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Edital Projeto 4 2015 2TRANSCRIPT
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ALEXANDRE RIBEIRO GONÇALVES PEDRO HENRIQUE MÁXIMO
EDITAL 01 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS. CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO. 2015-2
BIBLIOTECA CENTRAL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
1. Introdução
Neste exercício trataremos sobre LUGAR, PROGRAMA, CIRCULAÇÃO, ESTRUTURA, MATÉRIA,
VOLUME e ESPAÇO, como estratégias projetuais no intuito de trazer subsídios à disciplina e ao que
preconiza sua ementa: teoria e prática do projeto de arquitetura, com investigação de temas básicos de
reflexão e metodologia do projeto contemporâneo na escala do anteprojeto, através de elaboração de
projeto arquitetônico para uso cultural com a capacidade de ordenação de espaços de média
complexidade, a partir da ênfase na investigação do partido arquitetônico e na dimensão urbana da
arquitetura, a discussão das linguagens arquitetônicas contemporâneas como incremento da capacidade
crítica ante o problema arquitetônico.
Essas estratégias projetuais têm como objetivo estabelecer relações sobre a organização e
configuração de um sistema de espaços, constituindo-se como um sistema de aproximações iniciais e
introdutórias ao universo arquitetônico e aos processos de projetação e desenho, além de servir como
“exercício de síntese” de todos os temas trabalhados nos semestres anteriores.
Alguns pontos são de fundamental importância para o entendimento do problema:
a) o compromisso com as linguagens contemporâneas e com a dimensão social da arquitetura, no
sentido de ativar processos de renovação urbana a partir da qualidade do projeto e de sua relação com o
entorno.
b) as relações entre o edifício e o lugar, ou ainda, entre o edifício e a cidade;
c) a relação entre as unidades programáticas e o edifício, ou seja, as vinculações entre o todo e as
partes;
d) as formas de organização dos espaços a partir de estratégias de ordenamento arquitetônico e
interpretação sobre o modo de vida dos usuários;
e) a mediação entre os espaços públicos e privados, estabelecendo diversos níveis tanto de
intimidade quanto de possibilidades de encontro.
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2. CONTEÚDOS A SEREM TRABALHADOS NESTA UNIDADE
2.1 O LUGAR
O Lugar informará o contexto, a paisagem e a condição geográfica da implantação do projeto, a
partir da observação e análise atenta dos seus condicionantes específicos.
Dentre as várias possibilidades de interpretação do lugar, a sugestão para esta unidade é inserir a
proposta programática num contexto preexistente, no campus UNUCET da UEG, escolhido previamente
pela equipe de professores. Trata-se de dar nova ocupação a um contexto que vem se formando ao longo
dos últimos anos.
Dado o terreno (ver documentos fornecidos pela equipe de orientadores), considerou-se um eixo
hipotético, perpendicular ao terreno, capaz de conectar os diversos tipos de usos e usuários a todos os
edifícios propostos e existentes, a partir de um conceito de sistema de conexão arquitetônico.
De qualquer forma é preciso observar que para se construir nesse tipo de contexto, é preciso
desenvolver certo tipo de sensibilidade interpretativa, capaz de impregnar a paisagem de novos sentidos e
significados. A relação da arquitetura com a paisagem, nesse caso, poderá acontecer através de uma
rigorosa compreensão da topografia, da paisagem natural e da análise tipológica do entorno, numa relação
de intercâmbio e construção do lugar, lembrando que as estratégias podem variar imensamente e utilizar
recursos como integração, domínio, compreensão, mimese, oposição, contraste, superação e reinvenção.
2.1 O lugar como um sistema arquitetônico
Esta maneira de considerar o lugar parte da ideia de sistemas complexos organizados, de acordo
com o pensamento de Bertalanffy, em Teria geral dos sistemas (1968), definindo sistema como um
conjunto de elementos em interação. Para facilitar o entendimento e a compreensão da ideia básica sobre
sistema, torna-se necessário evocar a interpretação de Blaise Pascal (1623-1662), quando este afirma que
“só se pode conhecer o todo, conhecendo as partes, e, por outro lado, só é possível compreender as partes
conhecendo o todo” e conjugá-la com a afirmação fundamental de Aristóteles de que “o todo é mais do
que a soma das partes.” Consequentemente, é possível concluir, a partir dos conceitos de Bertalanffy, que
um sistema complexo é um todo maior que as partes porque é a resultante:
a) da soma dessas partes, as quais também podem ser entendidas como unidades complexas;
b) da soma das suas interações, que é a maneira como estas partes, ou unidades complexas,
estabelecem inumeráveis inter-relações, vinculações ou conexões dentro do sistema; e,
c) finalmente, da soma das qualidades emergentes ou emergências, que são qualidades ou
propriedades novas, resultantes das interações entre as partes e das interações destas mesmas partes com
o todo.
A hipótese de Bertalanffy é que a teoria dos sistemas pode ser utilizada para a explicação de
fenômenos em diversas outras áreas do conhecimento, ou seja, um sistema complexo pode ser físico,
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biológico, psicológico, sociológico, simbólico, e consequentemente arquitetônico. Nesse sentido, cabe
mencionar a contribuição de Montaner (2009, p. 11) ao perceber que um sistema arquitetônico é
“um conjunto de elementos heterogêneos (materiais ou não), em escalas,
relacionados entre si, com uma organização interna que tenta estrategicamente
adaptar-se à complexidade do contexto, constituindo um todo que não é explicável
pela mera soma de suas partes. Cada parte do sistema está em função de outra;
não há elementos isolados.”
E para o mesmo autor (2009, p. 11), o que significa aplicar a teoria dos sistemas à arquitetura
contemporânea?
“Em primeiro lugar, opor-se a todo reducionismo e mecanicismo, tentar
aproximar-se da ideia de complexidade e de redes. Significa, portanto, dar
prioridade a uma busca pela revelação das estruturas complexas nas escalas
urbanas e territoriais; reescrever a história da arquitetura contemporânea a partir
da ênfase sobre os sistemas que superam a crise do objeto; desenvolver, para a
arquitetura, urbanismo e paisagismo, a relação essencial que Luhman estabelece
entre sistema e entorno, isto é, analisar as capacidades de cada sistema de
estruturar-se e, ao mesmo tempo, interagir com o seu entorno.”
Tal entendimento do lugar deverá ser observado constantemente, ao longo das aulas, pelas
equipes de alunos e pelos orientadores da disciplina.
2.2 O PROGRAMA
O Programa pode ser considerado como a resposta às particularidades do tema proposto, à
problematização, interpretação e conceitualização de usos (atos) e usuários (ações), respondendo a modos
específicos de ocupação dos espaços (habitar). Nesse sentido, é possível entender que:
Se a vida é uma continuidade de situações; se uma situação é uma
continuidade de atos; se a arquitetura intensifica os atos e articula
situações; se uma situação é o que estrutura um programa
arquitetônico; e se um programa é o sentido de um projeto, então
poderíamos dizer que o programa, mais que uma lista de recintos,
é uma lista de atos ou a construção de uma situação elementar.
(PÉREZ OYARZUN, Fernando. Los hechos de la arquitectura.
Santiago: Ediciones ARQ, 1999, tradução nossa).
Os alunos deverão atender aos seguintes parâmetros:
1.a) problematização dos programas atuais (análise da situação dos edifícios existentes e suas
demandas reais);
1.b) interpretação programática (“O que o edifício quer ser” Louis Kahn);
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1.c) conceitualização de usos (atos) e usuários (ações), respondendo aos modos específicos de
ocupação dos espaços (habitar);
1.d) pré-dimensionamento.
Dado o programa, devem ser consideradas as diversas possibilidades ou estratégias de se
estabelecer critérios de relação e ordenamento entre todas as entidades programáticas a partir das noções
de público x privado, permanência x intermitência, coletivo x individual.
O exercício proposto também se fundamenta na experiência espacial, narrativa e fenomenológica
do percurso. A definição de um trajeto e de circulações pode configurar um exercício de construção de
eixos de organização e qualificação do espaço, constituindo-se como um acontecimento arquitetônico
singular, a partir da tensão entre os seguintes pressupostos: continuidade x descontinuidade; planos
horizontais x planos verticais; espaço aberto x espaço fechado; interior x exterior, dentre outras
possibilidades.
2.3 A REPRESENTAÇÃO
No intuito de atender às exigências da ementa da disciplina optou-se por um sistema de
representação dos projetos que esteja em sintonia com a discussão das linguagens arquitetônicas
contemporâneas como incremento da capacidade crítica ante o problema arquitetônico. Nesse sentido, os
alunos serão convidados a apresentar suas propostas em formato de um livro de arquitetura, que contenha
textos, desenhos, diagramas, croquis, fotos, fotos das maquetes de interpretação, plantas, cortes,
perspectivas e tudo o mais que for importante para a compreensão do problema arquitetônico.
Para isso, os alunos foram divididos em equipes de 3 alunos para a realização dos exercícios
projetuais e cada equipe deverá confeccionar um capítulo do livro com aproximadamente 50 páginas no
formato 21 x 21 cm.
Além disso, a disciplina Projeto 4 manterá certo intercâmbio com a disciplina Computação Gráfica 3
e os alunos serão convidados a resumir suas propostas com a criação de site pessoal na internet.
No final do semestre, os alunos deverão montar no saguão da UnuCET uma exposição com os
resultados alcançados a partir de diversas mídias: o livro, as maquetes de interpretação, vídeos, sites com
apresentação dos projetos, etc.
O formato do livro será entregue pela equipe de professores.
3. FORMATO DA ENTREGA
A entrega consiste em:
a) um modelo físico do campus sobre uma base de pinho 100 na escala 1:500;
b) modelos físicos na escala 1:200 que funcionem como diagramas tridimensionais da proposta da
seguinte forma: b.1) maquete física de interpretação 1 – lugar + programa + volume + representação
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gráfica; b.2) maquete física de interpretação 2 – estrutura+ circulação + volume + representação gráfica;
b.3) maquete física de interpretação 3 – lugar + programa + volume + estrutura + circulação + matéria
+espacialidade + representação gráfica.
c) graficação de um capítulo do livro com 50 páginas que contenha: c.1) implantação de toda a
proposta, com acessos, estacionamentos, recuos e afastamentos, ocupação do pavimento térreo e desenho
do entorno; c.2) dois cortes (no mínimo) sendo um transversal e um longitudinal; c.3) perspectivas ou
croquis que revelem a proposta, a narrativa espacial e a maneira como a obra é observada e percorrida
pelos transeuntes; c.4) texto que contemple a memória do projeto, ou seja, as intenções projetuais e sua
ordenação a partir dos critérios estabelecidos: lugar, programa, circulação, estrutura, matéria, espaço e
volume; c.5) esquemas gráficos (diagramas, fotos, etc) que sintetizem a proposta: programa + circulação +
estrutura + volume.
4. DATA DAS ENTREGAS DA 1ª V.A.
4.1) entrega da Etapa 01 – Estudo do lugar e do programa – conforme proposta de graficação do
livro entregue pelos orientadores no dia 10/09 das 13:00 às 14:00 horas (trabalhos atrasados não serão
aceitos);
4.2) entrega da maquete de interpretação 1 + graficação no dia 21/09 das 13:00 às 14:00 horas
(trabalhos atrasados não serão aceitos);
4.3) entrega da maquete de interpretação 2 no dia 28/09 das 13:00 às 14:00 horas (trabalhos
atrasados não serão aceitos);
4.4) entrega da maquete de interpretação 3 no dia 08/10 das 13:00 às 14:00 horas (trabalhos
atrasados não serão aceitos);
5. ITENS DE AVALIAÇÃO
5.a) lugar + implantação;
5.b) programa;
5.c) circulação;
5.d) estrutura;
5.e) volume;
5.f) graficação;
5.g) processo.
6. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
A avaliação por parte da equipe de professores acontecerá de maneira transversal aos conteúdos
sugeridos no item 5 observando:
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6.1) a capacidade de domínio dos conteúdos sugeridos a partir de uma visão crítica para a solução
dos problemas apresentados;
6.2) o nível de aprofundamento conceitual e técnico das propostas apresentadas;
6.3) o domínio da linguagem e dos códigos de representação gráfica.
7. CRONOGRAMA
Encontro CH Atividade
27/08 4 Lançamento do edital referente a Etapa 01 – Estudo do Lugar e do Programa /
Orientação da maquete física / Orientação dos grupos de trabalho (lugar +
programa + graficação do livro + maquete do entorno).
31/08 4 Orientação dos grupos de trabalho (lugar + programa + graficação do livro +
maquete do entorno).
03/09 4 Orientação dos grupos de trabalho (lugar + programa + graficação do livro +
maquete do entorno).
10/09 4 Entrega da Etapa 01 / Lançamento da Etapa 02 – Partido Arquitetônico e aula
expositiva: “Estratégias Projetuais” / Orientação da maquete de interpretação 1
(massa: programa + lugar + volume)
14/09 4 Orientação da maquete de interpretação 1 (massa: programa + lugar + volume +
representação gráfica)
17/09 4 Orientação da maquete de interpretação 1 (massa: programa + lugar + volume +
representação gráfica)
21/09 4 Entrega da maquete de interpretação 1 com apresentação dos grupos (massa:
programa + lugar+ volume + representação gráfica) / Lançamento da maquete de
interpretação 2 (estrutura + circulação + volume)
24/09 4 Orientação da maquete de interpretação 2 (estrutura + circulação + volume +
representação gráfica)
28/09 4 Entrega da maquete de interpretação 2 com apresentação dos grupos (estrutura
+circulação + volume + representação gráfica) / Lançamento da maquete de
interpretação 3 (matéria + volume + estrutura + lugar + espaço + programa +
circulação)
01/10 4 Orientação da maquete de interpretação 3 (matéria + volume + estrutura + lugar +
espaço + programa + circulação + representação gráfica)
05/10 4 Orientação da maquete de interpretação 3 (matéria + volume + estrutura + lugar +
espaço + programa + circulação + representação gráfica)
08/10 4 Entrega final da Etapa 02 – Partido Arquitetônico: maquete de interpretação 3
com apresentação dos grupos (matéria + volume + estrutura + lugar + espaço +
programa + circulação + representação gráfica) / Encerramento da 1ª VA
15/10 4 Lançamento da Etapa 03 – Estudo Preliminar e aula expositiva / Devolução dos
trabalhos da Etapa 02 e recuperação dos conteúdos.
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8. BIBLIOGRAFIA
BERTALANFFY, Ludwig von. Teoria geral dos sistemas. Petrópolis: Vozes, 2008. [1968]. CEJKA, Jan. Tendencias de la arquitectura contemporanea. Mexico: GG, 1996. EISENMAN, Peter. Diez edifícios canónicos 1950-2000. Barcelona: Gustavo Gili, 2011. LEUPEN, Bernard, et al. Proyecto y análisis: evolución de los principios en arquitectura. Barcelona: GG, 1999.
MILANESI, Luís. A casa de invenção: Biblioteca, Centro de Cultura. Cotia: Ateliê Editorial, 2003.
MONTANER, Josep Maria. Depois do movimento moderno: arquitetura da segunda metade do século XX.
Barcelona: GG, 2001.
_______. As formas do século XX. Barcelona: GG, 2002.
_______. Sistemas arquitetônicos contemporâneos. Barcelona: GG, 2009.
_______. Del diagrama a las experiências, hacia una arquitectura de la acción. Barcelona: GG, 2014.
MONEO, Rafael. Inquietação teórica e estratégia projetual. São Paulo: Cosac Naify, 2009.
PÉREZ OYARZUN, Fernando. Los hechos de la arquitectura. Santiago: Ediciones ARQ, 1999.