem sido uma constante. Tendo em consideração a aposta cada vez maior nos factores qualidade e ino-vação, das Empresas do Sector Metalúrgico,

Metalomecânico e Electromecânico, tem-se afirmado o CENFIM – Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Me-talomecânica, nestes 25 Anos de actividade, pela contribuição activa na criação e desen-volvimento do capital humano, no quadro da sociedade do conhecimento e da sustentabi-lidade económica.As Empresas do Sector Metalúrgico, Metalo-mecânico e Electromecânico, num quadro de mundialização da economia e de evolução tecnológica, têm tido um papel importantíssi-mo, na valorização dos Recursos Humanos, que constituem o seu capital essencial. Cientes de que o potencial produtivo de cada colaborador, é a mais poderosa ferramenta dentro de uma organização, têm apostado por uma gestão humana moderna, têm participa-do nas acções de formação inicial, inserido profissionalmente os Jovens, aperfeiçoado e reciclado os Activos e assim, têm vindo a de-senvolver a adaptabilidade do seu pessoal e da sua organização.Através da sua equipa de especialistas e de um elevado know–how técnico, tecnológico e técnico pedagógico o CENFIM presta um conjunto de serviços integrados às Empresas de consultoria, prestação de serviços e apoio técnico e organizacional nas áreas de apoio à gestão da formação, consultoria técnica e organizacional. Durante estes anos muitas foram as Em-presas e Organismos, que recorreram aos Núcleos do CENFIM, nas diversas modali-

dades de formação e níveis de qualificação.Prosperar numa economia globalizada, isto é, garantir o emprego e o crescimento e promo-ver a competitividade económica através da qualificação dos recursos humanos das Em-presas do Sector Metalúrgico, Metalomecâni-co e Electromecânico, nas áreas que lhe são cometidas, reciclar e reconverter os desem-pregados e formar e inserir profissionalmente os Jovens e aqui, ontem, tal como hoje e ama-nhã tem e terá o CENFIM um papel fulcral e determinante.Líder na formação profissional para o Sector tem uma interacção com as empresas, adul-tos, jovens e sociedade, participando assim activamente no desenvolvimento do país.Vivemos num clima de mutações, de instabi-lidade e imprevisibilidade, onde muitas vezes as vantagens que julgávamos por adquiridas são postas em causa, obrigando-nos, assim como às empresas e instituições, a procurar novas soluções para que nos possamos man-ter concorrenciais num processo crescente de globalização das economias e dos mercados. Para o CENFIM a cooperação e internaciona-lização há muito que se tornaram inevitáveis, mas uma vez mais Recursos Humanos Quali-ficados são factores centrais e determinantes para a Competitividade, Inovação, Desenvol-vimento e Progresso – o Progresso que todos desejamos para que o CENFIM continue a ser não um, mas… o Centro de referência para o Sector Metalúrgico, Metalomecânico e Elec-tromecânico!

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Estratégia da Europa 2020aspectos MicroeconómicosA economia portuguesa atravessa a vários anos uma crise que se caracteriza pelo reduzido crescimento econó-mico, aumento do desemprego, défice comercial com o exterior, baixo valor do investimento directo estrangeiro, que as politicas públicas não têm conseguido ultrapassar

Por diogo Costa

OO défice comercial com o exterior tem vindo a agravar-se devido a dificuldades na expor-tação dos produtos nacionais das chamadas indústrias tradicionais que são as matérias têxteis, vestuário e calçado a que nos últimos tempos se juntou a indústria das cablagens eléctricas, resultante numa primeira fase da adesão á União Europeia dos Países da Euro-pa Oriental, cujos salários dos trabalhadores eram inferiores aos nossos. Numa segunda fase a situação agravou-se devido à Globalização em que os nossos con-correntes são os chamados Países Emergen-tes, sobretudo a China e a Índia.Deve salientar-se que as nossas relações co-merciais com o exterior são definidas ao nível da União Europeia, o que limita a capacidade de defesa dos nossos interesses industriais.A situação do nosso comércio externo depen-de sobretudo da nossa especialização indus-trial, em que os sectores industriais de baixa intensidade tecnológica representam ainda 35% do valor das exportações, enquanto as sectores de alta intensidade tecnológica ape-nas cerca de 10%, embora tenha havido uma evolução favorável nos sectores de média in-

tensidade tecnológica que devemos procurar consolidar.Outro aspecto a considera no âmbito do dé-fice comercial diz respeito aos mercados para que exportamos que tem estado muito concentrado no Mercado da União Europeia com especial incidência em Espanha o que limita a nossa capacidade exportadora, mas nos últimos tempos ganhou importância signi-ficativa o mercado de Angola e foram tomadas iniciativas para o desenvolvimento de outros destinos como seja o Norte de África, Brasil, Venezuela, etc.Nestas condições é necessário que o Gover-no e os Agentes económicos tomem medidas adequadas para resolver os problemas exis-tentes tendo em consideração as orientações definidas pela União Europeia no seu progra-ma Europa 2020.

Enquadramento da Europa 2020

A Europa atravessa um período de transfor-mação em que a crise mundial revelou fragili-dades estruturais bem como desafios de lon-

go prazo como a Globalização, pressão sobre os recursos e envelhecimento da população Nesta situação a Estratégia da Europa 2020, estabelece prioridades, define objectivos, em relação ao emprego, investigação e desenvol-vimento, clima / energia, redução do abando-no escolar e risco de pobreza.A Comissão apresenta ainda iniciativas com as quais pretende estimular o progresso a sa-ber:Uma União da Inovação. Juventude em mo-vimento, Agenda Digital para a Europa, Uma Europa eficiente em termos de recursos, Uma Politica Industrial para a era da globalização, Agenda para novas qualificações e empregos, Plataforma europeia contra a pobreza.

arquitectura para a Europa 2020

O acompanhamento da situação nos Estados membros é feito pela apresentação de Relató-rios por País, que devem contribuir para atin-gir os objectivos da Estratégia Europa 2020, devendo assegurar o crescimento sustentável das economias.

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A estratégia da Europa 2020 será formalizada através de orientações integradas, que ava-liam as orientações sobre o emprego e as po-liticas económicas. As propostas apresentadas pelos Países são concretizadas através do Programas Nacio-nais de Reformas, que devem obedecer às normas estabelecidas nas orientações estra-tégicas e no qual devem participar represen-tantes regionais e os agentes económicos.A aprovação final das políticas é feita pelo Conselho Europeu mediante Recomendações que os Estados Membros devem cumprir.A aplicação prática desta complexa metodolo-gia de acompanhamento das Politicas Publicas e dos seus resultados, em que se apresenta-ram apenas as etapas essenciais deste pro-cesso, carece de uma capacidade de resposta para a qual me parece estar-mos mal prepara-dos, conforme se verificará no futuro próximo.

Politicas Microeconómicas

3.1 Apoiar a investigação e desenvolvi-mento e a InovaçãoO grande objectivo da União Europeia com base do qual os Estados Membros devem fi-xar os seus objectivos nacionais consiste em melhorar as condições para a investigação e

desenvolvimento, com o intuito de que os ní-veis de investimento público e privado atinjam 3% do PIB em 2020.As Politicas de I&D e Inovação dos Estados Membros devem abordar directamente as oportunidades e os desafios nacionais consi-derando o contexto da União Europeia.Os Estados Membros e a União Europeia de-vem integrar a inovação em todas as políticas relevantes e promover a inovação no sentido lato (inovação não tecnológica).Os Estados Membros e a União Europeia devem melhorar as condições de enquadra-mento nomeadamente em relação ao quadro empresarial, mercados abertos e ao elevado

potencial das actividade criativas e culturais.Os três lados do triângulo educação – investi-gação - inovação devem sustentar-se recipro-camente.Os Estados membros e a União Europeia devem estabelecer um quadro adequado ao para o rápido desenvolvimento de um mer-cado único digital que permita o acesso aos conteúdos e aos serviços em linha.Os Estados Membros devem promover o de-senvolvimento da internet de alta velocidade como meio de aceder ao conhecimento.Os Estados Membros e a União Europeia de-vem promover a implantação e utilização dos serviços em linha modernos e acessíveis.

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A Comissão Europeia difunde regularmen-te informação sobre a situação da inovação nos Estados Membros o European innovation Scoreboard, em que Portugal se situa numa posição intermédia 16º lugar, mas que tem vindo a melhorar devido a iniciativas do Go-verno, apresentando contudo pontos consi-derados mais fracos relativos aos resultados económicos e a qualificação dos recursos humanos.No que diz respeito aos recursos humanos devido ao elevado número de doutorados existentes no País não vejo dificuldades na sua utilização, já o mesmo não acontece com a obtenção de resultados económicos porque não é a mesma coisa trabalhar para as es-tatísticas ou procurar resolver os problemas de Inovação que as empresas portuguesas enfrentam.Com a Globalização a competitividade das empresas portuguesas depende da sua capa-cidade para inovar, para o que devem ter o apoio do Governo com a definição de uma Po-litica de Inovação, que se concretize através entidades especializadas que no nosso caso é a Agencia de Inovação.Os projectos a considerar dizem respeito à ino-vação tecnológica e não tecnológica, resultan-tes de parcerias público privadas sobretudo nos sectores considerados estratégicos no nosso caso, o que implica a avaliação dessa entidade com vista a realização desse objectivo.A Agencia de Inovação dispõe de programas de apoio ao I&D em consórcio do tipo horizon-tal cujos resultados do ponto de vista industrial são de difícil avaliação, faltando informação sobre as despesas das empresas industriais portuguesas em I&D, que é necessária para orientar as iniciativas a tomar nesta matéria.Uma iniciativa que merece destaque nesta matéria diz respeito aos incentivos fiscais as actividades de I&D, o Programa SIFIDE, que tem tido uma crescente utilização pelas em-presas, tendo atingido em 2007 o valor de 100 milhões de euros, mas devido ao seu carácter geral não garante melhorias sectoriais.Este Programa deve ser avaliado peridiónica-mente de forma a analisar os resultados ob-tidos e introduzir as mudanças consideradas adequadas.A Politica de Inovação nacional deve ser defi-nida com base do conhecimento da nossa re-alidade económica e tecnológica e não a partir de objectivos fixados pele União Europeia mal interpretados a nível nacional não fazendo sentido aumentar as despesas nesta matéria para melhorar as estatísticas mas sem resul-tados económicas adequados.

Actualmente as despesas com I&D nacional atingem 1,5 do PIB, com despesa equilibra-das entre os sectores público e privado, com maior aumento no último tempo das despesas privadas que oferecem garantia da sua utili-zação.Em termos gerais devem concentrar-se as iniciativas relativas ao I&D no desenvolvimen-to dos sectores industriais onde temos van-tagens competitivas de modo a consolidar a sua posição (como por exemplo as industrias ligadas à fileira florestal).Melhorar a eficiência em termos de recursos e reduzir a emissão de gazes com efeito de estufa.O grande objectivo da União Europeia com base do qual os Estados Membros devem fi-xar os seus objectivos nacionais é reduzir até 2020, as emissões de gazes com efeito de estufa em 20% em relação ao nível de 1990, aumentar para 20% a quota de produção de energias renováveis no consumo final, de energia e caminhar para um aumento.De 20% em termos de evidência energética estando disposta em reduzir estes valores caso os outros Países desenvolvidos estejam dispostos a acompanha-la.

Entre as iniciativas a tomar nesta matéria de-vem-se destacar as seguintes:A União Europeia e os Estados membros de-vem acelerar a criação de um mercado interno de energia, integrado que permita que o gaz e electricidade circulem livremente.De modo a reduzir as emissões e melhorar a eficiência energética os Estados devem uti-lizar os mecanismos do mercado, como por exemplo a utilização das energias renováveis.Os Estados membros devem recorrer a ins-trumentos regulamentares para incentivar a mudança para modelos mais eficazes, e pro-mover a reciclagem.Esta é uma matéria em que o nosso País mais tem investido com resultados apreciáveis, que estão de acordo com as orientação da Co-missão Europeia, pelo que não deve haver dificuldades em seguir as orientações agora definidas ao nível europeu.Deve salientar-se a criação de um Cluster industrial e de I&D ligado aos concursos de energia eólica, envolvendo um número eleva-do de empresas e um complexo industrial de produção de turbinas que permite satisfazer as necessidades nacionais deste equipamen-tos e ainda exportar.

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Deve também mencionar-se o caso de ou-tras iniciativas relativas a outras energias renováveis como é o caso da energia hídri-ca, biomassa, energia solar térmica e foto voltaica.Como projecto de referência deve citar-se a introdução do automóvel eléctrico o que obriga a criação de uma rede de abasteci-mento e o fabrico de baterias, com o que se pretende reduzir o consumo de gasolina e a emissão de CO2.Deve mencionar-se que a Comissão Euro-peia não se refere às indústrias intensivas em energia que tem sido prejudicadas pela política de ambiente, mas que considero in-dispensáveis para a defesa da posição eco-nómica da União Europeia.Deve salientar-se que a Politica do Ambien-te cria oportunidades de desenvolvimento industria as Eco-indusrias para o que a in-dústria portuguesa deve dar a devida aten-ção, devendo salientar-se entre outros as seguintes áreas de intervenção: Gestão de resíduos, Aguas e saneamento, Tratamen-to do ar e do ruído, e em actividades em crescimento deve mencionar-se a eficiência energética, reciclagem de resíduos, fabrico de bio-combustiveis, despoluição de terre-nos contaminados.

Melhorar o enquadramento das empresas e Modernizar e desenvolver a base industrial Os Estados Membros devem assegurar o bom funcionamento dos Mercados em provei-to dos cidadãos, consumidores e empresas.Entre as iniciativas propostas pela Comissão Europeia relativas ao enquadramento da ac-tividade empresarial, devem destacar-se as seguintes: atender a dimensão externa do mercado interno a fim de reforçar o comércio e o investimento, modernizar a administração pública, apoiar as PME, melhorar o acesso ao financiamento, promover o acesso aos direitos da propriedade intelectual, apoiar a internacionalização e o empreendedorismo, os contratos públicos devem incentivar a ino-vação.Os Estados membros devem apoiar o desen-volvimento de uma base industrial moderna e competitiva, facilitando as reestruturações ne-cessárias em termos de custos e com respeito da política de concorrência europeia.Com a finalidade de concretizar as iniciativas da Comissão Europeia mencionadas, deve ser apresentado até ao fim de 2010 a Politi-ca Industrial para a era da Globalização, que devemos aplicar ao nível nacional, sem que a

nossa experiencia actual dê garantias de ca-pacidade para que tal aconteça.No âmbito da Politica Industrial Europeia na sua componente Horizontal a medida actual-mente utilizada pelo Governo é o Fundo de Ajustamento á Globalização, que permite fi-nanciar programas de reconversão da mão-de-obra desempregada, devido ao fecho de empresas industriais nos sectores de têxtil / vestuário, automóvel e electrónica.A Comissão Europeia também realizou es-tudos nos seguintes sectores industriais: siderurgia, materiais de construção, vidra, eco-indústrias. Aero-espacial, farmacêutica e metalomecânica mas não tenho conhecimen-to do aproveitamento interno dos mesmos, o que é uma situação que deve ser analisada de modo a serem tomadas as medidas necessá-rias á sua correcção devido aos prejuízos que pode representar para a economia nacional.De acordo com especialistas nesta matéria, são as Politicas sectoriais que permitem me-lhorar a posição competitiva da actividade in-dustrial num contexto de Globalização, donde resulta a importância da situação que foi men-cionada anteriormente.Deve ter se presente que as condições de enquadramento geral existentes no País não permitiram a mudança da estrutura industrial

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devido à importância relativa de sectores in-dustriais de baixa intensidade tecnológica que enfrentam a concorrência dos Países emer-gentes ou da Europa Oriental, sem que a Po-litica comercial da União Europeia contribua para a sua defesa.O instrumento que o Governo dispõe para concretizar as suas intervenções é o Quadre de Referencia Estratégico Nacional, o QREN, onde através da Agenda para a Competiti-vidade deve realizar a modernização e De-senvolvimento da indústria nacional entre os sistemas de incentivos existentes destaca-se o Programa das Estratégias de Eficiência Co-lectiva, que diz respeito á criação dos Pólos de Competitividade e Clusters de várias acti-vidades industriais que evidencia dificuldades de conhecimento nesta matéria.De acordo com as informações divulgadas, o Governo escolheu como Pólos de Competi-tividade as seguintes actividades industriais: Moda, Automóvel, Moldes, Agro-Industria, Tec-nologias de Informação e Electrónica. o que evidencia grandes dificuldades na interpreta-ção do que deve ser um pólo de competitivida-de de acordo com a experiencia francesa.Outra figura de intervenção é os Clusters, em que foram escolhidas as seguintes activida-des: Indústrias criativas, Mobiliário, Habitat

(Materiais de construção). Pedra natural e Agro indústrias, o que levanta dúvidas sobre a nossa especialização industrial.Deve mencionar-se a existência na Comissão Europeia de um Observatório Europeu dos Clusters que dispõe de informações sobre Portugal que deve ser tida em consideração pelos responsáveis nacionais.Um aspecto fundamental a ter em considera-ção respeita ao enquadramento administrativo destas intervenções, que é manifestamente desajustado, o que vai condicionar os resulta-dos a obter com o elevado risco de fracasso e as consequências negativas que daí resultam para a economia nacional.As medidas relativas á actividade industrial tomadas com o aval do Governo carecem de adequada justificação, que não conheço, cor-rendo-se o risco de não atingir os resultados adequados.Deve salientar-se que as intervenções isola-das que o Governo tem sido obrigado a tomar para resolver situações de crise pontuais não constituem uma Politica Industrial mas sim o resultado da sua falta.Com a finalidade de apoiar a actividade das empresas industriais existem várias Politicas públicas as mais importantes das quais vamos mencionar em seguida de forma resumida.

a Politica de apoio às PME

A Politica nacional de apoio às PME que cons-tituem a maioria do tecido industrial português é realizado através do IAPMEI, que dispõe de programas financeiros que facilitam o crédito às PME e podem também reforçar os capitais próprios das mesmas através de sistemas de capital de risco.Perante as dificuldades de crédito que as PME têm enfrentado, o IAPMEI tem disponibi-lizado linhas de crédito PME IINVEST e PME Consolida que facilitam o desempenho das empresas.Actualmente a sua actuação deve ter em consideração a implementação das medidas previstas no SBA da Comissão Europeia para apoio das PME, constituído por 10 princípios que devem ser seguidos pela UE e Estados Membros, onde existem progressos a fazer.Deve salientar-se a necessidade de articula-ção entre as medidas aplicadas através da Agenda de Competitividade do QREN e as intervenções do IAPMEi, de forma a obter os resultados adequados.Acontece que o modelo de intervenção do IA-PMEI não permitiu a realização das mudan-ças estruturais que necessita á melhoria da competitividade da economia portuguesa, o

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que devia levar a uma reflexão sobre as con-dições das suas intervenções.

a Internacionalização das Empresas Portuguesas

A Politica Nacional de internacionalização da economia nacional é realizada através do AICEP, Agencia para o Investimento e Comercio Externo de Portugal, cuja missão é apoiar as exportações e promover o in-vestimento estrangeiro no País.A importância desta Agencia deve-se sobre-tudo à existência do défice do comércio ex-terno, que atinge cerca de 10% do PIB, em que os principais produtos importados são os seguintes; máquinas e aparelhos, com-bustíveis minerais, material de transporte e produtos químicos, o que implica o nosso crescente endividamento com o estrangeiro que se aproxima do seu limite.De um modo geral as intervenções destas instituições dizem respeito a apoios relati-vos aos aspectos financeiros, informação promoção e formação, das empresas mas na conjuntura actual tem mais importân-cia os apoios financeiros sobretudo os relativos aos seguros do crédito á expor-tação em que a capacidade de resposta

dos agentes privados é considerada insu-ficiente.No que respeita ao investimento estran-geiro tem havido crescentes dificuldades da sua captação, embora esteja anunciado um projecto na área da aviação a realizar pela empresa brasileira EMBRAER e mais recente uma fábrica de baterias eléctricas destinadas aos automóveis eléctricos.A capacidade de intervenção do AICEP foi no inicio de 2010, reforçada com a criação de um Fundo de apoio á Internacionaliza-ção e um Conselho de Promoção da Inter-nacionalização que deve permitir melhorar o aproveitamento das capacidades empre-sariais existentes e o seu desenvolvimento.Conforme já foi mencionado as nossas ex-portações cujos principais produtos são os seguintes: máquinas e aparelhos, material de transporte, metais, vestuário, plásticos e borracha, produtos alimentares e calçado, representam apenas 20% do PIB, inferior à média europeia, estão muito concentradas nos Países Europeus sobretudo em Espa-nha, cerca de 26%, pelo que o AiCEP tem procurado diversificar os mercados para Países terceiros com resultados promisso-res. que é necessário consolidar através de novas iniciativas entre as quais a criação

de uma Marca nacional a Made in Portugal a exemplo do que é feito por outros Países.

Considerações Finais

No passado recente não foi dada a devida atenção aos problemas relativos aos aspec-tos microeconómicos da Estratégia de Lisboa, o que teve como consequência o nosso redu-zido Crescimento económico e aumento do desemprego.Com a definição da Estratégia da Europa 2020, é necessário corrigir os erros cometi-dos, de forma a melhorar a situação do PaísNesta perspectiva apresentam-se as orienta-ções integradas definidas pela União Euro-peia relativas aos aspectos microeconómicos e as condições que temos para a sua imple-mentação, representadas pelas actividades desenvolvidas pelas entidades competentes nestas matérias, o que evidencia a dificulda-de em aplicar as Politicas Europeias.Entre as orientações definidas a que tem maior importância para o nosso caso é a que diz res-peito a melhoria da competitividade Industrial que apresenta vários problemas para resolver, de que se mencionaram os casos mais flagran-tes, sem a solução dos quais não será possível melhorar as condições de vida dos portugueses.

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orçaMENto dE EStado

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iNtErNaCioNalização

CâMara dE CoMérCio E iNdúStria PortUgal - aNgola

Momento de viragem nas relações comerciais

Carlos Bayan FerreiraPresidente da direcção da Câmara de Comércio e indústria Portugal – angola

aAs comemorações do 35º ano da Independên-cia da República de Angola marcam um mo-mento histórico na vida desta Nação bem como um ponto de viragem efectiva e definitiva nas relações económicas e empresariais entre Por-tugal e Angola.Se durante décadas falar de investimento em Angola representava exactamente essa realida-de – actuação dos parceiros internacionais em Angola -, a evolução do mercado angolano nos últimos anos, a sua recuperação e o desenvol-vimento das actividades económicas em geral alteraram o entendimento que até então se fazia do conceito de parceria estratégica, enquanto estabelecimento de alianças com empresários angolanos, que facilitavam o acesso, a imple-mentação e o crescimento de projectos de in-vestimento privado em solo local.Com efeito, a abertura do mercado ao exterior e o fomento à entrada de novos parceiros de outros mercados, criou as condições para o aparecimento, desenvolvimento e crescimento

de uma classe empresarial privada, com carac-terísticas incomportáveis com um certo modus operandi instalado localmente...Não obstante os riscos inerentes e decorrentes de uma economia monoprodutora e monoex-portadora assente no petróleo, aspectos como o aumento da produção petrolífera, a valoriza-ção do petróleo nos mercados internacionais (até 2009, ano do “crash”, que viria a provocar uma séria crise financeira em Angola, ainda por solucionar), o investimento chinês na recupe-ração das infra-estruturas locais e a formação e emergência da classe empresarial privada de que atrás falámos, com actuação nos mais diversos nichos de mercado, frequentemente oriunda de países tradicionalmente parceiros de Angola - ou não – que entraram no país ao abri-go de linhas de financiamento bilaterais, contri-buíram para que as empresas angolanas con-solidassem a sua posição no mercado interno e algumas iniciassem mesmo o estabelecimento de contactos, visando a formação de parcerias

internacionais, de dentro para fora do país.Numa primeira fase, são as empresas dotadas de grande poder económico, como os Bancos e a Sonangol, quem tem capacidade para pro-mover esta internacionalização. E fazem-no de duas formas básicas:- adquirindo 49% do capital social da banca por-tuguesa presente no mercado, como foi o caso do BFA – BANCO DE FOMENTO ANGOLA que, mantendo embora a posição dominante no Conselho de Administração do Banco, passou a partilhá-lo com Administradores nomeados pela UNITEL, uma das maiores empresas de telecomunicações do país. Outros casos, foram a abertura do BANCO BAI em Portugal, com a marca BANCO BAI EUROPA, e, mais tarde, a abertura em Portugal do BANCO BIC PORTU-GUÊS, exactamente com a mesma estrutura accionista do BANCO BIC em Angola;- tomando parte no capital social de grandes empresas portuguesas no sector da Banca – MILLENNIUM BCP, por exemplo - e da energia

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– GALP -, directamente ou por entrepostos gru-pos com grandes interesses no mercado ango-lano – o GRUPO AMORIM, por exemplo.Mas mais do que entrarem em Portugal através das maiores empresas nacionais, e desta forma criarem uma porta de acesso ao mercado mais alargado da União Europeia (como tantas vezes se considerou que as empresas portuguesas poderiam entrar em Angola como acesso privi-legiado ao mercado mais vasto da SADC e da CEDEAO, Organizações Regionais das quais o país faz parte), estas empresas angolanas funcionaram como catalisadoras do interesse de pequenas e médias empresas angolanas em entrarem em Portugal, encarando este e o desenvolvimento das suas actividades no nosso país como forma de aproveitarem o know how aqui existente a nível tecnológico e profissional, nomeadamente no que concerne aos sectores em que desenvolvem as suas actividades - construção e materiais de construção, metalur-gia e metalomecânica, principalmente.Na sequência do atrás exposto, não é, então, isento de sentido considerar que as oportuni-dades que antes se abriam às empresas portu-guesas em Angola, assentes em parcerias com as congéneres angolanas, se multiplicam agora

com as possibilidades de parceria com as suas congéneres angolanas instaladas em Portugal.Ou seja, se a parceria possui um sentido bila-teral, apresenta, também, condições que permi-tem alargar a sua celebração entre empresas que não actuavam anteriormente em nenhum dos mercados, ampliando, desta forma, as possibilidades de actuação em novos sectores, nichos e áreas de negócio em ambos os paí-ses, dando cada vez mais ênfase ao negócio enquanto relação de sucesso entre as partes intervenientes.E, à semelhança do que antes sucedia com as empresas portuguesas em Angola, capacitadas para intervir nos mais diversos sectores de activi-dade dadas as suas qualificações técnicas, tec-nológicas e de recursos humanos, a sua aliança com as congéneres angolanas em Portugal per-mitirá a estas beneficiarem do que as primeiras têm para oferecer, numa tendência para a igual-dade de oportunidades e desempenho.A grave crise económica e financeira, nacional e mundial, dos dois últimos anos, tornaria to-talmente irreal a pretensão de que as relações empresariais entre Portugal e Angola saíssem incólumes desta recessão.Não obstante as dificuldades sentidas em am-

bos os países, as empresas nacionais continua-ram a desenvolver a sua actividade em Angola, sem abandonarem o mercado como prioritário na sua internacionalização, enquanto outras concretizaram o interesse no acesso ao mes-mo, através do comércio, do investimento e da prestação de serviços às empresas.É de destacar a importância da visita do Presi-dente português a Angola em Julho transacto, no âmbito da qual o Presidente José Eduardo dos Santos apresentou um calendário de paga-mento das dívidas às empresas portuguesas, priorizando as PMEs e estabelecendo um pra-zo mais alargado e um plano de pagamento às construtoras que operam em Angola.A estabilização do preço do barril de crude na casa dos USD 70,00/80,00 em 2010, a par do crescimento efectivo do sector não petrolífero em Angola e do aumento da quota de produ-ção petrolífera no âmbito da OPEP, deverão vir a constituir factores positivos na recupera-ção e crescimento da economia angolana em 2010/2011, na retoma da sua capacidade de pagamento ao exterior e, logo, na recuperação da confiança dos agentes externos no mercado e no desenvolvimento das relações económicas e empresariais entre os dois países.

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orçaMENto dE EStadoiNtErNaCioNalização

Portugal – angolaUm futuro conjunto

Basílio HortaPresidente da aiCEP

PPortugal e Angola estão obrigados a uma parceria natu-ral. Por uma história comum de séculos, por um passa-do recente de reequilíbrio na igualdade, pelos interesses mútuos actuais mas, sobretudo, pelo desejo de construir um futuro conjunto. As relações entre Portugal e Ango-la conhecem actualmente o seu ponto mais alto desde a independência em 1975. A excelência das relações comprova-se nas áreas política, social, cultural e, como não podia deixar de ser, económica. Nesta última área, o motor do desenvolvimento de qualquer país, as rela-ções entre os dois Estados alteraram-se qualitativamente

nos últimos anos. Para melhor. Angola é o nosso princi-pal mercado de exportação fora da Europa. Mas Angola não é só destino de vendas portuguesas. É investimento produtivo das mesmas, criação de postos de trabalho e transferência de tecnologia. É, realmente, um contributo que queremos cada vez maior, para o desenvolvimento de Angola e para a melhoria das condições de vida dos angolanos. O aumento da qualidade na relação económi-ca entre os dois países traduz-se, também, na crescente – e bem-vinda! – presença de interesses económicos e financeiros angolanos em Portugal. A tomada de posi-ção no capital de bancos e outras empresas atesta do interesse natural e profundo que os angolanos têm pela economia portuguesa. Este reequilibrar de uma relação que se quer o mais saudável e profícua possível é, assim, de saudar. Que os empresários angolanos e portugue-ses saibam aprofundá-la, no respeito dos seus interesses mútuos e individuais. São as empresas e, sobretudo, as gerações actuais e vindouras que ganham com isso.Gostava de sublinhar que para Portugal, Angola é um mercado onde as empresas portuguesas têm uma maior vantagem comparativa em relação a outros destinos: a história comum, os afectos partilhados, a língua que nos une e um passado recente feito de parcerias e sucessos económicos. Apraz-me registar que os muitos empresá-rios portugueses que demandam Angola, quer engloba-dos em missões, quer a nível individual, fazem-no com respeito por um mercado muito promissor e crescente-mente sofisticado. Dois exemplos comprovam-no: as empresas portuguesas, em parceria ou sózinhas, que laboram no mercado angolano exigem de si mesmas a qualidade final que atingem em Portugal nas suas pro-duções. Por outro lado, a angolanização crescente dos recursos humanos é um facto: hoje em dia, as operações portuguesas em Angola dependem, em grande parte, de quadros angolanos qualificados. Estes exemplos atestam da natureza ímpar da relação entre portugueses e ango-lanos e da cumplicidade entre os tecidos económicos dos dois países. Angola não é um mercado de oportunidade: é um mercado de continuidade. Em Angola, as empresas portuguesas não vão e vêm ao sabor da conjuntura, es-tão, lado a lado com as angolanas.

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lUíS Mira aMaral, PrESidENtE da CoMiSSão ExECUtiVa do BaNCo BiC

“BiC lidera mercado cambial e operações sobre o exterior”Realçando a importância do mercado angolano para as exportações portugue-sas, Luís Mira Amaral, presidente da Comissão Executiva do Banco BIC afirma que, depois da banca e da construção, as oportunidades estendem-se agora a um amplo e variado leque de sectores. Fazendo o balanço dos cinco anos de existência do BIC Angola, o responsável sublinha a liderança da instituição bancária no mercado cambial e nas operações sobre o exterior

Afirmando que “Angola já ultrapassou os Esta-dos Unidos da América como primeiro mercado não comunitário para as exportações portugue-sas» Luís Mira Amaral, presidente da Comissão Executiva do Banco BIC, encara a evolução dos negócios entre os dois países “de forma muito positiva, dado o volume das exportações portu-guesas para Angola e o crescente investimento empresarial de Portugal neste país”.Como maiores oportunidades e principais áreas de actividade que devem ser exploradas pelos empresários portugueses, o ex titular da pasta da Indústria do Governo de Cavaco Silva afirma que “depois da banca e da construção civil, é agora

a hora da agricultura, da agro-indústria, da pe-cuária, das pescas, da indústria transformadora, designadamente das indústrias de materiais de construção ligadas ao ambicioso programa de habitação social do governo angolano”.Mira Amaral vislumbra ainda boas oportunida-des para “a hotelaria, o turismo, a distribuição, os serviços, a consultoria, as tecnologias de in-formação, o ambiente e o saneamento básico, a energia, a água, a saúde e a educação”, sectores que considera “oferecerem especiais oportunida-des aos empresários portugueses”.Referindo-se ao perfil do empresário português que queira investir neste mercado, o banqueiro

salienta que “só poderão ir para Angola empre-sários com estruturas e organizações financei-ramente sólidas, com know-how e competência dos negócios, com disponibilidade para formar a mão-de-obra angolana e para se associarem a parceiros angolanos”.No que diz respeito ao banco a que preside, Mira Amaral esclarece que “o BIC angolano começou há 5 anos e já é um dos maiores bancos do sis-tema angolano, sendo já o primeiro no mercado cambial e nas operações sobre o exterior. O BIC angolano vai continuar a sua expansão no ter-ritório angolano, através da abertura por todo o território de Agências e Centros de Empresas”.

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orçaMENto dE EStadoiNtErNaCioNalização

EMídio PiNhEiro, PrESidENtE da CoMiSSão ExECUtiVa do BFa

«Não há economias fortes sem um sistema bancário forte»

EEm traços globais, como se define o BFA? Qual a sua missão e objectivos?O BFA é o 2º maior Banco de Angola, pelo cri-tério do valor do activo, e o maior banco de re-talho. Queremos manter este posicionamento. Para tal, os nossos objectivos para os 3 anos que se aproximam mantêm as características das linhas estratégicas adoptadas no passado recente: alargamento da nossa rede de distri-buição com aprofundamento de formatos distin-tos para segmentos relevantes, liderança pela inovação com a introdução de novos produtos e serviços e melhoria continua da qualidade de serviço que prestamos aos nossos Cliente.Não há economias fortes sem um sistema ban-cário forte. Nesta matéria, o BFA é uma das principais instituições financeiras angolanas que mais contribui para que o sistema bancário angolano se desenvolva segundo padrões de solidez comprovável e seja um factor de sus-tentação do processo de crescimento da eco-nomia e de desenvolvimento do país.

Considerando que as relações comerciais entre Angola e Portugal atravessam um bom momento, Emídio Pinheiro, Presidente da Comissão Executiva do BFA sublinha que os empresários passaram a olhar para Angola como um destino privilegiado dos seus negócios, existindo actualmente um enorme espectro de empresas portuguesas a operar no País. O responsável do BFA refere também que uma Banca forte é fundamental para a sustentação do processo de crescimento da economia e de desenvolvimento do país

Como caracteriza a operação do banco? Quais são as suas principais áreas de ac-tuação e qual a estratégia para a sua evo-lução?Como lhe referi, o BFA pretende manter uma posição de liderança no sistema bancário an-golano. Cobrimos a totalidade das províncias de Angola e trabalhamos em todos os seg-mentos mas com formatos distintos para tipos de negócio também distintos. Penso que uma das linhas fundamentais que adoptamos é o de proporcionar cada vez melhores condições de acesso da população e das empresas a produ-tos e serviços bancários.Por outro lado, o nível de bancarização em Angola é ainda baixo o que constitui uma das principais oportunidades para a sustentação da nossa estratégia. Através do alargamento da nossa rede de Agências, Centros de Inves-timento e Centros de Empresas melhoramos a nossa capacidade de acolhimento de novos Clientes e de lhes prestar um bom serviço.Ao nível da comunidade empresarial, que nos coloca desafios cada vez de maior dimensão e complexidade, em linha com o crescimento dos negócios e das actividades das próprias empresas, temos vindo a estabelecer equipas especializadas com capacidade de respos-ta adequada e a melhorar a capacidade de relacionamento e de acompanhamento dos Clientes.

Como define a importância das relações comerciais Portugal/Angola e qual impacto da presença de portuguesa no mercado an-golano?De um modo geral as relações económicas en-tre Portugal e Angola estão numa boa fase. A recente visita de Estado do Presidente Cavaco Silva não só constituiu um factor de aprofun-damento e consolidação das relações entre os dois Estados, como foi um testemunho muito próximo e directo do enorme relacionamento

entre as empresas e os empresários portugue-ses e angolanos e do enorme potencial do mui-to que ainda poderá ser feito. Os seminários empresariais realizados no âmbito dessa visita no Lubango e no Lobito foram pontos altos do que lhe referi.As empresas portuguesas estão em Angola há muito tempo, mesmo desde os tempos mais difíceis. Com o estabelecimento da paz em 2002, e o processo de reconstrução nacional que se desencadeou logo a seguir, tendo como base um bom momento econó-mico, geraram-se vastas oportunidades de in-vestimento e de estabelecimento de bases de negócio. A esse apelo muitas empresas e em-presários passaram a olhar para Angola como um destino privilegiado dos seus negócios e, hoje temos em Angola um enorme espectro de empresas portuguesas que contribuem diariamente em múltiplos sectores para o crescimento económico e para o desenvolvi-mento do país.O BFA actua em 3 níveis de trabalho com empresas portuguesas. Desde logo no nosso relacionamento quotidiano com as empresas que já estão instaladas em Angola às quais proporcionamos acesso a uma vasta gama de produtos e de serviços bancários locais; há um serviço que merece destaque – An-gola Express – que oferece condições muito competitivas para as transferências destina-das ao BPI ordenadas por Clientes do BFA. Numa 2ª dimensão, o BPI criou um Gabine-te de Angola que tem como objectivo ajudar em Portugal as empresas que desenvolvem negócios em Angola, acertando as iniciativas com o BFA. Finalmente, foi recentemente criada uma nova área que articula recursos do BPI e do BFA – Unidade de Business De-velopment – que visa detectar oportunidades de negócio e de investimento e apresentá-las a empresas estrangeiras, nomeadamente as portuguesas.

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aCtiVidadE iNdUStrial

PPeço-lhe que faça uma breve apresentação da Dyrup em termos históricos e evolutivos e que explique o seu modelo de negócio ac-tual? A Dyrup foi fundada em 1928 por Sigurd Dyrup, Axel Monberg and Ejnar Thorsen, na Dinamar-ca. Nos anos 40 a marca entra no mercado por-tuguês com a pintura da primeira ponte sobre o tejo em Portugal, a Ponte de Vila Franca de Xira, e ao longo da sua história tem vindo a distinguir-se pelos seus inúmeros avanços que contribuí-ram para definir novas tendências no sector dos vernizes, tintas e materiais de decoração. O negócio da Dyrup foca-se em criar valor genu-íno para o cliente, através de produtos de quali-dade extraordinária e inovações constantes, que decorrem de uma expertise alcançada através da felicidade, porque a aposta continuada no desenvolvimento das nossas pessoas permite que as pessoas sejam felizes nas suas funções e isso é visível na procura de novas soluções, novos produtos de qualidade superior e a melhor relação qualidade preço.

Qual a gama de produtos da companhia e as suas principais orientações para a estratégia de produção e que inovações e lançamentos têm mais relevância presentemente? Sendo uma empresa expert em tintas, vernizes e em materiais de decoração, com uma genu-ína preocupação e respeito ambiental e social, a Dyrup desenvolve as tintas de acordo com as maiores exigência da UE e vai mais longe na protecção do ambiente com lançamento de tin-tas ecológicas como o Dyrumate. Na nossa gama temos produtos para todas as pessoas e preferências. A linha Agatha Ruiz de la Prada propõe uma revolução de cor e criativi-dade com tintas com efeito ardósia e magnético. O Baby Paint uma tinta para bebés, hipo alergé-nica, sem cheiro, promove o desenvolvimento da criança através da combinação de cores.Em ter-mos de inovação, destacamos o lançamento do

EdUardo CEVaSCo, PrESidENtE ExECUtiVo dyrUP iBEria

“Criar valor genuíno para o cliente com produtos de qualidade”Fundada em 1928, a dimarquesa Dýrup desde cedo consolidiu a sua posição mundial como uma empresa “expert em tintas, vernizes e em materiais de decoração”. Hoje, a companhia tem uma presença mundial e foca a sua operação na qualidade superior e melhor relaçãio qualidade preço, apostando na inovação e no respeito pelo ambiente. Eduardo Cevasco, Presidente Executivo da Dyrup Iberia, traça o perfil da empresa e aborda a estratégia para a sua presença no mercado angolano

ADN- Advanced Dyrup Nanoforce, uma tinta que vai marcar o futuro da construção, desenvolvida pelo Centro de Investigação e Desenvolvimento da Dyrup em parceria com a multinacional BASF The Chemical Company, e que apresenta uma qualidade na aplicação das fachadas incompa-ravel em termos de durabilidade da cor, imper-meabilidade e resistência à sujidade ou fissuras.

Qual é a política de internacionalização da empresa e quais as principais fases que mar-cam o seu processo de expansão? A Dyrup comercializa os seus produtos e servi-ços através de 6 filiais mundiais. Os mercados são fornecidos através de filiais europeias e de uma rede de distribuição dentro e fora da Europa, possuindo também alguns acordos de licença.No entanto, encontramo-nos atentos aos mer-cados nos quais estamos inseridos sendo que, cada vez que um mercado apresenta sinais de estabilidade ou crescimento de negócio, é ana-lisada a pertinência da nossa presença física no mesmo. Até aos anos 90, a Dyrup adquiriu e abriu de forma consistente novas fábricas na Europa e até nos EUA. A década de 90 foi um período particularmente importante, que representou a aquisição da XYLOCHIMIE S.A., em França e da GORI na Dinamarca. Nesta altura, a Dryup adquire também 56% da RICOLOR S.A., em Es-

panha. Substitui a XYLOCHIMIE pela TOLLENS na importação e exportação da gama Bondex. Adquire as restantes acções das Tintas Dyrup, S.A. detidas pela firma Hojgaard & Schultz tor-nando-se assim uma subsidiária totalmente con-trolada pela casa-mãe na Dinamarca. Adquire ainda a firma Veraline em França e Bélgica. Sur-je a Dyrup Alemanha que assegura a distribuição da marca Bondex e Gori.

Em que consiste a operação em Angola e qual o balanço da presença neste mercado? Como se perspectiva o futuro da actuação da Dyrup neste país?Apostar em Angola revelou-se uma oportunida-de inegável. Apenas o mercado formal de tin-tas em Angola vale 90 milhões de dólares, dos quais a Dyrup já retirava 2 milhões de dólares de dividendos apenas com revenda. As neces-sidades de reconstrução de Angola são visíveis, e as actuais instituições governamentais estão a fazer um enorme esforço para o conseguir, de forma empenhada e assertiva. Este trabalho tem potenciado a indústria de construção civil, que alcançou resultados de crescimento muito expressivos nos últimos anos. Isto veio favore-cer, obviamente, o desenvolvimento do sector de Tintas Angolano e pesou favoravelmente na decisão de apostar estrategicamente e com am-bição em Angola pelo Board of Directors Ibérico da Dyrup SAEste crescimento superior a 10% do mercado das tintas e a necessidade de produtos e servi-ços de qualidade superior tornaram claro que o caminho a seguir era a aposta no fabrico local, e levaram a Dyrup a planear apresentar ainda outros serviços neste território, como a oferta a todos os seus clientes do “conceito de apoio in-tegral”, um dos segredos de sucesso da Dyrup no mercado Ibérico, apoio esse que inclui, entre outras coisas, a assessoria comercial, o aconse-lhamento técnico, suporte de marketing e cate-gory management.

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orçaMENto dE EStadoiNtErNaCioNalização

tECNologiaS da iNForMação, CoMUNiCação E ElECtrÓNiCa

aAs expectativas económicas para 2011 são, como bem sabemos, pouco auspiciosas. Portugal encontra-se numa situação muito de-licada, enfrentando a pior crise do pós-25 de Abril e sofrendo as ondas de choque de uma Europa em perda de competitividade, de um mundo cujo centro geopolítico se desloca do Ocidente para o Oriente, de uma cultura oci-dental em processo de erosão dos seus pila-res socioeconómicos (como o Estado Social) e de um sistema financeiro internacional com falta de liquidez, confiança e estabilidade. A montante de tudo isto, o nosso país continua a debater-se com as suas debilidades estrutu-rais: população activa pouco qualificada, baixa produtividade, fraca competitividade interna-cional e desequilíbrio nas contas públicas.Perante tão sombrio cenário, as exportações afiguram-se como o único factor de cresci-mento económico. Em contraciclo com os países da Europa, que estão a restringir a procura interna com medi-das de austeridade, Angola continua a figurar

entre os mercados onde as oportunidades de venda e investimento são maiores. Mas, para que o aumento das vendas no mer-cado angolano seja de facto relevante e funcio-ne como motor da economia, é necessário que as empresas ganhem quota de mercado, o que é sempre um processo complexo e moroso. A competitividade é um dos nossos calcanha-res de Aquiles e, portanto, um aumento con-solidado das exportações para Angola passa inevitavelmente por um outro posicionamento estratégico do tecido empresarial português. Há que apostar nos factores de competitivida-de da economia do conhecimento – inovação, sofisticação tecnológica, brainware, eficiência energética, desenvolvimento de marcas, di-ferenciação de bens/serviços, comunicação global, criatividade agregada... O reforço da dimensão internacional da nossa economia, passa assim pela demonstração no mercado angolano do potencial inovador das empresas portuguesas, por parcerias lo-cais de valor acrescentado, que facilitem a en-

trada no mercado local e regional e pela dina-mização da promoção da tecnologia nacional. Neste particular, o sector das Tecnologias de Informação, Comunicação e Electrónica (TICE) continua a revelar competitividade e potencial de crescimento, mesmo num con-texto de crise. Esta realidade resulta sobretudo da elevada qualificação dos recursos humanos do sector, da aposta na inovação enquanto factor com-petitivo, da qualidade de bens/serviços tecno-lógicos, da eficácia dos modelos de gestão, do conhecimento dos mercados e da asserti-vidade das estratégias de comunicação. Por isso, as nossas expectativas para 2011 são boas. Estamos conscientes de que a alta tecnologia portuguesa pode constituir um factor decisivo na afirmação da econo-mia portuguesa no mundo, uma vez que as empresas nacionais dispõem de competência técnica aliada a criatividade, espírito inovador e flexibilidade no desenvolvimento de bens/serviços.

alta tecnologia portuguesa responde às necessidades da economia angolana

armindo Lourenço MonteiroVice-Presidente da CiP

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orçaMENto dE EStadoEMPrESaS E SErViçoS

o Factoring apoia as Exportações

Uma das soluções que tem vindo a ser apontada para a so-brevivência e crescimento das nossas PME´s, têm sido as Ex-portações.Ou seja, focalizarr as suas activi-dades no caminho da globaliza-ção através da procura de novos mercado no exterior, é hoje mais do que um desígnio, uma ne-cessidade, pelo que fomentar a competitividade sustentada das empresas pela via da internacio-nalização, designadamente da exportação, constitui um desafio e uma inevitabilidade.No entanto, colocam-se à maio-ria das empresas nacionais que pretendem iniciar este processo de internacionalização, ou que já o iniciaram, várias questões:“Exportar sim, mas como? Com que apoios? Com que garan-tias?”.

O Factoring InternacionalO recurso ao Factoring de Ex-portação constitui uma forma integrada de apoio às Expor-tações, uma vez que incorpora três componentes importantes e complementares entre si:- Serviço de cobrança local: acesso a uma cobrança no país de destino das exportações, de forma profissional e conhecedo-ra da legislação local;- Análise e cobertura do risco de crédito até 100% das vendas no estrangeiro contra riscos de in-solvência dos clientes e de atra-so nos pagamentos;- Financiamento das Exporta-

ções, através da antecipação de uma percentagem sobre a fac-turação emitida, acompanhando o crescimento da actividade das empresas;Este conjunto de serviços inte-grado constitui uma vantagem competitiva para as empresas exportadoras, permitindo uma diversificação para mercados internacionais de forma profis-sional, eficaz e com a segurança necessária no que diz respei-to aos recebimentos dos seus clientes, eliminando muitos dos riscos que por vezes encontram quando tentam exportar.Estas vantagens são ainda mais notórias quando se compara esta modalidade com as dife-rentes formas de acompanhar a exportação sem utilizar o Facto-ring, ou seja, o financiamento é efectuado por uma Instituição Fi-nanceira, a cobertura de risco de crédito por uma seguradora e as cobranças efectuadas na própria empresa; já para não falar das barreiras linguísticas nalguns países assim como o custo pro-priamente dito, principalmente

em alturas como agora em que os aumentos do custo do crédi-to e dos seguros, são bastante elevados e com um impacto sig-nificativo no preço final dos pro-dutos e serviços, reduzindo a tão necessária competitividade.Na realidade, o recurso ao Fac-toring de Exportação, é simples e eficaz e poderá libertar os empresários portugueses para o desenvolvimento dos seus negócios e conquista de novos mercados.

A EUROFACTORA Eurofactor é uma das em-presas de Factoring com mais experiência no mercado nacio-nal e internacional, tendo como grande vantagem face aos seus concorrentes, o facto de estar integrada no único grupo de factoring com uma rede in-ternacional própria na Europa, detendo a liderança europeia no mercado de Factoring e que está inserido no Grupo Credit Agrícole, seu accionista maio-ritário, chegando actualmente a um universo de mais de 6.000

clientes de factoring na Euro-pa (Portugal, Espanha França, Itália, Reino Unido, Alemanha, Bélgica e Holanda) e gerindo um volume de créditos tomados de 45 mil milhões de Euros de créditos tomados.O sucesso do Grupo Eurofactor, assenta na capacidade de um grupo com presença internacio-nal, na oferta de um produto in-tegrado, de forma profissional e competitiva, focado nas necessi-dades dos seus clientes, quer na componente de financiamento, quer na componente da cobertu-ra do risco de crédito.

nuno FranciscoCommercial & Marketing Manager

Eurofactor Portugal, S.a.

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Externalização de serviços de tecnologias de informação

Quando falamos em externa-lização de serviços de tecnologias de informação, referimo-nos i) aos serviços de gestão de aplicações informáticas (software) e ii) aos serviços de gestão das infra-es-truturas IT (hardware) incluindo estes o help-desk, a administra-ção de sistemas e bases de dados e as comunicações.Quando propomos e avaliamos um cenário de externalização, está implícito que o novo cenário tem de trazer benefícios face à situação actual: um menor custo para níveis de serviço tão ou mais exigentes que os actuais.Actualmente é prática corrente

associar um Business Case, i.e. uma demonstração de benefícios, à proposta de externalização.Quanto aos Business Cases, encontramos vários repletos de informação, com inúmeras simu-lações de cenários futuros, todos eles muito vantajosos, mas o cliente acaba sempre por fazer as mesmas perguntas.Em qualquer processo de tomada decisão para adopção de Out-sourcing, o cliente deve analisar detalhadamente a solução e o Business Case apresentado e as-segurar que, no mínimo, estão ga-rantidos os seguintes benefícios:a) Quais as reais reduções de custo que posso obter?O Custo da solução futura deve ser pelo menos 25 a 30% infe-rior do que o custo actual. Este é o “prémio” dado ao cliente para mudar.b) O que faço às minhas pessoas?O Outsourcer deve propor medi-das concretas para as pessoas

samuel tautiVice-President outsourcing

Services da Capgemini Portugal

samuel tautiVice-President outsourcing

Services da Capgemini Portugal

do cliente que actualmente pres-tam o serviço, que passem pela transferência para o Outsourcer e pela apresentação de planos de carreira que possibilitem o seu de-senvolvimento.c) Posso esperar benefícios adi-cionais ao longo do contrato?O Outsourcer deve propor um conjunto de medidas concretas de transformação que permitam ao cliente melhorar o seu funciona-mento interno nas áreas abrangi-das pelo contrato e com isso me-lhorar a eficiência na organização.d) Como sei se obtenho as pou-panças prometidas?A garantia é dada através de um contrato, bem feito, onde os níveis de serviço, os processo de ben-chmarking, as medidas de trans-formação, e a forma de medir os resultados ficam contratualmente definidas, não deixando qualquer duvida quanto á sua execução.Com respostas cabais as estas perguntas cada cliente assegura,

não só que celebra um contrato que lhe traz benefícios no curto prazo, como também assegura que a manutenção de uma rela-ção que não se esgota na presta-ção directa do serviço de Outsour-cing e cria condições para uma verdadeira parceira de levado valor para o futuro.Para que esta parceria seja possí-vel, há contudo que ter bem claro que parceiro escolher para esta relação de médio longo prazo e garantir que se inclui no leque de potenciais parceiros empresas cuja vocação e competências vão para além daquelas que seriam suficientes para assegurar o ser-viço de Outsourcing propriamente dito, ou seja, que tenham dentro de casa as tais valências que permitem, primeiro dar ao cliente o conforto necessário nos pontos que acima enumero e depois que tenham esta capacidade de as-sessoria para além da linguagem puramente tecnológica.

Grupo Egor

desenvolver pessoas e negócios

Egor é um grupo de empre-sas que actua na área dos recur-sos humanos, constituído pela Autsource (prestação de servi-ços em regime de outsourcing), Tutela (trabalho temporário) e empresas de formação, de recru-tamento e selecção e consultoria, onde se inclui a Thinksmart (in-centivos).Ao nível de outsourcing, as em-presas que recorrem à Egor “têm diversas vantagens obviamente com reflexos económicos, por-que a decisão de colocar um serviço fora das suas instalações vai obrigatoriamente reduzir os recursos humanos”, explica Eli-sabete Roxo, Directora Executiva de Outsourcing.Por seu turno, prossegue, “a em-

presa que presta esse serviço no exterior, sendo o seu principal negócio, é sempre muito exigen-te ao nível da produtividade dos recursos e da optimização dos processos. Quantos menos re-cursos gastar a executar os ser-viços, mais rentável será o seu negócio”.Quanto à vertente do trabalho temporário, a interlocutora refere que a Egor oferece uma solução “às empresas que têm necessi-dades provisórias de colabora-dores ou produções temporárias, as quais têm obviamente todo o interesse em recorrer a empresas de trabalho temporário para não estar a custear recursos o ano inteiro. Depois temos os serviços de formação, recrutamento e se-

lecção, que em última linha terão sempre vantagens económicas”.As grandes empresas continuam a ser os principais clientes do Grupo, nomeadamente das áre-as da banca, telecomunicações e seguros. No entanto, o Estado Português começou agora a dar os primeiros passos no sentido de colocar serviços em outsour-cing, “pelo que será a principal fonte de crescimento da Egor. Outra passará pela angariação de empresas mais pequenas, que começam agora a recorrer a este tipo de serviços”, esclarece Elisabete Roxo.A Egor tem como principais preo-cupações melhorar os processos e surpreender face às metodolo-gias utilizadas. Para a interlocuto-

ra, “é aqui que reside a nossa ino-vação, e onde realizamos grande parte dos nossos investimentos, no sentido de atingirmos a perfei-ção em qualquer serviço”.O Grupo opera a nível nacional e têm já algumas intervenções no continente africano, mercado nor-mal para expandir o seu negócio, contudo “Portugal ainda tem es-paço para crescer e onde ainda há muitas oportunidades”, remata Elisabete Roxo.

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orçaMENto dE EStadoEMPrESaS E SErViçoS

Parcerias de Valor acrescentado

A pressão para eliminar os custos relacionados com IT, no-meadamente com a gestão das infra-estruturas dos escritórios continua. Os analistas estimam que o gasto total com a produ-ção de documentos corresponde a mais de 10% dos orçamentos totais actuais de IT.Esse é o motivo pelo qual a ges-tão estratégica dos diferentes ambientes de impressão e dos processos relacionados com do-cumentos, deve ser uma priori-dade para as organizações.Outra das realidades é o facto de a maioria das empresas não saberem qual a sua estrutura de custos (TCO) ou onde estão as oportunidades para melhorar os seus processos relacionados com documentos.A Xerox sabe como medir e quantificar, revelando mesmo os custos que estão, normal-mente ocultos. Assim consegui-mos garantir contratualmente economias reais e sustentáveis financeira (até 30% dos custos actuais) e ambientalmente (até 90% dos custos com energia, consumíveis e papel).

Abordagem globalA Xerox tem vindo a ser indica-da pelos principais analistas de mercado, como líder no outsour-cing da gestão da infra-estrutu-ra de impressão, vulgarmente designada por Managed Print Services. Esta liderança é fruto da nossa abordagem diferencia-

dora do outsourcing de IT e pro-cessos. Centramo-nos no objec-tivo de conseguir desenhar para o cliente uma visão global da realidade da sua organização, identificando e quantificando as áreas de melhoria de custos e produtividade.

Todos os ambientes. Qualquer ambiente.A abordagem Xerox visa a opti-mização de todos os ambientes de produção de documentos des-de o ambiente de escritório aos centros de impressão internos, passando pela pesquisa de for-necedores de impressão e esta-mos também atentos às necessi-dades emergentes das empresas e às novas formas de trabalho. Possibilitamos aos utilizadores imprimir de qualquer lugar para qualquer lugar, sem perdas de produtividade e ao mesmo tempo em conformidade com as boas práticas de impressão sustentá-vel estabelecidas e protocolos de segurança.Mas a Xerox foi mais longe e de-senhou uma oferta verdadeira-mente diferenciadora, centrada na optimização dos investimen-tos actuais das organizações. Assim, os nossos contratos de MPS são desenhados numa base de multi-brand, passando o cliente para a Xerox a responsa-bilidade da gestão de diferentes fornecedores, SLA’s, consumí-veis, etc.

Gerir documentos sem investimento Muita coisa é dita sobre os es-critórios sem papel, mas a ver-dade é que as empresas ainda dependem muito do papel. E é aí que entra a transição para o digital, pois o mais valioso dos documentos é o conhecimento e a informação que contêm. Na Xerox enfrentamos esse desa-

fio, adicionando valor à trans-formação dos documentos para melhorar a produtividade das organizações. Os ganhos mais relevantes con-seguem-se quando se tira par-tido da informação contida nos documentos - sejam eles factu-ras, formulário, correspondência ou comunicações dos clientes e se optimiza, acede, distribui, gere e reutiliza a informação, reduzindo o desperdício e acele-rando os processos.A abordagem da Xerox possibili-ta às empresas acederem a tudo isto, sem o investimento que normalmente está associado aos tradicionais projectos de gestão documental.É simples: receber, digitalizar, processar, integrar, optimizar processos e arquivar todos os documentos, sem investimento e com economias reais e quan-tificáveis.

Retorno das comunicações acima dos 300%A chave para o sucesso das comunicações com os clientes consiste em desenhar documen-tos com informação relevantes, exacta e oportuna.Um dos maiores desafios da in-teracção eficaz com os clientes é por isso a integração de vários níveis de personalização nos documentos de comunicação, sejam uma apresentação comer-cial, seja um formulário ou uma factura.A Xerox ajuda as organizações a reforçarem a sua marca, melho-rando e calculando o retorno do investimento em campanhas de marketing multi-canal (sms, e-mail, Web, DM) totalmente per-sonalizadas com base nos per-fis, nas preferências conhecidas e nos comportamentos de con-sumo dos clientes, aumentando os níveis de fidelização.

nuno FranciscoCommercial & Marketing Manager

Eurofactor Portugal, S.a.

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NotíCiaS

Simplificação contabilística das micro entidades

Entra em vigor no dia 3 de Setembro a Lei nº 35/2010, de 2 de Setembro de 2010, cujo título é Simplificação das Nor-mas e Informações Contabilís-ticas das Micro Identidades e que institui um Regime Simpli-ficado das Normas e Informa-ções Contabilísticas aplicáveis às empresas abrangidas por um conceito novo de Micro En-tidade.Estas Empresas são as que, à data do balanço, não ultrapas-sem 2 dos 3 limites seguintes:1. Total do balanço €500.0002.Volume de Negócios líquido € 500.0003. Nº médio de empregados du-rante o exercício – 5Estas Entidades ficam dispen-sadas de entregar os anexos L (IVA), M (IVA em espaço dife-rente da Sede) e Q (Imposto de

Selo) da Informação Empresa-rial Simplificada (IES).Tem o Governo 45 dias, a partir de 3 de Setembro, para apro-var regulamentação específica sobre as Normas Contabilís-ticas Simplificadas e o quadro de contas também simplificado, aplicáveis a estas entidades.

SNC – Conceito de pequenas entidades

Prémios de iniciativa empresarialSegurança na construção

Entrou em vigor no dia 24 de Agosto a Lei nº 20/2010, que altera o conceito de pequenas entidades, para efeitos de aplicação do SNC.Deste modo, a Norma contabilística e de relato financeiro para peque-nas entidades – NCRF – PE apenas pode ser adoptada pelas entidades que não ultrapassem dois dos três limites seguintes - salvo quando, por razões legais ou estatutárias, tenham as suas demonstrações financeiras sujeitas a certificação legal de contas:a. Total de balanço: € 1 500 000

A DGAE - Direcção-Geral das Actividades Económicas, no qua-dro da sua participação no Comi-té de Gestão do Programa para o Espírito Empresarial e Inovação (EIPC), comunicou que está a de-correr, até ao próximo dia 19 de Outubro, o concurso nacional dos Prémios Europeus de Iniciativa Empresarial (European Enterprise Awards) – edição de 2011 (iniciati-va da Comissão Europeia a que o

Está em curso, desde o dia 21 de Setembro, o prazo para apreciação pública do Projecto de Decreto-Lei que estabelece as prescrições mínimas de Se-gurança e Saúde no Trabalho aplicáveis aos locais e postos de

b. Total de vendas líquidas e outros rendimentos: € 3 000 000;c. Número de trabalhadores empre-gados em média durante o exercí-cio: 50A presente Lei vem alterar o Decre-to-Lei nº 158/2009, de 13 de Julho, que aprovou o SNC. O respectivo artigo 9º desta norma, mencionava os seguintes limites: a) Total de ba-lanço: € 500 000; b) Total de vendas líquidas e outros rendimentos: € 1 000 000 e c) Número de trabalha-dores empregados em média du-rante o exercício: 20.

IAPMEI se associa), que tem como objectivo potenciar a divulgação de actividades reconhecidas como boas práticas no âmbito da iniciati-va empresarial na Europa.O concurso está aberto a entida-des públicas da União Europeia, da Noruega, da Turquia e da Sér-via, sendo também elegíveis enti-dades públicas locais e regionais, cidades, municípios, regiões e co-munidades, bem como parcerias público-privadas, programas edu-cacionais e organizações empre-sariais, que tenham desenvolvido actividade de relevo em qualquer das seguintes categorias: Promo-ção do espírito empresarial; Inves-timento em qualificações; Desenvolvimento do ambiente em-presarial; Apoio à internacionaliza-ção do negócio; e Iniciativa empre-sarial responsável.

trabalho dos estaleiros temporá-rios ou móveis da construção de edifícios e de engenharia civil, transpondo parcialmente para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 92/57/CEE, do Conselho, de 24 de Junho

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oPiNião

aA crise por que passamos em Portugal tem a ver não só com a má governança mas tam-bém com a exaustão do modelo de desenvol-vimento instalado. A primeira causa resulta no excesso da despesa pública; a segunda pro-voca os défices nas balanças comercial, de transacções correntes e na de pagamentos. O recurso aos mercados de capitais para co-bertura do défice público e o endividamento externo do sistema bancário português reve-lam as fragilidades de um modelo que já po-demos considerar absurdo.Se durante o consulado salazarista o iso-lamento internacional nos conduzira a um equilíbrio mercantilista auto-sustentável, com o advento da revolução comunista esse equilíbrio foi desfeito e a produção de bens e serviços transaccionáveis drasticamente per-turbada. Reduzida a capacidade produtiva e reforça-do o consumo em resultado dos aumentos revolucionários de salários, produziram estes fortíssimas tensões inflacionistas, os fluxos comerciais externos passaram a apresentar défices crescentes em resultado da quebra da produção e do crescimento do consumo; os capitais internos fugiram da instabilidade social e os externos deixaram de entrar; o Estado foi progressivamente chamado a as-sumir responsabilidades nos segmentos mais recônditos da economia; a Função Pública passou a constituir o refúgio possível para uma mão-de-obra à deriva no epicentro duma sociedade em grande convulsão.Se a revolução comunista foi vencida interna-mente com relativa facilidade, as suas conse-quências económicas perduraram e várias fo-ram as tentativas para lhes minorar os efeitos. Mas porque a aprendizagem democrática foi lenta, esses danos fizeram-se sentir sem que alguém conseguisse estancar a indisciplina laboral e a hemorragia de capitais, assegu-rasse a reposição da confiança e a retoma de um modelo de desenvolvimento sustentável.E de remendo em remendo, com algumas «vi-sitas» do FMI, chegámos à CEE. Se analisarmos o histórico estatístico interna-

a CriSEHenrique salles da Fonseca

cional, vemos Portugal com elevados índices de Formação Bruta de Capital Fixo (vulgo, Investimento) o que nos foi enchendo de sa-tisfação mas logicamente nos conduziu à per-gunta sobre a razão pela qual nem assim con-seguirmos dar o salto no desenvolvimento. E a resposta só podia ser uma: o investimento que vínhamos fazendo não era o necessário ao nosso desenvolvimento.Na nossa Formação Bruta de Capital Fixo assumiram grande relevo a construção e as obras públicas.A política incentivadora da aquisição de casa própria foi indiscutivelmente um dos instru-mentos políticos de maior eficácia no comba-te ao comunismo (não é revolucionário quem tem algo a perder) e assim foi que alcançá-mos um dos mais elevados índices de habi-tação própria no mundo ocidental. Ou seja, a política que esteve na base desse índice alcançou claramente os objectivos que dela se esperavam deixando de fazer sentido nela persistir por logicamente se dever admitir uma progressiva escassez da procura. As obras públicas eram uma necessidade óbvia pois chagáramos a 1974 com uma rede rodoviária ineficaz e, por exemplo, com um verdadeiro problema ecológico resultante de graves insuficiências a nível do saneamento básico. A modernização rodoviária foi o apa-nágio de alguns Governos e o saneamento básico foi motivo para sérios endividamentos autárquicos. A obra surgiu e o cenário actu-al é bem melhor do que há uma trintena de anos mas a remuneração dos capitais inves-tidos não foi globalmente assegurada e o dé-fice do Estado agravou-se. Grande parte das obras de inequívoca utilidade pública não se enquadraram numa política de equilíbrio das contas públicas e, pior ainda, dado o grau de dependência endémica da Economia Portu-guesa relativamente a factores externos de produção, nem sequer foram capazes de al-cançar os objectivos clássicos duma política keynesiana. Em conclusão e grosso modo, o Investimento Público alcançou objectivos de conforto e qualidade de vida da popula-

ção residente mas não tem sido um factor de desenvolvimento global da Economia Portu-guesa.Se a estas matérias juntarmos a opção de combate ao aumento de preços pela abertura à concorrência (leal?) externa e pela emissão «à la diable» de crédito ao consumo, ficamos com o cenário devidamente desenhado para compreendermos as causas dos nossos ac-tuais problemas: exorbitantes défices das contas públicas e balanças comercial, de transacções correntes e de pagamentos que representam sério risco à soberania nacional.Verter mais dinheiro bom sobre um mau mo-delo é esbanjamento e estultícia. É hoje im-prescindível imaginarmos um novo modelo de desenvolvimento.O novo modelo para a nossa Economia tem que assentar no urgente relançamento da produção de bens e serviços transaccionáveis a começar pela Agricultura e pelas Pescas cujos problemas são sobretudo (se não ape-nas) de índole comercial(1); a Indústria (naval, de equipamentos agrícolas, etc.) desenvolver-se-á como consequência natural da retoma do Sector Primário. O benchmarking permanente da nossa com-petitividade ditará por certo as políticas que irão sendo de aplicação necessária mas não parece que devamos persistir num cenário de desbragamento perante a agressão comercial de economias em que não há respeito pelas condições de trabalho, em que não há liberda-de sindical, em que a protecção do ambiente é letra morta.As contas públicas carecem de reequilíbrio e este tem que ser alcançado pela redução ra-dical da despesa corrente na certeza, porém, de que o relançamento da actividade produti-va provocará um aumento das receitas. Na despesa pública corrente assumem espe-cial relevo as Despesas com Pessoal sendo que o despedimento de funcionários deixará de ser necessário se a actividade produtiva voltar a constituir uma alternativa. Tudo, desde que a Fiscalidade deixe de ser a actual impulsionadora da economia paralela.

(1) Instituição de mercados de futuros para produtos agrícolas e pecuários; inversão do sentido do leilão na primeira venda de pescado.

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