edição do centenário 04

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Caderno 4 EDIÇÃO ESPECIAL CENTENÁRIO DE DIVINÓPOLIS - SEXTA-FEIRA - 1º DE JUNHO DE 2012 A oficina da Ferrovia Centro-Atlântica de Divinópolis é a maior da América La- tina. Tem uma área de 55 mil quadrados e capacidade de realizar manutenção de até 20 locomotivas por dia. Com a estra- da de ferro chegando em 1890, a cidade se tornou referência. No início de 1911, outro avanço: o ramal ferroviário. O patriarca Francisco Machado Gontijo percorreu a cavalo semanas pelo sertão de Minas Ge- rais para encontrar a Comissão Constru- tora da Estrada de Ferro Oeste de Minas (Efom) e mostrar as vantagens do arraial para garantir a expansão dos trilhos. Gigante da América Christyam de Lima Anunciantes desta edição: Somar Imóveis - deck home - Rosa Buffet - Divinópolis Calçados - Prefeitura Municipal de Divinópolis - Prefeitura de Cláudio - Deputado Federal Domingos Sávio - Diretoria do Sindicato dos Empregados em Turismo e Hospitalidade - Granja Glória Hotel Fazenda - Via Solo Engenharia Ambiental Christyam de Lima

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Caderno 4

EDIÇÃO ESPECIAL CENTENÁRIO DE DIVINÓPOLIS - SEXTA-FEIRA - 1º DE JUNHO DE 2012

A ofi cina da Ferrovia Centro-Atlântica de Divinópolis é a maior da América La-tina. Tem uma área de 55 mil quadrados e capacidade de realizar manutenção de até 20 locomotivas por dia. Com a estra-da de ferro chegando em 1890, a cidade se tornou referência. No início de 1911, outro

avanço: o ramal ferroviário. O patriarca Francisco Machado Gontijo percorreu a cavalo semanas pelo sertão de Minas Ge-rais para encontrar a Comissão Constru-tora da Estrada de Ferro Oeste de Minas (Efom) e mostrar as vantagens do arraial para garantir a expansão dos trilhos.

Gigante da América

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Anunciantes desta edição: Somar Imóveis - deck home - Rosa Buffet - Divinópolis Calçados - Prefeitura Municipal de Divinópolis - Prefeitura de Cláudio - Deputado Federal Domingos Sávio - Diretoria do Sindicato dos Empregados em Turismo e Hospitalidade - Granja Glória Hotel Fazenda - Via Solo Engenharia Ambiental

Chri

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e Li

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Divinópolis1º de junho de 2012

O Cine Popular exibia ‘Os perigos de Nyoka’ e ‘Os demônios do Círcu-lo Vermelho.’ A moleca-da se divertia nos cha-mados poleiros, (balcões laterais) com Marinho e Deusdete. Em noites de lua cheia Vito Doido estacava nas esquinas, e como um Charles Cha-plin embrutecido gri-tava: ‘nesta rua só tem puta!’

‘Roubaram a mulher do Pão de Ouro, mas que tesouro, levou o ga-rotão. Fugiram para o Rio de Janeiro, deixan-do o velho padeiro, com dor no coração.’

No Cantagalo paro-diavam Teixeirinha: ‘O maior golpe do mundo é ser malandro honesto, beber no Zé Mobral e apagar no Concesso.’

Divinópolis era de blocos caricatos. ‘Na praça da catedral, ou-trora reinava uma velha matriz. E nos passos dos imortais fi zeram de ti a cidade do Divino.

Nas janelas e varan-das as moças ouvindo as músicas de Totõe Machado. E pelas ruas passava o Vito Doido com sua bengala. Que coisa legal! As pedras de ontem viraram o asfalto

de hoje. Saudamos ale-gremente a terra amada que nos viu nascer...’ Ivan Silva, Dodô, Bran-co. Essa foi da lavra de Héber Alvim.

D’Pau, Marinho, mais ruma de garotos (uns bem orientados, outros não) engraxavam sapatos na porta da an-tiga rodoviária, onde reinavam os ônibus da Beija-Flor em demanda da capital. A rodoviária fi cava bem de frente ao cinema.

Semana de arte de 1968. Eu mais o Fu, (An-tônio Carlos Altivo) na falta de talento para as

Itamar de Oliveira artes plásticas, borra-mos uma tela com pas-ta Kolynos e chamamos aquilo de ‘Simbolismo Tropical’. Ganhamos Menção Honrosa. Foi a primeira das minhas muitas patifarias. Nos festivais plagiava Chico Buarque de Hollanda como ninguém.

Ah! O meu Palmeiras. O velho e inesquecível Palmeiras de Mundico, Zé Raimundo, Itamar, Sô Fio e Compadre Or-lando. Dico Preto e Car-los Zanata. Geraldinho, Buraco, Abel e Piaba. O XV de Novembro do mesmo Mundico, Hélio Tostão, Bedeu, Compa-dre Orlando, este velho beque e Ailton. César e Berilo. Luiz Valério,

João Maverick, Edmun-do e Finório.

Os Saliba ligavam de Beagá:

- Tá chovendo aí?- Um pouco! – res-

pondia o irmão Hamil-ton.

- Então a gente vai as-sim mesmo!

Era a pelada no sítio do Hamilton, no Gafa-nhoto, na Estância Ma-risa, do Jaimão, onde a simpatia do saudoso Moacir Sotero deixou marcas que não se es-quecem jamais.

Missa do Galo, pro-cissões, praça da ma-triz. Ali morava a alma de Divinópolis. Os Ma-laquias, Zé Rogério, Zé Picolé, Padre João Bruno, os Machado. A

Santa Casa... Dr. Mauro Agostini, Irmã Corné-lia, foram-se para nunca mais voltar. O mercado velho; a partir do Santa Clara tudo era uma fa-zenda imensa, um clube exclusivo da gurizada. Quem nadou no Poção do bairro Sidil pode se considerar um Divinos-sauro. Eu sou do lado de lá, da ilha de Chiquinho Teodoro, quando no Bracinho ainda se podia nadar e pescar mandis. Demorou para eu perce-ber que estava ali.

Enfi m, pode não ser este o melhor estilo li-terário. Mas representa com fi delidade a verda-de do que aconteceu.

Jornalista

Paratodos

Antônio Olímpio de Morais, eterno modelo

Pedro Pires Bessa

1º de Junho de 1912, nosso município foi po-liticamente emancipa-do. Lá estava um per-sonagem protagonista desse acontecimento, Antônio Olímpio de Morais, que se tornaria exemplo eterno para o que essa cidade deverá ter sempre como ideal.

Presidente da 1ª Câ-mara de Vereadores exerceu mandato polí-tico com vistas somen-

te no que era benefício para a comunidade. Criou o nome Divinó-polis, tornando esse lu-gar, abençoada morada do divino, praticando, ele próprio, uma radical e profunda espirituali-dade.

Jamais utilizou seu cargo para auferir qual-quer benefício para si e para os seus, ao con-trário, passou até por inúmeras difi culdades

fi nanceiras e enormes sacrifícios pessoais para comandar a implanta-ção segura dessa co-marca.

Uma implacável po-sição ética orientou to-das as suas ações no campo pessoal e polí-tico, jamais suportou qualquer deslize nesse sentido. Soube ultrapas-sar com brandura, inú-meras injustiças contra sua pessoa. Chegou a

* procurar seus inimigos para dialogar quando, com grandeza de alma, notou que suas desa-venças estavam preju-dicando nossa cidade.

Homem de imensa visão do futuro ideali-zou o traçado de Divi-nópolis, que é um dos mais bem planejados do Brasil, pena que al-guns mesquinhos te-nham, por exemplo, di-minuído a largura que, originalmente, ele tinha dado para nossas ruas.

Político de primeira grandeza em tudo, An-tônio Olímpio também

praticou e difundiu como pôde a cultura, es-tudando, continuamen-te, mantendo contato por carta com intelectu-ais do Brasil e do exterior. Seus dons artísticos foram desenvolvidos junto do piano. Cultivou grande-mente sua fl or preferida, as orquídeas. Foi um ad-mirador e frequentador do Rio Itapecerica.

Seu neto, Paulo Rober-to de Sousa Morais, num precioso livro, “O Coro-nel Antônio Olímpio de Morais: uma História de Amor por Divinópo-lis”, narra toda a trajetó-

ria de seu avô.1º de Junho de 2012,

Divinópolis completa 100 anos. Que nossos políticos vivam como Antônio Olímpío, bus-cado eticamente em tudo apenas o bem do município, colocan-do esse ideal acima de qualquer coisa. Que todos nós aprendamos com o nosso patriarca a ter um sincero e imen-surável caso de amor com nossa linda Divi-nópolis!*Pós-Doutor, Lite-ratura, Pesquisador, Funedi

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Pablo Santos

A locomotiva a va-por, inventada na In-glaterra por George Stepherson, em 1825, revolucionou o mundo devido às vantagens de percorrer lugares em um tempo menor e ainda transportar mer-cadorias. Para buscar essa novidade no fi nal do século para o então arraial do Espírito San-to do Itapecerica, o pa-triarca Francisco Ma-chado Gontijo, no fi nal do século XIX, percor-reu a cavalo semanas pelo sertão de Minas Gerais para encontrar a Comissão Construto-ra da Estrada de Ferro Oeste de Minas (Efom). Na bagagem, um trun-fo para convencer os construtores que ti-nham um traçado de-fi nido. Machado ofere-ceu a cachoeira do Rio Itapecerica.

A Estrada Oeste de Minas foi construída no caminho para o ser-tão mineiro no fi nal do século XIX, de acordo com o livro “Nas Li-nhas da Modernida-de”, da autora Batistina Maria de Souza Corgo-zinho.

O primeiro trecho foi construído entre a Estação de Sítio, um pequeno povoado na região de Campos das Vertentes, atualmente a cidade de Antônio Carlos. Em 1880, foi aberta ao tráfego, com 49 quilômetros.

Em 1886, a Efom começou a construir o prolongamento da estrada de Oliveira a Barra do Paraopeba no Alto São Francisco.

Em 27 de abril, o engenheiro da Efom, Henrique Galvão, che-gou ao Arraial do Es-pírito Santo com sua comitiva e foi recebido

por Francisco Macha-do, de acordo com o li-vro de Batistina Maria de Souza Corgozinho.

– Um português chamado Antônio de Almeida Júnior, acre-ditando ser um bom investimento, tornou-se acionista e emprei-teiro da Efom. Foi ele que construiu o ramal férreo de Oliveira até Barra do Paraopeba, passando pelo distrito do Espírito Santo do Itapecerica em 1889 – afi rmou a autora.

Entroncamento

O ex-prefeito Pedro X. Gontijo conta, em seu livro “História de Divinópolis”, que um dos principais políti-cos da época, Francis-co Machado Gontijo, procurou os constru-tores para convencer a mudar o traçado do entroncamento previs-to para um distrito de Martinho Campos.

– O patriarca andou semanas a fi o, a cava-lo, fazendo ver à Co-missão Construtora as vantagens de passar por Divinópolis e não por Alberto Isacson [Distrito de Martinho Campos], oferecendo cachoeira – afi rmou.

O entroncamento impulsionou a ferro-via em Divinópolis. O ramal seria construído de Alberto Isackson a São Gonçalo do Pará e o povoado dos Costas.

– Esse entroncamen-to era desejado por di-ferentes cidades e es-timulou uma grande disputa e mobilização política, pois repre-sentaria uma oportu-nidade de progresso imediato para o local escolhido – descreveu Batistina.

Lideranças do arraial se reuniram e fi zeram um abaixo-assinado

solicitando a mudança do entroncamento para o arraial.

– O principal argu-mento utilizado foi o potencial energético da grande cachoeira do Rio Itapecerica, com capacidade de forneci-mento de energia não só das ofi cinas da fer-rovia, como também para a futura eletrifi ca-ção da estrada de ferro – contou a autora.

Em 1909, o Gover-no Federal constatou o potencial energético da cachoeira e alterou o ponto de entroncamen-to da estrada.

– Com a construção do novo ramal ferrovi-ário, o arraial do Espíri-to Santo do Itapecerica passou a ser signifi ca-tivo entroncamento de linhas férreas em di-reção a Belo Horizon-te, Rio de Janeiro, São Paulo, Oeste de Minas, Triângulo Mineiro, Sul de Minas e Goiás – de-clarou Batistina.

Ofi cinas

Em 1910, outro fator decisivo para o desen-volvimento foi a cons-trução das ofi cinas. Com o entroncamento dos trilhos, o arraial passou a ter importân-cia e justifi cava para a instalação das ofi cinas.

– A instalação das ofi cinas da Efom teve um signifi cado funda-mental, pois represen-taram o surgimento da primeira grande fábri-ca na cidade, consoli-dando-se como uma nova estrutura de tra-balho e produção. Elas constituíram-se num dos principais fatores do progresso de Divi-nópolis. As atividades ferroviárias passaram a ser, a partir daí, o prin-cipal sustentáculo da expansão da cidade – lembrou Batistina.

Locomotivaa cavalo

Patriarca levou informações sobre o potencial da cachoeira do arraial e

convencem os construtores da ferrovia

Primeira locomotiva que passou pelos trilhos do arraial

Trabalhadores fazem pose para lembrar a construção da ponte de ferro

Bonde da Rede Mineira de Aviação que fazia o transporte dos ferroviários

Oficina da FCA é dividida em duas partes: mecânica

pesada e leve

Greve dos ferroviáriosem 1934

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Christyam de Lima

Fotos: Museu Histórico

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Pablo Santos

Encravada no bair-ro Esplanada e locali-zada numa área de 55 mil metros quadrados, a ofi cina de locomoti-vas e vagões da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) é a maior da América Latina. Emprega 1,1 mil funcionários, produz mão de obra e é referên-cia para a ferrovia na área de tecnologia.

Numa área equiva-lente a quase sete vezes o campo do Mineirão e com 18 mil metros qua-drados de área constru-ída, a ofi cina de Divinó-polis atende entre 15 e 20 locomotivas e entre 15 e 18 vagões por dia.

O gerente-geral de manutenção da FCA, Gustavo Serrão, explica como a ofi cina em Divi-nópolis faz a manuten-ção preventiva.

– As locomotivas passam por inspeções periódicas, revisões in-termediárias, revisões gerais e por recupera-ção completa e de com-ponentes. Já os vagões passam por inspeções

para recuperá-los inte-gralmente e reformá-los para o transporte de car-ga – avaliou.

Na área de 55 mil me-tros, três galpões de ofi -cinas. Em um deles, são realizados os serviços de manutenção conside-rada leve. Outro fi ca por conta de recuperar loco-motivas, trabalho consi-derado de maior porte. Em outro espaço, a FCA reforma vagões.

Tecnologia

A FCA tem um espa-ço de treinamento com o intuito de ajudar a ca-pacitar e aperfeiçoar os profi ssionais da empre-sa que atuam na região.

Estima-se que, anual-mente, o centro atenda aproximadamente 300 funcionários da ferrovia em uma série de cursos, como: manutenção de locomotivas; via perma-nente; operação; eletroe-letrônica; componentes e vagões.

– Treinamos mão de obra e funcionários de várias partes da ferro-via que chegam a Divi-nópolis para aprender e

Oficina referência da América LatinaNuma área de 55 mil quadrados, 20 locomotivas passam diariamente por manutenção

temos parcerias com o Senai – afi rmou Serrão.

Dentro das ofi cinas, tem auditório para en-

contros, reuniões e cur-sos de capacitação. Um restaurante está sendo construído para atender

os 1,1 mil funcionários.A ferrovia também

tem uma estação de tra-tamento de efl uentes.

A água utilizada para lavar as locomotivas é reaproveitada e é devol-vida limpa ao rio.

Até 20 locomotivas passam por manutenção 18 vagões podem ser atendidos por dia na oficina

Mecânicos fazem reparos leves em locomotiva 1,2 mil funcionários, fazem parte da FCA em Divinópo-

Fotos: Christyam de Lima

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Douglas Oliveira

A hidrografi a de Di-vinópolis é uma de suas principais característi-cas, sendo banhada por dois grandes rios. Um deles é o Rio Pará, que nasce na Serra das Ver-tentes, em região próxi-ma ao povoado de Hi-delbrando, na cidade de Resende Costa.

Outro rio, e o mais importante, é o Itapece-rica, que nasce no mu-nicípio de Itapecerica, no Morro do Calado, onde tem o nome de Rio Vermelho. É na junção dos rios Gama e Santo Antônio que passa a ser chamado de Itapecerica. Suas águas banham três municípios e cortam Di-vinópolis em 29 km de extensão, sendo 18 km de área urbana. Os prin-cipais afl uentes do rio

na cidade são Ribeirão Boa Vista, Córrego Bu-riti, Córrego do Paiol, Córrego do Nenêm e Córrego Catalão.

Durante décadas, o Rio Itapecerica recebeu grandes quantidades de esgoto provenientes do próprio município e ou-tras cidades.

Nova vida

A revitalização da ba-cia do Itapecerica é uma reivindicação antiga dos moradores da cidade. Após anos de pedidos e, às vésperas do Cente-nário, no dia 7 de maio de 2012, foi assinada a ordem de serviço para o início das atividades de despoluição do rio.

Os trabalhos serão realizados em parceria com o Governo do Esta-do e a Copasa. Ao todo, serão investidos R$ 145

milhões, sendo que a primeira etapa está or-çada em R$ 9,5 milhões. O prefeito Vladimir Azevedo (PSDB) des-tacou ser esse o serviço prioritário do Governo Municipal. Para ele, as obras ultrapassam ques-tões ambientais e vão garantir as futuras ge-rações. As obras, segun-do o cronograma, serão concluídas em 2016.

– Os indicadores de gestão ambiental não conseguem mostrar o signifi cado da despolui-ção desse rio. Tudo isso mexe com o orgulho, com a economia, a cida-de se torna sustentável – explica.

O presidente da Co-pasa, Ricardo Augusto Simões, afi rmou que se trata de um momento marcante não somente pela importância do rio, mas também por ser um

compromisso de pres-tação de contas. Ele se lembrou das difi culda-des no abastecimento de água em Divinópolis nos últimos anos.

– É uma obra extre-mamente importante. Serão R$ 9,5 milhões que serão investidos na implantação do sistema de coleta, interceptores e da estação do tratamen-to de esgoto. Estamos com processo adiantado no projeto do Itapece-rica. Pretendemos que, ainda neste ano, publi-quemos o edital para a construção do centro de tratamento de esgoto do Rio Pará – diz.

Ricardo Augusto re-lembra que a parceria com o Município já tem 30 anos. Na renovação de contrato, em 2003, foi reiterada a conces-são da rede de esgoto da cidade. Além disso,

um investimento para a ampliação da estação de tratamento de água em até 30% já está em anda-mento.

Já o diretor de ope-ração Centro-Oeste da Copasa, Valério Máxi-mo Gambogi Parreira, destacou a parceria en-tre empresa e a Prefei-tura para a elaboração e a concretização das obras. Além disso, fa-lou da ampliação dos serviços no município.

– Estamos buscan-do, nessa parceria, concluir esses proje-tos, com a elaboração de contratos eficientes com empresas com ca-pacidade técnica para desenvolver todos es-ses trabalhos. É im-portante também que as fiscalizações sejam feitas também pela Copasa. Estamos ter-minando um projeto

para ampliar a estação de tratamento de água aqui da cidade. Isso vai garantir o abaste-cimento de qualidade por mais 20 anos – conta.

O projeto

Serão implantados 20 km de redes cole-toras e interceptoras. Haverá ainda a cons-trução de três estações elevatórias e uma Es-tação de Tratamen-to de Esgoto (ETE). A previsão é de que a primeira etapa das obras fique pronta em 18 meses. Além de proporcionar melho-rias na qualidade das águas dos rios Itapece-rica e Pará, novos in-vestimentos também podem ser atraídos nos setores industriais e comerciais.

Revitalização do rio é meta para o Centenário Até 2016, os 29 km de extensão da bacia do Itapecerica deverão estar com suas águas limpas

Rio sofre com poluição e assoreamento em época da seca

Christyam de Lima

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Flávio Roberto Pinto

Quando o diretor do Agora, Pedro Maga-lhães de Faria, decidiu passar o então bissema-nário para diário, não faltou quem apostasse na falência da empresa. Era 4 de março de 1978. Hoje, ele brinca: “Nós envergamos, mas não quebramos”. Por ter so-brevivido às previsões pessimistas, o jornal teve condições de acom-panhar e registrar, em um posto de observação privilegiado, a histó-ria de Divinópolis. De cem anos desta cidade, o Agora foi testemunha de quase a metade deles.

Após quatro décadas presenciando o progres-so do município, Pedro Magalhães Faria senten-cia: “Divinópolis é uma cidade que cresceu com as próprias forças, gra-ças ao seu próprio esfor-ço, de sua gente, de seu povo”. A opinião dele é de que faltou, e falta, prestígio da cidade jun-to aos governos estadu-al e federal.

Detenção

Coronel Faria mu-dou-se para Divinópolis em 1967; na época, era capitão. Está, portanto, há 44 anos na cidade. Chegou com a missão de comandar e organi-zar o destacamento do município e, dentro de seis meses, se quisesse, poderia voltar a Belo Horizonte. Considera ter cumprido a tare-fa e acabou decidindo morar em Divinópo-lis. Enveredou-se pelo jornalismo escrevendo notas policiais para o jornal “A Semana”. Tomou gosto e se tor-nou um dos sócios do Jornal Agora. Com o tempo, adquiriu todas as cotas da publicação.

Logo depois de torná-la diária, veio um grande revés, mas também o que Faria considera uma “bên-ção”. Por ter publica-

do e tomado partido a favor de uma greve de professores estaduais, em 1979, foi denun-ciado ao Governo do Estado. Alvo de sindi-cância, foi punido com transferência para Belo Horizonte. E, se-gundo só agora revela, ficou detido por oito dias no quartel do Pri-meiro Batalhão.

– Se eu fui transferi-do como uma punição, eu saí também com uma bênção, porque abriu todas as portas da minha carreira – comenta.

Ainda detido, rece-beu a visita do então secretário de Estado da Educação, Paulino Cícero de Vasconce-los, de quem era ami-go. Após a detenção, pegava a estrada de Belo Horizonte para Divinópolis pelo me-nos duas vezes por semana para coorde-nar o jornal. Por estar na capital mineira, solidificou relações nos meios político e empresarial.

Voltou para Divi-nópolis em 1987. Já com a patente de co-ronel.

Ditadura

Ao vir para a cidade para comandar a PM, em 1967, Faria chegou em um período em que a Ditadura Militar ainda conduzia o país com mãos de ferro. Sem fugir a perguntas, deu o seu relato sobre esse período para este caderno especial.

Contou que, antes, em 1964, quando ain-da era aspirante a ofi-cial, marchou a Brasí-lia, aonde chegou em 31 de março, véspera da deposição do pre-sidente João Goulart. Ficou acampado com seus colegas por 15 dias no Teatro Nacio-nal.

– Foi uma revolu-ção pacífica, não hou-ve um tiro sequer, não houve nada. Foi uma

tomada de poder em virtude de um perigo que falavam que ha-via, que nem eu sabia se havia. Eu não tinha nenhuma noção disso e ninguém tinha noção de nada – relata Faria, destacando as dificul-dades de circulação de informação na época por causa da censura. Hoje, aos 69 anos de idade, considera que a ditadura tenha sido, “talvez, um mal neces-sário” ao país.

– Talvez! Não é uma opinião concreta, até porque eu fui uma das vítimas dessa mesma repressão – diz, refe-rindo-se à detenção em Belo Horizonte.

Repressão em Divinópolis

Faria conta que, no princípio de 1968, esta-va na delegacia quan-do um delegado avisou que havia autoridades no quartel. Segundo ele, eram três ou qua-tro homens do Exérci-to. Diz que, ao chegar, já estavam lá, detidos o Dr. Simão e Aristides Salgado.

– Eles estavam em um lugar limpo, mas sem comunicação entre os dois. Conversei com ambos, que disseram estar aguardando para ser ouvidos. O chefe do pessoal que estava lá tinha uma ordem do comando da PM para que eu prestasse a aju-da que fosse necessária para eles aqui. O chefe deles me disse: “a única coisa que queremos de você é que mantenha a guarda aqui e fique na sua, aí na cidade; não venha aqui” – narra.

Conforme relata Faria, na saída, en-controu-se com Afon-so Salgado, irmão de Aristides, a quem tranquilizou quanto ao estado do irmão.

– Voltei para a dele-gacia e lá fiquei. O de-legado também estava muito apreensivo. Foi a primeira vez que vi

Aristides. Já Simão foi meu professor no cur-so de direito.

Segundo Faria, três ou quatro dias depois, mandaram um avi-so de que já poderia reassumir o quartel. Enquanto ainda esta-vam em Divinópolis, membros da repres-são disseram a ele que estavam atrás de uma pessoa de nome Celso Aquino, que era de esquerda e que estaria montando um chamado “Grupo dos 11”.

– Com certeza, o prenderam. Mas só vim a conhecê-lo anos mais tarde, quando ele entrou para a po-lítica e se tornou ve-reador.

Divinópolis cresceu pelas próprias forças, diz Faria Há mais de 40 anos registrando a história da cidade, diretor do Agora conta como foi vítima da repressão

Música levou Faria para a PM

Pedro Magalhães Faria compunha mú-sicas para seus fi -lhos quando a morte de Kellen, a Keka, de oito anos, em 1982, tirou-lhe a inspira-ção. A menina foi atropelada em frente à escola, em Belo Ho-rizonte. Nunca mais Faria compôs can-ções para os fi lhos. Mas ainda pretende escrever para os três que ainda não foram homenageados.

A relação com a mú-sica, segundo Faria, vem desde a infância, em Ipanema. Foi nes-sa cidade da região do Rio Doce, no les-te de Minas, que ele nasceu, em 26 de de-

zembro de 1942.A música conduziu

Faria à PM, na qual ingressou aos 15 anos, em 1958, para estudar na Escola de Formação Musical do Primeiro Batalhão da Polícia Militar, em Belo Horizonte. Es-tudou teoria do sol-fejo e chegou a tocar violino na Orques-tra Sinfônica da PM, até que partiu para o Curso de Formação de Ofi ciais, em 1960, e então faltou tempo para continuar se de-dicando ao estudo da música. Nas poucas horas vagas, passou a aprender violão. Hoje, reaprende a to-car órgão.

Perfi l

Coronel é um dos fundadores do JA

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Mara Gontijo

Falar sobre a história de Divinópolis é também relembrar os primeiros passos da imprensa local. A terra do Divino come-çou a atuar no mundo da informação através dos panfl etos de Pedro X. Gontijo e Padre Matias Lobato. Embora sendo considerada uma prática jornalística, o primeiro jornal, chamado “A Pro-va”, só foi lançado em dezembro de 1914, por Braulino Gomes de Sou-za. Apesar de o pequeno jornal ter apresentado uma curta trajetória, foi de grande importância para o munícipio e porta para futuras publicações.

Em janeiro de 1916, surge o jornal que adota, graciosamente, o nome da cidade, “O Divinópo-lis”. Já no mês seguinte, sob a direção de Antô-nio Olímpio de Morais e Dr. José Assis Rocha, foi fundado o jornal “Folha de Minas”. Em março do mesmo ano, surgia “O Fi-lhote”, tabloide anônimo destinado a fatos e fofo-cas do município.

Década de 1920

Em 1920, foi publicado um jornal de caráter polí-tico, denominado “O Re-formador”, de Mata Sim-plício. Em 1922, começou a circular “A Estrela do Oeste”, de Jadir Viana Novaes, que, em 1925, teve como redator Atali-ba Lago. Em 1923, Octa-viano Caldas fundou “O Recreio”. Também no mesmo ano, foi criado “O Popular”, de G. Cla-ro e Otávio Lomba. Já em 1924, surge o jornal “O Clarão”, dos Moços Ca-tólicos. Ataliba Lago, em 1925, edita o “Pela vida”. Três anos após, ele tam-bém fundou “A Gazeta Popular”. Em 1929, José Luiz de Aguilar criou “A Concentração”. Pedro X. Gontijo e Francisco Gon-tijo de Azevedo lançam, em 1932, a “Gazeta Sa-nitária”. No ano seguin-te, surge o “Porta Voz”, de José Mendes Mourão e Ildefonso Vilaça. Rai-mundo Cruz, em 1934, edita o “Magazine”. De acordo com Lázaro Bar-reto, “A Pena”, fundado por Jadir Viana Novais, foi lançado em 1925, mas documentos de Pedro X. Gontijo garantem que o jornal só começou a cir-cular em 1931.

Os pequenos jornais dessa época se prolife-ravam intensamente e tinham curta duração, mas foram importan-tes para esse período e sempre afi nados com as transformações históri-cas de ordem política e econômica, como ressalta Batistina Maria de Sousa Corgozinho em seu livro “Nas linhas da moderni-dade”.

– Nos momentos de

agitação política, princi-palmente nas épocas de eleição, serviam como instrumento de campa-nhas eleitorais; mesmo de forma abusada, foram principalmente a expres-são mais signifi cativa do livre pensamento na ci-dade, exercendo sua for-ça como formadores de opinião e meio de con-quista do poder político local – destaca.

Em 1936, com a vinda da Gráfi ca da Comunida-de Franciscana, surgiram outros jornais, como “O Santuário de Santo Antô-nio”, que depois passou a ser uma revista; “O Sino de Divinópolis”, de Frei Braz; “O Domingo”, que foi publicado até 1942; e o jornal de Ataliba Lago, Osmar Barbosa e José Mendes Mourão, “Divi-nópolis Jornal”. Em 1942, surge “A Semana”, como relata a jornalista Ma-ria Cândida Guimarães Aguiar.

– Quando o Frei Me-telo começou com “A Semana”, era um jornal religioso, a tendência era ser católico, confes-sional, muito bem feito. Então, os franciscanos trouxeram de longe ma-quinário para imprimir o jornal; aí surgiu a grá-fi ca Santo Antônio, que se localizava na rua São Paulo. Era uma bonda-de, aquele cheiro de grá-fi ca, de tinta, tinha o Tõe Barbudo, o Frei Márcio. Naquele tempo, era uma coisa incrível ser forma-do em jornalismo, tinha o Inácio Vasconcelos, o eterno corretor, depois copydesk, e uma turma boa que trabalhava lá – relembra.

Com o passar do tem-po, as gráfi cas foram se modernizando, investin-do em qualidade, na bus-ca de impressão melhor. Porém, antes da chegada da era digital, o trabalho nas gráfi cas era manual e dependia da paciência e habilidade dos funcioná-rios, como recorda Maria Cândida.

– Nesta época, o traba-lho de composição era le-tra por letra, um martírio, pessoas juntando letri-nha por letrinha. Depois, veio a linotipo, compos-ta de um teclado, como a máquina de escrever. Para as imagens, fazia o clichê, pegava as fotos de chumbo, onde havia al-tos e baixos, fi cava tudo arrumadinho, batia na máquina e saía a imagem – conta.

Mesmo diante dos de-safi os para a produção dos jornais naquela épo-ca, eles não paravam de se desenvolver. Em 1946, surgiu a “Tribuna Livre”, de Rosenwald Hudson. Após cinco anos, foi lan-çado o “Jornal do Oeste”, de X. Gontijo, e também “Voz Democrática”, de Altamiro Santos. Em 1953, outros dois jornais foram publicados: “O Gráfi co”, de José Augusto

Faria e Sherlock Holmes, e “Sentinela”, de Geraldo Moreira e Edward San-tiago.

Com a chegada do jor-nalista Leônidas Schwin-dt a Divinópolis, em 1956, é lançado o “Diário do Oeste”, que, após oito meses, passou a circular apenas duas vezes por semana. Em 1958, é fun-dado por Antonio Tei-xeira o jornal “Equipe”. Já Ronan de Oliveira, em 1960, publica a “Voz do Bairro”, editado no Nite-rói. Entre 1962 e 1964, cir-culou o jornal trazido de Bambuí, por José Arima-théa Mourão, “Tribuna do Oeste”; em 1966, ele funda o “Variante”. Val-demar Diniz Henriques criou, em 1967, o “Carca-rá”. Na mesma época, foi publicado por Antonio Pereira um microjornal de 8 x 12 cm, denomina-do “Bilhete”. Também em 1967, foi fundado o “Agora”, um jornal men-sal, editado por um gru-po de jovens liderados por Fernando Teixeira, Fabrício Augusto de Oli-veira e Lázaro Barreto. No ano seguinte, foi lan-çado “Oeste Jornal”, de Weber Americano. Em 1969, surgiu “Opinião”, de Roberto Cruz, e “O Regionalista”, de Wanir Vasconcelos, em 1970.

Jornal Agora

Em 1º de junho de 1971, Pedro Magalhães de Faria, Fernando Tei-xeira, Ivan Silva, Antô-nio Eustáquio Rodrigues Cassimiro, entre outros, fundaram o jornal sema-nal “Agora”, que em 1974 passou a ser publicado às quartas e aos sábados. O comerciante Paulo Ro-berto Piassi relembra com satisfação a oportu-nidade de ter vendido a primeira publicação do “Agora”.

– Como vendia picolé e pirulito na cidade, eu também peguei o jornal para vender, era a pri-meira edição do “Agora”, o primeiro jornal editado, e tenho esse prazer de tê-lo vendido, pois hoje con-tinuo lendo o jornal – re-corda.

Assim como Divi-nópolis não parava de crescer, a divulgação dos impressos estava em constante desenvol-vimento. Em 1979, foi criado o jornal “Aqui”, de Marjori Assis. No ano seguinte, surgiu “Boa Notícia” e “A Carta”, de José Arimathéa Mourão, e “ Interior”, de Davi Ra-poso. Por volta de 1981, começou a circular em Divinópolis e região, o jornal “Abertura”, de Antônio Cecílio da Silva. Já em 1985, foi fundado o “Aqui pra Nós”, de Lígia Jacques e André Carva-lho. Também neste mes-mo ano, foi publicado o menor jornal do mundo, o “Vossa Senhoria”, que em 2001 levou o nome

“A Prova” abre caminho do impressoEm 1º de junho de 1971, Pedro Magalhães de Faria, Fernando Teixeira, Ivan Silva e Antônio Eustáquio Rodrigues Cassimiro fundam o Agora

de Divinópolis para o Guinness Book, o Livro de Recordes. Em 1988, Augusto Fidélis lançou “A Notícia”. E no ano se-guinte, Sônia Elizabeth criou o “Correio do Oes-te”.

Em 1990, o “Agora” passa a ser denominado “Jornal Agora”, sendo o pioneiro em Minas Ge-rais em trabalhar com impressora a laser, pos-teriormente com o siste-ma nylon print e depois offset. Em 1993, Antônio Eustáquio Rodrigues Cassimiro saiu do Jor-nal Agora para fundar a “Gazeta do Oeste”. Nesta mesma época, Sonia Ter-ra consagra a presença feminina na imprensa, sendo a primeira mulher a assumir um cargo até então ocupado apenas por homens.

– Destes 100 primeiros anos de Divinópolis, te-mos 41 anos contando e registrando esta história. Temos uma grande par-cela de responsabilidade em passar e deixar este registro de forma abso-lutamente correta para os nossos fi lhos, nossos ne-tos, para que as próximas gerações saibam com fi -delidade, transparência e honestidade a história de Divinópolis – observa. A diretora ainda ressalta que, em breve, o “Agora” contribuirá ainda mais para o arquivo de regis-tro do município.

– Nosso arquivo é muito valioso e vamos dar outro presente para Divinópolis, que é a digi-talização deste material. Vamos disponibilizar para o l eitor online, para que haja esta facilidade de pesquisa e que todos saibam quem foram e quem são estes persona-gens que estão passando pela história de Divinó-polis e principalmente as pessoas que contam estas histórias – salienta.

Rádio

Este antigo meio de comunicação, o rádio, também contribuiu para o desenvolvimento e a história da cidade. Anti-gamente, a transmissão de notícias era realizada no alto da torre da igreja, como relembra a jornalis-

ta Maria Cândida.– Fazia-se um tipo de

comunicação no alto-fa-lante do Santuário. Às 18 horas, eles tocavam o Ân-gelus, a Ave Maria, pois tinham essa tradição. Nessa hora, também da-vam notas de falecimen-to, nascimento e outros acontecimentos – descre-ve.

Em 1946, foi funda-da por Jovelino Rabelo a Rádio Cultura, a pri-meira rádio em Divinó-polis. Em 1950, a Rádio Cultura, então instalada na avenida 1º de Junho, transferida para a rua Rio de Janeiro após um in-cêndio. Após algum tem-po, passou a funcionar na esquina da avenida Getúlio Vargas com rua São Paulo; em seguida, foi para o prédio contí-guo ao Cine Divinópolis. O ex-radialista Francisco Pires de Morais, o Chi-co Pires, recorda como os meios de transmissão eram precários.

– Os aparelhos funcio-navam no bairro Santa Clara, os postes eram fei-tos de madeira e lá tinha um pasto que se chama-va “Pasto do Joaquim André”, onde fi cavam os postes e os transmissores, aí os animais coçavam no poste e a rádio saía do ar. Íamos com fi o, escada e um monte de coisa e co-locávamos novamente a rádio no ar – conta.

Em 1961, a Rádio Cul-tura passa a ser dirigida por Mayrink Pinto de Aguiar, mas a emissora ainda fazia jus à máxima “Falava para o centro e cochichava para os bair-ros”. Segundo o ex-radia-lista, o novo diretor con-seguiu, depois de algum tempo, passar para os postes da Cemig, que já alinhados e fora do pasto, alcançaram melhor quali-dade na transmissão.

Já em 1970, entra ao ar a primeira voz femini-na de Divinópolis. Maria das Dores Gontijo Maia, conhecida como a Dori-nha da Rádio Cultura, inaugura a presença da mulher na radiofonia.

– Na década de 1970, fui convidada pelo Sr. Mayrink a fazer parte da equipe de locutores da Rádio Cultura de Divi-nópolis – ZYF – 53. Apre-

sentava dois programas musicais: O Carnet Social e Encontro Musical das Onze. Foi uma fase mara-vilhosa – ressalta.

Em 1981, Mayrink fundou a rádio Castelo Branco FM. Entre 1984 e 1988, Jaime Martins do Espírito Santo e outros sócios inauguram as rá-dios Divinópolis AM e Candidés FM.

Em 1988, foi criada em Divinópolis a Rádio Sucesso, projeto que teve início através de um pre-sente concedido a Pedro Magalhães de Faria pelo ex-presidente do Brasil José Sarney. Fernando Malta torna-se parceiro na emissora e, em junho do mesmo ano, o locutor Mário Costa integra-se à equipe de trabalho da rádio que se tornou li-teralmente sinônimo de sucesso.

Em pouco tempo, a emissora conquistou prestígio na cidade, re-novando a radiofonia em Divinópolis, com seus programas de estrutura rica e variada, que até então não se conhecia no município.

– A rádio Sucesso veio com uma proposta nova, diferente das ou-tras emissoras, passamos a tocar quatro músicas por bloco, sempre nes-ta ordem: um fl ash back nacional, um fl ash back internacional, uma MPB e uma sertaneja. Com o decorrer dos meses, a audiência foi aumentan-do e o pessoal pedindo mais músicas sertanejas. Implantamos o progra-ma do Mário Costa di-recionado ao sertanejo e também o jornalismo em rádio – conta Pedro Ma-galhães.

De acordo, com ele, a rádio Sucesso foi a pio-neira em apresentar pro-gramas no horário de 1 às 6h da manhã. Os ou-vintes assíduos da rádio puderam escutá-la tam-bém durante a madru-gada, como conta a pro-fessora Irene Aquino, 54 anos.

– Era uma bondade dormir com o som liga-do, você acordava de madrugada, com aque-las musiquinhas boas, o sono parecia fi car até mais gostoso – relembra.

Casa antiga que abriga hoje o Jornal Agora

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Divinópolis1º de junho de 2012 12