edilson mateus costa da silva

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  • Msica Popular do Norte: Marcus Pereira e sua misso folclrico-musical na

    Amaznia (anos 1970).

    EDILSON MATEUS COSTA DA SILVA1

    Resumo:

    Este artigo busca analisar os discursos folcloristas acerca da regio Norte na dcada de

    1970. Neste sentido, o documento em questo a coleo msica popular do Norte (em

    4 volumes), realizada atravs de coleta da gravadora Marcus Pereira, que tinha como

    objetivo recolher as manifestaes musicais folclricas da Amaznia. Atravs do estudo

    destes registros poderemos compreender os conceitos de folclrico e popular

    desenvolvidos por intelectuais, crticos e pela indstria fonogrfica do perodo, que

    convergem para os valores expressos nos discos. Ao mesmo tempo, iremos abordar a

    mediao cultural desenvolvida por intelectuais folcloristas do modernismo desde a

    dcada de 1920, que por meio da produo musical popularizaram os conceitos de cultura

    por eles desenvolvidos e popularizados por registros como os da gravadora em questo.

    Palavras-chave: Amaznia; folclore; msica; modernismo.

    1 Doutorando Em Histria Social da Amaznia. Universidade Federal do Par. Programa de Ps-Graduao

    em Histria Social da Amaznia (PPHIST/UFPA). Professor da Faculdade Integrada Brasil-Amaznia

    (FIBRA).

  • 2

    Introduo

    Marcus Pereira fundou uma agncia de publicidade na dcada de 1960. A partir

    desta passou a idealizar produes de discos como brindes promocionais aos clientes. A

    partir desta ideia, em 1973 surge um projeto mais audacioso de criar uma gravadora

    independente que buscasse produzir discos que revelassem a msica verdadeiramente

    popular. Os primeiros lanados a nvel comercial foram discos antes gravados como

    objetivos de cortesia, mas que agora alcanavam o mercado fonogrfico. Somente em

    1974 que a gravadora Discos Marcus Pereira passou a produzir discos voltados

    exclusivamente para a Indstria Fonogrfica2.

    O publicitrio e advogado Marcus Pereira estabeleceu a partir da fundao de sua

    gravadora homnima um projeto audacioso voltado para recolha de manifestaes

    musicais existentes nas diferentes regies brasileiras, em um projeto intitulado mapa

    musical do Brasil. Entre as regies que receberiam as misses de coletas estaria o

    Norte. Neste sentido ocorreram incurses etnogrficas no Par (ARAGO, 2011).

    Modernismo e o Folclore

    interessante pensar que a forma pela qual as pesquisas folcloristas foram

    incorporadas produo fonogrfica tem a ver com mediadores culturais que realizaram

    esta transio dos ideais de uma essncia musical expressiva dos valores pretensamente

    legtimos de uma cultura. A histria da msica brasileira foi elaborada com a presena

    destes intelectuais, no caso dos estudos a respeito das sonoridades amaznicas podemos

    dizer que os pioneiros foram Mrio de Andrade, Renato Almeida e Oneyda Alvarenga.

    Posteriormente, esto Bruno de Menezes, Vicente Salles, Jos Ramos Tinhoro, entre

    outros. Estes autores so responsveis por pensar e estabelecer a partir de um lugar

    histrico-folclrico balizas para o discurso da msica brasileira produzida na regio

    amaznica. Estes autores em associao a outros artistas, como Waldemar Henrique,

    foram responsveis por catalogar a arte musical em sua essncia e a difundir pelos mais

    2 ARAGO, Helena. Marcus Pereira: o guardio da msica nacional e regional. O Globo, Rio de

    Janeiro, 20 dez. 2014. Disponvel em: http://oglobo.globo.com/cultura/livros/marcus-pereira-guardiao-

    da-musica-popular-regional-14879049#ixzz3dSKPhIFx

    http://oglobo.globo.com/cultura/livros/marcus-pereira-guardiao-da-musica-popular-regional-14879049#ixzz3dSKPhIFxhttp://oglobo.globo.com/cultura/livros/marcus-pereira-guardiao-da-musica-popular-regional-14879049#ixzz3dSKPhIFx

  • 3

    diversos canais. Entre os principais veculos de divulgao deste discurso estavam a

    imprensa jornalstica, importante espao para os autores popularizarem suas perspectivas;

    o rdio, com programas musicais contendo a presena de artistas que incorporavam temas

    folclricos nas suas composies; publicao de obras de mbito acadmico ou no;

    produo de discos.

    Neste sentido, iremos analisar a partir das coletas folclricas empreendidas pela

    gravadora Marcus Pereira na Amaznia, como estes ideais de popular convergem nos

    discos produzidos, assim como a viso dos folcloristas e da crtica musical. Tambm

    iremos demonstrar que esta coleo expressa valores acerca do folclorismo-modernista

    desenvolvido a partir dos anos 1920. Neste sentido, a gravadora em questo organizou

    um repertrio musical que popularizou, via indstria fonogrfica, os ideais de popular

    e folclrico acerca da regio amaznica.

    Os primeiros registros acerca da msica no Par foram realizados pelos cronistas

    que estiveram na Amaznia desde o perodo colonial. No geral, textos de Felipe

    Bettendorf e Padre Joo Daniel fizeram relatos da presena dos elementos no-

    portugueses em suas performances musicais, embora tenham se concentrado na maneira

    como a msica erudita e a sacra foram incorporadas ao projeto missionrio colonizador.

    A msica possuiu neste contexto um papel pedaggico e de controle importante que

    suprimia as manifestaes musicais locais (SALLES, 1980: 34).

    Os primeiros relatos do tipo folclorista musical, no sentido de coleta dos costumes

    e significados das culturas, foram realizados no sculo XVIII por Alexandre Rodrigues

    Ferreira nas suas Viagens filosficas (1971), nas quais realizou amostras de instrumentos

    musicais utilizados por indgenas e negros na regio Amaznica durante o perodo. Os

    naturalistas do sculo XIX foram mais especficos nas definies dos costumes e das

    manifestaes musicais praticadas na regio, entre eles Spix e Martius (1981), Wallace

    (1939) e Bates (1944). Estes autores so importantes referncias, sejam como fontes para

    compreenso das prticas musicais nestes perodos, como o tipo de registro etnogrfico.

    Edward P. Thompson utiliza essas evidencias etnogrficas nas suas obras,

    estabelecendo dilogos com estudos de folcloristas, realiza uma abordagem que as

    compreende como documentao: cata de fontes sobre os costumes e suas

    significaes, acabei me voltando para as compilaes dos folcloristas (THOMPSON,

    2012: 230). Por outro lado, ele considera a abordagem altamente insatisfatria, j que

  • 4

    as perguntas dos folcloristas raramente procuravam saber da sua funo ou uso

    recorrente ((THOMPSON, 2012: 231). Na sua perspectiva, a abordagem do objeto pelos

    folcloristas, se configurou como influncia importante para os estudos etnogrficos no

    sculo XX. Podemos afirmar que, no nosso caso, esta abordagem folclorista ainda tem

    um enorme peso sobre os estudos da histria da msica popular em perspectiva

    acadmica.

    As reflexes de Thompson a respeito do folclore ajudam a pensar na possibilidade

    de incluso dos folcloristas como fontes para os costumes e suas significaes a respeito

    da msica amaznica. Neste sentido, nos interessa estudar as recolhas realizada por estes

    estudiosos e compreender a escrita da histria na seara destas influncias. Estes usos da

    escrita folclrica, na abordagem de Edward Thompson, possibilitam a incluso de outros

    autores, entre eles os naturalistas, como fontes para nossos estudos. Esta perspectiva est

    muito presente nas obras dos folcloristas que analisaram a histria da msica paraense,

    em especial Vicente Salles, que tomaram estes autores como fontes para compreender

    como se configuravam as expresses artsticas do sculo XVII ao XIX e esta perspectiva

    se configurou em uma tradio para os estudos posteriores que buscaram abordar a msica

    amaznica (SALLES, 1970; 1980).

    A produo de discos da Gravadora Marcus Pereira esteve intimamente ligada aos

    valores relativos etnografia folclrica, retoma os valores desenvolvidos inicialmente por

    Mrio de Andrade na dcada de 1920, assim como estabelece a perspectiva de misso

    pensada pelo mesmo a respeito da Amaznia.

    A partir dos folcloristas do modernismo, a arte musical passou a ser um canal de

    percepo da essncia da cultura do povo capaz de representar a nao atravs destes

    valores. Podemos dizer que Heitor Villa-Lobos tem sido considerado pelos intelectuais e

    pela crtica como o primeiro compositor modernista, apresentando sua concepo de arte

    musical na semana de 1922. O maestro influenciou sua gerao e colaborou no debate

    com os folcloristas, sendo considerado por intelectuais como Mrio de Andrade um artista

    que conseguia estabelecer a verdadeira arte musical da nao. H que se definir que

    ambos compreendiam que somente a esttica erudita era capaz de representar a

    nacionalidade e as temticas folclricas deveriam somente servir de inspirao na sua

    origem o folclore ainda era pensado como prtica primitiva presente na expresso

    popular in locus (CONTIER, 2004).

  • 5

    Mrio de Andrade e Heitor Villa-Lobos possuam uma concepo paternalista-

    folclorista. Para estes o folclrico, alm de captar a essncia do nacional-popular, era

    tomado como mecanismo capaz de intervir nos aspectos educacionais, chegando a se

    tornar poltica pblica durante a Era Vargas (TATIT, 2004). Neste mbito os decretos

    de Lei n. 19.890/31 e o 9.494/46 estabeleciam a obrigatoriedade do ensino da msica na

    educao escolar de 1 grau e o canto orfenico como modelo de prtica musical que

    devia desenvolver, entre outras coisas, o conhecimento do nacionalismo presente nas

    temticas de origem folclrica. Esta legislao foi bastante influenciada por Villa-Lobos

    e por esta razo o canto orfenico era material para conscincia civil e patritica, devendo

    incluir em seu repertrio canes voltadas para esta perspectiva (VILLA-LOBOS, 2010).

    Ao mesmo tempo ocorriam ensaios acerca da histria da arte nacional, incluindo

    a msica. Os folcloristas modernistas foram os primeiros a desenvolver uma histria da

    msica de carter nacional, pensando as diferentes manifestaes regionais como

    permeados por um mesmo sentido e uma mesma essncia capaz de revelar aspectos

    internalizados no povo brasileiro (CONTIER, 1991). De maneira geral, a historiografia

    acadmica no se preocupou com os estudos sobre a msica no Brasil at a dcada de

    1980, quando as ps-graduaes em Histria passaram a desenvolver nas dependncias

    de seus programas estudos sobre o tema. Anteriormente, a historiografia era tangencial

    ao tema, ou seja, realizada por outros domnios acadmicos ou por intelectuais autnomos

    como os folcloristas e/ou jornalistas (BAIA, 2010). Os folcloristas possuram no sculo

    XX um carter hbrido que os enquadrava em uma posio paradoxal sobre a produo

    acadmica, j que o Folclore esteve presente nos estudos relativos s cincias humanas e

    sociais, porm seus representantes advogavam uma autonomia que decretasse o Folclore

    como uma cincia especfica (CARNEIRO, 2008). De qualquer forma, os primeiros

    ensaios sobre a escrita da histria da msica brasileira foram realizados de dentro do

    movimento modernista, portanto prendiam-se, consciente ou inconscientemente, s

    novas concepes sobre: a) brasilidade; b) identidade nacional e cultural; e a respeito do

    folclore e da sua importncia na nacionalizao da arte musical era o de smbolo da

    fala do povo a ser pesquisado e aproveitado pelo compositor erudito em suas obras

    (CONTIER, 1991: 153).

    Esta historiografia modernista da msica brasileira buscava uma

    independncia musical do Brasil frente aos estrangeirismos europeus que marcavam a

  • 6

    arte e a cultura brasileira. De maneira mais ampla, o modernismo realizava uma crtica

    aos valores da Belle-poque no pas, percebendo-a como uma decadncia e uma perda

    dos valores do povo brasileiro. Neste sentido a histria erigida traava uma viso

    evolucionista e teleolgica, na qual buscavam valorizar os grandes compositores do

    passado e do presente, definindo um sentido histrico de liberdade esttica dos

    artistas brasileiros (CONTIER, 1991: 153).

    Em especial, A primeira referncia histria da msica popular brasileira que

    incluiu um gnero amaznico como manifestao folclrica foi a obra Histria da Msica

    Brasileira (1926) de Renato Almeida, porm o autor realizou breves consideraes a

    respeito somente do carimb, tratando o fenmeno como uma das ramificaes do

    batuque afro-brasileiro. Segundo ele o gnero uma espcie de samba de roda com

    violas e instrumentos de percusso, registrada na ilha de Maraj (ALMEIDA, 1926:

    161).

    Este conceito de batuque foi incorporado a todos os gneros que revelavam

    alguma reminiscncia das heranas africanas e tambm era utilizado no sentido de

    unificao das manifestaes musicais regionais, buscando identificar em diferentes

    localidades a mesma essncia africana, evidncia de unidade nacional. Renato

    Almeida, e sua gerao modernista, passou a buscar estudos que investigassem a essncia

    desta msica brasileira in locus revelando uma pretensa legitimidade do povo brasileiro

    configurado em sons. A msica foi tomada como reflexo das mais diversas falas

    populares antropofagicamente internalizadas no povo brasileiro, visto como a sntese de

    todas as etnias e nacionalidades (CONTIER, 1991: 154).

    Mrio de Andrade passou a se interessar pela musicalidade amaznica a partir da

    sua vinda regio em 1927.3 Estando em Belm despertou para as idiossincrasias do lugar

    que o fizeram anos depois dirigir uma misso folclrica nos anos 1930 que viesse coletar

    elementos do folclore musical do Brasil, incluindo no trajeto a Amaznia. Esta misso

    recolheu fragmentos de diversos gneros paraenses, com destaque para o Boi-bumb e a

    pajelana, estes foram gravados e publicados posteriormente.4 Interessante notar que o

    3 A respeito da vinda de Mrio de Andrade neste ano ver ANDRADE, Mrio de. Turista Aprendiz. So

    Paulo: Secretaria de Cultura, Cincia e Tecnologia, 1976. 4 Os registros da Misso de pesquisas folclricas dirigida por Mrio de Andrade, foram realizados em

    1938, mas foram publicadas recentemente. Ver ANDRADE, Mrio de (org.). Misso de Pesquisas

    folclricas, v. 6. So Paulo: SESC/SP, 2009.

  • 7

    carimb no foi catalogado oficialmente pela misso, embora na audio seja possvel

    identifica-lo com o rtulo de boi-bumb, isto revela uma certa impreciso a respeito

    dos estudos iniciais destes gneros paraenses. Esta pesquisa, em sua concluso e

    associada s posteriores do autor, deu origem a obra Msica de Feitiaria no Brasil

    (1938), nesta obra Mrio de Andrade fez importantes consideraes ao gnero da

    pajelana que segundo ele tem origem afro-indgena, e a partir das coletas sobre o

    fenmeno ensaia uma hiptese que generaliza esta origem toda cultura brasileira. A

    respeito do Par, realizou reflexes sobre o Boi-bumb na regio presente na obra Danas

    Dramticas no Brasil (1938). Oneyda Alvarenga deu continuidade s questes propostas

    por seu mestre Mrio de Andrade. Na obra Msica Popular Brasileira (1950) a autora

    verificou no contexto de sua pesquisa uma escassez de informaes a respeito do tema,

    segundo ela:

    A respeito do Par, Mrio de Andrade realizou reflexes sobre o Boi-bumb na

    regio presente na obra Danas Dramticas no Brasil (1938). Oneyda Alvarenga deu

    continuidade s questes propostas por seu mestre Mrio de Andrade. Na obra Msica

    Popular Brasileira (1950) a autora verificou no contexto de sua pesquisa uma escassez

    de informaes a respeito do tema, segundo ela:

    Sobre o carimb s tenho duas notcias. A primeira uma referncia rpida de

    Renato Almeida (...). A Discoteca Pblica Municipal de So Paulo filmou em

    So Luis do Maranho um Carimb completamente distinto deste e que sugere

    logo a ideia de que devia ser como ele o primitivo Lundu, antes de e requintar

    ao contato da sociedade burguesa. Pelo filme e pelas informaes que o

    reforam, o carimb uma dana solista, com a circunstncia singular de que

    no tem canto. Acompanha-a exclusivamente um urucungo, a que do nome de

    marimba (...) (ALVARENGA, 1950: 170).

    A partir do trecho podemos constatar que: a) O gnero ainda era desconhecido dos

    estudos dos folcloristas; b) Ainda no era identificado como de origem especificamente

    do Par; e c) Era pensado pela herana do batuque, que entre suas manifestaes estava

    o lundu, apontado como gnero que deu origem ao carimb, a partir do contato da

    sociedade burguesa que o modificou. Ainda realiza a unificao cultural, incluindo na

    mesma manifestao Par e Maranho.

    Esta noo do carimb, suas primeiras notcias, tambm apareceram neste

    perodo na pesquisa de outros autores como Pedro Tupinamb (1969). Para estes autores,

    o gnero era verificado como uma dana presente nas expresses do lundu

  • 8

    modernizado e como parte do conjunto do boi-bumb, uma dana dramtica. Pedro

    Tupinamb estabelece a mesma perspectiva de unificao da cano no gnero batuque,

    que o mesmo aproxima das manifestaes das religies afro-brasileiras. Cita uma

    abordagem etnogrfica realizada no terreiro do Pai-de-santo Raimundo Silva em 2 de

    novembro de 1960, relatando as canes entoadas nos rituais sob a nomenclatura de

    batuques, que so definidos pelo uso do atabaque neste caso independente da

    celebrao ou festa em que estiver presente. Em outra crnica intitulada Carimb,

    tambm a partir de interveno etnogrfica palhoa de seu Elzo em Salinpolis.

    Segundo Tupinamb:

    O carimb danado na quadra natalina, em Salinpolis, Marapanim, Marud,

    Curu, Bragana, Salvaterra, etc. e seu nome se origina de carimb, tambor

    comprido de procedncia africana, que os tocadores percutem com ambas as

    mos, horas e horas seguidas, com alguns minutos de intervalo. Acompanha o

    carimb o xeco-xeco, instrumento tambm usado nos batuques e viola

    (TUPINAMB, 1969: 34).

    Outro elemento interessante nesse relato etnogrfico de Pedro Tupinamb foi a

    sua preocupao em delimitar os aspectos tnicos: observamos que 70% dos danarinos

    eram caboclos e o restante negros (TUPINAMB, 1969: 35).

    O boi-bumb, orientado pelas influncias dos estudos a respeito das danas

    dramticas, passou tambm a ser o principal foco das preocupaes dos estudiosos do

    folclore paraense. Sendo, portanto, para estes a toada de boi o gnero musical mais

    estudado da regio. Entre os principais destacamos Bruno de Menezes que publicou o

    estudo Boi-bumb (1951), que juntamente com a obra de Bordallo Filho citada

    anteriormente, foram encaminhadas e apresentadas no 1 Congresso Brasileiro de

    Folclore, sendo definido pela organizao do evento como contribuio do Par. Neste

    evento no havia, portanto, referncias a outra manifestao folclrica musical que no

    fossem o boi-bumb.

    A perspectiva do Folclore como cincia foi estabelecida a partir deste 1

    Congresso Brasileiro de Folclore em 1951. O documento oficial que definiu as suas

    prerrogativas cientficas foi a Carta de Folclore Brasileiro. Entre elas havia: 1) a ideia de

    que o Folclore um ramo das cincias antropolgicas e culturais, sendo ocupado dos

    aspectos material e espiritual; 2) Constituem o fato folclrico os modos de pensar,

    sentir e agir de um povo, preservadas pela ao popular e pela imitao, desta forma

  • 9

    estabelece uma diferenciao entre os fatos histricos, sociais, antropolgicos e

    folclricos, que pretensamente definiam cincias diferentes. Alm disso no poderiam ser

    influenciados diretamente por instituies cientficas e eruditas, portanto, o Folclore

    deve ser espontneo; 3) Folclore como fato de aceitao coletiva, annimo ou no, e

    essencialmente popular e 4) Em face da natureza cultural das pesquisas folclricas (...)

    aconselha-se, de preferncia, o emprego dos mtodos histricos e culturais.

    interessante notar que estas perspectivas, embora tenham sido elaboradas nas dcadas de

    1950, continuaram sendo tomadas pelos folcloristas como plano de trabalho, com alguns

    elementos a menos ou a mais dependendo dos pressupostos de cada autor (BRANDO,

    1984: 31).

    Rossini Tavares de Lima definiu em 1978 o que chamou de Princpios gerais da

    Cincia do Folclore, que ainda continha em essncia os posicionamentos desenvolvidos

    no 1 Congresso Brasileiro de Folclore, trazendo como preocupao central a Teoria de

    Cultura Espontnea que consiste no estudo acerca da cultura e sua interao com as

    instncias erudita e popularesca. Esta perspectiva compreende que todo homem de

    sociedade letrada tem uma expresso de cultura espontnea, ou seja, o Folclore pertence

    a todos os grupos sociais existentes e imprime uma marca no indivduo pertencente

    comunidade (LIMA, 2003: 3).

    Outro ponto central na reconfigurao da cincia folclrica nas dcadas seguintes

    ao 1 Congresso Brasileiro de Folclore diz respeito ideia da Dinmica do Folclore,

    elaborada por dison Carneiro em 1950 (CARNEIRO, 2008), que define uma dinmica

    autnoma e construda histrica pelas coletividades de uma dada comunidade e sofrendo

    descaracterizao em consequncia da ao estranha ao campo do folclore, porm a

    cultura folclrica se relaciona com a cultura erudita e com a cultura de massas, incluindo

    a popularesca, unicamente atravs do seu prprio critrio de aceitao coletiva

    espontnea. Portanto, h na perspectiva da dinmica do folclore um dilogo da cultura

    folclrica com outros mbitos, mas desde que no ocorra de forma impositiva pelo

    elemento externo. Quando h uma descaracterizao a cultura folclrica se torna

    cultura popularesca. A divulgao e a pesquisa cientfica devem possuir um papel

    somente de interao, respeitando os padres e a dinmica da manifestao do folclore

    (LIMA, 2003: 4).

  • 10

    interessante notar que este contexto de busca pela legitimao cientfica do

    Folclore recebeu crticas de importantes intelectuais acadmicos, entre eles estavam

    Florestan Fernandes. O autor descaracteriza a possibilidade da autonomia da disciplina

    no mbito acadmico, por outro lado, verifica no Folclore um importante campo para os

    estudos das Cincias Sociais, mais especificamente deve ser um ramo da Etnografia

    esta sim vista por ele como uma cincia estabelecida. Este posicionamento trouxe crticas

    severas derivadas dos folcloristas, em especial de dison Carneiro (FERNANDES,

    2003).

    dison Carneiro veio Amaznia na dcada de 1950, em misso exploratria

    com o objetivo de realizar um levantamento mais amplo da realidade amaznica, seja nos

    aspectos econmicos, sociais, culturais, etc. Fato relevante o de que esta expedio foi

    dirigida pelo intelectual paraense Jos Verssimo e dison Carneiro passou a visualizar

    nele sua referncia para pensar a Amaznia (CARNEIRO, 1956).

    De forma semelhante a Bordallo Filho, Bruno de Menezes e Pedro Tupinamb,

    verificou inicialmente como manifestao folclrica musical exclusivamente o boi-

    bumb. Interessante notar que o mesmo compreende esta dana dramtica como uma

    forma de resistncia do homem amaznico que frente s mudanas da paisagem e das

    relaes sociais na regio, o boi-bumb uma forma de preservar sua tradio e, portanto,

    no se sujeitar ao opressor burgus. Esta associao entre folclore e luta de classes foi

    bastante comum ao pensamento dos folcloristas brasileiros (CARNEIRO, 1956). Esta

    aproximao dos folcloristas com os ideais de revoluo social, pela conservao das

    tradies e sua influncia do marxismo, foi amplamente expressa pela instaurao da

    Ditadura Civil-militar que via estes intelectuais como subversivos (SALLES, 1990).

    Interessante notar que esta perspectiva modernista no deixou de ser presente nos

    debates acerca do Folclore na segunda metade do sculo XX. Um exemplo marcante

    dessa continuidade da perspectiva dos anos 1920 foi a trajetria do compositor paraense

    Waldemar Henrique, que foi tomado nos anos 1970 como modelo de cano popular

    amaznica pelos folcloristas. H uma ntida relao do maestro com o modernismo

    musical e neste contexto estas perspectivas convergiram e destacaram-lhe pela sntese

    esttica que realizava em concordncia com estes discursos. Este aspecto da obra do

    maestro foi forjado na seara da influncia do principal compositor modernista, alm de

    percursor destes ideais musicais, Heitor Villa-Lobos. Estes mantiveram contatos e

  • 11

    socializaram suas concepes musicais no perodo em que Waldemar Henrique mudou-

    se para o Rio de Janeiro. Villa-Lobos via de forma positiva as composies do maestro,

    em um encontro especfico com Waldemar Henrique afirmou que ele seria um artista que

    honra o Brasil (PEREIRA, 1984: 51).

    O maestro Waldemar passou a ser includo no hall dos compositores nacionalistas,

    sendo apreciado pelo grande nome da msica neste perodo e que tinha ligaes com as

    polticas de educao e promoo musical da primeira metade do sculo XX.

    interessante notar que h notcia de estudantes no Rio de Janeiro que testemunharam nos

    anos 1940 a presena de repertrio do compositor Waldemar Henrique na composio

    pedaggica-musical.

    Esta perspectiva folclorista-modernista est presente em Waldemar Henrique pela

    incorporao da potica amaznica, com suas lendas, rituais e costumes associados

    esttica erudita. A sua perspectiva composicional esteve to alinhada a esta compreenso

    esttica que recebeu constantes elogios dos folcloristas brasileiros e paraenses (SILVA,

    2010). No disco Waldemar Henrique (1976)5 h depoimentos de uma srie destes no

    encarte do LP, entre eles h a presena de ilustres folcloristas como Renato Almeida.

    Msica Popular do Norte

    O pesquisador Jos Ramos Tinhoro, quando lanado em 1976 a coleo Msica

    Popular do Norte6, teceu os comentrios:

    (...) Jos Ramos Tinhoro, no Jornal do Brasil, escolhendo as melhores

    gravaes, ressalta M. P. do Norte dizendo inclusive, que os discos que

    integram esse lbum se constituem o que de mais inesperado e mais

    surpreendente dado a algum ouvir, mesmo levando em conta uma razovel

    informao sobre o que existe no Brasil em matria de sons produzidos pelo

    povo. Para quem no sabe: neste lbum esto inmeras composies de

    Waldemar Henrique, ainda a glria musical do Par na atualidade.7

    Este disco aponta a presena do folclorismo-modernista na dcada de 1970. O

    destaque deste disco foi atribudo ao maestro Waldemar Henrique, que segundo o

    5 HERIQUE, Waldemar; Maria Helena Coelho Cardoso. Canes de Waldemar Henrique. Belm: Secult,

    1976. LP. 6 PEREIRA, Marcus (org.). Msica Popular do Norte. So Paulo: Gravadora Marcus Pereira, 1976. (4

    vols.) 7 Par entre os melhores da msica. A Provncia do Par, Belm, 2 jan. 1977, p.10

  • 12

    Tinhoro era ainda a glria musical no Par. Esta matria foi recebida de forma

    entusiasmada pela imprensa paraense, pois legitimava a importncia do compositor

    perante o Brasil e nos valores paradigmticas da crtica musical envolvida com os

    folclorismos. Ao todo, foram gravados 4 volumes a respeito do Norte, mas neste nmero

    destacado foram gravadas 8 canes do compositor paraense. De alguma forma, havia

    uma viso de que Waldemar representava a produo de temas folclricos, a legtima

    msica popular. Interessante que o restante do lbum foi composto por canes

    coletadas no lugar da expresso dos artistas, gravadas in locus, portanto msicas

    folclricas enquadradas nos paradigmas vigentes. Entre as coletas h registros realizados

    em 1938 pela misso de coleta folclrica de Mrio de Andrade. O que demonstra o elo

    com as perspectivas elaboradas pelo modernismo-folclorista, uma evidncia da

    continuidade dos referenciais esttico-culturais estabelecidos na dcada de 1920.

    Como foi dito anteriormente, a presena de Waldemar Henrique predominante

    no volume 1 de Msica Popular do Norte, com as canes Rolinha (chula marajoara),

    Uirapuru (cano amaznica), Abaluai (ponto ritual), Tajapanema (Cano

    Amaznica), Matintaperra ( cano amaznica), Boi-bumb (batuque paraense), Querer

    bem no pecado (toada) e Morena (cano marajoara). No geral, estas canes so

    voltadas para os temas folclricos, dentro da perspectiva desenvolvida e legitimada pela

    intelectualidade folclorista. Sendo que estabelece um elo com as perspectivas regionais

    da expresso do povo. O maestro Waldemar ganha destaque por ser considerado um

    modelo de incorporao dos temas do folclore ao cancioneiro. Outro elo importante com

    as perspectivas do modernismo musical a coleta da misso anterior dirigida por Mrio

    de Andrade e que revela a continuidade do princpio de pesquisa do folclore no seu lugar

    de manifestao. As canes incorporadas desta maneira foram Cabocla bonita (toada) e

    Murucutu (Acalanto). O interessante que os volumes da coleo Marcus Pereira

    obedecem a lgica de seleo j presente na misso andradeana, ou seja, recolhendo os

    gneros exclusivamente locais e os existentes em outras regies. Este procedimento se

    deveu ao ideal de que toda musicalidade folclrica presente nas diversas localidades

    brasileiras do Brasil profundo refletem a essncia da brasilidade, as recolhas

    folclricas em diversas regies, em diferentes manifestaes, revelam a nacionalidade.

  • 13

    Portanto, no contraditrio verificar na msica popular do Norte os gneros de

    quadrilha, polca e samba rural.

    Os intrpretes presentes nas canes gravadas possuem uma formao erudita,

    tanto Waldemar Henrique, quanto Jane Vaquer (depois conhecida como Jane Duboc),

    Jos Tobias, Marena Salles, Odete Dias e Elza Gushkin. As excees so o Trio T

    Teixeira e o dueto de Izaltina e Radonir Santos. interessante notar que o conceito de

    popular desenvolvido nestes discos tambm se refere viso modernista que verifica a

    necessidade de incorporar os temas folclricos s expresses eruditas para expressar o

    patriotismo e a essncia nacional. Tambm no esto presentes no volume 1 canes

    sem autoria.

    Os registros de composies de domnio pblico passam a ser usuais no volume

    2 da coleo, entre elas as maranhenses Boi de Orquestra, Boi de Monte Castelo, Boi de

    Pindar e Boi da Madredeus. H tambm nesta perspectiva assinaturas descritas como

    folclore do MA, que remontam uma estabelecida legitimidade no Estado acerca do

    que deve ser considerado como folclrico, entre as canes esto Tambor de ndio,

    Tambor de Mina, Carro vai virar. Este nmero tem como nexo central expor diversas

    coletas de folcloristas da regio, entre eles o paraense Vicente Salles com Me d, me d

    moreninha; o amazonense Walter Santos com Boi Amazonas; e o maranhense Amrico

    Azevedo Neto com Balana que pesa ouro, eu sou a rosa menino/ D licena/ Meu

    balaio/ Meu Baralho vai embora, A mui e meu cavalo/ Eu no desprezo amor velho,

    Mas tu no sabe/ pau pereira/ Marimbondo. Esta atitude de destacar os folcloristas da

    regio est ligada ao prestgio que estes intelectuais possuam neste perodo, seu status

    acadmico (embora tangencial)8, a presena dos ideais folclrico-modernistas na

    produo fonogrfica da dcada de 1970 e uma busca pelo registro do folclore em nvel

    de indstria fonogrfica.

    No volume 3 est mais presente a ideia de domnio pblico presente em todas

    as canes registradas, sendo que os intrpretes tambm so, em sua maioria, oriundos

    8 Este lugar acadmico tangencial se refere no incluso autnoma da Cincia Folclore como formao

    acadmica especfica. Esta situao se deve aos crticos do Folclore, entre eles Florestan Fernandes que era

    contrrio ao estabelecimento autnomo deste no ambiente das universidades. Ver FERNANDES, Florestan.

    O folclore em questo. 3 ed. So Paulo: Martins Fontes, 2003

  • 14

    das localidades em que foram criadas as obras. H um destaque s manifestaes

    ocorridas no Par, nos municpios de Marapanim e Soure, e a presena de duas presentes

    no Maranho: Dana de So Gonalo de Viana e Festa do Divino. No geral, h uma

    seleo de repertrio que prioriza os cnticos que expressam a religiosidade atrelada ao

    catolicismo, mesmo que no exclusivamente, presentes Crio de Nazar e Ladainha de

    So Sebastio, existentes em Belm do Par; e na expresso dos grupos folclricos locais:

    Ajiruteua (de Marapanim) Conjunto Embalos de Soure e Gigantes da Ilha (Soure).

    Outro dado importante a presena de gravaes de Carimb, um dos principais gneros

    considerados representativos do cancioneiro paraense, tanto pelos crticos, quanto pelos

    folcloristas, na cano Tou mandando brasa no meu carimb.

    No volume 4 h uma continuidade nos temas levantados anteriormente. A seleo

    feita entre as canes de domnio pblico, retomando os conjuntos Embalos de

    Soure e Ajiruteua, e um elemento novo: a presena de intelectuais acadmicos, ou

    seja, os antroplogos paraenses da Universidade Federal do Par, Napoleo Figueireido

    e Anaza Virgulino e Silva. Estes ltimos realizaram coletas folclricas buscando

    fomentar seus estudos etnolgicos, cedendo seus registros para compor a coleo de

    Marcus Pereira, no sentido de que h uma estreita comunicao entre os ideais folcloristas

    no campo da indstria fonogrfica (representada pela gravadora) e pelos estudos

    acadmicos. Embora no haja uma incluso do Folclore como Cincia, ele se configura

    como um importante acervo de reflexo e pesquisa para as cincias humanas. As coletas

    dos antroplogos registradas na coleo se referem ao complexo de msicas de

    feitiaria, nas sesses de cura e linha de Mina. Esta incluso mais uma referncia

    direta s misses andradeanas, e ainda contendo o registro Babassu, realizado pela

    misso de 1938. H tambm no volume 4, a incluso de registros musicais de grupos

    indgenas, entre eles os Kamayur, Maus, Mana e Yurupixuna. Ganha espao tambm

    regies do Oeste Paraense e do Amazonas, com canes de domnio pblico.

    Consideraes Finais

    A partir da apresentao dos discos da coleo Msica Popular do Norte

    podemos perceber que h uma ntida relao entre os conceitos desenvolvidos acerca do

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    popular e do folclore desenvolvidos no mbito do modernismo folclorista e a

    elaborao do projeto em questo neste texto. constatvel que os paradigmas de

    reflexo sobre o processo composicional e de expresso da sonoridade do povo tm que

    estar adequados ao ideal de nao e esttica modernista. Ao mesmo tempo, podemos

    perceber o papel relevante dos folcloristas na configurao das gravaes da indstria

    fonogrfica quando buscam exemplificar a essncia popular da arte nacional e das

    particularidades da regio. A seleo realizada pela gravadora Marcus Pereira realiza um

    recorte que busca representar a regio Amaznica por meio de sons e desta forma

    estabelece uma mediao com a mdia nacional, portanto, populariza uma determinada

    verso de folclrico, um recorte das inmeras manifestaes populares que

    caracterizam o Norte do Brasil e o pas como um todo.

    REFERNCIAS

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