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| MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO | EDIÇÃO ESPECIAL BRASIL AGRO: O DINAMISMO DO CENTRO-OESTE

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| MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO |

EDIÇÃO ESPECIAL

BRASIL AGRO:O DINAMISMO DO CENTRO-OESTE

EXPEDIENTE

BARROS, G.S.C.; SOUZA JUNIOR, M.L.; CASTRO, N.R.; GILIO, L.; MORAIS, A.C.P.; ALMEIDA, A.N. Edição Especial – Brasil Agro: o dinamismo do Centro-Oeste. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Piracicaba, 2019.

Avenida Pádua Dias, 11, São Dimas, Piracicaba-SP(19) 3429-8800 | [email protected] | www.cepea.esalq.usp.br

Coordenação geral | Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros e Alexandre Nunes de Almeida

Coordenação do estudo | Marcello Luiz de Souza Junior Equipe | Nicole Rennó Castro, Leandro Gilio e Ana Carolina de Paula Morais

Jornalista responsável | Alessandra da Paz (Mtb: 49.148)

Revisão | Bruna Sampaio (Mtb: 79.466), Flávia Gutierrez (Mtb: 53.681) e Nádia Zanirato (Mtb: 81.086) Diagramação | Bruna Sampaio (Mtb: 79.466) Fotos | Mauro Osaki/Cepea, site Pixabay e CNA/Senar

SUMÁRIONotas metodológicas

A evolução recente do agronegócio no centro-oeste O agronegócio é responsável por empregar um terço da população do

centro-oeste

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Conclusão 12

Introdução 5

NOTAS METODOLÓGICAS

O Acompanhamento do Mercado de Trabalho do Agronegócio real-izado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CE-PEA) aborda aspectos da conjuntura e da estrutura do mercado de trabalho do setor. O agronegócio, setor foco deste estudo, é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica, ou primária, agroindústria (processa-mento) e agrosserviços. A pesquisa do Cepea utiliza como principal fonte de informações os microdados da PNAD-Contínua e, de forma complementar, dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS-MTE) e de outras pesquisas do IBGE. É importante mencionar que as análises do Cepea se baseiam na PNAD-Contínua, que não contem-pla indivíduos que atuam no setor produzindo apenas para próprio consumo. Vale destacar ainda que os estados analisados neste estudo são Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Dessa forma, o termo Centro-Oeste empregado ao longo deste texto refere-se a todos os estados da região, exceto o Distrito Federal. A descrição metodológica do cálculo e o acompanhamento do mercado de trabalho do agron-egócio podem ser obtidos mediante solicitação: [email protected].

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CEPEA | BRASIL AGRO: O DINAMISMO DO CENTRO-OESTE

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

INTRODUÇÃO Os fluxos migratórios do século passado remodelaram a dinâmica econômica dos estados brasileiros, com destaque para aquele que ficou conhecido como “A Marcha para o Oeste”. De fato, ao longo dos anos, a atuação do poder pú-blico através do fornecimento de infraestrutura, os estímulos de mercado à produção agropecuá-ria e as inovações tecnológicas exerceram papel relevante para transformar o Centro-Oeste em um importante polo do agronegócio brasileiro. Inicialmente influenciada pela deman-da doméstica por alimentos e matéria-prima, a atividade agropecuária nos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul consolidou sua posição no âmbito nacional ao absorver em seu processo produtivo o capital e a tecnologia. Isso propiciou ganhos de pro-dutividade, redução de custos e gera-ção de volumes exportáveis, que, por sua vez, justificaram a escala para a viabilida-de econômica da adoção de tais inovações. Anos mais tarde, os efeitos de trans-bordamento dos segmentos ligados ao agro-negócio se revelaram nos demais setores da economia e, desde então, a região tem obtido participações cada vez maiores no total de bens e serviços produzidos no País, como apontam as estatísticas produzidas pelo Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo dados do IBGE, a participação de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul no PIB nacional foi de 3,9% em 1970, 5,2% em 1990, passan-do para 8,4% em 2000 e para 10% em 2012. Nesse contexto, identificar e quantificar a importância do agronegócio para o Centro--Oeste e entender suas relações com a região não só favorecem a compreensão das condições gerais do sistema econômico regional e das tendências de curto prazo como também auxi-

liam no processo decisório dos setores público e privado no que diz respeito à tomada de de-cisões estratégicas frente a possíveis choques. Por englobar diferentes elos, que vão desde a produção de insumos para a agrope-cuária até o processamento e distribuição dos bens produzidos, a mensuração do desempenho do setor agro está longe de ser tarefa trivial. O uso das séries produzidas pelo IBGE para o PIB da Agropecuária subestima a impor-tância do agronegócio por não contemplar a to-talidade de suas atividades, além de esconder movimentos como o de industrialização do agro-negócio e de seu impacto sobre o mercado de serviços. Não obstante, ainda inexiste um acom-panhamento do PIB do Agronegócio do Centro--Oeste na linha dos estudos conduzidos pelo Ce-pea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) para o Brasil (PIB-BR) e os estados de São Paulo (PIB-SP) e Minas Gerais (PIB-MG). Ade-mais, também não há um acompanhamento do mercado de trabalho do setor na região, como o Cepea já desenvolve para o Brasil como um todo. Desse modo, visando dar um passo no sentido de ampliar a compreensão do agrone-gócio nessa região, a equipe de Macroeconomia do Cepea construiu um indicador de desempe-nho do agronegócio em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul a partir de informações re-ferentes ao mercado de trabalho nesses estados. Vale destacar que, assim como o côm-puto do PIB, as estatísticas de emprego consti-tuem uma importante ferramenta na análise do nível de atividade de uma economia ou setor, justamente por se relacionar, direta ou indireta-mente, a outras macros variáveis como consu-mo das famílias, produção de bens e serviços e evolução dos índices de preços ao consumidor.

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CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

A EVOLUÇÃO RECENTE DO AGRONEGÓCIO NO CENTRO-OESTE

Figura 1 – Evolução da População Ocupada no Agronegócio entre os três primeiros meses de 2012 e o terceiro trimestre de 2018 no Brasil e no Centro-Oeste, em milhões de ocupadosFonte: Cepea, com base nos dados da RAIS (antigo MTE) e PNAD-C (IBGE).

A população ocupada (PO) em ativida-des agropecuárias tem se reduzido consistentemente no Brasil, sobre-tudo a partir da segunda metade da

primeira década dos anos 2000. Para Maia e Sakamoto (2014)¹ , alguns fatores que influen-ciaram esse processo foram a inviabilidade de pequenos estabelecimentos rurais, a intensi-ficação e a concentração da produção, assim como a existência de oportunidades em áreas urbanas em certas regiões. Analisando o agro-negócio como um todo, Castro (2018)² apon-tou queda de 13,3% na PO do setor entre 2004 e 2015, resultado influenciado especialmente pelo segmento primário, mas com reduções também na agroindústria (a partir de 2009). Estudos mais recentes publicados por pesquisadores do Cepea têm apontado a con-tinuidade da redução no número de pessoas

ocupadas no agronegócio brasileiro, sobre-tudo a partir de 2015. Especificamente entre 2012 e 2018 , a queda foi de 7,02%, com a PO passando de 19,60 milhões de trabalha-dores atuando no setor para 18,23 milhões. Contudo, devido às especificidades ine-rentes às estruturas produtivas e as dinâmicas di-ferenciadas de cada estado do País, nota-se que a evolução nacional não é realidade para todas regiões, tal como o caso do Centro-Oeste– ana-lisado nesse estudo especial e que apresentou tendência contrária à do Brasil como um todo. No mesmo período (2012 a 2018), os levantamentos realizados apontam que o número de pessoas empregadas em ativida-des relacionadas ao agronegócio na região aumentou 11,20%, totalizando 1,70 milhão de pessoas ocupadas em 2018 – Figura 1.

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¹ MAIA, A.G.; SAKAMOTO, C.S. A nova configuração do mercado de trabalho agrícola brasileiro. In: BUAINAIN, A.M.; ALVES. E.; SILVEI-RA, J.M.; NAVARRO, Z. O mundo rural no Brasil do século 21: a formação de um novo padrão agrário e agrícola. Brasília: Embrapa, 2014.Parte 4, capítulo 2, p. 559-590. ² CASTRO, N.R. Two essays assessing the agribusiness labor market. 2018. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2018. O valor apresentado para 2018 foi estimado a partir da aplicação da taxa de crescimento entre os três primeiros trimestres de 2017 e 2018, na população ocupada no agronegócio em 2017. Exceto Distrito Federal.

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Ao analisar a dinâmica do cresci-mento entre os segmentos que compõem o agronegócio do Centro-Oeste, nota-se a ex-pressiva contribuição que a pecuária e toda a cadeia processadora de proteína animal e subprodutos (abate, laticínios e couro) desem-penharam para a evolução positiva dos em-pregos no setor entre 2012 e 2018 (Figura 2). A análise da Figura 2 revela que

43,21% do aumento na população ocupada no agronegócio na região ocorreu em virtu-de do dinamismo apresentado pela criação de animais. A agroindústria de base animal contribuiu para o crescimento, com taxa de 19,28%. Em seguida, destaca-se o papel relevante do segmento de agrosserviços e das atividades agrícolas “dentro da portei-ra” (ou segmento primário de base agrícola).

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5 Transporte, armazenamento, comercialização e outros serviços necessários para que a produção de base agropecuária chegue ao consumidor final ou à exportação

-23,26%

1,53%

19,28%

26,48%

32,76%

43,21%

-30,00% -20,00% -10,00% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00%

AGROIND BASE AG

INSUMOS

AGROIND BASE ANIMAL

PRIMÁRIO BASE AGR

SERVIÇOS

PRIMÁRIO BASE ANIMAL

Figura 2 – Taxa de Contribuição dos segmentos para o crescimento de 11,20% na População Ocupada no Agronegócio do Centro-Oeste entre 2012 e 2018Fonte: Cepea, com base nos dados da RAIS (antigo MTE) e PNAD-C (IBGE).

Dentre os segmentos contemplados no estudo, apenas a agroindústria de base agrícola apresentou comportamento dis-tinto dos demais, registrando contribuição negativa de 23,26% para o bom desempe-nho do total de trabalhadores no agronegó-cio do Centro-Oeste no período analisado.

Ampliando a análise, em termos es-taduais, constatou-se que todas as unidades federativas da região registraram aumento no número de trabalhadores atuando no agro. A maior evolução ocorreu em Mato Grosso do Sul (15,4%), seguida de Mato Grosso (14,8%) e Goiás (6,6%), como apresentado na Figura 3.

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Figura 3a – Evolução da População Ocupada no Agronegócio entre o 1T2012 e 3T2018, em Mato Grosso do Sul (em milhares)

Figura 3b – Evolução da População Ocupada no Agronegócio entre o 1T2012 e 3T2018, em Mato Grosso (em milhares).

Figura 3c – Evolução da População Ocupada no Agronegócio entre o 1T2012 e 3T2018, em Goiás (em milhares).

Desse modo, o contingente de pes-soas ocupadas em atividades relacionadas ao agronegócio em 2018 foi de 776.380 trabalhadores em Goiás, 440.801 em Mato Grosso e 486.960 em Mato Grosso do Sul. No caso de Goiás, o incremento no to-tal de postos de trabalho no intervalo analisado pode ser explicado, em partes, pela expansão da agroindústria de base animal, com desta-que para a intensificação da atividade de abate (em que o número de ocupados apresentou o maior incremento absoluto, com cerca de 30 mil pessoas a mais entre 2012 e 2018). De fato, informações obtidas pela RAIS (Relação Anu-

al de Informações Sociais) revelam que, entre 2012 e 2016 , o número de pessoas jurídicas cadastradas nesta atividade evoluiu 17,39%, passando de 230 para 270 empresas. Nesse cenário, a maior capacidade produtiva instala-da pode ter atuado no sentido de intensificar a demanda por mão de obra no estado, espe-cificamente na agroindústria de base animal. Nesse estado (Goiás), também hou-ve ganho importante no número de ocupados dentro da porteira, de 19 mil pessoas para a agricultura (com destaque para soja e cana-de--açúcar) e quase 11 mil para a pecuária (com destaque para bovinocultura e avicultura). E,

6 Último ano disponível na base de dados da RAIS-MTE.

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conforme o esperado, com a expansão dos elos primário e industrial do agronegócio no estado, ampliou-se a demanda por agrosserviços, de modo que o número de ocupados nesse seg-mento aumentou em 7,2% (20,7 mil pessoas). No caso de Mato Grosso, os segmentos caracterizados como dentro da porteira, e com o seu impacto positivo sobre o segmentos de agrosserviços, foram os principais responsáveis pela evolução de ocupados no setor, com desta-que para soja, bovinocultura e produção florestal. Analogamente, a bovinocultura foi a atividade econômica que mais contribuiu

para o bom desempenho do nível de empre-gos na pecuária sul-mato-grossense e, con-sequentemente, do mercado de trabalho do agronegócio do estado como um todo. Nesse estado, o segmento primário de base animal representou 85% do aumento do número de ocupados no agronegócio no período. Quanto ao número de ocupados na indús-tria de base agrícola, se reduziu de forma expres-siva em Goiás, recuou em Mato Grosso do Sul, e se manteve praticamente estável em Mato Grosso.

O AGRONEGÓCIO É RESPONSÁVEL POR EMPREGAR UM TERÇO DA

POPULAÇÃO OCUPADA DA REGIÃO

Uma vez apresentada a evolução recente do número de empregados no agrone-gócio na região Centro-Oeste, é possí-vel avaliar qual tem sido a representa-

tividade do setor nas economias estaduais em termos de participação na população ocupada (agronegócio versus total de trabalhadores no estado), massa salarial e rendimento médio . Em 2018, 27,51% dos postos de traba-lhos formais e informais existentes no Centro--Oeste estavam relacionados ao agronegócio. Ao analisar a participação por estados, este percentual pode ser ainda maior, chegando a 33,68% em Mato Grosso, 30,55% em Mato Grosso do Sul e 23,60% em Goiás (Figura 4). A alta representatividade do agro-negócio no total de ocupados nesses esta-

dos revela a importância do setor na geração da renda local e no dinamismo econômico da região. A título de comparação, a participa-ção do agro no total de trabalhadores do País foi de 19,91% no mesmo período analisado. Ao observar a Figura 4, é possível iden-tificar os segmentos com maior participação no setor em cada estado. Em Mato Grosso, os agrosserviços são responsáveis por quase me-tade do total de ocupados no agronegócio, e o segmento primário também detém participação de destaque. Já em Mato Grosso do Sul, nota--se a maior relevância do segmento primário, ao passo que, em Goiás, destacam-se a agroin-dústria, o “dentro da porteira” e os agrosser-viços de forma mais igualmente distribuída.

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7 O rendimento médio representa a razão entre a massa salarial e o número de ocupados em um setor.

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Figura 4 – Participação do agronegócio no total de ocupados em cada estado do Centro-Oeste (exceto DF) e a representatividade dos segmentos que o compõe, em 2018. Fonte: Cepea, com base nos dados da RAIS (antigo MTE) e PNAD-C (IBGE).

(0.32,0.34)

(0.27, 0.32)

(0.24, 0.27)

Insumos

Primário

Agroindústria

Agrosserviços

Justamente por responder por qua-se um terço do total de ocupados no Cen-tro-Oeste, o agronegócio gerou R$ 3,65 bi-lhões do total de R$ 13,19 bilhões recebidos em salários na região. Assim, o setor repre-sentou 27,66% de toda a massa de ren-dimentos gerada pelo trabalho em 2018. Desse total, apenas uma parcela é gasta com bens e serviços produzidos por atividades relacionadas ao agro, como ali-mentos, fibras e energia. O restante é dis-pendido em outros fatores essenciais, como habitação, serviços de saúde e educação,

transporte e aquisição de bens duráveis. Nesse sentido, é possível afirmar que o agronegócio contribui significativa-mente para o dinamismo do Centro-Oeste, gerando renda e, consequentemente, de-manda, para seus produtos e bens e serviços ofertados por outros setores da economia. A título de ilustração, a Figura 5 apre-senta as massas salariais totais e oriundas do agronegócio para os estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Não obstante, representa também a participação do setor no total de salários recebidos em cada localidade.

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R$ 8,00

R$ 7,00

R$ 6,00

R$ 5,00

R$ 4,00

R$ 3,00

R$ 2,00

R$ 1,00

R$GO MT MS

40,00%

35,00%

30,00%

25,00%

20,00%

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%

AGRONEGÓCIO ESTADO PARTICIPAÇÃO

R$ B

ILHÕ

ES

PART

ICIP

AÇÃO

NA

MAS

SA S

ALAR

IAL

(%)

Figura 5 – Massa salarial oriunda do agronegócio e montante total em cada estado (em bilhões de Reais) e a participação do agro em 2018Fonte: Cepea, com base nos dados da RAIS (antigo MTE) e PNAD-C (IBGE).

Por fim, analisa-se a evolução do ren-dimento médio do setor na região e suas uni-dades federativas entre 2012 e 2018. No que se refere ao Centro-Oeste como um todo, ve-rificou-se que o salário médio recebido por trabalhadores do agronegócio (empregados,

trabalhadores atuando por conta própria e empregadores) aumentou 5,39% em termos reais , ao passo que o rendimento médio da região (considerando-se todos os setores da economia) teve crescimento real de 1,84%.

Figura 6 – Evolução dos rendimentos nominais médios do agronegócio no Centro-Oeste e os estados que o compõe, em R$ de 2018Fonte: Cepea, com base nos dados da RAIS (antigo MTE) e PNAD-C (IBGE).

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8 Descontada a inflação acumulada entre 2012 e 2018, medida pelo IPCA.

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Ao considerar a dinâmica de cada estado, nota-se que os sul-mato-grossen-ses foram os que obtiveram o maior au-mento real dos rendimentos, da ordem de 9,24%. Em seguida, destaca-se Mato Gros-so, com evolução de 7,44% e Goiás, com 1,58%. A Figura 6 apresenta a evolução anu-al dos rendimentos médios, em termos reais. Tal fato pode estar relacionado à mu-dança de perfil observada no mercado de tra-

balho do agronegócio nos últimos anos, em que a mecanização e a adoção de processos produtivos modernos têm exigido uma mão de obra com qualificações cada vez maiores, influenciando, assim, a remuneração mensal do trabalho, ou também os possíveis ganhos reais de rendimentos para os empregadores e produtores atuando por conta própria. Novos estudos devem ser desenvolvidos para infe-rir sobre os determinantes desse movimento.

CONCLUSÃO A

partir da construção do indicador de acompanhamento do mercado de trabalho do agronegócio específico para o Cen-tro-Oeste, a equipe de Macroeconomia do Cepea demonstrou a forma como o setor tem evoluído nos últimos anos, apresen-

tando uma realidade distinta daquela observada no País – com cresci-mento no número de pessoas ocupadas nas diversas atividades do setor. Foi possível constatar também o dinamismo que as atividades relacionadas ao agro apresentam, e como a existência desse setor é relevante para os estados da região. Especificamente, verificou-se que o agronegócio exerce a função de gerar emprego e renda para gran-de parte da população do Centro-Oeste, criando mercado consumi-dor para bens e serviços produzidos em outros ramos da economia. Destaca-se também, ainda que de forma indireta, o papel de-sempenhado pelo setor no aumento do rendimento médio da população ocupada na região, em virtude das mudanças estruturais ocorridas em seus segmentos, sobretudo na adoção de novas tecnologias e a de-manda por mão de obra com níveis de qualificação cada vez maiores. Contudo, é preciso destacar que, para melhor en-tendimento do funcionamento do setor na região, estu-dos futuros devem incluir na análise dados acerca do Produto Interno Bruto do Agronegócio (inexistente até o momento) e a inte-ração com o setor externo, por meio das exportações e importações.