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MINISTRO OSCAR SARAIVA EDIÇÃO ESPECIAL COMEMORATIVA DO CINQÜENTENÁRIO DA BIBLIOTECA MINISTRO OSCAR SARAIVA V. 24

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MINISTRO OSCAR SARAIVA

EDIÇÃO ESPECIAL

COMEMORATIVA DO CINQÜENTENÁRIO DA BIBLIOTECA MINISTRO OSCAR SARAIVA

V. 24

EQUIPE TÉCNICA

Secretaria de Documentação Secretária: Josiane Cury Nasser Loureiro

Análise Editorial Cantídio Gomes Drumond Neto Hercílio Souza Filho Emival Ataídes Ramos Maria Dalva Limeira de Araújo

Apoio Técnico Nelson Ferreira da Silva Maria Serafim da Silva Selma Bandeira de Souza Winovski Renata Elisa da Silva Martins

Editoração Luiz Felipe Leite

Brasil. Superior Tribunal de Justiça (STJ). Secretaria de Documentação.

Ministro Oscar Saraiva : homenagem. - - Brasília : Superior Tribunal de Justiça, 1998.

215 p. - - (Coletânea de Julgados e Momentos Jurídicos dos Magistrados no TFR e STJ ; 24)

Edição Especial comemorativa do cinqüentenário da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva.

ISBN 85–7248–029–3

1. Tribunal Superior, Julgados. 2. Ministro de Tribunal, biografia. 3. Saraiva, Oscar. I. Brasil. Superior Tribunal de Justiça (STJ), Julgados. II. Título.

CDU 347.992 : 929 (81)

PODER JUDICIÁRIO

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

MINISTRO OSCAR SARAIVA

V. 24

COLETÂNEA DE JULGADOS

E MOMENTOS JURÍDICOS

DOS MAGISTRADOS NO TFR E STJ

EDIÇÃO ESPECIAL

COMEMORATIVA DO CINQÜENTENÁRIO

DA BIBLIOTECA MINISTRO OSCAR SARAIVA

BRASÍLIA

1998

Copyright ©

1998 - Superior Tribunal de Justiça

ISBN 85-7248-029-3

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA SECRETARIA DE DOCUMENTAÇÃO EDITORAÇÃO CULTURAL SETOR DE ADMINISTRAÇÃO FEDERAL SUL QUADRA 06 - LOTE 01 CEP 70.095 - 900 - BRASÍLIA - DF FAX (061) 319-9316

Impresso no Brasil

SUMÁRIO

PREFÁCIO ................................................................................................ 7

ABREVIATURAS EMPREGADAS ........................................................... 9

RETRATO ................................................................................................. 11

INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13

CURRICULUM VITAE .............................................................................. 17

DECRETO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA NOMEANDO-O PARA O CARGO DE MINISTRO DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS .......... 25

TERMO DE POSSE .................................................................................. 29

ATA DA SOLENIDADE DE POSSE ........................................................ 33

DISCURSOS PROFERIDOS DURANTE A CERIMÔNIA DE SUA POS- SE NA VICE-PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECUR SOS

- Do Exmo. Sr. Ministro Hugo Auler................................................ 39 - Do Exmo. Sr. Dr. Oscar Corrêa Pina............................................ 43 - Do Ilmo. Sr. Dr. Sérgio Gonzaga Dutra ........................................ 47

DISCURSO PROFERIDO PELO EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA NO ATO DE INSTALAÇÃO DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DA GUANABARA ..................................................................... 51

TERMO DE POSSE NO CARGO DE PRESIDENTE DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS ...................................................................... 57

DISCURSOS PROFERIDOS DURANTE A CERIMÔNIA DE SUA POS SE COMO PRESIDENTE DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSO S

- Do Exmo. Sr. Ministro Antônio Neder........................................... 63 - Do Exmo. Sr. Dr. Firmino Ferreira Paz......................................... 69 - Do Ilmo. Sr. Dr. Décio Miranda..................................................... 73 - Do Ilmo. Sr. Dr. Alberto Peres ...................................................... 79 - Do Exmo. Sr. Ministro Oscar Saraiva ........................................... 85

DISCURSO PROFERIDO PELO EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA NA INAUGURAÇÃO DO EDIFÍCIO-SEDE DO TRIBU NAL FEDERAL DE RECURSOS ...................................................................... 95

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL DE ALGUNS JUL GADOS COMO MINISTRO RELATOR .................................................................. 103

DISCURSOS EM HOMENAGEM PÓSTUMA

- No Tribunal Superior Eleitoral - Do Exmo. Sr. Ministro Eloy Rocha......................................... 137 - Do Exmo. Sr. Ministro Antônio Neder .................................... 141 - Do Exmo. Sr. Dr. Oscar Corrêa Pina ..................................... 145 - No Tribunal Federal de Recursos - Do Exmo. Sr. Ministro Amarílio Benjamin.............................. 151 - Do Exmo. Sr. Ministro Armando Rollemberg ......................... 157 - Do Exmo. Sr. Dr. Firmino Ferreira Paz .................................. 163 - Do Exmo. Sr. Dr. Otto Rocha................................................. 167 - Do Ilmo. Sr. Dr. Paulo Távora ................................................ 171 - Do Exmo. Sr. Ministro Godoy Ilha .......................................... 175

DISCURSO PROFERIDO PELO EXMO. SR. MINISTRO LUIZ ROB ERTO DE REZENDE PUECH AO PATRONO DA CADEIRA 27 DA ACAD EMIA PAULISTA DE DIREITO ........................................................................... 179

DISCURSO DO EXMO. SR. MINISTRO JORGE LAFAYETTE GUIMARÃES NA INAUGURAÇÃO DA PLACA DA BIBLIO TECA MINISTRO OSCAR SARAIVA .................................................................. 191

HISTÓRICO DA BIBLIOTECA MINISTRO OSCAR SARAIVA ................ 199

DOSSIÊ..................................................................................................... 209

7

PREFÁCIO

Honra-me prefaciar esta Coletânea por tratar dos julgados do saudoso Ministro Oscar Saraiva , que empresta o brilho do seu nome para enobrecer a Biblioteca desta Casa de Justiça, instituição que está completando cinqüenta anos na digna tarefa de alimentar o presente com as lições do passado, com vistas à construção de um futuro melhor.

Nenhum talhe, talvez, amoldar-se-ia, com tal perfeição, a denominar um repositório do saber que o do ilustre magistrado, competente advogado, entusiasmado consultor e dedicado professor Oscar Saraiva , cujos atributos morais e intelectuais, assim como os livros, são fonte na qual as novas gerações vêm abeberar-se.

O leitor que se aventurar por estas páginas descobrirá, nos julgados transcritos, o invulgar saber jurídico do magistrado que os preferiu, bem como verá, “com gosto”, como lembrou o Ministro Armando Rollemberg em sua homenagem póstuma, “a retidão que imprimia aos seus pronunciamentos, a intransigência com que aplicava os princípios que informavam as leis, procurando interpretar estas com magnanimidade, mas jamais deixando de dar-lhes fiel aplicação.”

Além disso, ser-lhe-á dado o privilégio de ir conhecendo, traçado por aqueles que privaram da companhia desse notável homem público, o perfil de um incansável batalhador pela causa da Justiça, à qual declara um amor profundo, única qualidade que, em verdade, julgava possuir, conforme ele próprio disse, modestamente, em seu discurso de posse como Presidente do Tribunal Federal de Recursos.

A leitura desta obra desvendará a nobreza de caráter desse Ministro íntegro, a sua profunda compreensão dos problemas jurídicos, a sua relevante contribuição ao aprimoramento do Direito. Acima de tudo, ressaltará a virtude que é essencial a todos os artífices da Justiça: o humanismo, qualidade que o fez registrar uma afirmação de incontestável atualidade: “... a crise do Direito tem, como causa principal, o seu afastamento da personalidade humana, e esta, tanto no Direito Privado, como no Direito Público, deve ser a sua finalidade última.”

MINISTRO ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO

Presidente do Superior Tribunal de Justiça

9

ABREVIATURAS EMPREGADAS

AC Apelação Cível ACR Apelação Criminal AGMSG Agravo em Mandado de Segurança AP Agravo de Petição APMS Agravo de Petição em Mandado de Segurança AR Ação Rescisória CP Carta Precatória EAC Embargos na Apelação Cível HC Habeas Corpus MS Mandado de Segurança RHC Recurso em Habeas Corpus SS Suspensão de Segurança

Obs.: Após a indexação da jurisprudência por assunto, vêm, entre parênteses, a decisão prolatada e o órgão julgador.

TP Tribunal Pleno T2 Segunda Turma T3 Terceira Turma

11

MINISTRO OSCAR SARAIVA ���� 30/05/1903 ���� 20/08/1969

13

INTRODUÇÃO

A Secretaria de Documentação do Superior Tribunal de Justiça

vem, através da Editoração Cultural, dar prosseguimento, com a publicação

do vigésimo quarto volume, à Coletânea de Julgados e Momentos Jurídicos dos Magistrados no TFR e STJ .

Esta Edição Especial tem por finalidade a Comemoração do

Cinqüentenário da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva .

O Ministro Oscar Saraiva dedicou toda sua vida ao estudo do

Direito como: Advogado, Procurador, Magistrado, Professor e Escritor.

Como Magistrado atuou no Tribunal Superior do Trabalho,

Tribunal Federal de Recursos e Tribunal Superior Eleitoral.

Foi Professor de Direito Constitucional, Direito Administrativo,

Direito Público Interno e Economia Política.

Autor de inúmeros trabalhos publicados.

Valho-me de palavras do Ministro Jorge Lafayette Guimarães

ao dizer: “Compreensível, pois, que à sua Biblioteca haja o Tribunal Federal

de Recursos, em memória deste ilustre Magistrado, dado o nome do Ministro

Oscar Saraiva , e assim procedendo, em ato de feliz inspiração, adotou para

homenageá-lo, sem dúvida, a forma mais adequada”.

Rendemos nossas homenagens à Biblioteca que, desde 1948

até aos dias atuais, com seus incansáveis trabalhos e sua presença

marcante no dia-a-dia da vida do Tribunal, tem prestado relevantes serviços

a esta Casa.

Os cumprimentos do Superior Tribunal de Justiça à Biblioteca Ministro Oscar Saraiva , pela Comemoração do Cinqüentenário de sua Criação .

Editoração Cultural

CURRICULUM VITAE

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OSCAR SARAIVA

Nasceu na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, em 30 de maio de 1903, filho do Desembargador Joaquim José Saraiva Júnior e Henriqueta Saraiva. Casado com Mercedes de Castro Saraiva. Desse consórcio nasceram os filhos: Oscar Saraiva Júnior e Sônia Saraiva Strauss.

FORMAÇÃO ESCOLAR

- Curso de Humanidades pelo Colégio Santo Ignácio, Rio de

Janeiro, em 1919;

- Curso Universitário na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, onde se formou em Ciências Jurídicas, em 1924. Laureado com o Prêmio “Conselheiro Cândido de Oliveira”, pois foi o melhor aluno de sua turma.

ATIVIDADES PROFISSIONAIS

- Procurador-Geral do Conselho Nacional do Trabalho, do

Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, nomeado por Ato de 24/01/1928;

- Adjunto do Procurador do Conselho Nacional do Trabalho, a partir de 01/01/1931;

- Adjunto do Patrono, nomeado por Decreto de 09/02/1931;

- Procurador do Conselho Nacional do Trabalho, nomeado por Decreto de 22/03/1933;

- Organizador e primeiro Presidente do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários, em 1936;

- Procurador-Geral do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários, em 1936;

- Delegado do Governo Brasileiro à Conferência da Organização Internacional do Trabalho, em Genebra, em 1938;

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- Membro, Vice-Presidente e Presidente da Câmara de Justiça do Conselho Nacional do Trabalho, de 1939 a 1945;

- Consultor Jurídico da Coordenação da Mobilização Econômica, de 1942 a 1945;

- Delegado do Governo Brasileiro à Conferência da Organização Internacional do Trabalho, em Montreal, em 1943;

- Membro colaborador na elaboração da Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943;

- Membro da Comissão para a elaboração do Anteprojeto de Lei que criaria as primeiras Juntas de Conciliação e Julgamento;

- Delegado do Governo Brasileiro à Conferência Interamericana de Seguridade Social, no Rio de Janeiro, em 1947;

- Membro da Comissão de Eficiência do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio;

- Delegado do Governo Brasileiro à IV Conferência dos Estados da América, em Montevidéu, em 1949;

- Presidente da Comissão Permanente do Trabalho, em 1950;

- Membro da Comissão Organizadora do Instituto dos Serviços Sociais do Brasil;

- Consultor Jurídico do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, de 1950 a 1955;

- Procurador-Geral da Prefeitura do Distrito Federal, nomeado por Decreto de Provimento nº 1.430/51, em 1951 e 1952;

- Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio (Interinamente);

- Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, nomeado por Decreto de 12/01/1955, tendo tomado posse e entrado em exercício em 19/01/1955, de 1955 a 1960;

- Ministro do Tribunal Federal de Recursos, nomeado por Decreto de 07/03/1960, tendo tomado posse e entrado em exercício em 04/04/1960, de 1960 a 1969;

- Ministro convocado do Supremo Tribunal Federal, em substituição ao Ministro Ary Franco, em 1960;

- Membro suplente do Tribunal Superior Eleitoral para o biênio 1963/1965;

- Reeleito membro suplente do Tribunal Superior Eleitoral para o biênio 1965/1967;

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- Membro da Comissão de Peritos em Direito Social da Organização Internacional do Trabalho, em Genebra, em 1965;

- Vice-Presidente do Tribunal Federal de Recursos para o biênio de 18/06/1965 a 18/06/1967;

- Presidente da Comissão para elaboração do Projeto da Organização da Justiça Federal de 1ª Instância, em 1966;

- Membro efetivo do Tribunal Superior Eleitoral para o biênio de 1966/1968;

- Vice-Presidente do Conselho da Justiça Federal, em 1966;

- Presidente do Tribunal Federal de Recursos para o biênio de 23/06/1967 a 23/06/1969;

- Presidente do Conselho da Justiça Federal para o biênio 1967/1969.

OUTRAS ATIVIDADES

- Redator Chefe da Revista “A Época”;

- Redator de “A Noite”;

- Membro do Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil;

- Membro da Conferência Interamericana de Advogados.

MAGISTÉRIO SUPERIOR

- Professor de Direito Constitucional e Administrativo dos Cursos do Ministério do Trabalho;

- Professor de Legislação do Trabalho dos Cursos de Administração do Departamento Administrativo do Serviço Público;

- Professor de Economia Política do Curso de Doutorado da Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil;

- Professor de Direito Público Interno da Escola Brasileira de Administração da Fundação Getúlio Vargas;

- Professor de Direito Administrativo e Ciências Políticas da Universidade de Brasília.

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TRABALHOS PUBLICADOS E CONFERÊNCIAS REALIZADAS

- “Personalidade Jurídica dos Entes Autárquicos” – Arquivo Judiciário – Vol. 36, pág. 71, out./dez. - 1935;

- “As Autarquias no Direito Público Brasileiro” – Arquivo Judiciário – Vol. 55, pág. 95, jul./set. – 1940; Revista Forense – Vol. 84, pág. 771, out./dez. – 1940;

- “Seguros Sociais: Introdução” – Revista de Direito Social, out./1941, Vol. I, nº 3, pág. 180;

- “Seguros Sociais: Seguro-Invalidez” – Revista de Direito Social, jan./1942, Vol. II, nº 6, pág. 26;

- “Aspectos e Evolução da Previdência Social no Brasil” – Conferência realizada em 31 de julho de 1942, no Instituto de Estudos Brasileiros;

- “A Organização da Administração Delegada” – Publicada em avulso pela Imprensa Nacional, 1942;

- “O Seguro Social no Brasil: Sua evolução e seu desenvolvimento futuro” – Revista do Trabalho, fev./1944, pág. 3/6;

- “Novas Formas da Delegação Administrativa do Estado” – Revista Forense – Vol. 100, pág. 233 – out./dez. – 1944;

- “Os Contratos de Empreitada e a aplicação da Cláusula “Rebus Sic Stantibus” no Direito Administrativo” – Revista de Direito Administrativo – Vol. 1, pág. 32 – jan./1945;

- “Do Direito de poucos para o direito de todos” – Revista Forense – Vol. 103, pág. 363;

- “Responsabilidade do Construtor em face do art. 1.245 do Código Civil” – Revista de Jurisprudência Brasileira – Vol. 67, pág. 132 – Maio/1945;

- “O Direito Social Brasileiro: Seus vários Aspectos e Suas Diretivas” – Revista Forense – Vol. 106, pág. 573 – Abr./jun. – 1946;

- “A Humanização do Direito” – Revista Forense – Vol. 109 – pág. 323 – jan./fev. – 1947 – Vol. 110 – pág. 11 – mar./1947;

- “Reflexos do Pensamento Jurídico Norte-Americano no Direito Brasileiro” – Arquivos do Ministério da Justiça e Negócios Interiores – Vol. 5 – pág. 43 – jun/1947 – Revista Forense – Vol. 113 – pág 325 – out./1947. (Conferência pronunciada no Instituto Brasil – Estados Unidos);

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- “A Crise da Administração” – Revista do Serviço Público, mar./abr. de 1948, pág. 5/14;

- “A Proteção ao Trabalhador na Constituição de 1946” – Revista de Legislação Social e Jurisprudência do Trabalho, jan./1949 – pág. 7;

- “A Evolução da Legislação Trabalhista Brasileira” – Correio da Manhã, edição de 15/06/1951;

- “A Aplicação do Estatuto ao Pessoal Autárquico” – Revista de Direito Administrativo – Vol. 35 – pág. 1/11, jan./mar. – 1954;

- “O Direito do Trabalho no Brasil” – Conferência realizada em junho de 1954, na Escola Superior de Guerra;

- “Constitucionalização da Administração Pública” – Revista de Direito da Procuradoria Geral da Prefeitura do Distrito Federal – nº 3 – pág. 1 – 1956;

- “A Concepção Atual da Seguridade Social e sua Repercussão na Teoria Geral do Direito” – Revista de Direito da Procuradoria Geral da Prefeitura do Distrito Federal – nº 8 – pág. 60 – 1958;

- “Direito ao Sossego: Mau Uso da Propriedade” – Revista de Direito Comercial – pág. 24 – Gráfica Sauer – Rio de Janeiro;

- “A Humanização do Direito: Um Estudo de Direito do Trabalho” – Borsoi – pág. 75 – 1946 – Rio de Janeiro. (Tese de Livre Docência da Universidade do Brasil);

- “A Previdência Social no Brasil” – Escola Superior de Guerra – pág. 19 – 1960 – Rio de Janeiro;

- “Estudos de Direito Administrativo e de Direito Social“ – Editora Melso – 275 pág. – 1965 – Rio de Janeiro;

CONDECORAÇÕES

- Cruzeiro do Sul;

- Grã-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho;

- O Tribunal Federal de Recursos, em sua homenagem, deu o seu nome à Biblioteca;

- Patrono da cadeira 27 da Academia Paulista de Direito;

- Faleceu, no exercício das atividades judicantes, em 20/08/1969.

DECRETO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA NOMEANDO-O PARA O CARGO DE MINISTRO DO

TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS, EM 07/03/1960.

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DECRETO DE 7 DE MARÇO DE 1960

O Presidente da República resolve

NOMEAR

De acordo com o artigo 103 da Constituição Federal,

Oscar Saraiva , para exercer o cargo de Ministro do Tribunal Federal de Recursos, na vaga decorrente da aposentadoria do Ministro Nísio Baptista de Oliveira.

Rio de Janeiro, 7 de abril de 1960. 139º DA INDEPENDÊNCIA E 72º DA REPÚBLICA .

JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA

TERMO DE POSSE NO CARGO DE MINISTRO DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS,

EM SESSÃO SOLENE DE 04/04/1960.

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ATA DA SOLENIDADE DE SUA POSSE NO CARGO DE MINISTRO DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS,

EM SESSÃO ESPECIAL DE 04/04/1960.

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Às treze horas, com a presença dos Exmos. Srs. Ministros Amando Sampaio Costa, José Thomaz da Cunha Vasconcellos Filho, Vasco Henrique d’Ávila, Djalma Tavares da Cunha Mello, Cândido Mesquita da Cunha Lôbo, Américo Godoy Ilha, João José de Queiroz e Nelson Ribeiro Alves, foi aberta a sessão. A seguir, o Exmo. Sr. Ministro Presidente, após agradecer a presença de altas autoridades civis e militares, do Poder Legislativo, Executivo e do próprio Judiciário, declarou a finalidade da sessão, que era dar posse ao novo Ministro, Exmo. Sr. Dr. Oscar Saraiva . Designou, então, os Exmos. Srs. Ministros Sampaio Costa e Cunha Vasconcellos Filho para conduzirem ao recinto da sessão o Exmo. Sr. Dr. Oscar Saraiva , o qual assinou o respectivo termo de posse e prestou o compromisso legal. O Exmo. Sr. Ministro Presidente, em seguida, declarando encerrada a sessão, com as formalidades legais, convidou todos os presentes a se dirigirem ao Salão Nobre, onde o Exmo. Sr. Ministro recém-empossado recebeu os cumprimentos.

Rio de Janeiro, 4 de abril de 1960.

Afrânio Antônio da Costa

Presidente

João Aguiar Júnior

Secretário

DISCURSOS PROFERIDOS DURANTE A CERIMÔNIA DE POSSE DO EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA COMO VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL FEDERAL DE

RECURSOS, EM SESSÃO ESPECIAL DE 16/06/1965.

Do Exmo. Sr. Ministro Hugo Auler.

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O EXMO. SR. MINISTRO HUGO AULER: Neste momento, encontrando-me, eventualmente, no exercício das funções de Ministro do Egrégio Tribunal Federal de Recursos, por efeito de convocação legal, não cumpro mais do que um dever ao expressar a solidariedade do Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal às justas homenagens que são prestadas a Vossas Excelências – eminentes Ministros Godoy Ilha e Oscar Saraiva , nesta solenidade de assunção de tão dignos Juízes aos altos cargos de Presidente e de Vice-Presidente desta Excelsa Corte de Justiça Federal. E ao fazê-lo com rara unção de espírito e de coração, pois aos insignes Magistrados me vinculam a mais rara amizade e a mais alta admiração, o que, todavia, não me priva de imparcialidade, devo confessar que o Poder Judiciário se sente honrado em ter, na direção do Egrégio Tribunal Federal de Recursos, dois Juízes, cujas vidas e vocações têm sido, dia-a-dia, aureoladas de alto espírito público, rara cultura jurídica e exata noção de justiça ideal, além dos dons naturais de dignidade e de honradez pessoais.

Não ignoramos nenhum de nós, Juízes e advogados, as altas responsabilidades desta Excelsa Corte de Justiça Federal em sua missão constitucional. E de Vossas Excelências – Senhores Ministros Godoy Ilha e Oscar Saraiva , a exemplo dos demais Juízes que têm o heroísmo de serem sós em seus julgamentos, não obstante a companhia do colegiado na solidão da independência que caracteriza a alta função de julgar, se há de aplicar com toda propriedade esta equiparação feita no elogio dos Juízes escrito por um advogado. Em uma de suas páginas, o insigne autor narra que, em uma certa cidade da Holanda, em oficinas obscuras, vivem os lapidadores de pedras preciosas, os quais trabalham, de sol a sol, lapidando e pesando em balanças de alta precisão gemas tão raras que uma só delas os libertaria, para todo o sempre, da miséria. Mas, ao crepúsculo, após haverem devolvido as pedras, fúlgidas pelo esmeril, aos seus legítimos donos que as esperam ansiosamente, voltam para os mesmos bancos sobre os quais pesaram os tesouros alheios, e, sem a menor inveja, com as mesmas mãos que lapidaram os diamantes dos ricos, partem o pão de cada dia de sua honesta pobreza. Também assim é a vida do Juiz – di-lo Calamandrei. E também é assim a vida de Vossas Excelências que, seguindo a lição de Bergson, construíram o presente com o passado e com o presente saberão construir o porvir, toda dedicada a uma justiça ideal, devotados, como devem ser e são as vidas de todos nós, juízes que somos por vocação espiritual, a árdua tarefa de lapidar e de pesar em uma

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balança de alta precisão os direitos de terceiros e do Estado, nos conflitos submetidos ao controle jurisdicional.

Daí a razão de ser da garantia do espírito de justiça, de legalidade e de imparcialidade e, portanto, de subordinação de uma hierarquia de valores da personalidade humana e das razões do Estado, que há de presidir todos os atos de Vossas Excelências, Senhores Ministros Godoy Ilha e Oscar Saraiva , na Presidência e na Vice-Presidência do Egrégio Tribunal Federal de Recursos. A Vossas Excelências devo, pois, apresentar a mais alta homenagem dos Desembargadores do Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal e a segurança de nossa irrestrita cooperação, quando convocados para, no exercício de idênticas funções nesta Excelsa Corte de Justiça Federal, bem aplicar as leis e a Constituição, cuja interpretação, consoante a lição do clássico François Geny, deverá sempre atender às exigências do bem comum representado pelo momento político, econômico e social, e, portanto, do direito institucional vigente à época da respectiva aplicação.

Que, nesta hora, desçam sobre Vossas Excelências todas as bênçãos de Deus!

Do Exmo. Sr. Dr. Oscar Corrêa Pina, em nome do Ministério Público Federal.

43

O EXMO. SR. DR. OSCAR CORRÊA PINA (SUBPROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA): Exmo. Sr. Ministro Presidente do Tribunal Federal de Recursos. Exmos. Srs. Ministros do Supremo Tribunal Federal. Exmo. Sr. Dr. Procurador-Geral da República. Exmos. Srs. Ministros do Tribunal Federal de Recursos. Exmo. Sr. Dr. Consultor-Geral da República. Dignas autoridades, senhores advogados, senhoras e senhores.

Neste momento, Sr. Presidente, em que o Tribunal Federal de Recursos, festivamente dá posse aos seus novos Presidente e Vice-Presidente, recentemente eleitos, não podia faltar a palavra de solidariedade do Ministério Público Federal, que participa de suas deliberações, como advogado do Estado e fiscal da fiel aplicação da Constituição e das leis federais.

Godoy Ilha e Oscar Saraiva , juízes dos mais dignos e eminentes, foram os escolhidos para tão elevada investidura, que, pelas suas virtudes morais e intelectuais, exercerão, certamente, no sentido do prestígio sempre maior do Poder Judiciário, em harmonia e colaboração com os outros Poderes do Estado. Desnecessário, porque de todos conhecido, estender-me na apreciação do mérito de cada um.

..........................................................................................................................

Oscar Saraiva , em sua vida profissional, tem desenvolvido atividade multiforme, como professor, advogado e servidor público categorizado. Paulista, completou o curso de Humanidades no Colégio Santo Ignácio, no Rio, em 1919, tendo se bacharelado em ciências jurídicas e sociais, em 1924, pela Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atualmente Universidade do Brasil. Aluno laureado de sua turma, fez jus ao prêmio “Conselheiro Cândido de Oliveira”. Diplomou-se, em 1954, pela Escola Superior de Guerra, adicionando mais um título expressivo a numerosos outros que já possuía. Desenvolveu intensa atividade no magistério, tendo sido professor de Direito Constitucional e Administrativo dos cursos do Ministério do Trabalho (1938), professor dos cursos de Administração do Departamento Administrativo do Serviço Público, na cadeira de Legislação do Trabalho, professor contratado de Economia Política do Curso de Doutorado da Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil e professor de Direito Público Interno da Escola Brasileira de Administração da Fundação Getúlio Vargas. No setor das atividades jurídico-administrativas, Oscar Saraiva tem, entre muitos outros,

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estes expressivos títulos: Procurador do Departamento Nacional do Trabalho, em 1934, Consultor Jurídico do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, no período de 1940 a 1955, Presidente da Comissão Permanente de Legislação do Trabalho, hoje, Comissão Permanente de Direito Social, Delegado do Governo do Brasil à Conferência Internacional do Trabalho em 1938 e 1939, em Genebra, à Conferência Interamericana do Trabalho, em 1949, em Montevidéu, Procurador-Geral da Prefeitura do antigo Distrito Federal, em 1951/2, e Ministro do Tribunal Superior do Trabalho no período de 1955/60. Também como advogado, membro do Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil e da Conferência Interamericana de Advogados, Oscar Saraiva teve imensa atividade jurídico-forense, até 1955, quando foi nomeado Ministro do Tribunal Superior do Trabalho. Exercia Oscar Saraiva este último cargo, quando, em 1960, o Presidente da República o distinguiu nomeando-o Ministro do Tribunal Federal de Recursos, na vaga decorrente da aposentadoria do eminente Ministro Nisio Baptista de Oliveira.

Godoy Ilha e Oscar Saraiva têm exercido, corretamente, dedicadamente, as árduas funções de magistrado, funções nobres, mas difíceis no seu desempenho, pois o juiz deve dar a cada um aquilo o que é seu, impondo-se, por isso, à admiração e ao respeito dos seus colegas e dos seus jurisdicionados, dos membros do Ministério Público Federal e da nobre classe dos advogados.

Eis porque, Sr. Presidente, o Ministério Público Federal quer congratular-se, e o faz, neste momento, por meu intermédio, com o Egrégio Tribunal Federal de Recursos, pela feliz escolha de seus novos dirigentes, com os eminentes Ministros Godoy Ilha e Oscar Saraiva , pela elevada e merecida distinção recebida, assegurando-lhes, desde logo, a sua colaboração em prol dos superiores interesses da Justiça, pelos quais se nortearão, bem como congratular-se, ainda, com os eminentes Ministros Cunha Vasconcellos e Henrique D’Ávila, pela digna, elevada e criteriosa maneira como se conduziram no exercício do mandato presidencial hoje encerrado.

Do Ilmo. Sr. Dr. Sérgio Gonzaga Dutra, em nome da O rdem dos Advogados do Brasil (Seção do Distrito Federal) .

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O ILMO. SR DR. SÉRGIO GONZAGA DUTRA (EM NOME DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL): Exmo. Sr. Presidente da Câmara dos Deputados. Exmos. Srs. Ministros de Estado. Exmo. Sr. Dr. Subprocurador-Geral da República. Demais autoridades. Minhas Senhoras. Meus Senhores. Eminentes Ministros Godoy Ilha e Oscar Saraiva.

Indicado que fui pelo Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Distrito Federal, para representar o Conselho e meus colegas nesta Sessão memorável de hoje, confesso que primeiro indaguei a mim mesmo a razão e o motivo desta escolha. Não podia eu, advogado dos mais novos, dos mais humildes que compõem o Conselho Seccional do Distrito Federal, encontrar a razão desta escolha, mas aceitei o encargo porque percebi que os meus colegas quiseram, com esta indicação, homenagear o próprio Egrégio Tribunal Federal de Recursos, pois quem aqui comparece, neste dia de hoje, para fazer esta saudação, é advogado, tão somente advogado.

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Também a minha indicação me honra, sobremaneira, porque dirijo a palavra a V. Exa. Ministro Oscar Saraiva , também antigo colega, que brilhou em todas as suas atividades, como Consultor Jurídico do Ministério do Trabalho, talvez dos maiores que lá passaram. V. Exa. também por sua atividade e competência como advogado, segundo bem lembrou o eminente Subprocurador Geral da República, foi elevado ao Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, e de lá foi tirado para vir compor este Tribunal. Tivemos, também, eminente Ministro Oscar Saraiva , a grande satisfação de ver que um antigo colega dignificou o nome do Brasil quando foi escolhido, recentemente, para compor a Comissão de Peritos da Organização Internacional do Trabalho, posto para o qual é requisito indispensável, sabemos nós não apenas o valor, a cultura jurídica, o renome do eleito, mas, sim, a absoluta isenção e esta é, talvez, uma das principais características de V. Exa.

Sabemos nós, eminentes Ministros, que a Presidência e a Vice-Presidência desta Casa estarão seguras porque o Eminente Ministro Godoy Ilha, na Presidência, terá um trabalho árduo e espinhoso, como já afirmou o Sr. Ministro Armando Rollemberg, mas do qual saberá desincumbir-se, com a colaboração do Eminente Ministro Oscar Saraiva , com a ajuda de seus eminentes pares, com a colaboração deste magnífico quadro de funcionários que compõem o Egrégio Tribunal e com a colaboração, também sincera e certa de nós todos, os advogados.

DISCURSO PROFERIDO PELO EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA NO ATO DE INSTALAÇÃO DA SEÇÃO

JUDICIÁRIA DO ESTADO DA GUANABARA, EM 28/05/1967.

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O EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA: É com o sentimento vivo e profundo de estarmos, neste momento, participando de um ato marcante da História Constitucional Brasileira, que, como delegado do Conselho da Justiça Federal, do Tribunal Federal de Recursos, e nos termos da lei, declaro instalada a Justiça Federal de Primeira Instância na Seção Judiciária do Estado da Guanabara.

Não se trata, contudo, de ato inovador em nosso Direito Constitucional, mas de ato que vem restabelecer, no campo judiciário, práticas e tradições federativas, interrompidas pela Carta de 1937.

Em verdade, ao se estabelecer, pela primeira vez em nosso mundo ocidental, um regime federativo e presidencialista, nos moldes que Montesquieu, à época preconizara da nítida separação dos Poderes da Soberania, em Legislativo, Executivo e Judiciário, tal como estatuído na Constituição norte-americana de 1787, cuidou esse diploma – fonte primacial de nossas ordenações constitucionais – de instituir um Poder Judiciário para o Governo Federal que adotara, e atribuiu-o a uma Corte Suprema e a tantas magistraturas federais inferiores quantas a lei viesse a criar, com jurisdição sobre toda a matéria declarada de âmbito federal.

Entre nós, logo que proclamada a República, o Eminente Campos Salles, então Ministro da Justiça do Governo Provisório, tomou a iniciativa de instituir desde logo, mesmo antes de votada a nova Constituição, uma Justiça Federal, que foi criada pelo Decreto 848, de 11 de outubro de 1890. Observara o insigne estadista, justificando essa providência: “que não há Governo Federal sem poder judiciário independente das justiças dos Estados, para manter os direitos da União, guardar a Constituição e as leis federais.”

E nos seus clássicos Comentários à Constituição de 1891, João Barbalho, por seu turno, ensinou que: “O sistema republicano-federal é, de sua essência, dualista. Há a competência federal e a competência estadual. E na prática elas podem colidir. Ora, as controvérsias daí resultantes precisam ser dirimidas, para o regular funcionamento do regime. Mas por quem? Por autoridade estadual é visto que não, pois esta tem sua jurisdição circunscrita aos limites e interesses do Estado respectivo. E assim, não obrigando aos outros a solução dada pela justiça de um deles, a conseqüência seria reinar nas decisões variedade e desacordo,

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incompatíveis com a índole do direito federal, o qual deve ser uno e reger superior e igualmente, sem distinção, todos os Estados. De necessidade, pois há de a solução ser dada por autoridade federal. E é lógico que o seja pela judiciária.”

E quando se escrever entre nós a história de nossas instituições judiciárias, há de ser necessariamente salientado o papel relevante dos Juízes Federais da Primeira Instância, no resguardo das novas instituições republicanas e federativas, como guardiães do poder civil federal, na extensão do território nacional e, não raro, como seus únicos representantes e defensores.

Veio, porém, a Carta Política de 1937 alterar, a nosso ver sem razões fundadas, a não ser as de um declínio da própria autonomia estadual, essa estrutura judiciária, e delegar aos Juízes estaduais de Primeira Instância o encargo de exercerem, nesse plano, a Magistratura federal. Tal prática se manteve com a Constituição de 1946, que contudo passou para o Tribunal Federal de Recursos, então criado, a competência recursal de órgão de Segunda Instância nas causas em que a União fosse parte ou interessada. Mas, pelo próprio alento que retomava a autonomia estadual, com o restabelecimento dos princípios cardeais da ordem federativa que a Constituição de 1946 voltou a adotar, reaproximando-se do paradigma constitucional norte-americano de 1787, já os inconvenientes se fizeram sentir, e com tal intensidade em certos aspectos, que os constantes tropeço sofridos pela Administração Federal levaram o Tribunal Federal de Recursos – órgão que, como Segunda Instância de todas as causas do interesse da União, melhor do que qualquer outro poderia conhecer desses efeitos, a propor, na reorganização constitucional que vinha sendo estudada em 1965, e a submeter à apreciação do então Ministro da Justiça, o ilustre Senador Mílton Campos, o restabelecimento da Justiça Federal em sua Primeira Instância, e a retomada da tradição judiciária federativa interrompida em 1937.

O Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, veio determinar esse restabelecimento, ao dar nova redação ao art. 94 da Constituição de 1946, e assim também o fez a Emenda Constitucional nº 16, de 1965. Tais mandamentos foram adotados pelo Diploma Constitucional de 24 de janeiro de 1967, cujos arts. 107, nº II, 118 e 119 prevêem e dispõem sobre o exercício da Magistratura de Primeira Instância por Juízes Federais e declaram sua competência e atribuições.

Para cumprimento dos textos referidos foram expedidos a Lei 5.010, de 30 de maio de 1966, e o Decreto-lei 253, de 28 de fevereiro de 1967 e para a execução desses diplomas é que estamos reunidos, a fim de

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instalarmos a Magistratura Federal de Primeira Instância na Seção do Estado da Guanabara.

Desobrigando-me da incumbência de proceder a esta instalação, saúdo os novos Juízes, titulares e substitutos, que irão representar o Poder Judiciário Federal como seus primeiros delegados no seio do povo deste Estado. Acentuo que receberam esses ilustres Magistrados sua investidura por honrosa escolha do então e eminente Presidente da República, cujo ato foi confirmado pelo Senado Federal, e este fala em nome do povo brasileiro, como seu representante direto. Só isso bastaria para justificar a confiança que nesses ilustres Magistrados depositamos.

Sabemos, sem dúvida, posto que participamos dos trabalhos desta instalação, quão árduos estes se apresentam, pela manifesta carência de meios materiais e pelas notórias dificuldades de ordem diversa que se oferecem à sua boa execução. Não se repetiu, infelizmente, o milagre da bela fábula mitológica, de Pallas saindo completa e armada da cabeça de Zeus. As armas com que esta Magistratura ora sai em campo são as da Constituição e as leis do País, e seu perfeito funcionamento resultará do esforço, do espírito de iniciativa e da dedicação à causa pública, de seus ilustres integrantes. E cumprirá lembrar, nestes íngremes trabalhos iniciais, o dito britânico de que o difícil de fazer é o impossível. Muitas impossibilidades precisarão ser vencidas ainda, para que esta Justiça venha a ser distribuída de forma perfeita, tal como é de ser desejado. De cada um de seus Juízes Federais, e de seus Juízes Substitutos, muito há que exigir, mas muito há que esperar. Confiamos, porém, que sejam todos dignos do relevante encargo que lhes foi cometido, e que o Judiciário Federal da Primeira Instância, nesta Seção da Guanabara, auxiliado e prestigiado pelos nobres advogados que aqui militam, possa preencher, em sua plenitude, os anseios dos que buscam a Justiça da União.

Disse Rui Barbosa que “o espírito do estadista constrói as garantias; mas, se não houver homens no meneio da máquina, quem garantirá as garantias?” Que as garantias do Direito Federal sejam bem asseguradas ao povo do Estado da Guanabara, pela nova Magistratura que ora se instala, são os votos que fazemos, rogando à Divina Providência, sede de toda a Justiça, que sobre ela faça descer suas luzes, sua inspiração e suas bênçãos.

Cumpro ainda o dever de agradecer aos Eminentes Desembargadores Presidente e Corregedor do Tribunal de Justiça do Estado da Guanabara e ao ilustre Presidente do Tribunal de Alçada, de cuja sede ora nos valemos, o inestimável auxílio que prestaram e continuaram a

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prestar aos trabalhos de instalação da nova Justiça, e a alta e generosa cooperação dada aos seus Juízes.

Declaro instalada, na Seção Judiciária do Estado da Guanabara, a Justiça Federal de Primeira Instância, e cometo aos seus Juízes, em sua plenitude, as atribuições e os poderes que a Constituição e as leis federais lhes conferem.

TERMO DE POSSE NO CARGO DE PRESIDENTE DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS,

EM SESSÃO ESPECIAL DE 23/06/1967.

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DISCURSOS PROFERIDOS DURANTE A CERIMÔNIA DE POSSE DO EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA COMO

PRESIDENTE DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS, EM SESSÃO ESPECIAL DE 23/06/1967.

Do Exmo. Sr. Ministro Antônio Neder, em nome do Tribunal Federal de Recursos.

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O EXMO. SR. MINISTRO ANTÔNIO NEDER (EM NOME DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS): Exmo. Sr. Ministro Oscar Saraiva .

Tão abundantes e tão nobres são os atributos de V. Exa., e tal é a constância com que são eles vividos em todos os seus atos, que nos parece difícil destacar um só desses predicados para nos inspirar neste momento em que lhe tributamos esta merecida homenagem.

É certo que poderíamos realçar alguns traços mais fortes do excelente jurista que é V. Exa., formado sob influxo das idéias e ideais do seu tempo; do liberal à inglesa, que só admite a intervenção estatal para compor interesses em prol do bem comum; do professor, que procura ensinar o Direito como ciência da liberdade e da libertação, temperando suas lições com generoso e humano entendimento; do autor, ainda que bissexto, que expressa a verdade com clareza, tornando-a acessível aos menos dotados; do administrador avisado, que sabe prever e prover, compor interesses, escolher soluções e assegurar o predomínio da regra moral de conduta.

Sob vários ângulos poderíamos falar da sua distinta personalidade; e é certo que, sob qualquer deles, o estudo seria rico e abundante.

Preferimos, contudo, realçar o excelso Juiz que tem sido V. Exa.. Estamos em que, assim preferindo, destacaremos aquilo que na sua pessoa condiz melhor com o seu sentimento; e, doutro lado, combinaremos o assunto e a ocasião, o que para a Justiça é proveitoso.

Parece-nos que se confundiram em V. Exa. a magistratura e a sua vocação. Filho de Desembargador e sobrinho de Ministro do Supremo Tribunal, dotado, pois, de nobre ancestralidade, dir-se-ia que V. Exa. teve sua formação plasmada pela Justiça, donde o servi-la com o coração, tanto quanto o faz com a inteligência e cultura, que na verdade lhe sobram.

Convenhamos, todavia, Sr. Ministro, que em V. Exa. é sua reconhecida vocação de julgar que o completa como juiz. Eis a grande força de sua magistratura. São Paulo avisou aos Coríntios: “Cada um permaneça no estado em que foi chamado”. Com essa advertência, editou norma ética, sempre atual.

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Não basta trabalhar o trabalho ou investir-se no cargo. Necessário é trabalhar com engenho e arte ou investir-se no cargo por força da competência. É o princípio da boa-fé no obrigar-se. Se assim deve ser em tudo, grande ou pequena seja a tarefa, como não há de ser na de julgar? Sem dúvida, não basta investir-se no cargo de juiz. Algo mais é necessário para qualificar-se como tal. É a vocação de julgar que faz do funcionário um juiz.

Se ao investir-se na função de judiciar, o homem permanece “no estado em que foi chamado”, como na advertência de São Paulo, então é ele um Juiz, legitimado pela vocação, que Deus inspira, donde a autenticidade da investidura, pré-sancionada pela aceitação e confiança dos postulantes. Quando, porém, o funcionário se investe no cargo sem “permanecer no estado em que foi chamado”, vale dizer “sem vocação”, então não se trata de um Juiz, senão, talvez, de um bom moço, prestadio e carreirista, fariseu ou mundano, que se dispõe a fazer o papel de juiz no teatro da vida. Será espinhoso o trabalho de V. Exa., Sr. Ministro-Presidente.

Basta lembrar-lhe o problema da instalação e funcionamento da Justiça Federal da 1ª Instância e o da anunciada criação de mais dois Tribunais Federais de Recursos.

A primeira não se concretiza porque o Tesouro não dispõe de recursos para custear suas despesas; não obstante, são projetados os outros, que por certo exigirão do Tesouro pesadíssima receita.

De outro lado, a primeira é necessária; os outros são notoriamente supérfluos. A despeito da seriedade do assunto e da austeridade deste recinto, somos tentados a glosar o fato com algumas palavras de John Wu, cognominado o Chesterton chinês, que assim diferencia a busca da felicidade pelos Chineses e pelos Ocidentais: “Os Chineses e os Ocidentais procuram ambos a felicidade. Mas os seus métodos são fundamentalmente diferentes. Enquanto nós (Chineses), de modo geral, tentamos refrear os desejos, os Ocidentais tentam ampliar os meios para satisfazê-los.”

Ora, dado que somos ocidentais, consola-nos, pelo menos, a virtude de sermos fiéis à nossa estranha vocação de lutarmos pelo supérfluo, quando nem sequer temos o necessário; e, de outro lado, a certeza de uma vitória, expressiva por sua retumbância... no campo das aberrações.

Como é difícil, na prática, a arte de viver! Só agora compreendemos o amargo registro do nosso já citado autor: “A arte de

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viver é mais difícil do que a natação, o equilíbrio no arame, o boxe, a aviação; mais difícil que a escultura, a pintura, a poesia ou a música. E, no entanto, toda a gente pensa que pode praticar arte tão difícil sem autodisciplina e sem cultura própria. É por isso que encontramos na vida tantos amadores inábeis”.

Ainda bem, Sr. Ministro, que V. Exa. é dotado de autodisciplina e cultura própria. Com esses instrumentos poderá lançar-se ao mar. Seu barco, é certo, enfrentará tempestades, e seu timoneiro terá que mobilizar todas as suas virtualidades ao sofrer a maldade, a maledicência, talvez a injúria, no mar sempre encapelado dos interesses contrariados. Contudo, no auge da tormenta, e quando a sua fúria o ameaçar, por certo há de lhe socorrer e animar a lembrança daquela advertência do nosso Machado de Assis: “As tempestades só aterram os fracos; os fortes enrijam-se contra elas e fitam o trovão”.

Assim procedendo, V. Exa. chegará ao porto do destino; e a ele chegará tranqüilo e vitorioso, qual ocorreria se velejasse em manso lago azul; sobretudo animado da certeza de não haver obtido uma vitória... no campo das aberrações.

Esses os nossos votos, que nascem do coração; e nossa certeza, que vem da confiança.

Do Exmo. Sr. Dr. Firmino Ferreira Paz, em nome do Ministério Público Federal.

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O EXMO. SR. DR. FIRMINO FERREIRA PAZ (SUBPROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA): Exmo. Sr. Vice-Presidente da República. Exmo. Sr. Ministro Oscar Saraiva . Exmo. Sr. Ministro Amarílio Benjamin. Exmo. Sr. Dr. Procurador-Geral da República. Altas Autoridades Civis, Militares e Eclesiásticas. Meus Senhores. Minhas Senhoras.

No plano das sociedades humanas, ou mesmo, dos grupos sociais, todos os homens ocupam posição hierárquica, ao simples instante em que se aproximam uns dos outros. As inter-relações humanas provocam e fazem viva a escala hierárquica de valores. É fenômeno social que desperta, em cada um, o entusiasmo, a admiração e o respeito por aqueles que souberam, pela cultura, pela inteligência, pela honradez de atitudes, pela bravura moral, pelos predicados mais nobres, dignificar a própria vida e a do grupo social a que pertencem.

Essa homenagem, Srs. Ministros Oscar Saraiva e Amarílio Benjamin, bem demonstra o que Vossas Excelências foram e são, dentro da família de juristas e magistrados brasileiros: expoentes máximos que honram as letras jurídicas do País.

A convivência cotidiana, que vimos tendo, perante esse Colendo Tribunal Federal de Recursos, com Vossas Excelências, tem-nos servido de estímulo e faz crescente a admiração que votamos à marcante personalidade de Vossas Excelências.

A serenidade nos julgamentos, a compreensão profunda dos problemas jurídicos que se apresentam, a solução segura e justa que Vossas Excelências dão às questões jurídicas, tudo isso credenciou Vossas Excelências, perante seus ilustres e dignos pares, para o alto exercício das árduas e nobilitantes funções de Presidente e Vice-Presidente do Colendo Tribunal Federal de Recursos.

Dessas razões, o Ministério Público Federal, junto ao Colendo Tribunal Federal de Recursos, tem a honra de saudar os dois eminentes juristas brasileiros e lhes desejar felicidades.

Do Ilmo. Sr. Dr. Décio Miranda, em nome da Ordem dos Advogados do Brasil (Seção do Distrito Federal) .

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O ILMO. SR. DR. DÉCIO MIRANDA (EM NOME DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL): Srs. Presidente e Vice-Presidente do Egrégio Supremo Tribunal Federal. Sr. Vice-Presidente da República. Srs. Presidente e Vice-Presidente do Tribunal Federal de Recursos. Senhoras. Senhores.

Na festa do vizinho e do amigo, não se fala da que celebramos em nossa casa.

Mas, para justificar a minha presença nesta tribuna quando nela apareceria, em nome dos advogados, o nosso Presidente, Professor Francisco Ferreira de Castro, devo dizer que também a Ordem dos Advogados, Seção do Distrito Federal, terá este dia marcado nos seus fastos, com a aquisição do terreno em que será construída a nossa sede.

Presente S. Exa. a esse ato que se praticará com solenidade, tendes, aqui, o substituto e o mau orador que designou, confiando demasiadamente na vossa benevolência.

Esta mesma tarde, em que celebrais a comemoração de 20 anos da instalação deste Tribunal, escolhestes para a posse dos novos Presidente e Vice-Presidente, Srs. Ministros Oscar Saraiva e Amarílio Benjamin.

Nestes vintes anos, Srs. Ministros, não deixastes um só momento de atender aos apelos dos que confiaram no vosso auxílio e nas promessas da vossa sabedoria.

E vossos esforços redobram, à medida que se acentuam os acréscimos da presença do poder do Estado na vida dos cidadãos, fazendo atual, para o mundo moderno, a referência de Ovidio aos dias nefastos em que não se podiam ouvir as três palavras sacramentais da Justiça – tria verba silentur.

Sobrevivendo a instituição às duas décadas que envelheceram o quadro constitucional em que surgiu, e reaparecendo fortificada na Carta de 1967, crescem as responsabilidades. Mas confiamos em que vossos cuidados e vigilância não desfalecerão.

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Aos primeiros passos de vossa afirmação no quadro das instituições da República, soube acudir um grupo inicial de grandes Juízes, dos quais continuam honrando esta Casa os Srs. Ministros Cunha Vasconcellos, Henrique D’Ávila e Djalma da Cunha Mello, três expoentes da diversidade de temperamentos que vivifica um tribunal, impedindo aquela “invencible unanimité grise ” que vi referida em alguma antiga leitura. Um exalta a liberdade pela liberdade; este, a liberdade através da disciplina; outro, a disciplina pela liberdade.

Entre os mais novos Juízes, que também se harmonizam no sentimento de justiça através dos mesmos diversos timbres e ressonâncias, e os respeitáveis iniciadores das tradições desta Casa, situam-se o Presidente que termina o mandato e os Presidente e Vice-Presidente que a ele sucedem.

O Sr. Ministro Godoy Ilha volta à sua cadeira de juiz após atuação profícua, em que nenhum dos delicados aspectos da administração desta Casa foi descurado, antes enfrentados com absorvente dedicação. Aumentado o quadro dos juízes com dois insignes magistrados e dois notáveis de nossa classe de advogados, aceleraram-se os trabalhos, multiplicaram-se as sessões e os julgamentos, tudo a repercutir em deveres da Presidência. As prerrogativas do Tribunal como órgão superior da Justiça Federal de 2ª instância foram salientadas e esclarecidas contra as incompreensões.

Os advogados aqui encontraram, sempre, livre ambiente para o seu ministério, desejado como colaboração imprescindível e não apenas admitido como garantia dos litigantes. E adiantaram-se substancialmente, na sua gestão, as obras da futura sede, a ponto de podermos prever para o período presidencial que se inicia a mudança dos serviços do prédio que hoje os angustia e constrange.

À custa de intenso labor, que lhe arriscou a saúde rija formada nos ares fortes do Sul, o Sr. Ministro Godoy Ilha acrescenta, no rol de seus serviços ao País, que começaram pelos postos eletivos no Município e se ampliaram aos do Legislativo estadual e federal, o prestígio da administração que concluem nesta data.

O Sr. Ministro Oscar Saraiva , que hoje assume a Presidência, está debitado por uma pesada carga de confiança de seus eminentes pares, de esperança dos advogados e de responsabilidades perante o País.

No preciso momento em que começam a ter exercício os quadros da Justiça Federal de primeira instância, tem particular significação a circunstância de entregar o Tribunal Federal de Recursos a sua direção a

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antigo Juiz do Tribunal Superior do Trabalho, versado no conhecimento dos problemas organizativos de serviços judiciários presentes em todo o País. Até há pouco, o Tribunal Federal de Recursos tinha jurisdição contenciosa de segundo grau, não a correspectiva jurisdição administrativa e disciplinar.

Para a tarefa, além dessa experiência, excelem os dotes intelectuais e morais do novo Presidente, antigo advogado, Procurador Geral, Consultor Jurídico dos mais altos escalões da Administração, juiz desse Direito ainda jovem e inovador que é o do Trabalho, professor, cultor festejado do Direito Administrativo e do Direito Constitucional.

Acima de tudo, é o Juiz que não só afirma em consciência, mas reitera na ação prática, o postulado de que a Justiça não existe para os Juízes, advogados e servidores, senão para os jurisdicionados. E isto tanto no plano operacional como no plano conceitual.” A crise do Direito, afirmou S. Exa., tem, como causa principal, o seu afastamento da personalidade humana, e esta, tanto no Direito Privado, como no Direito Público, deve ser a sua finalidade última” (Estudos de Direito Administrativo e de Direito Social, p. 6.).

Basta esse norte, esse roteiro, com todos os seus desenvolvimentos e conseqüências, para que a sua atuação seja sábia e eficaz.

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A Ordem dos Advogados, pela sua Seção do Distrito Federal, congratula-se convosco, Srs. Ministros, pelas perspectivas que nesta solenidade se entremostram à confirmação dos augúrios de uma nova administração enraizada nas tradições desta Casa, florescendo, porém, na inovação e no aprimoramento.

Do Ilmo. Sr. Dr. Alberto Peres, em nome da Associação dos Procuradores Autárquicos Federais.

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O ILMO. SR. DR. ALBERTO PERES (EM NOME DA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES AUTÁRQUICOS FEDERAIS): Expressar – difícil verbo que minha’lma aterra! Traduzir – missão relevantíssima que me outorgaram! Saudar – mister sublime que me apraz cumprir!

Em nome da APAF – Associação dos Procuradores Autárquicos Federais, tentarei expressar os sentimentos de todos, traduzindo, numa saudação cordial, o regozijo de nossa classe.

Diante da responsabilidade tão gratamente assumida, busquei conhecer o “curriculum vitae” do novo Presidente do TFR. Edificante curso de equilíbrio! Notável jornadear da personalidade bem formada! Soberba continuidade de uma frondosa e fecunda árvore genealógica!

No hercúleo tronco tão antigo e tão ilustre, está inoculada a seiva imorredoura de uma vocação jurídica. Sim, Senhor Ministro, o avô materno de V. Exa. – Rodrigo Lobato Marcondes Machado – 100 anos atrás recebia o grau de bacharel em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo. Há um século já se afirmavam os sulcos nobres na seara brilhante que marcaria a trajetória de V. Exa.. O advogado prestigioso que foi o avô materno de V. Exa., Senhor Ministro Oscar Saraiva , instalou sua banca profissional em Taubaté, “tornando-se logo conhecido em todo o norte da Província como notável advogado”. Sua atuação fulgurante e sua liderança de fiel prócer do Partido Liberal valeram-lhe, em 1879, a nomeação para Presidente do Rio Grande do Norte.

“Os serviços que o Sr. Rodrigo Lobato prestou àquela província foram inúmeros: basta que se diga que o Governo anterior despendia cerca de mil contos por mês com as vítimas da seca e o benemérito presidente reduziu essas despesas pela metade!” Para se dar valor à profícua e valorosa administração do ilustre paulista, sejam lembrados alguns conceitos que o Jornal do Comércio, em 29 de fevereiro de 1880, publicava: “O seu mais assinalado empenho tem sido economizar os dinheiros públicos, regularizar as despesas com o socorro aos retirantes, executar a lei e distribuir a justiça a todos”.

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Foi Deputado Provincial por dez anos, em São Paulo, Catedrático da Faculdade de São Paulo, constituinte e incumbido, pelo Senado Estadual, de ser um dos dois redatores do projeto de reforma judiciário estadual. Firmava-se assim uma tradição de cultura e de bem servir, que na árvore genealógica de V. Exa. iria encontrar ressonância e confirmação pelo lado paterno, no ilustre e respeitável nome do Desembargador Dr. J. J. Saraiva Júnior, progenitor de V. Exa., casado com a nobre dama Da. Henriqueta Lobato, dileta filha do Dr. Rodrigo Lobato Marcondes Machado e dileta Mãe de V. Exa.. Foi muito fácil descobrir porque V. Exa. está atingindo as culminâncias desta Alta Corte de Justiça. Constituiu um prazer verificar que o Ministro Oscar Saraiva ergueu com desvelo o monumento de sua vida, firmado em sólidas bases, que vem honrando e ilustrando.

Não seria necessário lembrar que o passado do novo Presidente do TFR foi um ascender constante para este posto, numa gloriosa escalada de posições. Adjunto do Procurador Geral do Conselho Nacional do Trabalho, em 1928, Procurador do Departamento Nacional do Trabalho, em 1934, organizador e 1º Presidente do IAPB, em 1936 e Procurador Geral do IAPC, no mesmo ano.

A enumeração de alguns desses brilhantes lances de sua nobilitante existência justificam a decisão da APAF de se fazer representar nesta magna sessão solene, da qual fez questão de participar oficialmente. É com justificado orgulho que os procuradores autárquicos se associam a uma homenagem de elevado padrão cultural e jurídico na consagração da Honra ao Mérito.

Nós reconhecemos e nos rejubilamos de proclamar que nossa classe participa das glórias que cercam a personalidade do Ministro Oscar Saraiva , que ocupou na Previdência Social os mais elevados cargos, com mérito e nobreza.

De 1955 a 1960, S. Exa., foi Ministro do Tribunal Superior do Trabalho e, em 1960, Ministro do TFR. Consagrado hoje Presidente, V. Exa. Senhor Ministro Oscar Saraiva , olhando do alto dessa posição tão elevada, há de enxergar o caminho percorrido, com a tranqüilidade dos triunfadores. No fundo do coração, ali onde ninguém penetra, muitos hinos de glória devem ser entoados, muitos repiques festivos de sinos matinais hão de ouvir-se, muitas flores hão de colorir e de perfumar! No recesso de cada ser existe um tribunal, irrecorrível e irretocável. No caso de V. Exa., reunido o Tribunal Pleno, houve por bem decidir que é justa esta investidura. É unânime a decisão, consagrador o acórdão. Não há votos

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dissidentes! Nenhuma jurisprudência conflitante! É sentença final, é glória perene, é alegria sem termo!

Em 19 de novembro de 1964, a estas mesmas horas, presentes os Exmos. Srs. Ministros Henrique D’Ávila, Djalma da Cunha Mello, Cândido Lobo, Godoy Ilha, Oscar Saraiva , Amarílio Benjamin, Armando Rollemberg e Antônio Neder, o Sr. Ministro Cunha Vasconcellos, Presidente, declarava aberta a sessão solene, especial, para as despedidas do Sr. Ministro Cândido Lobo.

Peço vênia para relembrar aquela memorável sessão, em que o Presidente Cunha Vasconcellos dizia: “Não tenho palavras que possam traduzir, com facilidade, o nosso sentimento comum. Estou certo, entretanto, de que este não deixará de ser dito, porque há um orador destacado para falar em nome do Tribunal, nome assaz conhecido pela sua cultura, pela beleza da forma de seus discursos e pela autenticidade de que se reveste como representante mais lídimo da expressão do Tribunal: é o Sr. Ministro Oscar Saraiva . Foi muito fácil seguir o roteiro da história e deter-me nos comovedores momentos daquela inesquecível sessão de despedida. Achei muito cômoda a tarefa de sintetizar o julgamento que de V. Exa. fazem todos, procurando relembrar os conceitos que V. Exa. aplicou, naquela hora. É a conceituação do ideal de um Juiz, é o protótipo das qualidades que V. Exa. declarava serem ideais em um magistrado.

Assim dizia V. Exa.: “Não se encontra ali um Juiz aferrado à cômoda atitude de querer tudo resolver dentro dos quadros jurídicos romanísticos, mas uma consciência voltada para a realidade do mundo contemporâneo e desapegada das sebentas de um direito anacrônico, para integrar-se no momento presente, estudando e meditando longamente em torno dos múltiplos e intrincados problemas que oferece. Não se limita a aplicar as leis novas, invocando sumariamente a escravização do Juiz ao seu texto: penetra-lhe a ratio, descobre-lhes a lógica e o acerto, e patenteia-lhes a justiça reclamada pelo bem de todos, que é o fim último do direito.

Excelência: Esse é o Magistrado que os Senhores Ministros do TFR elegeram seu Presidente. É o julgamento de seus pares, que nós vimos aplaudir e comemorar! É a voz insuspeita de mestres e cultores do Direito, que consagram em V. Exa. as qualidades do Magistrado e as virtudes do homem íntegro e emérito prolator de sentenças. É o vir probus et dicendi peritus.

Na figura simpática do ínclito Magistrado fundiram-se todas as suas múltiplas atividades – o jornalista, o advogado, o consultor e o professor. Sua liderança começou ao bacharelar-se, laureado que foi com o

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prêmio “Conselheiro Cândido de Oliveira”. Quarenta e três anos depois, nesta hora, confirma-se em apoteose a sublime vocação e a invulgar personalidade. Nós, os Procuradores Autárquicos, nos associamos a estas honras magníficas. Juntamos nossa voz, num preito de justiça, ao coro monumental com que o mundo jurídico brasileiro consagra a glória de um Juiz, o mérito de um Jurista. Na Capital da Esperança, que se orgulha dos magistrados que recebeu, V. Exa., Senhor Ministro Oscar Saraiva , brilha em generosos horizontes, circundando, no firmamento glorioso do Planalto, o nome de V. Exa. como um dos ilustres Presidentes do Tribunal Federal de Recursos. Na galeria dos Presidentes mais um sol vai brilhar por suas nobilitantes origens, por seu invulgar saber jurídico e por suas ilibadas virtudes de Juiz e de cidadão.

Do Exmo. Sr. Ministro Oscar Saraiva, em agradecimento.

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O EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA (PRESIDENTE): Nesta data de 23 de junho, precisamente há vinte anos, e em cumprimento à Lei nº 33, de 14 de maio de 1947, instalava-se na cidade do Rio de Janeiro, então Capital da República, o Tribunal Federal de Recursos, sob a presidência do saudoso Ministro Armando da Silva Prado, presente, como Subprocurador-Geral da República, o então Procurador e atual Presidente do Supremo Tribunal Federal, o eminente Ministro Luiz Gallotti, e com a inestimável colaboração do então Presidente da República, o eminente Marechal Eurico Gaspar Dutra. Cumpriam-se, assim, os preceitos dos artigos 94, II, e 103, da Constituição de 1946, que vieram dar sábio desfecho aos debates que se prolongavam desde a promulgação da Constituição de 1891, sobre a conveniência da criação de outros tribunais federais no País, além do Supremo Tribunal Federal.

Em verdade, o nosso primeiro diploma constitucional republicano, na tradução quase literal do texto da Constituição norte americana de 1787, declarara, em seu art. 55, que:

“o Poder Judiciário da União terá por órgãos um Supremo Tribunal Federal, com sede na Capital da República, e tantos juízes e Tribunais Federais distribuídos pelo País, quantos o Congresso crear”.

E, como é sabido dos conhecedores de nossa história constitucional judiciária, essa norma, traduzida da regra que os constituintes de Filadélfia haviam adotado para o seu País, ensejou, entre nós, e como observou o insigne Pedro Lessa, “notáveis divergências”, expressão enfática com que exprimiu as dúvidas ocorrentes:

“Para uns a expressão – juízes e tribunais federais – quer dizer – juízes singulares de primeira instância e tribunais coletivos de segunda. Para outros os vocábulos – juízes e tribunais – são equivalentes a tribunais singulares e coletivos de primeira instância, residindo no Supremo Tribunal Federal a segunda e última instância”.

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Em 1921, a Lei 4.381, de 5 de dezembro desse ano, veio dirimir a controvérsia em favor do primeiro entendimento, prevendo a criação de tribunais regionais federais, respectivamente na Capital Federal em Recife e em São Paulo. Mas a veemente oposição do Supremo Tribunal Federal à idéia da pluralidade de Tribunais Federais de 2ª Instância, concretizada em emenda regimental, na qual afirmou, no art. 16, § 3º, do seu Regimento, que essa Alta Corte era o único Tribunal de recursos da justiça federal, veio tornar letra morta a lei referida, continuando a judicatura a ser exercida na primeira instância, pelos juízes seccionais e, na segunda instância, pelo Supremo Tribunal.

A Constituição de 1934 previu a criação de um tribunal federal intermédio, mas seu texto, de curta vida, não recebeu execução.

Somente a Constituição de 1946 é que veio dar ensejo a que se criasse um tribunal federal de segunda instância, como órgão recursal especializado, nas causas do interesse da União, tal como estatuiu em seus artigos 94 e 103, embora, e paradoxalmente, não houvesse restabelecido a Justiça Federal na primeira instância, que fora suprimida pela Carta de 1937. Criou-se, pois, o atual Tribunal Federal de Recursos.

Dos bons resultados dessa criação seríamos suspeitos para dizê-lo, mas folgo em invocar o testemunho de Pontes de Miranda, um dos mais autorizados e eminentes mestres do nosso Direito Constitucional, e sabidamente parco em adjudicar louvores, quando nos seus Comentários à Constituição de 1946, diz, a propósito do artigo 94, que “em tão poucos anos de atividade, os serviços que ao país tem prestado o Tribunal Federal de Recursos são enormes”(vol. II, pág. 446).

Em 1960, cumprindo preceito constitucional, e seguindo o Supremo Tribunal Federal, transladou-se o Tribunal Federal de Recursos para a nova sede da República, instalando-se em Brasília, onde realizou sua primeira sessão ordinária a 20 de junho desse ano, com o que acaba o Tribunal de completar, trasanteontem, sete anos de funcionamento no Planalto Central brasileiro, como penhor e reafirmação viva de sua própria condição federativa, e demonstrando, aos críticos, cépticos e descrentes, com a assiduidade de seus membros, e o volume do trabalho realizado, a sua plena capacidade para atender, em Brasília, aos encargos da segunda instância da Justiça da União.

Surge, porém, nesta hora, precisamente quando o rendimento dos trabalhos do Tribunal já superou, de muito, como adiante veremos, o número dos processos e recursos que recebe para decidir, a intentada criação de mais dois Tribunais Federais de Recursos, franqueada ao Poder

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Legislativo pela redação que veio a prevalecer no texto do Diploma Constitucional de 24 de janeiro de 1967.

E, a esse respeito, tenho como de meu dever – o primeiro que me cabe cumprir já na presidência do Tribunal – o de salientar perante a Nação, e para a plena informação dos Poderes Legislativo e Executivo, os graves inconvenientes que essa divisão ocasionará, não somente à unidade da Administração Federal, como à própria segurança nacional e à ordem política interna.

E, ao propósito, permito-me uma breve digressão histórica para salientar que o Brasil, mercê da boa Providência que o protege, e graças à clarividência de seus governantes coloniais, imperiais e republicanos, somente teve bipartida sua unidade administrativa no plano mais amplo, tanto na Colônia, como no Império e na República, em duas épocas remotas, em 1572, com a divisão do nosso País em dois governos-gerais, e em 1621, com a criação do Estado do Maranhão. E essas duas longínquas experiências resultaram em assinalados malogros, e não tiveram duração e continuidade.

Nem a implantação da Federação, com a República, veio trazer qualquer repartição regional à administração monocêntrica da União Federal, sem embargo das autonomias reconhecidas aos Estados e Municípios. A esfera de ação federal permaneceu íntegra, sem divisões subordinadas a critérios geográficos, pois as autoridades administrativas da União, nos Estados, são meros delegados e atuam apenas em plano restrito local.

E a essa continuidade unitária da administração é que devemos, por certo, o verdadeiro milagre da unidade nacional, não obstante a vastidão de nosso território, o que nossos irmãos hispano-americanos não conseguiram, nem mesmo em grande escala, embora, como nós, e quando de sua independência, tivessem em favor da unidade a comunidade de língua, de costumes e de religião. Faltou-lhes, porém, a unidade administrativa e judiciária.

Fragmentar a unidade jurídico-administrativa federal, a nosso ver, é introduzir no bloco monolítico da união nacional suas primeiras frestas, e abrir caminho para divisões mais profundas. Dir-se-á, contudo, que não é o Executivo que se intenta fragmentar, mas o Judiciário Federal. O argumento valerá apenas em sua aparência. Quando o Poder Executivo aplica a lei, o contraste do valor desta, a declaração de seu alcance e o seu exato entendimento, acham-se cometidos pela Constituição ao Poder Judiciário, cabendo às cortes de segunda instância o pronunciamento mais

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pronto e imediato sobre as divergências que possam ocorrer nos órgãos de primeira instância.

Ora, no âmbito da administração federal, conhecemos todos nós, que temos a experiência da vida judiciária, como são freqüentes as dúvidas que se opõem às leis de alcance administrativo, especialmente em matéria tributária, quando de sua expedição. Somente após reiterados pronunciamentos judiciais é que o cumprimento das leis se torna pacífico, tranqüilo e uniforme em seu entendimento e aplicação, na extensão nacional. Como, pois, pretender dividir o Brasil em regiões distintas, tendo-se em vista apenas critérios geográficos de latitude, com a possibilidade de pronunciamentos diversos de vários tribunais de segunda instância?

O Direito Administrativo, o Direito Tributário e o Direito Marítimo e Aéreo, estes últimos cometidos hoje à jurisdição federal, iriam ter várias interpretações autorizadas, em possíveis pronunciamentos antagônicos. E, mais grave ainda, os crimes políticos, entregues também à jurisdição federal pelo novo Diploma Constitucional, ficariam passíveis de entendimentos e definições diversas, com a mais funda repercussão na ordem pública e social vigentes. O norte, o centro e o sul do País estariam praticamente sujeitos a normas jurídicas diversas, pelo menos enquanto o Egrégio Supremo Tribunal Federal não viesse a reuni-las, em novo e hercúleo labor, que se lançaria sobre o pretório excelso, mas que perduraria, em seus efeitos maléficos, enquanto as decisões divergentes pendessem de seu pronunciamento.

Em nome da aparente facilitação dos julgamentos de segunda instância, agravar-se-ia, irremediavelmente, o acúmulo de feitos no Supremo Tribunal, voltando-se a reincidir no erro que os legisladores constituintes têm procurado corrigir, na tendência louvável de cometer a essa Suprema Corte, de preferência os altos problemas constitucionais da Nação, ou a matéria relevante nas divergências dos Tribunais estaduais.

E dissemos aparente facilitação porque o Tribunal Federal de Recursos, depois dos retardamentos iniciais motivados pela sua mudança para Brasília, e especialmente após a majoração do número de seus membros de nove para treze, tem superado, nos seus julgamentos, o número dos processos que recebe.

Assim é que no ano de 1965 foram distribuídos 6.300 processos, e julgados 6.949. Já em 1966 foram distribuídos 5.926 e julgados 8.993 processos, números expressivos que evidenciam não só o decréscimo de causas, decorrentes da legislação restritiva de facilidades em mandado de segurança, mas em acréscimo manifesto de produtividade.

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Note-se que o número dos julgamentos nesses dois últimos anos mencionados se emparelha, com acentuada aproximação, ao dos julgamentos do Egrégio Supremo Tribunal Federal, que em 1965 julgou 6.241 processos, e em 1966, 9.175, com uma diferença para menos, no primeiro período, de 708 processos, e para mais, no último ano, de 182 processos, evidenciando-se, especialmente no ano findo de 1966, o equilíbrio nos serviços dos dois Tribunais. Esse simples cotejo de números demonstra que, pelo critério material do serviço a atender, o volume dos encargos dos dois Tribunais é praticamente equivalente, pelo que também desnecessária a pretendida tripartição da jurisdição federal de segunda instância, além dos graves e manifestos inconvenientes que a iniciativa trará aos altos interesses nacionais, conforme já apontamos.

No momento atual – e agora falo como Presidente do Conselho da Justiça Federal – o que urge é acelerar, por todos os meios disponíveis, a implantação dessa Justiça em sua primeira instância, como é da maior necessidade para a boa ordem dos negócios da União e para a melhor garantia dos seus cidadãos.

Nesse particular, contamos com a indispensável colaboração do Poder Executivo, que, aliás, já a vem prestando, por intermédio da valiosa cooperação do eminente Ministro da Justiça, o Exmo. Professor Luís Antônio da Gama e Silva, o qual, pelo seu interesse e pelo apoio emprestado na solução das ingentes dificuldades que se nos deparam, tem dado vida e realidade ao princípio da harmonia dos Poderes do Estado.

No campo judiciário da Constituição, esta é a obra que no momento se impõe à atenção desses Poderes, e que carece de ser levada a termo com rapidez e sem esmorecimentos, para que a Justiça Federal possa, em ambas as suas instâncias, atender às suas finalidades de tão grande relevância para a Nação. Devo declarar que conto, para alcançar tais fins, e para o êxito dos esforços que serão necessários, em relação a ambas as instâncias, isto é, a implantação da Justiça Federal e o aperfeiçoamento do funcionamento deste Tribunal, com a colaboração dos meus ilustres colegas, os Exmos. Ministros que o integram. Pequeno é o alcance dos esforços do homem isolado, e se maiores demandas recaem sobre aquele a quem cabe, em certo período, exercer o encargo da presidência, nem por isso poderá ele dispensar a ajuda de seus pares, cujo conselho e crítica são imprescindíveis ao êxito de sua missão.

Conto, também, com a assistência dos ilustres advogados que no Tribunal militam, e do Ministério Público, que junto a ele funciona, cujas sugestões e advertências desde já declaro receber a melhor atenção.

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Estou certo de que terei a dedicada e necessária cooperação dos funcionários desta Casa, dos mais graduados aos mais modestos, esses soldados desconhecidos, mas indispensáveis à eficiência de qualquer aparelhamento judiciário. Rogo, enfim, o amparo e a proteção da Providência Divina. Sem esta, e na bela imagem do Livro de Jó, o homem é mera “folha arrebatada pelo vento”.

Com essa colaboração, e sob esse amparo, espero poder cumprir, no período de meu mandato, com justiça e com diligência, os deveres do alto cargo de Presidente do Tribunal Federal de Recursos, que neste ato solene assumo, e que me são transmitidos pelo meu eminente colega e muito caro amigo, o Exmo. Sr. Ministro Godoy Ilha, o qual com a nobreza de seu caráter e a honradez do grande juiz que é, soube, de sua parte, bem se desobrigar desses deveres.

Meus senhores, terminada a primeira parte do meu discurso, que para resguardo das emoções de uma hora tão sensibilizadora, porque a emoção nos perturba, trouxe escrito, cumpre-me agora dirigir os agradecimentos aos louvores imerecidos que recebi do meu eminente e prezado amigo, Sr. Ministro Antônio Neder, do ilustre Subprocurador-Geral da República, Dr. Firmino Ferreira Paz, do meu amigo, colega do Tribunal Superior Eleitoral, Dr. Décio Miranda, e do brilhante Procurador Autárquico, Dr. Alberto Perez.

Devo dizer que os elogios passaram da minha medida. Fui julgado com benignidade excessiva, divergindo, nesse particular, daquela rotina habitual do nosso Tribunal, no que respeita ao eminente Ministro Antônio Neder, que, neste ensejo, foi muito benigno para comigo. Apenas devo confessar que esses elogios alvoroçaram, como é natural, minha vaidade humana, e trouxeram-me maiores estímulos para que possa bem cumprir meus deveres.

Consigno uma particular menção de agradecimento ao Sr. Procurador, Dr. Alberto Perez, pela referência que fez à minha família, especialmente a meu avô Rodrigues Lobato Marcondes Machado, que foi, realmente, advogado notável, e, digo mais, para orgulho meu, um homem digno e tão firme nas suas convicções, que foi sepultado envolto na Bandeira Imperial porque se recusara a aderir ao novo regime. É profundo meu agradecimento à referência a meu pai, o Desembargador Joaquim José Saraiva Júnior, de quem herdei a única qualidade que julgo em verdade possuir: esse amor profundo à Justiça e o exemplo da sua vida de grande Magistrado. Sou grato a essa menção porque a invocação dos antepassados, radicada na tradição romana do culto aos deuses-lares, faz com que procuremos reviver em nossa vida suas qualidades.

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Que a Providência me ajude neste momento, e em todos os momentos de minha vida, a seguir os exemplos que me foram apontados!

Antes de encerrar a Sessão agradeço a presença de tantas e eminentes autoridades do Poder Judiciário, do Poder Executivo, do Poder Legislativo, e permito-me uma referência especial, com a devida vênia, à presença do Ministro Presidente do Egrégio Supremo Tribunal Federal, o Sr. Ministro Luiz Gallotti, porque S. Exa. sacrificou uma de suas caras tradições familiares para estar presente nesta cerimônia. Nós, que conhecemos o grau de devotamento familiar do Sr. Ministro Gallotti, somos extremamente gratos a S. Exa. por ter comparecido, não apenas para homenagear seu velho amigo e veterano colega da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, mas também para homenagear o Tribunal Federal de Recursos.

Ao Sr. Vice-Presidente da República, e a todas as altas autoridades presentes, Ministros de Estado, membros do Judiciário, a todas as demais autoridades, confesso-me, em nome do Tribunal, sumamente grato. E agradeço não apenas em meu nome como em nome também do Sr. Ministro Amarílio Benjamin, a quem tão justos louvores foram dirigidos, e que, por uma questão de protocolo, guarda o seu silêncio discreto. Os elogios devidos a S. Exa. foram e são inteiramente merecidos.

DISCURSO DO EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA PROFERIDO NA INAUGURAÇÃO DO EDIFÍCIO-SEDE DO

TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS, EM 18/06/1969.

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O EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA (PRESIDENTE): Os estudiosos das ciências sociais assinalam, desde os períodos mais remotos, como uma das principais razões da existência do Estado, surgida dentre as populações primitivas, e à medida que estas evoluíam para as primeiras cidades, a necessidade da existência de magistrados, que dirimissem os litígios ocorrentes dentre seus membros, e para a imposição de penas aos transgressores de suas leis e de seus costumes.

E tão sagradas eram essas funções exercidas em nome da divindade, que juízes e sacerdotes se confundiam. É o que lemos, aliás, no Velho Testamento, no Livro dos Juízes, também Sumos Sacerdotes.

Somente com o correr dos tempos é que as funções se diferenciaram, e, em Roma, da qual recebemos nossas instituições jurídicas básicas, vemos surgir as primeiras magistraturas civis e singulares, na figura do Pretor, incumbido de aplicar a lei, e investido de honras e prerrogativas consulares.

Mas, pelo fato de ser coletiva, na Grécia, a imposição da lei, fazia-se a judicatura na praça pública, e a céu aberto – na Ágora – como também em Roma, no Forum, embora neste tivessem os Pretores seus pavilhões, em que distribuíam justiça. Por isso, das duas grandes civilizações ocidentais, recebemos, como legados arquitetônicos, seus templos, mas nenhum pretório. Da Idade Média, dominada pela sua profunda fé cristã, foram-nos legadas maravilhosas catedrais góticas; mas, no tocante à Justiça, restou-nos apenas a tradição comovente do bom São Luís, Rei de França, distribuindo-a a seus súditos à sombra de um carvalho.

Somente no Século XIX, com a vitória do constitucionalismo formal, nascido nos fins do Século XVIII na jovem nação norte-americana, e na França Revolucionária, é que a idéia da separação dos Poderes veio trazer como conseqüência a edificação de Palácios da Justiça, dos quais podemos apontar, como exemplos, os de Paris e o de Bruxelas, aquele vizinhando com a Notre Dame, na Ilha de São Luís, em pleno coração da velha metrópole, e este dominando toda a cidade. Também em Washington, o palácio da Corte Suprema dos Estados Unidos destaca-se numa das principais artérias, com sua bela colunata grega.

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No Brasil, proclamada a República, cuidou o Governo Federal de dar sede condigna ao Supremo Tribunal que a Constituição de 1891 colocara na cúpula do Poder Judiciário, dedicando-lhe o edifício de linhas nobres que ainda hoje embeleza a Avenida Rio Branco, na antiga Capital Federal, e onde se acha agora instalada a Justiça Federal de 1ª Instância da Seção do Estado da Guanabara. A seu turno, o Tribunal Federal de Recursos, criado em cumprimento aos preceitos da Constituição de 1946, foi condignamente instalado, no belo edifício do antigo Pavilhão Britânico, da Exposição Internacional comemorativa do Centenário de nossa Independência, e que fora doado ao Brasil pelo Governo de Sua Majestade. E foi patrono de sua instalação e da inauguração dessa imponente sede, realizada na Administração de seu primeiro presidente, o ilustre Ministro Afrânio Antônio da Costa, o eminente Presidente da República, o Sr. Marechal Eurico Gaspar Dutra, que, por motivos de saúde, não pode comparecer a essa cerimônia, mas que está presente em nossa grata lembrança e no bronze que ornamenta este salão.

Desse nobre edifício, viemos como pioneiros da primeira hora para a Nova Capital, e, neste mês de junho de 1960, realizou o Tribunal Federal de Recursos, sob a segunda presidência do Ministro Afrânio Antônio da Costa, sua primeira Sessão na sede provisória, que ainda ocupamos, e da qual nos deveremos mudar para este edifício, sua sede definitiva, logo que inicie o recesso das férias judiciárias dos Tribunais Superiores, no próximo mês de julho.

Mas agora, que tal mudança tem início simbolicamente, com este ato inaugural, é o momento de agradecermos aos Poderes Executivo e Legislativo, cujos altos representantes nos honram com a sua presença; ao Sr. Prefeito do Distrito Federal e ao Sr. Superintendente da Novacap, toda a atenção, todo o prestígio e toda a colaboração que deram ao Tribunal e que tornou possível sua inauguração, a primeira dentre a dos edifícios que participam do conjunto monumental desta Capital incomparável que é Brasília, e que traduz, na prática e na realidade arquitetônica, o respeito que merecem os altos tribunais da República. E ocorre a esse propósito uma circunstância ímpar que desejo assinalar, como prova evidente e tangível de nossas instituições político-democráticas. Assim é que no delineio da nova Capital, seus ilustres planejadores e arquitetos observaram à risca a teoria de Montesquieu, e colocaram, na Praça apropriadamente denominada “Dos Três Poderes ”, lado a lado, os edifícios-sede dos Três Poderes da República, os do Legislativo, o do Executivo e o do Judiciário, este representado pela Corte Suprema da Federação, o Supremo Tribunal Federal. E para completar a instalação do Judiciário Federal, foi reservada esta Praça, a “Praça dos Tribunais Superiores ”, onde terão sede as

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últimas Instâncias da Justiça Federal, da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral e da Justiça do Trabalho.

Reunir-se-ão, em um só local, todas as sedes da Justiça da União e das manifestações dessa Justiça, em seus aspectos cívico, militar, político e social.

No que concerne ao Tribunal Federal de Recursos, ao qual, pro brevitate, limito minhas referências, direi que nele se realiza, em toda sua exatidão, a observação de Burke, a de que “a judicatura é algo de exterior do próprio Estado”. Em seu Pretório, a União, sob seus aspectos da Administração Federal, iguala-se ao homem comum, e a ambos, sem distingui-los, o Tribunal procura fazer Justiça, ao mesmo tempo que resguarda a unidade da interpretação e da aplicação do Direito Federal. Acentue-se que, já agora, este Direito – aplicado, em primeira Instância, pela Magistratura Federal, e que dentre as tarefas do Tribunal compreendem-se aquelas que, no regime judiciário anterior a 1946, cabiam ao Supremo Tribunal, as de ser o órgão de segunda Instância dessa Magistratura, o fiscal de seu fiel exercício, e o unificador de sua jurisprudência. Ao Tribunal Federal de Recursos foi cometido e por ele cumprido o árduo, mas honroso encargo de instalar, em todo o território brasileiro, essa nova Magistratura Federal. E aqui vemos, com satisfação, vários dentre seus ilustres titulares a prestigiarem esta cerimônia. Sob esse aspecto, saliento que o Tribunal Federal de Recursos, no campo Judiciário, se constitui em uma das mais seguras garantias da unidade nacional. E nesta inauguração de sua nova sede, coincidente com o momento em que a Revolução reexamina a estrutura política da Nação, para melhor adaptá-la às realidades brasileiras, devemos ver, no simbolismo desse ato, a necessidade indeclinável da modernização do aparelhamento judiciário do País, para expungi-lo dos arcaísmos de que ainda padece.

Permitam-me agora, os ilustres convidados e ouvintes, que eu diga algumas palavras sobre o edifício que inauguramos. Seu planejamento se fez sob a presidência de nosso ilustre colega, Ministro Amando Sampaio Costa, e o lançamento de sua pedra fundamental na do colega eminente que nos dá o prazer de sua presença, o ilustre Ministro José Thomaz da Cunha Vasconcellos Filho.

As obras de edificação tiveram início e grande impulso sob a presidência do meu caro e eminente colega Ministro Godoy Ilha, cabendo-me encargo de atender ao seu término e a satisfação de presidir esta inauguração, embora ainda restem certos serviços finais de conclusão e os de sua mudança, que ficam aos cuidados de meu eminente sucessor já eleito, o Ministro Amarílio Benjamin. Trata-se, pois, de trabalho coletivo

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como soem ser bons trabalhos humanos, dos créditos de sua realização devemos todos participar, juntamente com alguns funcionários dedicados do Tribunal, sobre cujos ombros pesou a parte mais gravosa desses encargos.

À Novacap, esse eficiente órgão de execução urbanística de Brasília, incumbiram os encargos de administração das obras, realizadas em duas etapas pelas empresas Construtora Rabello S.A. e Ribeiro Franco S.A.. Ao arquiteto Hermano Montenegro devemos a parte arquitetônica e artística deste belo edifício. Dele direi que não obstante suas linhas modernas, que se destinam ao século futuro, ele sugere em sua solidez retangular um antigo templo greco-romano, cujas colunas severas se substituem pelas lâminas de concreto, em sua elegante sobriedade. Dirijo meu agradecimento aos engenheiros e arquitetos, quer os das empresas construtoras, quer os da Novacap, a cuja dedicada colaboração devemos a execução desta grande obra. E estendo ainda, esses agradecimentos, aos trabalhadores que, por um quatriênio, aqui mourejaram, esses criadores anônimos da grandeza de Brasília, oriundos, em sua maior parte, do Nordeste, do Norte e do Centro de nossa Pátria, e cujo ânimo de trabalho constante e devotado, por si só serve de desmentido aos presságios pessimistas de futurologistas mal informados, que não conhecem esta Terra e sua brava gente.

Agradeço ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República seu comparecimento por intermédio de tão ilustre representante, o Senhor Ministro Rondon Pacheco. Nosso colega em letras jurídicas e, desde sua juventude, dedicado às atividades parlamentares, em brilhante carreira legislativa estadual e federal, traz S. Exa. as mais altas credenciais para representar o Eminente Marechal Arthur da Costa e Silva nesta cerimônia inaugural.

Também particularmente grata a todos nós, deste Tribunal, é a presença amiga do eminente Ministro da Justiça, o Exmo. Sr. Professor Luís Antônio da Gama e Silva, cujo nome ilustre temos a honra de ver inscrito, ao nosso lado, nos dizeres comemorativos deste ato gravados no limiar deste Pretório. Melhor testemunho não poderíamos dar a S. Exa. de nossa estima, da alta conta em que o temos pelos serviços que tem prestado à Justiça, e especialmente, no que nos toca, para o sucesso da implantação da Justiça Federal de Primeira Instância.

Penhorado agradeço a presença do eminente Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal e dos ilustres Juízes dessa Excelsa Corte. Para nós, que exercemos a judicatura, esse Alto Pretório, além de ser a cúpula do Poder Judiciário, é o nosso paradigma, e o espelho

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onde todos buscamos um reflexo pelo saber de sua jurisprudência e pelas virtudes exemplares de seus eminentes Juízes.

Aos Presidentes e Juízes tanto dos Tribunais Superiores como os da Segunda e da Primeira Instância, por igual, os nossos agradecimentos. Do mesmo modo ao Exmo. Sr. Prefeito do Distrito Federal e às altas autoridades civis e militares que, neste ato inaugural, conosco confraternizam e demonstram a unidade do Governo da República. Ao eminente Procurador-Geral da República, Dr. Décio Miranda, aos ilustrados membros do Ministério Público, e aos nossos colaboradores dedicados, os Srs. Advogados, os mesmos agradecimentos.

Ao Exmo. Revmo. Sr. Arcebispo, não somente agradeço sua bondosa presença, como peço vênia para, com humildade, lembrar suas palavras de benedição, rogando à Divina Providência – que é a sede da própria Justiça – que seu Santo Espírito seja o guia dos Juízes deste Tribunal, quer os da hora presente, quer daqueles que, de futuro, venham a integrá-lo.

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL DE ALGUNS JULGADOS COMO MINISTRO RELATOR.

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INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Ação de Anulação de Débito Fiscal – Reclamação contra os lançamentos da Delegacia Regional de Imposto de Renda ao tributar reservas e lucros em suspenso – Inocorrência de imunidade fiscal – Os lucros de banco que permanecem indivisos na posse deste, não se beneficiam da imunidade tributária a que se refere o art. 31, V, a, da Constituição Federal, ainda que um dos seus acionistas seja Estado da Federação (Provimento) (T2) (TFR)

AC 18.488-MG

28/06/66 Ação de Indenização – Prejuízos sofridos pelo abalroamento de auto de carga por veículo do Ministério da Guerra ao qual o autor atribui a culpa do evento danoso – Indenização por dano causado por preposto da União, eis que provada ficou a culpa do mesmo (Provimento) (T3) (TFR)

AC 12.323-DF

31/01/62 Ação Penal – Denúncia – Crime de concussão – Parlamentar – Pedido de licença ao Congresso Nacional – Denúncia carecedora de elementos indiciários – Extinção da punibilidade pela sobrevivência da prescrição da ação – Aplicação do art. 41 do Código de Processo Penal (Concessão) (TP) (TFR)

HC 1.515-DF

08/09/66 Ação Reivindicatória – Provaram a propriedade legítima sobre o imóvel ocupado pela União, com a documentação que ofereceram da sua transcrição no Registro Imobiliário e com a vistoria realizada no curso do processo, na qual ficou demonstrado conter-se o terreno ocupado pela União na área maior de propriedade dos apelados (Provimento) (T3) (TFR)

AC 11.284-GB

12/12/61

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INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Ação Rescisória – Declarando jacente a herança de bens que decretou a sua arrecadação a fim de serem entregues à União, como de fato foram – O prazo para a propositura da ação rescisória é de de-cadência e não de prescrição (Procedência) (TP) (TFR)

AR 158-CE

05/06/67 Acidente Ferroviário – Indenização por danos – A pensão deve ser paga à viúva da vítima e aos herdeiros – O seguro social não deve ser descontado no cálculo da condenação (Provimento parcial) (T3) (TFR)

AC 8.864-DF

12/01/62 Acidente Ferroviário – Pingência – Quando do movimento, a pingência não caracteriza culpa do passageiro – A indenização deve ter por base o salário da vítima à época do evento – Responsabilidade da Estrada de Ferro Central do Brasil e conseqüente dever de prestar indenização ao pai do menor vitimado (Rejeição – Embargos) (TP) (TFR)

AC 9.855-GB

25/01/62

Acidente Ferroviário – Responsabilidade civil – Choque de sua composição com veículos estranhos, ocorrido em virtude de falta de cancela em passagem de nível de movimento intenso – Indenização – Reciprocidade de culpa – Custas proporcionais (Rejeição parcial)(TP)(TFR)

EAC 18.948-SC

14/11/67

Acidente de Trânsito – Abalroamento de automóvel com caminhão do Ministério da Agricultura – Indenização – Responsabilidade da União Federal pela reparação de dano causado por motorista do órgão federal na direção imprudente de veículo (Desprovimento) (T3) (TFR)

AC 6.640-MG

13/09/60

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INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Administração Sindical – Não pode subsistir, ainda que homologado pelo Ministro, ato emanado de vontade particular de pessoas ou grupos que, por si só, não têm poder representativo, nem podem dispor ou transigir em matéria que somente autoridade pública competente pode validamente decidir (Concessão) (TP) (TFR)

MS 31.778-DF

03/06/63 Aposentadoria por Invalidez – Definitividade – Vigência – Após cinco anos de vigência, a aposentadoria por invalidez se converte em definitiva – Aplicação do Decreto–Lei 8.769/46 (Desprovimento) (T3) (TFR)

AC 12.344-MG

16/01/62 Ato de Comércio – Exercício – Não cabe vedar o acesso de contribuinte dado como faltoso perante a Fazenda Nacional às repartições fiscais, mas dele cobrar o que for devido pelas vias judiciárias próprias – Incompatibilidade das regras de legislação (Desprovimento) (T2) (TFR)

AGMSG 43.213-SP

05/11/65 Censura Cinematográfica – Situa-se a matéria no âmbito da competência federal, quer no que toca à atividade legislativa, quer no que concerne à atividade administrativa, de vez que estão em causa garantias asseguradas pela Constituição Federal, art. 141, § 5º (Desprovimento) (T2) (TFR)

AGMSG 31.719-SP

26/08/64 Competência – Recurso de decisão fundada no Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) convencionado pelo Brasil e outras Nações – Incompetência do Tribunal Federal de Recursos (Desprovimento) (T2) (TFR)

APMS 32.498-SP

12/06/63

106

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Compra de Imóvel – Aquisição por segurado a instituição de previdência social – Uma vez pago integralmente o preço e satisfeitas as demais exigências contratuais, deveria ser outorgada a escritura definitiva do imóvel objeto do contrato, livre e desembaraçado de todo e qualquer ônus – A restrição de que o imóvel não poderá ser alienado sem autorização do IAPB é ilegal, por entender que estes textos não podem ser aplicados retroativamente para alcançar situações jurídicas constituídas antes de sua expedição (Desprovimento) (T2) (TFR)

AGMSG 43.568-SP

18/03/66 Concurso Público – Inscreveram-se em paridade de condições em concurso para a carreira de fiscal – Apurada a classificação verificou-se que os autores obtiveram lugares melhores situados do que o funcionário do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários – A investidura, no cargo inicial da carreira de fiscal se fez em razão de situação própria, originária de direitos diversos que lhe assistiam, pois sendo, já antes do concurso, funcionário do IAPI, assistia-lhe direito de pleitear e obter sua investidura na carreira em questão (Desprovimento) (T2) (TFR)

AC 13.800-SP

28/09/62

Conselho de Política Aduaneira – Caso em que não se configura a delegação de poderes que esse preceito veda – Não é possível ao Poder Legislativo, estatuindo sobre providências de ordem econômica, descer a minudências e alcançar fenômenos mutáveis por sua própria natureza – Constitucionalidade do art. 3º da Lei 3.244/57 (Provimento) (T2) (TFR)

AGMSG 44.438-GB

24/05/66

107

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – Exercício da profissão de arquiteto por construtor licenciado – Condições desse exercício, nos termos do art. 3º, do Decreto 23.569/33 – Não encontra apoio no texto legal, o restabelecimento da licença prévia para também exercer a profissão, licença que obtivera mas que fora cassada em razão de faltas apuradas nesse exercício (Desprovimento) (T2) (TFR)

AC 9.720-SP

14/12/62 Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – Livre exercício de profissão – O exercício da profissão de avaliador não exige habilitação especial sujeita a CREA, a não ser nos casos em que essa avaliação visar a fins oficiais, judiciais ou administrativos, casos em que a habilitação e o registro são exigíveis (Recebimento) (TP) (TFR)

EAC 16.833-SP

18/10/66 Contribuições Previdenciárias – Empreitada – O empreiteiro responde solidariamente com o sub-empreiteiro, relativamente às obrigações decorrentes da legislação social – Só prova inequívoca ilide a presunção de liquidez e certeza que milita a favor da dívida regularmente inscrita (Desprovimento) (T3) (TFR)

AC 7.912-DF

26/01/62 Crime de Desobediência – Manifestada no cumprimento das decisões judiciais – Denúncia instruída com inquérito policial – Embora mantida a condenação, concede-se a suspensão condicional da pena, deferindo-se ao Juízo da Primeira Instância fixar as condições em que aplicável (Provimento) (T2) (TFR)

ACR 1.261-SP

06/06/67

108

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Desapropriação – Centrais Elétricas de Furnas S.A. – Homologação de desistências – Adotados os valores dos laudos dos peritos oficiais quanto aos remanescentes – Confirmando a sentença, tanto nas indenizações quanto nos honorários advocatícios fixados em 5% sobre as diferenças apuradas – Correção monetária que se aplica desde a data da avaliação oficial, ou exclusão dos honorários de advogados neste cálculo (Provimento) (T2) (TFR)

AC 21.062-MG

07/03/69

Desapropriação – Centrais Elétricas de Furnas S.A. – Indenização – Os laudos de avaliação não vinculam o Juiz – Confirma-se a sentença, em que justificados os valores estabelecidos, sobre os quais se aplica a correção monetária – Redução de honorários de advogado (Provimento parcial) (T2) (TFR)

AC 19.569-MG

09/06/67

Desapropriação – Desistência em parte – Ao poder público é lícito desistir da desapropriação, mesmo depois de intentada a ação – Arbitramento da indenização que se mantém – Redução dos honorários de advogado – Aplicação da Lei 4.686/65 – Custas proporcionais (Provimento) (T2) (TFR)

AC 21.532-MG

23/05/67

109

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Desapropriação – Justo preço – Sua fixação com base no laudo do assistente da expropriante, prevalecendo, no mais, os valores arbitrados pelo perito oficial – O pequeno tamanho do remanescente é fator a ser considerado na indenização – Pagamento dos honorários dos assistentes pelo expropriado – Aplicação da correção monetária sobre os valores da indenização nos termos da Lei 4.686/65 (Provimento) (T2) (TFR)

AC 19.173-MG

02/06/67

Desapropriação – Para que a Petrobrás seja compelida a pagar o valor de uma área de 20 tarefas de terra que vem ocupando irregularmente, pagamento que deverá ser acrescido das importâncias correspondentes a perdas e danos – A correção da majoração corresponde aos índices de depreciação monetária, como indicada pela Fundação Getúlio Vargas, no período que vai da data de notificação à data de avaliação que, pela lei deve prevalecer – Juros compensatórios contados da data da ação (Provimento parcial) (T2) (TFR)

AC 18.327-BA

03/04/64

Desapropriação – Remuneração dos assistentes técnicos do perito oficial – Em processo expropriatório, devem as custas ser proporcio-nais, no caso em que o expropriado exige maior soma e é verdade (Rejeição) (TP) (TFR)

EAC 18.108-MG

14/11/67

110

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Embargos Infringentes – O acórdão de apelação, não ensejando embargos infringentes, continua na mesma posição, não obstante a intercorrência de embargos de declaração, que o interpretaram, por maioria – Esta circunstância, de forma alguma, proporciona embargos (Desconhecimento) (TP) (TFR)

AC 17.961-RJ

21/06/66 Ensino Superior – Ato da direção de Escola de Direito mantida por instituição particular, mas que exerce no ensino que ministra, função delegada de Estado é susceptível de mandado de segurança – A lei geral do ensino não prejudica disposição regimental da Faculdade, no tocante à exigência da nota mínima para aprovação no final do ano (Desprovimento) (T3) (TFR)

APMS 21.173-SP

06/12/61 Equiparação Salarial – Não se confundem com os médicos os biologistas, daí porque não podem estes pretender que se lhes reconheça a remuneração assegurada aos médicos – Aplicação da Lei 488/48 (Desprovimento) (T3) (TFR)

AC 6.145-SP

24/01/61 Estelionato – Grosseira execução da tentativa de adulteração de cédula monetária – Réu incurso no art. 290 do Código Penal (Provimento parcial) (T2) (TFR)

ACR 971-RJ

25/06/62 Execução Fiscal – Cobrança de contribuições pelo IAPC – Empresa privada – Sócios solidários – A falta de menção da integralização das quotas do capital de cada sócio importa a subsistência da presunção de liquidez e certeza da dívida (Desprovimento) (T3) (TFR)

AP 13.328-SP

12/09/61

111

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Execução Fiscal – Nulidade – Fiscalização cabível – A ação própria para anular a sentença final ou o despacho que decide logo o mérito, dada à revelia do réu, é ação rescisória – Tal procedimento, porém, pertence à Segunda Instância (Rejeição – Embargos) (TP) (TFR)

AC 16.159-GB

03/12/62

Execução Fiscal – Recebimento do Serviço de Alimentação da Previdência Social da importância proveniente de imposto de transmissão inter vivos, taxas e multas – Impossibilidade de Estado federado arrecadar tributos do SAPS, instituição de previdência social e serviço descentralizado da União, sob pena de violar, não só o texto de lei federal apontada, como ainda expressa vedação do art. 34, V, a, da Constituição, que estabelece a imunidade tributária recíproca entre a União, Estados e Municípios, no que concerne a seus bens, rendas e serviços (Desprovimento) (T2) (TFR)

AC 18.160-GB

18/07/63

Execução de Julgado – Mandado de Segurança – Dúvidas, posteriores, relegadas às vias ordinárias – Restituição de prazo – Desde que da publicação não consta o nome do advogado dos interessados constituídos em um novo instrumento, deve-lhe ser restituído prazo recursal (Denegação) (TP) (TFR)

AGMSG 11.902-GB

07/05/68

112

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Execução de Sentença – Liquidação por mero cálculo e não por artigos ou arbitramento – Inaplicável em tal caso o art. 3º da Lei 2.770/56, mantém-se o despacho da Presidência admitindo apenas como cabível o recurso na Primeira Instância e negando cabimento de recurso de ofício (Rejeição – Embargos) (TP) (TFR)

CP 2.631-GB

24/06/68 Execução de Sentença – Liquidação por mero cálculo – Não cabe recurso de ofício, mas simples recurso voluntário, não interposto no caso (Rejeição – Embargos) (TP) (TFR)

CP 2.502-GB

27/02/69

Funcionário Público – Aposentadoria – Pedido simultâneo de dois benefícios previstos no Estatuto – Cabe ao funcionário favorecido optar pelo que mais lhe convenha – O que não é possível é pretender, concomitantemente, receber a um só tempo as vantagens dos dois textos (Provimento) (T2) (TFR)

AGMSG 35.815-GB

26/11/65

Funcionário Público – Demissão – Exame dos motivos – O Poder Judiciário não transborda de suas funções específicas quando confere a veracidade e a qualificação legal dos motivos do ato administrativo – Apurado que os motivos não existem ou não se ajustam à lei, o ato não pode subsistir – Não pode ser considerado de má conduta o servidor sem nota desabonadora no seu prontuário e que obteve licença prêmio e sursis (Desprovimento) (TP) (TFR)

AC 14.693-GB

23/10/61

113

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Funcionário Público – A equiparação que nela se declara dos extranumerários aos funcionários efetivos, deve-se entender como referente aos favores temporais de lei, sem que em razão dela, se tenham criado cargos ou fixados vencimentos (Desprovimento) (T2) (TFR)

AC 9.938-DF

05/10/62 Funcionário Público – Possibilidade da acumulação de cargo público com a condição de aposentado da União Federal – A proibição constitucional somente alcança os exercentes de cargos públicos, e como tal não se compreende a condição de inativo, que é desligado do Serviço Público e passa à condição de seu pensionista, pois a tanto equivale a percepção dos proventos de aposentadoria (Provimento) (T2) (TFR)

AGMSG 46.311-RS

28/06/66 Habeas Corpus – Concessão por falta de justa causa para o processo criminal, eis que não configurada a prática de estelionato, pela inocorrência de prejuízo alheio que caracterizaria o ilícito penal (Concessão) (TP) (TFR)

HC 1.369-PR

09/08/65 Habeas Corpus – Crime de contrabando – Prisão preventiva – Ocorrência de justa causa para o processo criminal, tendo em vista os fatos articulados contra o paciente e os indícios constantes da denúncia – Fundamentos da prisão preventiva (Denegação) (TP) (TFR)

HC 1.335-CE

28/05/65 Habeas Corpus – Denúncia – Crime de peculato – Ordem que se concede, por impropriedade de denúncia e sem prejuízo de novo procedimento criminal (Concessão) (TP) (TFR)

HC 1.347-GB

02/09/65

114

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Habeas Corpus – Prisão disciplinar – Servidor público – Crime contra a administração pública – Pedido de habeas corpus de que se conhece por partir de alegada coação de autoridade civil federal – Entendimento do art. 214 do EFPCU – Reconhecimento da legitimidade da prisão, decretada diante dos indícios veementes de lesão ao Patrimônio Nacional (Denegação) (TP) (TFR)

RHC 1.253-SP

26/10/64 Importação – Indevida a liberação ou entrega de bens importados sem que haja prévia prestação de fiança idônea ou garantia real, porque assim estaria o Juízo garantido, sem necessidade de qualquer pagamento prévio (Desprovimento) (TP) (TFR)

SS 4.869-SP

14/11/68 Imposto sobre Aumento de Capital – Reavaliação do ativo imobilizado e da incor-poração das reservas acumuladas foi feito medi-ante a emissão de ações ordinárias distribuídas entre os seus próprios acionistas e em proposição das que então lhe pertenciam – Instituição de beneficência não está sujeita a qualquer imposto, em face do disposto no art. 31, V, b, da Constituição Federal (Provimento) (T3) (TFR)

AC 12.994-SP

21/11/61 Imposto de Consumo – Importação de automóvel – Tributos devidos – Imposto de consumo não alcança bens já usados no exterior – Para efeitos fiscais, considera-se o peso real e não o fictício – O cálculo dos tributos deve seguir o câmbio do dia em que o bem foi posto a despacho – Aplicação do art. 66 da Lei 3.244/57 (Provimento) (T2) (TFR)

AGMSG 33.249-SP

25/08/65

115

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Imposto de Consumo – Isenção – Cobrança sobre automóvel usado trazido do exterior – O fato gerador da tributação tanto ocorre relativamente entre os bens novos e usados (Provimento) (T3) (TFR)

AGMSG 21.484-GB

07/07/61 Imposto de Consumo – Não é devido, por trazer automóvel usado do exterior – Taxa de armazenagem – Se permanece o bem armazenado por fato da autoridade aduaneira, cabe à própria União Federal o custeio do período em que tal ocorre (Desprovimento) (T2) (TFR)

AGMSG 27.365-GB

22/03/63 Imposto de Consumo – Tanto é livre do imposto de consumo o automóvel usado, como é indevida a taxa de armazenagem pela demora imputável às próprias autoridades administrativas (Desprovimento) (T2) (TFR)

APMS 25.160-GB

18/07/62

Imposto de Importação – Não pagamento da alíquota, sob o fundamento de inconstitucionalidade da legislação, que permitiu a variação dessas alíquotas dentro de níveis determinados – Caso em que não se configura a delegação de poderes que esse preceito veda – Não é possível ao Poder Legislativo, estatuindo sobre providências de ordem econômicas, descer a minudências e alcançar fenômenos mutáveis por sua própria natureza – Constitucionalidade do art. 3º, da Lei 3.244/57 (Provimento) (T2) (TFR)

AGMSG 20.705-SP

25/06/62

116

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Imposto de Importação – Pedido de não pagamento da alíquota, sob fundamento de inconstitucionalidade do texto da lei – Caso em que não se configura a delegação de poderes, que esse preceito veda – Não é possível ao Poder Legislativo, estatuindo sobre providências de ordem econômica, descer a minudências e alcançar fenômenos mutáveis por sua própria natureza – Constitucionalidade do art. 3º, da Lei 3.244/57 – Procedência pagamento do imposto (Provimento) (T2) (TFR)

APMS 19.842-SP

25/07/62 Imposto sobre Lucro Imobiliário – Incidência sobre transação de imóvel havido por doação – O Imposto sobre Lucro Imobiliário recai na venda de imóvel havido a título gratuito, se realizada a operação já na vigência da Lei 3.470/58 (Provimento) (T3) (TFR)

AGMSG 22.753-PR

06/12/61 Imposto sobre Lucro Imobiliário – Incidência sobre venda de imóvel – É devido em se tratando de alienação de imóvel, mesmo se havido por herança ou doação posteriormente à vigência da Lei 3.470/58 (Provimento) (T3) (TFR)

APMS 20.587-GB

11/11/60

Imposto de Renda – Invernista – Como ganho de renda, isto é, gado que produz rendimento, para os fins do par. 1º, do art. 57, do Regulamento à época vigente, há de ser, sem dúvida, considerado aquele que, por excelência, se destina ao mero rendimento proporcionado pela diferença entre o valor de sua aquisição e da sua venda, e que é resultado da operação de engorda, a que se dedicam os invernistas (Provimento) (T2) (TFR)

AP 23.248-SP

19/08/64

117

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Imposto de Renda – O erro de fato, justificado no pedido de repetição e exoneração, ficou demonstrado na prova pericial, concorde, realizada em juízo, pelo que improcedem as razões da Fazenda em pretender a reforma da sentença (Desprovimento) (T2) (TFR)

AC 7.012-DF

04/05/62 Imposto de Renda – Incidência – Lucro imobiliário – Seu valor segue o da data fixada à época da transação originária (Desprovimento) (T3) (TFR)

APMS 24.572-GB

06/12/61 Imposto do Selo – Descabimento de pagamento em contrato de que participa Instituto de Previdência – A autarquia, como emanação do Estado, goza das isenções que lhe são próprias (Desprovimento) (T3) (TFR)

APMS 23.289-SP

19/01/62 Imposto do Selo – Isenção – Conforme legislação, é devido o tributo pelo contribuinte sempre que ocorra aumento de capital como resultado de reavaliação do ativo imobiliário (Rejeição) (TP) (TFR)

AC 5.607-SP

21/07/61

Imposto do Selo – Não incide sobre contratos avençados entre particulares e autarquias – A Constituição Federal, art. 15, § 5º, concedendo isenção do selo aos atos em que forem partes a União, Estados e Municípios, estende-se aos entes autárquicos criados por qualquer dessas entidades públicas (Desprovimento) (T2) (TFR)

AGMSG 25.847-SP

13/06/62

118

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Imposto do Selo – Não incide sobre os contratos firmados com o Departamento Nacional, ou Estadual, de Estradas de Rodagem, de vez que, sendo este um departamento autônomo da própria administração pública, os atos jurídicos em que figura como parte estão ao abrigo da imunidade tributária prevista no art. 15, § 5º, da Constituição Federal – Manutenção da segurança concedida (Desprovimento) (T2) (TFR)

AGMSG 28.009-PR

05/10/62

Imposto do Selo – Reavaliação do ativo – É perfeitamente legal o imposto do selo sobre a ata que documenta a alteração do capital, mediante reavaliação do ativo imobiliário da sociedade (Provimento) (T3) (TFR)

AC 89.795-SP

30/01/62

Intervenção no Domínio Econômico – Mandado de segurança – Ato do Delegado Regional do Instituto do Açúcar e do Álcool que suspendeu as operações de créditos, por atraso no pagamento das canas recebidas de fornecedores – A Constituição, em seu art. 146, autoriza o Estado a intervir no domínio econômico e com suporte nesse preceito é de se reconhecer a compatibilidade do regime estatuído pelo Decreto-Lei 3.855/41, que dispôs sobre o Estatuto da Lavoura Canavieira (Provimento) (T3) (TFR)

AGMSG 23.774-RJ

17/10/61

119

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Jogos de Azar – Alvará de licença – O exercício, pela autoridade local, dos poderes de polícia judiciária que, nos termos do regime constitucional vigente, cabem aos próprios Estados Federados, que os exercem por seus prepostos, não caracteriza interesses da União, nem traz a matéria para o seu foro especial (Provimento) (T2) (TFR)

AGMSG 36.188-MG

10/09/65

Locação – Despejo – Retomada para uso próprio – Imóvel residencial – Retomada de imóvel para uso próprio que se admite – Despejo decretado, assinando o prazo de trinta dias para a sua desocupação (Desprovimento) (T3) (TFR)

AC 9.285-DF

13/10/61

Lucro Imobiliário – Não é devido em se tratando de alienação de imóvel, anteriormente à vigência da Lei 3.470/58, se havido a título gracioso, por herança ou doação (Provimento) (T3) (TFR)

APMS 19.120-DF

19/01/62

Magistério Militar – Promoção a Coronel – Ausência de direito porque, antes de alcançada a data em que as promoções dos autores teriam lugar, foi ampliado para 30 anos o tempo de efetivo exercício na função – Aplicação da Lei 4.448/64 (Provimento parcial) (T2) (TFR)

AC 22.947-GB

09/06/67

120

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Mandado de Segurança – Ato da autoridade policial – Indeferimento do pedido de alvará de licença para realização de Jogos de Cartas lícitos – O exercício, pela autoridade local, dos poderes de polícia judiciária que, nos termos do regime constitucional vigente, cabem aos próprios Estados Federados, que os exercem por seus prepostos, não caracteriza interesse da União, nem traz a matéria para seu foro especial (Desprovimento) (T2) (TFR)

AGMSG 37.276-SP

10/09/65

Mandado de Segurança – Ato de Delegado Fiscal do Tesouro Nacional – Membro do Ministério Público da União tem direito líquido e certo a percepção cumulativas – Com relação ao período em atraso, devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria (Desprovimento) (T2) (TFR)

AGMSG 34.510-RS

05/11/65

Mandado de Segurança – Ato do Diretor da Faculdade de Direito da Universidade do Ceará – Pena disciplinar aplicada aos professores catedráticos – Situação ímpar desses funcionários, face ao art. 187 da Constituição – Vícios que inquinam de nulidade a pena aplicada – Segurança concedida para cassação do ato punitivo (Provimento) (T2) (TFR)

AGMSG 48.074-CE

08/10/65

121

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Mandado de Segurança – Ato do Diretor da Faculdade de Odontologia – Indicação do nome a preenchimento da vaga de Professor Catedrático da 1ª Cadeira de Clínica Odontológica da referida Faculdade – Observância do Decreto 47.618/60 – Não exorbita o texto desse decreto, dos limites traçados pela Lei 2.938/56 (Denegação) (T2) (TFR)

AGMSG 40.294-GB

28/08/64 Mandado de Segurança – Ato do Ministro da Justiça – Proibição da circulação do livro “A Guerra de Guerrilhas”, de autoria de Che Guevara, no território nacional – Não ofende a liberdade de publicação de livros assegurada pelo art. 141, § 5º, da Constituição Federal, a proibição, pelo Ministro da Justiça, da circulação e venda de livro em que se ministram ensinamentos práticos sobre guerrilhas, como forma de tomada violenta do poder (Denegação) (TP) (TFR)

MS 27.859-DF

02/06/62

Mandado de Segurança – Ato da Primeira Turma do Tribunal, com a pretensão não só de concessão de medida liminar, mas a concessão definitiva de segurança, decretando-se a nulidade de todos os atos praticados depois do respeitável despacho saneador – Não cabe mandado de segurança de decisão terminativa do feito, proferida por este Tribunal, e da qual caiba Recurso Extraordinário, já deferido e encaminhado ao Supremo Tribunal (Provimento) (TP) (TFR)

MS 35.789-DF

11/11/63

122

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Mandado de Segurança – Declaração da ilegalidade da entrega do dinheiro recebido pela Alfândega ao Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de Santos, e por este ao Sindicato dos Ajudantes de Despachante para o rateio impugnado – Ao invés de entregar as importâncias questionadas ao Sindicato dos Ajudantes de Despachantes, faça essa entrega direta aos próprios despachantes – Chamamento a Juízo – Legítimo tal chamamento para correção de ato de sua responsabilidade (Provimento) (T2) (TFR)

AGMSG 36.396-SP

09/09/66 Mandado de Segurança – A medida liminar no mandado de segurança é, por sua natureza, provisória, e segue a sorte da sentença final – Subsistirá se for concebida afinal a segurança e perderá a eficácia se denegado o writ (Denegação) (TP) (TFR)

MS 31.493-DF

29/04/63 Mandado de Segurança - Não deve, nem pode, a autoridade administrativa, incompetente para a prática de ato determinado, responder em mandado de segurança por alegada omissão em praticá-lo – Incompetência do Juiz de Primeira Instância para deferir segurança contra texto expresso de lei federal vigente, que somente pela via ordinária própria pode ser declarado inconstitucional ou incompatível com a Constituição – Não ofende a norma da isonomia a atribuição de vencimentos diversos a funcionários sediados em regiões diferentes, embora sejam idênticas as suas atribuições (Provimento) (T2) (TFR)

AGMSG 32.576-GB

27/05/64

123

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Mandado de Segurança – Para percepção de vencimentos segundo o padrão “O” ou referência 31, para haver as diferenças salariais resultantes desse reconhecimento, a partir da vigência da Lei 2.745/56, juros e custas – Argüição tardia de nulidade face saneador irrecorrido – Julgado que resulta dos termos expressos de outro anterior do Tribunal em mandado de segurança (Desprovimento) (T3) (TFR)

AC 14.994-GB

28/07/61 Medida Cautelar – Recurso – Efeito suspensivo – A medida cautelar prevista em lei (arts. 333 do Código Civil e 85 do Código de Propriedade Industrial) cessa com a sentença de Primeira Instância que julga improcedente a ação de nulidade de patente, nem pode atingi-la, revalidando-a o efeito suspensivo do recurso para a instância superior (Denegação) (TP) (TFR)

MS 54.049-GB

23/02/67

Militar – Não faz jus ao favor da Lei 1.267/50 o militar que não provou haver combatido os insurretos, nem participado de missões diretamente ligada à repressão do movimento sedicioso de 1935 (Desprovimento) (T2) (TFR)

AC 12.860-DF

05/10/62

Militar – O oficial transferido para a reserva, a serviço do magistério militar, tem direito à promoção devida quando da passagem para a inatividade, por serviço de guerra (Rejeição – Embargos) (TP) (TFR)

AC 9.855-GB

25/01/62

124

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Militar – Percebia dois vencimentos como militar e professor – O princípio de irredutibilidade dos vencimentos é restrito, pela Constituição, aos Juízes – Em relação a qualquer outro servidor público civil ou militar, a lei pode reduzir vencimentos, desde que o faça de modo geral e sem discriminação e ofensa ao princípio da igualdade (Desprovimento) (T3) (TFR)

APMS 24.453-GB

12/12/61 Militar – Promoção – Segurança que se concede, a fim de que siga o processo à apreciação do Presidente da República, única autoridade competente para decretar promoção de militar – Trata-se de ato privativo do Presidente da República, mesmo no regime parlamentar, qual seja a promoção de oficiais-generais do Exército (Conhecimento) (TP) (TFR)

MS 31.328-DF

10/06/63 Polícia Militar – Vantagens atribuídas ao pessoal das Forças Armadas – Não há como incluir a Polícia Militar do antigo Distrito Federal entre as Forças Armadas da Nação, e somente nas condições do art. 183, da Constituição, poderia essa corporação militar gozar das vantagens atribuídas ao pessoal do Exército (Desprovimento) (T3) (TFR)

AC 10.038-DF

20/09/60 Previdência Social – Cobrança de contribuições atrasadas – As manobras destinadas à evasão de responsabilidades, praticadas pelo devedor, não só podem constituir em fontes seguras dessa evasão, cumprindo atender à regra do art. 104 do Código Civil sobre a inoperância dos atos de simulação (Provimento) (T3) (TFR)

AP 18.803-MG

12/12/61

125

INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Previdência Social – Débitos de empresas de mineração – Parcelamento – Direito que se lhes reconhece de liquidá-los parceladamente, nos termos do Decreto 639/69 (Desprovimento) (T2) (TFR)

AP 27.140-RS

20/06/67 Previdência Social – Incidência sobre o décimo-terceiro salário – Os descontos que sobre esses incidem, devem observar, em seus quantitativos, os limites da Lei 3.807/60 (Provimento) (T2) (TFR)

AGMSG 43.401-GB

15/04/66 Prisão em Flagrante – Furto – Apropriação de alimentos para alimentar-se – Estado de necessidade – Circunstâncias que repelem a caracterização do delito, como praticado em estado de necessidade (Desprovimento) (T2) (TFR)

ACR 963-GB

06/07/62

Professores – Escola de Marinha Mercante – Vantagens de seus professores – A Escola de Marinha Mercante é escola técnica profissional e é mantida por disponibilidade de fundo especial, cabendo assim aos seus professores o regime da Lei 3.410/58 (Rejeição) (TP) (TFR)

MS 22.511-DF

15/05/61

Propriedade Industrial – Uso exclusivo, como marca, do nome Philips, em relação a certas mercadorias – Se esse uso já foi reconhecido em decisão judicial, abusivo é o ato administrativo que o defere a terceiro (Concessão) (TP) (TFR)

MS 31.891-DF

20/04/64

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INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Reajustamento Pecuário – Benefícios da Lei 1.002/49 – Cassação dos benefícios concedidos com desatenção a requisito essencial exigido pelo Banco do Brasil S.A. (Provimento) (T3) (TFR)

AP 18.275-BA

12/01/62 Reajustamento Pecuário – Concessão de benefícios – Necessidade do recurso de ofício – Embora não sejam susceptíveis de recurso de ofício as sentenças proferidas em processo de reajustamento pecuário, posteriormente à Lei 2.804/56, devem ser objeto de revisão, de ofício, aquelas de data anterior a esse diploma legal, referente a benefícios diversos (Provimento parcial) (T2) (TFR)

AP 20.557-PE

09/05/62 Seguro – SASSE – São necessariamente seus segurados os funcionários da Caixa Econômica Federal – Prevalecem em matéria de limites de idade, para o reconhecimento dessa condição, as normas gerais da Previdência Social (Provimento) (T2) (TFR)

AGMSG 36.082-GB

10/12/63

Servidor Autárquico – Demissão – Ilegalidade - Reintegração – Titular de cargo isolado – Garantias – Estabilidade – Sendo o cargo isolado de provimento efetivo, o titular não pode ser dispensado livremente – Reintegração ao Cargo para que foi nomeado, com os direitos e vantagens correspondentes, em face da manifesta ilegalidade de sua demissão (Provimento) (T3) (TFR)

AGMSG 26.642-DF

19/01/62

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INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Servidor Público – Demissão – Batalhão de Engenharia – Serviço Público Federal – Reintegração – Nulo, ab initio o processo – O órgão citado não tem personificação jurídica própria e autônoma para responder aos termos da ação (Provimento) (T2) (TFR)

AP 25.364-RN

01/08/67 Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada – Arquivamento do contrato dos atos de aumento de capital e alteração do contrato social da firma em que são sócios marido e mulher – Manutenção de um registro que existe, e que foi efetuado nas condições em que se pretende renovar, com pequenas diferenças (Despro-vimento) (T2) (TFR)

AGMSG 34.904-GB

01/04/66 Superintendência Nacional do Abastecimento – Distribuição de quotas de trigo – Revisão das quotas existentes, e dessa revisão resultou restrição das antigas quotas de várias empresas – Deferimento da medida de segurança, no sentido de garantir as quotas reclamadas, mas antes mandou que se fizesse uma vistoria para verificar a exatidão da questão de fato – Merece reforma o despacho da Presidência suspendendo os efeitos da sentença (Provimento) (TP) (TFR)

SS 4.841-DF

21/11/68

Taxa – Isenção – Desembarque de mercadorias estrangeiras em território nacional – Produtos farmacêuticos – Descabimento da cobrança de taxas e comissões previstas na Tabela “C”, do art. 29, da Lei 4.069/62 (Provimento) (T2) (TFR)

AGMSG 33.031-PE

20/08/65

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INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Taxa de Despacho Aduaneiro – Pedido de não pagamento da taxa sobre bens que estão isentos de impostos em razão da própria natureza – Não é devida, face à Circular 59 do Ministério da Fazenda (Desprovimento) (T2) (TFR)

APMS 23.038-SP

18/07/62 Taxa Suplementar – Ilegalidade – Taxa de 1% destinada ao Serviço de Assistência Médica (SAM) do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC) – Ilegalidade de sua cobrança (Desprovimento) (T2) (TFR)

APMS 25.822-PR

13/06/62 Terrenos de Marinha – Ocupantes ilegais do terreno – Bens da União, em relação aos quais não é admissível usucapião – Os terrenos de marinha se integram no domínio da União – Imprescritibilidade dos bens públicos (Desprovimento) (T2) (TFR)

AC 17.570-BA

04/12/64 Trabalho Marítimo – Inaplicabilidade do art. 285, da CLT, ao Porto de Santos – O privilégio da movimentação de mercadoria fora da faixa portuária, é ofensivo às normas do art. 141, § 10º e 14, do Diploma de 1946 (Desprovimento) (T2) (TFR)

APMS 25.060-SP

01/06/62 Transporte Marítimo – A ação do segurador sub-rogado nos direitos do segurado prescreve em um ano, a partir do início da descarga da mercadoria – A responsabilidade da transportadora é de porto a porto, e desde que constatada a falta da mercadoria, conforme consta nos laudos respectivos, surge a obrigação de indenizar (Provimento) (T2) (TFR)

AC 22.303-SP

07/03/69

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INFORMATIVO JURISPRUDENCIAL

ASSUNTO Identif. Data/ Julg.

Transporte Marítimo – A afirmativa de ocorrência de causa fortuita não deve prevalecer em matéria de transporte marítimo, pois é precípuo dever do transportador manter a mercadoria a salvo da água do mar, e se não o faz, não pode invocar a ocorrência como causa fortuita, mesmo porque trata-se de transporte feito em navios, nos quais a carga é depositada em seus porões, e deve ficar ao resguardo de danos resultantes de mares encapelados ou de outros semelhantes que atingem as mercadorias (Provimento) (T2) (TFR)

AC 23.224-GB

07/03/69 Tribunal Marítimo – Competência para o provimento do cargo de Diretor-Geral desse Tribunal – Os cargos em comissão de Diretor-Geral e Diretor de Divisão serão providos pelo Presidente da República, mediante proposta do Tribunal Marítimo encaminhada pelo Ministro da Marinha (Provimento) (T3) (TFR)

AGMSG 24.531-GB

24/10/61

DISCURSOS EM HOMENAGEM PÓSTUMA AO EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA.

No Tribunal Superior Eleitoral, em Sessão Ordinária de 21/08/1969.

Do Exmo. Sr. Ministro Eloy da Rocha (Presidente).

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O EXMO. SR. MINISTRO ELOY DA ROCHA (PRESIDENTE): Tem conhecimento o Tribunal do falecimento, ontem, do Ministro Oscar Saraiva , que, para honra desta Corte, foi seu juiz no período de 1966 a 1968. A minha admiração pelo jurista extinto vem dos tempos de sua marcante atividade no Conselho Nacional do Trabalho e depois em diferentes setores do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Foi, então, um dos pioneiros no estudo das questões do Trabalho e na elaboração ou aplicação da legislação do trabalho e de previdência social. Culminou essa atividade com a investidura como Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, cargo que deixou para assumir o de Ministro do Tribunal Federal de Recursos. Na Presidência desse Tribunal, teve oportunidade de presidir a instalação da Justiça Federal de primeira instância e de assistir à última fase da construção do novo prédio. Em todas as suas funções, irradiou, sempre, acentuado espírito público, profunda compreensão humana e os ensinamentos colhidos na sua rica experiência e nas investigações, nos mais variados campos da cultura. Foi professor. Faz pouco, pude ouvir, de aluno seu, o testemunho de seus méritos de professor, na regência da disciplina Ciência Política, na Universidade de Brasília. A Presidência providenciou para que o Tribunal Superior Eleitoral estivesse representado nas cerimônias de sepultamento do magistrado que exauriu a sua vida, até os últimos dias, na realização fiel e exemplar de sua alta vocação. Não quero deixar de manifestar, com o sentimento de pesar pelo desaparecimento do Ministro Oscar Saraiva , a minha homenagem pessoal à sua memória, ao mesmo tempo em que, para falar em nome do Tribunal, dou a palavra ao Senhor Ministro Antônio Neder.

Do Exmo. Sr. Ministro Antônio Neder, em nome do Tribunal Superior Eleitoral.

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O EXMO. SR. MINISTRO ANTÔNIO NEDER (EM NOME DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL): Sr. Presidente, Srs. Ministros: Faleceu ontem no Rio de Janeiro o eminente Magistrado Oscar Saraiva , que compunha o Tribunal Federal de Recursos, e que, faz pouco tempo, judicou também no Tribunal Superior Eleitoral. Todos os que privamos de sua convivência sabemos que era ele um homem superior, jurista de raras virtudes, e, notadamente, excelente magistrado. Descendente de ilustre família de São Paulo, onde nasceu, radicou-se, entretanto, no Rio de Janeiro, porque seu ilustre pai, também juiz, integrando a Justiça da então Capital, acolá se fixara. Advogado no início das suas atividades, ingressou, em seguida, no serviço do Ministério do Trabalho, ao qual prestou relevante concurso, tanto na instalação da Justiça Trabalhista, quanto no alto cargo de Consultor Jurídico, como em outros. Procurador-Geral da Prefeitura do Rio de Janeiro, daí se afastou para ingressar na Magistratura como Juiz do Tribunal Superior do Trabalho, donde saiu para integrar o Tribunal Federal de Recursos. Nesses cargos, como nos demais, foi de constante proficiência. Não é difícil elogiar um morto, notadamente um que seja ilustre; difícil é elogiá-lo sem cometer a injustiça de só lhe ressaltar o lado positivo da personalidade e esquecer de suas desvirtudes. No caso de Oscar Saraiva , porém, não se tem como cometer essa injustiça, porque, na verdade, não tinha ele senão virtudes, que cultivava de maneira esmerada, como bem demonstram seus títulos conquistados a partir da láurea acadêmica, na Faculdade de Direito da então Universidade do Rio de Janeiro, até que, na culminância, serviu no Tribunal Superior Eleitoral, presidiu o Tribunal Federal de Recursos e se viu incluído na Ordem Nacional do Mérito. Como cultor do Direito, seu espírito conciliador procurava sempre, nas controvérsias, a composição das idéias ou das soluções divergentes; sem ser franco, não era contudo das posições radicais magnânimo ou generoso, não era todavia de julgar pelo coração ou presentear com julgamento; aplicador da norma jurídica às condutas humanas, não se esquecia de, antes do mais, verificar os motivos dessas condutas para julgá-las humanamente, como queria Goethe, quer tivesse que absolver, quer tivesse de condenar. Neste Tribunal, como no Tribunal Federal de Recursos, sua presença fez-se sentir pela cultura, inteligência e nobres sentimentos que a animavam; se não teve ressonância, aqui ou ali, a sua palavra, sempre autorizada em ambas essas Casas, é porque a

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indiferença brasileira pelos assuntos da cultura jurídica não permitiu que ela ressoasse a todos os ouvidos. Inquieto por temperamento, sua inquietação refletia-se em seu espírito, que, por isso, era igualmente dinâmico e atuante; assim, não se conformava com as fórmulas vetustas que encontrava, por vezes, no campo jurídico, e, de logo, procurava atualizá-las ou revogá-las; disso resultava sua tendência para julgar certos casos acima ou fora da norma. Devotado estudioso do Direito do Trabalho, de tal modo se identificou com a sua doutrina tutelar e conciliante, que, repetidamente, buscava nessa disciplina jurídica inspiração para julgar casos de outra natureza; e defendia, com veemência, sua tese de que Direito do Trabalho, concebido para compor interesses de empregados e empregadores, deveria influenciar o Direito Privado, ao invés de buscar neste, por analogia, alguns fundamentos de sua doutrina; e assim fazendo, tanto vivia a tendência conciliativa do seu espírito, quanto externava convicção científica que formou em sua experiência nas atividades judiciárias. Oscar Saraiva era, em tudo, “um liberal à inglesa, para quem o Direito é a ciência da liberdade e da libertação”, como lhe dissemos nós na saudação que lhe dirigimos ao ensejo de sua posse na Presidência do Tribunal Federal de Recursos, ao qual serviu com afincado esforço e generoso idealismo. Sua presença há de permanecer nesta Casa como vivo exemplo. Oxalá tenhamos força para segui-lo.

Temos dito.

Do Exmo. Sr. Dr. Oscar Corrêa Pina, em nome do Ministério Público Federal.

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O EXMO. SR. DR. OSCAR CORRÊA PINA (PROCURADOR-GERAL): Senhor Presidente, Senhores Ministros. Ainda sob o impacto emocional que nos causou a notícia do falecimento, ontem, no Rio, de um dos nossos mais estimados companheiros das lides judiciárias, o saudoso Ministro Oscar Saraiva , este Egrégio Tribunal Superior Eleitoral presta merecida homenagem à sua memória. O eminente Senhor Ministro Antônio Neder, interpretando os sentimentos dos seus eminentes pares, realçou os nobres atributos morais intelectuais do insigne magistrado falecido. Tive oportunidade de trabalhar com Oscar Saraiva , quando, como primeiro Subprocurador-Geral da República, estive em exercício no Tribunal Federal de Recursos. Tive, então, oportunidade de apreciar as suas altas virtudes cívicas e morais, o alto sentimento de justiça, aprimorada formação jurídica e humanística e elevado espírito público que sempre demonstrou quando chamado a decidir questões, as mais complexas, submetidas à apreciação daquele ilustre Tribunal. Dedicando-se desde logo ao estudo dos problemas da previdência social, em que se especializou, Oscar Saraiva ingressou nos quadros do Ministério do Trabalho, ao qual prestou os mais relevantes serviços, tendo colaborado na organização da Justiça do Trabalho e na elaboração das leis trabalhistas. Procurador-Geral de Autarquia, Consultor Jurídico do Ministério do Trabalho, Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, representante do Brasil em Congressos Internacionais, Ministro do Tribunal Federal de Recursos, cuja Presidência exerceu com brilho e dedicação, e Ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Oscar Saraiva , no exercício de sua complexa atividade funcional, prestou os mais relevantes serviços ao País, impondo-se à estima e ao respeito dos seus patrícios. Lamentando o falecimento de Oscar Saraiva , associo-me, em meu nome pessoal e pelo Ministério Público Federal, à homenagem ora tributada a sua memória.

No Tribunal Federal de Recursos, em Sessão Especial de 26/08/1969.

Do Exmo. Sr. Ministro Amarílio Benjamin (Presidente ).

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O EXMO. SR. MINISTRO AMARÍLIO BENJAMIN (PRESIDENTE): Srs. Ministros, Meus Senhores: deliberou o Tribunal Federal de Recursos que a Sessão de hoje fosse consagrada à memória do Senhor Ministro Oscar Saraiva , cujo falecimento, há bem pouco, encheu de pesar a todos nós.

Creio que o Tribunal Federal de Recursos, com as homenagens que está prestando a S. Exa., interpreta realmente o pesar nacional, tantas foram as manifestações que se fizeram sentir e chegaram até nós, a começar pelo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal, que em pessoa veio trazer aos colegas desta Casa a sua solidariedade. Registro também que o Sr. Presidente da República se fez presente ao difícil momento que o destino nos impôs, com telegrama que nos enviou nos seguinte termos:

“Em nome do Governo e no meu próprio venho expressar a Vossa Excelência e aos dignos membros desse Egrégio Tribunal sentidas condolências pelo desaparecimento do ilustre Ministro Oscar Saraiva , cujo saber jurídico e elevado espírito público tanto enalteceram a Justiça do nosso País. A. da Costa e Silva. Presidente da República.”

A ata de nossos trabalhos, no dia de hoje, documentará todas estas manifestações, inclusive as notícias publicadas nos diversos jornais, os artigos, as crônicas e entre elas, como modelo de delicadeza e de veracidade na tradução do que em vida foi o nosso eminente colega Ministro Oscar Saraiva , aquela que escreveu, com muita superioridade e incontido afeto, o Sr. Ministro Moreira Rabello:

“Oscar Saraiva , que deixamos a dormir o seu sono derradeiro no cemitério da cidade onde ele viveu os dias melhores e mais altos de sua carreira, era uma dessas figuras, que raro aparecem e transitam no tablado ingrato da vida. Adquirira, na Inglaterra, e nos Colégios por onde andara, na mocidade, o corte britânico do espírito.

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Tudo nele era medida, serenidade, compostura.

Herdeiro de uma tradição que emoldurava sua vocação de magistrado, deu-lhe novas dimensões, alargando o nome e legado com que os homens da sua casa e de seu sangue enriqueceram a cultura jurídica do País. Sem erro ou excesso, pode-se lhe averbar, no campo do direito trabalhista e previdenciário brasileiros, seja nas especulações da doutrina, seja nas tarefas disciplinares e legiferantes, uma contribuição quase ímpar, mas, seguramente, jamais ultrapassada por ninguém.

Conhecia-o de longo tempo, egressos do mesmo colégio de advogados, de onde ele saíra primeiro, no rumo do Tribunal Superior do Trabalho, do qual se transferiu, posteriormente seduzido pelos horizontes mais amplos de nossa judicatura, para o Tribunal de Recursos. Mas, por onde passou, advogado, consultor ou Juiz, foi sempre o mesmo: um homem de uma só peça, dominado pela constante do estudo da cultura nos diferentes ramos do Direito, acrescentava aquelas excelentes humanidades que são, hoje, a falha sensível dessas culturas de almanaque que por aí andam, inspiradas, às vezes, na véspera, em autores recém-adquiridos e mal digeridos. Saraiva era um Juiz exemplar: seus votos imbuídos de sólido conteúdo jurídico tinham, não raro, o timbre e o calor humano que situam o julgador moderno no plano exato das realidades do áspero cotidiano que vivemos.

Dava-os com limpidez e segurança. E só de raro em raro trazia um adendo ou uma explicação ao ente ou à postura mental que se fizera. Foram dele as palavras que ouvi no pórtico da Casa de Justiça que integro, no dia em que nela iniciei os meus primeiros passos.

Quero trazer-lhe, por isso, agora que ele se foi de vez, com louvor que lhe devemos todos os

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que com ele tiveram o privilégio de privar, estas palavras de saudade com a afirmação de que a sua partida empobrece o Tribunal, que ele honrou e fez crescer, e a paisagem jurídica do País.”

O Tribunal Superior Eleitoral, em Sessão presidida pelo Exmo. Sr. Ministro Eloy da Rocha, aderiu ao nosso programa de homenagens. A sessão ordinária de 21/08/1969 foi inteiramente dedicada à memória do ex-Presidente do Tribunal Federal de Recursos, tendo na ocasião feito uso da palavra o Exmo. Sr. Ministro Antônio Neder e o Procurador da República, o Exmo. Sr. Dr. Oscar Corrêa Pina, enaltecendo o Ministro falecido e suas atividades em benefício da cultura jurídica do País.

Do Exmo. Sr. Ministro Armando Rollemberg, em nome do Tribunal Federal de Recursos

e do Conselho da Justiça Federal.

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O EXMO. SR. MINISTRO ARMANDO ROLLEMBERG (EM NOME DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS E DO CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL): Ao receber a incumbência de falar neste instante homenageando o grande colega que desapareceu, apesar da tristeza do momento, senti-me satisfeito, pois me era dado relembrar um homem ao qual estava ligado por sólida amizade e profunda admiração.

Ao meditar sobre o que deveria dizer, porém, verifiquei quão difícil seria fazê-lo retratando com exatidão a figura do homenageado. O seu convívio diário era ainda muito recente para permitir que se pudesse separar de forma nítida o homem que Oscar Saraiva era, com virtudes e fraquezas, do grande cidadão que foi, cuja vida pública deverá ser lembrada sempre com orgulho por todos quantos, como ele, dediquem a sua existência ao serviço do nosso País.

De outro lado, como dimensionar com exatidão o vulto excepcional que era se o sentimentalismo brasileiro tende a nivelar a todos após a morte, igualando-os em elogios, que, por isso mesmo, não se revestem de significação maior?

Finalmente, pensei, quão difícil é ressaltar a vida de um magistrado brasileiro ao qual se impõe a renúncia ao brilho, o sentimento cotidiano de frustração intelectual pela impossibilidade de dar, no estudo de cada matéria, toda a medida de sua capacidade, obrigado a restringir-se ao exame do caso concreto e à aplicação de Justiça!

Ao analisar este último aspecto, aliás, verifiquei que exatamente nesta luta entre o desejo de afirmação e expansão do espírito, de um lado, e a limitação da possibilidade de fazê-lo como Juiz, de outro, está a característica principal da vida de Oscar Saraiva .

Aluno brilhante, laureado com o prêmio “Conselheiro Cândido Oliveira”, tão logo diplomou-se, encaminhou a sua atenção para o Direito do Trabalho e da Previdência Social, disciplina cuja expansão constituía, nos idos de 1930, um desafio aos juristas brasileiros e que atraía, especialmente, os espíritos jovens da época.

Com o ardor que dedicava sempre a todas as tarefas que lhe eram cometidas, entregou-se não somente ao estudo da disciplina, mas também à implantação de suas regras e, já em 1936, aparecia como o

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organizador e primeiro presidente do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários.

Esse gosto pelo novo direito não o abandonaria jamais. Estou a vê-lo no julgamento de causas relativas à Previdência Social, defendendo os princípios que informam a legislação, apontando a origem dos dispositivos e sua exata interpretação com o cuidado com que são tratadas as coisas estimadas. E qual dos colegas não terá tido a oportunidade de ouvi-lo falar com entusiasmo sobre os quinze anos em que exerceu o cargo de Consultor Jurídico do Ministério do Trabalho, os pareceres que então ofereceu, os projetos que sugeriu aos titulares da Pasta?

Não lhe bastava isso, porém. Levado talvez pelo exemplo paterno que relembrava sempre com veneração, a sua ambição maior era aplicar a lei como magistrado e ei-lo Ministro do Tribunal Superior do Trabalho. Atingira o ponto mais alto almejado pelos que se dedicam ao Direito Social no Brasil. O seu espírito irrequieto, contudo, não lhe permitiu acomodar-se na posição de Juiz do mais alto tribunal trabalhista do País. Se a organização judiciária do trabalho se encontrava implantada e em eficiente funcionamento, se as regras de legislação trabalhista, que as condições sociais do País então permitiam fossem aplicadas, estavam sendo obedecidas, pareceu-lhe que era chegado o momento de colocar a sua inteligência a serviço do desenvolvimento do Direito Administrativo, tão pouco cuidado em nosso meio, e do estudo e aprimoramento das instituições constitucionais.

Esse terá sido, tudo indica, o motivo que o levou a trocar o Tribunal Superior do Trabalho por este Tribunal Federal de Recursos.

Aqui vim a conhecê-lo, pessoalmente, em 1963, quando ingressei nesta Corte e, tão logo empossei-me no cargo de Ministro, pude verificar que se tratava de uma criatura boa, de um homem superior. Bom, revelou-se ele desde o primeiro momento, pelo carinho com que me acolheu, colocando-se à minha disposição para ajudar-me, para orientar-me. Superior, mostrou-se logo pela sinceridade e despreocupação com que me fornecia os elementos para que pudesse vencer as dificuldades de adaptação à nova carreira que eu havia escolhido, demonstrando, em todos os instantes, a segurança dos que, autenticamente capazes, não buscam nas fraquezas alheias a forma de fazer aparecer o próprio valor.

Tantas e tantas foram as vezes que dele então me vali, buscando a ajuda de seu saber e experiência, que o seu contínuo Hilário, revelando na expressão a estima do servidor humilde pelo chefe benquisto, sempre que me via passar pela porta do seu gabinete dizia-me “o velho está aí”.

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A personalidade de Oscar Saraiva , porém, era forte demais para prender apenas pelo sentimento de gratidão, pois impunha-se ele à admiração de todos quantos o observavam no exercício da função de Juiz. Quer na 2ª Turma onde era seu revisor, quer no Tribunal Pleno, quando me assentava ao seu lado, fazia gosto ver a retidão que imprimia aos seus pronunciamentos, a intransigência com que aplicava os princípios que informavam as leis, procurando interpretar estas com magnanimidade, mas jamais deixando de dar-lhes fiel aplicação. Estou a vê-lo a invocar seguidamente a Declaração dos Direitos do Homem para defender a liberdade do cidadão, que, repetia sempre, era, ao seu ver, o mais sagrado dos direitos. Foi um bravo na defesa do direito à liberdade e, mais de uma vez, vi aquele homem de compleição franzina, sempre tão educado, transmudar-se e exaltar-se na sustentação da concessão de uma ordem de habeas corpus.

No geral, entretanto, guardava a serenidade e brindava-nos com demonstrações de cultura excepcional, entremeando nos seus votos ora uma frase de Anatole France, que fora o ídolo de sua juventude, ora um dito inglês adequado à situação ou um pronunciamento de um Juiz da Corte Suprema dos Estados Unidos.

Foi, aliás, a universalidade de sua cultura e a capacidade de mantê-la atualizada que lhe permitiram continuasse pela vida afora representando o Brasil em conferências internacionais e que alcançasse a honra de ser escolhido, em 1965, para membro da Comissão de Peritos em Convenções e Recomendações da Organização Internacional do Trabalho.

Sem embargo de tudo isso, porém, Saraiva era um insatisfeito. O Tribunal de Recursos não lhe permitia deter-se, como desejava, no exame das teses postas sob sua apreciação e daí o entusiasmo com que se entregou ao ensino na Universidade de Brasília. As aulas, dizia-me ele, possibilitavam o exame sistemático do Direito Público, sobre o qual, era sua ambição, desejava escrever um dia obra doutrinária.

Essa vontade manifestou de forma expressa ao apresentar a coletânea de trabalhos seus coligidos por Albino Pereira da Rosa e publicados sob o título “Estudos de Direito Administrativo e de Direito Social”, quando escreveu:

“Minha vida profissional, dedicada desde o seu início à advocacia e ao serviço público, e depois à judicatura, não me tem proporcionado lazeres que me permitissem consagrar tempo bastante para a feitura de obras doutrinárias, como sempre foi meu desejo. Espero ainda

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realizá-lo, entretanto, quando vier a ficar liberado dos deveres cotidianos que absorvem, e cujo pronto atendimento jamais me permiti adiar em benefício das tarefas mais agradáveis da doutrinação”.

No seu destino, contudo, não estavam previstos os lazeres. Enquanto lecionava na Universidade foi escolhido para o Tribunal Superior Eleitoral e passou a encarar a sua passagem ali como uma oportunidade para aplicar alguns dos princípios que ensinava, contribuindo para o aperfeiçoamento das instituições políticas, com o que lhe era retirada a última possibilidade de estudo tranqüilo. Desincumbiu-se de sua missão naquela Corte, entretanto, com a satisfação própria dos que acreditam na superioridade do regime democrático de Governo.

Mas a vida lhe reservara uma outra missão. Trabalhador incansável, para quem os obstáculos constituíam desafio previamente aceito, eleito Presidente do Tribunal, entregou-se de corpo e alma à restauração e organização da Justiça Federal. Desde a elaboração da lei até a total implantação da Justiça, era comovedor observar-se o entusiasmo com que se dedicava à tarefa que entendia do mais alto interesse público de dotar o País de uma Justiça especializada para as causas da União e suas autarquias.

O esforço que então despendeu à frente do Conselho Federal só encontraria paralelo no empenho com que, ao mesmo tempo, providenciava a continuação e a complementação do prédio do Tribunal. A inauguração deste veio a ser infelizmente a sua despedida real desta Corte. A obra de uma grande vida tinha termo com o termo de uma grande obra.

Essa coincidência, aliás, se ao ser humano fosse dado escolher com satisfação o momento de sua despedida do mundo dos vivos, seria para ele motivo de contentamento, pois, paulista de nascimento, embora houvesse vivido sempre fora do seu Estado natal, continuamente relembrava com orgulho a sua origem e a capacidade de realização de seus coestaduanos.

Não mais o teremos em nossa convivência. Além de seus lúcidos votos, porém, ficará neste Tribunal o exemplo de um grande Juiz, a indicar-nos sempre que na aplicação da lei jamais se deverá esquecer que a destinação desta é o bem público e a garantia dos direitos dos cidadãos.

Falando neste instante em nome dos meus colegas, encerro estas palavras reiterando à Da. Mercedes, companheira de todas as lutas, e aos seus filhos, o nosso pesar pelo falecimento do grande morto, certo de que a dor de agora será confortada pelo orgulho de terem tido como marido e como pai um homem superior.

Do Exmo. Sr. Dr. Firmino Ferreira Paz, em nome do Ministério Público Federal.

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O EXMO. SR. DR. FIRMINO FERREIRA PAZ (SUBPROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA): Exmo. Sr. Ministro Presidente do Colendo Tribunal Federal de Recursos.

Exmos. Srs. Ministros.

Exmas. Senhoras.

Meus colegas.

Meus senhores:

Neste momento, no recinto do mesmo Tribunal em que, prudente e seguramente, julgou, está sendo julgado, também, o grande magistrado, juiz insigne, varão ilustre, que foi o eminente Ministro Oscar Saraiva . Ele quis ser julgado, julgando. Quem julga é julgado. Vieira, há mais de três séculos lembrou: “Nolite judicar, ut non judicemini: in que enim judicio judicaveritis, judicabimini. Se não quereis que vos julguem, não julgueis, porque com o mesmo juízo com que julgardes, sereis julgados. Esta sentença de Cristo Senhor nosso...” – disse o maior orador sacro da língua portuguesa.

As homenagens, ainda que póstumas, meus senhores, são juízos, julgamentos, que se compõem não só de palavras senão de fatos; não só de fatos, senão de verdades; não só de verdades, senão de amor da verdade. É o que, pessoalmente e em nome do Ministério Público Federal junto ao Colendo Tribunal Federal de Recursos, tributamos ao inolvidável Ministro Oscar Saraiva .

Homem e magistrado, o Ministro Oscar Saraiva foi grande, na compreensão da vida; prudente, na emissão de juízos sobre os outros homens; sábio, na distribuição da Justiça. Honrou, sobremodo, a magistratura de sua Pátria, e a exerceu com excepcional dignidade. Nesse exercício, proferiu votos memoráveis, enriqueceu a literatura jurídica nacional. Aí estão, nas revistas jurídicas especializadas, as provas da grandeza moral e intelectual desse homem a quem o Brasil deve relevantíssimos serviços.

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Ouso dizer, senhores, que o Ministro Oscar Saraiva não morreu. Está vivo nos atos da sua vida, na memória e saudade de seus contemporâneos, nas páginas brilhantes dos seus trabalhos jurídicos e, mais do que tudo isso, na eterna e profunda gratidão da Pátria. Vejo-o na minha imaginação e lembrança de passagens de nosso convívio, aqui, ao lado, à minha esquerda, presidindo este Tribunal, com a dignidade que o enobrecia, com a austeridade que a função exigia, com a sabedoria, que a sua cultura humanística e jurídica agigantavam e com a consciência tranqüilíssima de que, assim procedendo, estava cumprindo, pontualmente, o seu dever funcional e honrando e nobilitando a Justiça Brasileira.

Na presidência desta Casa, se dirigia os trabalhos das sessões plenárias, não faltava ao Ministro Oscar Saraiva , a par da firmeza e segurança com que o fazia, o trato amável e respeitoso para com os seus pares, para com os advogados e membros do Ministério Público. Ante o menor equívoco que cometesse e que pudesse parecer indelicadeza, ele se escusava. Explica-se. A humildade com que o fazia tinha a força de lhe aumentar a autoridade presidencial, a admiração e o respeito de quantos o cercavam.

Quem, de perto, conheceu o Ministro Oscar Saraiva sabe que ele não entesourava, no coração, vingança ou ira. Tinha a divina virtude e a nobreza heróica de perdoar: Fruto de compreensão das fraquezas humanas e expressão máxima da bondade pessoal. Era, assim, por isso, também, nobre e forte.

A esse homem admirado e admirável por todos os títulos as nossas homenagens de respeito reverencial e de imorredoura saudade.

Tenho dito.

Do Exmo. Sr. Dr. Otto Rocha, em nome da Justiça Federal.

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O EXMO. SR. DR. OTTO ROCHA (JUIZ FEDERAL DA 2ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL): A Justiça Federal de Primeira Instância, neste momento em que o Tribunal Federal de Recursos presta tão comovente homenagem à memória do saudoso Presidente, Ministro Oscar Saraiva , não poderia deixar de estar presente, associando-se a tão justa e merecedora consagração.

Assim é que, na qualidade de Diretor do Foro e Corregedor da Justiça Federal – Seção do Distrito Federal, venho trazer, em nome da Justiça Federal de todo o Brasil e, principalmente, da Seção Judiciária de Brasília, a nossa palavra modesta mas sincera, para enaltecer a figura ímpar do notável Juiz que por tantos anos pontificou nesta Augusta Casa.

Desnecessário seria, após ouvirmos os oradores que nos precederam, fazer um retrospecto da vida e da obra de Oscar Saraiva . Entretanto, nós, da Justiça Federal de Primeira Instância, temos uma dívida de gratidão para com ele, pelo carinho e dedicação a todo instante demonstrados no trato dos interesses da Justiça Federal. Justiça esta que ele, num esforço sobre-humano, mas cheio de coragem e entusiasmo, tão bem soube instalar e consolidar, numa verdadeira renovação da estrutura Judiciária do País.

Esse carinho, essa preocupação já vinha desde os primeiros dias da criação da Justiça Federal, quando o inesquecível Ministro alertava em seu discurso de posse na Presidência deste Egrégio Tribunal: “No momento atual – e agora falo como Presidente do Conselho da Justiça Federal – o que urge é acelerar, por todos os meios disponíveis, a implantação dessa Justiça em sua primeira instância, como é da maior necessidade para a boa ordem dos negócios da União e para a melhor garantia dos seus cidadãos”.

Sr. Presidente, meus senhores e minhas senhoras, ao terminar estas poucas palavras, eu vos asseguro: o nome do Presidente Oscar Saraiva será por nós sempre lembrado, como nosso verdadeiro patrono, e o seu exemplo de Juiz sábio, probo e imaculado, será o guia que há de nos inspirar em nossas decisões.

Do Ilmo. Sr. Dr. Paulo Távora, em nome da Ordem dos Advogados do Brasil (Seção do Distrito Federal).

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O ILMO. SR. DR. PAULO TÁVORA (EM NOME DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL): A Ordem dos Advogados – Seção do Distrito Federal, e este mandatário – vêm reverenciar na memória do Ministro Oscar Saraiva , uma vida inteiramente consagrada ao Direito e à Justiça.

Realizou este nobre apostolado com todas as veras do coração, iluminado por uma inteligência de escol e servido de cultura humanística e jurídica, meditada sobretudo nos estudos de Direito Constitucional e Administrativo e nos temas de Legislação Social.

Sua vida é a realização de um predestinado para o Direito. Filho de Juiz, herdou a vocação paterna, cultivando-a em brilhante curso acadêmico, que lhe granjeou o bacharelado com láurea. Distinção que havia de marcar, com nota constante, todas as atividades de seu ministério jurídico.

Advogou nos pretórios da antiga Capital da República, e os contemporâneos de foro assinalam o estudioso das questões submetidas a seu patrocínio e o zelo inexcedível nos deveres do mandato.

Mas, a alma criadora do jurista encontrou na sistematização em curso das normas do Direito Social, no magistério de seus princípios informadores e na estruturação dos vigamentos da Justiça do Trabalho – a seara propícia à sua fecunda contribuição ao novo Direito.

Neste sulco, prega em tese com que se apresenta à livre docência da cadeira de Direito Industrial, a responsabilidade do jurista no ajustamento e formulação dos comandos legais aos fatos da dinâmica social, para que as suas transformações se operem sob a égide do Direito, enfatizando, nestas palavras, a missão do jurisperito:

“O Jurista hoje, não pode ser apenas um compilador de usos ou um conhecedor de textos, à feição dos glosadores medievais, mas deve ter imaginação criadora e faculdade de observação e de generalização dos fenômenos sociais, de modo a poder acompanhá-los pari passu, e até mesmo antecipar-se a sua evolução, traçando as normas

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de seu desenvolvimento futuro, a fim de evitar a revolta dos fatos contra os Códigos e impedir que as transformações sociais se operem pela via da violência em vez da via jurídica”.

É sob a inspiração desses propósitos que o jurista plasma sua magistratura no Tribunal Superior do Trabalho.

Juiz consagrado nesse foro de Justiça Social, vem integrar este Recinto, que monopoliza na cena judiciária da segunda instância federal o confronto de interesses do indivíduo e de seu meio político, entre o Estado compromissado com a guarda do bem comum, e as garantias da pessoa, penhor de suas liberdades e do destino da Nação.

Nesta fase coroada da judicatura do Ministro Oscar Saraiva , coube aos advogados de Brasília o privilégio de sentir de perto as qualidades de coração e os dotes de seu espírito, transfundidos em votos de lavra peregrina, na pureza da aferição dos fatos à lei, na serenidade e segurança de seus julgamentos.

Pelas excelsas virtudes de sua pessoa, pelo aprofundado saber, a consciência do justo e a independência de vistas, choramos a perda do grande juiz, que nos lega o exemplo e o ensinamento de uma vida dedicada ao sacerdócio do Direito e da Justiça.

Do Exmo. Sr. Ministro Godoy Ilha.

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O EXMO. SR. MINISTRO GODOY ILHA: Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

Apenas, para comunicar à Casa o desempenho do honroso encargo a mim confiado por V. Exa. de representar o Tribunal nos funerais do nosso saudoso colega, o Ministro Oscar Saraiva .

Na ocasião, proferi, em nome dos Membros desta Corte, a breve oração de despedida, que passo à Taquigrafia:

Saraiva . Meu inolvidável amigo.

Venço as emoções deste instante penoso e aqui estou à beira do teu corpo inanimado, para trazer-te o adeus e as despedidas dos teus colegas do Tribunal Federal de Recursos, que tanto engrandeceste por quase um decênio de operosa e fulgente judicatura.

E ao teu velho companheiro da 2ª Turma, cabe o pungente encargo de, perante o túmulo que se abre, traduzir, na inteligência do seu verbo, toda a extensão da nossa mágoa e da nossa dor diante do inesperado da tua morte, que as surpreendentes resistências do teu organismo não deixavam entrever para tão cedo.

As árduas tarefas da Presidência do Tribunal, que tive a fortuna de passar às tuas mãos experientes, haviam de minar a tua saúde e, ao expirar os últimos instantes do teu mandato, faltou-te ela para transmiti-lo ao teu sucessor. Já a Parca rondava à tua porta e tombaste, ao término da fecunda jornada, pela devoção do teu apurado espírito público e pela extremada compenetração dos deveres funcionais.

A evocação do exemplo edificante da tua vida é o maior legado que deixas aos pósteros.

Forrado de sólida cultura humanística, madrugaste para a vida do Direito e já no alvorecer da tua mocidade os mais altos encargos passaram às tuas mãos e acabaram por revelar o jurista consumado, cuja atuação havia de transpor as fronteiras do País, em relevantes conclaves e prestigiosos organismos internacionais.

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Honraste a cátedra e enriqueceste as nossas letras jurídicas com trabalhos de realçado merecimento, mas havias de te sublimar na função de juiz, que o foste por excelência, por uma invencível vocação familiar. As tuas predileções pelo Direito Social, de cuja opulenta legislação foste o grande artífice ao longo do largo período em que ocupaste a Consultoria Jurídica do Ministério do Trabalho, abriram-te os cancelos do Tribunal Superior do Trabalho, onde, por mais de um lustro, pontificou o jurisperito exímio.

Mas, sensível às seduções do Direito Público, ascendeste ao Tribunal Federal de Recursos, onde haviam de fulgir os primores da tua invejável cultura jurídica, a par do equilíbrio, da ponderação do verdadeiro magistrado e da retidão de um caráter sem jaça.

A dizer da tua passagem pela nossa Casa lá estão os traços luminosos dos votos que proferiste, que engrandecem os nossos arestos e enriqucem os anais judiciários.

Culminaste a tua carreira de magistrado alcançando a Presidência da Corte, a que deste invulgar relevo e deixaste, como marcos indeléveis, a conclusão da sua majestosa sede e a definitiva implantação da Justiça Federal de 1ª Instância, de cuja criação foste magna-pars.

À tua austera postura de Juiz não faltavam, todavia, os acentos de um trato cordial e ameno que te fizeram admirado e estimado por todos, que agora pranteiam a tua morte e hão de reverenciar a tua já saudosa memória.

À tua estremecida e devotada companheira e aos teus, que conosco amargam a dor da despedida, deixamos aqui as sentidas condolências dos juízes e servidores do Tribunal Federal de Recursos.

DISCURSO DE ELOGIO AO EXMO. SR. MINISTRO OSCAR SARAIVA, PATRONO DA CADEIRA Nº 27,

DA ACADEMIA PAULISTA DE DIREITO, PELO EXMO. SR. MINISTRO LUIZ ROBERTO DE REZENDE PUECH, ACADÊMICO-TITULAR, PUBLICADO NA REVISTA DA

ACADEMIA PAULISTA DE DIREITO, Nº 2 - ANO 2 - 1973.

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OSCAR SARAIVA

Desprendo-me de minha justificada modéstia ao chegar à vossa presença neste momento, dominado que sou por imenso orgulho ao assumir uma das Cadeiras deste Cenáculo das letras jurídicas, na qual se fixou minha condição de titular.

Certo, porém, não me cega o orgulho, advertindo-me a consciência e trazendo-me a plena certeza de que imerecida esta glória, perdidos meus escritos no turbilhão de minha vida profissional, na caminhada em busca do “Direito Novo”, no qual fui sempre e simplesmente um noviço, e onde tantos, autodidatas como eu, perseguimos o mesmo ideal.

Consta que o irreverente Voltaire ao ser recebido na “Loja das Nove Irmãs”, agradecendo a homenagem de que era alvo, proclamou haver conhecido, pela primeira vez, a vaidade, mas, principalmente, o reconhecimento.

Por certo hão compreendido os meus ilustres Confrades o quanto -– sem a irreverência cética do genial parisiense – prende-se ao orgulho deste instante o meu reconhecimento – este, sim, por todo o sempre e que mais uma vez reafirmo – aos senhores fundadores desta nossa Academia os quais, em Assembléia Geral, honraram-me com seus votos e consagraram-me à imortalidade, oferecendo a mim a única das vagas – dentre os 12 então em disputa e que na forma estatutária se destinava à magistratura e quando nesta era eu recém-ingresso pois completava apenas meu primeiro biênio.

Falar-vos-ei de Oscar Saraiva – e a apresentação é formal desde que o jurista que nele se constituiu era merecidamente acatado, notabilizado pela sua relevante contribuição em vários setores da ciência do Direito, especialmente com a elaboração legislativa e exegética de nosso Direito do Trabalho e da Previdência Social ou, “tout court”, do Direito Social Brasileiro como a ambos definiu, em síntese feliz, nosso eminente Presidente Professor Cesarino Júnior.

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Determinaram esta minha escolha diversas razões – e havereis de compreendê-las no curso de minha exposição, conquanto as sintetize desde logo: a primeira é a personalidade de Oscar Saraiva , a merecer exaltados seus grandes méritos, escondidos sob sua modéstia mas que afloravam a todo instante em sua vida profissional. Acresce que, despretensioso, trazia em sua exemplar conduta constantes mensagens de amizade fraterna, cativando a quantos tiveram a ventura de conhecê-lo; ponderou, ainda, em favor de minha escolha, o haver ele nascido em São Paulo, sede de nossa Academia, voltado – como voltado tem sido e será o nosso Estado natal, e também a nossa Academia – para os supremos interesses da ciência jurídica, a serviço do Brasil, na melhor das vocações nacionais; tive em vista, finalmente, sua atividade multiforme e complexa, de natureza científica, e a maneira pela qual sentia o Direito Social, sob a ponderação do interesse público, de forma a permitir-me situá-lo, com a autoridade de sua argumentação, entre os juspublicistas – corrente doutrinária de minha predileção na compreensão do Direito Social.

Feita a escolha e comunicada ao Exmo. Sr. Presidente da Academia, duas circunstâncias vieram colori-la marcando coincidências que referirei dentro em pouco.

1. O homem Oscar Saraiva

Nasceu Oscar Saraiva em São Paulo, à Alameda Glette, sendo batizado na Igreja Santa Cecília. Descendia de ilustres juristas que muito o inspiraram em sua vida de cultor do Direito: o pai, J. J. Saraiva Júnior, magistrado que fez carreira no Rio de Janeiro, para onde iria Oscar Saraiva em tenra idade e onde faria os estudos no Colégio Santo Ignácio, diplomando-se em Direito pela Universidade do Brasil, laureado com o “Prêmio Conselheiro Cândido de Oliveira”, pois foi o melhor aluno de sua turma.

Talvez mais marcadamente influiria em sua vida a figura de seu tio-avô, Canuto Saraiva, como seu pai nascido na cidade de Areias, às margens do orgulhoso Rio Paraíba, - a privilegiada Areias que mais tarde daria outro Ministro ao Excelso Pretório -– o culto Ministro Raphael de Barros Monteiro. Em artigo publicado em “O Estado de São Paulo”, edição de 1º/10/1941, disse Júlio César de Faria que, ao abrir-se vaga no Supremo Tribunal Federal, pela morte do insigne Ministro Piza e Almeida, indicou Pedro Lessa o nome de Canuto Saraiva, desincumbindo-se assim da missão a ele atribuída pelo Presidente da República, Dr. Afonso Penna, o qual tinha em Pedro Lessa constante conselheiro. E surge aqui a primeira das coincidências a que agora me reporto, desde que era o Ministro Piza e

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Almeida meu tio-avô, sucedido no Excelso Pretório pelo tio-avô de Oscar Saraiva .

Pelo lado materno – como só há pouco fiquei sabendo – e é a segunda coincidência – era Oscar Saraiva da família Marcondes Machado, da qual descende por pai e mãe, tendo assim, ambos, o nobre patrono como também eu, ascendência fincada na magnífica Pindamonhangaba, a “Princesa Ovante” como foi denominada. Aliás, também ascendentes em Pindamonhangaba tem o preclaro Presidente do Conselho Curador de nossa Academia, Ministro Pedro Rodovalho Marcondes Chaves – Patrono dos juízes – categoria em que se inscreve a vaga para a qual fui eleito em minha condição de magistrado. Do avô de Oscar Saraiva , Rodrigo Lobato Marcondes Machado, encontram-se as mais autorizadas referências, definindo-o como expressão modelar de homem público, líder da bancada liberal, membro da Comissão elaboradora da Constituição do Estado de São Paulo e autor da reforma judiciária paulista de 1891. Nele teria Oscar Saraiva as inspirações para o desprendimento e para a vocação com que tanto e tão bem serviria o País.

De Rodrigo Lobato herdaria o neto, além da extraordinária semelhança física, o temperamento tranqüilo, ressaltado pelas crônicas do tempo e quando, em vésperas da implantação do regime republicano, defendia suas convicções liberais sem deixar de compreender – talvez mesmo por força da sinceridade na sua posição liberalista – a implacabilidade da República a aproximar-se. E assim soube sempre manter-se, sereno em meio aos entrechoques do momento histórico.

Ocorrem-me, a propósito da serenidade do neto ilustre, os debates que presenciei no Tribunal Superior do Trabalho por volta de 1955. Ali me achava na condição de Procurador Regional do Trabalho, tentando solucionar extensa greve que tumultuava a cidade de São Paulo e que dependia da Presidência daquela Corte. Enquanto aguardava a audiência que me seria concedida pelo então Presidente, Ministro Delfim Moreira Júnior, fiquei assistindo aos debates, que se tornavam agitados. A certo momento era Oscar Saraiva veementemente interpelado por um dos mais combativos dentre seus eminentes companheiros. Foi necessário ao Presidente suspender a sessão por alguns minutos para que amainasse os ânimos, conturbados, como me fora possível observar, não por culpa de Oscar Saraiva , ameno em meio à tempestade que se formara. Nem mesmo se alterou Oscar Saraiva ao depois, na sala do café, para onde fui convidado e me achava cerimoniosamente quando, de certa forma, houve tentativa de reabrir-se a discussão. Alheio às interpelações impertinentes a ele dirigidas, e tirando-me do constrangimento que estas me causavam, logo exclamou, dirigindo-se a mim: “Meu caro Procurador, leve para a

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nossa querida São Paulo minha mensagem fraterna pois não se esqueça de que sou seu conterrâneo. Apesar de sempre longe de São Paulo, mantenho vivo o orgulho de ser paulista.”

2. A carreira

Ao encerrar seus estudos jurídicos – com distinção em todos os anos do curso e tendo apenas 21 anos de idade – depois de passar pelo jornalismo, iniciado nos bancos acadêmicos, foi Oscar Saraiva ocupar, em 1928, o lugar de Adjunto de Procurador do Conselho Nacional do Trabalho, órgão então vivificado e destinado a preservar a ordem social. Fixava-se, portanto, Oscar Saraiva como juslaboralista antes mesmo que a ciência jurídica correspondente surgisse no Brasil. Criado em 1923, segundo se dizia em, cumprimento ao Tratado de Versailles, o Conselho Nacional do Trabalho sofrera modificações estruturais em 1928, quando passou a integrá-lo Oscar Saraiva , sob a chefia de Viveiros de Castro, o qual proferira, anos antes, na Faculdade de Filosofia e Letras do Rio de Janeiro, oito excelentes palestras sobre a Questão Social e que certamente influiriam na criação daquele novo órgão em o qual Oscar Saraiva daria os primeiros passos de sua brilhante carreira. Para que se tenha uma idéia da projeção político-social do Conselho, basta registra-lhe a presença de conselheiros ilustres, dentre os quais destaco as personalidades eminentíssimas de Afrânio Peixoto, Afrânio de Mello Franco, Ataulfo de Paiva, Francisco Monlevade, Carlos de Campos, Júlio Prestes, Manoel Pedro Villaboim. Ressalte-se, principalmente, o ato oficial de 1928, do saudoso e preclaro Presidente Washington Luiz adotando novas medidas para que o Conselho Nacional do Trabalho ficasse apto às atribuições executivas com as quais pudesse o seu governo atender às exigências das legislações previdenciária e acidentária. Estas, ainda que incipientes, figuravam, portanto, nas preocupações do governo deposto pela revolução de 1930, e então Oscar Saraiva passaria a ser aproveitado, inspiradamente, como Adjunto de Procurador. Ascenderia, em seguida, a Procurador do Departamento Nacional do Trabalho – órgão resultante da Lei nº 5.407, de 1927, como pretendido pela mensagem do Presidente da República. Passaria em seguida Oscar Saraiva a organizador e primeiro presidente do Instituto dos Bancários, em 1936; Procurador-Geral do Instituto dos Bancários, nesse mesmo ano; membro, Vice-Presidente e Presidente da Câmara de Justiça, do Conselho Nacional do Trabalho, de 1939 a 1945; Consultor Jurídico da Coordenação da Mobilização Econômica, de 1942 a 1945; Presidente da Comissão Permanente do Trabalho, em 1950; Consultor Jurídico do Ministério do Trabalho, de 1950 a 1955; Procurador-Geral da Prefeitura do Distrito Federal, em 1951 e 1952; Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, de 1955 a 1960;

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Ministro do Tribunal Federal de Recursos, desde 1960 até quando a morte o colheu em plena atividade. Por duas vezes, ao tempo em que era Ministro do Trabalho o Dr. Alexandre Marcondes Filho, Oscar Saraiva teve ocasião de ocupar aquela pasta interinamente.

Nesta enumeração dos vários postos que ocupou – acumulando-os tantas vezes e sempre sem ônus para os cofres públicos – estava Oscar Saraiva a confirmar as duas poderosas influências que recebeu de seus dignos ascendentes – a formação jurídica aprimorada e o zeloso desempenho das funções administrativas.

3. As atividades legislativas e culturais em plano nacional e internacional.

Os dotes a que nos referimos evidenciaram-se ainda sob aspectos, na atividade cultural e na legislativa, em que Oscar Saraiva seria persistente: no exercício das funções públicas era eficiente legislador, quando, no sistema de governo da época, as funções legislativas eram cumuladas pelo Executivo. Ao lado de seus insignes companheiros, desincumbiu-se de missões da maior significação, como por exemplo a de elaborar o anteprojeto da lei que criaria as primeiras Juntas de Conciliação e Julgamento, tal como ainda funcionam em nosso País. Sua participação na elaboração da Consolidação das Leis do Trabalho também foi relevante conquanto não ostensiva. Contou-me Alexandre Marcondes Filho que, ao promover a consolidação da legislação social, criou duas Comissões: uma, para a legislação trabalhista, presidida pelo saudoso Luiz Augusto do Rego Monteiro; outra, para a legislação da previdência social, presidida por Oscar Saraiva . Abandonada, logo em seguida, oficialmente, a idéia de consolidar as leis previdenciárias – ou previdenciais no adjetivo da preferência de nosso caro Presidente Cesarino Júnior – seguiu Oscar Saraiva a participar, voluntária e dedicadamente, dos trabalhos da outra Comissão. Por isso mesmo, explicou-me Marcondes Filho, em reconhecimento à sua valiosa colaboração, convidaram-no os demais membros a também assinar o Relatório Geral que acompanha o anteprojeto. Na verdade, no texto afinal consolidado, nota-se o “dedo” de Oscar Saraiva , como diria a gíria lusitana.

Em plano internacional, ainda e sempre sem ônus para os cofres públicos, confirmando sua vocação científica e patriótica, representou o Brasil em diversas conferências, entre as quais a Conferência da Organização Internacional do Trabalho, em 1938 e em 1939, bem como a Conferência Interamericana de Segurança Social, em 1947, no Rio de Janeiro, e a IV Conferência dos Estados da América, em Montevidéu, em 1949.

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Ao examinarmos, nos cinco Congressos Internacionais, sua participação, vemos que os assuntos tratados seriam por certo da predileção do próprio Oscar Saraiva , quais sejam: as condições de trabalho dos trabalhadores indígenas e dos trabalhadores migrantes; as condições de trabalho nas rodovias, isto é, dos denominados carreteiros; o seguro social contra acidentes do trabalho e a respectiva estatística; os serviços de emprego e o seguro-desemprego; a segurança social sob os ditames da colaboração internacional.

Delegado do Brasil à “Consulta em Matéria de Seguridade Social”, no auge da Segunda Guerra Mundial, em julho de 1943 – promovido o encontro pela Organização Internacional do Trabalho com vistas à futura paz – participou de mesa-redonda em Montreal, irradiados os debates para o mundo e tendo como co-participantes alguns luminares da especialidade, entre os quais o imortal William Beveridge, pela Grã-Bretanha, e o célebre Leonard Marsh, canadense, também já então autor de plano magistral de segurança social. À leitura dos diálogos que foram travados, reencontramos novas confirmações da sua sobranceria em defender a unificação dos órgãos de previdência social e o sistema de contribuição tríplice, ou seja, dos empregados, dos empregadores e do governo.

Seus pareceres, estudos, votos e acórdãos marcaram pontos fundamentais na instituição do Direito do Trabalho no Brasil.

Se algum dia for escrita a história do Judiciário Trabalhista pátrio, há de ela basear-se fundamentalmente no quanto, ao lado de eminentes companheiros – entre os quais Oliveira Viana, Rego Monteiro, Bezerra de Freitas, Dorval Lacerda, para citar apenas dentre os falecidos – para ela contribuiu Oscar Saraiva . Sucedendo a Oliveira Viana na Consultoria Jurídica do Ministério do Trabalho, em 1940 – cargo que ocupou durante os anos de mais intensa elaboração legislativa do Direito do Trabalho e da Previdência Social – quando não de sua iniciativa os atos legislativos nesses dois campos, era de sua autoria a exegese da qual se asseguravam os textos vigentes, ou estruturavam-se as linhas básicas, doutrinárias, até hoje imperantes em nosso Direito Social. Com rigorosa fidelidade aos princípios internacionais, mesmo universais, inspiradores do Direito positivo dos países civilizados, assumia o Brasil condição pioneira, modelar, fundada nos estudos dos ilustres assistentes técnicos do Ministério do Trabalho, entre eles – suave e fraternal, porém sábio e autorizado – o Patrono desta Cadeira.

Jamais detiveram-no as resistências com que as elites conservadoras procuravam conter aquela torrente legislativa que Oscar

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Saraiva preconizava, ou a que dava a devida forma. Ele bem sabia que, ao invés de uma arma perigosa – como as apontavam aquelas resistências – as iniciativas legislativas serviriam à Ordem e ao Progresso: o direito a férias; o direito à estabilidade no emprego; as relações coletivas de trabalho; o direito à sindicalização; a proteção ao trabalhador nacional; a limitação da jornada de trabalho; o trabalho de mulheres e de menores; a organização dos Institutos de Aposentadoria e Pensões seguindo-se à das Caixas, e do Instituto Único de Seguros Sociais como etapa necessária; tudo isto se fez dentro da sistemática que o Patrono da Cadeira 27 havia proposto e que seus escritos explicaram, justificaram, interpretaram e consolidaram.

É fácil dizer-se hoje, por exemplo, que não prevalecem os contratos entre as barbearias e seus empregados ou entre as padarias e seus empregados, atribuindo-lhes a condição de autônomos. Mas, ao tempo dos primórdios, quando Oscar Saraiva era um dos mais válidos lutadores, fazia-se necessário dizê-lo como ele sabia dizer, com clareza e precisão técnica. Cabe lembrar ainda, como exemplo, a distinção entre o contrato de trabalho e o de empreitada, pois que sob o nome de empreitada, procuraram muitos patrões evadir-se à incidências das leis sociais. As demissões de empregados estáveis sem as formalidades legais, à luz da Carta Constitucional de 1937; a garantia da contagem do tempo de serviço do empregado, qualquer fosse a alteração na empresa; a integração dos abonos nos salários para as conseqüências legais, salvo ordem expressa em contrário, eis outros exemplos das matérias em que Oscar Saraiva interferiu decisivamente, cujas afirmações ninguém mais ousa contestar.

Em conferência sobre o Plano Beveridge, explicou o real alcance da famosa programação destinada a suplantar os “cinco gigantes”, capazes de conduzir as coletividades ao desamparo e ao desespero; o estado de necessidade; a moléstia; a ignorância; o desasseio; a desocupação. Queria Oscar Saraiva que essa programação prevalecesse universalmente para as reformas profundas, conducentes à vida para o após-guerra. Citava, por isso, o liberal britânico em sua frase famosa: “A time for revolutions, note for patching”. Na Organização Internacional do Trabalho, como membro do Conselho Técnico de 1964 a 1969, não fugiria a essas suas diretrizes.

4. O administrativista e o humanista

Sua vocação pelo Direito do Trabalho e o da Previdência Social não impediriam seus pendores pelo Direito Administrativo. Aliás, certo é que ao juslaboralista impõe-se o aprofundamento no Direito Administrativo, principalmente quando colocado esteja sob as diretrizes

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juspublicistas – e esta era, como já referi, a posição de Oscar Saraiva , identificado por Cotrim Neto como um dos primeiros estudiosos da entidade autárquica no Brasil.

A sociedade de economia mista, as fundações, a empresa pública, as autarquias, dele receberam especial atenção, não apenas quanto à contratação do pessoal, como também quanto às respectivas estruturas jurídicas. Então poucos, como ele, procuraram fixar as formas através das quais o poder público ia descendo à atividade privada, nem sempre com obediência aos princípios ortodoxos.

Embora aceitasse a denominação “Fundações Públicas” – com a contradicio in terminis denunciada pelo autorizado Hely Lopes Meirelles – não escapou a Oscar Saraiva explicar, com precocidade, os objetivos que tem o Estado ao socorrer-se das instituições privadas. “Novas formas constantemente surgirão, buscando sempre atender ao campo cada vez mais dilatado de suas atribuições”, dizia ele há cerca de 20 anos, e o tempo decorrido daria plena confirmação às suas palavras pioneiras.

Sua conferência, proferida nessa época, analisando a expansão das atividades estatais, referia a importância da definição legal do pessoal admitido pelo Estado. O regime seria estatutário nas atividades específicas do poder público; todavia, se desmembradas e exercidas autonomamente, ou se o ente autárquico estivesse destinado às atividades industriais – quais sejam “as que poderiam ser ou são também exercidas por particulares e visam à criação ou distribuição de utilidades ou à prestação de serviços” – os servidores seriam assalariados típicos.

Nos dias atuais, sob o sistema híbrido da Constituição e das leis atinentes, notamos ter-se afastado a organização nacional das diretrizes básicas, recomendadas elementarmente, confundindo o regime do pessoal servidor do Estado, e até mesmo a competência dos órgãos judicantes. Longe estamos das criteriosas lições de Oscar Saraiva , desarmonizados os privilégios em razão da matéria com os privilégios em razão das pessoas, surgindo situações práticas que desgarram da indeclinável primazia do interesse público.

Evidentemente, não é possível desviar esse pendor administrativista de Oscar Saraiva da atitude que assumiu em 1960, ao trocar seu posto no Tribunal Superior do Trabalho pelo de Ministro do Tribunal Federal de Recursos. Por certo já dera ao Direito do Trabalho o essencial. Seguiu então a setor em que o Direito Administrativo vive com mais intensidade, versando em seus pronunciamentos, em o novo Tribunal, teses e definições do mais transcendente interesse. Também não se desviaria de sua velha especialidade na elaboração legislativa. É de sua

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autoria a Lei 5.010, de 1966, criando a Justiça Federal a que se denominou, meritoriamente, “Lei Oscar Saraiva ”. Veio instalar a nova Justiça em São Paulo, a 29/08/1968, sancionada que fora a Lei a 29 de maio do ano precedente, dia de seu aniversário, escolhido para tanto, em homenagem ao emérito autor do anteprojeto.

Também não se afastou Oscar Saraiva de suas tendências juspublicistas como Professor contratado da Cadeira de Economia Política, do Curso de Doutorado da Faculdade Nacional de Direito da Universidade de Brasília, ou quando passou à condição de professor de Ciência Política nesta mesma Universidade. Na cadeira de “Introdução à Ciência Política”, juntamente com os Professores Brandi Aleixo, Sully Alves de Souza e Abranches Viotti, desenvolveu plano modelar para suas aulas. Deixou-as, inclusive, prontas para serem publicadas. Tive o texto em mãos, confiado por sua filha que as conserva com zelo exemplar. Com a aprovação de seus três eminentes companheiros de magistério, a respectiva publicação muito poderá auxiliar aos estudiosos do Brasil.

Em nossa esplêndida Brasília, onde viveria os últimos anos de sua vida profícua, soube Oscar Saraiva retemperar as tão costumeiras e justificadas saudades do Rio de Janeiro – a cidade maravilhosa onde vivera a maior parte de sua vida – com o bandeirismo que vivia em suas veias pelo sangue de seus antepassados. Talvez esse bandeirismo também, melhor explique a caminhada que fez pela doutrina do Direito do Trabalho, da Previdência, do Direito Administrativo, e também da Ciência Política. O adjetivo “social” estava sempre presente em seu pensamento e em sua ação pelo caminho principal ou pelos atalhos de sua especialização. Queria o atendimento, pelo Estado, das denominadas obrigações positivas da administração pública.

De ressaltar-se, finalmente, o humanismo de Oscar Saraiva . Em seu livro “Estudos de Direito Administrativo e de Direito Social”, no qual reuniu seus pronunciamentos de maior significação, encontram-se reiteradas afirmações que bem exprimem seu profundo humanismo. A doutrina inaciana, e o juslaboralismo a partir de sua mocidade, interligar-se-iam para dirigi-lo rumo à vida que soube viver.

Sob notável ânsia renovadora não cessariam, senão ao seu último suspiro, suas valiosas iniciativas, no estudo e na atividade no setor público. Para tanto, lograva reunir as duas condições essenciais a que se referiu Alcântara Machado em discurso proferido na Academia Brasileira de Letras, e sem as quais não se completam os cultores do Direito: “a lucidez do pensamento e a perfeição da forma”. E ainda atento às advertências daquele mesmo jurista e beletricista bandeirante, tinha Oscar Saraiva

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presente a palavra de Von Ihering, para quem “a matéria jurídica é essencialmente poética no que entende com a defesa da personalidade”.

As inspirações jesuíticas de sua formação escolar, insisto, sentimo-las na maneira pela qual constantemente propugnava pelas reformas, atento aos direitos humanos. Queria promovê-las, e as ia alcançando, com brandura, pela prática suasória. Era também seu o lema de Maxime Leroy ao procurar, para a sociedade, elementos estáveis de reformismo permanente. Por isso mesmo, válidas lhe foram sempre as palavras de Ignácio de Loyola quando dizia não bastar “seja uma coisa bela e boa em si mesma; deve ser boa ainda em relação às circunstâncias do momento e nas suas conseqüências”.

Eis a figura do Patrono da Cadeira 27 desta nossa Academia, como a relembro em rápida síntese. Na linguagem de seu século, falou para o futuro. Revelou-se precursor, por suas idéias e por suas obras, em busca do progresso social latu sensu, visando ao bem de seus concidadãos, de sua pátria, e deixando a melhor demonstração válida para sempre, de que não basta a semente do progresso, é preciso haja o solo fértil da Justiça Social. Sobreviveria, para ele, sempre, a verdade suprema que deixou escrita o Papa João XXIII em sua monumental Mater et Magistra: “A prosperidade econômica de um povo deve medir-se, não tanto pela soma total de seus bens e riquezas, como pela justa repartição deles, segundo os preceitos da justiça, para que todos os cidadãos possam progredir e se aperfeiçoar”.

Assim fique, pois, em preito merecido, nesta Casa e nesta Cadeira 27, inscrito ad imortalitatem, o nome de Oscar Saraiva .

DISCURSO DO EXMO. SR. MINISTRO JORGE LAFAYETTE GUIMARÃES, NA INAUGURAÇÃO DA PLACA DA

BIBLIOTECA MINISTRO OSCAR SARAIVA, EM 15/06/1973.

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O EXMO. SR. MINISTRO JORGE LAFAYETTE GUIMARÃES: Com esta solenidade, que hoje realizamos, simples, mas dotada de significação especial, ao ser inaugurada, na Biblioteca deste Tribunal, a placa comemorativa da denominação que lhe foi dada – Biblioteca Ministro Oscar Saraiva – prestamos uma homenagem, justa e merecida, a um dos mais ilustres e eminentes Juízes que já integraram o Tribunal Federal de Recursos, ao qual, durante 9 anos e da maneira mais completa, dedicou sua inteligência e seu trabalho, sempre preocupado em manter, e elevar cada vez mais, o conceito e o bom nome deste Colegiado, num zelo inexcedível.

Magistrado de marcantes qualidades, intelectuais e morais, pela sua serenidade e independência, sem ostentações, pelo seu devotamento à causa da Justiça, pelo seu reconhecido espírito público e pela dedicação ao órgão a que tão bem serviu, tornou-se o Ministro Oscar Saraiva credor da nossa admiração e respeito, ao lado da estima, dos que com ele privaram, irradiada de sua personalidade simples e cativante, de homem afável e de fina educação, atencioso, mas rigoroso no tocante ao cumprimento dos deveres e à observância dos princípios éticos, que orientavam a sua conduta de cidadão e julgador.

Designado para, nesta oportunidade, usar da palavra, como intérprete do Tribunal, apesar de ser o mais moderno de seus Juízes, nomeado já após o falecimento do Ministro Oscar Saraiva , somente posso atribuir a distinção às minhas conhecidas vinculações com o homenageado, fortemente estreitadas desde quando exerci o cargo de Juiz Federal, havendo tido o prazer de aqui servir, por força de convocação e em caráter interino, sob a sua esclarecida Presidência, constituindo a sua amizade, com que fui honrado, indelevelmente gravada, motivo das mais gratas recordações.

Desnecessário será dizer, neste Tribunal, que tão bem o conhece, quem foi o Ministro Oscar Saraiva , e descrever a sua trajetória na vida pública, através dos diversos cargos ocupados, ao lado da advocacia, que exerceu até o seu ingresso na magistratura, com destaque e êxito; limito-me, pois, a mencionar os numerosos cargos por ele ocupados – Procurador do Conselho Nacional do Trabalho, Procurador-Geral da

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Prefeitura do ex-Distrito Federal, Consultor Jurídico do Ministério do Trabalho, organizador, primeiro Presidente e a seguir Procurador-Geral do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários, Procurador-Geral do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários, Presidente da Câmara de Justiça do Conselho Nacional do Trabalho, Consultor Jurídico da Coordenação da Mobilização Econômica, Presidente da Comissão Permanente do Trabalho, Membro da Comissão Organizadora do Instituto dos Serviços Sociais do Brasil, Delegado do Governo Brasileiro à Conferência Internacional do Trabalho, Ministro do Trabalho, interino, dentre muitos outros – destacando-se sempre pelo brilho com que os desempenhou.

Atraído pelo magistério, lecionou Direito Administrativo e Direito Constitucional, em cursos do Ministério do Trabalho, e Legislação do Trabalho, no Curso de Administração, mantido pelo DASP.

Na Faculdade Nacional de Direito, da Universidade do Brasil, regeu a cadeira de Economia Política, do Curso de Doutorado, e foi ainda professor de Direito Público Interno, da Escola Brasileira de Administração, da Fundação Getúlio Vargas, vindo a lecionar, na Universidade de Brasília, Direito Administrativo, passando depois a professor de Ciência Política, na mesma Universidade, cargo que desempenhou até o seu falecimento.

Ingressou na magistratura o Ministro Oscar Saraiva em 1955, nomeado para o Tribunal Superior do Trabalho, credenciado pelos seus títulos e pela atividade que desenvolvera, relacionada ao campo do Direito do Trabalho e da Previdência Social, desde 1928, antecipando-se mesmo à própria criação do Ministério do Trabalho, com o qual veio a ser implantada, a partir de 1930, a legislação trabalhista, colaborando, de forma relevante, com sua experiência, seus conhecimentos e sua cultura, inclusive em virtude dos cargos por ele ocupados, e que já foram mencionados, tornando-se, sem dúvida, um dos seus artífices, aos quais devemos a instauração da aludida legislação, uma das mais avançadas, senão a mais avançada, para a época, e que veio a se cristalizar, ainda com a sua colaboração, na Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943, até hoje vigente, em suas linhas fundamentais, não obstantes alterações impostas pelo tempo.

Revelou-se, então, o conhecido jurista, publicista e administrador, numa nova faceta de sua personalidade, um juiz de raras qualidades, pelo equilíbrio, pela acuidade com que focalizava e discernia as questões submetidas a julgamento, pela operosidade e pelo senso de Justiça, ao lado daqueles dotes, culturais e intelectuais, já demonstrados em sua anterior vida profissional, mercê dos quais foi elevado ao mais alto

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Tribunal da Justiça do Trabalho, e que passaram a ser utilizados na elevada, dignificante e árdua função de dar aplicação às leis e distribuir justiça, que fez com exatidão exemplar, seguindo o velho princípio do direito romano, suum cuique tribuere.

Pouco tempo, todavia, permaneceu o Ministro Oscar Saraiva no Tribunal Superior do Trabalho, pois em 1960 foi nomeado Ministro do Tribunal Federal de Recursos, onde, diante de um campo de atividade mais amplo, reafirmou o seu conceito de Juiz, vindo a se destacar ainda mais, como profundo conhecedor do Direito Administrativo e do Direito Constitucional, dos quais era, reconhecidamente, um especialista, revelando igual segurança em seus conhecimentos nos outros ramos de direito comercial, no direito tributário etc.

Os votos que aqui proferiu, modelares na sua técnica e linguagem, e perfeitos em seu conteúdo, constituem ainda hoje repositório valioso, aos quais, com freqüência, recorrem Juízes e advogados, para esclarecimento das questões mais difíceis e complexas, por ele abordadas, no seu estilo sucinto, claro, sóbrio e escorreito, enfrentando, diretamente, o cerne das controvérsias, com a segurança propiciada pela sua cultura excepcional e sua acuidade no exame dos problemas submetidos ao seu julgamento.

Nos debates travados no Tribunal, suas intervenções, sempre precisas e oportunas, tinham o dom de clarear, de imediato, as questões mais obscuras e emaranhadas, permitindo o seu fácil deslinde.

Convocado para o exercício, em substituição, no Supremo Tribunal Federal, ali deixou também marcada a sua passagem, pelas suas qualidades e pelo desempenho, elevado e eficiente, desta alta função.

Coube, ainda, ao Ministro Oscar Saraiva um papel preponderante na restauração da Justiça Federal de 1ª Instância, seja na elaboração do projeto da respectiva legislação, do qual resultou a Lei nº 5.010, de 1966, e do Decreto-Lei nº 253, de 1967, seja na instalação efetiva desta Justiça, removendo as dificuldades que surgiam a cada momento, providenciando o necessário ao seu funcionamento, baixando através do Conselho da Justiça Federal os Provimentos imprescindíveis, e fornecendo às diversas Seções Judiciárias os meios para tanto, num estreito contato com os respectivos Juízes, que nele encontraram sempre incentivo e apoio, do que sou testemunha.

Compreensível, pois, que à sua Biblioteca haja o Tribunal Federal de Recursos, em memória deste ilustre Magistrado, dado o nome

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do Ministro Oscar Saraiva , e assim procedendo, em ato de feliz inspiração, adotou para homenageá-lo, sem dúvida, a forma mais adequada.

De fato, se possuía o Ministro Oscar Saraiva as qualidades de Juiz que o credenciam como figura de destaque na Magistratura Nacional, merecedor da nossa admiração, do nosso respeito e reconhecimento, pelos seus méritos de jurista e pela sua ininterrupta atividade no campo cultural, não havia, realmente, homenagem mais apropriada.

Durante toda a sua vida, dedicando-se ao estudo, o Ministro Oscar Saraiva , em pareceres e trabalhos doutrinários, publicados em Revistas especializadas, abordou com maestria problemas os mais diversos, colaborando, inclusive, como já mencionado, com a maior relevância e eficiência, na criação e desenvolvimento da legislação do trabalho, que a ele muito deve.

Mas, em outros campos do direito, com igual destaque, fez sentir o Ministro Oscar Saraiva sua atuação, não sendo possível, no momento, relacionar os numerosos trabalhos por ele produzidos.

Limitar-me-ei, em conseqüência, a relacionar alguns deles, dentre os mais recentes, recorrendo, apenas, ao meu fichário, e que demonstram os seus méritos de jurista, mencionando os seguintes: “Declaração de inconstitucionalidade das leis – Empresas de seguros – Acionistas estrangeiros”, “Sociedades por Ações-Fixação do número de diretores”, “Sociedades de responsabilidade limitada – Subscrição de cotas por mulher casada”, Sociedades comerciais – Arquivamento de contrato”, “Sindicalização – Atestado de ideologia – Prova de liberdade de manifestação de pensamento – Declaração de inconstitucionalidade das leis”, “Seguros – Empresa estrangeira nacionalizada – Autorização para funcionar no País” e “Direito de Greve – Regulamentação do preceito constitucional – Atividades privadas – Serviços públicos”.

Mas, é destacar a obra publicada em 1965, que não mais é encontrada nas livrarias e da qual consegui, há anos, um exemplar, intitulado “Estudos de Direito Administrativo e de Direito Social”, onde reuniu uma coletânea de trabalhos seus, elaborados a partir de 1935, sobre estes dois ramos do Direito, e que não perderam sua atualidade, como ficou com justeza acentuado pelo Ministro Saraiva , na “Apresentação” da mencionada obra, quando, após manifestar o receio que tinha, de haver o tempo tornado obsoletos ou peremptos os conceitos expostos nos aludidos estudos, que datavam já de cerca de 3 decênios, acrescentou:

“Da leitura que fiz desse trabalho, em revisão de provas, vejo, porém, com certa ufania, que tais conceitos

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e tais proposições, vanguardeiros em sua época, e influenciados pelo ambiente político e social do tempo, não sofreram, em maioria, o desmentido dos fatos posteriores, e, ao revés, encontram, ainda hoje larga justificativa e oportunidade na vida brasileira”.

O que demonstra que, abordando temas do momento, nestes trabalhos, o Ministro Oscar Saraiva fazia um estudo em profundidade, muitas vezes como verdadeiro precursor de institutos que somente anos após vieram a ter seus contornos delineados com precisão, e projetando para o futuro os seus conceitos, contribuindo para a evolução dos mesmos e do direito, numa verdadeira missão de jurista.

Dividida esta obra em duas partes, dedicada a primeira ao Direito Administrativo, e a segunda ao Direito Social, naquela, em trabalhos que datam de 1935, 1940 e 1942, efetuou o Ministro Oscar Saraiva estudos sobre as autarquias, cujas características não estavam ainda bem delineadas, sob os títulos “Personalidade jurídica dos entes autárquicos”, “As autarquias no direito público brasileiro”, e “A organização da administração delegada”.

No estudo sobre “Novas formas da delegação administrativa do Estado”, percebendo já então a insuficiência dos instrumentos então utilizados, deteve-se o Ministro Oscar Saraiva no exame, ao lado das autarquias, do conceito das Sociedades de Economia Mista, e inclusive das “fundações públicas”, que posteriormente vieram a ser empregadas em larga escala traçando nítida distinção entre as mesmas.

De mencionar, também, os trabalhos incluídos na obra citada, sobre “A crise da administração” e “Constitucionalização da Administração Pública”, ambos igualmente atuais.

A parte relativa ao Direito Social abrange diversos trabalhos, intitulados “O Direito Social Brasileiro”, “A proteção do trabalhador na Constituição de 1946”, “A Evolução da Legislação Trabalhista Brasileira”, “O Direito do Trabalho no Brasil”, “Seguros Sociais”, “Aspectos e Evolução da Previdência Social no Brasil”, “O Seguro Social no Brasil” e “A concepção atual da Seguridade Social e sua Repercussão na Teoria Geral do Direito.”

Se nestes já demonstrava o Ministro Oscar Saraiva preocupação com estudos doutrinários que transcendiam o âmbito do Direito do Trabalho, esta tendência ficou ainda evidenciada em dois outros trabalhos, também incluídos na aludida coletânea, sob os títulos: “A Humanização do Direito” e “Do Direito de Poucos para o Direito de Todos”,

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onde faz incursões pelo campo da Filosofia do Direito, demonstrando seus conhecimentos neste setor.

No primeiro destes trabalhos, afirmou que a primazia na consideração do homem, característica do Direito do Trabalho, deveria ser arvorada em regra de aplicação geral a todo o corpo das normas jurídicas do Estado Moderno, e concluiu, a seguir, numa tomada de posição que bem revela a sua formação e seu pensamento, ao qual foi fiel como jurista e como julgador, proclamando:

“Se a mentalidade dos juristas em geral se capacitasse dos fins e dos métodos do Direito do Trabalho, e de sua ação, em todos os ramos do Direito, se dirigisse na conformidade desses fins e desses métodos, seria possível alcançar a justiça social através da mais adequada das formas de transformação pela via do direito. As normas jurídicas devem e podem conduzir a evolução social. Basta que o direito saiba adaptar-se ao sentido da vida atual, e possa dar forma hábil aos seus movimentos e às suas aspirações”.

Infelizmente, havendo o Ministro Oscar Saraiva , na já mencionada “Apresentação”, aos seus “Estudos de Direito Administrativo e de Direito Social”, prometido escrever obras orgânicas sobre estes dois ramos do direito, a morte não permitiu cumprisse a promessa, sofrendo, em conseqüência, a cultura e a literatura jurídica nacional, considerável prejuízo.

Este, em largos traços, o ilustre magistrado e insigne jurista, escolhido para dar nome à nossa Biblioteca, numa homenagem sincera, dos que tiveram a ventura de com ele privar, para que a sua lembrança não permaneça apenas em nossos espíritos e corações, mas fique gravada no Tribunal, ao qual pertenceu e que tanto honrou, como exemplo a nortear os esforços e ideais dos que aqui servem ou venham a servir, no árduo desempenho da magistratura.

Com estas palavras, tributando à memória do Ministro Oscar Saraiva , aqui hoje representado pela sua digna viúva – a Exma. Sra. Mercedes Saraiva – companheira dedicada de toda a sua vida, as homenagens que lhe são devidas, trago ainda, em nome dos Juízes deste Tribunal, a manifestação de nossa saudade e o preito da amizade, dos que com ele conviveram, sentimento imperecível, que sobrevive à contingência irreparável do seu desaparecimento.

HISTÓRICO DA BIBLIOTECA MINISTRO OSCAR SARAIVA.

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HISTÓRICO DA BIBLIOTECA MINISTRO OSCAR SARAIVA

1948 - Inauguração da Biblioteca do Tribunal Federal de Recursos, sob a presidência do Exmo. Sr. Ministro Afrânio Antônio da Costa, em 28 de junho de 1948, no Rio de Janeiro. Vinculada ao Setor de Jurisprudência.

1949 - O acervo foi acrescido de 1.059 volumes, totalizando 3.950.

1950 - O acervo passa o contar com 4.578 obras. A Biblioteca começa a ser organizada com o empenho da Diretora, D. Beatriz Diniz Speich e com a colaboração da Dra. Leda Boechat Rodrigues, com o objetivo de aperfeiçoar os trabalhos no sentido de tornar imediata e eficiente a utilização do acervo pelos Srs. Ministros.

1951 - O acervo apresenta um total de 6.189 volumes.

1952 - As dependências são ampliadas e o mobiliário aumentado.

1959 - Torna-se independente do Setor de Jurisprudência.

1960 - Transferência do Tribunal Federal de Recursos para Brasília. Em Sessão Administrativa, o Tribunal decide que, além de outros setores, a Biblioteca continuará provisoriamente no Estado da Guanabara.

1963 - A Biblioteca tem o seu acervo bibliográfico enriquecido com a doação da Biblioteca particular do Exmo. Sr. Ministro José Thomaz da Cunha Vasconcellos Filho, então Presidente do Tribunal.

1969 - Mudança da Biblioteca para o 3º andar do prédio do Tribunal Federal de Recursos, na Praça dos Tribunais Superiores.

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1970 - Início dos trabalhos de organização, com aplicação de métodos de catalogação, classificação, referência legislativa etc., sob a orientação da bibliotecária Dilke Maria B. Salgado Palhares. Criação do Setor de Documentação, subordinado à Divisão Judiciária.

1971 - Publicação, no Diário da Justiça, do Regulamento da Biblioteca. Criação do Boletim Bibliográfico, com a finalidade de divulgar o acervo e os trabalhos técnicos desenvolvidos.

1973 - Recebe o nome de Biblioteca Ministro Oscar Saraiva , a fim de homenagear o Ministro responsável pela construção do Edifício-Sede. Homenageados, também, os Exmos. Srs. Ministros Cândido Lobo e Cunha Vasconcellos, por terem enriquecido o acervo com obras jurídicas particulares.

1974 - A Secretaria do Tribunal, para atender aos princípios da Reforma Administrativa e do Plano de Classificação de Cargos, sofre uma reestruturação. A chefia da Biblioteca passa de Setor, filiado à Divisão Judiciária, a Diretoria, com a denominação de Subsecretaria de Informática e Divulgação.

1975 - Passa a ter duas publicações sob sua responsabilidade: O “Boletim Bibliográfico” e o “Boletim de Serviço”.

1977 - A Subsecretaria de Informática e Divulgação passa a ter 2 Seções e um Setor, com as seguintes denominações: Seção de Referência Legislativa, Seção de Preparação de Periódicos e Setor de Publicação e Divulgação. Recebe do Conselho Regional de Biblioteconomia da 1ª Região, o registro de nº 4, sendo uma das primeiras Bibliotecas de órgão público a receber o registro.

1978 - Recebe, como doação, a coleção jurídica particular do Exmo. Sr. Ministro Jorge Lafayette Guimarães. Recebe a 2ª bibliotecária: Miralda Cardoso Ribeiro.

1979 - Firma convênio com o PRODASEN e recebe um terminal de computador para recuperação da jurisprudência dos Tribunais.

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1980 - Transformação da Subsecretaria de Informática e Divulgação (Biblioteca) em Subsecretaria de Documentação. Possui, nesta época, 40.000 documentos, entre livros e periódicos, justificando a ampliação das instalações. Inauguração da Sala de Pesquisa “Ministro Amarílio Benjamin”.

1981 - Modificação da estrutura, que passa a ser composta da seguinte forma (Ato nº 77/81): - Seção de Legislação; - Seção de Livros, Folhetos e Periódicos; - Setor de Livros; - Setor de Folhetos e Periódicos; - Seção de Acórdãos; - Setor de Reprografia; - Seção de Pesquisa e - Setor de Terminal do PRODASEN.

1983 - Com a nova reestruturação da Subsecretaria de Documentação, a Biblioteca ficou estruturada da seguinte forma (Resolução nº 19/83): Divisão de Doutrina e Legislação - Seção de Análise de Legislação; - Seção de Análise de Doutrina; - Seção de Indexação de Periódicos e - Seção de Pesquisa.

1984 - Nova ampliação das instalações. Nomeação do Exmo. Sr. Ministro Carlos Madeira como Coordenador da Biblioteca, onde muito contribuiu para o enriquecimento do acervo.

1985 - Recebe, como doação, as obras jurídicas particulares do Exmo. Sr. Ministro Moacir Catunda.

1987 - Nomeação do Exmo. Sr. Ministro Miguel Ferrante para exercer a função de Coordenador. O quadro de bibliotecários perfaz um total de 07 profissionais, estando na área apenas 05.

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1988 - Negociação com a Subsecretaria de Biblioteca do Senado Federal e com o PRODASEN para automação do acervo bibliográfico, através da alimentação dos Bancos de Dados BIBR (livros) e PERI (periódicos). - Elaboração do Manual de Serviço da Biblioteca.

1989 - Criação do Superior Tribunal de Justiça:

- Início da automação do acervo bibliográfico;

- Criação do Informativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva , em substituição ao antigo Boletim Bibliográfico.

- Criação das Comissões Permanentes, na forma regimental, entre elas a Comissão de Documentação

1990 - Transformação da Subsecretaria de Documentação em Secretaria (Resolução nº 12/90).

Aumento do quadro de bibliotecários para 20 vagas.

A Biblioteca passa a Subsecretaria com 2 Divisões e 6 Seções:

Divisão de Doutrina e Legislação: - Seção de Processos Técnicos;

- Seção de Periódicos e - Seção de Análise de Legislação.

Divisão de Pesquisa: - Seção de Atendimento ao Usuário; - Seção de Referência Bibliográfica e - Seção de Transcrição.

1991 - Indicação dos membros que farão parte da Comissão de Documentação (Ato nº 729/91).

1992 - Criação das publicações “Direito e Justiça” (semestral), “Novas Aquisições” (mensal), “Artigos Jurídicos” (mensal), e “Boletim da Biblioteca” (anual).

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1993 - Criação da publicação anual “Atos Normativos do Superior Tribunal de Justiça”. - Recadastramento do acervo bibliográfico junto à Divisão de Patrimônio.

1994 - Criação da publicação quinzenal “Ementário de Atos Oficiais”.

1995 - Transferência da Biblioteca para a nova sede do Superior Tribunal de Justiça.

- Criação e organização da Coleção de Obras Raras.

- Disponibilização do Sistema de Legislação, que alimenta normas jurídicas selecionadas através do Diário da Justiça.

1996 - Aquisição da coleção particular do Prof. José Frederico Marques, contendo 3.200 exemplares.

- Implantação do serviço automatizado de empréstimo de publicações.

- Desenvolvimento de um projeto de ambientação para a Biblioteca, com a finalidade de adquirir mobiliário adequado.

- Criação da publicação mensal “Alerta de Concursos Públicos”.

1997 - Instalação do Sistema de Segurança para proteção do acervo bibliográfico contra qualquer tentativa de furto de material;

- Contratação de um distribuidor exclusivo para fornecimento de livros para a Biblioteca durante 1 ano, permitindo a constante atualização do acervo bibliográfico;

- Assinatura de 12 títulos de periódicos estrangeiros para compor o acervo.

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A BIBLIOTECA HOJE

O acervo bibliográfico é composto de, aproximadamente, 80.000 volumes, sendo: - 30 mil volumes de livros;

- 450 títulos de periódicos; - 45.050 volumes de periódicos; - 1.815 folhetos e separatas; - 230 teses; - Coleção completa do Diário da Justiça, desde 1948; - Coleção do Diário Oficial: mar/1948 a dez/1986 (encadernada); jan/1980 a set/1993 (microfilmada) e jan/1993 a out/1997 (CD-ROM).

O acesso ao acervo é aberto ao público interno e externo e o usuário pode solicitar os seguintes serviços:

- Fornecimento de cópias de doutrina, legislação e jurispru-dência, através da Seção de Atendimento ao Usuário, pelos telefones: 319-9404, 319-9409 e 319-9054;

- Elaboração de pesquisas, através da Seção de Referência Bibliográfica, pelos telefones: 319-9402 e 319-9403.

O empréstimo de livros é facultado aos Senhores Ministros, assessores e servidores de todas as Unidades Administrativas do Tribunal, bem como às Bibliotecas e/ou Centros de Documentação, através do empréstimo entre bibliotecas.

O acervo está organizado de acordo com o Sistema de Classificação Decimal Universal (CDU). O processo de busca é feito via computador.

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PUBLICAÇÕES ELABORADAS PELA BIBLIOTECA

- Atos Normativos do Superior Tribunal de Justiça (divulga

as normas emanadas do Tribunal);

- Bibliografia Especializada (divulga bibliografia sobre assunto selecionado da área jurídica);

- Boletim da Biblioteca (divulga o acervo bibliográfico atualizado);

- Direito e Justiça (divulga a referência bibliográfica dos artigos jurídicos, publicados semanalmente no “Caderno Direito e Justiça”, do Correio Braziliense);

- Informativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar S araiva (divulga artigos dos Ministros do Tribunal, relaciona novas publicações adquiridas e compila bibliografias específicas sobre temas da área jurídica);

- Alerta de Concursos Públicos (divulga editais e avisos de concursos públicos);

- Artigos Jurídicos (divulga os artigos de periódicos contidos nas revistas jurídicas recebidas pela Biblioteca);

- Ementário de Atos Oficiais (divulga os principais atos emanados do Superior Tribunal de Justiça, Conselho da Justiça Federal, demais Tribunais e dos Poderes Legislativo e Executivo);

- Novas Aquisições (divulga os livros recém-adquiridos para compor o acervo bibliográfico).

Endereço da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva : SAFS - Quadra 6, Lote 1 - Bloco “F” - 1º andar CEP: 70.095-900 - Brasília - DF FAX: (061) 319-9554

DOSSIÊ

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO OSCAR SARAIVA

1960

ATA DA SESSÃO ESPECIAL, DE 04/04/1960

− Posse no cargo de Ministro do Tribunal Federal de Recursos.

1961

ATA DA SESSÃO SOLENE, DE 03/04/1961

− Profere discurso em nome do Tribunal, nas posses dos Ministros Sampaio Costa e Cunha Vasconcellos, empossados nos cargos de Presidente e Vice-Presidente do Tribunal Federal de Recursos, respectivamente.

ATA DA 5ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 10/04/1961

− Profere voto de pesar pelo falecimento do Desembargador Narcélio Queirós.

ATA DA 23ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 25/09/1961

− Profere voto de pesar pelo falecimento do Ministro Edgar Oliveira Lima do Tribunal Superior do Trabalho.

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1962

ATA DA 40ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 10/12/1962

− Eleito membro suplente do Tribunal Superior Eleitoral para o biênio de 1963/1965.

1963

ATA DA 37ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 11/11/1963

− Compôs a comissão para estudar e dar parecer no Projeto de Lei nº 849/63, sobre alteração do Código de Processo Civil quanto a Mandado de Segurança.

ATA DA 39ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 25/11/1963

− Associa-se à homenagem póstuma prestada pelo Tribunal ao Presidente dos Estados Unidos da América, John Kennedy.

1964

ATA DA 1ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 09/03/1964

− Profere palavras em homenagem ao Juiz João José de Queiroz, promovido à função de Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado da Guanabara.

ATA DA 2ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA, DE 09/04/1964

− Profere palavras em homenagem ao Desembargador Márcio Ribeiro, eleito Presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

ATA DA 9ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA, DE 31/07/1964

− Palavras de agradecimento a seus pares, pela homenagem que lhe prestaram quando de sua indicação para integrar comissão destinada à aplicação de convenções e recomendações internacionais trabalhistas.

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ATA DA 11ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA, DE 08/09/1964

− Profere palavras em homenagem póstuma ao Jurista Francisco Clementino San Thiago Dantas.

ATA DA 14ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA, DE 27/10/1964

− Profere palavras em homenagem póstuma ao Ministro Delfim Moreira Júnior, do Tribunal Superior do Trabalho.

ATA DA SESSÃO ESPECIAL, DE 19/11/1964

− Presta homenagem, em nome do Tribunal, ao Ministro Cândido Lobo que se aposenta compulsoriamente.

1965

ATA DA 1ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 15/03/1965

− Reeleito membro suplente do Tribunal Superior Eleitoral para o biênio 1965/1967.

ATA DA 4ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 19/04/1965

− Agradece aos seus pares as manifestações no sentido de prestigiar e aplaudir seu exercício na Comissão de Peritos em Direito Social, da Organização Internacional do Trabalho, em Genebra.

ATA DA 11ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 07/06/1965

− Eleito para o cargo de Vice-Presidente do Tribunal Federal de Recursos para o biênio de 1965/1967.

212

− Agradece aos Srs. Ministros pela escolha de seu nome para o cargo de Vice-Presidente do Tribunal Federal de Recursos.

ATA DA SESSÃO ESPECIAL, DE 16/06/1965

− Empossado no cargo de Vice-Presidente do Tribunal Federal de Recursos para o biênio de 1965/1967.

ATA DA 24ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 27/09/1965

− Profere palavras em homenagem póstuma ao Ministro Alfredo Loureiro Bernardes, do Tribunal Federal de Recursos.

ATA DA 30ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 11/11/1965

− Convidado a representar o Tribunal Federal de Recursos na elaboração do Projeto da Organização da Justiça Federal.

1966

ATA DA 1ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 03/02/1966

− Profere voto de pesar por ocasião do falecimento do Desembargador Sadi Cardoso de Gusmão, no Rio de Janeiro.

ATA DA 2ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 10/02/1966

− Presta esclarecimentos, ao Tribunal, dos trabalhos da Comissão para a Elaboração do Projeto de Organização da Justiça Federal. Menciona o mérito do Tribunal Federal de Recursos, que foi o primeiro Tribunal a reclamar o restabelecimento dessa Justiça.

ATA DA 6ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 17/03/1966

− Agradece ao Tribunal a homenagem a ele prestada, pelo seu trabalho na elaboração do Projeto de Organização da Justiça Federal.

213

ATA DA 19ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 04/08/1966

− Eleito membro efetivo do Tribunal Superior Eleitoral para o biênio 1966/1968.

ATA DA 104ª SESSÃO, DE 14/11/1966 - TSE

− Profere palavras em homenagem ao Ministro Antônio Villas Boas, por ocasião do término de seu mandato como membro do Tribunal Superior Eleitoral.

ATA DA 105ª SESSÃO, DE 17/11/1966 - TSE

− Profere palavras em homenagem ao Ministro Antônio Gonçalves de Oliveira, por ocasião de sua eleição como Presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

1967

ATA DA SESSÃO ESPECIAL, DE 12/06/1967

− Eleito para o cargo de Presidente do Tribunal Federal de Recursos para o biênio de 1967/1969.

− Agradece em seu nome e em nome do Ministro Amarílio Benjamin as suas escolhas para Presidente e Vice-Presidente do Tribunal Federal de Recursos, respectivamente.

ATA DA 16ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 15/06/1967

− Agradece ao Ministro Antônio Neder suas palavras de parabenização pela eleição como Presidente do Tribunal, em seu nome e em nome do Vice-Presidente, Ministro Amarílio Benjamin.

ATA DA 37ª SESSÃO, DE 22/06/1967 - TSE

− Profere palavras de saudação pela investidura do Ministro Evandro Lins e Silva como membro do Tribunal Superior Eleitoral.

214

ATA DA SESSÃO ESEPECIAL, DE 23/06/1967

− Posse no cargo de Presidente do Tribunal Federal de Recursos para o biênio 1967/1969.

− Agradece as homenagens recebidas quando de sua posse como Ministro Presidente do Tribunal Federal de Recursos.

ATA DA 27ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 05/10/1967

− Profere palavras em homenagem ao Ministro Hahnemann Guimarães, do Supremo Tribunal Federal, por ocasião de sua aposentadoria.

1968

ATA DA SESSÃO ORDINÁRIA, DE 08/01/1968 - TSE

− Profere palavras de congratulação ao Ministro Francisco Xavier de Albuquerque, que toma posse como membro do Tribunal Superior Eleitoral.

ATA DA 18ª SESSÃO, DE 16/04/1968 - TSE

− Profere palavras em homenagem à memória de Afonso Penna Júnior, ex-Ministro da Justiça, por ocasião de seu falecimento.

1969

ATA DA 4ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA, DE 24/03/1969

− Profere voto de pesar pelo falecimento do Ministro Romeiro Netto, Vice-Presidente do Superior Tribunal Militar.

ATA DA 14ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 22/05/1969

− Profere voto de pesar pelo falecimento do Ministro Barros Barreto, ex-Presidente do Supremo Tribunal Federal e que presidiu a instalação do Tribunal Federal de Recursos em Brasília.

215

ATA DA 16ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 12/06/1969

− Congratula-se com os Ministros Amarílio Benjamin e Armando Rollemberg por terem sido eleitos Presidente e Vice-Presidente do Tribunal Federal de Recursos, respectivamente.

ATA DA 51ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 21/08/1969 - TSE

− Recebe homenagem póstuma do Tribunal Superior Eleitoral.

ATA DA SESSÃO ESPECIAL, DE 26/08/1969

− Recebe homenagem póstuma do Tribunal Federal de Recursos.

1984

ATA DA 20ª SESSÃO ORDINÁRIA, DE 28/06/1984

− O Tribunal Federal de Recursos registra a homenagem póstuma que o Tribunal Superior do Trabalho presta ao Ministro Oscar Saraiva , admitindo-o nos quadros da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, no grau de Grã-Cruz.

Coletânea de Julgados e Momentos Jurídicos dos Magistrados no TFR e STJ

Volumes publicados:

1 - Ministro Alfredo Loureiro Bernardes 2 - Ministro Washington Bolívar de Brito 3 - Ministro Afrânio Antônio da Costa 4 - Ministro Carlos Augusto Thibau Guimarães 5 - Ministro Geraldo Barreto Sobral 6 - Ministro Edmundo de Macedo Ludolf 7 - Ministro Amando Sampaio Costa 8 - Ministro Athos Gusmão Carneiro 9 - Ministro José Cândido de Carvalho Filho 10 - Ministro Álvaro Peçanha Martins 11 - Ministro Armando Leite Rollemberg 12 - Ministro Cândido Mesquita da Cunha Lobo 13 - Ministro Francisco Dias Trindade 14 - Ministro Pedro da Rocha Acioli 15 - Ministro Miguel Jeronymo Ferrante 16 - Ministro Márcio Ribeiro 17 - Ministro Antônio Torreão Braz 18 - Ministro Jesus Costa Lima 19 - Ministro Francisco Cláudio de Almeida Santos 20 - Ministro Francisco de Assis Toledo 21 - Ministro Inácio Moacir Catunda Martins 22 - Ministro José de Aguiar Dias 23 - Ministro José de Jesus Filho

Composto pela Seção de Editoração Cultural da Secretaria de Documentação e impresso pela Divisão Gráfica do

Conselho da Justiça Federal. Brasília, 1998.