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SEXTA-FEIRA, 3 AGOSTO 2012 | Diretor: Paulo Barriga Ano LXXXI, N. o 1580 (II Série) | Preço: 0,90 Perto de metade das empresas da região está com a corda ao pescoço Filipe Pombeiro, presidente do Nerbe/Aebal, realça que a “situação é extremamente grave” pág. 7 JOSÉ SERRANO Pedro Caixinha Na Madeira com o coração em Beja pág. 19 João do Beco O mundo dentro de uma garrafa pág. 12 Mais de 300 professores ficam desempregados O Sindicato dos Professores da Zona Sul esti- ma que mais de 300 professores contratados ficarão sem emprego no próximo ano letivo, no distrito de Beja. Em consequência das me- didas implementadas pelo Governo: revisão curricular, agregação de escolas e aumento do número de alunos por turma. pág. 6 Ruínas de Pisões fechadas a cadeado desde junho As ruínas da villa romana de Pisões, junto a Penedo Gordo, Beja, estão encerradas temporariamente desde o passado mês de junho, devido à reforma da única funcioná- ria que por ali trabalhava. Um encerramento que se previa temporário, mas que continua sem resolução à vista. págs. 10/11 Guerra da água prossegue em Ferreira do Alentejo O corte do abastecimento de água por parte da Câmara de Ferreira do Alentejo a oito montes, onde há mais de 30 anos era efetuado com recurso a um trator, continua a gerar polémica. A autarquia afirma que o abuso deste bem escasso e uma maior equi- dade social justificam a suspensão. pág. 9 Todos os caminhos da música vão dar à Zambujeira do Mar, até ao próximo domingo. Anualmente, o Festival do Sudoeste convoca dezenas de milhares de jovens para o maior encontro musical de verão que se realiza em Portugal. Na pequena aldeia do litoral alentejano as opiniões dividem-se quanto aos benefícios e aos prejuízos do evento. As férias a valer começam para a semana. págs. 4/5 e 32 Zambujeira do Sudoeste

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Diario do Alentejo

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Page 1: Ediçao N.º 1580

SEXTA-FEIRA, 3 AGOSTO 2012 | Diretor: Paulo BarrigaAno LXXXI, N.o 1580 (II Série) | Preço: € 0,90

Perto de metade das empresas da região está com a corda ao pescoço

Filipe Pombeiro, presidente do Nerbe/Aebal, realça que a “situação é extremamente grave”

pág. 7

JOSÉ

SER

RA

NO

Pedro CaixinhaNa Madeira com o coração em Beja pág. 19

João do BecoO mundo dentro de uma garrafa pág. 12

Mais de 300 professores fi cam desempregadosO Sindicato dos Professores da Zona Sul esti-ma que mais de 300 professores contratados fi carão sem emprego no próximo ano letivo, no distrito de Beja. Em consequência das me-didas implementadas pelo Governo: revisão curricular, agregação de escolas e aumento do número de alunos por turma. pág. 6

Ruínas de Pisões fechadas a cadeado desde junhoAs ruínas da villa romana de Pisões, junto a Penedo Gordo, Beja, estão encerradas temporariamente desde o passado mês de junho, devido à reforma da única funcioná-ria que por ali trabalhava. Um encerramento que se previa temporário, mas que continua sem resolução à vista. págs. 10/11

Guerra da água prossegue em Ferreira do AlentejoO corte do abastecimento de água por parte da Câmara de Ferreira do Alentejo a oito montes, onde há mais de 30 anos era efetuado com recurso a um trator, continua a gerar polémica. A autarquia afi rma que o abuso deste bem escasso e uma maior equi-dade social justifi cam a suspensão. pág. 9

Todos os caminhos da música vão

dar à Zambujeira do Mar, até ao

próximo domingo. Anualmente,

o Festival do Sudoeste convoca

dezenas de milhares de jovens para

o maior encontro musical de verão

que se realiza em Portugal. Na

pequena aldeia do litoral alentejano

as opiniões dividem-se quanto

aos benefícios e aos prejuízos do

evento. As férias a valer começam

para a semana. págs. 4/5 e 32

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2 EditorialEducarPaulo Barriga

Ainda vai um valente caminho entre edu-car e ensinar. E mesmo

quando ensino e educação estão lado a lado, na mesmíssima co-ordenada, as veredas para che-gar a um e a outra raramente são coincidentes, sequer para-lelas. Sempre distantes. Muito distantes, mesmo. Há excessivo tempo que o nosso sistema de ensino está morto para a edu-cação. Desde o 25 de Abril, tal-vez. Desde o tempo, pelo menos, em que os professores, de forma progressiva, foram perdendo au-toridade na sala de aula, foram perdendo poder na organização escolar, foram perdendo o di-reito à palavra, à sua palavra, fo-ram convertidos em verdadeiros burocratas do relatório. Da ex-posição. Da ata. Dos concursos. Da justificação escrita e exaus-tiva dos mais inacreditáveis e míseros acontecimentos letivos. Como o simples facto de atri-buir uma nota negativa ou mar-car uma falta corretiva. Hoje, o professor é um verdadeiro ama-nuense da vulgaridade. Um es-cravo da papelada. Que consome o tempo não a instruir-se, não a aprender, não a ensinar, muito menos a educar. O professor é, por certo, o elo mais fraco, mais exposto e menos valorizado da cadeia educativa. E só num país muito mal-educado, que des-preza por completo quem trans-mite conhecimento às gerações subsequentes, é que aparecem amiúde os tais fenómenos re-lâmpago, medíocres, que po-dem derivar em ministros ou até mesmo em primeiros-minis-tros. A educação está extinta na escola, já se disse, e agora está na altura de acabar com o en-sino. O “pacote” revolucioná-rio que Nuno Crato quer impri-mir ao parque escolar português é a guia de marcha para o desca-labro. A criação de turmas com 30 alunos, a fusão de escolas em agrupamentos despropositados e inviáveis, a extinção de cur-sos profissionais, a desvaloriza-ção do acompanhamento de alu-nos com necessidades especiais, vai acabar de vez com a Escola. Vai acabar de vez com a carreira docente com decência. E manda para o olho da rua dezenas de milhar desses seres execráveis e desnecessários que são os pro-fessores. Principalmente aque-les que estão no patamar do es-pezinhanço: os contratados. Ainda que estes, em muitos ca-sos, tenham aturado todas es-tas trapalhadas durante mais de uma dezena de anos. É necessá-rio ter estômago para ser profes-sor num país onde já nem sequer o fado induca, nem o vinho ins-trói. Quanto mais a Escola.

“O deputado Pita Ameixa sabe o que alguns (poucos) sabem sobre o adiamento da conclusão de Alqueva. Este já estava decidido pelo ex-ministro da Agricultura António Serrano. Não brinque com coisas sérias. Exige-se decoro!”

Mário Simões, deputado do PSD

José Vargas,

49 anos, auxiliar de ação educativa Agosto significa férias. É nesta altura que enganamos a ro-tina do ano. Em que descan-samos do trabalho. Saímos da terra para outros lados, à pro-cura de outras aventuras, ou-tros conhecimentos. Traz-nos as tardes quentes, as noites agradáveis, as idas à piscina e à praia. É tempo de lazer.

Carla Sargento,

35 anos, escriturária(desempregada)Agosto é normalmente sinó-nimo de calor, passeios, praia. É o mês em que não há es-cola nem exames e as famí-lias aproveitam para sair. Mas este ano não vamos de fé-rias. Não podemos ir. Eu es-tou no desemprego e o meu ma-rido só tem férias mais tarde. Agosto este ano significa, de certa forma, frustração.

António Bicas,

58 anos, funcionário públicoNão gosto do mês de agosto. Nem de meses parecidos. Não gosto do verão nem um bocadi-nho. É um calor insuportável. De inverno uma pessoa agasa-lha-se e fica confortável. Agora de verão… Não há roupa que se tire que nos faça sentir bem. Agosto só é bom para estar de férias. Que é como estou agora.

Sílvia Fialho,

25 anos, caixeira de ortopediaPara a maioria das pessoas, agosto significa férias. Eu cos-tumo ir em junho ou setem-bro. Em agosto é tudo muito mais caro, muita gente, fi-las em todo o lado. Uma con-fusão. Passo portanto o mês de agosto a trabalhar. Passa-se bem. Agora já nem faz em Beja o calor de há uns anos. Hoje até está uma manhã fresquinha…

Voz do povo “Meu querido mês de agosto?” Inquérito de José Serrano

Vice-versa“No plano distrital, a entrada do Governo PSD+CDS caraterizou-se por fortes campanhas a denegrir os projetos de desenvolvimento regional que vinham em curso de execução, na sua descapitalização e no seu abandono. Esta sanha persecutória contra Beja e o Baixo Alentejo iniciou-se com a paragem do projeto Alqueva”.

Luís Pita Ameixa, deputado do PS

Fotonotícia Vamos ver os aviões? A Base Aérea nº. 11, em Beja, abriu as portas à população no passado domingo. E deze-

nas de pessoas, principalmente fotógrafos apaixonados pelas questões aeronáuticas, tiveram a oportunidade de observar de perto os avi-

ões e os helicópteros da Força Aérea, numa altura em que esta força militar comemora os seus 60 anos de existência. Para além das máqui-

nas aéreas, os visitantes puderam visitar a torre de controlo, assistir a demonstrações cinotécnicas e de aeromodelismos ou fazer batismos

de voo num simulador do avião Alphajet. PB Foto de João Espinho

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Rede social

O perímetro florestal de Cabeça Gorda

e Salvada recebeu o 1.º Acampamento

Regional Sul. Em que contexto surgiu o

evento e qual o balanço que faz do mesmo?

O ARSul 2012 surge nas comemorações dos 100 anos de escotismo português, que foi fundado pela AEP – Escoteiros de Portugal. Em 1911 Álvaro de Melo Machado funda em Macau o primeiro grupo de escoteiros em território portu-guês. Em 1912 são fundados em Lisboa os primeiros dois grupos em Portugal metro-politano e em 1913, também em Lisboa, surge o terceiro grupo. Ainda em 1913 os três grupos de Lisboa decidem juntar-se e fundar a AEP – Associação dos Escoteiros de Portugal. Passados 100 anos de forma-ção cívica de jovens creio que o ARSul 2012 deixaria os nossos fundadores orgulhosos dado que as apreciações dos jovens presen-tes em campo foram francamente positi-vas. Havia um segundo objetivo no ARSul 2012, a divulgação do escotismo no conce-lho de Beja e concelhos limítrofes, que foi também amplamente atingido dado o su-cesso do concerto no Parque da Cidade, os jogos de cidade em Beja e Mértola e a “ma-nhã com os escoteiros”, que foi proporcio-nada aos jovens das freguesias de Cabeça Gorda e de Salvada.

Em que fase está o protejo de criação

de um centro de atividades escotistas

no referido perímetro florestal?

Os Escoteiros de Portugal têm uma rede de campos de atividades escotistas que têm como função servir de base de apoio às atividades escotistas provendo as ne-cessidades básicas de infraestruturas e serviços, de modo a que as atividades se possam organizar focadas nos progra-mas e não na logística. O campo de ati-vidades escotistas de Cabeça Gorda e Salvada está em fase de conversações en-tre os Escoteiros de Portugal e as respeti-vas juntas de freguesia, tendo ainda por parceiro a Câmara de Beja. As necessi-dades de investimento serão baixas, al-gumas foram já feitas na preparação do ARSul, e pretende-se que o campo seja autossustentável no futuro. Este campo estará inserido no projeto que as juntas incumbentes têm para o local.

O agrupamento 234 Beja debatia-se

com a escassez de “chefes” adultos, o

que impunha limitações no ingresso

de jovens. Qual é a situação atual?

Neste momento estamos francamente melhores no aspeto do voluntariado adulto. Temos uma equipa coesa que cresceu o suficiente para que o Grupo 234 Beja se tenha já tornado o terceiro maior grupo da AEP em termos de efeti-vos de jovens, sendo que a nossa Alcateia é a maior do País. Nunca tivemos por objetivo qualquer número específico de jovens, mas não podemos deixar de nos sentir recompensados por esta tão grande adesão. Nélia Pedrosa

3 perguntasa Filipe

CampêloEscoteiro chefe do agrupamento 234

Beja e coordenador geral do ARSul 2012

Semana passada

QUINTA, DIA 26

BEJA PSP CONSTITUI ARGUIDOS TRÊS JOVENS SUSPEITOS DE FURTO

A PSP de Beja anunciou ter constituído arguidos três jovens, entre os 17 e os 21 anos, todos do sexo masculino, suspeitos da prática de furto no interior de um estabelecimento de restauração na cidade. Em comunicado, a PSP explica que os suspeitos terão entrado no estabelecimento de restauração através do “processo de introdução com arrombamento”. Segundo a PSP, numa busca domiciliária efetuada à residência de um dos arguidos, “devidamente autorizada pelo visado”, foi apreendida “parte importante do produto do furto” e mantêm-se em curso diligências para recuperar a restante parte.

BEJA DETIDO INDIVÍDUO QUANDO PREPARAVA VENDA DE DROGA

A PSP deteve um homem, em Beja, em “flagrante delito”, quando preparava venda de droga e aprendeu 1 585 doses de haxixe, que o detido tinha na sua posse, anunciou a força de segurança. Segundo a Polícia, o detido, de 26 anos, é “o principal arguido” de um processo de investigação de combate ao tráfico de estupefacientes em Beja, que decorre desde o final de 2011 a cargo da Esquadra de Investigação Criminal do Comando Distrital de Beja da PSP.

SEXTA-FEIRA, DIA 27

SINES FUGA DE GÁS EM CAMIÃO-CISTERNA OBRIGA A RETIRAR 12 PESSOAS DE CASA

Uma fuga de gás propano num camião-cisterna estacionado no parque de uma empresa de transportes em Sines obrigou à retirada de 12 pessoas das suas habitações. De acordo com o responsável do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Setúbal, Marcelo Lima, foi detetada uma fuga num camião-cisterna, carregado com gás propano. O veículo estava parado no parque de estacionamento da empresa de transportes TIEL, na localidade de Casoto, concelho de Sines. Segundo a mesma fonte, o alerta foi dado pouco depois do meio-dia, tendo os bombeiros sido chamados ao local para fazer a prevenção. O acesso ao parque de estacionamento da empresa foi cortado e 12 pessoas foram retiradas das suas casas. Contactado pela Lusa, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Sines, Vítor Gonçalves, que esteve à frente da operação, confirmou que a “situação foi reposta na normalidade” por volta das 15 e 25 horas, com o restabelecimento do trânsito e o regresso dos habitantes a casa. No local, estiveram 18 operacionais e 10 veículos, tendo a operação sido seguida pelas corporações de bombeiros de Sines e de Santo André, pela Administração do Porto de Sines, pelo Serviço Municipal de Proteção Civil e pela GNR.

DIA 30, SEGUNDA-FEIRA

ODEMIRA HAXIXE APREENDIDO VALE CERCA DE NOVE MILHÕES DE EUROS

A Polícia Judiciária (PJ) revelou que as cerca de três toneladas de haxixe apreendidas na zona de Odemira, durante uma operação que levou à captura de nove suspeitos, rondarão, a preço de mercado, nove milhões de euros. Em conferência de imprensa conjunta, as autoridades portuguesas e espanholas afirmaram que a investigação “está em aberto” e “vai continuar nos dois países”, tendo o coordenador superior da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ anunciado que haverá “novas detenções” em Portugal e Espanha. Joaquim Pereira acrescentou que dos nove presumíveis traficantes de droga, com idades entre os 22 e os 67 anos – que ficaram em prisão preventiva – , três são espanhóis e seis portugueses, entre os quais quatro tinham grau de parentesco – dois pais e dois filhos. O coordenador da PJ lamentou ainda a morte “acidental” de um décimo elemento, que acredita tratar-se de um galego, o qual faleceu quando caiu dos flutuadores da lancha rápida e foi apanhado pelas hélices, no momento em que outros suspeitos se aperceberam da presença das autoridades e tentaram fugir.

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Ora vamos lá dar aqui mais um autógrafoE foram dezenas as dedicatórias que o comendador Cameirinha endereçou aos seus amigos e admiradores na passada semana, por ocasião do lançamento da sua biografia, em Beja. Um trabalho de investigação da autoria de António José Brito.

Vale sempre a pena esperar pelos nelhores concertosPara o ano há mais. Terminou este domingo, no castelo de Sines, mais uma edição do Festival de Músicas do Mundo. Um evento que já ganhou espaço não apenas no panorama nacional, mas que também já faz parte da agenda internacional do folk.

São os Cantigas do Baú mas a sua música não cheira a póBeja tem um novo grupo de música de raiz tradicional que começa agora a rodar um reportório interessante e repleto de surpresas. Pelo menos assim mostraram este sábado, no concerto que ofereceram ao público do Pax Julia.

Enquanto não parares de dançar não volto a tocarTito Paris, um dos grandes mestres da música cabo-verdiana, atuou este sábado em Vila Nova de Santo André, no parque central. Por ocasião dos festejos do Dia da Cidade. E o que não faltou foi animação, mornas, coladeras e muito funaná.

Os checos não perceberam nada mas gostaram de ouvirO rancho de cantadores Os Camponeses, de Vale de Vargo, no concelho de Serpa, participaram na última edição do “Prague Folklore Days”. Um encontro que junta na capital checa grupos de música tradicional originários de todos os cantos do mundo.

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Zambujeira do MarFestival decorre por estes dias na herdade da Casa Branca

Sudoeste: entre o amor e o ódio

Com os primeiros dias de junho, Zambujeira do Mar entra em modo de verão. É assim desde que esta pe-

quena aldeia alentejana abençoada pelo mar ganhou estatuto de estância balnear, lá pela segunda década do século XX, como lem-bram os mais velhos. Na rua Miramar, que fala por si, circulam por estes dias de fim de julho mais forasteiros que locais. É fácil iden-tificá-los a olho nu, em grupos de amigos, ca-sais ou famílias. O passo é lento, a caminho da praia, ou de regresso; para-se na espla-nada para um café demorado e uma olhadela preguiçosa pelas novidades da silly season; os corpos, bronzeados e a brilhar de prote-tor, não levam mais do que uns vestidos leves ou um par de calções. Um dolce fare niente que contrasta com o ritmo de quem está do lado de lá. O que é o mesmo que dizer nas cozinhas dos restaurantes e cafés, nos bal-cões das pequenas lojas de artigos de praia, nas casas, ou partes delas, que é preciso ter limpas e arranjadas para a entrada da pró-xima quinzena. “Para os da terra, o verão co-meça mais tarde, porque agora toda a gente anda ocupada a arrumar as casas, a atender o turismo, a trabalhar nos restaurantes. E toda a gente tem um cantinho para alugar”, con-firma Maria de Fátima Jacinto, de 56 anos. É a guardiã da capela de Nossa Senhora do Mar, debruçada sobre o muro branco que separa a aldeia do areal, e é lá que vamos encontrá -la a meio das últimas varredelas antes de encer-rar a porta para o almoço. “É o único monu-mento da aldeia, não existe outro”, sorri. Os veraneantes espreitam e saem; um ou outro demora-se a apreciar o altar, mais raros são os que se recolhem em prece. Cá fora, a mãe, Maria Bárbara, já com 90 anos, olha com sau-dade a filha atarefada, como que a recordar-se do que fez toda a vida. Deixou o posto há perto

As opiniões dividem-se. Há quem veja a sua aldeia mais viva e bonita por

conta do conhecido festival de verão, que está a decorrer por estes dias

na herdade da Casa Branca. E há também quem torça o nariz a este novo

tipo de turista, que parece ter espantado as famílias ordeiras para outros

areais da costa alentejana. Uma coisa é certa: com ou sem Sudoeste, a

Zambujeira do Mar não pode sobreviver sem o ensolarado verão.

Texto Carla Ferreira Fotos José Serrano

Maria consegue entender quem defende e quem se opõe ao também conhecido como festival da Zambujeira do Mar. Sentado num banco à sombra, à conversa com outro septu-agenário, já leva num saco de plástico tudo o que necessita para o almoço que há de prepa-rar na casa de férias. E confessa que ele pró-prio se põe a salvo, poucos dias antes das primeiras atuações, para só regressar em se-tembro, com a poeira mais assente. “É aquela história do oito para os 80. Nestes próximos quatro ou cinco dias de festival, é o pande-mónio. Para a aldeia em si, não prejudica, an-tes pelo contrário, facilita a vida aos comer-ciantes. Para a pessoa comum, é mais chato porque não vivemos assim muito sossega-dos”, comenta. Mas deixa bem claro que nem toda a juventude é desordeira e barulhenta. “Alguns vêm já meio bêbedos, deitam-se aí por qualquer canto, todos sujos. Mas não são todos. Lá à minha porta, costumam parar duas raparigas e um rapaz que vê-se que têm alguma linha. Compram alguma coisa no su-permercado, põem-se ali à sombra, comem, estendem as toalhas, dormem, e quando aba-lam deixam tudo limpo”.

Com 75 anos e já reformado do setor da construção civil, João Maria revela, aliás, um forte sentimento de solidariedade para com as novas gerações. Nos anos da sua juventude, recorda, muitos saíram da Zambujeira “em grande escala” para países como Alemanha, Suíça e França. Ele preferiu ficar cá dentro, onde pudesse obter mais qualificações na sua área profissional, e ganhou a vida. Mas para os jovens de hoje, no litoral alentejano ou onde quer que seja, nem a formação superior lhes vale. “Os nossos netos estão feitos. Os jo-vens, coitados, são as grandes vítimas destes tempos em que vivemos”, desabafa, fazendo caminho por entre os grupos de veraneantes, ainda em passada pré-festivaleira.

Estância balnear Com os primeiros dias de junho, Zambujeira do Mar entra em modo de verão Restauração Negócio feito no verão compensa o marasmo do inverno

É aquela história do oito para os 80. Nestes próximos quatro ou cinco

dias de festival, é o pandemónio. Para a aldeia em si, não prejudica,

antes pelo contrário, facilita a vida aos comerciantes. Para a pessoa

comum, é mais chato porque não vivemos assim muito sossegados”.

João Maria❝

de cinco anos e passou o testemunho a Maria de Fátima, que o faz “por gosto”, voluntaria-mente. Na verdade, é do “aluguer de casas” que vive mas esta não é a única razão por que gosta mais da sua Zambujeira banhada de sol. “No inverno, estamos muito isolados. No ve-rão, com o turismo, passamos a ter muito mo-vimento, muita gente, a juventude do Festival Sudoeste. E eu gosto disso. Muita gente não gosta, dizem que não interessa à terra, mas eu gosto”, confessa, assertiva.

De facto, percebemos mais tarde, o tema divide as gentes, já por si divididas entre a necessidade de fazer negócio para compen-sar o marasmo do inverno e o rasto deixado pelas hordas de festivaleiros, a dias de come-çar a aparecer para mais uma edição, a que arrancou na quarta-feira, dia 1. Não é por ser mais novo que Nelson Fino, 35 anos, sente mais empatia pelo público preferencial do Sudoeste. “O festival em si não traz melho-rias nenhumas à região, antes pelo contrá-rio”, opina, sem hesitações, enquanto prepara para o almoço as mesas exteriores do restau-rante onde trabalha. O argumento é simples: “Antes de haver o festival já nós trabalháva-mos, mas era com outra qualidade de cliente. As pessoas que vinham antigamente com as famílias, clientes de há anos, deixaram de vir

por causa do Sudoeste. Vão para outros sí-tios. O festival estragou-nos a primeira quin-zena de agosto”.

Daniela Loução, 23 anos, é mais condes-cendente. Junto aos mostruários de chine-los e outros acessórios de veraneio à venda no estabelecimento onde trabalha, reco-nhece que é “muito complicado para quem não tem nada a ver com o Sudoeste e que vem só para passar férias”. Sobretudo pelas filas que diariamente se avolumam no co-mércio ou na restauração. Mas considera que esse aspeto negativo é compensado pela “be-leza e vivacidade” que invadem a terra por esses dias. E também pelas vendas, que não costumam correr mal, à custa de uma es-tratégia de “promoções e descontos”, à qual as pessoas “aderem bastante”. É que, de in-verno, lembra, “isto está completamente va-zio, os estabelecimentos fecham mais cedo e não há lazer, propriamente dito”. Uma apatia que, aliada à falta de trabalho, vem empur-rando muitos jovens para fora do concelho e até mesmo do País. “E cada vez mais. Tenho muitos amigos que estão na Alemanha e na Suíça”, assegura.

Com um pé na terra natal, onde passa cerca de três meses no ano, e outro na Amadora, para onde rumou há 43 anos, João

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O turismo continua a ser a principal atividade

económica da freguesia. Em que medida?

Sim, sem dúvida. E sobretudo nas áreas da restauração e do alojamento particular. Há bastantes pessoas a alugar quartos e casas. Isso faz com que se arranje mais uns euros para o inverno, em que não há onde ganhar dinheiro. Dá uma ajuda. Mas sim, tem influ-ência na economia, exceto nos primeiros 15 dias de agosto, por causa do Festival Sudoeste. Quem vinha deixou de vir, porque ninguém quer ir de férias para estar duas horas na fila para o supermercado. Em tempos, havia di-ficuldade em arranjar casa no mês de agosto aqui na Zambujeira. Agora não. E a crise tam-bém tem influência neste decréscimo da pro-cura, que se acentuou mais desde há dois, três anos.

E a pesca, continua a ser uma importante

fonte de rendimento?

Sim, mas já foi melhor. Ainda temos aí uns oito ou nove barcos de pesca, barcos peque-nos, que têm alguma influência também. Por norma andarão duas pessoas em cada barco – vamos supor que serão duas famílias a vi-ver disso. Temos a Entrada da Barca, que é um porto de pesca relativamente pequeno.

Desde 1997 que se realiza aqui o Festival

Sudoeste. O que tem mudado na localidade

para acolher estes milhares de jovens em

cada verão?

Por mais que queiramos não conseguimos adaptar uma aldeia destas a uma enchente de 30 ou 40 mil pessoas. Na praia, não há hi-pótese de a pessoa se deitar; quanto muito, para andar em pé e tomar banho. Diz-se que a Zambujeira fica mais conhecida com o fes-tival. Mas a Zambujeira é conhecida pelo me-nos há 100 anos, e por boas razões. E eu, como presidente de junta, gostaria de receber bem as pessoas mas não tenho hipóteses. Temos apenas duas casas de banho públicas, ambas para senhoras e cavalheiros. Obviamente que o festival deveria fornecer casas de banho e eu recordo-me que, de início, o fazia. Não supor-tamos tanta gente.

O que é que pesa mais: o lado negativo ou o

positivo?

O negativo, sem dúvida nenhuma. É a minha opinião e justifico-a. Porque a maior parte das pessoas não está muito interessada em alugar casa aos jovens do festival. Não vou dizer que são todos más pessoas, mas muita rapaziada junta, por norma, dá disparate. Seria diferente se o festival acontecesse em abril, maio ou ju-nho. Aí até os próprios comerciantes estariam de acordo. Mas em agosto, é caso para dizer: para quê mais pessoas, se não conseguimos dar vazão? Porque em agosto, já por si, tínha-mos as pessoas que habitualmente vinham passar férias à Zambujeira. Era o suficiente, esgotavam as casas para alugar, não era pre-ciso mais. O que é demais não presta.

Freguesia há 23 anos

Zambujeira do Mar é das freguesias mais recentes do concelho de Odemira, tendo sido desanexada de São Teotónio em 1989, e é também a mais pequena em área. Atualmente, segundo os dados preliminares do Censos 2011, conta com uma população de 911 habitantes, um acréscimo de 67 pessoas face à última contagem oficial, em 2001. A sul do cabo Sardão, com uma costa recortada por falésias e pequenas praias, atrai em cada verão mi-lhares de visitantes que chegam de norte a sul do País, e também de fora do território nacional. Além da praia da Zambujeira, classif icada com Bandeira Azul, são igual-mente populares os areais de Alteirinhos, Nossa Senhora e Tonel.

Hélder António Presidente da Junta de Freguesia de Zambujeira do Mar

Eddie Vedder é estrela do 16.º Sudoeste

Com a realização, desde 1997, do Festival Sudoeste na her-dade da Casa Branca, na freguesia vizinha de São Teotónio, Zambujeira do Mar passou a ser nome obrigatório no vo-cabulário do jovem português. No início de agosto é vê-los chegar aos milhares para ver ao vivo alguns dos mais im-portantes nomes da cena musical mundial. Hoje mesmo, no palco TMN, é esperado, num concerto a solo, o lendário vocalista dos Pearl Jam, Eddie Vedder, conhecido também pelo seu amor ao surf e pela sua simpatia pelas praias por-tuguesas. The Roots e Gorillaz Sound System são as estre-las da noite de amanhã, sábado, antecedendo o encerra-mento, no domingo, 5, que estará a cargo do Dj e produtor francês David Guetta, aliás presença habitual no evento.

Nossa Senhora do Mar

Terminadas as enchentes festivaleiras, é tempo de ho-menagear a padroeira com mais recato na única festa religiosa do ano. A 15 de agosto, há missa em honra de Nossa Senhora do Mar, na capela que lhe leva o nome. Seguem-se três noites de tríduo, com pregação e terço, e a 18 os zambujeirenses saem à rua para a procissão noturna de tributo à santa da sua devoção. Um culto local também apreciado pelos veraneantes.

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AtualSegundo estimativas do sindicato dos professores para o distrito de Beja

Mais de 300 contratados no desempregoMais de três centenas de professores contratados a lecionar no distrito de Beja, segundo estimativas do Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS), deverão ficar no desemprego, em consequência de um conjunto de medidas implementa-das pelo Governo – e em vigor a partir do próximo ano letivo –, nomeadamente a re-visão curricular (que acaba com algumas disciplinas e reduz horários a outras), o au-mento para 30 do número máximo de alu-nos por turma e a criação de novas agre-gações de escolas (em alguns casos da pré-primária ao 12.º ano).

Texto Nélia Pedrosa

Ilustração Susa Monteiro

No que concerne aos docentes do qua-dro, o presidente da estrutura sindical, Joaquim Páscoa, adianta que o SPZS fez

um levantamento “em cerca de um terço” dos estabelecimentos de ensino do distrito, tendo identificado “cento e tal professores com horá-rio zero [sem qualquer turma atribuída] ”.

“Estes são dados [dos horários zeros] muito parcelares, apenas de cerca de um terço das es-colas, portanto são números já muito altos. O Ministério da Educação tomou entretanto al-gumas medidas no sentido de recuperar uma série de horários – eventualmente alguns des-tes já terão sido recuperados – mas, de acordo com os primeiros critérios do ministério, eles de facto tiveram horário zero e é essa mensa-gem que queremos passar aos professores”, diz o dirigente, que garante que “só estará relativa-mente seguro o professor que tiver horário le-tivo efetivamente”.

“O ministério diz que há uma série de pro-jetos, de atividades [que fazem parte de um pa-cote de medidas para o sucesso e prevenção do abandono escolar], que poderão ser utilizados para dar aos professores que têm horário zero, mas esses projetos terão de ser aprovados pelo ministério e é preciso também ter consciência que há cento e tal milhões de euros que o minis-tério tem que cortar no orçamento do seu pró-prio funcionamento e será sobretudo em ter-mos de salários, e salários significa pessoas. Em termos teóricos, quando se juntam duas esco-las em que há professores com formações se-melhantes, com formação para vários ciclos, há um aumento do desemprego docente”.

Em relação aos docentes contratados, o sin-dicalista lembra que Beja “é um distrito que tra-dicionalmente sempre teve muitos professores contratados”, e se em Évora são cerca de 340 – os únicos contabilizados até ao momento –, Joaquim Páscoa acredita que em Beja “é um nú-mero ligeiramente superior”. “Beja teve sempre muitos professores contratados, aliás, houve al-guns agrupamentos que funcionaram sempre, e só, à base de contratados. São mais de 300,

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seguramente”, adianta o responsável, salien-tando que a partir do dia 31 “os contratos ter-minam todos”: “Alguns, eventualmente, serão renovados, se não houver professores do qua-dro para ocupar os seus lugares, mas eu tenho dúvidas. O ministro diz que sim, que vai haver algumas colocações”.

A não renovação de contratos, que o SPZS apelida de “o maior despedimento coletivo de sempre”, e a atribuição de horários zero a do-centes do quadro não são as únicas consequên-cias graves decorrentes das medidas impostas pelo Governo, diz Joaquim Páscoa. O sindica-lista adianta que as agregações de escolas tam-bém originam problemas ao nível do emprego na parte administrativa – “até podem dei-xar ficar agora duas secretarias de escola, mas isto fica enquanto a transição não se fizer, de-pois passa a haver só uma” – e do ponto de vista da “qualidade pedagógica”. “Mesmo quando se

trata de um número baixo de alunos – no caso do Alentejo as novas agregações não têm, de facto, um número exagerado –, em alguns ca-sos são escolas que têm alguma dimensão e que tiveram sempre um órgão de gestão próximo e o que vai passar a existir é um órgão de ges-tão que num dos casos fica afastado, as decisões acabam sempre por ser tomadas à distância. O ministério diz que irá haver uma maior proxi-midade, mas isto não é verdade”.

Por outro lado, acrescenta, a itinerância dos docentes dentro das escolas do agrupamento, outra das medidas decorrentes da agregação, “implicará um desgaste maior dos professores e maiores despesas” com deslocações, sem que es-tejam garantidas “compensações”. O aumento do número de alunos por turma – que no ensino se-cundário poderá ir além dos 30 –, irá ter implica-ções “na disponibilidade que cada professor tem que ter para cada aluno”, concluiu.

Serpa prevê “acréscimo” de tensões entre

alunos e na sala de aula O presidente da co-missão administrativa provisória de uma das duas novas agregações de escolas em Serpa, que junta a secundária com o existente agru-pamento vertical de Vila Nova de São Bento – que é, segundo o Governo, a unidade orgânica mais pequena, com 889 alunos – diz, em de-clarações ao “Diário do Alentejo”, que as me-didas do Governo estão “nesse momento a ter bastantes implicações no normal funciona-mento das escolas da agregação”, porque, “além do mais”, existe “alguma falta de orientações e de apoio para uma regular implementação do agrupamento”.

“Isto tem implicações em termos adminis-trativos, de funcionamento, em termos orça-mentais, portanto há uma série de situações que neste momento carecem de muitos cuida-dos e a altura do ano em que isto está a ocorrer é que não é a melhor, porque na prática as pes-soas já não estão cá, e isto é tudo deixado um pouco em cima de quem neste momento está ao serviço”, lamenta Francisco Féria, que passou a gerir “entre 120 e 130 docentes”.

Em relação ao número de professores do quadro a quem foi atribuído horário zero, o di-rigente estima que sejam “cerca de 25”, sendo que deverão ser recuperados “oito ou nove”. Contratados deverão ser “entre 20 e 30”. “Se fi-carmos com 10 será muito, ou seja, a maior parte dos docentes contratados ‘vai ao ar’, irão ficar alguns mas no âmbito de técnicos espe-cializados para os cursos profissionais e para os cursos de educação e formação”.

O presidente da comissão administrativa considera ainda que “num ano em que a esco-laridade obrigatória vai chegar aos 18 anos pela primeira vez, em que se assiste a um mau es-tar docente, em que existe um agravar das si-tuações problemáticas em termos socioeco-nómicos, das famílias”, o aumento do número de alunos por turma poderá levar “a um acrés-cimo em termos de tensões no trabalho em sala de aula, entre os miúdos e dentro da própria es-cola”. “Estou a prever um agravamento das situ-ações, com a agravante de as escolas não esta-rem dotadas neste momento de corpos técnicos que deem resposta a isto. A maior parte não tem psicólogos a tempo inteiro, são contratados pontualmente para umas horas. Assistentes so-ciais não existem e mediadores sociais também não”, diz o responsável, acrescentando que a iti-nerância de alguns docentes dentro das esco-las do agrupamento – Serpa e Vila Nova estão a 17 quilómetros de distância – é uma situação “que também ainda não está bem clarificada”. “Dentro do agrupamento tenho oito docentes que não têm nem carro nem carta, e o trans-porte público não consegue responder às ne-cessidades dos docentes de se moverem entre as duas escolas, portanto, neste momento, não sa-bemos o que é que vamos fazer”.

Segundo o Ministério da Educação e da Ciência, esta segunda fase de

agregação de escolas [a primeira teve lugar no passado ano letivo] vai

permitir “reforçar o projeto educativo e a qualidade pedagógica das

escolas”, nomeadamente através da articulação dos diversos níveis

de ensino. A tutela acredita que, assim, os alunos vão poder realizar

“todo o seu percurso escolar no âmbito de um mesmo projeto

educativo”. O ministério diz ainda que os novos agrupamentos

“facilitam o trabalho dos professores, que podem contar com o

apoio de colegas de outros níveis de ensino, e ajudam a superar

o isolamento de algumas escolas”. Fica ainda mais facilitada “a

racionalização e gestão dos recursos humanos e materiais escolares”.

A tutela considera ainda que os novos agrupamentos “têm uma

dimensão racional e têm em conta as características geográficas, a

população escolar e os recursos humanos e materiais disponíveis”.

Não prestaram declarações Também contactada pelo “DA”, Graça Alves, presidente da comissão administrativa provisória da nova agregação de escolas de Aljustrel, que junta a secundária e o agrupamento vertical de escolas do concelho, remeteu para mais tarde declarações sobre o processo. O “Diário do Alentejo” tentou ainda obter esclarecimentos junto das comissões dos outros dois novos agrupamento do distrito – em Castro Verde (que junta o agrupamento de escolas existente e a secundária) e em Serpa (que junta os agrupamentos de escolas de Serpa e de Pias) – e da Direção Regional de Educação do Alentejo, mas tal não foi possível em tempo útil.

Agregação reforça

qualidade pedagógica,

diz ministério

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Presidente do Nerbe/Aebal diz que a “situação é extremamente grave”

Cerca de 40 por cento das empresasda região estão à beira da falência

Aeroporto de Beja Grupo de trabalho está já em fase de apontar soluções

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Concelhia de Aljustrel do PCP contesta fecho da Escola Básica de Jungeiros A concelhia de Aljustrel do PCP contestou o encerramento da escola básica de Jungeiros, no concelho, o que vai criar “um problema” à população, porque “não foi acaute-lado o transporte, nem a alimentação das crianças” que serão deslocadas. Em comunicado, os comunistas de Aljustrel mostram a sua “indignação” com o fecho da escola e apelam à população para recusar a “política economicista do Governo, causadora de desemprego,

insucesso educativo e injustiças sociais”. Segundo o PCP de Aljustrel, “o governo PSD/ /CDS-PP, determinado a pagar a crise apenas com a retirada de direitos e condições de vida à população, resolveu continuar a política de encerramento de escolas”, iniciada pelo an-terior Governo PS. “O atual governo insiste em continuar a aplicar as mesmas medidas que têm como resultado a degradação da escola pública, que em nada contribuem para o su-cesso educativo dos alunos e que acentuam o despovoamento do interior”, lamentam.

A Câmara de Serpa tem disponível desde quarta-feira, na

Internet, o portal do munícipe, que permitirá aos munícipes

aceder à estratégia, a projetos e obras georreferenciados num

mapa interativo, notícias e serviços da autarquia. O portal, criado

no âmbito do processo de modernização administrativa da

Câmara de Serpa, faz parte da solução de comunicação integrada

entre a autarquia e os munícipes e que reúne o Balcão Único de

Atendimento e vários serviços on line. Segundo a autarquia,

o portal, que pode ser acedido através do sítio de Internet da

Câmara de Serpa, em www.cm-serpa.pt, vai disponibilizar on

line vários serviços municipais, como os de águas, de vistoria de

unidades móveis, cemitérios, licenças, urbanismo e ambiente e

serviços urbanos. Através de uma área reservada, os munícipes

registados também podem enviar opiniões e expor problemas.

Filipe Pombeiro, eleito presidente do núcleo empresarial de Beja em feve-reiro último, revela que grande parte das empresas da região está com a corda ao pescoço. Por falta de apoios e de financiamento bancário. Nesta entrevista exclusiva ao “Diário do Alentejo”, Pombeiro diz que “não faz sentido” existirem duas associações empresariais na região. E que o grupo de trabalho para o aeroporto de Beja, apesar dos atrasos iniciais, está já na fase de redação dos resultados finais.

Texto Paulo Barriga Foto José Serrano

Que retrato faz do tecido empresarial da re-

gião de Beja nesta altura de crise profunda?

É um pouco o retrato do País. Com os cons-trangimentos acrescidos de estarmos numa região do interior. Se o País está mal, não se esperaria que uma região que já tem os pro-blemas inerentes à interioridade estivesse melhor. Portugal atravessa uma crise ex-trema. No que respeita às empresas estão a fechar uma média de 30 por dia a nível na-cional. E estamos a debater-nos com proble-mas muito complicados de tesouraria nas empresas.

Esse sentimento também se sente com in-

tensidade junto dos vossos associados?

Sente-se e muito. Mais de 70 por cento do tempo que ocupo no Nerbe é a ouvir as pes-soas e a tentar, junto das entidades compe-tentes, seja a Direção Regional de Economia, seja o Iapmei ou a banca, dar conta destas dificuldades. Para tentar ajudar as pessoas no sentido de resolver os seus problemas. E o maior problema que hoje as empresas têm é o acesso ao crédito, é o financiamento. Que por um lado está muito restrito e, por outro, está muito caro.

Só no primeiro semestre de 2012, segundo

o Instituto Informador Comercial, já insol-

veram 25 empresas na nossa região. Que

comentário lhe merece estes dados?

Estes números pecam sempre por defeito. Há muitas empresas que ainda não recorre-ram à insolvência, nem sei bem porquê. As dificuldades que têm são de tal ordem que, de estarem abertas ou não estarem, vai um passo muito pequeno. É uma situação muito complicada. É evidente que continuamos a ter empresas com vitalidade e que até apre-sentam crescimento. Mas se formos falar em termos médios, estamos com uma situa-ção extremamente grave.

Estes números agora divulgados não são

propriamente realistas…

Não querendo ser alarmista, diria que mais de 40 por cento das empresas da região es-tão com grandes dificuldades de tesoura-ria e com uma perspetiva de continuidade muito reduzida.

Em fevereiro, contra todas as expectativas,

foi eleito presidente do Nerbe com o lema

“proximidade, inovação e dinamismo”. Era

muita ambição reunida em apenas três

palavras...

Continuamos a ter muita ambição. E

procura interna sentem dificuldades acres-cidas. Não nos podemos esquecer que das 350 mil empresas que temos em Portugal, só 20 mil têm caráter exportador. Todas as empresas que dependem do mercado in-terno, por via do rendimento das famílias e da contração da economia, têm que ser apoiadas. É nestas empresas que não têm exportação que reside o maior nível de em-prego do País. Se não apoiarmos estas em-presas elas vão ter uma vida bastante com-plicada e não podemos acabar com elas. E as empresas exportadoras no Alentejo não an-darão acima dos cinco por cento do total.

Numa região tão pobre empresarialmente,

faz sentido existirem em simultâneo duas

associações empresariais?

No sentido lato, diria que não. É evidente que cada uma tem a sua própria natureza es-pecífica. O Nerbe e a Associação Comercial fizeram o seu próprio caminho. A fusão das duas poderá ser um fim, mas nesta fase não é isso que nos deve preocupar. Não é uma questão que neste momento esteja em cima da mesa. Mas não faz muito sentido, para um tecido empresarial tão pequeno, exis-tirem duas associações. É um facto. Mas nesta fase não sei se o caminho passa pela junção das duas.

Falta apenas um mês para o grupo de tra-

balho sobre o aeroporto apresentar resul-

tados. Em que pé estão as coisas?

Diria que os trabalhos estão a evoluir com naturalidade. Houve um atraso inicial… nesta fase não faz sentido adiantar muito sobre o tema, faz sentido sim vermos o re-sultado final e o relatório final. Diria que os trabalhos estão a avançar com naturalidade e dentro dos timings previstos. As entidades envolvidas estão com a mesma perspetiva em relação ao aeroporto. A parte de levan-tamento de informação já foi feita, estamos agora já na fase de outputs.

Que tipo de outputs?

Ainda é cedo para falar no assunto. A mi-nha opinião é que o aeroporto é absolu-tamente fundamental para o desenvolvi-mento da nossa região. É evidente que, na conjuntura em que estamos, não o vamos ter nos próximos anos com todas as suas va-lências. Mas existe um potencial enorme no aeroporto e há uma valência que podemos aproveitar mais a curto prazo que tem a ver com a indústria aeronáutica. É por aí que o aeroporto vai, nos próximos tempos, dar mais à região.

estamos a tentar implementar estes três ei-xos e penso que isso já é visível. Mas aquilo que estamos a fazer mais é este trabalho de proximidade com as empresas e sermos um elo de transmissão para que possam resol-ver os seus problemas. Não temos qualquer fundo para emprestar às empresas, liqui-dez, que é o que elas mais necessitam. Mas temos desenvolvido esse trabalho junto das entidades competentes, no sentido de fa-zer passar a mensagem de que as empresas são viáveis e que temos que as apoiar. Numa conjuntura política muito orientada para as exportações, as empresas que dependem da

Serpa disponibiliza

portal do munícipe na

Internet

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João Ramos fez balanço da 1.ª sessão legisla-tiva A “falta de vontade política” do Governo PSD/CDS-PP para avançar com “projetos estruturantes” para a região, no-meadamente Alqueva, aeroporto, A26 e IP2, justificam, por parte do deputado do PCP João Ramos, a atribuição de nota negativa à atuação do executivo no balanço que fez da 1.ª

sessão legislativa. O deputado comunista, em conferência de imprensa, criticou ainda o facto de os custos do trabalho, a desregulação das relações laborais e o encerramento de pos-tos da GNR, serviços de saúde ou tribunais se terem acentuado neste período, bem como a extinção de freguesias, cujo pro-cesso está em curso.

Desde o início do ano que não era as-sinado qualquer contrato de financia-mento do InAlentejo. Todos os pro-cessos estavam parados, por ordem governamental, para reprogramação e limpeza estratégica.

Texto Carlos Júlio Foto José Serrano

Pondo fim a este “interregno”, no início da semana o Governo auto-rizou a assinatura de 19 contratos

de financiamento, alguns dos quais à es-pera há mais de um ano, no valor global de 35 milhões de euros, a maioria aprovados durante o mandato da anterior “equipa de gestão”.

A cerimónia de assinatura estava mar-cada para ontem à tarde, já depois do fecho desta edição do “Diário do Alentejo”, nas instalações da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (Ccdra), em Évora.

Estes contratos, com um investimento total de 34 175 833,58 de euros, vão ter um cofinanciamento do Feder de 23 544 723,59 de euros, com uma taxa variável entre 70 e 80 por cento de comparticipação.

No entanto, este valor vai ser ainda su-perior, no final da execução dos proje-tos, uma vez que o regulamento do QREN

permite que essa taxa seja aumentada, na maioria dos casos, até aos 85 por cento, o que poderá pôr em causa, conjuntamente com a reprogramação efetuada, “o tom ex-cessivamente otimista das afirmações do presidente da Ccdra quanto ao retorno à normalidade, dando a perspetiva de que o InAlentejo ainda acomoda recursos para dar resposta às futuras solicitações da re-gião”, disse ao “Diário do Alentejo” um es-pecialista nesta matéria.

Os contratos ontem assinados refe-rem-se a compromissos que tinham sido assumidos pela Autoridade de Gestão do Programa antes da reprograma-ção do QREN. “Com estas assinaturas a Autoridade de Gestão do Inalentejo não só assinala o regresso ao normal funcio-namento do plano traçado, como mostra que, com a reprogramação estratégica do InAlentejo, tem os meios para continuar a apoiar os projetos de investimento existen-tes e que esta região vai continuar a dispor de mecanismos de apoio e de promoção do desenvolvimento regional”, disse ao “Diário do Alentejo” o presidente da Ccdra e do InAlentejo, António Dieb.

Para o presidente da Ccdra (ver caixa), a assinatura em simultâneo destes dezanove contratos tem também um valor simbó-lico. “Com esta cerimónia quisemos deixar

um sinal de que numa altura muito com-plicada, de crise, conseguimos pôr 35 mi-lhões de euros na rua, o que é altamente significativo”, sobretudo porque, “embora alguns investimentos destes já tenham sido iniciados, a maioria ainda não o foi e esta assinatura de contratos vai significar o seu arranque, o que significa também maior atividade económica para a região”, sublinhou.

Os contratos de financiamento agora as-sinados referem-se a áreas como o turismo, energia, ciência e tecnologia, cultura, reabi-litação urbana, rede escolar e equipamentos para a coesão local, e envolvem, na sua maio-ria, entidades públicas de toda a região, mas também privadas (a Delta, por exemplo, cujo centro de interpretação e divulgação cien-tífica e tecnológica e promoção turística, li-gado ao Museu do Café, foi apoiado em quase três milhões de euros).

No Baixo Alentejo são diversas as en-tidades financiadas: Câmara de Beja e Centro Social e Paroquial de Brinches (área da eficiência energética); IPSS Nossa Senhora da Conceição de Barrancos e Moura Salúquia – Associação de Mulheres do Concelho de Moura (equipamentos para a coesão social); e Associação Centro Ciência Viva do Lousal, Grândola (Ciência e Tecnologia).

“Estamos a voltar à normalidade”

Há oito meses que não eram celebra-

dos pelo InAlentejo contratos de financia-

mento. Esta cerimónia significa que se está

a voltar à normalidade?

Sim. Após a operação de limpeza e repro-gramação estratégica está-se a entrar na normalidade. Estes contratos eram expec-tativas antigas dos promotores que estavam sem resposta, algumas há mais de um ano. Depois de resolvidas estas situações, ficam apenas em aberto 10 casos que necessitam de parecer prévio da Comissão Ministerial de Coordenação do QREN, presidida pelo ministério das Finanças, recentemente criada. Disse que era uma cerimónia também sim-

bólica. Porquê?

A assinatura, em bloco, destes contratos, é um sinal de que queremos despachar os processos que temos entre mãos o mais ra-pidamente possível. É também um sinal de que estamos na plenitude das nossas com-petências e das nossas funções para assinar novos contratos e para financiar novos in-vestimentos. E é também um sinal de que o InAlentejo é um instrumento muito im-portante para a nossa região e que deve ser utilizado pelos diversos promotores, sejam privados, sejam públicos. A reprogramação do QREN não tirou di-

nheiro às câmaras e outras entidades pú-

blicas no Alentejo?

A reorganização do QREN foi um sucesso na região. Conseguimos satisfazer os inte-resses e as diretivas do Governo e também os interesses dos diversos promotores, com uma grande adesão da maior parte dos de-cisores nesta matéria. A assinatura des-tes contratos é também um sinal de que a reprogramação não retirou dinheiro ao Alentejo, nem, por outro lado, nos retirou a disponibilidade financeira para apoiar-mos projetos públicos, uma vez que conse-guimos arranjar mais 40 milhões de euros do que estava previsto. Para quando uma nova assinatura de

contratos?

A nossa prioridade é que a aprovação dos projetos seja feita de uma maneira cada vez mais rápida e que os promotores sintam que têm no InAlentejo um instrumento ade-quado às suas necessidades. Temos prevista para setembro uma nova assinatura de con-tratos, quer para o setor público, quer para o setor privado. Outro sinal que quisemos deixar é o de que, antes de irmos de férias e numa altura muito complicada de crise, conseguimos pôr 35 milhões de euros na rua, o que é altamente significativo.

António DiebPresidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo e da Autoridade de Gestão do InAlentejo

Governo suspendeu todos os processos no início do ano

InAlentejo volta a assinar contratos de financiamento

Barrancos A IPSS Nossa Senhora da Conceição é uma das instituições que vai assinar contrato de financiamento

A Junta e a Assembleia de Freguesia de Safara, no concelho de Moura,

contestaram a eventual redução do horário de funcionamento do posto local da

GNR, alegando que irá contribuir para “aumentar” os níveis de insegurança da

população e os crimes. Numa moção, aprovada por unanimidade, os dois órgãos

afirmam que a proposta de redução do horário do posto da GNR de Safara,

das atuais 24 horas para o período entre as 9 e as 17 horas, será “insuficiente” e

irá afastar os efetivos das populações e obrigá-los a deslocarem-se para a sede

do concelho (Moura) fora daquele horário. Por outro lado, alertam, fora do

horário do posto “grande parte” da população de Safara ficará “a mais de 20

quilómetros” e “um número significativo” a “cerca de 30 quilómetros” do posto

sede, em Moura, e “uma extensa área de fronteira com Espanha fica afastada e

reduzida de serviços de atendimento e patrulhamento”.“Face às atuais condições

socioeconómicas agravam-se as necessidades das populações no atendimento e

patrulhamento adequado”, defende a moção.

Safara contra redução do horário do

Posto da GNR

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Câmara de Aljustrel coloca cinco velo-cípedes ao dispor dos funcionários A Câmara Municipal de Aljustrel, no âmbito do pro-jeto EcoAljustre – Ação Município Sustentável, co-locou ao dispor dos funcionários cinco velocípe-des para pequenos trajetos, “facilitando assim a

mobilidade dos trabalhadores”. O uso da bicicleta, adianta a autarquia, “enquadra-se numa política de mobil idade sustentável em que o município está a apostar, dando o exemplo com vista a ado-ção de compor tamentos mais ecológicos e redu-ção das emissões dos gases com efeito de estufa,

responsáveis pelas alterações climáticas”. O projeto EcoAljustrel pretende “apostar na mudança de com-por tamentos e na reeducação ambiental da popu-lação, preser var a integridade física dos cidadãos, fomentar um ser viço de qualidade e promover a qualidade de vida no município”.

Os idosos, reformados e pensionista de Pedrógão e de Marmelar visitam hoje, sexta-

-feira, a “Aldeia da Terra”, em Arraiolos, e o palácio de Vila Viçosa, no âmbito dos já

tradicionais passeios de verão promovidos pela Câmara Municipal de Vidigueira. No

próximo dia 10 será a vez dos idosos de Vidigueira, que visitarão a Casa Museu de Amália

Rodrigues, em Lisboa, e o palácio Nacional de Queluz. Um passeio à praia de Monte

Gordo é a proposta para os idosos de Selmes e de Alcaria da Serra, no dia 17.

Vidigueira promovepasseios

de verão para idosos

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O corte do abastecimento de água por parte da Câmara de Ferreira do Alentejo a oito montes, onde há mais de 30 anos era efetuado com recurso a um trator, conti-nua a gerar polémica. O vereador Manuel Reis afirma que o uso e abuso deste bem escasso e uma maior equidade social jus-tificam a suspensão. Já Paulo Conde, um dos moradores afetados, exige a reposi-ção do abastecimento e diz-se disposto a pagar pelo serviço.

Manuel Reis, vereador do executivo camarário responsável pelo pelouro que trata do abastecimento de água,

disse ao “Diário do Alentejo” que as razões que motivaram a suspensão do fornecimento têm a ver com “abusos” verificados na utiliza-ção deste “bem escasso”, que, “em muitos ca-

sos”, era usado para dar de beber a animais e regar hortas.

O autarca afirma que havia casos em que se gastavam mais de 3 500 litros de água por semana, o que é “10 vezes mais do que os or-ganismos internacionais recomendam”. Neste momento, a Câmara de Ferreira do Alentejo abastece seis famílias, com “comprovadas di-ficuldades de vária ordem”, com 500 litros por semana e por pessoa, o que “excede larga-mente” a quantidade recomendada, diz.

Quanto às críticas produzidas na comuni-cação social por Paulo Conde, um dos elemen-tos da comissão de utentes que exige a reposi-ção dos abastecimentos, Manuel Reis acusa-o de estar a usar o movimento em “benefício próprio”. O vereador diz mesmo que houve pessoas que, ao comprarem terrenos agríco-las a “preços mais em conta, deviam saber”

que após a construção de uma habitação te-riam um custo acrescido com o tratamento da água.

Paulo Conde, contatado pelo “DA”, recusa qualquer aproveitamento pessoal da situa-ção. “Nós queremos pagar a água. A câmara que diga quanto é, que nós pagamos”, afirma, acrescentando não perceber as motivações do executivo para “cortar a água só a alguns”.

Manuel Reis justifica o corte com as medi-das de contenção de custos e de equidade, já que, segundo o vereador, existem cerca do 500 montes no concelho, e apenas em 14 era dis-tribuída água com recurso a transporte, acu-sando ainda alguns consumidores de terem acesso ao ramal “mas não o utilizarem” para poupar dinheiro.

Paulo Conde diz que tratar a água “é muito caro” e reclama ao município “resposta ao

requerimento apresentado” em que o ques-tiona acerca das razões que levaram ao fim dos abastecimentos.

Este membro da comissão de utentes disse ao “Diário do Alentejo” que nos últimos dias reuniu-se com o presidente do conselho de ad-ministração das Águas do Alentejo, que pro-meteu contactar Aníbal Costa, presidente da Câmara de Ferreira do Alentejo, no sentido de se encontrar uma solução para o problema.

Conforme noticiámos na nossa edição de 13 de julho, também o PCP, através de um co-municado da comissão concelhia, repudiou “a decisão da autarquia de mandar suspender o serviço de distribuição de água”.

Mário Simões, que visitou o local há três se-manas, disse na altura “não fazer sentido que o município não disponha de orçamento para fornecer água a 15 agregados familiares”. AF

Câmara fala em abusos e em desperdício

Ferreira continua em guerra pela água

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Reportagem

Eu acho que aquilo devia estar aberto. Em princípio, porque

era um posto de trabalho que estava ali, e depois porque

vêm pessoas de todo o lado, chegam ali e está fechado,

voltam para trás. É complicado para quem vem”.

Manuel Batista

Villa romana de Pisões

As ruínas que não se podem descobrirAs ruínas de Pisões, junto a Beja,

estão encerradas temporaria-

mente desde o passado mês de

junho devido à reforma da única

funcionária que trabalhava na villa

romana. Um encerramento que se

prevê temporário, mas que ainda

não teve resolução.

Texto Marco Monteiro Cândido

Fotos José Serrano

Ilustração Paulo Monteiro

Pisões. Uma placa de metal, simples, indica a direção. Na estrada nacional 18, que liga Beja a Aljustrel, mesmo

à entrada de Penedo Gordo, encontra-se a placa, o desvio para a villa romana de Pisões, conjunto rural ocupado entre os sé-culos I antes de Cristo e IV depois de Cristo. O caminho é de terra batida, com os cam-pos a estenderem-se em todas as direções. Campos amarelos, salpicados de oliveiras e girassóis. Antes das ruínas arqueológicas, mais uma encruzilhada. Novamente uma placa discreta, quase envergonhada, indica o caminho. O local apresenta-se logo de se-guida. Aqui não há um X a marcar o lugar, como nas histórias de corsários, mas o lu-gar pretendido apresenta-se timidamente. O portão que dá acesso ao núcleo romano está, literalmente, fechado a cadeado. Junto a este, uma casa, onde morou, até há bem pouco tempo, a funcionária que entretanto se reformou e já não a ocupa. Quatro cães estão por ali, dois presos, dois soltos, to-dos com sede e moles do calor. Dois deles magros, muito magros. Junto ao portão fe-chado, uma folha de papel está colada num painel informativo: “Encerrado temporaria-mente ao público”. Por trás da rede, o centro de acolhimento do espaço, estrutura de ma-deira e portas brancas envidraçadas, está encerrado.

No final de maio deste ano, a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA), entidade que tutela o espaço, decidiu encer-rar as ruínas romanas de Pisões de forma temporária para proceder a uma “reor-ganização”, consequência da reforma da única funcionária do espaço. Desde essa al-tura, a DRCA, em conjunto com a Câmara Municipal de Beja, está a tentar encontrar soluções para a reabertura do espaço, com a colocação de uma nova pessoa, o que não aconteceu até ao momento.

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Legenda Legenda

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A villa romana

de Pisões

A 10 quilómetros de Beja, a villa romana de Pisões, descoberta em 1967, foi

classificada como Imóvel de Interesse Público em 1970. Como todas as villas romanas, tratava--se de uma moradia rural, cujos edifícios formavam o centro de propriedades agrícola. Ocupada entre I a. C. e IV d. C., a villa en-contra-se parcialmente escavada, principalmente na área corres-pondente à residência dos pro-prietários. Apresenta mais de 40 divisões, destacando-se o edifí-cio termal, relevante exemplar das termas privadas romanas em território português. A villa de Pisões é particularmente conhe-cida pelos mosaicos encontrados no local, mono e policromáticos, de composições geométricas e naturalistas.

Sobre esta matéria, o vereador na Câmara de Beja com o pelouro da Cultura e Património, Miguel Góis, sublinha que “a autarquia tem todo o interesse em que a si-tuação se resolva o mais rapidamente pos-sível”, afirmando que as mesmas não es-tão encerradas, sendo que as visitas apenas acontecem com marcação prévia. “Havia uma funcionária afeta à DRCA que passou à reforma e a DRCA comunicou à autarquia que não tinha recursos humanos nem pos-sibilidade de colocar uma nova pessoa no imediato”.

Sobre as responsabilidades da autarquia, o autarca refere que a câmara “é apenas um dos atores do processo e que, simplesmente, tem o papel de ser o município onde as ruí-nas estão”. “Houve uma reunião e uma visita com a DRCA no mês passado onde a câmara se disponibilizou, com as suas capacidades técnicas e financeiras, para fazer interven-ções simples no espaço, de manutenção do espaço público. Ficou também acertado que a DRCA aproveitaria para intervir no es-paço durante o período em que o mesmo es-tivesse fechado”. O “Diário do Alentejo” ten-tou contactar a Direção Regional de Cultura do Alentejo, até bem perto do fecho da pre-sente edição, sem sucesso.

A villa que brotou da terra 1967. Nos arrabal-des de Beja, num dia de jorna como muitos

outros, os trabalhos decorriam com a nor-malidade de sempre. Trabalhos de campo, cultivando-se a dura terra. Mas, nesse dia, o fruto que a terra deu foi outro. Pedras, vestí-gios, algo enterrado, poucas certezas, mas a certeza de que não seria algo normal ou, pelo menos, comum. Manuel Cardador era bem mais novo do que é agora, com os 81 anos que já leva, mas lembra-se bem de quando se encontrou a villa romana de Pisões por acaso, como acontece com a maioria dos achados arqueológicos. “Vivi durante 10 anos ao pé dos Pisões, a 600 metros. No tempo em que lá morei aquilo ainda não ti-nha sido descoberto. Foi descoberto depois”. E Manuel Cardador, sentado num banco na rua principal de Penedo Gordo, que tam-bém é estrada entre Beja e Aljustrel, con-tinua a desfiar a história do momento em que se desenterraram pedaços de história. “Lá, semeavam as searas em cima daquela terra. Não sabiam que estava lá aquilo e foi para lá um homem charruar com um trator. Encalhou com a charrua numa pedra, ten-tou voltá-la, mas não foi capaz. Teve que lá deixar a charrua e voltar ao monte para ir outro trator tirar aquele de lá”. Segundo a lembrança de Manuel Cardador, “era uma pedra que era um disparate”, e que essa, tal como muitas outras que foram encontra-das, foi e está, ainda hoje, no Museu de Beja. “As mais ruins estão aqui no monte, agora

as outras foram todas para Beja”.Sentado num dos bancos da rua princi-

pal de Penedo Gordo, Manuel Cardador vai passando o tempo enquanto vê os carros a passar. Hoje, e de há algum tempo para cá, são menos, muito menos, os que param para perguntar onde é, para ver Pisões. Um cená-rio bem diferente dos tempos logo a seguir à descoberta do tesouro arqueológico escon-dido na herdade da Almagrassa. “Vinha aí muita gente, sim senhor”. Hoje, fechados que estão os portões para o comum dos visi-tantes, devido à reforma da funcionária que

trabalhava no centro de acolhimento, as vi-sitas são ínfimas, quando comparadas com o início.

Manuel Batista, 68 anos, é um dos qua-tro homens que estão sentados no banco na rua principal de Penedo Gordo. Só há pouco tempo é que soube que as ruínas fe-charam. “Sei que havia uma senhora que es-tava ali vivendo, que recebia qualquer coisa por abrir e fechar a porta. E, essa senhora, se não saiu de lá, está para sair”. Do que Manuel Batista via, os visitantes, nos últi-mos tempos, eram, na sua maioria, estran-geiros e, mesmo estes, muito menos do que eram antigamente. “Eu acho que aquilo de-via estar aberto. Em princípio, porque era um posto de trabalho que estava ali, e de-pois porque vêm pessoas de todo o lado, chegam ali e está fechado, voltam para trás. É complicado para quem vem”.

Francisco Romão, companheiro de banco e de conversas, também acha que não fizeram bem em fechar as ruínas. “Não fi-zeram nada bem. Era uma coisa que estava ali à vista, a pessoa que quisesse ia ali ver. Fechado está mal”. A Manuel Cardador, an-cião do grupo, tanto se lhe dá, mas sem-pre dá uma achega. “Aquilo, para mim, não dá prejuízo nem lucro. Mas aquilo era para desenvolver mais. As pessoas do arame deram em desaparecer e aquilo vai enfraquecendo”.

Sobre as responsabilidadesda autarquia, o autarca refere que a câmara“é apenas um dos atores do processo e que, simplesmente, tem o papel de ser o município onde as ruínas estão”.

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Perfil

Mas o que realmente salta à vista, o que enche o

olho aos clientes, para além dos tradicionais pratos

gastronómicos, são as garrafas que contêm no seu

interior autênticas obras de artesanato. Artesanato

engarrafado, talvez seja o termo mais correto”.

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Restaurante em Beja com exposição permanente

O artesanato engarrafadode João do Beco

No beco da rua dos Infantes existe um restaurante que só poderia ter um nome: “O Beco”. Lá dentro en-

contram-se paredes revestidas em grande parte por azulejos. Mesas e cadeiras, como em qualquer restaurante, quadros e muito mais. Mas o que realmente salta à vista, o que enche o olho aos clientes, para além dos tradicionais pratos gastronómicos, são as garrafas que contêm no seu interior autên-ticas obras de artesanato. Artesanato en-garrafado, talvez seja o termo mais correto. Objetos produzidos em madeira e poste-riormente “engarrafados” por João Lagoas. Popularmente conhecido como João do Beco.

João produz e “engarrafa” o que lhe ape-tece. Faz o que lhe vem à memória. Se lhe apetece faz uma cadeira. Se decide que quer fazer uma carroça também não se atrapa-lha e a dimensão, essa, é coisa que já não o assusta. Até aqui tudo normal. A perícia é colocar todos estes objetos dentro de uma garrafa, que tanto pode ter fundo redondo como quadrado.

Mas recuemos um pouco no tempo. Até porque uma estória conta-se do princípio. “Faço este artesanato desde 1997 e aprendi sozinho”, conta João Lagoas. E explica: “Teve um começo curioso. Não sabia que era capaz de fazer isto. Nunca o tinha feito”.

Num fim de semana que se colou a um feriado rumou ao Algarve com a famí-lia e o seu sócio. No caminho parou numa casa que, na altura, tinha exposta uma gar-rafa com uma escada lá dentro. “Olhei para aquilo e questionei-me: como é que fizeram isto. Eu nunca tinha visto uma escada den-tro de uma garrafa. Levei o fim de semana a pensar na garrafa. Não me saía da cabeça”, conta. Regressaram, e a garrafa com umas escadas dentro continuava no seu pensa-mento. “Eu não conseguia pensar em outra coisa. Estava aqui no restaurante, os clien-tes chamavam-me e eu não os escutava. Puxavam-me pela manga da camisa, fa-ziam-me os pedidos e eu chegava à cozinha

Há um restaurante na cidade de Beja que ostenta uma verdadeira expo-

sição de artesanato engarrafado. Objetos de madeira dentro de garrafas,

fechadas pela rolha no gargalo. É João Lagoas, proprietário do restau-

rante “O Beco”, quem os faz. E é lá, onde se comem petiscos e iguarias tra-

dicionais, que se podem apreciar as garrafas de João do Beco.

Texto Bruna Soares Fotos José Ferrolho

e já não sabia o que me tinham pedido. O meu sentido estava na garrafa. Isto durou até quarta-feira”, lembra. O tempo necessá-rio para tomar uma decisão. “À hora de al-moço zanguei-me e fui ao carpinteiro pedir uns paus para fazer uma escada. Fui para casa. À hora de abrir o restaurante ainda es-tava com a escada e não a conseguia colocar dentro da garrafa. Quando fechei a porta voltei a casa e agarrei-me àquilo. Eram 3 horas da manhã e a escada estava dentro da garrafa. Olhei para o meu feito e pen-sei, lembrando-me da tal garrafa que tinha

“Os meus clientes ficam espantados e dizem-me que isto é uma mostra única no País”, diz.

só a partir da década de 80 é que me dedi-quei a tempo inteiro à restauração”, diz João Lagoas.

Os dias no restaurante “O Beco” já não correm com o mesmo ritmo de antiga-mente. “Tivemos aqui dias extraordinários. Belíssimos. Não dávamos conta do serviço. Várias pessoas a trabalhar. O País foi-se modificando e hoje está a menos de 50 por cento”, conta, já com um sorriso mais come-dido. Anima-se. Esquece os tempos de crise que todos vivemos e afirma: “Este é um res-taurante de referência internacional. Tem passado aqui gente de todos os sítios”.

João do Beco continua no seu res-taurante, no beco da rua dos

Infantes, quase junto à praça da República. E quem lá pa-rar para comer tem ainda o prazer de poder ver toda a sua coleção de artesa-nato engarrafado. Uma mos-

tra variada, que João do Beco considera “ímpar” e que é a me-nina dos seus olhos.

visto a caminho do Algarve feita por um ar-tesão que não sei quem é, agora vou colocar um escadote dentro de outra garrafa”, re-corda. Um alívio. “Foi como ligar e desligar o botão de qualquer eletrodoméstico. Tinha finalmente conseguido”, assegura.

A partir daí nunca mais parou. Só no restaurante estão expostas mais de 70 gar-rafas. “Os meus clientes ficam espantados e dizem-me que isto é uma mostra única no País”, diz. Para rapidamente acrescentar: “Tenho-me desafiado. Já devo ter feito mais de 160 garrafas. Umas estão aqui, outras es-tão espalhadas. Por aqui e por ali. Lisboa, Alemanha, Brasil”.

Dedica-se às suas garra-fas, ao seu artesanato, nos tempos livres. O restau-rante “O Beco” ocupa-lhe uma grande parte do seu tempo, quase sempre o ocupou.

“Estou na restaura-ção há 52 anos. Estive noutras casas. Mas

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OpiniãoDesporto,futebolizaçãoe (des)igualdade de géneroJosé Manuel Basso Médico termalista

Ainda está na memória recente de todos, a cobertura, absolu-tamente esquizofrénica (deri-vando facilmente para o alie-nante), de todas as televisões do campeonato europeu de fu-tebol de seleções disputado na Polónia e Ucrânia. Foi pena não ter sido aproveitado o en-tusiasmo suscitado nos espe-

tadores e as elevadas audiências para (também) dar a co-nhecer melhor aspetos dos países anfitriões como as suas belezas naturais e monumentais, condições de vida e cul-tura dos respetivos povos. São oportunidades a não perder para, assim, ajudar na construção de uma outra perspetiva de união europeia, virada para um espaço de promoção em pé de igualdade, de todos os países membros e do ideal de Monet ou Delors.

2. Em absoluto contraste, êxitos não menos relevantes do desporto português, ao mais alto nível de competição, fo-ram (e estão a ser) nestes dias escandalosamente secunda-rizados (quase apagados) pela generalidade das televisões e jornais considerados de referência e (mais grave) pelos três diários desportivos que se publicam em Portugal. Um ciclista português ganha uma das mais importantes voltas europeias em bicicleta (o tour suíço).Vários dias com a ca-misola amarela, heroico vencedor da prova, Rui Costa não teve o mínimo de realce que o seu sucesso merecia. Nem teve na etapa da consagração à chegada o abraço do licen-ciado de curta duração que só formalmente deixou de ser o secretário-geral e faz as vezes de ministro... Em França ou Espanha, um sucesso patriótico (no bom sentido) desta envergadura seria abertura de telejornais, ampla cober-tura, tema com foto sugestiva a encher a primeira página do “l´Equipe” ou da “Marca”. Deu-se, nesses dias, preponde-rância a mais um brasileiro, argentino ou colombiano refe-renciado como futuro futebolista com destino a um dos três “grandes” com destino provável de empréstimo a um clube de escalão secundário...

3. O “tour de France” é apenas televisionado em canais que muito pouca gente vê, desprezando imagens absoluta-mente espetaculares em termos da natureza e património que é de toda a Europa, para não falar do heroísmo dos ci-clistas em pedaladas de esforço notável, nomeadamente na alta montanha. Já nem sequer “A Bola” remete enviados es-peciais, recuando dezenas de anos sobre o notável jorna-lismo protagonizado outrora por Carlos Miranda e Homero Serpa, com páginas de prosa que representaram (também) pontos altos do culto da Língua pátria e (sempre que pos-sível) introduzindo a perspetiva progressista no fenómeno que estavam a retratar...

4. A seleção feminina de futebol de sub/19 disputou as

meias-finais do campeonato europeu. Curiosamente tam-bém com a Espanha... Quantos chegaram a aperceber--se deste percurso vitorioso destas abnegadas mulheres?

Mesmo os jornais desportivos omitiram escandalosamente ou, em autêntica caridade de pequena divulgação, oferecem a estas vitoriosas três ou quatro centímetros quadrados, sem uma fotografia ao menos...

A condição esmagadora de futebolização do espetáculo desportivo em Portugal faz resvalar as coisas, com injusta menorização das outras modalidades, para a alienação e a violência daí resultante.

A masculinização é outra situação, a este nível, absolu-tamente intolerável. A expressão dada a este tipo de espe-táculo conduz à ideologia da mulher como ser menor, sem condição física para estas coisas do uso do músculo.

Por curiosidade, contámos o número de mulheres pre-sentes nas fotos que compõem a edição de um diário des-portivo da nossa praça. Em mais de 100 fotos (não parece!), o feminino está presente nove vezes. E em mais de metade por razões nada desportivas, a reforçar a subalternidade e submissão. É Ronaldo com a namorada, a noiva de Iniesta com o vestido branco casadinha de fresco, Joana Pinto da Costa a caminho do altar pelo braço de Jorge Nuno. Está tudo dito...

6. Pegámos neste tema porque nos dias que correm a

política parece limitar-se à ação gestionária da coisa pú-blica, nomeadamente à volta da sua condição financeira. Uma visão progressista deve agarrar (também) em ques-tões de valores nos vários quadrantes da vida e da condi-ção humana...

Viva la vida!Ana Paula Figueira Docente do ensino superior

A proxima-se a data do meu ani-versário! Gosto do sol e do ca-lor… e nos meses de Julho e Agosto tiveram lugar os mo-mentos mais felizes da minha vida! Também gosto de co-memorar o meu aniversário e dos símbolos que estão asso-ciados a essa comemoração: as velas (a chama da vida e o

último sopro), o bolo (culto a Artemisa, deusa da Lua e da Fecundação), os presentes (o corte do cordão umbilical ou o primeiro “objecto” de amor perdido entre mãe e filho) e a festa entre amigos (a união que afasta a morte). Por isso sinto-me sempre um bocadinho triste quando “parabenizo” alguém que me responde: “Obrigada, mas já não tenho idade para comemorar o aniversário… até já me esqueço de quantos anos faço!” Claro que cada um tem o direito de op-tar por aquilo que o torna mais confortável e feliz em cada momento da sua vida… ou, pelo menos, nos momentos da vida em que é possível optar… É certo que o aniversário tem significados diferentes ao longo da vida: se para as crianças é sinal de reconhecimento e distinção no seio da família – são os “reis” da festa – o que determina que aguardem an-siosamente o dia em que fazem anos, já para os adolescen-tes é motivo para se reunirem com os amigos, preferindo comemorar fora das suas casas. Para os adultos, preocupa-dos em fazer 30, 40, 50, 60 anos…, tudo tem a ver com a sua auto-estima, se têm saúde, amigos, uma família unida… no fundo, com a forma como fazem o balanço das suas vidas. Existem também pessoas que refutam a festa por questões convencionais – entendem, por exemplo, que esta alimenta a sociedade de consumo – ou religiosas, ou ainda porque a data coincide com um acontecimento que lhes foi doloroso.

É à gente dos “enta”, onde eu também me situo, a quem especialmente me dirijo. Àqueles que já contam algumas dezenas de anos e que esperam durar outras mais. Não posso estar mais de acordo com Torga quando refere que durar muito é, de facto, “a única maneira de se poder pers-pectivar capazmente todos os altos e baixos da vida…”. Realmente, não existem vidas sem “apesar de” – afirma Lispector – “Uma das coisas que aprendi é que se deve vi-ver apesar de. Apesar de, deve-se comer. Apesar de, deve-se morrer. Inclusive muitas vezes é o apesar de que nos empurra para a frente”. Por isso, e mais do que tudo, cada vez que co-memoro o meu aniversário presto uma homenagem à mi-nha única vida, àquela que me foi concedida, aos momen-tos de felicidade e de tristeza que fizeram parte desta minha aventura particular. E peço a Deus que me permita durar ainda mais… “durar o bastante para não ter pena de deixar o saber e a prática do mundo”! Viva la vida!

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico.

Os finsnão justificamos meiosManuel António Guerreiro do Rosário Padre

Este título é sobejamente conhecido, o seu conteúdo explícito e incisivo, as suas exigências comprometedoras, e a sua atualidade sempre indiscutível.

Ao olhar a realidade que nos en-volve, à luz deste princípio, facilmente descobriremos: esquemas ardilo-sos para iludir a verdade, razões para justificar o injustificável, argumen-tos para atacar quem pensa de forma

diferente. Se queremos, porém, construir sociedades justas e frater-

nas, estabelecer relações sólidas e autênticas entre as pessoas e as diferentes comunidades, comecemos pelo mais básico, pelos alicerces, e este é um deles.

Afirmar que os fins não justificam os meios é ainda re-conhecer que há uma hierarquia de valores e objetivos, e que nunca o ser humano pode ser considerado meio, mas sempre fim, a respeitar e defender. Viver a vida nesta perspetiva supõe tempo e exige esforço, tenacidade, sacrifícios, enquanto a men-talidade que se pretende difundir é caracterizada pelo imedia-tismo, e pelo hedonismo, sem grandes compromissos, e tantas vezes, sem verdade.

É óbvio que para mim, enquanto cristão, entendo que deve ser sempre assim, e a Igreja afirmar-se como protagonista e ti-moneira na difusão desta grande verdade, que é exigente, com-prometedora, e se encontra no coração da mensagem de Jesus. Mesmo quando na práxis de muitos na Igreja isto não acontece, não devemos baixar os braços, mas antes trabalhar para que, dentro dela (Igreja) se viva e respire segundo este princípio.

Creio, porém, poder concluir que qualquer pessoa, que pro-cure pautar a sua vida por autênticos valores humanos, se-guindo a retidão da sua consciência, não deixará também de a subscrever.

Proponho, por isso, aos nossos leitores que aproveitem o pe-ríodo do verão, apesar de todos os condicionalismos, para uma reflexão sobre as nossas diferentes realidades e a nossa pró-pria vida, na certeza de que, como nos diria Antoine de Saint-Exupéry, “o essencial é invisível aos olhos”.

Decorreu esta semana, no Perímetro Florestal de Cabeça Gorda e Salvada, Beja, o 1.º Acampamento Regional Sul de ESCOTEIROS.

Uma iniciativa que juntou para cima de três centenas de escoteiros e que se inseriu nas comemorações dos 100 anos do escotismo português. E a cidade não ficou imune à iniciativa pois, na tarde de segunda-feira, os participantes no encontro tomaram de assalto as ruelas de Beja, tornando-a, por instantes, naquilo que ela não costuma ser. Por estas alturas. PB

Os estereótipos e as posições, por vezes de caráter xenó-fobo, que rotulam os povos do centro-norte da Europa como “virtuosos”, face aos do sul pretensamente “gastadores” e “preguiçosos”, mantêm-se. Manuel Carvalho da Silva, “Seara Nova”, verão de 2012

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As dívidas das autarquias terão que ser pensadas e solucionadas por mecanismos financeiros que evitem serem elas impedi-tivas do progresso dos concelhos. (…) O Alentejo carecido de reformas na sua administração não pode ficar sujeito às normas restritivas, porque são concelhos pobres e de pouca dinâmica empresarial. O Governo deve refletir sobre isso. Madeira Piçarra, “Diário do Sul”, 30 de julho de 2012

14 Cumpre-se este fim de semana mais uma jornada de desassossego na ZAMBUJEIRA DO MAR, com a realização

do Festival do Sudoeste. Uma enchente que agrada a alguns, mas que perturba invariavelmente a pacatez daquela branca cidadela sobre o Atlântico. Uma praia candidata às 7 Maravilhas de Portugal. E onde o verão, para os indefetíveis, começa, de facto, a partir de segunda-feira. Não em força. Mas em jeito. PB

Há 50 anosUma furgoneta,a rainha D. Leonore o Tarzando 5.º esquerdo

Há meio século, o jornalista José António Moedas contava neste jornal, no espaço “Varandim da

Cidade”, um estória curiosa:“O episódio vai contar-se só por graça,

e ainda bem que destarte se conta, pois por ‘milagre’ não teve consequências funestas ou, pelo menos, bastante desagradáveis.

Passou-se na tarde de sábado, cerca das 16 horas, e pouca gente deu por ele, embora depois merecesse uma onda de comentários apropriados.

O motorista de uma furgoneta, que vi-nha do Largo de S. João, quando preten-dia dirigir-se para a Rua Conde da Boavista (outra das versões diz que a direcção de-sejada era a que dá acesso ao Largo dos Duques de Beja...), por circunstâncias es-tranhas, não sabemos se já averiguadas, não conseguiu fazer a manobra a preceito e, sem mais aquelas, fez o veículo entrar pela placa ajardinada do Largo da Conceição, só o dominando perto da estátua da Rainha D. Leonor.

Uma senhora, que estava sentada no banco por onde o veículo roçou, levando-lhe bocados do xaile, disse parecer-lhe ‘um milagre’ a furgoneta ter passado, rápida-mente, entre duas árvores primeiro e, de-pois, no espaço entre o banco e um dos can-deeiros ali postos há pouco, sem lhes quase tocar.

O veículo apenas ficou danificado, ao de leve, num guarda-lamas, e o condutor, de-pois de o retirar da posição fronteira á rai-nha das Misericórdias, seguiu, cremos, para a esquadra da P. S. P. a fim de prestar escla-recimentos sobre o sucedido.

E falta ainda dizer que na placa ajardi-nada apenas uma pequena pernada de um arbusto rasteiro foi destruída.”

Nessa edição de 30 de julho de 1962 do “Diário do Alentejo”, na primeira página, havia uma pequena notícia interessante:

“Urba no Tava res Rod r ig ues – Acompanhado de sua esposa, a também já consagrada escritora Maria Judite Carvalho, esteve hoje em Beja o dr. Urbano Tavares Rodrigues, ilustre jornalista e escritor.”

Noutro local da capa, o jornal anunciava os “espectáculos de cinema” dessa noite na “Esplanada Jardim”. A sessão, com início às 22 horas, para maiores de 12 anos, incluía “pro-grama duplo com filmes portugueses: ‘Tarzan do 5.º esquerdo’, com Carmen Mendes, Raul Solnado e Maria de Fátima Bravo; e ‘Cais de Sodré’, com Virgílio Teixeira, Ana Maria Campoy e Barreto Poeira.”

Em página interior inteiramente dedi-cada a “teatros e cinemas”, havia um desta-cado anúncio do filme “Paixões Violentas”, com Elvis Presley, “um acontecimento cine-matográfico” que iria passar em breve pela “Esplanada Jardim” de Beja.

Carlos Lopes Pereira

Poemário

Sonhos e esperançasAntónio Machado

FlorbelaMaria do Céu Ribeiro

Eu nasci no AlentejoSou português por direitoDesde muito novo almejoUm Portugal mais perfeito

Nasci no rincão sagradoFoi lá que abriram meus olhosSó vi caminhos com escolhosNesse cantinho adoradoTanto tempo já passadoOlho o futuro e não vejoSinal de qualquer lampejoDe vida sem sobressaltoMas vou gritando bem altoEu nasci no Alentejo

Vi a luz da alvoradaNa terra quase esquecidaPara muitos tão queridaPor outros tão mal estimadaMerece ser respeitadaNão lhe neguem o respeitoAqui existe o conceitoQue também é PortugalE se eu sou dela afina1Sou português por direito

Muitos anos já passadosNa vida que vou levandoNa estrada que vou trilhandoMuitos passos foram dadosAlguns projetos falhadosNão me abalam o desejo

De festejar o ensejoDum sonho reaizadoQue acabe tão triste fadoDesde muito novo almejo

Em abril sopraram ventosQue prometiam mudançaFoi-se diluindo a esperançaForam chegando lamentosSofremos hoje tormentosQue nos oprimem o peitoGostava de ir satisfeitoQuando a tal hora chegarPor sentir ao abalarUm Portugal mais Perfeito

Flor, flor que a brisa levou no vento da primavera,Tela da vida pintada em aguarela descarnada, que num sopro se esfumou…

Bela, bela de quem só o pôde ser,por sentir em carne vivatoda a essência do ser,nesse efémero viver !

Existência assimétricade vertigem e arrepio,Tua imagem eclética,de tanto amor, tanto vazio!...

No Alentejo que evoca o eco da tua poesia,escuto o som da tua voznuma doce melodia…

Florbela…

…Quis teu nome coroar,de poesia esta nação,e de aromas nos perfumar,o teu nobre coração!

Breve passagem, Cometa,nas asas do infinito,Vives Princesa, Poeta,reflectindo o teu brilho!...

Os Jogos Olímpicos dão-nos a oportunidade, de quatro em quatro anos, de assistirmos a um estendal de racismo, de paternalismo, de tiques de superioridade ocidental e de uma insuperável subserviência ante os Estados Unidos. Santiago Macias, http://avenidadasaluquia34.blogspot.pt/, 29 de julho de 2012

Nesta crise em que vivemosQue o governo não contornaQualquer dia voltaremosÀ velha praça de jorna

Portugal vai-se afundandoNeste mar de incompetênciasDe cedências em cedênciasVai na estrada derrapandoPoderá ser tarde quandoEncontre valores supremosÉ bom que não confiemosEm quem nos tem governadoJá que ninguém é culpadoNesta crise em que vivemos

Milhares de desempregadosJovens sem futuro à vistaTambém estão na mesma listaPensionistas e reformadosTodos vão sendo enganadosNuma lengalenga mornaMuita esperança não retornaTragada por injustiçasNas areias movediçasQue o governo não contorna

Quem trabalha e quem produzÉ quem levanta um paísNão é qualquer diretrizTraçada por quem conduzAmbicionamos mais luzNas trevas muito sofremosSe o trabalho que não nos dãoPedir de chapéu na mão

Qualquer dia voltaremos

Nesta Europa de ilusõesMeu Portugal quem diriaQue tinhas de ser um diaEscravo de certos patrõesÉs vítima de ambiçõesDe gente que te transtornaSe algum fulgor cá não tornaQuem para ti quer trabalharVai ter que um dia voltarÀ velha praça de jorna

Praça de jornaAntónio Machado

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De forma que estamos perdidos se não conseguirmos duas coisas simples: deputados que façam aquilo para que foram eleitos em exclusividade (…) e que depois votem em total liberdade. Mas para chegar aí deparamos com outro nível de problema: os partidos. Rui Tavares, “Público”, 30 de julho de 2012

15Nos últimos tempos têm-se intensificado as apreensões de DROGA em Beja e noutras zonas do Baixo Alentejo.

Esta situação deve-se, por certo, ao aperto do cerco aos traficantes por parte das autoridades. Mas também ao aumento do tráfico e do consumo que sempre florescem em alturas de crise e de desespero. Como agora acontece, talvez como nunca antes tenha acontecido. PB

Cartasao diretor

NovelasDídimo Correia Godinho Aljustrel

É de salientar as novelas brasileiras, como por exemplo “Escrava Isaura”, “Casarão”, “Cinhá Moça”, e tantas outras, que foram apenas uma simulação de uma realidade do passado na-quele país, o Brasil!

A história que vou aqui mencionar não foi simulação mas sim uma realidade muito cruel, passada em Aljustrel nos anos quarenta; e a história de um povo não pode ser apagada. Não se trata da mais cruel, pois houve outras iguais ou piores devido ao regime chefiado por Salazar, que foi sempre uma repressão onde o povo fardado e inculto tinha todo o poder para agir à sua maneira.

Joaquim do Rosário na altura era proprie-tário de uma taberna onde entrava e saía muita gente. Certo dia um seu primo de nome João Martinho entrou na taberna, como era hábito, para tomar um copo com alguns amigos.

Joaquim do Rosário pendurava habitu-almente o seu casaco no cabide num corre-dor à entrada da taberna. O seu primo João Martinho ao entrar reparou que a carteira do seu primo Joaquim do Rosário estava na al-gibeira do casaco mas mal arrumada, cha-mando a atenção de qualquer pessoa mal intencionada.

Não foi surpresa para João Martinho quando momentos depois o seu primo Joaquim do Rosário dava a carteira como de-saparecida, tendo chamando o seu filho, que também se chamava Joaquim do Rosário, para perguntar-lhe se tinha visto a carteira, tendo o filho respondido que não.

Então o Joaquim do Rosário “pai” resolveu chamar a guarda. Pouco tempo depois che-gava uma patrulha chefiada pelo cabo Ferro, muito conhecido por “cabo Ferro Mau”. Este, depois de se informar, perguntou ao Joaquim do Rosário se desconfiava de alguém. Este res-pondeu que o seu primo João Martinho o ti-nha chamado à atenção acerca da carteira. Então o cabo Ferro chamou um praça a quem

deu ordem para ir ao quintal buscar o João Martinho. Este quando se apercebeu do que se passava disse: “Eu falei da carteira mas juro que não a roubei”. “Vamos”, disse o cabo Ferro!

João Martinho sabia que aquele cabo Ferro era um ser humano sem escrúpulos e sem qualquer instrução, mas era dotado de uma maldade que esta nova geração de uma maneira geral não poderá imaginar.

Nas novelas brasileiras podíamos ver que os escravos eram despidos e atados a um tronco levando, no mínimo, 50 chibatadas por ordem do dono da roça de café.

Em Aljustrel, os métodos eram diferentes mas o resultado era o mesmo: castigos injus-tos. Havia na parede uma argola onde os ca-valos eram presos pelas rédeas enquanto eram escovados e lavados. O João Martinho foi atado pelos pulsos na dita argola e uma vez preso e indefeso começou o interrogatório feito pelo cabo Ferro.

Depois de ter dado umas chicotadas, não escolhendo as partes do corpo onde ba-ter, numa voz arrogante perguntava ao preso indefeso: “Onde está a carteira?”. E o João Martinho respondia sempre “não sei”. Depois de tanta pancadaria, a pontos de os gritos do João Martinho incomodarem as pessoas que residiam na área do posto, o cabo Ferro cheio de raiva exigia que o preso vomitasse aquilo que não tinha ingerido, a carteira do Joaquim do Rosário com 1 500 escudos lá dentro.

Na altura um preso que saía em liberdade disse que o João Martinho estava constante-mente a ser espancado e sempre a afirmar que estava inocente.

Ao ouvir isto, a esposa de João Martinho deslocou-se ao posto da guarda pedindo ao sargento que desse ordem ao cabo Ferro para que soltasse o marido antes deste o espan-car até à morte. O sargento respondeu: “Isso são assuntos do nosso cabo Ferro, eu não me quero meter”.

Não queriam contrariar-se um ao outro, pois ambos envergavam a mesma farda e as mesmas ideias.

A esposa do João Martinho não vendo ou-tra alternativa consultou o médico Eduardo Mota Guerreiro Oliveira, mais conhecido por doutor Oliveira e que na altura era delegado de saúde.

Este, não hesitando, tomou conta da ocor-rência e, acompanhado de Bartolomeu Robalo da Cruz, que na altura era presidente da Câmara de Aljustrel, dirigiram-se ao posto da GNR e não se sabe qual o palavreado que teve lugar naquele posto entre as duas autoridades civis e os fardados. Mas uma coisa foi certa: o João Martinho foi posto em sua casa pelo dou-tor Oliveira que, ao mesmo tempo, deu instru-ções à esposa como havia de o tratar.

Precisamente na altura Portugal era atin-gido com a epidemia da tuberculose ceifando muitas vidas todos os dias e o Joaquim do Rosário “filho” foi uma das vítimas. Quando sentiu que ia morrer, e já na agonia da morte, chamou os seus familiares para confessar que tinha tirado a carteira do casaco do seu pai e tinha gasto o dinheiro em seu próprio prazer.

O ato de cobardia veio tarde demais pois o que o João Martinho sofreu já não tinha remé-dio. Este caso teve muito a ver com a justiça, como muitos outros que continuam a aconte-cer todos os dias.

Cabe a todos nós por as coisas no lugar e juntos seremos capazes!

O correiodo MarquêsManuel Dias Horta Beja

Caro cidadão de Beja,por imposição dos condicionalismos a

que me sujeitaram estive quase em não res-ponder à tua carta de há duas semanas, o que constituiria para mim execrável acto de má educação, além de eticamente reprovável. Ensinaram-me que carta recebida deve ser respondida. Ultrapassados aqueles preconcei-tos, eis-me a dizer-te que li, com atenção, o teu grito e ouvi o veemente gemido da cidade.

Lamento nada poder fazer, mas sei como o faria. Já Marquês de Pombal não sou (como diria o poeta Bocage), nem Conde de Oeiras. Também já não sou primeiro-mi-nistro de sua majestade real, D. José I, meu amo e meu senhor, para quem sempre guar-darei lealdade. Apenas me deixaram o nome – Sebastião José de Carvalho e Mello.

Não sei se estou no céu ou no inferno,

pois nem o São Pedro ou o diabo me chega-ram à fala. Fui visitado por um amanuense a lembrar-me que continuo a ser julgado na terra dos vivos, onde a inveja, a intriga e a incompetência assentaram arraiais.

Tudo começou no reinado de D.João V, quando el-rei se apercebeu da decadência do País e das instituições e me enviou para as cortes de Viena e Londres, onde novas ideologias e formas de governar observei. Lá aprendi a palavra democracia. A grande questão colocou-se na sua aplicação.

Ainda, quanto às obras na tua cidade, embora realizadas sob o lema “Não há di-nheiro – para nada”, esperem, vocês alente-janos já estão habituados a isso…

Só um ano, e Passos na corda bamba !José Carlos Albino Messejana

É incrível, mas é verdade! Passos Coelho, pri-meiro-ministro há um ano, encontra-se bru-talmente enfraquecido e vulnerável, face à teimosia e autismo perante o desastre em de-senvolvimento no País, a que fecha os olhos, repetindo à exaustão os tempos do passado, e segurando ministros insustentáveis, estando à cabeça um senhor sem escrúpulos e desa-vergonhadamente arrogante e mentiroso, perante comportamentos do piorio na raça humana.

Depois de ter defraudado os seus eleito-res, fazendo tudo ao contrário do que prome-tera, hoje já se mostra como “animal feroz” e encenando posturas de consenso, quando insulta e incrementa políticas que só os seus intelectíveis, a troika, os mercados imperiais e os poderosos na União Europeia, coman-dados por Merkel, aplaudem sinicamente. Veja-se que reestruturou o QREN (fundos comunitários) sem dar cavaco a ninguém, quando tal poderia ser um instrumento ao serviço do desenvolvimento e emprego, desde que resultado de consensos sociais e políticos alargados.

Perante isto, onde vamos parar?

A Igreja Católica portuguesa (melhor dito, alguns dos seus bispos) fez eco nas últimas semanas de críticas mais ou menos explícitas e duras à política de austeridade de um só caminho que o Governo tem defendido. Não é de estranhar esse passo (…) estão no ter-reno a ver, ouvir e ler o que as medidas da troika vão fazendo à vida concreta dos portugueses. Editorial do “Diário de Notícias”, 30 de julho de 2012

Haja saúde ambiental Micro-ondas perigosos?

Coordenção Raquel Santos e Rogério Nunes Texto Ana Machado e Stephanie Gouveia Desenho Patrícia Correia

Projeto de educação para a saúde no âmbito do curso de Saúde Ambiental do IP Beja

MÃE, O QUEÉ UMAMICRO-ONDA?

É UMA FORMADE ENERGIA

ELECTROMAGNÉTICA.

ESTAMOS A FALAR DE RADIAÇÕES, CERTO?

E SE FORDE VIDROO RECIPIENTE ?

POIS,É NECESSÁRIOUM ESPECIAL CUIDADOCOM ESTEELETRODOMÉSTICO

ACHO QUE FAZES BEM MÃE.HUM ... ! A SOPA ESTÁCOM ÓTIMO ASPETO.HOJE NÃO VAI SOBRARNADA !

OLHA, VOUAQUECER ESTA

SOPA NUMRECIPIENTEDE VIDRO !

É O IDEAL,ASSIM COMO

A PORCELANAOU PLÁSTICOS

ESPECIAIS PARAMICRO-ONDASSIM FILHA, POR ISSO

DEVE-SE EVITAR USARRECIPIENTES DE PLÁSTICOCOMUM. PODEM DERRETEROU EXPLODIR EMCHAMAS QUANDOSOBREAQUECIDOS

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FotorreportagemEram mais de 300 e inundaram por completo

a cidade de Beja. E, especialmente, o períme-

tro florestal de Cabeça Gorda e Salvada, onde

decorreu o ARSul 2012 – 1.º Acampamento

Regional Sul de Escoteiros. Uma iniciativa da

Associação dos Escoteiros de Portugal (AEP)

que juntou entusiastas dos distritos de Beja

e de Faro com o objetivo de assinalar os 100

anos do escotismo em Portugal.

Fotos José Serrano

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Comissão administrativa arruma a casa

“O Mineiro Aljustrelense tinha a chave na fechadura...”

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Desporto

O Mineiro Aljustrelense ten-tou durante várias assem-bleias gerais eleger novos ór-gãos sociais, mas a solução foi a eleição de uma comissão administrativa.

Texto e foto Firmino Paixão

Mandatada para um ciclo de três meses, após o que promoverá novo ato elei-

toral, a comissão administrativa presidida pelo projetista António Manuel Gonçalves, de 35 anos, vai apostar prioritariamente na for-mação. O novo líder mineiro refe-riu que houve sempre algum obs-táculo que impediu as eleições – a questão das contas ou a clarificação de números –, pelo que a eleição da comissão foi a forma mais prudente de pôr o clube a andar sem que se le-vantassem questões mais graves. Os novos dirigentes já recorreram do castigo de um ano que a Federação Portuguesa de Futebol aplicou a Eduardo Rodrigues, técnico da úl-tima época.

As contas ainda estão por aprovar?

Reunimo-nos no dia seguinte à nossa tomada de posse, a direção cessante ficou de entregar os docu-mentos necessários para fechar al-gumas situações e até hoje isso ainda não se verificou. Além do que pre-víamos, têm surgido situações que ameaçam que o problema se agrave, nomeadamente com jogadores, em que tínhamos um valor de referên-cia e quando falámos com eles o va-lor era superior. Vamos ter que nos sentar todos e firmar esses valores. O défice andará entre os 60 e os 70 mil euros, ou um pouco mais até. São os valores que têm sido divulga-dos aos associados, mas ainda há si-tuações que têm de ser decididas em assembleia geral.

O futuro do Mineiro alguma vez

esteve em risco no início desta

temporada?

Não. O Mineiro tinha a chave me-tida na fechadura, faltava rodar e es-tava fechado. Esta foi a situação que encontrámos quando aqui chegá-mos. Não estávamos à espera que

estivesse nesse pé, mas foi o que en-contrámos. Mas fechar o Mineiro, jamais, nem que tivéssemos que mover tudo o que tivesse que ser movido para o evitar.

Esta comissão tirou a chave da

fechadura?

Alguém teria que ser, fomos nós, po-deriam ter sido outras pessoas, mas eu tenho a certeza que ninguém per-mitiria que isso acontecesse, com a mística que o clube tem jamais isso aconteceria.

A equipa já iniciou os trabalhos, o

clube regressou à normalidade?

Estamos aqui há três semanas, a pri-meira coisa que fizemos foi arranjar-mos forma de estabilizar o clube em termos de associação e da Federação Portuguesa de Futebol e também a questão das Finanças. Percebermos qual a dimensão do buraco que aqui estava. Tratámos das situações exis-tentes com a federação, atrasando processos para que não existissem impedimentos na inscrição de joga-dores. Para já as coisas estão contro-ladas, e estabilizadas essas situações

começámos a pensar no futuro.

O futuro passa pela formação do

plantel...

Apostaremos nas camadas de for-mação do Mineiro, nos jovens que estavam fora e outros que andavam por aqui. Mantivemos a espinha dorsal da equipa que já está num pa-tamar etário mais avançado, por-tanto, aproveitando o momento di-fícil e a profunda reestruturação que existe no futebol amador, há uma planificação que tem de ser feita e este é o momento ideal para poten-ciarmos o valor que existe na nossa juventude.

Que futuro para os escalões de for-

mação, para a equipa feminina e

para o hóquei em patins?

O hóquei tem uma secção autó-noma, já nos reunimos e há deci-sões a tomar em breve. As camadas jovens continuarão porque são o ga-rante do futuro do Mineiro, e capta-remos mais jovens em idades de ju-venis e juniores. A equipa feminina está filiada, aguardo um contacto de quem estava à frente da equipa para

que possamos definir o futuro do futebol feminino em Aljustrel.

A comissão assumirá os compro-

missos que vêm do passado?

Com certeza que sim. Há compro-missos mais imediatos. O dinheiro não cai do céu, nem escorrega por uma telha, as empresas não podem colaborar, o município dá-nos o sub-sídio anual, mas no futuro não sabe-mos o que acontecerá. Honraremos, para já, os compromissos imediatos, nomeadamente com os atletas que ficaram, Finanças, associação, fede-ração. Já falámos também com o an-tigo treinador. Enfim elas são mais que muitas. Relativamente aos atle-tas, há que sublinhar o perdão que eles fizeram ao clube, de um terço do valor que lhes era devido. É de enaltecer, é de amor à camisola, to-dos eles, também o João Pinto (mas-sagista), um homem enorme no seu amor ao clube.

O Mineiro faz 80 anos em 2013, é um

marco na sua história em que o clube

devia estar unido e estabilizado…

Tenho a certeza que o vamos conse-guir. Temos uma série de eventos na rua, uns com o objetivo mais claro de angariação de fundos, mas vamos ter outros para aproximar novamente as pessoas que estavam afastadas. No fi-nal destes três meses haverá eleições. Para já estamos a pensar só na ima-gem e no futuro do clube, e esses 80 anos tenho a certeza que vão ser co-memorados na união de todos os as-sociados. Isso é sagrado.

O antigo treinador foi castigado pela

federação e o clube negligenciou na

sua defesa?

Essa é a única forma que eu encon-tro para justificar o que se passou. Devemos salientar que na altura do acórdão o Eduardo [Rodrigues] já não tinha vínculo com o clube, no entanto é uma questão de profissionalismo, ele era treinador do clube. Se o recurso que nós já fizemos à federação não for aceite, o Eduardo ficará inibido de exercer a sua atividade durante um ano. Tenho comigo o acórdão e só consigo justificar isso como uma ir-responsabilidade. Falámos com ele e vamos tentar chegar a um acordo.

António Manuel Guerreiro “Fechar as portas do Mineiro, jamais”, diz o presidente da comissão administrativa

As camadas jovens continuarão porque são o garante do futuro do Mineiro, e captaremos mais jovens em idades de juvenis e juniores.

Os sorteios para os campeonatos distritais da 1.ª

e 2.ª Divisão da Associação de Futebol de Beja

realizam-se no próximo dia 27, prevendo-se o início

da época desportiva a 30 de setembro. O período de

filiação (sem agravamento pecuniário) das equipas

termina no final do dia de hoje, sexta-feira.

Sorteios dos campeonatos

distritais da 1.ª e 2.ª Divisão

Despertar sem seniores A direção do Despertar Sporting Clube, liderada por Luís Mestre, decidiu suspender a atividade da sua equipa de futebol sénior, depois de na época passada ter sido despromovida no Campeonato Nacional da 3.ª Divisão.

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A equipa do Nacional da Madeira fez uma escala em Beja (terra natal do seu trei-nador Pedro Caixinha) a cami-nho da cidade de Combrit, na Bretanha francesa, onde esta-gia até ao próximo dia 8.

Texto e foto Firmino Paixão

Na capita l do Bai xo Alentejo a equipa madei-rense defrontou o Vitória

de Setúbal (venceu por 2-0), num jogo de solidariedade para com a Cercibeja. No final da partida, o técnico bejense teve uma conversa franca e desinibida com o “Diário do Alentejo”, durante a qual falou do seu percurso no futebol, pers-petivou a época dos nacionalistas e analisou o atual momento do fu-tebol português.

Este jogo solidário teve a assinatura

de Pedro Caixinha?

A ideia partiu do José Hilário, pre-sidente da Cercibeja, meu amigo de infância, e que eu aceitei dentro da-quilo que era o nosso planeamento. Mas a ideia que tínhamos para Beja era diferente. Primeiro pensámos vir num domingo e fazer um jogo com uma seleção de Beja para que as pessoas entendessem que existe aqui alguma qualidade e depois fa-zer outro com uma equipa da 1.ª Liga. A outra seria ficarmos em Beja mais alguns dias em estágio, porque sabemos qual a realidade do nosso distrito, não me lembro de duas equipas da 1.ª Liga virem a Beja, mas estamos satisfeitos pela resposta das pessoas a este gesto solidário.

O Pedro está longe da terra mas

tem-na perto do coração?

Sim, e aproveitando a nossa estadia fa lámos para os treinadores lo-cais a pedido da Associação de

Pedro Caixinha lembra que os clubes vivem acima das suas possibilidades

“Não esquecemos as nossas origens”Futebol de Beja. Falar para os nos-sos amigos e para as nossas gen-tes dá-nos outro prazer, apesar de há cerca de oito anos não estarmos aqui com tanta regularidade, mas é sinal que não nos esquecemos daquilo que são as nossas origens e das nossas gentes.

A sua carreira desportiva está no

sentido ascendente?

Está a começar. Tenho pratica-mente duas épocas como treina-dor principal, é certo que na pri-meira alcançámos o 4.º lugar na viragem do campeonato, o que foi muito bom, depois terminámos no décimo, mas este ano a equipa já conseguiu o 7.º e esperamos conti-nuar a crescer em termos daquilo que são as classificações finais.

Os treinadores portugueses preci-

sam de emigrar para que no pró-

prio país lhes reconheçam valor?

Penso que não tem a ver com isso, eu tive foi a sorte de as pessoas, no momento certo, acreditarem em mim e na minha competência. Primeiro num papel mais subalterno, e depois tive a felicidade de através do meu trabalho, e dessa mesma competência, re-conhecerem que eu pode-ria ter uma oportunidade como treinador principal.

Este ano vai lutar por um lugar na

Europa?

Há um conjunto de fatores. Primeiro, o passado recente do clube que já exige esse objetivo; de-pois, a estrutura do clube, a dire-tiva e as infraestruturas que nos permitem trabalhar quase 24 ho-ras por dia com qualidade no es-paço que temos. Juntando esses as-petos favoráveis à qualidade que temos no grupo temos fatores que abonam a favor daquilo que são os nossos objetivos.

O Nacional é a ponte para um pro-

jeto mais ambicioso?

Nunca pensei nisso, mas tenho essa ambição. Tal como preparo a equipa jogo a jogo, preparamos também o futuro baseado no presente, de uma forma sólida, segura, bem estrutu-rada, para que quando isso um dia

acontecer possamos estar ao nível desse patamar de rendimento.

Qual a sua cadeira de sonho?

A minha cadeira de sonho é ganhar títulos, é para isso que trabalho. No ano passado estivemos perto de che-gar à final da Taça de Portugal e lem-bro que não era só esse troféu que estava em disputa, era também, ga-nhando esse troféu, irmos direta-mente a uma fase de grupos da Liga Europa e começarmos esta época a disputar outra competição.

O céu está ali tão perto?

Não sei se está perto ou longe mas tenho-o como limite.

O Pedro procura insistentemente a

sua valorização como profissional...

Tenho essa necessidade. A partir do momento em que pus a mochila às costas e fui para Inglaterra, o país onde o futebol nasceu, ver como é que as equipas têm rendimento, uma organização estrutural e profissio-nal fantástica, a partir daí senti uma necessidade tremenda de, pelo me-nos, saber se estou a pensar no ca-minho certo. Continuo com uma ne-cessidade extrema de pelo menos de dois em dois anos receber alguma informação. E não será por treinar o Nacional ou treinar na 1.ª Liga que me deixarão de ver nos bancos da forma-ção, assim eu tenha oportunidade.

Tem escolhido para o seu lado téc-

nicos como Acácio, Arlindo Morais,

Óscar Tojo, gente da região…

As escolhas devem-se única e ex-clusivamente ao modelo de orga-nização das equipas que treino. Primeiro tem que existir um es-pírito de missão, depois tem a ver com a competência e a lealdade, e ainda por cima existe a amizade e o conhecimento. Trabalhei com o Acácio com quem trabalhei no Vasco da Gama, com o Arlindo andei desde os sub-14, o Óscar foi meu aluno na Escola Superior de Educação de Beja, o Pedro foi meu aluno na Universidade de Évora.

No plantel também se fala o dia-

leto alentejano...

Temos o João Aurélio, o Márcio Madeira foi emprestado nesta época e temos o Mateus que, não tendo esse dialeto, passou por Beja algum tempo.

Que opinião tem sobre o estado

atual do futebol português?

Tenho muita dificuldade e sinto uma certa tristeza em analisar o futebol português, pelo menos na forma como ele está organizado e estruturado. Acho que se vive muito além daquilo que são as possibili-dades reais dos clubes e se houvesse um controlo mais exigente e rigo-roso muito provavelmente, em vez de falarmos em alargamentos, esta-ríamos a falar em encurtamentos e seria talvez a decisão mais acertada.

Este jogo solidário teve a assinatura

de Pedro Caixinha?

A ideia partiu do José Hilário, pre-sidente da Cercibeja, meu amigo de infância, e que eu aceitei dentro da-quilo que era o nosso planeamento. Mas a ideia que tínhamos para Beja era diferente. Primeiro pensámos vir num domingo e fazer um jogo com uma seleção de Beja para que as pessoas entendessem que existe aqui alguma qualidade e depois fa-zer outro com uma equipa da 1.ª Liga. A outra seria ficarmos em Beja mais alguns dias em estágio, porque sabemos qual a realidade do nosso distrito, não me lembro de duas equipas da 1.ª Liga virem a Beja, mas estamos satisfeitos pela resposta das pessoas a este gesto solidário.

O Pedro está longe da terra mas

tem-na perto do coração?

Sim, e aproveitando a nossaestadia fa lámos paraos treinadores lo-cais a pedido daAssociação de

sa de e g a pa a que o p ó

prio país lhes reconheçam valor?

Penso que não tem a ver com isso, eu tive foi a sorte de as pessoas, no momento certo, acreditarem em mim ena minha competência. Primeiro num papel mais subalterno, e depois tive a felicidade de através do meu trabalho, e dessa mesma competência, re-conhecerem que eu pode-ria ter uma oportunidadecomo treinador principal.

Vasco da Gama na 3.ª Divisão O Clube de Futebol Vasco da Gama, de Vidigueira, aceitou competir na próxima temporada no Campeonato Nacional da 3.ª Divisão, após a renúncia do Clube de Futebol Praia de Milfontes, primeira escolha da Federação Portuguesa de Futebol para o en-quadramento das séries competitivas daquele escalão, em resultado das várias desistências a nível nacional.

O Clube Desportivo de Beja apresentou os treinadores

que vão enquadrar as equipas que na presente temporada

estarão em competição: Hugo Rolim (seniores), Nelson

Teixeira (juniores), Paulo Paixão (juvenis), José Inverno

(iniciados), João Raposo (infantis), Vítor Besugo (benjamins),

Francisco Faria (traquinas) e Miguel Jeremias (petizes).

Desportivo apresentou

equipas técnicas

PEDRO MIGUEL FARIA CAIXINHA

41 anos, nascido a 15 de outubro

de 1970, em Beja

1999/2002Treinador do Clube Desportivo de Beja (escalões de sub-15, sub-17 e sub -19)

2003/2004Clube de Futebol Vasco da Gama

2004 a 2006Adjunto de José Peseiro no Sporting Clube de Portugal

2006 a 2010Adjunto de José Peseiro no Al Hilai (Arábia Saudita); Panathinaikos (Grécia); Raapid Bucuresti (Roménia); e seleção da Arábia Saudita

2010 a 2011 Treinador principal da União de Leiria

2011 a 2012Treinador principal do Nacional da Madeira

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Naturais da freguesia de Nossa Senhora das Neves, nascidos na formação do Desportivo de Beja, os gémeos João e Luís Aurélio faziam a delícia de quem assistia aos seus jogos.

Texto e foto Frimino Paixão

Jogavam com uma invulgar intuição, havia um elo en-tre ambos que era a força

motriz da equipa. Um dia sepa-raram-se. João rumou à cidade berço para daí projetar o seu bem sucedido percurso de profissio-nal de futebol. Luís só mais tarde teve a sua oportunidade, mas já está no segundo patamar do fu-tebol português. As opiniões di-videm-se na avaliação da quali-dade individual de cada um, mas ao lado um do outro eram excecio-nais. Completavam-se. Mas hoje é o Luís, jogador do Nacional, que, na primeira pessoa, fala da sua vi-vência e dos projetos que tem para o futuro.

É sempre um prazer jogar na sua

cidade?

Fui sempre muito acarinhado en-quanto joguei pelos clubes de Beja e sinto que as pessoas têm algum orgulho em que eu me tenha con-seguido projetar para o futebol na-cional. Agradeço isso do fundo do coração. Também me senti muito orgulhoso em voltar a Beja, agora a representar o Nacional, sou sem-pre muito acarinhado aqui.

É importante sentir esse apoio?

Sim, foi muito gratificante ou-vir os aplausos do público quando entrei em campo e sobretudo quando o meu nome foi referido como jogador bejense e capitão da equipa, senti a alegria das pessoas. É muito importante para um joga-dor sentir esses toques positivos.

A última vez que tinha jogado em

Beja foi com a camisola da seleção

nacional...

Esse foi um momento que eu ja-mais esquecerei, foi um grande jogo, recordo também o golo que marquei, são momentos que ficam guardados para sempre na nossa memória. Que avaliação faz do seu per-

curso no futebol profissional?

João Aurélio sonha em voltar a jogar ao lado do irmão Luís

“Sinto o orgulho dos bejenses”O meu sa lto de Beja para Guimarães foi fundamental, permitiu-me evoluir como joga-dor. Durante o percurso pela 2.ª Divisão B (Penalva do Castelo) ainda tive mais crescimento e, depois, a chamada à seleção na-cional deu-me alguma visibili-dade, até que surgiu esta opor-tunidade no Nacional, onde estou a dar continuidade a esse

Europa?

No ano passado começámos o campeonato menos bem, depois veio o mister Caixinha e as coi-sas melhoraram, ele soube li-dar com o grupo e nós unimo --nos e crescemos bastante bem, e isso ref letiu-se no bom rendi-mento que tivemos na reta final do campeonato. Este ano espera-mos dar continuidade a esse tra-balho. A Liga Europa é sempre a nossa meta, trabalhamos todos dias com o olhar nesse objetivo.

O João tem concorrência no

plantel, terá que lutar muito pela

sua titularidade?

Claro, o Tomé é um excelente jo-gador, veio de uma liga inferior mas isso não quer dizer nada, é um jogador com qualidade, que eu conhecia, jogou comigo no Penalva, estamos os dois a dis-putar o lugar, mas cada um faz o seu trabalho em prol da equipa, porque é o grupo que está primeiro.

Voltar a jogar ao lado do gémeo

Luís não se perspetiva tão cedo?

É um sonho que nós temos. Saímos de Beja para conquistar-mos o nosso espaço noutros clu-bes. O Luís, felizmente, está já na 2.ª Liga (Tondela), está a cres-cer e vai continuar esse trajeto. Quem sabe se um dia nos reen-contraremos na mesma equipa. Não é impossível...

O João sonha com voos mais

altos?

Sou um jovem com apenas 23 anos, só tenho que sonhar com grandes voos, é legítimo sonhar com projetos de outra dimen-são, é por isso que trabalho no Nacional todos os dias com este empenho e esta dedicação.

E um possível regresso à seleção

nacional?

O sonho de qualquer jogador profissional é representar a sele-ção principal, sei que é muito di-fícil, a seleção tem muitos bons jogadores, mas as pessoas estão atentas, se um dia surgir essa oportunidade espero agarrá-la da melhor maneira e dignificar o nome de Beja, que é o nosso orgulho.

JOÃO MIGUEL COIMBRA AURÉLIO

23 anos, nascido a 17 e agosto de 1988, em Beja

2000 a 2004Clube Desportivo de Beja

2004/2005Despertar Sporting Clube

2005 a 2007Vitória de Guimarães

2007/2008Penalva do Castelo

2008/2012Nacional da Madeira

O conselho de disciplina da Federação Portuguesa de Futebol aplicou a

Eduardo Rodrigues, treinador do Aljustrelense na época passada, a pena de

um ano de suspensão e uma multa de 750 euros por alegadamente ter agredido

um jogador. Os factos reportam-se à jornada realizada em 13 de maio último,

no jogo Aljustrelense-Quarteirense, em que um jogador dos algarvios simulou,

junto ao banco dos mineiros, ter sido vítima de uma eventual agressão.

Eduardo Rodrigues

do Mineiro suspenso

Penalva do Castelo

2008/2012Nacional da Madeira

processo evolutivo. Estou na Madeira há cinco épocas, estou forte, sinto-me bem, espero ter continuidade.

Já deu algum passo de que

s e t e n h a p o s t e r i o r m e n t e

arrependido?

Não. Supostamente as pessoas poderiam ter pensado que a mi-nha saída de Guimarães para o Penalva, da segunda divi-são B, teria sido um passo atrás, mas não foi, tenho a certeza, foi mesmo um passo em frente, por-que eu confiava em mim, as mi-nhas qualidades sobressaíram e isso permitiu-me dar o salto para o Nacional.

Está de pedra e cal nesse clube?

Vamos ver, gosto de representar o Nacional da Madeira, as pes-soas gostam de mim e eu gosto delas, sou muito acarinhado pelo público madeirense, e pe-los nacionalistas em particular, sinto-me bem e estou-lhes muito grato.

Agora treinado por Pe dro

Caixinha, outro bejense…

Pois, eu já conhecia o Pedro, como é óbvio, estou no

Nacional há mais tempo do que ele, mas cada um

desenvolve aquele que é o seu trabalho, na-

turalmente que te-mos um forte espí-rito de entreajuda porque o funda-mental é o cole-tivo, só com um grupo forte e unido é que conseguire-

mos os nos-sos objeti-vos. Não podemos pensar que tendo

um treina-dor de Beja terei

mais facilidades, não... se eu não trabalhar, se não me aplicar e não corresponder às expectativas dele, é óbvio que não jogarei.

Nesta época o clube vai jo-

gar por um lugar para a

Copa Alentejo 2012 O Torneio de Futebol Infantil Copa Alentejo 2012, destinado aos escalões de infantis, ben-jamins, traquinas e petizes, vai realizar-se entre 15 de setem-bro e 7 de outubro, nas cidades de Beja, Elvas, Évora e Vendas

Novas, com organização conjunta do Desportivo de Beja, O Elvas, Lusitano Ginásio Clube e Grupo Desportivo Afeiteira. O Clube Desportivo de Beja organizará as jornadas de 15 e 16 de setembro e a fase final a 7 de outubro.

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Longe vão os tempos em que a palavra desistir não tinha cabimento no oráculo de uma tribo de dirigentes desportivos que assumiam uma vernácula opção que passava pela honorabilidade das promessas evocadas. Agora, os tempos são outros. A bonança deu lugar à tempestade. Perderam-se valores na encruzilhada da incerteza. O homem sonha! Sonhou com um mundo próspero. Acalentou a esperança em colocar a sua coletividade no púlpito. Levá-la a campeã. Arriscou. A equipa sagrou-se vencedora. Não imaginou o amanhã. O burgo entretanto delirava. O clube era motivo de conversa. O dinheiro abundava. O público não se fazia rogado e marcava presença nos jogos. Era o mundo das ilusões a proliferar nas hostes futebolísticas sul alentejanas. Lembro os tempos de abastança que marcaram, indubitavelmente, alguns dos filiados na AF Beja. Os orçamentos pareciam inesgotáveis. O “pilim” não faltava. Começou a taxar-se os jogadores a preços exorbitantes. A oferta seguinte abafava a anterior. E o craque, já maduro, arregaçava as mangas e toca a adensar o rol das dádivas. Construíram-se então castelos de areia. Hoje, revejo esses tempos áureos. De devaneios, na minha modesta opinião. Noutros tempos, mais antigos, jogava-se futebol por prazer, os atletas aceitavam as regras e a mensagem diluía-se a uma velocidade estonteante. Chegámos, agora, a uma veracidade indesmentível: os clubes, alguns, fazem contas e deparam-se com a irreversibilidade de alterarem a filosofia desportiva, principalmente monetária. Na próxima época, 2012/13, históricos do futebol distrital bejense já declararam publicamente que recusam participar com equipas seniores em competições da AF Beja. Despertar e Sporting Ferreirense são exemplos a enaltecer no momento em que urge repensar toda a metodologia das tesourarias que se deparam com exequíveis problemas financeiros. Desistir de cabeça erguida é sinónimo de honra e de respeito nas condições por ora conhecidas. Fica o exemplo.

Desistir José Saúde

Uma boa campanha despor-tiva, pese embora o elevado número de perdas de alados, revelam o progresso competi-tivo da columbofilia distrital, onde surgem novos valores.

Texto e foto Frimino Paixão

O presidente da Associação Columbófila do Distrito de Beja, José Francisco

Palma Lampreia, faz uma aná-lise positiva da última temporada desportiva, revelando fatores po-sitivos como o equilíbrio compe-titivo, a modernização da modali-dade e a inauguração de uma nova sede para a associação. Sublinha a presença de atletas bejenses nas se-leções nacionais, acentuando que foram atingidos níveis muito ele-vados. Ainda assim, o dirigente re-vela que não será candidato a um novo mandato.

Que balanço faz da época que re-

centemente se concluiu?

A época 2012 foi um pouco mais difícil do que as anteriores, de-vido às condições meteorológicas. A maioria das provas teve médias mais baixas porque os pombos en-contraram mais dificuldades e per-deram-se algumas aves, mais do que tem sido normal em épocas an-teriores. Os especialistas referem a existência de radiações ultra viole-tas acima do normal, muitas vezes durante a semana tínhamos tem-peraturas médias de 20º e ao fim de semana subiam acima dos 30, tudo isso gerou uma instabilidade enorme aos atletas.

O normal é perderem-se aves em

situações de mau tempo?

Sim, mas as temperaturas eleva-das, desde que sejam repentinas, são sempre uma dificuldade acres-cida para qualquer ser vivo, ainda mais para um pombo que tem que atravessar tantos obstáculos (mon-tanhas, aves de rapina) e tem que voar durante tantos quilómetros. Parecendo que está bom tempo, nós não conseguimos avaliar as tempestades solares e magnéti-cas, as radiações a que as aves se

José Lampreia não se candidata a novo mandato na columbofilia

“Conseguimos chegar a patamares desportivos inéditos”

sujeitam. Aparentemente está tudo normal, mas a verdade é que para os pombos não está.

O calendário foi cumprido com

normalidade?

De certa maneira decorreu com normalidade, embora tenhamos feito alguns acertos. Estou a lem-brar-me de uma prova em que de-vido ao calor tivemos que encurtar a distância de solta em cerca de 40 quilómetros para atenuar o esforço dos atletas. Também houve um fim de semana em que se previam mui-tas dificuldades e adiámos a prova para o dia seguinte. Temos que ser nós a ajudar e a tomar essas deci-sões no sentido de defendermos as aves e minimizarmos as perdas.

No plano desportivo houve sur-

presas ou foi um pouco “mais do

mesmo”?

O balanço foi bom porque ganha-ram columbófilos de várias co-letividades, revelando uma forte competitividade no distrito. A dife-rença entre os primeiros 10 de cada zona tem vindo a diminuir, o que demonstra que existe mais com-petitividade do que no passado, em que as diferenças eram de dois e três mil pontos. Hoje não é assim, essas diferenças diminuíram e os campeonatos são disputados com muito interesse até à última prova.

Têm surgido alguns novos valores

na columbofilia distrital?

Este ano revelaram-se dois ou três novos columbófilos ao mais alto ní-vel: Rui Vilalva, que veio de Évora para o nosso distrito, e o Ludgero Inácio também se destacou pela po-sitiva na velocidade e meio fundo, fez uma grande campanha.

Os tempos estão difíceis e a colum-

bofilia não é exceção?

Temos constatado alguma dimi-nuição a nível de praticantes, por várias razões, uma delas a situa-ção económica, outra porque os ci-dadãos e as câmaras complicam a vida aos columbófilos que têm pombos em centros urbanos. Tudo isso tem sido minimizado com a construção de aldeias columbófi-las um pouco por todo o distrito, mas não é a mesma coisa. O colum-bófilo sempre teve os pombos em casa e agora tem que os levar para fora das vilas ou cidades. Isso le-vará ao abandono da modalidade.

Têm surgido novos praticantes que

compensem os abandonos?

Há sempre quem comece de novo e outros que regressam, como as co-letividades de Moura e Pias que es-tão a aumentar o número de asso-ciados. Existe um certo equilíbrio em número de columbófilos, em-bora o número de pombos tenha

vindo a diminuir porque as pes-soas fazem contas à vida e em vez de terem 100 aves ficam com 60 ou 70. Mas cada columbófilo terá, em média, 80 a 120 pombos, e num distrito com mais de 300 pratican-tes estaremos a falar de 30 000 atle-tas, ou seja, a primeira modalidade do distrito em número de pratican-tes federados.

Que expectativas existem para as

exposições do próximo ano?

A fasquia está muito alta. Nos úl-timos dois anos fomos o distrito que colocou mais pombos nas se-leções nacionais representadas nas Olimpíadas e na Exposição Ibérica, por isso estamos num ní-vel muito elevado. No próximo ano não será fácil chegarmos ao mesmo patamar, estaremos a um bom nível, mas não creio que se-jamos outra vez os melhores. Estamos a trabalhar nesse sentido, mas temos que ser realistas.

Será candidato a um novo

mandato?

Está a terminar o meu segundo ci-clo na associação e não voltarei a ser candidato. Estou com vários projetos profissionais que quero levar a bom porto e farei uma pausa no dirigismo columbófilo. Há outros dirigentes com capaci-dade e dedicação para manterem a columbofilia distrital em bom nível.

Sai satisfeito com a marca que

deixa na columbofilia distrital?

Tenho consciência que no plano desportivo conseguimos atingir níveis nunca alcançados. Por ou-tro lado, 80 por cento das coleti-vidades apresentam já a sua ativi-dade na Internete, nós ajudámos nisso, fizemos o levantamento das coordenadas dos pombais do dis-trito, vamos inaugurar uma nova sede, já temos os camiões em lu-gar seguro e estivemos sempre disponíveis para tudo o que fosse bom para a modalidade. Sei que era possível fazer mais, sempre tive o melhor grupo de diretores comigo, fizemos o que podíamos porque todos somos voluntários.

José Lampreia Presidente da Associação Columófila de Beja não é candidato

Pesca desportiva Sem medalhas mas com o orgulho de terem representado Portugal nos Campeonatos do Mundo de Pesca Desportiva de Água Doce (sub/14 e sub/18), na Eslovénia, os três jo-vens pescadores do Clube de Amadores de Pesca do

Baixo Alentejo (Alvito) já regressaram a Portugal. Ivo Figueira foi 31.º classificado em sub/14, António Nunes foi 32.º e Luís Fernandes foi 53.º em sub/18. Em ambos os escalões a equipa portuguesa conseguiu o 10.º lugar.

A Academia de Futebol do Centro de Cultura e

Desporto do Bairro da Conceição vai promover a

partir do dia 20 uma ação de captação de jovens

para integrarem as suas equipas de formação,

com vista à participação nas competições

oficiais da Associação de Futebol de Beja.

Captação de jovens

no Bairro da Conceição

Page 22: Ediçao N.º 1580

Diário do Alentejo3 agosto 2012

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Page 23: Ediçao N.º 1580

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* Festa da Desfolhada – Valença do Minho – Dias 29 e 30 de

Setembro

* Mariscada na Ericeira – “Viveiros do Atlântico” – Dia 30 de

Setembro

* Astúrias, Cantábria e Picos da Europa – De 3 a 7 de Outubro

* Cruzeiros no Douro – VÁRIOS PROGRAMAS DISPONÍVEIS

TODO O VERÃO!

* FÉRIAS EM BENIDORM – JULHO, AGOSTO E SETEMBRO – 10

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COMUNICADO

Vem a Kmed Europa comunicar o seguinte:

Desde o inicio de 2012 as empresas, Centro K, de Kmed

Centro S.A. e Segurihigiene, S.A. requeridas no processo

infra mencionado, têm utilizado práticas de abordagem a

clientes da Kmed Europa, Lda, que violam as normas e

usos honestos de uma atividade económica, constituindo

nomeadamente concorrência desleal.

No âmbito da providência cautelar que corre termos no

1º Juízo do Tribunal de Propriedade Intelectual, sob o nº

230/12.2YHLSB, onde o M.mo Juiz decidiu o seguinte:

“2) Determino que a contar da presente data:

a) As empresas requeridas se abstenham de contactar ou

de algum modo manter quaisquer relações comerciais com

os clientes da requerente constantes da lista anexa como

Doc. 139 (de fl s. 312 a 421).

b) As requeridas se abstenham de divulgar a quaisquer

pessoas singulares e/ou coletivas factos falsos sobre a

requerente, designadamente, que a equipa técnica e ad-

ministrativa da empresa requerente se deslocou para a 1ª

requerida.

c) Por cada dia de incumprimento do decidido, cada uma

das empresas requeridas incorre no pagamento de uma san-

ção pecuniária compulsória de 10.000€ (dez mil euros).”

Page 25: Ediçao N.º 1580

Diário do Alentejo3 agosto 2012

necrologia diversos 25

Diário do Alentejo nº 1580 de 03/08/2012 1.ª Publicação

TRIBUNAL JUDICIAL DE MOURASecção Única

ANÚNCIOProcesso: 412/11.4TBMRA

Divórcio Sem Consentimento do Outro Cônjuge

Autor: António Bolrão Cipriano

Réu: Cremilde dos Santos Reina

N/Referência: 693824

Nos autos acima identifi cados correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do

anúncio, citando a ré Cremilde dos Santos Reina, com última residência conhecida em domicílio: Cantinas de Magula,

Cidade de Xai Xai, Província de Gaza Moçambique, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar,

querendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de contestação não importa a confi ssão dos factos articulados

pelo autor e que em substância o pedido consiste em decretar o divórcio entre o Autor e a Ré supra identifi cados tudo

como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.

Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.

Moura, 06-07-2012

O Juiz de Direito,

Dr(a). Rui Miguel Fonseca Machado

O Ofi cial de Justiça,

Joaquim Infante

MISSA

Manuel Cesário

Rosa Páscoa(Ex – Director

das Finanças de Beja)

A família vem por este meio

comunicar que será celebra-

da missa pelo seu eterno

descanso, dia 09/08/2012,

quinta-feira, às 18.30 horas

na Igreja do Carmo em Beja,

e agradecem antecipada-

mente a todas as pessoas

que nela compareçam.

MISSA

Artur Francisco9º Ano de Eterna Saudade

Seus fi lhos, netos, nora e genro

comunicam que será celebrada

missa pelo seu eterno descan-

so, dia 05/08/2012, domingo, às

10,30 horas na Igreja do Carmo

em Beja, agradecendo desde já

a todas as pessoas que nela

compareçam.

VALES MORTOS

PARTICIPAÇÃO

Maria Esperança

AmaroFaleceu a 28.07.2012

É com pesar que participa-

mos o falecimento da Sra. D.

Maria Esperança Amaro, de

72 anos, natural de Aldeia

Nova de S. Bento, viúva.

O funeral a cargo desta

Agência realizou-se no dia

30/07/2012 pelas 17.00 ho-

ras, da Casa Mortuária de

Vales Mortos para o cemi-

tério local.

Apresentamos à família as

cordiais condolências.

Nossa Senhora

das Neves

Manuel António

Campaniço Ferro

(Bila)1.ºAno de Eterna Saudade

Um ano se passou

Tua força permanece em

mim, no caminhar da mi-

nha vida, no sorriso à luz do

dia, na lágrima da solidão

da noite.

Sentimentos não são objec-

tos que se trocam ou se pin-

tem para se renovar.

Eles apenas existem.

Fazes-me falta. Até sempre

companheiro de uma vida

Beatriz Lucrécia4º Ano de Eterna Saudade

Mãe, Deus te dê sempre um

bom lugar

Junto do pai e meus irmãos

E que Nossa Senhora me dê

um sinal

Para quando parar o meu

coração.

Quase todos os domingos

visito a tua campa

Coloco na tua jarra as fl ores

que mais querias

Rezo por ti uma oração, como

a balada

Que me cantavas com cari-

nho quando me adormecias.

PARTICIPAÇÃO

Sra. D. Arlete Augusta

DomingosNasceu a 08/10/1946

Faleceu a 25/07/2012

Participamos o falecimento da

Exma. Sra. D. Arlete Augusta

Domingos, ocorrido no dia

25/07/2012, de 65anos, na-

tural de Grândola casada

com o Exmo. Sr. Ernesto

José Vieira. O funeral a cargo

desta agência realizou-se no

passado dia 27/07/2012 da

casa mortuária de Beja para

o cemitério local. A toda a fa-

mília apresentamos os nos-

sos sinceros pesamos.

1º ANIVERSÁRIO

(FALECIMENTO)

Lizete Augusta

Rodrigues VeríssimoEm sua memória

3/8/2011

Partiste...deixaste-nos

Inundados de tristeza e sau-

dade

Falta a tua luz...o teu sorriso

Mas não foi um Adeus..

Apenas um Até logo

Saudades dos fi lhos Amélia,

Regina e Custódio, seus ne-

tos Cristina e António e seu

Genro Tomás.

AGÊNCIA FUNERÁRIA DO POVO, LDA.

Rua da Cadeia Velha, 15 e 19 |

7800-143 BEJA | Tel. 284311170 |

Tm. 914905679 | 966453121

AGÊNCIA FUNERÁRIA SERPENSE, LDA

Gerência: António Coelho

Tm. 963 085 442 – Tel. 284 549 315

Rua das Cruzes, 14-A – 7830-344

SERPA

Diário do Alentejo n.º 1580 de 03/08/2012 Única Publicação

A CERCIBEJA pretende admitir, a meio tempo (20 horas semanais), um(a) colaborador(a) para o desempenho de funções motorista, no âmbito das suas actividades regulares.

Requisitos:1. Escolaridade Mínima Obrigatória;2. Experiência profi ssional (mínimo de 2 anos);3. Possuir Carta de Condução (Letra D);4. Espírito de equipa;5. Disponibilidade imediata.O prazo de candidatura decorre nos 10 dias úteis a partir da publicação.Deverão os(as) interessados(as) enviar Curriculum vitae para:Por correio: Cercibeja – Quinta dos Britos, Apartado 6115 – 7801(908) Beja ou,

Por e-mail: [email protected].

Page 26: Ediçao N.º 1580

Diário do Alentejo3 agosto 2012

26

28 000É o número de leitores que todas as semanas lê o “Diário do Alentejo” na sua versão papel.

No facebook, todos os dias, mais de 4 000 leitores seguem a atualidade

regional na página do “DA”

www.diariodoalentejo.pt facebook.com/diariodoalentejo

Diár

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Fonte: Marktest. Relatório de resultados da imprensa regional no período compreendido entre abril de 2010 e março de 2011

Page 27: Ediçao N.º 1580

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27No museu Jorge Vieira, em Beja, entre os dias 6 e 24, vão decorrer diariamente

– das 9 e 30 às 12 horas e das 14 e 30 às 17 horas – ateliês destinados a meninos

e meninas dos oito aos 12 anos, para trabalhar em materiais reciclados e em

pasta de papel. Do desenho (incluindo em alto relevo) para a escultura, uma boa

oportunidade para passar o tempo e dar asas à criatividade.

Museu Jorge Vieira em Beja continua

com ateliers para os mais novos

Pais

Um desenho animado que tem acompanhado várias gerações e é um bom motivo para a criançada comer mais fruta.

Pela tua mãoSe gostas de duelar e és fã do Yu-Gi-Oh! po-des agora criar as tuas próprias cartas. Vai a http://www.yugiohcard-maker.net/ e faz um deck que mais ninguém tem. Hugo, 13 anos

A páginas tantas...O Galo que Nunca Mais Cantou, escrito por Ana Saldanha, conquistou o Prémio Maria Rosa Colaço em 2010 e final-mente está nas livrarias pe-las mãos da Caminho.“Era uma vez uma aranha com ambições imperialis-tas. Era uma vez um coelho atrevido que andava sem-pre a sair da cartola, mesmo quando não devia. Era uma vez um galo que nunca mais cantou e outro que não era de Barcelos. Era uma vez uma carochinha que encon-trou dez réis a varrer a cozi-nha, arranjou marido e jun-tos alugaram um T2. Era uma vez uma ovelha negra, negra, negra”.A partir das histórias tradi-cionais, a autora reinventa e confere-lhes uma nova vida, sem que no fim haja a moral da história.

As ilustrações são de Pedro Brito. Vai até

ao blogue onde vais encontrar também

umas animações bem interessan-

teshttp://tomala-

bonecos.blo-gspot.pt/

JogoUma ideia para personalizares

o teu “quantos-queres”

ou “papa-moscas”.

Dica da semanaA dica desta semana centra-se no trabalho da artista francesa Nathalie Choux, não só pelo seu trabalho como ilustradora, mas pelo seu trabalho como ceramista. As peças que aqui deixamos são apenas da sua autoria, mas tem desenvolvido um trabalho paralelo com outra artista, Lili Scratchy. Ficam algumas suges-tões para consulta

http://www.nathaliechoux.com/

http://liliscratchy.blogspot.pt/

Page 28: Ediçao N.º 1580

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Boa vidaComer

Frango do campo com tomate Ingredientespara 4 pessoas1 frango do campo, 200 gr. de bacon,50 gr. de banha de porco, 6 dentes de alho, 5 tomates maduros e limpos de peles e grainhas, 1 dl. de vinho do Porto, 4 dl. de vinho branco alentejano, 1 molho de salsa, sal q.b.,pimenta q.b., 1 dl. de azeite, água q.b..

Confeção:Corte o frango em bocados e tempere com os dentes de alho pisados com sal e deixe no frigorífico durante qua-tro horas. Coloque-o num tacho com todos os ingredientes e cubra com água. Tape o tacho e leve a lume médio. Deixe cozinhar len-tamente e retifique os tem-peros a seu gosto.Coloque o frango numa tra-vessa e polvilhe com salsa picada.Acompanhe com batatas fritas caseiras e salada de al-face. Bom apetite…

António Nobre Chefe executivo de cozinha – Hotéis M’AR De AR, Évora

Letras

O cinemade António de Macedo

A retrospectiva integral da obra de António de Macedo na Cinemateca Portuguesa fica assinalada pela edi-

ção de um catálogo que reúne a filmogra-fia completa, uma extensa entrevista ao au-tor e entrevistas aos filhos do cineasta, a realizadora Susana de Sousa Dias e o com-positor António de Sousa Dias. Inclui ainda textos de vários autores – de Artur Semedo a Fernando Lopes, passando por Lauro António, João Lopes, Leonor Areal, etc. – e de várias proveniências (catálogos, artigos de imprensa, obras de investigação) quer so-bre Macedo quer sobre os seus filmes.

O cinema de António de Macedo afirma-se como a referência bibliográfica mais completa sobre um autor fundamental no arranque e história do Novo Cinema, cuja marginalidade, porém, fez sempre dele um marginal entre os marginais.

O rapazinho que cresceu entre máqui-nas de projecção, câmaras de filmar e fez os primeiros filmes com a película Kodak fora de prazo que o pai arranjava fez-se com-positor, arquitecto, escritor, cineasta, pro-fessor universitário, mas é sobretudo um homem de espírito livre e questionador. Experimentalista, sempre.

Amante do fantástico e esteta depu-rado, depois de “Domingo à tarde”, “Sete ba-las para Selma”, do proibido “Nojo aos cães”, “A promessa”, já após o 25 de Abril, o seu re-gresso à ficção, com “As horas de Maria”, provocou um escândalo sem precendentes quando estreou em 1979. A década de oi-tenta assinalou, no cinema de Macedo, o iní-cio de uma fase dominada pelo esoterismo e pelo fantástico. “Chá forte com limão”, de 1993, foi a última longa-metragem do au-tor que tem visto os seus projectos de fil-mes de longa-metragem rejeitados pelos jú-ris de apoio à produção cinematográfica do Instituto de Cinema.

Maria do Carmo Piçarra

O cinema de António de MacedoOrg. Manuel MozosCinemateca Portuguesa192 págs.15 euros

28 O Juca é um cão de porte grande, muito jovem, com cerca de um ano. Está desde bebé no Cantinho

dos Animais, na companhia da mãe e de mais alguns irmãos que também ainda não foram

adotado. Foram encontrados recém nascidos à beira de uma estrada. O Juca é o mais tímido dos

manos, não é agressivo com as pessoas, apenas tem um pouco de medo… Precisa de uma família

compreensiva que lhe dê atenção e carinho. Venham conhecê-lo ao Cantinho dos Animais de Beja.

96 24 32 844, [email protected]

Petiscos

O bom e o bonito

Não, bonitos não são, estes animalejos com oito pernas, picos com fartura, duas tenazes sempre a mexer direito à

boca, a andar às arrecuas e aspeto ameaçador. Refiro-me às sapateiras e às santolas, ainda que a grande família dos caranguejos esteja toda abrangida. São é bons, estes bichinhos.

A receita que vos proponho é comum a uma e a outra espécie. A santola é melhor e é muito mais cara, a sapateira é menos boa e é mais barata. Que vontade que dá de dizer: “É a vida!”.

Vendem-se cozidas e cruas. As melho-res são as cruas, frescas, mas as variantes são muitas. Entre já cozidas e congeladas mas muito baratas e as de duvidosa fresquidão e vendidas que nem peças de ourivesaria, pre-firo obviamente aquelas. Um último comentá-rio: há uma boa dúzia de receitas semelhantes. Esta é das melhores, digo-o sem falsas modés-tias, sabendo embora que há também outras muito razoáveis, nomeadamente algumas que envolvem forno e gratinados.

“À unha!” que nem moços de forcados, aqui vamos nós. São três sapateiras, médias, cruas e frescas. Cozem 20 minutos em água que já está a ferver com sal e uma cebola. Depois de cozidas arrefecem-se e enxugam--se. Partem-se e extrai-se toda a carne. É difí-cil descrever o processo. Não se aproveitam os sacos de areia que tem na cabeça, os estôma-gos, digamos assim. Nem nada que seja cal-cário, casca e divisórias interiores. À primeira vez é difícil e moroso, à segunda reconhecem-se os meandros anatómicos do animal, já é tudo mais fácil.

O apuro da carne inclui o interior da cas-quinha, com todos os sucos, o corpo pro-priamente dito – é o que demora mais tempo e é mais complicado –, as patas e as tenazes.

Usa-se uma cerveja, das pequenas, para aju-dar a limpar as partes mais difíceis.

Começa aqui a receita. Uma embalagem grande de maionese duma marca alemã mas feita em Portugal, uma embalagem pequena da mostarda portuguesa mais antiga e difun-dida, um frasco pequeno de pickles que se pi-cam bem, pão ralado torrado – podem-se ralar tostas em casa –, uma cerveja branca pe-quena, quatro gemas de ovo cozidos, pimenta preta para ralar, sal, molho inglês – melhor se for original – e, finalmente, molho de mala-gueta vermelha, pode ser de casa desde que a confeção não envolva qualquer tipo de óleo in-cluindo azeite. Rança, inevitavelmente.

Junte a maionese com meio frasco de mostarda. Acrescente os pickles e as gemas que entretanto reduziu a uma pasta. Misture tudo bem. O recipiente deve ser muito am-plo e de vidro, para se “trabalhar” à vontade. Junte a carne e os sucos dos animais junta-mente com a cerveja, que deve estar cheia de pequenos pedaços provenientes da limpeza da casca e das casquinhas. Mexa novamente. Prove. Agora acrescente o pão ralado até a consistência lhe parecer razoável. Mesmo que tenha muita “carne” da sapateira, não evite o pão ralado, é indispensável. Se ficar demasiado espesso pode acrescentar mais al-guma cerveja.

Tempere de sal, algumas voltas do moi-nho de pimenta, malagueta e molho inglês. Vá pondo devagar, misture, prove e acrescente o que faltar. Vai ao frigorífico a resfriar bem, é comido com torradas de pão torrado em casa ou crackers de boa qualidade, lamento dizê-lo, mas de preferência inglesas.

Magníficos animais, feios e excelentes!

António Almodôvar

Page 29: Ediçao N.º 1580

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FilateliaO

veterano saxofonista holan-dês Kris Wanders (n. 1946) esteve no “olho do furacão”

da criação do free jazz europeu, em meados dos anos sessenta do século passado. Tocou, entre muitos outros, com Peter Brötzmann e também na Globe Unity Orchestra, do pianista Alexander von Schlippenbach. A re-sidir na Austrália desde os finais dos anos 1970, Wanders tem desenvolvido a sua actividade principal integrado numa comunidade de improvisa-dores locais, o que não o tem impe-dido de reencontrar nomes de peso do jazz mais aventuroso do velho conti-nente. Nestas duas gravações para a Not Two Records, Wanders dá mos-tras de se encontrar em ótima forma e na posse de todos os seus reconheci-dos predicados enquanto saxofonista e improvisador de alto quilate. Ambos os discos permitem concluir que o seu som incandescente continua perfei-tamente enquadrado pelas coordena-das libertárias e iconoclastas do free, embora jamais soem datadas. Em “In Remembrance of the Human Race” (título retirado de um conto do escri-tor belga Hugo Raes), o saxofonista reúne o The Kris Wanders Outfit, quarteto que se completa com o trom-bonista Johannes Bauer, o contrabai-xista Peter Jacquemyn e o baterista Mark Sanders. Neste registo captado ao vivo no centro cultural Luchtbal,

em Antuérpia (em maio de 2009), os quatro músicos estabelecem intensas ligações e nenhum deles desempenha um papel subalterno ou de mero su-porte. A música que daqui resulta re-vela-se directa, crua, descarnada, li-berta de adornos supérfluos. Wanders explora os confins do seu instrumento com grande inteligência, criando toda uma paleta de sons verdadeiramente notável. Na longa peça que dá título ao disco (com uma duração de 32 mi-nutos), começa por um motivo repe-titivo, de efeito encantatório, a que se junta, acrescentando densidade, o contrabaixo de Jacquemyn (exímio no uso do arco). Por volta dos onze minu-tos e meio, fica em cena o triunvirato Bauer-Jacquemyn-Sanders para uma brilhante passagem. As ambiências vão-se metamorfoseando, ora mais intensas, ora mais relaxadas. Na tam-bém extensa “Uwaga” destaque para a soberba prestação de Bauer e para as deambulações lávicas do baterista. Wanders mostra o seu lado mais me-ditativo, que logo alterna com inter-venções explosivas. A meio da peça parecem escutar-se ecos distantes de certas estruturas rock. Em “A Man s Dream” começam por entrar trom-bone e contrabaixo, a que se vem jun-tar novo jogo de subtilezas de Sanders. Tudo ganha intensidade com as frases fragmentadas de Bauer, que traçam o caminho para um final em crescendo.

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JazzThe Kris Wanders Outfit

“In Remembrance Of The Human Race”

Kris Wanders – Mani Neumeier Quintet – “Taken By Surprise”Kris Wanders (saxofone tenor), Brett Evans (saxofone tenor), Yusuke Akai (guitarra), Rory Brown (contrabaixo) e Mani Neumeier (bateria).Editora: Not Two RecordsAno: 2011

The Kris Wanders Outfit – “In Remembrance of the Human Race”Kris Wanders (saxofone tenor), Johannes Bauer (trombone), Peter Jacquemyn (contrabaixo) e Mark Sanders (bateria).Editora: Not Two RecordsAno: 2011

“Ta ken By Surprise” marca o reencontro en-tre Wanders e o baterista

alemão Mani Neumeier (tantas vezes creditado como o primeiro baterista europeu de free jazz, para além de fundador dos lendários Guru Guru, grupo de krautrock que gravou 28 ál-buns desde 1968), quarenta anos de-pois das suas primeiras colabora-ções, no quinteto de Brötzmann e, mais tarde, na Globe Unity Orchestra (ambos gravaram o seminal “Globe Unity”, de 1966). Espanta que para voltarem a gravar juntos tenha pas-sado quase meio século. Para comple-tar a formação, Wanders e Neumeier recrutam outro saxofonista tenor, o australiano Brett Evans, o guitar-rista Yusuke Akai e o contrabaixista Rory Brown. Intrincadas interações permitem ao grupo alcançar eleva-dos níveis de intensidade. O quinteto

apresenta três longas composições (a mais curta tem dezanove minutos e meio de duração), duas delas da au-toria de Evans: “Oxymoron”, de iní-cio solene, desemboca num vívido exercício grupal, com os acordes se-cos do guitarrista e a efervescência da secção rítmica a servirem de base às intervenções dos dois sopradores. A mais tranquila, “Not on Radio”, conta de novo com a guitarra a in-trometer-se nos diálogos saxofonísti-cos e a não perder pitada. A peça-tí-tulo, que funciona como o centro de gravidade do disco, é da autoria de Wanders. Contrabaixo, guitarra e ba-teria urdem pacientemente alva tela sobre a qual os saxofones derramam as suas tintas, em movimentos vá-rios. Duas propostas recomendadas para os cultores de um jazz complexo e exigente.

António Branco

Kris Wanders/ManiNeumeier Quintet“Taken by Surprise”

À medida que o homem se foi sedentarizando teve necessidade de se ir adaptando à sua nova situação, o que o levou a inovar nas

mais diversas áreas para ter uma melhor resposta às suas necessidades, o que lhe aumentaria o seu prazer e comodidade.

Como temos visto nos artigos anteriores, o pão é um bom exemplo do que se acaba de af irmar. Com o decorrer dos milénios, as lajes aquecidas pe-las fogueiras de todos os dias, e onde se colocava a farinha amassada para ser submetida a uma coze-dura rudimentar, foram substituídas pelos fornos de argila e de pedra. Seriam, tal como hoje, uma construção abobadada com uma pequena abertura por onde se introduzia a farinha amassada. Parece que a sua utilização é bastante recente, pois pensa-se que surgiram só dois ou três séculos antes de Cristo.

No nosso país, principa lmente na segunda metade do século XX, foi-se assistindo, pouco a pouco, à desativação do forno tradicional a lenha e, em sua substituição, ao aparecimento dos fornos industriais, nos quais raramente é usado aquele combustível para o seu aquecimento.

Felizmente em algumas localidades o forno tradicional resistiu e continua a ser usado, pro-duzindo um tipo de pão que tem grande procura, não só localmente, mas também noutras localida-des para onde é exportado. O pão feito artesanal-mente é ainda uma realidade presente em todo o país, com especial ênfase nas regiões do interior.

Encontramos por todo o lado, mas principal-mente à porta das, já raras, mercearias de bairro, publicidade ao tipo de pão que têm para disponibi-lizar aos seus clientes.

O bloco que ilustra este artigo (Afinsa 3940/1) mostra-nos a boca de entrada de um forno tradi-cional. (continua)

Geada de Sousa

O pãoartesanal– o forno (IX)

Arranca hoje, em Figueira de Cavaleiros, no concelho de Ferreira do Alentejo, a XIII Feira do Melão, que se prolongará

até ao próximo domingo, dia 5. Concursos para o melhor melão, melhor doce de melão e melhor expositor, workshops

sobre sabores com melão, jogos diversos, insufláveis, karaoke, garraiada e várias atuações musicais são algumas das

propostas. No plano musical estão previstas as atuações de Artur e os seus alunos de guitarra e Ventos Alentejanos

(dia 3), Os Rurais, As Margaridas de Maio, Grupo Coral e Instrumental Infantil de Figueira dos Cavaleiros,

José Arménio, Pôpo e Banda e Estrelas do Covil (dia 4) e Pedro Jonnas – Tributo a Tony Carreira (dia 5).

Gastronomia, jogos e atuações musicais animam

XIII Feirado Melão

Page 30: Ediçao N.º 1580

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Fim de semana

Alentejo pela lente de Paul Hohl no Museu de Beja Até ao 30 de setembro, a exposição “Now

and Then”, do fotógrafo norte-americano

Paul Kohl, será mais um motivo de visita ao

Museu Regional de Beja. A mostra, resultante

de uma parceria com o Museu Municipal de

Estremoz, encontra-se patente no claustro do

Convento da Conceição, convidando a conhecer

o olhar deste artista plástico que, em 2011,

a pretexto de uma estadia em Portugal, na

Fundação Obras, em Évoramonte, desenvolveu

uma relação muito especial com o nosso

país e a região alentejana, nomeadamente

no que diz respeito às gentes, paisagens e

património. Paul Kohl ensina atualmente

fotografia na Universidade Tecnológica de

Nanyang/Escola de Artes, Design e Média de

Singapura e expõe os seus trabalhos em países

tão distintos como Japão, Canadá, Estados

Unidos, Malásia, Singapura e Portugal.

Folkmundo de volta a VidigueiraO Folkmundo – Festival de Folclore

Internacional Vila dos Gamas está de volta à

vila de Vidigueira para uma quinta edição,

que decorre hoje, sexta -feira. O espetáculo

realiza-se na praça Vasco da Gama, pelas 21 e

30 horas, com a participação de dois grupos

folclóricos, de dois pontos bem distantes do

globo: um da Sérvia e outro do México.

Rastolhice em Pias nas Noites de Rua CheiaMais um fim de semana, mais uma ronda das

Noites de Rua Cheia, pelos largos e praças

do concelho de Serpa. Hoje, sexta --feira, a

freguesia de Pias recebe a visita dos Rastolhice,

enquanto que Brinches e Vales Mortos terão

serões animados, respetivamente por Zeca e

os Pelintras e Grupo Coral e Instrumental e

Devaneios Filarmónicos. Amanhã, sábado, o

tocador de viola campaniça Pedro Mestre estará

em Vila Nova de São Bento com o projeto local

de cante nas escolas; em Ficalho, tocam Zeca e

os Pelintras; em A-do-Pinto, Os Alentejanos.

Pintura, escultura, produtos locais, tasquinhas, música, animação de rua e infantil são algumas das propostas da

sexta edição do Fator – Festival de Artes e Ofícios da Raia, que decorre entre hoje e domingo, 5, em Vila Verde de

Ficalho. Hoje à noite há uma demonstração de boxe, pela BoxSerpa Fighting Team, seguida pelas atuações do dueto

Em Tom de Fado (Ana Tareco e Carlos Filipe), Rádio Pirata e DJ Daniel K. Amanhã, depois de uma demonstração de

hip hop pela Korpussão, ao início da noite, o palco é de Bacoustic Music, Zeca e os Pelintras e DJ Tape. Para encerrar,

no domingo, há uma demonstração de falcoaria, a cargo da Falconfinis, e serão musical com Maré de Sons e DJ Mira.

Festival de Artes e Ofícios

anima Ficalho

João Monge escreve “epopeia dedicada ao povo alentejano”

Peça “Chão de Água”

amanhã em Castro Verde

João Monge, letrista de raízes alentejanas, associou-se à companhia Teatro da Terra para o espetáculo “Chão de Água”, que vai ser apre-sentado amanhã, sábado, no Anfiteatro Municipal de Castro Verde,

pelas 22 horas. Partindo de “As Troianas”, de Eurípedes, um clássico da tragédia grega, o autor de “Postal dos Correios” constrói para o palco um paralelismo “entre o desenraizamento provocado pela deslocalização compulsiva das populações dos seus territórios”, a pretexto da construção de barragens e da promessa de desenvolvimento económico, e a “solidão revoltada das mulheres troianas quando a guerra lhes rouba os seus ho-mens”.

A encenação é da atriz Maria João Luís, que também integra o elenco composto por vários atores consagrados e conhecidos do grande público, tais como Heitor Lourenço, Catarina Guerreiro, Helena Montez, Patrícia André, Pedro Mendes, Susana Blazer ou Rui Gorda. A peça, uma evi-dente parábola sobre a vida e a morte, assume-se sobretudo como “uma epopeia dedicada ao povo alentejano”, mesclada com referências da vida contemporânea de fácil reconhecimento, “numa composição teatral dra-maturgicamente expressiva, com o intuito de potenciar uma visão crítica abrangente”. “Chão de Água” conta ainda com as participações do Coro Polifónico de Ponte de Sor, dirigido pelo maestro Ruo Martins, e do Coro da Associação Sénior Castrense, sob a batuta de António João César.

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Page 31: Ediçao N.º 1580

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Foi uma notícia que apanhou de surpresa toda a

gente. A Câmara Municipal de Beja decidiu declarar

a tauromaquia património cultural de interesse mu-

nicipal. Depois da corrida às garrafas de Champomi

e Panaché para festejar um momento tão

histórico para a cidade, importa anali-

sar esta medida com alguma frieza: o

que irá mudar em Beja? Uma investi-

gação conjunta Não confirmo, nem

desminto/Forcados Amadores

da Chamusca re-

velou-nos que,

entre outras me-

didas, a autarquia

pretende introduzir

novas normas de con-

duta junto dos seus fun-

cionários, com destaque

para a utilização de um vo-

cabulário que remete para

a vida taurina, o qual deverá

ser aplicado, inclusive, nas fórmu-

las de saudação: todos os funcioná-

rios deverão saudar-se, não com o

habitual “bom dia”, mas sim com

a expressão “ah, touro liiiindo!!”.

Para além disso, estes serão obrigados a vestirem -

-se como bandarilheiros, se estiverem em cargos de

chefia, ou forcados, o que inclui usar aquelas cal-

ças que impossibilitam qualquer tipo de circulação

sanguínea abaixo do umbigo. “Mas não vai ficar por

aqui…”, declarou fonte da autarquia.“As pessoas que

sejam do signo touro terão também direito a uma re-

dução de 50 por cento no IMI, desde que compro-

vem a data do seu nascimento e escrevam um soneto

que inclua as expressões ‘ganadaria’, ‘faena’, ‘Beja’ e

‘Joaquim Bastinhas’”, adiantou.

festejar um momento tão

cidade, importa anali-

com alguma frieza: o

m Beja? Uma investi-

Não confirmo, nem

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dar-se, não com o

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sanguínea abaixo do umbigo. Mas não vai ficar por

aqui…”, declarou fonte da autarquia.“As pessoas que

sejam do signo touro terão também direito a uma re-

dução de 50 por cento no IMI, desde que compro-

vem a data do seu nascimento e escrevam um soneto

que inclua as expressões ‘ganadaria’, ‘faena’, ‘Beja’ e

‘Joaquim Bastinhas’”, adiantou.

facebook.com/naoconfirmonemdesminto

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cancelamento

do festival kazantip

É celebrado pelas autoridades

sem ferramentas

para combater praga de dj

A primeira edição do festival Kazantip, que arrancou no dia 20 do mês passado, foi cancelada por problemas de licenciamento na venda de bilhe-tes e de comida. Esta decisão, que escandalizou os fãs de música eletrónica, foi, todavia, recebida com festejos junto das autoridades, que até já organizaram o seu próprio bailarico, como nos confidenciou fonte da Câmara de Moura: “A princípio parecia-nos uma boa ideia, mas depois ficá-mos com dúvidas com aquela história das orgias. Afinal, se a Ucrânia, um país em que se usa o vodka como anestesia nos hospitais, decidiu can-celar o festival, mais motivos tínhamos para preocupação… Além disso, não tínhamos meio de combate à praga de Dj que assola o nosso país. Qualquer pessoa que se saiba colocar à frente de uma mesa de mistura e que tenha um nome artístico com um apóstrofo parece um génio da música. Reproduzem-se como os coelhos. E até já nascem com o ombro encostado ao fone e um CD dos Ace of Base na mão”.

Inquérito Costuma ter cuidados de segurança quando vai de férias?

GUILHERME SETE-CHAVES, 28 ANOS

Pessoa que acha que Punta Cana é uma marca de cana de pesca

Eu tenho todos os cuidados e mais alguns. Não sou como aqueles

que postam fotografias da casa, dos filhos, pais, cães, gatos, pei-

xinhos e iguanas no Facebook e depois admiram-se com as visitas

dos amigos do alheio... Não sou daqueles que não sabem estar ca-

lados, e não sabem quando parar… Como se fosse possível vir para

aqui dizer que moro na avenida dos Bombeiros Voluntários, n.º 10,

em Moura, e que vou estar na República Dominicana na segunda

quinzena de agosto. Pfffff, esses amadores têm muito a aprender

aqui com o Gui…

ADELINA CADEADO, 19 ANOS

Líder do “gang dos lacticínios”

O verão é a época alta para o grupo que lidero, o “gang dos lacti-

cínios”. Não desejamos a violência, mas se alguém se colocar en-

tre nós e uma embalagem de margarina, essa pessoa vai conhe-

cer um mundo de dor equivalente ao de beber leite de há 15 dias.

A nossa especialidade é o rapinanço de manteiga de alho e o nosso

objetivo é gamar o “santo graal” dos lacticínios: o iogurte grego

com bocados de frutos do bosque. Mas ainda não foi possível…

Queremos assaltar mais frigoríficos do que esses cromos do “gang

dos intolerantes à lactose”. Irritam-me, pá…

JUVENAL ALARME, 38 ANOS

Pessoa que só se interessa pela competição de ténis de mesa dos

Jogos Olímpicos

Todos os cuidados são poucos. Geralmente peço à PSP que vigie

a minha casa. Só espero é que este ano tenham dinheiro para o

combustível e possam patrulhar a minha zona. Coitados, fazem o

que podem… Já reparou que muitos deles têm bíceps que pare-

cem uma bola de râguebi? Aquilo não é do exercício físico… É de

empurrar um Skoda Octavia que ficou sem bateria numa subida

de três quilómetros enquanto perseguem o pessoal do “gang dos

lacticínios”.

72 fogos junto ao bairro da Esperança: comunidade cigana

vende um incêndio a cinco euros e dois incêndios a sete euros

Os Bombeiros de Beja apagaram, nos últimos dois anos, 72 fo-

gos junto ao bairro da Esperança, e suspeita-se que a grande

maioria tenha origem em mão humana. Os moradores daquela

zona, porém, manifestam a sua indignação, como é o caso do sr.

Túlio Feira de Castro: “Aaaiiiii, é mais um pretexto para denegrir

a raça cigana, é o que é!!! Aaaiiiiiii, o cigano só quer vender pe-

quenos fogos a pirómanos em recuperação a preços competiti-

vos… É um negócio legítimo, ‘néi’! Como já não há comboio di-

reto para o Barreiro, já não podemos ir lá buscar polos da Lacorte

e ténis da Nika!!... Também já não conseguimos ‘trazeri’ os incên-

dios de comboio, é por isso temos de fazer criação de fogos cá,

‘néi’!! Aaaaiiii, que é só um modo de vida honesto, mas como eu

sou cigano já não posso… Aaaaiiii, como sou cigano já não posso

fazer uma queimada de 2 000 CD do Fábio Júnior que mandei vir

de Moçambique!! Já agora, tenho aqui o DVD do Madagáscar, três

a cinco euros: é a história de um leão, uma zebra, um porco preto

e um rafeiro alentejano… É todo falado em chinês, mas é tão

lindo!! Aaaaaiiii, freguês, por ser para si, faço a 4,95 e não se fala

mais nisso. Aaaiiiii...”.

Detido a vender 1 585 doses de haxixe vence medalha das olim-

píadas da matemática por saber contar até 1 585 Foi detido, na

passada semana, um homem de 26 anos apanhado em flagrante

delito depois de tentar vender 1 585 doses de haxixe. O detido

é o principal arguido de um processo de combate ao tráfico de

droga. Contudo, a prisão pode nem ser o destino deste homem

que já recebeu das mãos do presidente do Clube de Matemática

de Jungeiros a medalha de prata das olimpíadas da matemá-

tica, “pelo esforço em contar até 1 585, feito só ao alcance de al-

guns”. Este feito extraordinário valeu-lhe também um telegrama

de felicitações do ministro da Educação, Nuno Crato, a congratulá-

lo pelo “esforço em dividir dois quilos de haxixe em 1 585 doses,

proeza que, em jeito de homenagem, terá direito a exercício na

prova de matemática da 4.ª classe do ano que vem”. Já o ministro

da Economia, ao saber da vontade do detido em exportar para o

estrangeiro, disponibilizou uma linha de crédito para nano, mini e

pequeníssimas empresas, revelando que o “Governo apoia a pro-

dução e o franchising de pastéis de nata com aroma a haxixe”.

Tauromaquia a património municipal de Beja: funcionários da autarquia

obrigados a vestirem-se como bandarilheiros

Page 32: Ediçao N.º 1580

Nº 1580 (II Série) | 3 agosto 2012

RIbanho POR LUCA

FUNDADO A 1/6/1932 POR CARLOS DAS DORES MARQUES E MANUEL ANTÓNIO ENGANA PROPRIEDADE DA AMBAAL – ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS DO BAIXO

ALENTEJO E ALENTEJO LITORAL | Presidente do Conselho Directivo José Maria Pós-de-Mina | Praceta Rainha D. Leonor, 1 – 7800-431 BEJA | Publicidade e

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Coutinho, António Almodôvar, António Branco, António Nobre, Carlos Lopes Pereira, Constantino Piçarra, Francisco Pratas, Geada de Sousa, José Saúde, Rute Reimão

Opinião Ana Paula Figueira, Bruno Ferreira, Cristina Taquelim, Daniel Mantinhas, Filipe Pombeiro, Francisco Marques, João Machado, João Madeira, José Manuel Basso,

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Para hoje, sexta-feira, prevê-se céu limpo, com temperaturas entre os 13 e os 33 graus. Amanhã, sábado, e domingo o céu deverá manter-se limpo, com máximas a atingir, respetivamente, os 32 e os 29 graus.

Eddie Vedder no Sudoeste

Depois das atuações de Afrojack, Martin Solveig e Pete

Tha Zouk e do músico norte-americano Ben Harper,

que apresentou o espetáculo que revisita 20 anos de

carreira, o festival TMN Sudoeste prossegue hoje, sexta-

feira, na herdade da Casa Branca, perto de Zambujeira

do Mar (Odemira), com os holofotes virados para Eddie

Vedder. Se o músico norte-americano é sobejamente

conhecido como vocalista do grupo Pearl Jam, desta

vez terá todas as atenções a solo, porque editou em 2011

o álbum “Ukelele Songs”. No mesmo palco de Eddie

Vedder estarão previstos outros concertos, como o de

James Morrison e do Richie Campbell, nome português

do reggae. Amanhã, sábado, assinala-se a estreia em

Portugal do grupo hip hop porto-riquenho Calle 13, cujo

álbum “Entren los que quieran”, de 2010, foi editado

esta semana em Portugal. Este disco, que conta com

a participação de Maria Rita, Omara Portuondo e

Omar Ródriguez-López, dos Mars Volta, e com letras

com um discurso bem mais político que os anteriores,

valeu-lhes 10 Grammy Latino. Ainda amanhã, depois

dos Calle 13, regressarão a dupla The Ting Tings, os

norte-americanos The Roots e os Xutos & Pontapés,

os únicos cabeças-de-cartaz portugueses desta edição.

A noite fecha com Gorillaz Sound System. Para

domingo, último dia do festival, está agendada a estreia

portuguesa da cantora londrina Jessie J e o regresso

– já faz parte da prata da casa – do Dj francês David

Guetta. Este ano, o Palco Reggae poderá registar

uma enchente maior do que a de anos anteriores,

por conta de um conjunto de nomes lendários da

Jamaica, que têm andado em digressão a celebrar

os 50 anos de independência do país.São os casos de

Lee “Scratch” Perry, Max Romeo e The Congos, na

quinta-feira, e dos Jamaican Legends com Ernest

Ranglin, Monty Alexander, Sly and Robbie e Bitty

McLean, na sexta-feira.

Lançado há dias, o livro No Caminho sob a Estrelas – Santiago e a Peregrinação a Compostela reúne

a colaboração de 26 investigadores portu-gueses e espanhóis. Trata-se, segundo o seu coordenador, José António Falcão, de um “instrumento científico” que permite fazer o primeiro balanço sobre o culto ja-cobeu em território alentejano. Uma rota alternativa, defende, que atrai visitantes pela tríade “património cultural, natu-ral e religioso” e cujo potencial de desen-volvimento deve ser cada vez mais tido em conta pelos municípios.

No Caminho sob a Estrelas – Santiago e a

Peregrinação a Compostela oferece uma

“síntese renovadora” acerca deste itinerá-

rio histórico. Em que medida?

Faz o primeiro ponto de situação sobre o Caminho de Santiago e o culto jacobeu no Alentejo meridional, dentro da pa-norâmica europeia das peregrinações. Uma coisa é falar-se vagamente acerca da passagem dos peregrinos em direção a Compostela; outra coisa é documen-tar esse trânsito a partir de testemunhos concretos. Foi esta a nossa preocupação: criar um instrumento científico. Só as-sim obteremos o reconhecimento do Sul de Portugal como espaço importante nas peregrinações. Trata-se de um resgate his-tórico. Os peregrinos, esses, começaram a voltar na década de 1990. São os verdadei-ros fautores da redescoberta do Caminho. A Diocese de Beja e as autoridades da Galiza, com as quais colaboramos regu-larmente, seguiram-lhes a peugada.

Qual é atualmente a atratividade turís-

tica das vias jacobeias no território baixo

alentejano?

O Alentejo constitui uma região deveras atrativa para os peregrinos que procuram

José António Falcão50 anos, natural de Lisboa

Com formação em História da Arte e Arquitetura, é conservador-chefe de museus e professor universitário e dirige o Departamento do Património Histórico e Artístico (DPHA) da Diocese de Beja desde 1984. Faz parte do painel internacional de peritos do Caminho de Santiago e tem dirigido projetos sobre a peregrinação compostelana, entre eles “Loci Iacobi” e “Ultreia”. E foi como investigador, ao serviço das peregrinações, que França o distinguiu, em 2010, com uma condecoração raras vezes dada a estrangeiros, a Médaille de le Jeunesse et des Sports.

a principal mais-valia do Caminho de Santiago: a associação sustentável entre património cultural, natural e religioso. São três vertentes que tornam a região ali-ciante do ponto de vista de um touring qua-lificado, mesmo para quem bem conhece outras rotas compostelanas. Hoje, o seg-mento mais frequentado parte do Cabo de São Vicente e sobe por Odemira, Santiago do Cacém, Grândola e Alcácer do Sal até Landeira. Quem vem do Algarve central usa a velha estrada de Santa Cruz e segue por Almodôvar, Castro Verde e Aljustrel. Entre as vias oriundas da Andaluzia me-rece destaque a que entra por Serpa, cruza Beja e, ao infletir para Évora, atravessa Vidigueira e Alvito.

E que condições têm para oferecer estes

trilhos alternativos, quando comparados

com as rotas “clássicas”? Face à sobrelotação do Caminho Francês, o Caminho Português afirma-se como uma alternativa viável. Possuindo um dos mais altos índices de preservação da Europa, o Alentejo é corredor privilegiado para quem peregrina a pé, de bicicleta, a cavalo ou de barco. Os peregrinos valorizam a liber-dade de movimentos e o anonimato. Nos últimos anos, personalidades das casas re-ais, da política, dos negócios ou da cultura têm percorrido à vontade a nossa região e visitado igrejas e museus, a salvo de papa-razzi. Em contrapartida, falta uma infra-estrutura de albergues. Estão a ser dados passos para colmatar a lacuna, com a co-laboração dos proprietários de alojamen-tos locais, das misericórdias, dos bombei-ros e da Ordem de Malta. É preciso que os municípios despertem para o potencial do Caminho, já que ele pode ajudar a suster o declínio do interior. O turismo regional está atento; espera-se agora que o turismo nacional faça o seu papel. Carla Ferreira

José António Falcão, diretor do DPHA da Diocese de Beja

Pelo Alentejo a caminho de Santiago

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