edima aranha silva

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403 PRODUÇÃO DE MORADIAS E EXPANSÃO DA PERIFERIA: NOVA DINÂMICA TERRITORIAL URBANA EM TRÊS LAGOAS/MS * ARANHA-SILVA, Edima ** Introdução O propósito deste estudo é compreender e revelar a forma como a produção de moradias contribui para a expansão da periferia da cidade de Três Lagoas/MS, por conseguinte, promove sua dinâmica territorial, em que atualmente, ocorrem intensas mudanças sociais, econômicas e políticas pela estruturação de um Parque Industrial. Simultâneo ao recente processo de industrialização aumentou a demanda por serviços públicos e moradias com a chegada de pessoas em busca de trabalho, e que, somados ao déficit habitacional já existente, tem pressionado o poder público a destinar investimentos para melhoria da infraestrutura, dos equipamentos urbanos e, com mais vigor, para definir nossos espaços para construção de unidades de moradias. Nesse sentido, estão sendo criados novos loteamentos para construção de condomínios horizontais fechados e de conjuntos habitacionais populares, para moradores de classes sociais distintas e diferenciadas. Com isso, a periferia se expandiu e os problemas urbanos se intensificaram, seja pela precariedade e falta de acesso aos serviços públicos, pela distância dos locais de trabalho, seja pela incapacidade em pagar para morar, seja ainda, pela e super valorização da terra e intensa especulação imobiliária. A (re)estruturação, requalificação, (re)centralização de uma cidade pode ocorrer simultaneamente devido o seu processo de expansão, o que torna o território urbano mais complexo, fragmentado e a interação social se dá por meio das relações interpessoais e coletivas. Os procedimentos metodológicos pautaram-se na revisão da literatura pertinente à temática da pesquisa, cujo construto teórico possibilitou o entendimento da tessitura do território, bem como o papel e as relações de poder de diferentes agentes sociais que interagem de modo antagônico e combinado, com finalidades específicas no processo de (re)fazer a cidade, territorializando alguns, desterritorializando muitos e delineando as multiterritorialidades urbanas. E ainda, evidenciou-se que o papel do Estado, enquanto agente social, ao fazer e refazer a cidade privilegia os atores sociais detentores do poder e do capital. * Trabalho vinculado a uma pesquisa financiada pela FUNDECT/MS e realizada junto ao LETUR/UFMS Laboratório de Estudos Urbanos e do Território. ** Doutora em Geografia, Professora do Programa de Pós-Graduação/Mestrado em Geografia/UFMS; Tutora PET Geografia/UFMS, Bolsista/FNDE/MEC [email protected]

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Page 1: Edima Aranha Silva

403

PRODUÇÃO DE MORADIAS E EXPANSÃO DA PERIFERIA:

NOVA DINÂMICA TERRITORIAL URBANA EM TRÊS LAGOAS/MS*

ARANHA-SILVA, Edima**

Introdução

O propósito deste estudo é compreender e revelar a forma como a produção de

moradias contribui para a expansão da periferia da cidade de Três Lagoas/MS, por conseguinte,

promove sua dinâmica territorial, em que atualmente, ocorrem intensas mudanças sociais,

econômicas e políticas pela estruturação de um Parque Industrial.

Simultâneo ao recente processo de industrialização aumentou a demanda por

serviços públicos e moradias com a chegada de pessoas em busca de trabalho, e que, somados ao

déficit habitacional já existente, tem pressionado o poder público a destinar investimentos para

melhoria da infraestrutura, dos equipamentos urbanos e, com mais vigor, para definir nossos

espaços para construção de unidades de moradias.

Nesse sentido, estão sendo criados novos loteamentos para construção de

condomínios horizontais fechados e de conjuntos habitacionais populares, para moradores de

classes sociais distintas e diferenciadas. Com isso, a periferia se expandiu e os problemas

urbanos se intensificaram, seja pela precariedade e falta de acesso aos serviços públicos, pela

distância dos locais de trabalho, seja pela incapacidade em pagar para morar, seja ainda, pela e

super valorização da terra e intensa especulação imobiliária.

A (re)estruturação, requalificação, (re)centralização de uma cidade pode ocorrer

simultaneamente devido o seu processo de expansão, o que torna o território urbano mais

complexo, fragmentado e a interação social se dá por meio das relações interpessoais e coletivas.

Os procedimentos metodológicos pautaram-se na revisão da literatura pertinente à

temática da pesquisa, cujo construto teórico possibilitou o entendimento da tessitura do território,

bem como o papel e as relações de poder de diferentes agentes sociais que interagem de modo

antagônico e combinado, com finalidades específicas no processo de (re)fazer a cidade,

territorializando alguns, desterritorializando muitos e delineando as multiterritorialidades

urbanas. E ainda, evidenciou-se que o papel do Estado, enquanto agente social, ao fazer e refazer

a cidade privilegia os atores sociais detentores do poder e do capital.

* Trabalho vinculado a uma pesquisa financiada pela FUNDECT/MS e realizada junto ao LETUR/UFMS –

Laboratório de Estudos Urbanos e do Território. **

Doutora em Geografia, Professora do Programa de Pós-Graduação/Mestrado em Geografia/UFMS; Tutora PET

Geografia/UFMS, Bolsista/FNDE/MEC – [email protected]

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Porque morar é preciso

Os lotes destinados às moradias populares nas cidades brasileiras são muito

pequenos, infringem a legislação urbanística, o que resulta na construção de unidades

habitacionais com área construída reduzidíssima, como pondera Villaça (1986, p. 61): “A cidade

crescerá de forma caótica, sem o zoneamento ou a regulamentação dos loteamentos. Ao mesmo

tempo, entretanto, e contraditoriamente, se reconhece que, se os lotes destinados aos loteamentos

populares for produzido segundo os requisitos da lei, ele será caro demais para os pobres”.

A falta de moradia para uma parcela significativa da população urbana força a

organização de movimentos pró moradias, por meio de ocupações de terras urbanas ociosas, seja

pública ou privada, por meio de casas improvisadas, muitas vezes em áreas de risco, como

encostas, fundos de vale, antigos aterros sanitários ou lixões. E ainda, a ocupação se dá em

prédios condenados pela defesa cível e que oferecem risco de morte para os ocupantes.

Uma das características das deficiências no ordenamento territorial urbano é o

notável crescimento de favelas ou de moradias improvisadas, tendo como conseqüências sociais

a explosão da violência urbana, e que se atribui, muitas vezes, às lideranças populares a

responsabilidade por aquilo que é resultado de um processo alimentador da desigualdade social e

da concentração de terra, renda e poder (MARICATO, 1996).

Ora, o solo e as benfeitorias são atributos do espaço urbano dos quais nenhum

indivíduo pode dispensar. Não existe sem ocupar espaço; não se pode trabalhar sem ocupar um

lugar e fazer uso de objetos materiais aí localizados; e não se pode viver sem moradia de alguma

espécie (HARVEY, 1980). E é essa necessidade incondicional que acirra a disputa pela terra

urbana, tornando-a uma mercadoria, com valor de troca e não valor de uso, ou seja, a terra

urbana não cumpre seu papel social.

Segundo Corrêa (1995, p.21), na sociedade capitalista não há interesses das

diferentes frações do capital envolvidas na produção de imóveis em “produzir habitações

populares. Isto se deve, basicamente, aos baixos níveis dos salários das camadas populares, face

ao custo de habitação produzida capitalisticamente”.

A construção barata tem sido uma exigência intrínseca ao negócio imobiliário, pois

“os níveis de remuneração dos trabalhadores não permitem aluguéis elevados. Os cortiços, as

casas coletivas, a autoconstrução, os conjuntos populares são, portanto, essenciais para a

reprodução da força de trabalho a baixos custos” (BONDUKI, 1998, p. 39).

Para Lefebvre (1999), a questão da habitação popular pode ser apreendida à luz do

desenvolvimento capitalista, que materializa na cidade os processos de trabalho e tem

implicações severas na dinâmica territorial urbana.

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Os moradores das favelas não se instalaram logo de início no barraco onde moravam. Foram

se deslocando no espaço urbano, numa trajetória de filtração descendente, dentro do

processo de valorização da terra urbana e do empobrecimento da classe trabalhadora, das

áreas centrais para as periféricas, das casas de alvenaria para os barracos das favelas

(PASTERNAK, 1997 p. 54).

Nesse sentido, expõe Cardoso (2003), acerca da intervenção do Estado junto aos

bairros onde vivem pessoas muito empobrecidas:

Deve-se construir um consenso sobre a necessidade de mudar a política de erradicação das

favelas por ações de urbanização que preservem o patrimônio construído e, garantam a

segurança de posse, provendo a infra-estrutura, permitindo o investimento dos próprios

moradores nas melhorias habitacionais (p.12).

O problema da habitação popular está imbricado aos indícios de segregação espacial.

Pois se “a expansão da cidade e a concentração de trabalhadores ocasionam inúmeros problemas,

a segregação social do espaço impede que os diferentes estratos sociais sofram da mesma forma

os efeitos dos problemas urbanos” (BONDUKI, 1998, p. 20), por conseguinte, torna a dinâmica

territorial complexa e contraditória.

O autor é contundente ao afirmar que:

[...] transferir para o Estado e para os trabalhadores o encargo de mobilizar os recursos e o

esforço necessário para enfrentar o problema da moradia popular, vai ao encontro do desejo

da elite: eliminar as moradias precárias do centro da cidade e segregar o trabalhador cada vez

mais na periferia (Idem, p. 77).

O pressuposto teórico de Bonduki (1998 apud FERREIRA, 2004, p.4) remete ao

questionamento da realidade três-lagoense. Trata-se, portanto, de uma situação contraditória:

para financiar a montagem do Parque Industrial em Três Lagoas é preciso reduzir a forte atração

que a propriedade imobiliária exerce como campo de investimento, mas a industrialização requer

condições básicas de sobrevivência na cidade, como o alojamento para os trabalhadores.

Para Rolnik (2010), sob a justificativa de diminuir custos para permitir o acesso à

casa própria, a habitação popular produzida pelo poder público historicamente foi erguida fora

dos centros urbanos, geralmente em “terrenos desprovidos de infraestrutura, equipamentos

públicos, serviços essenciais e oferta de emprego, ou seja, na não-cidade” (p. 12).

O modelo de produção habitacional pelo poder público, com redução dos custos por

meio da aquisição de terras longínquas e baratas e produção em larga escala contribuiu para o

agravamento do processo de periferização. Segundo a autora “este processo tem como resultado

mediato a demanda de enormes investimentos não contabilizados inicialmente e potencializa

problemas de deslocamentos e de vulnerabilidade social” (12).

Para Vainer (2010), além de segregados e distantes do mercado de trabalho, os

grandes conjuntos habitacionais se degradam, agudizando o empobrecimento de seus moradores.

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Nesse sentido, a definição da propriedade da terra não ocorre apenas no espaço

agrário, mas também no espaço urbano, e, com a intensificação do processo de

urbanização/industrialização, esta questão se intensifica (RODRIGUES, 1998).

A intervenção do Estado direta ou indiretamente, se torna necessária. Indiretamente,

através do financiamento aos consumidores a as firmas construtoras, ampliando a demanda

solvável e viabilizando o processo de acumulação capitalista e, diretamente, o próprio Estado é o

produtor das unidades habitacionais.

Para Gomes (2002) é inegável, no entanto, que a intervenção do Estado em termos de

habitação de interesse social, possibilita algumas condições para a constituição de uma cidadania

real, embora através dessa intervenção se reproduza a oposição entre dominantes e dominados de

forma mais complexa, compreendendo uma participação subordinada dos dominados.

O recente programa federal “Minha Casa, Minha Vida” é insuficiente do ponto de

vista quantitativo, além de reproduzir a prática de periferização da pobreza, afastando os

trabalhadores do mercado de trabalho, por conseguinte, precarizando ainda mais sua vida, pelo

encurtamento do seu tempo e da sua renda. Dito de outro modo, gasta-se muito tempo no

percurso entre casa-trabalho, e mais, do já tão pouco, dinheiro com o transporte urbano.

As políticas de urbanização planejadas e conduzidas pelo Estado, por meio de

programas diversos, apenas atenuam as distorções no processo de urbanização das cidades, pois

as desigualdades sociais presentes têm suas raízes na própria formação social e que é decorrente

das relações sociais estabelecidas entre os moradores urbanos, não apenas em nível local e no

espaço de moradia, mas fundamentalmente a partir das relações de trabalho. Pressupõe que a

incapacidade do Estado em formular e implementar uma política habitacional consistente seja

uma das causas da formação, expansão e consolidação de soluções informais de produção de

moradia, entre elas, o padrão periférico de crescimento da cidade.

Para Rodrigues (1998), espacialmente mudam as características da habitação. Há

grande diferenciação entre as moradias dos bairros, tamanhos dos lotes, das construções, da

“conservação”, de acabamento das casas, as ruas – pavimentadas ou não –, se há iluminação,

esgoto, dentre outros. Para se ter noção da segregação espacial urbana. Ao mesmo tempo, há

espaços servidos de infra-estrutura e outros com grande densidade de ocupação, mas com

rarefação de serviços. Isto significa que “a diversidade não se refere apenas ao tamanho e

características das casas e terrenos, mas à própria cidade” (Idem, p.11). É reflexo e

condicionante das desigualdades sociais, que se materializam na dinâmica territorial urbana.

Há crise habitacional sempre que se considera a incapacidade de pagar dos

compradores, quando o ritmo da urbanização é tanto, que o ritmo das construções de habitação

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não a acompanha. O problema da moradia é concreto para quem conta com recursos limitados,

pois a oferta de imóveis no mercado não é compatível com seu poder de compra.

Com o recente processo de industrialização e a expansão do tecido urbano por meio

de novos loteamentos para construção de moradias devido o aumento da demanda Três Lagoas

vivencia intensa especulação imobiliária, que segundo Rodrigues (1998), está relacionada com a

ocupação da cidade, cujos mecanismos podem ser praticados de várias formas.

A mais comum, por estar relacionada a um único grupo incorporador, refere-se ao

interior da área loteada e diz respeito à retenção deliberada de lotes. Em geral, se vende

inicialmente os lotes pior localizados – em relação a equipamentos e serviços – para, em seguida,

gradativamente e à medida que o loteamento vai sendo ocupado, colocar os demais à venda. A

simples ocupação de alguns já faz aumentar o preço dos demais lotes, valorizando o loteamento.

Essa prática usual, uma queixa plangente, é uma forma de “ocupação programada,

onde é comum deixar-se lotes estrategicamente localizados para a instalação de serviços e

comércio de abastecimento diário – padarias, açougues, farmácias – os conjuntos comerciais”

(Idem, p.21), ou como prefere Corrêa (1995), vão formando os centros comerciais secundários

ou subcentros comerciais. Esta multicentralidade, ou cidade polinucleada, como preferem

Castells (1983) e Lefebvre (2004), já é realidade em Três Lagoas (ARANHA-SILVA, 2009).

Cabe ao Estado, enquanto ator social produtor e ordenador da cidade, possibilitar a

produção de moradia digna aos moradores de todas as classes sociais, com infraestrutura básica e

serviços públicos, pois se entende que esse compromisso é uma prerrogativa para tornar as

cidades mais justas e humanas.

Carlos (2004, p. 147) reforça essa discussão: “[...] a luta pela moradia não é a luta

por um „teto mais serviços‟, mas a luta pela vida contra as formas de apropriação privada”. As

formas de apropriação do espaço urbano apontam para a necessidade de se transpor as

dificuldades e barreiras que se interpõem, notadamente, aos mais empobrecidos, e de se rever a

construção por outra lógica, em que a cidade não seja vista apenas como algo intercambiável ou

como valor de troca, mas como local da possibilidade de reprodução da vida.

Na concepção de Lefebvre (2004, p.116): “O direito à cidade não pode ser concebido

como um simples direito de visita ou de retorno às cidades [...] Só pode ser formulado como

direito à vida urbana, transformada, renovada”. Destarte, o problema da moradia apresenta-se

como resultado da apropriação diferenciada do espaço, pois uma parcela da população não

possui condições de inserção no mundo da mercadoria. As condições de moradia revelam que:

[...] a extrema desigualdade bem como a fragmentação dos lugares submetidos à apropriação

privada. Neste plano também se revelam os atos que produzem a cidade dentro dos estritos

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limites da produção econômica, enquanto condição da produção/reprodução do capital [...]

(CARLOS, 2004, p. 140).

Sobre os vazios urbanos, Rolnik (2010, p.10) destaca que ao mesmo tempo em que a

lógica de expansão horizontal urbana tem sido o modelo de urbanização da maioria dos

municípios brasileiros, “um dos elementos que compõem esta lógica é a grande quantidade de

vazios urbanos em áreas consolidadas e a consolidar”. Essa é uma realidade também vivenciada

em Três Lagoas, que tem se acentuado ainda mais, nos últimos 5 anos.

Com a intencionalidade de se expandir a malha urbana, se constata a existência de

terrenos urbanos vazios e sem função social no interior da cidade, os quais se formam como

resultado de “processos desarticulados de aprovação de loteamentos ou práticas conscientes de

especulação imobiliária e permanecem como resquícios internos à cidade, dificultando a

locomoção urbana e subutilizando a infraestrutura investida ao longo destas áreas” (Idem, p. 11).

Nessa perspectiva, Rolnik (2010) se posiciona contra os vazios urbanos e aponta

razões pelas quais se deve combater essa prática, a fim de:

Cumprir a função social da propriedade;

• Utilizar todo o potencial investido na infraestrutura urbana já existente;

• Evitar desarticulações viárias;

• Evitar que estes locais se transformem em lixões, becos e ou terrenos baldios inseguros;

• Evitar o uso especulativo da terra;

• Promover a utilização adequada dos espaços da cidade, de acordo com suas demandas.

Ora, se viver na cidade pressupõe, dentre outros, o direito à moradia, enquanto

território concebido e vivido, logo se concebe que muitos sujeitos urbanos se encontram

desterritorializados. O entendimento do território é que se trata de uma categoria geopolítica,

cuja tessitura se dá pelas ações políticas e socioeconômicas e que remetem às relações de força e

poder. Para Santos (2007), o território é categoria fundante do trabalho; o lugar da residência,

das trocas materiais e espirituais e do exercício da vida, e, quanto maior a complexidade das

relações externas e internas requer maior controle e regulação: “[...] e se levanta a necessidade

do Estado: o Estado e os limites, o Estado e a produção, o Estado e a distribuição, o Estado e a

garantia do trabalho [...]” (Id., p. 16).

A partir desse pressuposto, se entende que o território pode ser definido nas suas

desigualdades a partir da idéia de que “a existência do dinheiro no território não se dá da mesma

forma. Há zonas de condensação e zonas de rarefação do dinheiro” (Ibid., p. 17). Ao configurar

um dado território e nele estabelecer as relações de produção, as transações e a reprodução dos

meios produtivos, as empresas buscam o apoio do Estado.

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Nessa perspectiva, Três Lagoas se postula como um território-zona/território-rede de

condensação (HAESBAERT, 2004) na medida em que viabiliza, sob a ideologia e égide do

desenvolvimento, a reprodução ampliada do capital industrial nos contextos local, nacional e

internacional. Três Lagoas tem sido propalada como o lócus do meio técnico-científico-

informacional (SANTOS 1994), o lugar de oportunidades. Oportunidade para que os atores

sociais que detêm o controle da terra e os meios de produção reproduzam de modo ampliado o

seu capital, com base na superexploração da força de trabalho, exaustão do meio ambiente e

empurrando as famílias dos trabalhadores e os mais empobrecidos para a periferia. Ademais,

esses atores sociais, contam com o aparato estatal, o que lhes dá legitimidade.

Ora, o urbano é cumulativo de todos os conteúdos, resultados da indústria, técnicas e

riquezas, tradições ou rupturas do cotidiano. Lefebvre (2004, p.112) afirma que: “o urbano é

forma e receptáculo, vazio e plenitude, superobjeto e não objeto, Ele se liga, de um lado, à lógica

da forma e, de outro, à dialética dos conteúdos”. A dinâmica territorial da cidade revela “o

desenvolvimento das forças produtivas e as contradições na formação econômico social, pois

estas ganham concretude no território”(VIANA, 1982, p.125).

A implantação de um pólo de desenvolvimento industrial e o crescimento urbano

induzido, como ocorre em Três Lagoas, nos permite apreender como se dá a tessitura desse

território, ou seja, qual a lógica do capital, os processos de concentração da força de trabalho e

da sua reprodução ampliada, o funcionamento e as intervenções do aparato estatal.

Para Capel (1984), o Estado enquanto agente ordenador do território deve promover

o equilíbrio de forças entre todos atores sociais. Todavia, suas práticas e estratégias se voltam

cada vez menos para a conciliação dos interesses dos grupos excluídos.

O poder público municipal de Três Lagoas busca se inserir nas redes de fluxo globais

de capital, por meio da adoção de práticas que aproximam a gestão pública a uma gestão

empresarial do território na cidade. As estratégias objetivam tornar a cidade mais competitiva

para atrair empresas, com vistas à diversificação da base econômica, antes pautada

prioritariamente na pecuária, agora na indústria, comércio e serviços.

A Prefeitura Municipal apóia a formação de loteamentos destinados aos condomínios

horizontais de luxo, pois estes criam empregos, geram altos valores de IPTU (Imposto Predial e

Territorial Urbano) e divulgam a imagem de boa qualidade de vida, que a gestão municipal

deseja. Entretanto, loteamentos fechados ou condomínios horizontais, segundo Caldeira (2000),

consistem em enclaves fortificados, incrustados no complexo mosaico territorial urbano.

Tais condomínios fechados são espaços de auto-segregação dos moradores mais

ricos, é a materialização do poder e do dinheiro. Nesses enclaves fortificados, a cidade enquanto

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manifestação do urbano, caracterizada pela complexidade social, se revela contraditória, pois

enquanto a maioria é empurrada para a periferia desestruturada e desassistida, alguns vivem em

ilhas de excelências (BHERING, 2002).

De um lado, a segregação forçada e de outro, a auto segregação. É uma opção de se

viver junto aos iguais, indiferentes à periferia dos pobres, onde milhares de famílias se

reproduzem em exíguas moradias, sem escolas, unidades de saúde, e, distantes dos centros

comerciais. Para estes, a cidade de multicentralidade é fábula. Conforme Santos (2002) é a

disseminação de uma liturgia de anticidade.

Nesse contexto, longe é um lugar que existe, diferentemente do que o clássico de

Bach (1990) inspira, as relações sociais revelam que a tessitura desse território se vincula

também, às escalas tempo e espaço.

É necessário a intervenção do Estado, pois este, enquanto agente ordenador do

território precisa acomodar da melhor forma os trabalhadores migrantes, pois pressupõe que

estes, assumem papel vital na economia local, como força de trabalho barata, inclusive. No

entanto, “sem medidas apropriadas para integração social, para a moradia e para a educação,

parece ser difícil manter ou ampliar o papel produtivo dos trabalhadores e evitar confrontos

políticos”, enfatiza, Baltrusis (2007, p.3).

A sociedade urbana industrial é concebida por um processo em que se explodem as

antigas formas urbanas, a concentração da população acompanha a dos meios de produção e o

tecido urbano prolifera. A dinâmica territorial se torna complexa e contraditória e seu conteúdo

social se expressa concretamente na periferia expandida, na proliferação de conjuntos

habitacionais, na formação de suntuosos condomínios fechados, dentre outras possibilidades.

Essa dinâmica territorial da cidade que consiste em um conjunto de transformações

que a sociedade vivencia passará do período em que predominam “as questões de crescimento e

de industrialização, ao período onde a problemática urbana prevalecerá; em que a busca das

soluções e das modalidades próprias da sociedade urbana passará ao primeiro plano”

(LEFEBVRE, 1999, p. 33).

São inúmeras as necessidades e carências enfrentadas pelos grupos sociais

envolvidos na busca por melhores condições de vida e trabalho, sob efeito das contradições

expressas na relação capital e trabalho, que abrange o modo de produção e institui as

contradições no interior dos aparelhos do Estado (BEGA SANTOS, 2008). Ademais, os moradores

ora se territorializam ora se desterritorializam por e a partir das questões relacionadas com o uso e

ocupação do solo, com a apropriação e distribuição da terra urbana e dos equipamentos urbanos coletivos.

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Ora, a dinâmica territorial urbana se efetiva por meio das contradições e das complexidades

dos processos de produção, logo, a cidade é “como palco privilegiado das lutas de classe, pois o motor do

processo é determinado pelo conflito decorrente das contradições inerentes às diferentes necessidades e

pontos de vista de uma sociedade de classes” (CARLOS, 2004, p. 23).

Acidade deve ser entendida como locus de moradia, de cidadania, de qualidade de vida e

onde as relações sociais se materializam. A cidade deveria ser “um modo de viver, pensar, mas também

sentir. O modo de vida urbano produz idéias, comportamentos, valores, conhecimentos, formas de lazer, e

também uma cultura” (Idem, p. 26). Essa prática delineia as multiterritorialidades. Vivenciadas por

alguns, de certo modo, muito menos por outros, enquanto que para muitos outros, essa condição é negada.

Reestruturação e dinâmica territorial da cidade

Na cidade há coexistência de espaços apropriados para diferentes usos e funções,

com diferentes ritmos, diferentes tempos, logo, para entender a cidade, se deve compreender a

relação do espaço e o tempo. Ademais, exerce um papel polarizador, seja no aspecto da natureza

seja do trabalho humano, como: ações e objetos, produtos e produtores, obras e criações, e para

se organizar centraliza todas as criações em micro-espaços (SANTOS, 1988), cujo ordenamento

territorial acaba gerando as relações sociais, e, a partir do avanço e das pressões dos grupos

sociais é que a cidade vai se modelando de modo diferencial.

Os grupos sociais, compreendendo classes e frações de classes, agem um com e/ou

contra os outros, e que a constituição do território são resultados de suas interações e estratégias,

logo, a estrutura e a forma do e no urbano revelam as múltiplas diferenças.

A cidade possui uma forma derivada das relações sociais desde sua formação inicial,

portanto, o urbano possui conteúdos, os quais se constituem nas rugosidades, ou seja, seu

conteúdo material - casas, prédios, praças, viadutos, pontes - acumulado ao longo do tempo e que

revelam concretamente a história, o seu passado, ou seja, há que se entender a relação das

espacialidades e temporalidades dominantes. As configurações territoriais por si mesmas não

dizem muito, estas, são evidenciadas pelo fato de exprimirem concretamente as relações sociais,

ao mesmo tempo, é a condição para que as relações entre os agentes sociais possam acontecer.

Dessa forma, o urbano possui estruturas morfológicas e relações sociais que estão

interligadas, uma exercendo influência sobre a outra; de um lado existe a lógica da forma, e, de

outro, a dialética dos conteúdos. O fenômeno urbano também não pode ser definido como um

objeto ou como um sujeito, o urbano é isso, a forma e o conteúdo (LEFEBVRE, 2004).

A compreensão de que a cidade é um território construído por meio das relações e

práticas sociais e que as relações de interesses modificam os lugares, ajuda a compreender o

processo de fragmentação e a consequente hierarquização dos lugares. Raffestin (1993, p. 143)

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expõe sobre a formação do território: “[...] o território se forma a partir do espaço, é resultado de

uma ação conduzida por um ator sintagmático em qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço,

concreta ou abstratamente (por exemplo, pela representação), o ator territorializa o espaço”.

O território é um espaço organizado, produzido, onde se projetou um trabalho e que

por conseqüência revela relações marcadas pelo poder e interesses dos agentes sociais produtores

do urbano. Nesse sentido, o território é uma categoria de análise, o território usado é o chão mais

a identidade e a identidade é o sentimento de pertencer aquilo que nos pertence.

A fragmentação do espaço produz assim territórios hierarquizados, diferenciados

entre si, de acordo com seu grau de importância na cidade. Santos (2007) analisa dois pólos da

vida contemporânea: o dinheiro, que segundo o autor, tudo desmancha, e, o território que revela

materialidades que não podem ser desmanchadas, conseqüentemente:

Essa disparidade entre os diversos lugares da cidade é visível entre os bairros

luxuosos e as comunidades sem infra-estrutura, na maioria das vezes localizadas nas periferias

geométricas da cidade, é a segregação espacial forçada, pois do outro lado, há a segregação

espacial voluntária, que se consolida com as construção de residenciais luxuosos, dotados de

infra-estrutura, entre outras amenidades. É nessa separação de classes que se definem territórios

e as multiterritorialidades, hierarquiza-se a cidade, através da construção material do espaço das

diversas classes sociais.

A partir da consolidação dos bairros, notadamente, os da classe social de alto status,

surgem novas centralidades, para, além de outros objetivos, atenderem a essa população que

reside afastada da área central. A fragmentação do espaço urbano constitui um processo de

(re)estruturação territorial, cujas áreas de concentração e diversificação de comércio e serviços

denotam a que classe social seus usuários pertencem.

As desigualdades de tratamento por parte da administração municipal também

revelam a ação do poder público na produção da cidade. Assim elucida Rolnik (1988, p. 43):

[...] além dos territórios específicos e separados para cada grupo social, além da separação

das funções morar e trabalhar, a segregação é patente na visibilidade da desigualdade de

tratamento por parte das administrações locais. [...] As imensas periferias sem água, luz ou

esgoto são evidências claras desta política discriminatória por parte do poder público, um

dos fortes elementos produtores da segregação.

É necessário analisar a cidade além da rigidez dos limites físicos e considerar quais

são e de que forma os atores sociais se apropriam e se organizam da e na cidade.

A reestruturação urbana corresponde, segundo Gomes (2006, p. 4), a um processo de

mudança no conjunto de usos e formas urbanas na escala intraurbana das cidades, resultado do

ordenamento territorial, associado à compreensão das novas lógicas locacionais e pelo sistema de

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mercado. A produção do espaço urbano são as construções das casas, prédios, bairros, indústrias

e a reprodução desse mesmo espaço são as relações sociais estabelecidas nas produções.

A partir da década de 1990 Três Lagoas passou por novo processo de

(re)estruturação urbana. Os novos loteamentos se consolidaram na porção sul e sudeste e

redirecionaram o crescimento da cidade para essa direção. A partir de 1997 houve aumento da

demanda por moradia, infra-estrutura e serviços decorrentes do aumento do fluxo de

trabalhadores que chegou atraído pela possibilidade de emprego nas indústrias recém instaladas.

Aranha-Silva; Silva; Leal (2006, p.2) elucidam que:

A expansão do tecido urbano se intensificou com novos loteamentos e edificações e

adensou-se por meio da verticalização; por conseguinte, aumentou o fluxo de pessoas,

mercadorias e de veículos que requereu ampliação da malha viária, infra-estrutura,

equipamentos, serviços públicos e a revitalização de prédios e praças.

Atualmente (2010), Três Lagoas, por apresentar nos últimos 5 anos, elevado

crescimento demográfico e industrial, passa por um momento de transição de uma cidade

pequena para uma cidade média. O tamanho demográfico possui nítidas relações com as

características do espaço intra-urbano, que pode ser observado pela distância entre o centro e a

periferia da cidade. Da mesma forma a organização da cidade torna-se mais complexa, ou seja,

há maior segmentação espacial. A cidade se reestrutura e sua periferia se estende.

A partir do ano de 2009, reorganizou-se política e administrativamente a divisão e

nomenclatura dos bairros. Em alguns casos, aqueles de menor extensão se inseriram nos de

maior tamanho. Com isso, muitos bairros deixaram de existir, pelo menos no nome, mas não

para os seus respectivos moradores. Ressaltando que o vazio da porção oeste ainda é grande e

que a Vila Piloto, a partir de 1990 foi reestruturada em 6 subáreas, compondo atualmente Vila

Piloto I, II, III, IV, V e VI, cujos moradores são trabalhadores das indústrias e do comércio, ou

seja, sua forma e conteúdo social contêm similaridade à Vila Piloto da década de 1960.

Na medida em que ocorre a (re)estruturação territorial urbana há hierarquização

dos bairros, pois no atual processo de homogeneização o espaço é tido como mercadoria,

entretanto quando o espaço equivale a propriedade privada ele sofre o processo de fragmentação,

desse modo o acesso a terra na cidade está submetido ao mercado, onde a propriedade privada do

solo urbano aparece como condição do desenvolvimento do capitalismo.

A hierarquia espacial equivale à hierarquia social. É visível a diferença entre bairros

luxuosos e as comunidades sem infra estrutura. Os bairros habitados por pessoas de menor poder

aquisitivo estão em áreas periféricas ou não das cidades, mas sem infra-estrutura e serviços

públicos básicos, cujas moradias os submetem a dupla segregação, a espacial e da moradia.

Page 12: Edima Aranha Silva

414

Nesse contexto, se inserem bairros do extremo norte e setor oeste como ao sul da

linha férrea, estes, são tidos como “do outro lado da linha”, que invariavelmente são desprovidos

de infra estrutura e serviços urbanos. Essa diferenciação espacial e falta de dotação de serviços

motiva o discurso de que a linha férrea consiste obstáculo, Aranha-Silva (2008, p.3) contrapõe

que “aos políticos e demagogos a linha férrea não os impede de irem à busca de votos de apoio

das centenas de famílias, que os elegeram”. Se os serviços urbanos são insuficientes deve-se ao

descompromisso político e administrativo dos gestores públicos, os quais têm o papel de

administrar a cidade em sua totalidade e não segmentada. Maricato (1996, p.56) elucida que:

A segregação não é somente uma das faces mais importantes da exclusão social, mas parte

ativa e importante dela. À dificuldade de acesso aos serviços de infra-estrutura urbanos

somam-se a menores oportunidades de profissionalização, maior exposição á violência

(marginal ou policial), discriminação racial, discriminação contra mulheres e crianças, difícil

acesso à justiça oficial, difícil acesso ao lazer.

A reprodução das cidades segue a lógica atual do processo de reprodução do capital,

que entra em contradição com a produção da cidade enquanto possibilidade de reprodução da

vida. A tendência são formas arquitetônicas modernas e símbolos que caracterizam o progresso,

contudo, nesse processo de mudanças rápidas, a cidade muitas vezes se torna vulnerável,

metamorfoseada, cujas mudanças destroem os referenciais, os indivíduos perdem sua identidade.

Sobre essa nova urbanização, entende-se que o valor dos objetos supriu o valor dos

homens e que as relações entre as pessoas são determinadas pelas mercadorias. Ao analisar a

dinâmica territorial de Três Lagoas apreendem-se significativas mudanças na sua forma,

estrutura, paisagem e conteúdo social. Há de certo modo, uma segmentação espacial e das

classes sociais, ou seja, intensifica o processo de segregação.

A especulação imobiliária, a precariedade ou falta de infra-estrutura e de serviços

públicos intensificaram os problemas urbanos. Tem-se o entendimento de que com a segregação

as condições de acessibilidade aos serviços e equipamentos urbanos passam a ser diferenciadas,

ou seja, depende da classe social e da capacidade de consumo.

A mudança nas relações entre os grupos sociais em Três Lagoas reflete, tanto sobre a

dinâmica territorial, quanto sobre a forma e a intensidade de segregação, ou seja, no conteúdo

social da cidade. Essa segregação social se materializa no território por meio da segregação

espacial, posto que a territorialidade urbana “se dá em conflitos, a sociedade deseja condições

melhores de vida e o capital a valorização do espaço” (CARLOS, 2004).

Uns sofrem a segregação forçada, são empurrados para a periferia e vão morar em

áreas sem infra-estrutura e serviços básicos, enquanto que outros promovem a auto-segregação.

Porque morar no Centro Principal já não é mais status, pois há uma profusão de lojas, veículos,

Page 13: Edima Aranha Silva

415

ruídos, pessoas e mercadorias tornando o ambiente do Centro Principal inadequado para se

morar. O ideal é morar bem, mas longe do centro, preferencialmente em condomínios fechados.

O Estado, na figura do poder público, exerce o papel de regulamentador da

reprodução capitalista, criando condições propícias para a acumulação capitalista, por meio da

implantação de infraestrutura e do sancionamento de leis regulamentadoras do uso do solo, o que

modifica consideravelmente a territorialização e as territorialidades urbanas.

Com o crescimento populacional e nova dinâmica urbana de Três Lagoas (introdução

de capitais com diferentes e novas lógicas de atuação), houve expansão territorial da cidade,

ampliando a diferenciação social e consentindo a prática da segregação urbana. Kowarick (2000)

alude, que o papel do Estado é fundante na (des) e (re)territorialização urbana, por meio de

volumosos investimentos no tecido urbano, criando novas periferias, que ampliam as manchas

urbanas em núcleos desprovidos de infra-estrutura e de serviços urbanos, nos quais os moradores

de baixa renda obtêm sua moradia, seja pela autoconstrução seja nos conjuntos habitacionais

produzidos pelo próprio Estado (Ver Figura 1).

Figura 1: Vista parcial de conjuntos habitacionais em Três Lagoas

Fotos: C. H. R. da Silva, 2009.

O primeiro momento de ampliação da malha urbana em Três Lagoas deu-se a partir

de 1961, com o aumento populacional advindo da construção da Usina Hidrelétrica Jupiá. No

período de 1961 a 2007 foram criados 65 loteamentos, sendo que destes, 55 (86%) loteamentos

foram destinados para formação de bairros populares, e 10 (16%) deles, para a formação de

bairros residenciais para classe de médio e alto status, como indica o Quadro 1.

Quadro 1: Loteamentos urbanos criados no período de 1961-2007

01 Bairro Colinos*

23 Jardim Glória 45 Parque Res. Osmar Dutra

02 Bairro São Francisco 24 Jardim Guaporé 46 Parq. Res. Quinta da Lagoa*

03 Bairro Alto Boa Vista 25 Jardim Mirassol 47 Parque São Carlos

04 Jardim Alvorada 26 Jardim Morumbi*

48 Vila Alegre

05 Jardim Angélica 27 Jardim Novo Aeroporto 49 Vila Benvindo

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416

06 Jardim Belém 28 Jardim Novo Alvorada 50 Vila das Acácias

07 Jardim Brasília 29 Jardim Paineiras 51 Vila dos Ferroviários

08 Jardim Campina 30 Jardim Paranapungá 52 Vila Frinéia

09 Jardim Campo Novo 31 Jardim Planalto 53 Vila Guanabara

10 Jardim Cangalha 32 Jardim Primavera 54 Vila Guanarabara II

11 Jardim Caçula 33 Jardim Santa Júlia*

55 Vila Haro

12 Jardim Capilé 34 Jardim Santa Morumbi 56 Vila Haro Júnior

13 Jardim Corumbá 35 Jardim Santos Dumont*

57 Vila Oiti

14 Jardim das Oliveiras 36 Jardim Taquaracy 58 Vila Popular

15 Jardim dos Ipês I* 37 Loteato. Nova Três Lagoas*

59 Vila Recanto

16 Jardim dos Ipês II* 38 Loteamento Progresso 60 Vila Santa Ana

17 Jardim dos Ipês III* 39 Loteamento Set Sul 61 Vila Santa Rita

18 Jardim Dourados 40 Nova Ipanema 62 Vila São João

19 Jardim Esmeralda 41 N. Sa

das Graças 63 Vila Viana

20 Jardim Esperança 42 Novo Horizonte 64 Vila Virgínia

21 Jardim Eunice 43 Parque das Mangueiras*

65 Vila Zucão

22 Jardim Europa 44 Parque Paulista

* Loteamentos destinados para formação de bairros para moradores de médio e alto status.

Fonte: Prefeitura Municipal de Três Lagoas, 2009.

A formação desses 65 loteamentos expandiu a malha urbana de Três Lagoas de modo

considerável, mas deixando muitos lotes vazios, as manchas urbanas, que estrategicamente se

constituíram e ainda se constituem áreas de especulação imobiliária.

No período de 1967, - implantação do primeiro conjunto habitacional - a 2009 foram

construídos 29 conjuntos habitacionais, sendo um deles, Angelina Tebet, vertical, com 3

pavimentos; 16 conjuntos foram construídos após o ano de 2000, dos quais, 6 foram concluídos

muito rapidamente no ano de 2008, como mostra o Quadro 2, ano que antecedeu a construção

das fábricas de papel e celulose (VCP, atual FIBRIA e International Papel). Evidencia que esses

investimentos visaram amenizar a tensão gerada pela demanda por moradias. Apenas amenizar,

pois o número de unidades habitacionais é muito pequeno em relação ao déficit habitacional

vigente em Três Lagoas.

Quadro 2: Conjuntos habitacionais populares em Três Lagoas (1967-2010)

ORDEM

DENOMINAÇÃO

ANO

CONSTRUÇÃO

01 Jardim Alvorada 1967

02 Santo André 1981

03 Juscelino Kubitschek 1982

04 Jardim Caçula 1982

05 FICAM 1983

06 Osmar Ferreira Dutra 1983

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417

07 Vila Piloto I 1989

08 Angelina Tebet 1989

09 Vila Piloto II 1991

10 Vila Piloto III 1991

11 COONISUL 1991

12 São Carlos 1994

13 Jardim Flamboyant 1996

14 Vila Piloto IV 2002

15 Vila Piloto V 2004

16 Vila Piloto VI 2005

17 Vila Verde 2006

18 Jardim Azaléia 2006

19 Jardim das Orquídeas 2006

20 Jardim dos Lírios 2007

21 Jardim dos Girassóis 2007

22 Jardim das Hortências 2007

23 Jardim das Orquídeas I 2007

24 Jardim das Orquídeas II 2008

25 Jardim das Violetas 2008

26 Jardim das Violetas I 2008

27 Jardim Imperial 2008

28 Jardim das Margaridas 2008

29 Jardim das Hortências I 2008

Fonte: Prefeitura Municipal de Três Lagoas, 2010.

O Estado – via Prefeitura Municipal, Governo Estadual ou Governo Federal –

visando reduzir o valor dos investimentos a serem destinados nas construções, via de regra,

adquire terrenos acidentados, ou então muito periféricos, nas margens de rodovias e sem

nenhuma infra-estrutura, equipamentos urbanos e serviços públicos necessários. Essa estratégia

novamente favorece os proprietários dos terrenos que permanecem vazios entre os bairros já bem

povoados e os novos conjuntos habitacionais, com a valorização de suas terras.

Para a construção dos conjuntos habitacionais em Três Lagoas, priorizaram-se os

setores norte, leste e sul da cidade, pois 6 conjuntos foram construídos no setor norte – Santo

André, Juscelino Kubitscheck, FICAM, COOSUL, Angelina Tebet e Jardim Imperial; 7 situam-

se a leste da cidade – Jardim Alvorada, e as Vila Piloto I, II, III, IV, V e VI; e os demais, num

total de 16 conjuntos residenciais populares, notadamente os construídos após o ano de 2005,

estão situados no setor sul. São os conjuntos habitacionais populares mais segregados

espacialmente na cidade, como demonstra a Figura 2.

Para Souza (1996, p.54) “Os condomínios exclusivos são o símbolo máximo do que

se pode designar como auto segregação”, dito de outro modo, é a auto-exclusão, por vontade

própria, o desejo de conviver com apenas os seus semelhantes. Posto que “A cidade é

heterogênea, abriga pessoas diferentes, havendo assim muitos contrastes” (CARLOS, 1997).

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418

A segregação é materializada pela segmentação do espaço e das classes sociais, que

determina o modo de viver das pessoas e define onde e como morar nas cidades. Essa

segregação, por meio da realidade em que cada indivíduo se territorializa, expressa tanto os

elementos físicos e materiais da cidade como a forma, a estrutura e a paisagem, como também a

imaterialidade subjetiva, o conteúdo social como as opiniões, sentimentos, vontades, desejos e

consumo diferentes, que mesmo morando tão próximos são distantes e que muitas vezes gera

conflitos, que segundo Carlos (2004) “a problemática urbana não se reduz à cidade, mas refere-

se ao homem, à sua vida, às suas lutas, ao seu mundo, e abre perspectivas para se pensar em

transformações”.

Figura 1: Espacialização dos conjuntos habitacionais construídos mais recentes em Três Lagoas

Org.: C. H. R. da Silva, 2009.

A auto-segregação produz espaços luminosos como explica Santos (1994), que são

dotados de infra-estrutura, equipamentos e serviços privados, de uso exclusivo. A apropriação

dos lugares públicos como forma de valor de uma propriedade privada, separa os moradores da

convivência de outras pessoas, com cercas e muros, criando uma artificialidade no cotidiano das

pessoas, como assevera Carlos (1997, p. 82):

Assim fica evidente, na paisagem, na diferenciação dos bairros, nos gestos, nos olhos, no

silêncio, na expressão e nos traços do rosto das pessoas a contradição entre a produção

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419

coletiva do espaço e sua apropriação privada, fundada na contradição capital-trabalho. Uma

(re)produção espacial que se dá em função dos interesses, necessidades e objetivos de uma

parcela da sociedade que personifica o capital e não a sociedade como um todo.

A partir da década 1990 o rápido crescimento territorial da cidade se vislumbra pelo

adensamento de suas construções, pelo processo de crescimento horizontal, mas também, pelo

crescimento vertical permitindo a ocorrência de vazios urbanos no interior da cidade.

Tais mudanças resultam da interferência direta do poder público, que é o ente

responsável pelo sancionamento e cumprimento das leis que constituem o Plano Diretor

Municipal. Essa atuação confere ao poder público o papel de um importante agente modelador

do território e atua sob os interesses dos demais agentes, como proprietários fundiários,

imobiliárias, incorporadoras e construtoras. Para Rodrigues (1989), quando se objetiva implantar

loteamentos fora do perímetro urbano, o poder público aprova mudanças no âmbito legislativo,

independente das necessidades sociais. Formando grandes extensões de áreas vazias decorrentes

da ampliação do perímetro urbano.

Os profissionais especializados que chegaram em Três Lagoas para trabalhar nas diversas

indústrias recém instaladas, principalmente na Votorantim Celulose e Papel – atual FÍBRIA – e

na Internacional Papel, oriundos de grandes cidades trouxeram consigo novos hábitos, como o de

morar em condomínios fechados verticais ou horizontais. Com isso, passou a haver nova

demanda no setor imobiliário, qual seja, residências em condomínios fechados, que até então não

havia. É a evidência de que há estruturação de uma nova classe social, que busca na cidade a

realização das suas necessidades e desejos. Essa demanda por espaços diferenciados para morar

aqueceu o mercado imobiliário três-lagoense, seja pela pouca oferta de imóveis para vender ou

alugar, seja pela possibilidade de produzir novos espaços para se morar, até então inexistentes no

ano de 2007.

No início de 2008, quatro proprietários fundiários e agentes imobiliários locais

associados a empreendedores do setor imobiliário – Campo Grande/MS, Londrina e Curitiba/PR

– lotearam terras, outrora rural, e incorporaram ao setor urbano, com aval do poder público

municipal e iniciaram a construção de três condomínios fechados, que são: Alto dos Ipês e Portal

das Águas Residence, no setor leste da cidade em direção ao rio Paraná e o Condomínio Village

do Lago Resort & Residence ao norte da cidade, próximo ao Balneário Municipal no rio Sucuriú.

No início de 2010 já contavam com infra estrutura – pavimentação das ruas de acesso e internas,

iluminação pública, água potável – serviço de paisagismo, cercados por muros altos, instalação

de cerca elétrica, com seguranças nos portões de entrada.

Page 18: Edima Aranha Silva

420

A especulação imobiliária se fundamenta pelo fato de que a moradia e a terra são

elementos essenciais para reprodução da vida, além de ser símbolo de ascensão social,

configurando-se, portanto, em um valor de troca. A dinâmica da produção e do uso do solo

urbano, de acordo com a valorização ou não de uma área, promove a auto-segregação espacial,

ou seja, os moradores com alto poder aquisitivo se deslocam do centro da cidade para setores

privilegiados bastante afastados, formando os bairros nobres e os condomínios fechados.

Os condomínios são espaços onde as construções se tornam sinônimos de status.

Desta forma, tornando-se símbolos materiais de uma nova forma urbana, fazendo com que “os

signos da natureza e da cidade se convertem em signos de satisfação e alegria (individual), onde

as necessidades individuais são motivadas pelo consumo” (HENRIQUE 2004, p.189).

Outro aspecto a considerar nessa expansão acelerada da malha urbana é o intensivo

processo de fragmentação, pois além de aumentar as distâncias geométricas dentro da cidade,

contribui para o fortalecimento das barreiras. E essas barreiras podem ser entendidas como

dificuldades na e para a realização das articulações entre os diferentes setores da cidade, sendo

um limite de diferenciação, que dificulta a mobilidade das pessoas e, por conseguinte, a

realização de suas atividades e de seus hábitos de consumo cotidianamente.

Desse modo, apreendeu-se que devido ao crescimento populacional há um adensamento

das áreas já loteadas, entretanto, a demanda por moradias motiva os empreendedores

imobiliários e o Estado a criarem novos loteamentos em áreas distantes do centro principal,

ampliando ainda mais as diferenças da forma, estrutura e conteúdo social da cidade e

fortalecendo as barreiras que delimitam os enclaves (SILVA, 2002).

Enfim, a produção de moradia promove a expansão da periferia da cidade, por

conseguinte, nessa dinâmica territorial se delineiam novas territorialidade urbanas.

Conclusão

Por fim, para não concluir, evidenciou-se que a primeira expansão da malha urbana de

Três Lagoas ocorreu entre 1960-1970, com a construção da Usina Hidrelétrica Jupiá.

Permanecendo em condição letárgica na década de 1980, assim como em todo o país foi

decorrente do contexto político e econômico vigente.

O segundo momento de grande dinamismo territorial foi a partir de 1990 e permanece até

hoje (2010), com fortes indícios de que o ritmo de crescimento e de expansão do tecido urbano

continuará, por conseguinte, a cidade vivencia intensa mudança estrutural e de conteúdo social,

que se materializam na formação de novos e diferenciados bairros residenciais, como os

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421

conjuntos habitacionais populares e os condomínios fechados horizontais. A cidade se apresenta

diferenciada, que por sua vez, segrega e exclui grande parcela dos moradores.

Esse recente processo de (re)estruturação, decorrente da implantação de indústrias

desconcentradas do estado de São Paulo, dá visibilidade à cidade em escala nacional, pela oferta

de incentivos fiscais e de benefícios que. Por outro lado, tem acirrado o embate entre as classes

sociais que requerem mais moradias, serviços públicos e produtos diversos. Além de distúrbios e

congestionamento no trânsito, do desencadeamento de violência e de crimes qualificados sem

precedentes na cidade.

Enfim, a nova dinâmica territorial de Três Lagoas se evidencia pela expansão do tecido

urbano, pela segmentação do espaço, pela inserção de novos usos e costumes, pela valorização e

especulação imobiliária, pela possibilidade de reprodução do capital de certos agentes sociais,

mas que a diferenciação espacial gera a segregação e a exclusão de muitos.

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