edifícios de pequeno porte contraventados com chapa fina

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EDIFÍCIOS DE PEQUENO PORTE CONTRAVENTADOS COM PERFIS DE CHAPA FINA DE AÇO Cleber José Pereira Junior TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: Prof. Eduardo de Miranda Batista, D. Sc. Prof a . Michèle Schubert Pfeil, D. Sc. Prof. Francisco Carlos Rodrigues, D. Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL JUNHO DE 2004

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Contraventamentos em Chapa

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  • EDIFCIOS DE PEQUENO PORTE CONTRAVENTADOS COM PERFIS DE CHAPA

    FINA DE AO

    Cleber Jos Pereira Junior

    TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAO DOS

    PROGRAMAS DE PS-GRADUAO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

    FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS

    PARA A OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIAS EM ENGENHARIA

    CIVIL.

    Aprovada por:

    Prof. Eduardo de Miranda Batista, D. Sc.

    Profa. Michle Schubert Pfeil, D. Sc.

    Prof. Francisco Carlos Rodrigues, D. Sc.

    RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL

    JUNHO DE 2004

  • PEREIRA JUNIOR, CLEBER JOS

    Edifcios de pequeno porte

    contraventados com perfis de chapa fina

    de ao [Rio de Janeiro] 2004

    VII, 141p. 29,7cm (COPPE/UFRJ,

    M.Sc., Engenharia Civil, 2004)

    Tese Universidade Federal do Rio de

    Janeiro, COPPE

    1. Estruturas de ao

    2. Perfis de chapa dobrada

    3. Sistema construtivo

    I. COPPE/UFRJ II. Ttulo (srie)

    ii

  • AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais e irmos, pelo suporte emocional e incentivo durante o tempo de

    elaborao da tese.

    A Aline pela fora na realizao deste trabalho, bem como pelos momentos de

    compreenso durante o curso de mestrado.

    Ao Prof. Eduardo de Miranda Batista, por sua orientao, incentivo e amizade durante

    o curso de mestrado e a elaborao da tese.

    Aos meus amigos do curso de mestrado Daniel, Emerson, Tiago, Adcleides, Walber e

    George, pela grande ajuda prestada, principalmente nos momentos finais da

    realizao deste trabalho e pela companhia e amizade durante o curso de mestrado.

    iii

  • Resumo da Tese apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessrios

    para a obteno do grau de Mestre em Cincias (M. Sc.)

    EDIFCIOS DE PEQUENO PORTE CONTRAVENTADOS COM PERFIS DE CHAPA

    FINA DE AO

    Cleber Jos Pereira Junior

    Junho/2004

    Orientador: Eduardo de Miranda Batista

    Programa: Engenharia Civil

    Esse trabalho apresenta um estudo de caso para a anlise de pequenas edificaes

    em ao, contraventadas por paredes estruturais constitudas em perfis de chapa fina

    formados a frio. Para a realizao do estudo so aplicados modelos em elementos

    finitos de barras, utilizando um programa de clculo estrutural comercial. Foram

    estudadas no presente trabalho, uma soluo estrutural j estabelecida e uma soluo

    alternativa, para posterior comparao do desempenho estrutural.

    O sistema estrutural original amplamente utilizado em projetos habitacionais pelo

    governo do Estado de So Paulo. Essa edificao de apartamentos residenciais em

    cinco pavimentos, estruturada em ao com um sistema de contraventamento em

    diagonais em uma direo e um sistema de prticos rgidos na outra. Nesse sistema

    construtivo so utilizadas paredes de alvenaria como elementos de vedao e

    separao dos ambientes.

    A proposta do trabalho consiste em substituir as paredes de alvenaria por paredes

    estruturais do tipo Steel-Frame, que alm de funcionarem como elementos de

    vedao e separao dos ambientes, so igualmente incorporadas como parte

    integrante da estrutura principal, trabalhando como um sistema de paredes

    diafragmas, com a funo de contraventar a estrutura principal.

    iv

  • Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

    requirements for the degree of Master of Science (M. Sc.)

    SMALL BUILDINGS BRACED BY COLD-FORMED STEEL FRAME

    Cleber Jos Pereira Junior

    June/2004

    Advisor: Eduardo de Miranda Batista

    Department: Civil Engineering

    This work presents a study for analysis of small building in steel, braced by cold-formed

    profile. For the development of the study it was applied finite bars elements, using a

    comercial structural analysis program. It was developed in this work, a structural

    established solution and an alternative one, for later confront of structural behavior.

    The established structure is widely used in government housing projects in the state of

    So Paulo. This five stories residencial building is steel structured with diagonals

    bracing in a direction and rigid frames in the other direction. In this construction system

    it is used masonry walls as enclosure and divisory elements.

    The purpose of this work is to replace the mansory walls by framed walls (Steel-

    Frame). These walls, in spite of working as enclosure and divisory elements, are

    incorporated to the main structure working as a diaphragm wall system, with the

    bracing function of the main structure.

    v

  • NNDDIICCEE

    CAPTULO 1: INTRODUO.........................................................................................1

    1.1. Consideraes Gerais..................................................................................1

    1.2. Revestimentos..............................................................................................7

    1.3. Conforto Acstico........................................................................................11

    1.4. Conforto Trmico........................................................................................16

    1.5. Painis Diafragmas Estruturados em Steel-Frame..................................19

    1.6. Objetivos.....................................................................................................21

    CAPTULO 2: PERFIS FORMADOS A FRIO...............................................................24

    2.1. Consideraes Gerais................................................................................24

    2.2. Materiais e Fabricao................................................................................26

    2.3. Proteo Contra a Corroso.......................................................................31

    2.4. Consideraes de Projeto...........................................................................35

    2.5. Estado da Arte............................................................................................38

    CAPTULO 3. MODELAGEM ESTRUTURAL..............................................................45

    3.1. Consideraes Gerais................................................................................45

    3.2. Sistema Estrutural Original.........................................................................45

    3.3. Sistema Estrutural Proposto.......................................................................52

    vi

  • 3.4. Paredes Steel-Frame...............................................................................56

    3.5. Modelagem das Vigas................................................................................63

    3.6. Modelagem das Lajes.................................................................................69

    3.7. Anlise dos Carregamentos........................................................................70

    CAPTULO 4: ANLISE ESTRUTURAL......................................................................78

    4.1. Consideraes Gerais................................................................................78

    4.2. Cargas nas Fundaes...............................................................................80

    4.3. Verificao dos Estados Limites ltimos....................................................81

    4.4. Verificao dos Estados Limites de Servio...............................................97

    4.5. Comparao entre Modelos......................................................................100

    4.6. Anlise da Retirada de Painis.................................................................101

    CAPTULO 5: CONCLUSES....................................................................................105

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...........................................................................110

    ANEXO A: PARAFUSOS AUTOBROCANTES E FIXADORES A PLVORA..........117

    ANEXO B: PROTEO CONTRA FOGO..................................................................131

    vii

  • CCAAPPTTUULLOO 11

    IINNTTRROODDUUOO

    1.1. CONSIDERAES GERAIS

    O sistema construtivo Steel-Frame tem sido muito utilizado em diversos pases.

    Todavia, seu maior desenvolvimento e conseqente volume de aplicao tem se dado,

    principalmente, nos Estados Unidos e na Inglaterra.

    Por sculos os norte-americanos utilizaram a madeira como principal material de

    construo para as edificaes residenciais. No entanto, o grande aumento dos

    preos, devido escassez desse material na natureza, levaram esses construtores a

    buscarem alternativas de produtos que substitussem a madeira.

    Nesse contexto, os perfis formados a frio de paredes finas ganharam grande

    aplicabilidade, substituindo a madeira nas construes residenciais principalmente

    devido aos seguintes fatores: baixos preos, qualidade homognea, similaridades com

    o sistema de Wood-Frame, alta performance estrutural, baixo peso, produo em

    massa, facilidade de pr-fabricao, entre outros. A figura 1.1 ilustra uma edificao

    residencial sendo construda utilizando o sistema Steel-Frame.

    1

  • Figura 1.1: Construo de uma edificao residencial em Steel-Frame

    As caractersticas dos materiais utilizados na fabricao dos perfis que compem o

    sistema construtivo, assim como os mtodos de fabricao e outras propriedades

    desses elementos, sero vistas com mais profundidade no captulo 2. Inicialmente,

    pretende-se apresentar ao leitor apenas uma viso geral de como esses elementos

    so aplicados no sistema, bem como alguns detalhes construtivos das ligaes entre

    esses perfis.

    Pode-se dizer que o sistema Steel-Frame composto basicamente por trs tipos de

    sub-estruturas: os pisos estruturais, as paredes estruturais e o sistema de cobertura.

    Na figura 1.2 apresenta-se uma ilustrao bsica, de cada uma dessas sub-estruturas

    componentes do sistema, j detalhando alguns de seus elementos.

    As sub-estruturas de piso so basicamente compostas por vigas apoiadas sobre as

    paredes estruturais, vencendo os vos entre elas. As cargas aplicadas sobre essas

    vigas so os carregamentos permanentes e acidentais de pisos, e os modelos

    estruturais geralmente utilizados para o dimensionamento desses elementos, so os

    de viga bi-apoiada ou viga contnua. A figura 1.3 ilustra o apoio dessas vigas sobre

    paredes centrais, enquanto a figura 1.4 mostra em detalhe como as vigas se apiam

    em paredes laterais.

    2

  • Figura 1.2: Elementos estruturais do sistema Steel-Frame [1.1]

    Figura 1.3: Apoio das vigas em paredes Steel-Frame centrais [1.1]

    3

  • Figura 1.4: Apoio das vigas em paredes Steel-Frame laterais [1.1]

    Outra sub-estrutura do sistema construtivo Steel-Frame so as paredes estruturais.

    Essas paredes so basicamente compostas por montantes, que suportam as vigas de

    piso. No entanto, os detalhes construtivos para esses elementos so inmeros,

    sempre ligados arquitetura das edificaes contendo aberturas de janela, portas,

    ventilao, etc. Os carregamentos atuantes so oriundos do apoio das vigas de piso.

    Os montantes das paredes externas tambm esto sujeitos ao carregamento de vento,

    que atua diretamente sobre as paredes. Logo, esses elementos estruturais so

    dimensionados como se fossem colunas sujeitas a carregamentos de compresso e

    flexo. As figuras 1.5, 1.6 e 1.7 ilustram respectivamente detalhes da conexo desses

    elementos estruturais com as fundaes, com os revestimentos e entre duas paredes.

    Figura 1.5 Detalhe da ligao entre as paredes estruturais e a fundao [1.1]

    4

  • Figura 1.6: Detalhe da ligao entre as paredes estruturais e os revestimentos [1.1]

    Figura 1.7: Detalhe da ligao entre duas paredes estruturais [1.1]

    5

  • As paredes estruturais Steel-Frame tambm podem trabalhar como se fossem

    paredes diafragmas, contraventando os carregamentos paralelos aos seus planos que

    atuam sobre a estrutura. Esse assunto consiste no tema central desse estudo e ser

    abordado mais adiante.

    Por ltimo, tem-se a sub-estrutura de cobertura. Basicamente, essas sub-estruturas

    so compostas de trelias e/ou caibros vencendo os vos de telhado como mostra a

    figura 1.8.

    Figura 1.8: Sistema estrutural das coberturas [1.1]

    Os carregamentos para o dimensionamento desses elementos estruturais so os

    carregamentos permanentes devido ao peso-prprio dos materiais, o carregamento de

    vento e o carregamento acidental de pessoas na execuo da montagem e de

    reformas das coberturas.

    6

  • 1.2. REVESTIMENTOS

    Atualmente, para as estruturas Steel-Frame vistas no item anterior, existem

    basicamente trs tipos de revestimentos, utilizados para o fechamento dos painis

    estruturados em perfis formados a frio. So eles: o gesso acartonado, as placas

    cimentcias e os painis de madeira denominados no mercado de OSB.

    O gesso acartonado fabricado a partir do minrio de gesso ou Gipsita, em duas

    fases. Na primeira fase feita a moagem e a calcinao da Gipsita, enquanto que a

    segunda etapa consiste na fabricao dos painis propriamente ditos, como mostra a

    figura 1.9.

    Figura 1.9: Processo de fabricao do gesso [1.2]

    J as placas cimentcias so placas delgadas de concreto, fabricadas a partir de

    argamassas especiais contendo aditivos e uma elevada porcentagem de cimento.

    Geralmente so confeccionadas a partir de moldes metlicos, utilizando a mesma

    tecnologia do concreto pr-moldado.

    Os painis OSB (Oriented Strand Board), so fabricados utilizando tiras de madeira

    orientadas perpendicularmente em diversas camadas, o que aumenta a sua

    resistncia mecnica e rigidez. Essas tiras so unidas com resinas aplicadas sob altas

    temperaturas e presso, e predominantemente oriundas de madeira reflorestada.

    7

  • A concepo bsica para esse sistema de revestimento a de uma estrutura em perfis

    formados a frio, sobre os quais essas placas so fixadas em uma ou mais camadas,

    gerando uma superfcie pronta para receber o acabamento final, seja ele de pintura,

    papel parede, cermica, laminados plsticos, etc.

    As chapas de gesso acartonado normalmente utilizadas possuem dimenses nominais

    de 1,20m de largura e entre 2,60 a 3,00m de comprimento. As espessuras comumente

    empregadas so de 12,5mm, 15,0mm e de 18,0mm, sendo que, no Brasil, a chapa de

    12,5mm a mais difundida. Basicamente, existem trs tipos de chapas: as normais,

    para as paredes sem exigncias especficas; as hidrfugas (ou placas verdes), para as

    paredes empregadas em ambientes sujeitos ao da umidade, tais como banheiros,

    cozinhas e reas de servio; e ainda, as resistentes ao fogo, para as paredes que

    possuem exigncias de resistncia ao fogo.

    As placas cimentcias possuem dimenses padres de fabricao que variam entre

    comprimentos de 2,40m at 3,00m com largura de 1,20m. Por serem mais resistentes,

    existe uma gama maior de espessuras disponveis de 4, 6, 8 e 10mm. So

    incombustveis e inertes a ao da gua. Algumas dessas placas podem at ser

    fabricadas com aditivos que repelem insetos, fungos e roedores.

    Os painis OSB, por sua vez, so fabricados com espessuras variando entre 6 e

    40mm e devido ampla variedade de usos construtivos, podem ser fabricados em

    placas com inmeras dimenses.

    A fixao das placas de gesso, das placas cimentcias e dos painis OSB sobre a

    estrutura base em perfis relativamente simples, porm alguns cuidados devem ser

    tomados. Os parafusos comumente utilizados para conectar as placas aos perfis so

    os parafusos autobrocantes, cujas caractersticas so abordadas pelo anexo A. A

    figura 1.10 apresenta as dimenses do espaamento desses parafusos para a fixao,

    tanto das placas de gesso como das placas cimentcias e painis OSB. importante

    ressaltar a disposio das placas como mostra a figura 1.10, quebrando a

    continuidade das juntas e criando dessa forma um painel mais homogneo.

    8

  • Figura 1.10: Fixao das placas de revestimento [1.2]

    Para o tratamento das reas molhadas a utilizao de placas de gesso acartonado

    especiais, de placas cimentcias e/ou painis OSB tratados, no exime a necessidade

    da impermeabilizao, pois o sistema de montagem gera pontos vulnerveis

    passagem de gua. Logo, a garantia de desempenho dos fechamentos internos no

    sistema Steel-Frame est diretamente relacionada ateno dada aos tratamentos

    especficos executados nesses detalhes de montagem.

    As placas de gesso especiais, ou seja, as placas verdes definidas anteriormente,

    recebem tratamento base de silicone na superfcie e no miolo de gesso. Este

    tratamento atribui placa a resistncia umidade e vapores, porm no oferece

    resistncia gua. Portanto, as placas de gesso no so indicadas para usos

    externos. Logo, para as reas externas so utilizadas as placas cimentcias ou os

    painis OSB revestidos com argamassa projetada, pois esses revestimentos so

    resistentes ao da chuva. O cuidado fundamental a ser observado o perfeito

    rejuntamento entre as peas, de forma a garantir que a umidade no penetre por entre

    as juntas.

    Os tratamentos impermeabilizantes devem ento ser aplicados em todos os pontos

    vulnerveis do sistema. Para o caso de elementos fixados diretamente nas paredes,

    como registros, torneiras e demais pontos de hidrulica, deve-se usar o tratamento de

    calafetao, ou seja, a aplicao de mastiques flexveis na interface entre o ponto e a

    placa, a base de produtos como silicone de cura neutra, poliuretanos, asfaltos

    elastomricos, etc. J para a impermeabilizao dos rodaps os sistemas mais

    recomendados so:

    9

  • Asfalto elastomrico: sistema impermeabilizante elstico, moldado in loco, base de asfalto modificado com poliuretano disperso em meio solvente, aplicado a frio e

    estruturado com uma tela industrial de polister;

    Argamassa polimrica: sistema impermeabilizante semi-flexvel, moldado in loco, base de disperso acrlica mais cimentos especiais e aditivos minerais, aplicado a frio,

    tambm podendo ser estruturado com uma tela industrial de polister;

    Mantas asflticas: sistema impermeabilizante elstico, pr-fabricado, base de asfalto modificado com elastmeros, estruturado com uma armadura no tecida de

    filamentos contnuos de polister.

    importante ressaltar que, para a aplicao desses sistemas, necessria a

    preparao das superfcies, de acordo com as especificaes da cada fabricante.

    As instalaes prediais eltricas, hidrulicas, de gs e outras, tambm devem ser

    facilmente assimiladas pelo sistema construtivo Steel-Frame, atendendo todas as

    normas tcnicas vigentes, pois essas normas so aplicveis a todas instalaes

    prediais, independentemente do sistema construtivo adotado.

    Para a elaborao dos projetos de instalaes prediais da uma edificao estruturada

    no sistema Steel-Frame, devem ser observadas as dimenses dos perfis estruturais

    e as suas geometrias, de forma a prever a locao dos dutos, tubos, conduites, etc. A

    figura 1.11 ilustra alguns exemplos dessas instalaes em paredes Steel-Frame.

    Maiores detalhes dessas interfaces podem ser procurados na bibliografia

    especializada.

    Figura 1.11: Instalaes eltricas e hidrulicas em paredes Steel-Frame [1.2]

    10

  • 1.3. CONFORTO ACSTICO

    A preocupao com o conforto acstico est cada vez maior e o cliente final cada vez

    mais exigente. Portanto, necessrio que os novos sistemas construtivos apresentem

    solues prticas, de baixo custo, atendendo as exigncias mnimas das normas

    vigentes. Por esse motivo, as tcnicas de acstica arquitetnica tm como objetivo

    proporcionar boa audibilidade de sons desejveis e isolar os sons inadequados, ou

    seja, os rudos.

    Pode-se definir som, como qualquer variao de presso no ar, gua ou outro meio,

    que o ouvido humano possa detectar. O nmero de variaes por segundo chamado

    de freqncia do som e medido em Hertz (Hz). O som, para ser captado pelo ouvido

    humano, deve estar em uma freqncia entre 20 e 2000 Hz. Os sons graves possuem

    freqncias de at 200Hz, enquanto que os sons mdios compreendem-se na faixa de

    200 a 2000Hz, os sons agudos por sua vez possuem freqncias acima de 2000Hz.

    O rudo a sensao psicolgica do som, considerado indesejvel ou inadequado, e

    que pode ser considerado nocivo sade humana. O rudo perturba o ritmo biolgico

    do indivduo e as pessoas expostas a certos tipos de rudo, acabam adquirindo

    diversas anomalias, como surdez, o stress, a perda do poder de concentrao e da

    criatividade. Esses rudos podem levar as pessoas a cometerem erros com riscos

    potenciais e prejuzos na produo, com altos custos para a sociedade.

    Existem basicamente quatro tipos de rudos: (a) os rudos industriais, so aqueles

    provocados pelo deslocamento e/ou funcionamento de equipamentos em fbricas e

    galpes industriais; (b) os rudos em edifcios comerciais e de escritrio, embora

    raramente sejam comparados aos industriais dificultam a comunicao com

    conseqente perda de conforto e produtividade; (c) os rudos em edifcios residenciais,

    que esto praticamente ligados perda de privacidade, um problema crescente nos

    grandes centros urbanos, particularmente nas habitaes multifamiliares e, por ltimo,

    (d) os rudos provocados pelo trnsito das grandes cidades, devido principalmente aos

    motores a combusto dos automveis. Inclu-se nesse ltimo tipo os rudos oriundos

    do pouso e decolagem de avies nos aeroportos.

    11

  • Os problemas causados pelos rudos so de particular interesse da sociedade

    brasileira, que, de acordo com a tabela 1.1, estabeleceu critrios para a exposio

    mxima das pessoas ao rudo.

    Tabela 1.1: Exposio mxima de uma pessoa por dia a rudos [1.2]

    dB Mximo

    Horas de exposio por dia (h)

    Acima de 110 0 At 110 0,25 At 100 1 At 90 4 At 85 8

    A tabela acima apresentada na unidade de medida da intensidade de um som

    denominada de decibel (dB). Uma mudana de 1dB pode ser detectada pelo ouvido

    humano, e se, um nvel sonoro aumentado ou diminudo em 10dB, o ouvido humano

    interpreta como se o nvel sonoro tivesse dobrado ou cado pela metade,

    respectivamente.

    A tabela 1.2 apresenta uma escala de nveis sonoros em funo dos ambientes de

    rotina normal das pessoas, enquanto que a tabela 1.3 apresenta uma escala

    comparada com as sensaes humanas.

    Tabela 1.2: Escala de nveis sonoros comparados a rotina do dia a dia [1.2]

    Nvel sonoro (dB) Ambiente

    0 10 Laboratrio acstico a prova de rudos 10 20 Estdios de rdio muito isolados 20 30 Interior de uma grande igreja 30 40 Conversa em voz moderada 40 50 Escritrio comum 50 60 Lojas e ruas residenciais 60 70 Rua de trfego mdio e fbrica de mdio porte 70 80 Orquestra sinfnica 80 90 Rua muito barulhenta

    90 110 Passagem de um trem subterrneo 110 120 Trovo muito forte / Turbina de avio a 100m

    130 Turbina de avio a 25m / Limiar da dor

    12

  • Tabela 1.3: Escala de nveis sonoros comparados as sensaes humanas [1.2]

    Nvel sonoro (dB) Sensao humana

    0 10 Silncio anormal 10 30 Muito quieto 30 50 Calmo 50 70 Msica e rudos comuns 70 90 Barulhento

    90 110 Desagradvel, penoso 110 - 130 Insuportvel

    Para a soluo dos problemas causados pelos rudos, existem diversos tratamentos

    acsticos adequados, tais como: (a) tratamento da fonte de rudo, atravs de aes

    mecnicas corretivas como a aplicao de material absorvente acstico ou at mesmo

    enclausurando a fonte sonora; (b) tratamento acstico do caminho percorrido pelo

    rudo, desde a fonte sonora at o receptor; (c) proteo do receptor atravs da

    construo de estruturas acusticamente eficientes, que reduzam o nvel do rudo no

    local; ou at mesmo, (d) uma combinao desses trs tipos de tratamento.

    Para o caso de edifcios residenciais, o qual abordado no presente trabalho, aplica-

    se uma soluo baseada no isolamento acstico. Para compreender melhor,

    isolamento acstico refere-se capacidade de certos materiais formarem uma

    barreira, impedindo que a onda sonora (ou rudo) passe de um recinto para o outro.

    Nestes casos se deseja impedir que o rudo alcance o homem. importante saber que

    o som no atravessa as paredes e sim as faz vibrar. A energia mecnica de vibrao

    da parede transmite movimento ao ar, gerando regies de depresso e compresso,

    denominadas ondas sonoras, que se movimentam na velocidade do som.

    Essa soluo pode ainda ser melhorada pelo princpio da absoro acstica, quando

    insere-se materiais especiais nos vazios dessas paredes. A absoro acstica, o

    fenmeno que minimiza a reflexo das ondas sonoras num mesmo ambiente, ou seja,

    diminui ou elimina o nvel de reverberao do som no ambiente. Nestes casos se

    deseja, alm de diminuir os nveis de presso sonora do recinto, melhorar o nvel de

    conforto acstico da edificao.

    13

  • Pelo princpio da absoro acstica, a energia sonora absorvida e transformada em

    calor sempre que encontra um material de estrutura porosa, que pode absorver de 30

    a 100% da energia incidente, dependendo da espessura e da freqncia. Os materiais

    para absoro acstica possuem ento baixa e mdia densidade, so fibrosos e de

    poros abertos.

    Com as consideraes feitas acima, conclui-se que paredes leves no so

    recomendadas para impedir a transmisso do som, pois ao vibrar, essas paredes se

    tornam fontes secundrias de som. Recomenda-se, portanto, que as paredes sejam

    suficientemente pesadas, pois quanto mais massa tiver a parede, maior dificuldade o

    som ter para faze-la vibrar. Por essa propriedade, pode-se dizer que as paredes de

    alvenaria amplamente utilizadas nas construes brasileiras, so excelentes sistemas

    de isolamento acstico, enquanto que as paredes do sistema Steel-Frame, sempre

    muito leves, no possuem o mesmo comportamento.

    O isolamento acstico est diretamente ligado ao peso especfico de cada material.

    Desta maneira, quanto mais pesado o material maior ser sua isolao. Porm, como

    soluo para o isolamento acstico das paredes Steel-Frame, utiliza-se um eficiente

    sistema denominado massa-mola-massa, cujo resultado desta descontinuidade de

    meios proporciona resultados, por vezes, superiores a sistemas pesados com um

    nico tipo de material.

    Este fator observado e comprovado quando compara-se paredes de alvenaria

    convencional, ou at mesmo de concreto, com paredes de gesso acartonado. As

    paredes de gesso acartonado formam o sistema massa (gesso) + mola (ar) + massa

    (gesso). Esse sistema aumenta ainda mais a sua isolao quando acrescenta-se l

    mineral em seu interior, pois a l como um excelente absorvente acstico, fortalece a

    funo mola.

    Logo, para a soluo do projeto aplica-se os ndices adotados internacionalmente de

    isolao de paredes de gesso acartonado [1.2], com e sem absorvente acstico, de

    acordo com a tabela 1.4.

    14

  • Tabela 1.4: ndice de absoro de rudos [1.2]

    Configurao da parede (mm)

    Intensidade do rudo absorvido

    (dB)

    43

    33

    45

    39

    49

    43

    52

    46

    15

  • Portanto, de acordo com as configuraes apresentadas na tabela 1.4, o sistema de

    paredes de gesso acartonado possui como ponto forte isolao acstica, pois

    permite flexibilidade para atender os mais variados ndices de conforto acstico

    exigidos, com extrema leveza. Esta caracterstica se sobressai em relao s paredes

    de alvenaria convencionais, pois estas tm um determinado ndice de isolao e, para

    aprimor-lo no to simples como no sistema de paredes secas.

    1.4. CONFORTO TRMICO

    Todos os edifcios, sejam eles comerciais, industriais e/ou residenciais, so sistemas

    que tm como finalidade criar barreiras climticas de modo que no interior dos

    mesmos possam existir condies diferentes do exterior, proporcionando conforto

    trmico. Deve-se encarar ento o isolamento trmico dos elementos de revestimento,

    tais como paredes, agindo de forma a controlar as condies trmicas de um ambiente

    ocupado por pessoas, garantindo dessa forma um conforto trmico adequado.

    No caso de algumas construes, a ineficincia do tratamento trmico acaba gerando

    desconforto e, para que seja compensada essa situao, so empregados

    equipamentos de ar condicionado e/ou calefao, que normalmente so super

    dimensionados, gerando custos adicionais como o consumo de energia exagerado e

    custos operacionais na obra.

    Existem trs tipos de transmisso de calor: (a) por conduo, que a transmisso de

    molcula a molcula sem perda aparente de matria, ocorrendo nos materiais slidos;

    (b) por radiao, que a transmisso por ondas eletromagnticas entre corpos de

    diferentes temperaturas e com variaes em funo da geometria e da superfcie do

    corpo e, finalmente, (c) a transmisso por conveco, que ocorre a partir de uma

    superfcie para um fluido em movimento, dependendo do tipo de escoamento, da

    forma e das condies da superfcie.

    A capacidade que um determinado material possui de retardar o fluxo de calor

    denominada de resistncia trmica. A resistncia trmica de um material pode ser

    calculada pela seguinte equao:

    16

  • keR = (eq 1.1)

    Onde

    e = espessura do material em metros;

    k = coeficiente de condutividade trmica.

    O coeficiente de condutividade trmica uma caracterstica particular de cada

    material, medido em laboratrio, com dimenso de W/mC. Quanto menor o valor de k,

    mais isolante o material.

    Logo, a resistncia trmica dada pelo dimensional m2C/W e quanto maior o seu

    valor, melhor o desempenho de isolamento trmico do material. A tabela 1.5

    apresenta os valores dos coeficientes de condutividade trmica de alguns materiais de

    construo.

    Tabela 1.5: Coeficientes de condutividade trmica

    Material k (W/mC) Ao 53,33

    Concreto 1,40 Argamassa de revestimento 1,40

    Ar 0,027 Gesso 0,20

    Tijolo cermico furado 0,88

    De posse desses valores pode-se calcular a resistncia trmica de paredes de gesso

    acartonado e de paredes de alvenaria comum, com as espessuras arquitetnicas

    geralmente aplicadas em edifcios residenciais. A figura 1.12 ilustra as dimenses

    geomtricas de duas paredes, cujas resistncias trmicas so calculadas pelas

    equaes 1.2 e 1.3.

    17

  • Figura 1.12: Dimenses geomtricas de paredes para o clculo da resistncia trmica

    W/Cm16,0Cm/W88,0

    m12,0Cm/W40,1

    m015,02R 2a =+= (eq 1.2)

    W/Cm85,3Cm/W20,0

    m025,0Cm/W027,0

    m10,0Cm/W40,1

    m025,0R 2b =++= (eq 1.3)

    Onde

    Ra = resistncia trmica da parede de alvenaria da figura 1.12a;

    Rb = resistncia trmica da parede Steel-Frame da figura 1.12b.

    Adotando para o valor do coeficiente de condutividade trmica da placa cimentcia, o

    valor dado pela tabela 1.5 para argamassa de revestimento, pode-se concluir com os

    resultados das equaes 1.2. e 1.3, que uma parede Steel-Frame com as mesmas

    dimenses geomtricas de uma tpica parede de alvenaria, possui um desempenho

    trmico muito superior. Em adio a essa concluso, resultados experimentais [1.3]

    comprovam que o sistema de paredes Steel-Frame proporciona conforto trmico

    adequado, para a aplicao em residncias.

    18

  • 1.5. PAINIS DIAFRAGMAS ESTRUTURADOS EM STEEL-FRAME

    No projeto das edificaes, comum a prtica de se atribuir um sistema de

    travamento horizontal capaz de resistir aos carregamentos de vento e, para o caso de

    pases como Japo e Estados Unidos, aos carregamentos devidos a terremotos.

    Atualmente, os sistemas de pisos Steel-Frame e de paredes estruturais tambm

    esto sendo utilizados para desempenhar essa funo nas estruturas. Desde que,

    adequadamente conectados estrutura principal, tornando-se capazes de resistir a

    tais esforos. O uso desses componentes estruturais, pode eliminar a necessidade do

    dimensionamento de sistemas de contraventamento independentes para as estruturas,

    reduzindo dessa forma os custos da construo.

    Desde 1947 [1.4] que inmeros ensaios tem sido realizados com painis diafragmas

    estruturados em Steel-Frame. NILSON [1.5-1.6] resume em seu trabalho os

    resultados obtidos para esses ensaios realizados at 1960, que posteriormente

    originaram as recomendaes para o dimensionamento e a realizao de ensaios para

    esses tipos de painis, publicadas primeiramente em 1967 pelo AISI Design of Light

    Gage Steel Diaphragms [1.7], sendo sempre atualizadas at a sua atual verso de

    1996.

    Durante as ltimas dcadas, o desenvolvimento de novos produtos e novas tcnicas

    de construo tem crescido rapidamente para as aplicaes de paredes de

    cisalhamento e painis diafragmas de pisos, utilizando perfis formados a frio, ou como

    se est denominando nesse trabalho, sistemas estruturais Steel-Frame.

    Em adio a essa aplicao, os painis estruturais utilizados nas paredes e nos pisos,

    tambm podem contribuir para prevenir a flambagem lateral das vigas, no caso dos

    painis de pisos, e prevenir a flambagem global das colunas, para o caso dos painis

    de paredes. Mesmo painis relativamente flexveis, ou seja, no muito rgidos, podem

    aumentar em muito a capacidade de carga das colunas e oferecer um suporte

    horizontal suficiente para prevenir a flambagem lateral das vigas. A figura 1.13 ilustra a

    aplicao desses painis.

    19

  • Figura 1.13: Painis de paredes e pisos Steel-Frame atuando como diafragmas

    O desempenho estrutural desses diafragmas de ao depende diretamente da

    configurao dos painis, do tipo das conexes, da resistncia e da espessura do

    material utilizado, do comprimento dos vos entre vigas, das alturas das paredes, etc.

    Logo, devido a esse grande nmero de parmetros que a anlise desses diafragmas

    se torna complexa. Atualmente, o comportamento desses painis tem sido

    determinado com a realizao de ensaios ou com o auxilio de programas de

    modelagem estrutural em elementos finitos.

    Como esse estudo est voltado para os painis diafragmas de cisalhamento verticais,

    ou seja, as paredes de cisalhamento, apresenta-se abaixo as caractersticas que

    usualmente afetam esse comportamento.

    Na configurao dos painis a dimenso que exerce maior influncia sobre o

    comportamento estrutural a altura [1.4]. Quanto mais alto os painis, maiores so os

    efeitos de distoro prximos s bordas. importante ressaltar que as chapas de

    contraventamento horizontal, tm uma enorme importncia para a resistncia final do

    painel de cisalhamento.

    A largura dessas paredes tambm exerce algum tipo de influncia [1.4], ou seja,

    painis com larguras pequenas geralmente possuem uma resistncia ao cisalhamento

    maior que a dos painis de larguras maiores, como era de se esperar de acordo com a

    mesma proporcionalidade da altura.

    20

  • Outras caractersticas que contribuem para o comportamento estrutural, so a

    espessura das chapas e a resistncia do ao utilizado. As perfuraes dos perfis para

    a passagem das instalaes eltricas e hidrulicas tambm causam um pequeno

    aumento nos deslocamentos, quando comparados com painis construdos a partir de

    perfis sem furos.

    Como a proposta desse trabalho um estudo de caso para o sistema Steel-Frame

    atuando como painis diafragmas de contraventamento, esse breve resumo teve o

    objetivo de introduzir o leitor nas discusses que sero abordadas nos captulos

    subseqentes.

    1.6. OBJETIVOS

    O presente trabalho sugere um novo sistema construtivo com aplicao em

    edificaes verticais de pequeno porte, ou seja, prdios residenciais e/ou comerciais

    de at 5 pavimentos. Esse limite adotado pelo fato dessas edificaes no

    precisarem de sistemas de elevadores, o que aumentaria muito os custos da

    construo.

    A motivao para tal estudo veio do grande nmero de empreendimentos residenciais

    que os governos dos estados brasileiros vem financiando para a populao de baixa

    renda nas periferias das grandes cidades. Esses empreendimentos visam substituir os

    grandes complexos de favelas existentes hoje, por conjuntos habitacionais contendo

    toda infraestrutura bsica, para garantir o mnimo de dignidade a populao mais

    carente da sociedade brasileira.

    Para o sucesso desses empreendimentos, velocidade e baixo custo associados so

    fundamentais. Para atingir tal objetivo, a indstria da construo civil brasileira vem

    passando por uma srie de mudanas, onde o imperativo a execuo de

    construes de qualidade assegurada e em larga escala.

    Dentro desse contexto de construo, a estrutura metlica vem ganhando fora e

    espao no mercado. Aliado a esses fatores, as usinas siderrgicas brasileiras

    21

  • produzem hoje aos para a construo civil, em espessuras adequadas, com alta

    resistncia corroso atmosfrica, como os aos zincados, permitindo dessa forma

    maior durabilidade das edificaes.

    Sistemas construtivos estruturados em ao e com alto grau de industrializao, esto

    sendo cada vez mais introduzidos no mercado brasileiro. Atualmente, j existem no

    Brasil projetos de edificaes habitacionais de at 7 pavimentos estruturadas em ao.

    Porm, essas estruturas so executadas usando como sistema de vedao paredes

    de alvenaria, ainda nos moldes dos edifcios de concreto armado.

    O sistema construtivo proposto, lana mo de uma estrutura principal com vigas e

    colunas formadas por perfis formados a frio, combinada com paredes Steel-Frame,

    que alm de servirem como sistema de vedao, funcionam como contraventamento

    da edificao. A figura 1.14 apresenta um dos prticos do sistema estrutural proposto.

    Figura 1.14: Prtico da estrutura constituda por paredes Steel-Frame (m)

    O objetivo principal do presente trabalho comprovar a eficcia estrutural do sistema,

    bem como sugerir um sistema totalmente industrializado para a execuo de projetos

    habitacionais, partindo do princpio de que todos os elementos, como os painis

    22

  • Steel-Frame, j venham pr-montados de fbrica. Os resultados obtidos para o

    sistema estrutural proposto, tambm sero comparados com os resultados de um

    sistema estrutural j aplicado para esse tipo de edificao, como ser visto no captulo

    3, referente a modelagem estrutural.

    23

  • CCAAPPTTUULLOO 22

    PPEERRFFIISS FFOORRMMAADDOOSS AA FFRRIIOO

    2.1. CONSIDERAES GERAIS

    Na construo em ao, existem duas grandes famlias de elementos estruturais: uma

    a famlia dos perfis laminados a quente, juntamente com os perfis soldados de chapas

    grossas; a outra, a famlia dos perfis formados a frio, ou seja, os perfis dobrados de

    chapa.

    A utilizao dos perfis formados a frio na construo civil, em muitos casos representa

    uma soluo econmica e elegante, isto devido ao fato desses perfis possurem maior

    esbeltez que os perfis laminados, conduzindo dessa forma a estruturas mais leves.

    O uso dos perfis formados a frio como elementos estruturais na construo civil,

    comeou aproximadamente em 1850, quase que simultaneamente nos Estados

    Unidos e na Inglaterra. Todavia, tais perfis s passaram a ser largamente utilizados a

    partir de 1940. Dessa data em diante, a aplicao desses perfis tem crescido bastante,

    impulsionada pela publicao de normas tanto na Amrica do Norte como na Europa.

    No entanto, essa tecnologia s desembarcou por aqui em meados dos anos noventa e

    a sua utilizao ainda est muito pouco difundida, devido a inmeros fatores

    econmicos e culturais.

    Em geral, a utilizao de perfis formados a frio como elementos estruturais na

    construo de edificaes, possui as seguintes vantagens:

    Ao contrrio da famlia de perfis laminados e soldados, os perfis formados a frio podem ser dimensionados para carregamentos mais leves e para menores vos;

    Inmeras sees podem ser fabricadas pelas operaes de dobramento a frio, obtendo-se dessa forma timas relaes de resistncia x peso;

    24

  • Painis estruturais de paredes e pisos podem facilmente ser executados com tais perfis, facilitando a passagem de dutos de eletricidade e encanamentos das

    instalaes hidrulicas, alm de resistirem a carregamentos;

    Esses painis alm de suportarem os carregamentos normais, tambm atuam estruturalmente como painis diafragmas, resistindo a esforos de cisalhamento em

    seus prprios planos.

    Comparados a outros tipos de materiais como a madeira e o concreto, as estruturas

    de perfis formados a frio, principalmente as estruturas residenciais, ou estruturas

    Steel-Frame, possuem muitas vantagens a saber:

    Menor peso e conseqente alvio das fundaes;

    Alta resistncia;

    Produo em escala e pr-fabricao, diminuindo os custos;

    Velocidade de montagem na obra;

    Economia no manuseio e no transporte;

    Qualidade uniforme das peas;

    Material totalmente reciclvel.

    Logo, a combinao de todas essas vantagens resulta em um sistema construtivo

    limpo, econmico e de alta tecnologia empregada.

    Para os perfis formados a frio, existe uma grande quantidade de tipos de sees

    transversais. Porm, pode-se dividir essas sees em dois grandes grupos: o dos

    perfis estruturais individuais e o dos perfis de chapas corrugadas.

    Embora o dobramento a frio permita para o grupo dos perfis estruturais individuais

    uma larga gama de sees transversais, os tipos de sees mais freqentemente

    encontradas no mercado, so as sees cantoneiras (tambm denominadas como L),

    C, C enrijecido, Z, Z enrijecido e cartola.

    25

  • Figura 2.1: Sees transversais dos perfis formados a frio

    J para o grupo dos perfis classificados como chapas corrugadas, as sees mais

    comuns so as de telhas, utilizadas geralmente como tapamentos laterais e coberturas

    de edificaes industrias e comerciais, e as sees de Steel-Deck, que so utilizadas

    para a fabricao de lajes mistas, atuando como forma para a concretagem em uma

    primeira fase, e como a armadura positiva das lajes na fase seguinte.

    Figura 2.2: Sees transversais dos perfis formados a frio de chapas corrugadas

    2.2. MATERIAIS E FABRICAO

    Os perfis formados a frio so normalmente fabricados a partir de bobinas de chapas

    finas laminadas a frio ou a quente. A figura 2.3 ilustra o processo de fabricao dessas

    bobinas.

    26

  • Figura 2.3: Processo de fabricao das chapas metlicas [2.1; 2.2 e 2.3]

    Geralmente as espessuras dessas chapas variam entre 0,32mm e 6,40mm, no

    entanto, as espessuras mais utilizadas so aquelas padronizadas pelas usinas. A

    figura 2.4 mostra a foto de uma bobina laminada a frio revestida com zinco e a tabela

    2.1 apresenta as dimenses padres das bobinas e chapas fabricadas pela CSN

    Companhia Siderrgica Nacional.

    Figura 2.4: Foto de uma bobina zincada [2.3]

    27

  • Tabela 2.1: Dimenses das bobinas e chapas CSN para aplicaes na construo civil

    [2.4]

    Ao Estrutural Ao Zincado Espessura

    Padro (mm)

    Massa (kg/m2)

    Largura Padro (mm)

    Comp. Padro (mm)

    Espessura Padro (mm)

    Massa (kg/m2)

    Largura Padro (mm)

    Comp. Padro (mm)

    2,00 15,70 0,30 2,36

    2,25 17,66 0,35 2,75

    2,65 20,80 0,43 3,38

    3,00 23,55 0,50 3,93

    3,35 26,30 0,65 5,10

    3,75 29,44 0,80 6,28

    4,25 33,36 0,95 7,46

    4,50 35,33 1,11 8,71

    4,75 37,29 1,25 9,81

    5,00 39,25 1,55 12,17

    6,30 49,46 1,95 15,31

    8,00 62,80 2,30 18,06

    9,50 74,58 2,70 21,20

    12,50 98,13

    1000 1100 1200 1500

    2000 3000 6000

    1000 1100 1200 1300 1400 1500

    2000 2500 3000 4000

    Para garantir a qualidade do ao que usado na fabricao dos perfis Steel-Frame,

    algumas propriedades so levadas em considerao, tais como:

    Tenso de escoamento e de ruptura;

    Mdulo de elasticidade;

    Ductilidade;

    Soldabilidade;

    Revestimento da camada de zinco.

    A tabela 2.2 apresenta as propriedades dos aos estruturais fabricados pela CSN para

    aplicao na construo civil.

    28

  • Tabela 2.2: Propriedades dos aos para a construo civil fabricados pela CSN [2.4]

    Ao Estrutural (Patinvel) Composio Qumica

    (% mxima) Propriedades Mecnicas Norma Tcnica Grau

    C P S Limite de

    Escoamento (MPa)

    Limite de Resistncia

    (MPa) COR 420 0,17 0,025 0,025 300 420

    CSN COR COR 500 0,17 0,025 0,025 380 500

    Ao Zincado (Qualidade Estrutural) Composio Qumica

    (% mxima) Propriedades Mecnicas Norma Tcnica Grau

    C P S Limite de

    Escoamento (MPa)

    Limite de Resistncia

    (MPa) ZAR 230 0,20 0,04 0,04 230 310

    ZAR 250 0,20 0,10 0,04 250 360

    ZAR 280 0,20 0,10 0,04 280 380

    ZAR 345 0,20 0,10 0,04 345 430

    NBR 10735

    ZAR 550 0,20 0,10 0,04 550 570

    A resistncia dos perfis Steel-Frame, depende diretamente das tenses de

    escoamento e ruptura do ao, assim como, o valor do mdulo de elasticidade

    importante para a anlise dos deslocamentos. A NBR 14762 [2.5] e o AISI [2.6]

    impem limites mnimos para a tenso de escoamento que deve ser adotada nos

    projetos, quando o ao utilizado para a fabricao dos perfis, no possui qualidade

    estrutural.

    As outras propriedades como a ductilidade e a soldabilidade, tambm so importantes

    para as estruturas de perfis formados a frio. A ductilidade influencia nos processos de

    conformao, enquanto que a soldabilidade dos aos utilizados influencia diretamente

    na fabricao e montagem da estrutura. A espessura de zinco utilizada como

    revestimento, tem um papel importante de proteo contra a corroso desses perfis de

    pequenas espessuras, e ser vista mais adiante em detalhes.

    Quanto fabricao, pode-se dizer que os perfis formados a frio so basicamente

    fabricados de duas formas:

    Fabricao contnua em mesa de conformao por roletes;

    29

  • Fabricao descontnua em dobradeira vertical.

    Na fabricao contnua, o perfil conformado gradualmente por roletes que tm a

    funo de dar forma da seo transversal desejada. Esse processo compreende as

    seguintes etapas, desde o recebimento da bobina, at o perfil pronto:

    a) Corte da bobina em rolos da largura necessria;

    b) Planagem na chapa, para entrada na mesa de conformao;

    c) Conformao do perfil na mesa de roletes;

    d) Corte do perfil no comprimento desejado.

    A figura 2.5 ilustra a foto de uma perfiladeira, nome geralmente adotado para as

    mesas de conformao por roletes.

    Figura 2.5: Perfiladeira [2.7]

    A fabricao descontnua, se d atravs da utilizao de dobradeiras, como so

    normalmente chamados esses equipamentos, acionadas por motores eltricos ou por

    sistemas hidrulicos. Os comprimentos dos perfis fabricados por esse processo,

    geralmente esto limitados a 4 metros, que o comprimento mximo dessas

    mquinas. A figura 2.6 apresenta a foto de uma dobradeira comumente utilizada. Este

    30

  • processo de fabricao se presta muito bem a pequenos volumes de produo e a

    perfis de sees especiais, fora dos padres usuais dos fabricantes.

    Figura 2.6: Dobradeira [2.7]

    2.3. PROTEO CONTRA A CORROSO

    A corroso pode ser definida como o processo de oxidao do ao resultante de

    reaes qumicas ou eletroqumicas quando submetido ao climtica. Esse

    processo promove a destruio ou deteriorao do material (ao).

    Existem diversos processos de corroso [2.8], porm, para o estudo dos perfis

    estruturais e em particular para os perfis formados a frio, os processos de corroso

    mais importantes so trs:

    Ataque uniforme: o mais comum ataque corrosivo, age sobre a superfcie do material e causado pela exposio da pea na atmosfera;

    Corroso galvnica: ocorre entre dois metais diferentes quando imersos num meio condutor. Nessas circunstncias surge uma corrente eltrica contnua corroendo o

    material anodo, ou seja, o material que cede eltrons;

    31

  • Corroso em fendas: ocorre por acmulo de ambiente corrosivo em depsitos tais como juntas de superposio (telas), furos, depsito em superfcie, etc.

    Esses processos so importantes, pois esto relacionados com o ambiente em que a

    estrutura erguida e com as ligaes entre os elementos. O ambiente, ou seja, a

    atmosfera em que a estrutura colocada, basicamente composto de oxignio,

    nitrognio e vapor dgua, alm de outros constituintes, como gases e partculas, que

    surgem em funo de atividades humanas e/ou fenmenos naturais e so chamados

    poluentes atmosfricos. Dessa forma pode-se classificar a atmosfera em cinco

    diferentes tipos, a saber [2.4]:

    Atmosfera rural: possui baixas concentraes de poluentes, como silcio e o CO2;

    Atmosfera urbana: existe a presena de diversos gases, como SO2 e CO2;

    Atmosfera industrial: presena de alta concentrao de diversos compostos, sendo os principais os sulfetos (SO2, H2S), cloretos, amnias, CO2, etc. A concentrao

    desses componentes depende das indstrias localizadas na regio;

    Atmosfera marinha: presena de cloretos que variam em concentrao, em funo da proximidade do mar;

    Atmosfera mista: geralmente onde se misturam os formadores de agentes contaminantes, tais como o industrial-urbana, marinha-urbana, etc.

    Como a corroso um processo espontneo, causado principalmente pelo tipo de

    ambiente em que a estrutura est exposta, ela deve ser minimizada ou inibida sob o

    risco de deteriorao dos materiais. Para isso existem diversos tipos de proteo. Os

    principais mtodos utilizados atualmente so listados abaixo [2.4]:

    Adio de elementos de liga ao material metlico: alguns metais, e particularmente o ao, tornam-se mais resistentes corroso pela adio de determinados elementos de

    liga. Este o caso dos aos aclimveis ou patinveis;

    Revestimentos metlicos: isolam a superfcie do metal do meio corrosivo, por meio de revestimento com metais mais resistentes corroso. Como exemplo deste

    processo tem-se o estanhamento e a zincagem;

    32

  • Revestimentos orgnicos: situao semelhante anterior, onde o revestimento realizado por meio de aplicao de tinta ou outra substncia metlica. o mtodo

    mais utilizado;

    Revestimentos inorgnicos: neste caso o revestimento realizado por meio da aplicao de uma pelcula no metlica inorgnica sobre a superfcie do ao. Como

    exemplos pode-se citar a cromatizao e a fosfatizao;

    Modificao do meio corrosivo: visam modificar a agressividade do meio corrosivo, por meio de alterao nas suas caractersticas fsicas ou qumicas, ou por meio de

    adio ao meio de determinados compostos. Dentre estes mtodos, pode-se citar a

    diminuio da umidade relativa, controle de pH e reduo da temperatura;

    Prticas de projeto: consistem na utilizao de prticas, reconhecidas como eficazes, na proteo anticorrosiva de equipamentos e instalaes industriais. Como exemplo,

    pode-se citar: evitar cantos vivos, prever fcil acesso s reas suscetveis corroso e

    prever soldas bem acabadas.

    No cotidiano dos escritrios de clculo, todos esses mtodos so aplicados e

    especificados nos projetos. Porm, como o captulo se prope a dar informaes

    sobre os perfis formados a frio, o texto apresenta dentre os mtodos citados, dois

    comumente usados, principalmente como especificaes dos aos de fabricao

    desses perfis.

    Um tipo particular de ao estrutural utilizado para a fabricao desses perfis que pode

    dispensar a proteo corroso atmosfrica (como a pintura), o chamado ao

    patinvel. Esse ao estrutural de alta resistncia a corroso, pois trata-se de um ao

    de baixa liga que recebe em sua composio qumica pequenas quantidades de

    cobre, cromo, nquel e fsforo.

    Na medida em que o ao patinvel exposto ao ambiente, vai se formando a ptina. A

    ptina uma camada de xido que se forma sobre a superfcie do ao, que tem

    caractersticas diferentes de uma oxidao comum. Dessa forma aps se estabilizar, a

    ptina ir impedir que os elementos causadores da corroso atmosfrica atinjam o ao

    que est no interior (ao base), garantindo a resistncia da pea de ao. Geralmente a

    ptina se apresenta com uma colorao vermelho escura, com pequenas variaes de

    33

  • tons, dependendo da agressividade do ambiente. Em condies normais, o processo

    de formao da ptina pode levar de 1 a 3 anos.

    Apesar dos aos patinveis serem amplamente utilizados para a construo civil, para

    o sistema construtivo Steel-Frame, onde os perfis so bem mais esbeltos em funo

    das espessuras, a aplicao dos aos zincados representa a melhor soluo.

    A zincagem um dos processos mais efetivos e econmicos empregados para

    proteger o ao da corroso atmosfrica. O efeito da corroso ocorre por meio da

    barreira mecnica exercida pelo revestimento e tambm pelo efeito sacrificial (perda

    de massa) do zinco em relao ao ao base (proteo catdica ou galvnica). Dessa

    forma, o ao continua protegido, mesmo com o corte das chapas ou riscos no

    revestimento de zinco, que sempre ocorrem na montagem das estruturas.

    Junta-se a isso, a capacidade das chapas zincadas poderem ser submetidas aos

    mesmos processos de conformao das chapas no revestidas, e apresentam

    condies adequadas para a pintura e soldagem. Enquanto a camada de zinco estiver

    intacta, esta garante a resistncia corroso atmosfrica da pea de ao, e caso a

    camada de zinco sofra pequenos danos, entra em ao a proteo catdica do zinco,

    garantindo a integridade da regio exposta.

    Este processo largamente utilizado, garantindo uma grande durabilidade contra a

    corroso, mesmo nas condies mais severas, como a atmosfera marinha, permitindo

    que se trabalhe com espessuras de ao bem mais finas. No entanto, o processo no

    garante 100% de proteo, pois mesmos os aos zincados degradam sob condies

    muito agressivas.

    Os processos de ligao mais utilizados nas montagens e confeco das estruturas

    Steel-Frame, utilizando perfis de chapas zincadas, envolvem principalmente o uso de

    parafusos, rebites e cravaes a frio (Anexo A). Quando a soldagem de elementos

    indispensvel, deve-se ter o cuidado de utilizar processos de soldagem adequados.

    Recomenda-se nesses casos, a reconstituio das regies onde o revestimento foi

    afetado, utilizando-se para isso tintas ricas em zinco.

    34

  • Existem diversos tipos de revestimento de zinco relacionados diretamente com a

    massa de zinco depositada sobre a superfcie do ao. A tabela 2.3 apresenta os tipos

    de revestimentos de zinco fornecidos pela CSN.

    Tabela 2.3: Tipos de revestimentos de zinco [2.3]

    Tipo Massa mnima de zinco por

    face (g/m2)

    Espessura da camada

    (m) X 24 10 Z 34 14 A 64 24 B 100 36 C 126 47 D 156 58 E 180 65 F 204 74 G 232 86

    Para os perfis Steel-Frame, o revestimento mnimo permitido o do tipo B, ou seja, o

    equivalente a uma espessura de 36m ou 0,036mm para a camada de zinco aplicada sobre o ao base.

    2.4. CONSIDERAES DE PROJETO

    do conhecimento de todos, que na natureza no existe carregamento perfeitamente

    centrado, material perfeitamente homogneo ou um eixo perfeitamente reto, o que

    significa na prtica a inexistncia de um perfil industrial de ao sem imperfeies.

    Essas imperfeies so tais, que contribuem diretamente para os fenmenos de

    instabilidade estrutural. Para os perfis formados a frio, existem basicamente trs tipos

    de imperfeies que os afetam, a saber:

    Imperfeies geomtricas;

    Tenses residuais;

    35

  • Variao das caractersticas mecnicas do ao.

    As imperfeies geomtricas longitudinais apresentadas por esses perfis so dadas

    pelas suas flechas iniciais. No entanto, os mtodos de fabricao apresentados

    anteriormente, conduzem a resultados muito satisfatrios, ou seja, a obteno de

    peas praticamente retas. A norma adotada na Sucia para perfis formados a frio

    [2.9], fornece indicaes bem completas a respeito das imperfeies geomtricas

    globais e locais, que devem ser respeitadas.

    Um outro tipo de imperfeio comumente encontrada nos perfis formados a frio, so

    as tenses residuais. Para o caso da famlia dos perfis laminados, sabe-se que essas

    tenses se desenvolvem na direo longitudinal do perfil, e que so ocasionadas em

    grande parte pelo processo de resfriamento sofrido. Ou seja, como o resfriamento das

    regies superficiais se d mais rapidamente do que nas regies internas, o gradiente

    de tenso assim criado, conduz ao aparecimento das tenses residuais.

    J para o caso dos perfis formados a frio, a induo das tenses residuais acontece

    em duas fases: primeiramente na fabricao da chapa bobinada, e posteriormente no

    processo de dobramento a frio para a fabricao do perfil. No caso das chapas finas

    fabricadas a quente, o aspecto da distribuio das tenses residuais pode ser

    representado pela parbola indicada na figura 2.7. Naturalmente, a resultante das

    tenses residuais deve ser nula, o que implica nas reas dos diagramas de tenses de

    trao ( > 0) e de compresso ( < 0) serem iguais. J as tenses residuais induzidas no processo de conformao a frio, so distintas para cada um dos

    processos listados anteriormente.

    Figura 2.7: Distribuio de tenses residuais em chapas

    36

  • O processo de conformao em dobradeiras induz o aparecimento de tenses

    residuais importantes nas faces das paredes do perfil, originadas pela sua flexo. J

    no processo de conformao em mesa de roletes, essas tenses so insignificantes.

    No entanto, em ambos os processos de fabricao as tenses residuais mximas

    ocorrem nos cantos arredondados.

    Finalmente, considera-se a imperfeio no perfil de chapa dobrada causada pela

    variao nas caractersticas mecnicas do ao. O trabalho de conformao a frio

    encrua o ao e modifica suas caractersticas mecnicas. Esse encruamento do ao, ou

    seja, a plastificao a frio, ocasiona uma elevao do limite elstico do material assim

    como de sua tenso ltima [2.10]. O grfico da figura 2.8 ilustra esse efeito

    qualitativamente.

    Figura 2.8: Grfico de encruamento

    Resumidamente, pode-se afirmar que as imperfeies podem contribuir

    favoravelmente ao comportamento estrutural dos perfis formados a frio, como o caso

    do encruamento, assim como contribuem desfavoravelmente, como o caso das

    imperfeies de origem geomtricas e as tenses residuais.

    37

  • 2.5. ESTADO DA ARTE

    Nesse item apresenta-se uma reviso bibliogrfica a respeito dos mais recentes

    estudos que esto sendo desenvolvidos, sobre os perfis formados a frio de paredes

    com pequena espessura. Nos ltimos anos, a fabricao de materiais de alta

    resistncia e as inmeras aplicaes estruturais utilizando tais perfis, bem como o

    desenvolvimento de um maior nmero de tipos de sees transversais, tm promovido

    um significante crescimento das pesquisas voltadas para os perfis formados a frio.

    Pode-se dividir em tpicos esses estudos que foram, ou ainda esto sendo

    desenvolvidos atualmente, a respeito do assunto, visto que, o comportamento

    estrutural dos perfis formados a frio bastante complexo, envolvendo novos conceitos

    de dimensionamento estrutural.

    Colunas formadas por perfis formados a frio sujeitas a carregamentos de compresso

    tem sido pesquisadas principalmente para trs tipos de sees: as sees tipo C (e C

    enrijecido), as sees L ou sees cantoneiras e as sees perfuradas, amplamente

    utilizadas nos sistemas Steel-Frame pela necessidade de furos para a passagem das

    instalaes eltricas e hidrulicas.

    Os efeitos da flambagem local e do comportamento dos perfis tipo C submetidos

    compresso com diversas condies de borda, foram estudados por YOUNG e

    RAMUSSEN [2.11], incluindo anlises sobre cargas excntricas [2.12] e sobre os

    modos de bifurcao [2.13].

    Ensaios de compresso em perfis cantoneiras tem sido realizados por POPOVIC

    [2.14] para estudar a flambagem global em relao ao eixo de menor inrcia desses

    perfis, sujeitos a cargas excntricas. Posteriormente POPOVIC [2.15] publicou sua

    pesquisa a respeito de carregamentos excntricos que causam momentos paralelos a

    uma das abas dos perfis cantoneiras. Em ambos trabalhos POPOVIC fez

    recomendaes que esto sendo incorporadas ao novo cdigo americano de

    dimensionamento (AISI, 2001).

    As sees perfuradas tm sido amplamente estudadas por DHANALAKSHMI e

    SHANMUGAM [2.16], utilizando ensaios experimentais e modelos em elementos

    38

  • finitos para desenvolver mtodos de dimensionamento simples para determinao das

    cargas ltimas desses perfis.

    Outros trs fenmenos que tambm tm sido foco de recentes estudos so a

    flambagem distorcional, a flambagem por flexo toro e a flambagem local dos

    elementos de placa constituintes dos perfis formados a frio, principalmente para as

    sees tipo C enrijecido. Como definido na norma Australiana e Nova Zelandesa [2.17]

    , flambagem local o modo que envolve a flexo de placas isoladas, sem que ocorra a

    deformao das linhas, ou seja, das bordas de intersees dessas placas. Por sua

    vez, a flambagem distorcional o modo de flambagem que envolve mudanas na

    configurao geomtrica da seo transversal do perfil sem a ocorrncia de

    flambagem local. J a flambagem por flexo toro o modo de flambagem, onde os

    elementos sujeitos a compresso podem fletir e torcer simultaneamente sem que

    ocorra mudana geomtrica da seo transversal do perfil. A figura 2.9 apresenta um

    grfico contento os trs modos bsicos de flambagem dos perfis formados frio do tipo

    C enrijecido sujeitos a compresso.

    Figura 2.9: Modos de flambagem para sees tipo C enrijecidas sujeitas a compresso

    [2.18]

    KESTI e DAVIES [2.19] tm investigado a flambagem local e distorcional em colunas

    curtas formadas por perfis tipo C enrijecido, comparando com seus resultados

    experimentais, os resultados obtidos com os atuais mtodos de dimensionamento. J

    39

  • SCHAFER e PEKOZ [2.20], tm estudado perfis sujeitos a flexo travados

    lateralmente com a ocorrncia da flambagem distorcional da seo enrijecida. Novos

    procedimentos de dimensionamento propostos comparados com os resultados

    experimentais, tm gerado resultados mais prximos da realidade do comportamento

    estrutural desses perfis, do que os resultados obtidos com os atuais mtodos

    existentes nas normas vigentes. A figura 2.10 apresenta tambm em grfico os modos

    de flambagem dos perfis formados a frio do tipo C enrijecido sujeitos a esforos de

    momento fletor.

    Figura 2.10: Modos de flambagem para sees tipo C enrijecidas sujeitas a flexo

    [2.18]

    Como mostrado anteriormente as sees tipo C enrijecido so as que demandam

    maior nmero de estudos por serem mais largamente utilizadas nos sistemas

    construtivos atuais. Todavia, as sees tipo Z e Z enrijecido tambm so aplicadas em

    diversas situaes, principalmente submetidas a solicitaes de flexo e compresso,

    quando trabalham como suporte de pisos e de paredes Steel-Frame

    respectivamente. LAINE e TUOMALA [2.21] estudaram os perfis Z, Z enrijecido, C e C

    enrijecido determinando experimentalmente a influncia das placas de revestimento

    que so fixadas nos flanges desses perfis, prevenindo dessa forma a flambagem por

    toro lateral. Os resultados demonstraram que as contribuies desses elementos de

    revestimento devem ser levadas em considerao para a determinao da capacidade

    de carga desses perfis.

    40

  • As sees abertas de perfis formados a frio esto sujeitas a deformaes torcionais,

    devido principalmente as baixas resistncias a toro dessas sees, em funo das

    pequenas espessuras das paredes, bem como em funo de estarem sujeitas a

    carregamentos excntricos aos seus centros de toro na maioria das aplicaes,

    como mostra a figura 2.11.

    Figura 2.11: Seo sujeita a carregamento excntrico ao centro de cisalhamento [2.22]

    Com o intuito de estudar esse comportamento, GOTLURU, SCHAFER e PEKOZ [2.23]

    realizaram anlises geomtricas no-lineares utilizando o mtodo dos elementos

    finitos, comparando os resultados tericos com resultados experimentais. Como

    resultado dos estudos sobre os efeitos desse tipo de carregamento, equaes

    interativas foram desenvolvidas para o dimensionamento dos perfis sujeitos a essas

    solicitaes.

    No campo das conexes dos perfis formados a frio, os estudos tm-se concentrado

    em basicamente trs frentes. ROGERS e HANCOCK [2.24-2.26], tm investigado as

    conexes sujeitas ao cisalhamento para diferentes tipos de aos estruturais, com o

    objetivo principal de aprimorar os atuais mtodos de dimensionamento. MATTEIS e

    LANDOLFO [2.27] tm estudado o comportamento dessas conexes em painis

    sujeitos a carregamentos cclicos e MAKELAINEN e KESTI [2.28] com estudos

    41

  • voltados para novos tipos de conectores em painis de chapas corrugadas, como

    telhas metlicas de cobertura.

    Nesse ponto importante citar os recentes estudos a respeito do Mtodo de

    Resistncia Direta. Os mtodos adotados pelas diversas normas e especificaes

    atualmente, para o dimensionamento dos perfis formados a frio, so todos baseados

    no conceito de largura efetiva para elementos enrijecidos e no-enrijecidos. O mtodo

    das larguras efetivas um mtodo elementar, desde que, considere-se os elementos

    que formam a seo transversal dos perfis como sendo elementos isolados. Isto foi

    proposto inicialmente por VON KARMAN [2.29] e calibrado para os elementos

    formados a frio por WINTER [2.30]. Basicamente a aplicao do mtodo das larguras

    efetivas se resume no dimensionamento dos perfis formados a frio, usando para as

    larguras das paredes que formam a seo transversal, larguras efetivas solicitadas por

    uma tenso de projeto.

    Como as sees se tornaram mais complexas, com um maior nmero de

    enrijecedores de borda e intermedirios, o dimensionamento utilizando o mtodo das

    larguras efetivas tambm se tornou mais complexo. As interaes que ocorrem entre

    os elementos, tambm contribuem para uma menor acurcia desse mtodo, que como

    dito anteriormente, estuda os elementos isoladamente. Para solucionar esses

    problemas, um novo mtodo de dimensionamento tem sido desenvolvido por

    SCHAFER e PEKOZ [2.31], denominado de Mtodo de Resistncia Direta. Esse

    mtodo utiliza solues em flambagem elstica para a seo transversal do perfil

    como um todo, ao invs de considerar elementos individuais, e de curvas de

    resistncia para o elemento inteiro.

    O mtodo tem sua origem no Mtodo de Dimensionamento para a Flambagem

    Distorcional de Perfis de Sees de Paredes Finas, desenvolvido por HANCOCK,

    KWON e BERNARD [2.32], cujos resultados tm sido muito satisfatrios para prever a

    resistncia a flambagem distorcional de elementos sujeitos a flexo e a compresso.

    Todavia, o Mtodo de Resistncia Direta d um passo adiante, pois assume que o

    comportamento de flambagem local pode ser previsto, utilizando a tenso elstica de

    flambagem local para toda a seo, combinada com uma curva de dimensionamento

    apropriada para a instabilidade local. A grande vantagem do mtodo tornar os

    clculos para sees complexas bem mais simples.

    42

  • Outro mtodo que vem sendo largamente utilizado para identificar os possveis modos

    de flambagem dos perfis formados a frio, o Mtodo das Faixas Finitas. Esse

    mtodo, assim como o Mtodo dos Elementos Finitos, pode ser utilizado como uma

    poderosa ferramenta computacional, baseado na soluo do problema de autovalor.

    LAU e HANCOCK [2.33], aplicaram o MFF para resolver problemas de flambagem e

    identificar os modos de flambagem local e distorcional, para perfis tipo rack e perfis

    tipo C enrijecido.

    Mais tarde, PROLA e CAMOTIM [2.34] desenvolveram um programa baseado no MFF,

    para anlise linear e no-linear de perfis formados a frio. Vrios tipos de sees

    transversais de perfis formados a frio foram estudadas e os resultados tericos

    comparados com resultados experimentais.

    Outra teoria, que tambm vem sendo largamente aplicada para a anlise linear dos

    perfis formados a frio Teoria Geral dos Elementos. Essa teoria, permite identificar a

    contribuio de cada modo de flambagem no comportamento estrutural. Originalmente

    desenvolvida por SCHARDT [2.35], tem sido aplicada principalmente por DAVIS [2.36],

    CAMOTIM e SILVESTRE [2.37], no desenvolvimento de diversas solues analticas,

    para a aplicao prtica dos perfis formados a frio.

    A instabilidade de perfis formados a frio pelo acoplamento de modos de flambagem,

    levando-se em considerao principalmente os fenmenos de flambagem local e

    comportamento a toro dos perfis, tem sido amplamente estudada por BATISTA

    [2.38]. Nesse estudo so aplicadas solues numricas de anlise linear e no-linear,

    acrescidos de resultados experimentais, para obter uma maior compreenso desses

    problemas.

    A desempenho estrutural dos perfis formados a frio em situaes de incndio, tem sido

    estudada principalmente por WANG, FENG e DAVIES [2.39-2.41]. Os estudos tm se

    concentrado em sistemas planos de paredes estruturais formadas por montantes e

    revestidas com placas de gesso (paredes Steel-Frame), sujeitas ao do fogo por

    apenas um dos lados, tanto experimentalmente como tambm numericamente. Os

    estudos experimentais foram conduzidos para uma srie de painis com diferentes

    tipos de sees de perfis, bem como para diferentes tipos de revestimentos, ou seja,

    diferentes nmeros de camadas de proteo e diferentes tipos de placas de gesso. O

    43

  • estudo numrico foi feito com o auxilio do programa comercial para a anlise em

    elementos finitos, ABAQUS.

    Finalmente cita-se os trabalhos de PRES [2.42], onde so apresentados resultados

    de estudos tericos e experimentais realizados no Laboratrio de Estruturas do

    Programa de Engenharia Civil da COPPE/UFRJ, com o objetivo de descrever e

    caracterizar os fenmenos relacionados com a toro no uniforme e a flambagem

    distorcional, e o estudo desenvolvido por NAGAHAMA [2.43], utilizando modelagens

    computacionais pelo Mtodo dos Elementos Finitos (MEF), para anlises linear e

    no-linear de perfis de ao formados a frio. Esse estudo tambm apresenta aspectos e

    procedimentos relativos a implementao computacional do Mtodo das Faixas

    Finitas (MFF), para anlise linear de problemas de instabilidade.

    44

  • CCAAPPTTUULLOO 33

    MMOODDEELLAAGGEEMM EESSTTRRUUTTUURRAALL

    3.1. CONSIDERAES GERAIS

    Nesse captulo faz-se uma descrio geomtrica das estruturas modeladas, bem como

    o lanamento das hipteses bsicas das condies de contorno adotadas para os

    sistemas estruturais original e proposto.

    Aps a descrio geomtrica das estruturas, determina-se os carregamentos que

    sero aplicados. Considera-se trs tipos de carregamentos atuantes nos sistemas

    estruturais em estudo: carregamentos permanentes, carregamentos variveis ou

    acidentais e o carregamento de vento.

    A estrutura da edificao original composta por colunas e vigas metlicas, e um

    sistema de contraventamento. MOREIRA [3.1], em seu trabalho a respeito da anlise

    dinmica de edifcios com estruturas esbeltas, prope um modelo simplificado para

    simular o mecanismo promovido pelas paredes de alvenaria, confinadas em quadros

    viga-coluna, considerando esses painis no aumento da rigidez da estrutura. No

    entanto, para a anlise estrutural do sistema original esse efeito desconsiderado.

    O presente trabalho prope a substituio das paredes de alvenaria por paredes

    Steel-Frame, que, de acordo com a modelagem feita, podero ser levadas em

    considerao para o contraventamento da edificao.

    3.2. SISTEMA ESTRUTURAL ORIGINAL

    3.2.1. Geometria

    45

  • A figura 3.1 ilustra a planta de um pavimento tipo com as dimenses geomtricas da

    arquitetura do sistema estrutural original, largamente utilizada atualmente pela CDHU

    (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de So Paulo).

    Figura 3.1: Dimenses geomtricas da planta da edificao (mm)

    De acordo com a figura 3.1 a estrutura possui prticos nas direes x e y. As

    dimenses dos prticos na direo y so mostradas na figura 3.2 e as dimenses dos

    prticos na direo x so apresentadas na figura 3.3. Os prticos na direo y so de

    dois tipos: os laterais formados por apenas pilares do tipo 1 e os centrais formados por

    pilares dos tipos 1 e 2. Os prticos na direo x, tambm podem ser de dois tipos, a

    saber: os contravendados localizados nas fachadas externas e formados por apenas

    pilares do tipo 1, e os simples, sem contraventos formados por pilares dos tipos 1 e 2.

    Os dados geomtricos das figuras 3.1, 3.2 e 3.3, so utilizados para modelar a

    geometria da estrutura em elementos finitos de barra.

    46

  • Figura 3.2: Dimenses geomtricas dos prticos na direo y (mm)

    Figura 3.3: Dimenses geomtricas dos prticos na direo x (mm)

    47

  • 3.2.2. Elementos Estruturais

    Os elementos estruturais constituintes da edificao so os pilares, as vigas e os

    contraventamentos. Os pilares, como dito anteriormente, podem ser de dois tipos: do

    tipo 1 ou do tipo 2, que diferem entre si apenas pela espessura do perfil formado a frio,

    como mostra a figura 3.4.

    Figura 3.4: Dimenses geomtricas dos pilares (mm)

    J os perfis metlicos da viga e do contraventamento so formados por perfil duplo Ce

    e por perfil C simples, respectivamente, como mostra a figura 3.5 com as seguintes

    dimenses geomtricas dadas abaixo.

    Figura 3.5: Dimenses geomtricas das vigas e dos contraventamentos (mm)

    48

  • Com as informaes dos elementos estruturais, a geometria para a anlise estrutural

    do sistema original fica definida, faltando apenas as consideraes sobre as condies

    de contorno que so dadas pelos tipos de ligaes adotadas, como ser visto no

    prximo item. importante ressaltar que algumas dimenses geomtricas do sistema

    original j se modificaram para as aplicaes mais recentes da CDHU. No entanto,

    para o presente trabalho manteve-se as dimenses do projeto obtido para consulta.

    3.2.3. Ligaes

    Os tipos de ligaes adotadas para os sistemas estruturais so fundamentais para a

    modelagem em elementos finitos de barra. So as ligaes entre os elementos que

    definem as condies de extremidade para cada elemento do modelo.

    Por esse motivo, todas as ligaes so descritas da forma que sero executadas com

    a finalidade de fornecer embasamento para as condies de extremidade adotadas na

    modelagem computacional.

    Dependendo da espessura da placa e de outros fatores, a ligao dos pilares com as

    placas de base pode ser considerada perfeitamente rgida. Para a modelagem

    estrutural, adota-se essa hiptese, sendo essa ligao feita por meio de solda em toda

    a volta, como mostra a figura 3.6a. A placa de base, ento fixada na fundao de

    concreto por chumbadores. A figura 3.6b ilustra a condio de contorno adotada para

    a ligao.

    Figura 3.6: Ligao dos pilares com as placas de base (mm)

    49

  • A ligao das vigas com os pilares dos prticos na direo y ilustrada na figura 3.7.

    Nessa direo todas as ligaes viga-pilar so consideradas perfeitamente rgidas, em

    funo da solda em toda volta do perfil.

    Figura 3.7: Ligao das vigas com os pilares na direo y (mm)

    Na direo x os prticos das fachadas laterais so contraventados. Nessa direo

    adota-se ligaes rotuladas entre os pilares e as vigas. Essa hiptese adotada, pois

    s so soldadas as almas do perfil da viga, como mostra a figura 3.8.

    Figura 3.8: Ligao das vigas com os pilares na direo x (mm)

    50

  • A ligao dos contraventamentos na estrutura tambm considerada rotulada, sendo

    a alma do perfil soldado na estrutura conforme a figura 3.9.

    Figura 3.9: Ligao dos contraventamentos na estrutura (mm)

    Dessa forma, tem-se todas as condies de contorno para a modelagem dos prticos.

    A figura 3.10a ilustra os prticos rgidos da estrutura (direo y), assim como os

    prticos contraventados (direo x) so mostrados na figura 3.10b.

    a) b)

    Figura 3.10: Prticos modelados no programa

    51

  • 3.3. SISTEMA ESTRUTURAL PROPOSTO

    3.3.1. Geometria

    As dimenses geomtricas para o sistema estrutural proposto com as paredes Steel-

    Frame so iguais s dimenses do sistema estrutural original. No entanto, para a

    modelagem dessas paredes foram adotados alguns parmetros arquitetnicos

    utilizados para esse tipo de projeto habitacional. A tabela 3.1 lista os parmetros para

    a modelagem dos prticos Steel-Frame ilustrados nas figuras 3.11 e 3.12.

    Tabela 3.1: Parmetros arquitetnicos

    Parmetro Dimenses (mm) Abertura de porta 2000 x 1200 Abertura de janela 1100 x 1200

    Ventilao de banheiro 600 x 600 Altura da janela ao piso 800

    Altura da ventilao ao piso 1300

    Figura 3.11: Modelo de prtico proposto na direo y (mm)

    52

  • Figura 3.12: Modelos de prticos propostos na direo x (mm)

    3.3.2. Elementos Estruturais

    Os elementos estruturais para o sistema proposto so formados por dois grupos: o

    primeiro o grupo dos elementos estruturais propriamente ditos, colunas e vigas, pois

    os contraventamentos no so utilizados; o segundo grupo formado pelos elementos

    estruturais das paredes Steel-Frame, ou seja, os montantes, guias, chapas de

    ligao e contraventamento.

    Para o primeiro grupo de elementos, o sistema estrutural proposto difere apenas na

    seo transversal dos pilares do tipo 1 e do tipo 2. Os pilares so formados por perfil

    duplo C enrijecido como mostra a figura 3.13. O perfil das vigas o mesmo do sistema

    original. A mudana de geometria para os perfis dos pilares necessria por motivos

    arquitetnicos e para a realizao das prprias ligaes estruturais entre os pilares e

    as paredes Steel-Frame. Estruturalmente pode-se dizer que as rigidezes dos pilares

    do sistema estrutural proposto na direo y sero 30% menores que as do sistema

    original. No entanto, na direo x essas rigidezes sero em mdia 90% superiores.

    53

  • Figura 3.13: Dimenses geomtricas dos pilares do sistema proposto (mm)

    As sees transversais para os elementos estruturais do segundo grupo so ilustradas

    na figura 3.14 abaixo.

    Figura 3.14: Dimenses geomtricas dos elementos Steel-Frame (mm)

    54

  • 3.3.3. Ligaes

    Assim como para o sistema estrutural original, a ligao dos pilares do sistema

    proposto com a placa de base, tambm considerada perfeitamente rgida, como

    mostra a figura 3.15.

    Figura 3.15: Ligao dos pilares do sistema proposto com as placas de base (mm)

    Seguindo o mesmo raciocnio, as ligaes dos prticos tanto no sentido x, quanto no

    sentido y, seguem os mesmos conceitos adotados para os prticos do sistema

    original. Logo, tm-se ligaes perfeitamente rgidas nos prticos do sentido y,

    enquanto que na direo x, ligaes rotuladas, de acordo com as figuras 3.16 e 3.17.

    Figura 3.16: Ligao das vigas com os pilares do sistema proposto na direo y (mm)

    55

  • Figura 3.17: Ligao das vigas com os pilares do modelo proposto na direo x (mm)

    3.4. PAREDES STEEL-FRAME

    Nesse item, apresenta-se a geometria das paredes Steel-Frame, as ligaes tpicas

    entre os elementos estruturais componentes desses painis e as ligaes entre as

    paredes e os elementos estruturais principais, que so as vigas e os pilares.

    Para essas paredes adota-se algumas recomendaes feitas para as estruturas

    Steel-Frame [3.2] utilizadas na execuo de edificaes com at dois pavimentos.

    Isso se deve ao fato das solues para as ligaes entre os elementos estruturais das

    paredes j estarem bem consolidadas pelas aplicaes atuais.

    A figura 3.18 ilustra a geometria de uma parede do sistema estrutural proposto. A

    denominao da parede dada como: Parede YZ1 Tipo A, isto significa que a parede

    em questo pertence ao prtico 1 do plano YZ e do tipo A.

    56

  • Figura 3.18: Parede YZ1 Tipo A (mm)

    3.4.1. Ligao Montante-Guia

    Pode-se dizer que a ligao dos montantes s guias uma das mais simples

    possveis para a execuo. A figura 3.19a ilustra esse tipo de ligao, e a figura 3.19b

    mostra o tipo de vnculo adotado para a modelagem computacional. A nomenclatura

    adotada para os conectores, definida de acordo com o Anexo A. A simplificao

    adotada para o vnculo se justifica pelo fato dos parafusos autobrocantes impedirem

    os deslocamentos em relao aos eixos x e y, e no permitirem a transmisso dos

    esforos de momento fletor. Da mesma forma tem-se a ligao dos montantes duplos,

    que so colocados sempre ao lado das aberturas, conforme a figura 3.20.

    57

  • Figura 3.19: Ligao montante-guia (mm)

    Figura 3.20: Ligao montante duplo-guia (mm)

    58

  • 3.4.2. Ligao Montante-Travamento Horizontal

    Esse tipo de ligao encontrado em todas as paredes Steel-Frame. Sua principal

    finalidade estrutural evitar a rotao dos montantes quando sujeitos a carregamentos

    normais de compresso. Outra importante funo desse sistema de travamento

    horizontal para o sistema estrutural proposto, diminuir o comprimento de flambagem

    dos montantes e dos pilares. A figura 3.21 mostra com detalhes como feita essa

    ligao.

    Figura 3.21: Ligao montante-travamento lateral (mm)

    Para dar maior rigidez a essas barras de contraventamento horizontal, so sempre

    colocados perfis a cada trs espaamentos entre os montantes principais e nas

    extremidades da parede, como mostra a figura 3.22. Apesar da presena desses perfis

    entre alguns espaamentos de montantes e nas extremidades, desconsidera-se a

    resistncia a esforos de compresso para a anlise estrutural, logo, no modelo os

    elementos de barras so rotuladas aos montantes, podendo somente resistir a

    esforos de trao.

    59

  • Figura 3.22: Barra de rigidez para os contraventamentos horizontais [3.2]

    De acordo com a considerao feita no pargrafo anterior, para as paredes com

    abertura de porta (ver figura 3.12), apenas as chapas de travamento lateral e os perfis

    de rigidez mostrados na figura 3.22, no so suficientes para garantir a reduo do

    comprimento de flambagem dos montantes. Nesse caso so adicionadas diagonais

    inclinadas para garantir a reduo do comprimento de flambagem como mostra a

    figura 3.23.

    Figura 3.23: Diagonais inclinadas em paredes com abertura de porta

    60

  • 3.4.3. Ligao Guia-Laje e Guia-Viga

    Os montantes so conectados s guias e estas por sua vez so conectadas na parte

    de baixo das paredes diretamente s lajes, como mostrado na figura 3.24, e na parte

    superior, as guias so conectas as vigas metlicas que suportam os pisos, essa

    ligao mostrada na figura 3.25.

    Logo, de acordo com o tipo de ligao guia-laje e guia-viga, pode-se considerar que as

    guias so parte integrante das vigas mistas, pois esto rigidamente conectadas, tanto

    na parte superior das paredes, quanto na parte inferior. Na modelagem estrutural

    desconsidera-se essa contribuio das guias, assumindo que esses elementos

    funcionam apenas como peas de ligao entre os montantes e as vigas mistas.

    Figura 3.24: Ligao guia-laje (mm)

    61

  • Figura 3.25: Ligao guia-viga (mm)

    3.4.4. Ligao Contraventamento-Estrutura

    As chapas de contraventamento das paredes sem abertura de janelas ou portas,

    executam uma funo parecida com as barras de contraventamento dos prticos do

    sistema estrutural original. No entanto, a transmisso de esforos dessas chapas para

    os elementos principais da estrutura se d de uma forma diferente, pois elas esto

    conectadas a chapas de ligaes, que por sua vez esto conectadas aos elementos

    das paredes Steel-Frame, e esses sim, so ligados a estrutura principal atravs de

    conectores a plvora ou parafusos autobrocantes, como mostra a figura 3.26.

    Como ser visto mais adiante, os pilares so fabricados com ao laminado a frio e os

    perfis Steel-Frame em ao zincado, logo de acordo com os conceitos de corroso

    dados no captulo 2, necessria a aplicao de um isolamento entre os diferentes

    tipos de ao para evitar a corroso galvnica. Geralmente esse isolamento feito por

    meio de tintas especiais anticorrosivas.

    62

  • Figura 3.26: Ligao das paredes contraventadas com chapas inclinadas (mm)

    Tambm considera-se que as chapas de contraventamento so rotuladas na estrutura

    principal, admitindo-se que esse tipo de ligao no capaz de transferir esforos de

    momento fletor para os pilares ou vigas. Por essa hiptese, esses elementos so

    capazes de resistir a esforos axiais de trao, sendo liberadas as solicitaes de

    compresso, da mesma forma que as chapas de travamento horizontal.

    3.5. MODELAGEM DAS VIGAS

    3.5.1. Consideraes Gerais

    As vigas de ambos os sistemas estruturais do estudo de caso so modeladas como

    vigas mistas, pois possuem conectores de cisalhamento para garantir o

    comportamento misto. Essa considerao no foi escolhida ao acaso, de acordo com

    63

  • diversos estudos [3.3] as vigas mistas tem sido consideradas o sistema estrutural mais

    eficiente para suportar cargas gravitacionais de pisos de edifcios.

    No limite, o sistema atingir o ponto mximo de eficincia, quando a linha neutra

    estiver localizada em uma posio tal que permita que as tenses de compresso na

    flexo sejam totalmen