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Tensão econômica se expande na política

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www.petrobras.com.br

Combustível

do carro.

Combustível

do Erick.

Tem combustível que já nasce com o brasileiro.

Os outros, a gente desenvolve aqui.

Nova gasolina Petrobras Grid. Maior desempenho,

máxima efi ciência. Gasolina se escolhe assim.

25763.016P An rev. Nordeste Petrobras Grid Surf 40.4x26.6.indd 1 12/15/14 2:35 PM

15/12/2014 - 15:12111934_NBS_404x266

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www.petrobras.com.br

Combustível

do carro.

Combustível

do Erick.

Tem combustível que já nasce com o brasileiro.

Os outros, a gente desenvolve aqui.

Nova gasolina Petrobras Grid. Maior desempenho,

máxima efi ciência. Gasolina se escolhe assim.

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Apertem os cintos! Painel sobre o atual momento de crise vivido pelo governo Dilma Rousseff na esfera econômica, política e popular

ECONOMIA

CAPA

POLÍTICAENTREVISTA

8 18

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34

20

ÍNDICE

Estados Unidos vêem superação e futuro com BrasilCônsul dos Estados Unidos no Nordeste faz avaliação conjuntural diante do Bicentenário das relações entre Brasil e EUA

Turbulências e busca de superação na base Palácio do Planalto convive com descontentamento de parlamentares aliados e vê possibilidade de derrota na aprovação de projetos fundamentais

Longe da CrisePresidente do BNB revela aumento de 63% do lucro líquido do banco entre 2013 e 2014

Mulheres em ascensãoMais mulheres vem investindo no sonho de ter o próprio negócio mudando perfil da classe empreendedora no país

Terra de desenvolvimento Agronegócio cresce no Nordeste apesar das adversidades climáticas. Setor cobra do governo políticas públicas permanentes

38GERAL

Plebeu transformado em campeão nacionalÉ do Sertão da Paraíba um dos maiores revendedores AMBEV do Brasil

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RPM retorna aos palcosBanda de sucesso nos anos 90, volta ao cenário musical com formação original

Estímulo ao parto normalNúmero de cesáreas realizadas na rede privada de saúde chega a 84%. Governo estabelece novas normas para estimular parto normal

Novo vírus fatal afetando criançasVírus Sincicial é principal causa de doenças respiratórias e hospitalização de prematuros e crianças com cardiopatia congênita

Combustíveis sem monitoramentoQualidade dos combustíveis nos estados fica comprometido por falta de pesquisas nas universidades

CULTURA

SAÚDE PESQUISA

EDUCAÇÃO

48

52

58

54

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A Medicina no NordesteNúmero de escolas médicas cresce, mas a qualidade do ensino preocupa. Universidades federais do Nordeste figuram entre as piores do país

Cartas e E-mails

Ipojuca Pontes

Plugado | Walter Santos

Carlos Roberto

Agito Nordeste

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16

14

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COLUNAS

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O Brasil precisa superar a crise! O momento não é para sentar, co-

locar lenha na fogueira e ver o circo pegar fogo.

O combustível que está no ar já é suficiente para uma queimada de grandes proporções. Esse combustível está nas denúncias reveladas pela Operação Lava Jato, mas também nas inúmeras informações equivocadas que pululam as redes sociais. De-núncias de medidas que o governo de fato não tomou, mas que a “política” oposicionista do quanto pior melhor faz disseminar. Está nas notícias dos jornais, TVs, portais e revistas sobre a situação política e econômica que se encontra o país.

O combustível da crise para o ci-dadão comum está num ajuste fiscal duro com cortes em investimentos, no fim de desonerações na folha de pagamento das empresas - o que pode gerar menos empregos - , e nas res-trições de benefícios sociais em áreas como o seguro-desemprego.

A crise ainda é alimentada por uma base governista arredia que se digladia com a política monetária escolhida pelo governo e emperra o trâmite de Medidas Provisórias no Congresso ou se alia com a oposição em benefício próprio.

A crise está instalada, mas no inte-rior de toda crise pode estar presente uma oportunidade a ser cultivada, assim ensina a filosofia chinesa.

É evidente que o Brasil está se apro-ximando do olho de um furacão, mas essa talvez seja a grande chance do país fortalecer as suas instituições de-mocráticas e implementar de vez uma profunda reforma política que mude

a forma como os políticos não só são vistos, mas como eles são escolhidos e devem exercer o seu mandato.

A ansiedade por mudança gera novos acontecimentos. Esses acon-tecimentos, na maioria das vezes, aumentam a tensão e a angústia e inserem mais combustão ao proces-so, gerando mais ansiedade. O ciclo parece infinito até que acontece o choque, assim é na economia, nas guerras, nas relações afetivas, em praticamente todas as áreas da vida. Está aceso o sinal vermelho, não só para o governo, mas para a sociedade.

Nessas horas de crises, a tendência da massa pode ser caminhar para o caos e o abismo, por isso o cha-mamento é para a manutenção das instituições, da legalidade do governo e da ordem social, mas é preciso agir rápido para responder aos anseios da população.

O PT tem mostrado que é capaz de passar por situações difíceis e dar a volta por cima, sempre se renovan-do e apresentando soluções viáveis ainda que exijam algum grau de sacrifício. Neste momento, o partido precisa mostra novamente que pode se reinventar.

Basta saber agora se Dilma terá a calma e a firmeza necessárias para atravessar a tormenta e convencer a todos que ela está vendo o melhor caminho para o país. Afinal, “em terra de cego, quem tem um olho é rei”.

EDITORIAL

Diretor Presidente Walter Santos Diretora Administrativa/Financeira Ana Carla Uchôa SantosDiretor Comercial Pablo Forlan SantosDiretor de Marketing Vinícius Paiva C. SantosLogística Yvana Lemos

COMERCIALGerente Comercial Marcos PauloAtendimento Comercial Jone Falcão

REPRESENTANTESPernambucoGil Sabino [email protected] - Fone: (81) 9739-6489

REDAÇÃOEditoresPaulo Dantas / Rivânia Queiroz

Repórteres Grazielle Uchôa, Isadora Lira e Umberlândia CabralEditoria de Arte e Tratamento de imagem Danielle Trinta, Felipe Headley e Luciano PereiraCapaVinícius Paiva C. Santos Projeto Visual Néctar Comunicação

ATENDIMENTO/ FINANCEIROSupervisora e Contas a Pagar Kelly Magna PimentaContas a Receber Milton CarvalhoContabilidade Big Consultoria

ASSINATURAS(83) 3041-3777Segunda a sexta, das 8 às 18 horaswww.revistanordeste.com.br/assinatura

CARTAS PARA REDAÇÃ[email protected]

PARA ANUNCIARLigue: (83) [email protected]

SEDE Pça. Dom Ulrico, 16 - Anexo - Centro - João Pessoa / PBCep 58010-740 / Tel/Fax: (83) 3041-3777ImpressãoGráfica JB - Av. Mons. Walfredo Leal, 681 - Tambiá - João Pessoa / PB - Fone: (83) 3015-7200CirculaçãoDPA Consultores Editorias [email protected] - Fone: (11) 3935 5524Distribuição FC Comercial

A Revista NORDESTE é editada pela Nordeste Comunicação, Editora e Serviços Ltda-MECNPJ: 19.658.268/0001-43

Ano 9 | Número 99 | Fevereiro | 2015

NORDESTErevistanordeste.com.br

Necessidade de superação

Paulo DantasEditor da Revista NORDESTE

[email protected]

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CARTAS E E-MAILS

REVISTA NORDESTE N.º 98

NORDESTE On-lineFacebook Revista NordesteTwitter @RevistaNordesteE-mail [email protected] www.revistanordeste.com.br

Nota da Redação: Sugestões de pauta ou matérias podem ser enviadas para o endereço eletrônico do editor: [email protected]. Agradecemos a sua participação.

Nelson Souza presidente do BNB | Fortaleza - CE

“Para quem vive buscando informações atualizadas e importantes para o conjunto do Nordeste é sempre promissor saber das ações expansionistas da Revista NORDES-TE, que cumpre papel diferenciado.”

O segmento de transporte bem pode entrar na pauta dessa publi-

cação com mais força, porque os veículos não dão à altura a versão, a posição de dificuldades enfrentadas pelos empresá-rios do setor, que acumulam problemas”

Marcos Nanan FerreiraEmpresário | João Pessoa - PB

Está na hora da revista ampliar a cobertura mais a fundo no Es-

tado do Piauí, pois há uma necessidade de acompanhamento dos fatos e suas repercussões”

Cláudio Duarte Teresina - PI

Vamos identificar formas de in-teração pelo perfil da Revista

na abordagem dos temas do País, em particular do Nordeste, por isso a área da Indústria tem tudo para ser um elo de abordagens importantes”

Buega Gadelha Empresário, diretor administrativo -financeiro da CNI | Brasilia - DF

Chegou a hora de promovermos a ação para inserir, se possível, a

pauta do Bicentenário nas relações dos Estados Unidos com o Brasil porque este ano de 2015 assinala esta data muito im-portante e a NORDESTE tem condições de elaborar um material à altura”

Joanna Ferreira Consulado dos EUA em

Recife - Pernambuco

Como tem crescido o número de brasileiros morando ou indo

a Orlando e Miami, acho que chegou a hora de pensar em fazê-la circular para esse universo de leitores especiais”

Vera AlencarEmpresária da Educação | Orlando - EUA

Genuinamente Paraibana, a Re-vista Nordeste está no cerne das

relevantes temáticas, seja em nível Re-gional ou Nacional, marcando posição excelente em plena era de domínio da Internet. Como um dínamo, o compe-tente Jornalista Walter Santos conseguiu consolidar a Revista no ambiente antes dominado pelos grandes veículos do País, não deixando em nada a desejar diante das existentes na praça. Muito prestígio para Paraíba. Eis o reconhecido valor da Revista NORDESTE”

Radomécio Leite de Sousa Administrador de Empresas com

atuação no setor elétrico nacional e no segmento industrialJoão Pessoa - Paraíba

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Entrevista

omeçamos 2015 muito bem. A relação bilaterial (entre Brasil

e Estados Unidos) está mais forte que nunca. A recente visita de Joe Biden, o vice-presidente americano, é um sinal disso”. Foi o que disse o Cônsul dos Estados Unidos no Nordeste (Recife), Richard Reiter, em Entrevista Exclusiva à Revista NORDESTE fazendo uma avaliação conjuntural diante do Bicentenário das relações entre os dois Países a ser comemorado durante todo o ano. Ele fala ainda de fatos históricos que ajudaram a construir um pacto entre as duas Nações, em especial na Se-gunda Guerra Mundial. Reiter preferiu deixar aos historiadores apontar e explicar o significado dos anos de Ditadura no Brasil, de 1964 a 1985, e a falta de questões prioritárias nas relações econômicas.

“C

Por Walter [email protected]

Richard Reiter

ESTADOS UNIDOS vêEm SUpEr AçãO E fUTUrO COm BrASIL

Revista NORDESTE: O que significa para os Estados Unidos da América comemorar 200 anos de relações bilaterais com o Brasil, a partir do Nordeste, em especial a base em Recife?

Richard Reiter: 2015 é um ano es-pecial para a história do Consulado Geral dos Estados Unidos porque marca os 200 anos de presença do Consulado no Recife, e isso nos lembra como o forte relacionamen-to entre o Brasil e os EUA tem raízes no Nordeste. Os Estados Unidos tiveram representantes no Recife

CÔNSUL DOS EUA/RECIFE, RICHARD REITER

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Fotos: Consulado EUA

ESTADOS UNIDOS vêEm SUpEr AçãO E fUTUrO COm BrASILantes da criação de um consulado no Rio de Janeiro, e até antes do Brasil ser um país independente. Planejamos continuar a fortalecer nossa relacão especial com o Nor-deste nos próximos muitos anos que virão.

NORDESTE: Quais são os valores e saldo econômico – social e cultural entre os dois Países durante esse tempo?

Reiter: O trabalho do Consulado Geral continua a mudar e a crescer com o tempo. Por exemplo, os EUA tiveram uma importante base mili-tar no Nordeste durante a Segunda Guerra Mundial. Também tivemos uma missão enorme da Agência dos Estados Unidos para o Desenvol-vimento Internacional (USAID) e voluntários do Corpo da Paz (Peace Corps) em Pernambuco durante os anos 60 e 70. Hoje, estamos engajados com uma série de ativi-dades – temos programas ativos de intercâmbio educacional e cultural. Em parceria com governos locais e estaduais, nós temos feito investi-mentos para fortalecer o ensino da língua inglesa para estudantes de escolas públicas em todo o Nordeste e temos promovido oportunidades crescentes para brasileiros estuda-rem nos Estados Unidos. Temos de-senvolvido dezenas de programas de arte, música e esportes que unem os melhores elementos de nossas duas culturas para fortalecer a conexão entre nossos povos. Promovemos a diplomacia econômica e comercial, que dá suporte a empresas america-nas que fazem negócios no Nordeste e impulsiona o desenvolvimento econômico e a prosperidade de ambos os países.

NORDESTE: Qual é, efetivamente, o resultado das relações com estados e municípios?

Reiter: Nós nos relacionamos politi-camente com governos municipais e estaduais de cada região, e, claro, temos uma seção de vistos movi-mentada, que vai emitir mais de 100 mil vistos este ano para brasileiros visitarem e estudarem nos Estados Unidos.

NORDESTE: Quais são as datas ou fatos da História que apontam como de maior efeito no estreitamento das relações EUA – Brasil? A Se-gunda Grande Guerra Mundial

CÔNSUL DOS EUA/RECIFE, RICHARD REITER

Os Estado Unidos tiveram uma

importante base militar no Nordeste durante a Segunda

Guerra Mundial.”

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foi um dos desses momentos históricos?

Reiter: A Segunda Guerra foi um momento crucial na história mun-dial e em nosso relacionamento bilateral. Os presidentes Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt se en-contraram pela primeira vez em Na-tal em 1943. Os Estados Unidos e os governos aliados construíram bases militares no Brasil, conhecidas por “Trampolim da Vitória”, por conta de seu papel logístico para o sucesso dos Aliados. Recentemente visitei a Base Aérea de Parnamirim, em Na-tal, onde essa história está bem viva na memória das pessoas da cidade, assim como nas locações históricas da base, incluindo o primeiro campo de baseball do Brasil. Essas bases estão entre as muitas contribuições do Brasil durante a guerra e que queremos mantê-las vivas.

NORDESTE: Como os EUA vêem a fase difícil de 1964 a 1985 em que o Brasil viveu os efeitos de Golpe Mili-tar, cujos efeitos todos conhecemos, e a etapa seguinte de superação?

Reiter: Acho que podemos deixar para os historiadores, e especial-mente aos especialistas brasileiros, para avaliar o legado desses anos. Mas a coragem e resiliência do

povo brasileiro nunca foi colocada em questão. O restabelecimento das instituições democráticas nas últimas três décadas tem sido uma prova da habilidade do brasileiro de reconstruir e modernizar.

NORDESTE: Quais os efeitos no campo econômico e social?

Reiter: Nós somos agora as duas maiores economias e democracias do hemisfério, então temos que trabalhar juntos para atender as aspirações de nossos cidadãos.

NORDESTE: Quais são os desafios à frente sabendo que a presidenta Dilma Rousseff já acenou que está protocolando encontro com o pre-sidente Barack Obama?

Reiter: Começamos 2015 muito bem. A relação biliateral está mais forte que nunca. A recente visita de Joe Biden, o vice-presidente ame-ricano, é um sinal disso. Ele teve uma conversa muito positiva com Dilma, em que eles concordaram em avançar numa gama de proje-tos que farão cidadãos em ambos os países mais prósperos e seguros. Agora fica por conta dos dois lados arregaçar as mangas e fazer o traba-lho pesado para desenvolver uma agenda robusta para uma coopera-ção bilateral, regional e global. Na posse, a presidente falou que é hora de olhar para frente. O momento não poderia ser melhor.

NORDESTE: Isto significa a supera-ção definitiva do caso dos grampos?

Reiter: Nós estamos olhando para o futuro, e não para o passado. E olhando adiante para expandir e aprofundar nossa cooperação e conexões para uma parceria mais efetiva e estratégica em uma série de áreas, incluindo prosperidade econômica, educação e língua inglesa, ciência, tecnologia e inova-ção, - de maneira bilateral, regional e global. O aniversário de 200 anos que estamos celebrando é uma pro-

va do duradouro relacionamento que existe entre os Estados Unidos e o Brasil. Nós temos um relacio-namento resiliente que continua a crescer forte.

NORDESTE: A partir de 2015, o que os EUA pretendem investir e/ou am-pliar nas relações com os demais estados nordestinos?

Reiter: O Consulado Geral sempre foi ativo em todo o Nordeste. Nós visitamos, nos reunimos, viajamos e trabalhamos com oficiais de gover-no, empresas, programas sociais, e instituições educacionais em todos os estados que nós atuamos, desde Maranhão até Sergipe. Também respondemos a centenas de pessoas que nos contactam para assistência e informação sobre visto e outros programas. Em 2015, nós vamos comemorar o aniversário de 200 anos com uma série de eventos pelo Nordeste. Nós estaremos em cada estado compartilhando um pouco da cultura americana. Hoje em dia, com as ferramentas da tecnologia, é mais fácil que nunca para as pessoas nos acessarem. Nós estamos no Instagram (@consuladoeua_nor-deste), respondemos questiona-mentos por e-mail, e informações sobre vistos estão disponíveis em nosso site (http://portuguese.recife.usconsulate.gov/).

NORDESTE: Uma das questões sempre em pauta dos entendimen-tos entre o Brasil e o EUA é a ques-tão dos Vistos. Em que nível este quesito pode ser melhor resolvido?

Reiter: Também simplificamos o processo de solicitação de visto para facilitar ainda mais para os brasileiros, particularmente os que vem do outros estados do Nordeste, o proceso de visitar e estudar nos EUA. Por exemplo, a maioria das pessoas que estão renovando o visto, assim como crianças até 16 anos e adultos maiores de 66 anos, não precisam vir ao Consulado para uma entrevista. Nós abrimos

O restabelecimento das instituições democráticas tem sido uma prova da habilidade do brasileiro de reconstruir e modernizar.”

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o Centro de Atendimento ao Soli-citante de Visto (CASV) no bairro do Pina, no Recife, para resolver o processamento desses vistos. Esta-mos oferecendo um novo serviço aos solicitantes de visto para que permite ir ao CASV e ao Consulado no mesmo dia. Ao mesmo tempo que nossa promessa ao solicitante de visto é de entregar o passaporte em 10 dias úteis, geralmente o mes-mo é entregue em mãos em dois ou três dias. Essas são novidades que os brasileiros de todos os estados do Nordeste vão notar e apreciar.

NORDESTE: Há uma expectativa de que num futuro próximo os bra-sileiros possam ser beneficiados com Política de Migração abolindo a necessidade de Visto prévio, isto procede?

Reiter: Para participar do programa Visa Waiver, os países precisam atender uma série de critérios. Por exemplo, o Brasil teria que permi-tir uma isenção de visto recíproca para visitantes norte-americanos e compartilhar informações de via-jantes que apresentassem ameaça

aos Estados Unidos; compartilhar informações sobre passaportes roubados e perdidos; reduzir a taxa de reprovação de vistos para não--imigrantes; e o Brasil teria que rapidamente repatriar cidadãos brasileiros que forem removidos dos EUA por ordem da Justiça americana. Então, existem muitos tópicos para serem discutidos e alguns deles são bem desafiadores. Enquanto isso, nós queremos fazer com que fique cada vez mais fácil para o brasileiro solicitar um visto. Nós facilitamos o processo, como mencionei anteriormente, para que quem requisitasse no Recife pudesse receber o visto em mãos em apenas poucos dias. Nós vamos também abrir dois novos consulados ameri-canos, em Belo Horizonte e Porto Alegre, em breve.

NORDESTE: Os brasileiros têm sido na atualidade personagens de incremento econômico em cidades como Orlando e Miami, através do turismo e de compras. Qual o significado disso e como o ameri-cano pode também estar focando o inverso, ou seja, vindo mais ao Brasil e ao Nordeste?

Reiter: Nossos economistas estima-ram que para cada 67 brasileiros que viajam para os EUA, um emprego

A relação biliateral está mais for te que

nunca. A recente visita de Joe Biden,

o vice-presidente americano, é um

sinal disso.”

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é criado. Cerca de 2 millhões de brasileiros viajaram para os Estados Unidos no ano passado, gerando a criação de cerca de 30 mil empre-gos para americanos. Parte dessa atividade econômica é criada em locais de turismo tradicional, como Flórida e Nova York, mas há mais nessa história. Existem cerca de 30 mil brasileiros estudando nos EUA. Alem disso, empresas brasileiras investem na economia dos Estados Unidos e vendem seus produtos lá. Empresas estão vendendo e com-prando produtos e serviços entre nossos países.

NORDESTE: Como nesse contexto se enquadra a questão do abrigo cultural mútuo?

Reiter: Nós compartilhamos a cultura: Ivete Sangalo faz um show na Times Square; Maestro Spok apresenta concertos de Fre-vo Jazz fusion com o trompetista americano Wynton Marsalis; os atletas profissionais brasileiros Yan Gomes e Cairo Santos jogam esportes tradicionalmente ameri-canos, como futebol americano e beisebol; e filmes americanos são sempre exibidos aqui. É isso que significa ter um relacionamento amplo e profundo, e é o motivo pelo qual queremos fazer com que brasileiros continuem viajando para os EUA e fazer com que investir nos Estados Unidos seja mais sim-ples. O número de americanos que visitam o Brasil tem crescido, mas não é tão grande como o número de brasileiros nos EUA. O Brasil é um destino fantástico e popular para os americanos, mas eu gostaria de ver ainda mais americanos visitando o Nordeste. A conversa direta entre brasileiros e americanos é a chave para familiarizar os americanos das oportunidades, charme e atrações daqui. Eu amo o Nordeste, e acho que a maioria dos americanos iria amar também.

NORDESTE: Quais as áreas de ne-gócios que as empresas america-

nas mais gostariam de ampliar no Nordeste brasileiro ou no País como um todo? Educação, TI, quais?

Reiter: Nossas relações comerciais têm um potencial incrível. O Nor-deste tem a população da Colômbia e uma produção econômica maior que a do Peru. A economia nordes-tina tem crescido num ritmo maior que o restante do Brasil, e firmas americanas entram em contato conosco para aprender como eles podem aproveitar as oportunidades aqui. Nós dobramos o tamanho do setor Comercial do Consulado, e estamos trabalhando ativamen-te com companhias americanas interessadas em novos produtos, serviços, tecnologias, processos de produção, e investimentos no Brasil – todos os quais geram emprego em ambos os países.

NORDESTE: O sr. apontaria especi-ficamente quais os setores no foco?

Reiter: Setores particularmente promissores incluem: infraestru-tura, comunicação e tecnologia da informação, energia renovável, franchising, viagem e turismo, educação e saúde. Muitas empresas dos EUA já têm presença no Brasil, como a Coca-Cola e a Subway, mas existem muitas outras que têm sido ativa por anos, que geram ativi-dade econômica e empregos, mas que não são nomes conhecidos. Também existem muitas empresas funcionando no Rio e em São Paulo, e nós temos trabalhado para ter a certeza que elas incluam o Nordeste nos seus planos de ne-gócios. Queremos mostrar a elas o potencial de negócios nessa parte do País. Também coordenamos delegações de brasileiros para trade shows nos Estados Unidos onde eles podem fazer novos contatos e aprender sobre produtos. Eu incentivo empresários brasileiros a entrarem em contato com o setor Comercial do Consulado para descobrir como se conectar com empresas americanas.

NORDESTE: O que os governos dos diversos estados do Nordeste po-dem fazer ou esperar para ampliar o intercâmbio educativo, cultural e turístico com os EUA?

Reiter: O contato entre nossos po-vos é impotante para os dois países, para nossas economias e culturas. A chave para aumentar o turismo é fortalecer o acesso e promover de maneira inteligente. Falei ante-riormente sobre como nós estamos facilitando o processo do visto. Ter voos diretos para os Estados Unidos obviamente é crucial para atrair turistas americanos. A beleza natural do Nordeste é uma atração para turistas americanos, mas mui-tos não estão cientes das opções disponíveis aqui. Similarmente, nós conversamos com universidades do Brasil e dos EUA que estão dispos-tas a fazer parcerias e intercâmbios para seus estudantes e professores. Também estamos trabalhando duro para ajudar a concretizar essas conexões.

NORDESTE: Qual a sua projeção econômica para o ano de 2015 em todo o mundo, em especial nos EUA?

Reiter: A economia americana tem mostrado força estável nos últimos cinco anos, e economistas projetam um crescimento contínuo no futu-ro. O desemprego está agora a 5,7% e o PIB pode atingir crescimento de 3% este ano. A economia dos EUA e a economia global, foram atin-gidas pela recessão em 2008, mas viramos a página e estamos conso-lidando nosso crescimento. Nem todos os países estão nesse mesmo momento do ciclo econômico, e acreditamos que fortalecendo nosso relacionamento econômico com o Brasil e trabalhando para aumentar o comércio e investi-mento bilateral, podemos gerar empregos e maior prosperidade para ambos os países. Por isso é que nossos projetos e iniciativas são tão importantes.

Page 13: Edição 99

É só consultar seu extrato

que o valor está lá, para

você usar como quiser.

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Page 14: Edição 99

afetadas com os efeitos do “Lava Jato” ou o País viverá uma das piores crises econômicas de sua recente história.

Já é possível identificar que os estra-gos já podem ser sentidos em diversos setores da economia, a partir da gra-

ve crise instalada em setores básicos, como a indústria Petroquí-mica e derivados, ge-rando demissão em número preocupante e até fechamento de empresas de médio porte.

A realidade exige que, além da ação conso l i dada pe l a Advocacia da União e de manifestações isoladas de membros do Congresso Nacio-

[email protected] Santos

De março em diante, sobretudo, o Governo Federal, os demais Poderes, a representação empresarial e inclusive de trabalhadores, ou fazem um grande esforço pela recuperação das grandes

e médias empresas nacionais

Estragos do Lava Jato exigem salvar empresasnal, se faz imperioso a ampliação de estratégias comuns envolvendo os trabalhadores. Sem esse esforço con-junto, é imprevisível o custo social para o Brasil.

Desde a retomada dos trabalhos no Congresso Nacional, os fatos políticos e desdobramentos em torno da “Lava Jato” só se acentuaram negativamente levando em conta ainda a ação da Justiça em querer forçar a punição das empresas em grau insustentável para a manutenção da vida empresarial, portanto, da empregabilidade.

Em síntese, mesmo que os Grandes Veículos de comunicação do País mantenham a cobertura jornalística buscando ampliar a crise para fora da política, ou seja, afetando o fator econômico, é tempo de uma ampla articulação nacional para salvar do caos as empresas brasileiras.

O senador Cássio Cunha Lima, líder do PSDB no Senado, tem sido um crítico contumaz a todo o contexto envolvendo o “Lava Jato”, por isso

repete aos quatro cantos que es-tará atento para exigir punição

rigorosa dos envolvidos no escândalo de utilização ilícita de recursos da Petrobras.

Cássio não poupa o Gover-no por esse processo arrastado

e, sempre que pode, faz pronunciamen-tos dur í s s imos

contra a Presi-denta Dilma

Rousseff.

Já o líder do PT no Senado, Humberto Costa, contesta as criticas do tucano argumentando que nunca na história um Governo teve a coragem de ir a fundo nas investigações de qualquer escândalo punindo doa a quem doer.

Para Humberto Costa, a argumentação do PSDB é frágil e in-consistente porque na fase do Governo FHC, “os escândalos eram colocados de-baixo do tapete, diferentemente de agora”.

A fala do Líder da Oposição O que diz a voz do Governo

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O Partido Socialista Brasileiro resol-veu encarar e buscar resolver de vez a relação pessoal entre o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, jovens lideres ascendidos na Política por obra exclusiva do ex-governador Eduardo Campos.

Os dois andaram se estranhando

tanto que perderam a eleição na As-sembléia Legislativa deixando-os em situação embaraçosa, que mostrou a desunião entre eles.

É que Geraldo Julio, mais antigo no processo, reivindica silenciosamente a liderança do contexto depois da morte do ex-governador e isto não é acatado pelo governador.

Embora citado inicialmente no caso “Lava Jato”, eis que o ex-deputado federal Henrique Alves se mantém na linha de frente do PMDB, agora com a salva-guarda por não ter sido indiciado na lista anunciada pelo Ministério Público Federal.

Isto deu força política ao líder pemedebista no Rio Grande Norte, agora e sempre aliado do PSDB/DEM diante da liderança do governador Robinson Faria.

Um assunto que tem chamado a atenção em Salvador é a exploração pelo prefeito ACM Neto na defesa do fim do “cordão de isolamento” co-mumente usado no carnaval da Bahia como forma de auto-sustentação dos blocos carnavalescos que atraem multidões de outros estados.

ACM Neto chegou a sair na fa-mosa “Pipoca”, onde se concentram a multidão de populares durante o carnaval.

O pensamento do Presidente da CPI da PetrobrasDe repente, a cena política bra-

sileira começou a se deparar com a imagem de uma jovem parlamentar, médico, natural de Patos na Paraíba, mas escolhido para a difícil tarefa de presidir a CPI da Petrobras na Câ-mara Federal. Trata-se do deputado federal Hugo Mota, 25 anos.

A jovialidade do parlamentar do PMDB contrasta com sua firmeza de posicionamento, ao argumentar durante sessão, a todos os atores políticos envolvidos no debate e na condução dos trabalhos que não ce-

derá um milímetro das prerrogativas de dirigente máximo da CPI.

Em contato com a Coluna, ele garantiu que “tanto Governo quanto Oposição saibam que estarei atento a qualquer manobra e agirei na ple-nitude do exercício da função a mim delegada, portanto,não aceitarei pressão de quem quer que seja”.

Hugo Mota garantiu que vai a fundo nos trabalhos para esclarecer definitivamente à sociedade brasilei-ra o que está por trás desse rumoroso caso para resolvê-lo de vez.

A relação política em Pernambuco Fim do cordão

Henrique Alves escapa do furação

Ricardo mira a cena nacionalNa Paraíba, tem tomado corpo junto a militan-

tes socialistas o encaminhamento de estratégias para fazer o governador Ricardo Coutinho ocupar mais espaços na conjuntura nacional diante do que consideram o vazio deixado por Eduardo Campos.

A militância do PSB no estado, apregoa que Ricardo é na atualidade o único governador com mandato renovado e com resultados a credenciá--lo para fora do Estado, além da perfor-mance administrativa tratando de questões tabus da administração.

Ricardo, mesmo estando no PSB, defende a governabilidade de Dilma Rousseff e é contra o Impeachment proposto por setores da Oposição. 15

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urou o papo de Eike Batista, o capi-talista do “Estado Forte” preconizado pelo Dr. Lula da Silva, o pilantra-mor

do socialismo caboclo. O ex-bilionário, caído em desgraça, foi apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como responsável por crimes de manipulação de mercado e uso de informações privilegiadas para lograr incautos acionistas. Em decorrência, a Policia Federal apreendeu em suas mansões carros de luxo, iate, piano, boa quantidade de dinheiro (em moedas nacionais e estrangeiras), obras de arte, computadores e até um aparelho ce-lular – bens que, agora, a PF pretende leiloar. De quebra, a blitz policial ainda apreendeu três carros de luxo na mansão de Luma de Oliveira, ex-mulher de Eike. Para completar, na mesma hora, o Ministério Público de São Paulo o denunciava por evasão de divisas e so-negação fiscal. Pressionado pela evidência dos fatos, o juiz da 3ª Vara Criminal do Rio, Flávio Roberto de Souza, quer ver Eike por atrás das grades: o empresário tentou escamotear alguns R$ milhões em doações sigilosas repassadas aos familiares (filhos, ex-mulher e esposa) no momento exato em que suas empresas já não pagavam mais débitos e dividendos.

É sabido que Batista refinou sua goga de manipulador do mercado vendendo, de porta em porta, na Alemanha, seguros-residência. Daí, já no Brasil, a partir de informações privilegiadas sobre o nosso subsolo obtidas junto ao pai (Eliezer Batista, antigo ministro de Minas e Energia do Governo Jango), entrou no ramo da mineração. Em seguida, lançando-se espetacularmente no mercado de capitais, foi tido no ruge-ruge da Bolsa como “vendedor de ilusões”. Num lance, criou uma empresa para explorar petróleo, a miraculosa OGX, e vendeu na bucha (com o beneplácito do Governo Forte e da mídia amestrada que o notabilizou como um novo Midas) a bagatela de US$ 1,5 bilhão em ações de uma mercadoria que, de fato, nunca existiu. (Um acionista tungado pela goga de Eike, Aurélio Valporto, da Asso-ciação Nacional dos Acionistas Minoritários, diante das justificativas do empresário, deu a resposta precisa: “No caso da OGX, ninguém está reclamando de prejuízo no mercado, mas de roubo. Perder é parte do jogo. Ser roubado

não”). Falei antes em Estado Forte, fomentador do capitalismo de Estado que tem por objetivo financiar, em troca de grossas propinas, grupos e empresários amplamente favorecidos pelo sistema. Eike Batista é justamente um desses “eleitos” - no fundo mais um pato a ser depe-nado pelo poder arbitrário.

Aqui, abro outro parêntese: não existe esse troço de “Estado Forte”, o próprio Estado não existe abstratamente. O Estado em Cuba é Fi-del Castro. Em Moscou, nos tempos de Stalin, o Estado era Stalin. Em Berlim, nos tempos de Hitler, o Estado era Hitler. No Brasil, há mais de 12 anos o Estado é o Dr. Lula, coadjuvado por um bando de comunistas organizados, sempre regidos pelas instruções criminosas do Foro de São Paulo, entidade internacionalista que tem por objetivo liquidar com a demo-cracia representativa e estabelecer de vez, no continente, um império coletivista.

Eike Batista, além do acesso fácil às conces-sões para explorar minas e jazidas previamente identificadas nos balcões oficiais, dispunha, sem maiores restrições, da grana bilionária do BNDES (entidade pública que está a exigir urgente CPI) para bancar projetos sem sus-tentação. Na prática, com o dinheiro grosso tascado do “Estado Forte” (e de inocentes investidores), o Midas perdulário passou a dis-tribuir, sem o menor pudor, polpudos milhões com o próprio Lula, Dilma, Zé Dirceu, Serra, partidos de esquerda e, como esperado, com a tropa de choque do Cinema Novo, entre eles o neomarxista Cacá Diegues (“Cinco Vezes Favela”), o falso-revisionista Arnaldo Jabor (“A Suprema Felicidade”) e o soi-disant comu-nista Luiz Carlos Barreto, produtor de “Lula, o Filho do Brasil”, o mais caro e retumbante fracasso do cinema de propaganda que se faz hoje no Brasil.

Em tempo: o projeto revolucionário da patota do Cinema Novo era transformar o Brasil numa “república popular”, na linha de Cuba. Seu principal mentor, Nelson Pereira dos Santos, seguia na íntegra a agenda de Andrei Jdanov, o ideólogo do stalinismo no campo das artes. De certo modo, o Cinema Novo atingiu seu objetivo: o Estado Forte de Lula, que controla com dinheiro corruptor a cultura no Brasil, é também fruto dessa rendosa utopia.

Opinião

Ipojuca PontesEscritor e cineasta

Eike, comunistas e Cinema Novo

F

Eike Batista, além do

acesso fácil às concessões para explorar

minas e jazidas previamente

identificadas nos balcões oficiais,

dispunha, sem maiores restrições, da

grana bilionária do BNDES

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Inovação

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Governo Dilma convive com reações de parlamentares aliados e vê Projetos fundamentais correndo riscos de serem reprovadas

TUrBULêNCIAS E BUSCA DE SUpErAçãO NA BASE

retomada das atividades no Congresso Nacional em 2015 chegou com novidades ruins

para o governo Dilma Rousseff. A presi-dente tinha a expectativa de retomar a normalidade nas relações com a própria Base e o Legislativo para estancar a crise que se efetiva no campo econômico e transborda para a cena política por falta de relações bem resolvidas. Aliás, desde a eleição de Eduardo Cunha (PMDB) à presidência da Câmara dos Deputados que acendeu o sinal vermelho no Palácio do Planalto. De lá para cá, o governo tentou atenuar os ânimos dos “aliados rebeldes”, mas setores do PMDB fazem questão de demonstrar sua força em Brasília.

Ainda repercute o fato de que, depois do encontro com lideranças peeme-debistas, a presidente Dilma Rousseff prometeu se reunir semanalmente com os partidos que compõem a coalizão com o governo, mas nem por isso deixou de amargar a devolução da importante matéria tratando da desoneração na folha de pessoal das empresas por ato do presidente do Senado, Renan Calheiros. A promessa do governo, contudo, é uma tentativa de responder à insatisfação dos aliados, que acreditam devem ser consul-tados em matérias do Executivo.

Satisfeito com a iniciativa da presiden-

A

Política

te, o vice Michel Temer, afirmou que é preciso que toda a base, o PMDB e de-mais partidos, estejam inteirados do pro-grama e de que se está fazendo isso para buscar uma economia mais saudável no país. “Isso precisa ser melhor explicado”, pontuou. “Efetivamente vai haver uma integração maior, uma audiência maior, e portanto uma participação maior”, arrematou o vice-presidente.

O presidente do Senado, Renan Ca-lheiros, no entanto, não compareceu ao encontro com Dilma. Insatisfeito com o tratamento do governo, que “tomaria decisões sem discussão prévia”, ele che-gou a classificar a coalizão de Dilma de “capenga”. Calheiros surpreendeu então o Planalto ao rejeitar a medida provisória 669, que trata de desonerações tributárias para vários setores da economia. Esta cena, contudo, foi superada dias depois com a presença do Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para tratar das medidas econômicas retomando as relações com o líder do PMDB.

“As medidas provisórias, que deveriam ser medida excepcional, deturpam o conceito mesmo de separação de Poderes, invertendo os papéis constitucionalmen-te talhados a cada um dos Poderes da Re-pública. O excesso de medidas provisórias configura desrespeito à prerrogativa principal desse Senado Federal”, disse

Renan ao anunciar a decisão de devolver a MP ao Executivo.

A situação, contudo, foi resolvida pouco depois o governo enviou um pro-jeto de lei com urgência constitucional assinado pela presidente Dilma Rousseff para substituir a MP. O projeto tem 30 dias para ser aprovado no Congresso. 18

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Foto: Romeiro Cunha

SEGUNDO ESCALÃO E ORÇAMENTO 2015O orçamento 2015 ainda não foi votado e também estão emperradas as nomeações do segundo escalão do governo, o que deixa as pastas paralisadas sem condições de tocar os projetos pendentes

Mas esse não foi o único revés so-frido pelo governo federal. Desta vez, foi aprovada na Câmara a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da bengala, que amplia de 70 para 75 anos a aposentadoria compulsória dos integrantes dos tribunais superiores.

A partir da aprovação desta regra, a presidente Dilma Rousseff perde a possibilidade de indicar cinco novos ministros para o Supremo Tribunal Federal (STF) ao longo do seu segun-do mandato. O PT chegou a tentar obstruir a sessão, amparado pelo PDT e PCdoB, mas não teve êxito.

Os próximos meses do Planalto ten-

Outra derrotadem a não ser fáceis, aliás, até porque há investida do Governo para sanar os problemas.

Em meio a tentativa de juntar os cacos da base aliada, Dilma foi cobra-da pelas lideranças do Senado para encaminhar proposta alternativa de Correção do Imposto de Renda. Aos líderes da Câmara, admitiu os riscos de o país ter rebaixada sua nota de rating pelas agências internacionais. Tudo isso em meio à semana em que o dólar bateu a casa dos R$ 3,00, graças à desconfiança do mercado de que o Brasil não conseguirá honrar com seus compromissos financeiros.

O QUE ESTá PARALISADO COM A CRISE ENTRE PLANALTO E CONGRESSO?

MUDANÇAS TRABALHISTAS E PREVIDENCIáRIASA presidente deverá negociar alterações nas propostas que mudam as regras do seguro-desemprego, pensão por morte e auxílio doença, entre outros benefícios.

FOLHA DE PAGAMENTOA aprovação do projeto de lei alterando as alíquotas da folha de pagamento, mesmo após Renan Calheiros decidir devolver a medida provisória sobre o mesmo tema, é tida como certa pelo Planalto.

TABELA DO IRSerá preciso negociar a derrubada do veto à correção da tabela do Imposto de Renda. O Congresso aprovou um reajuste de 6,5%, enquanto o Planalto diz que só é possível os 4,5%

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momento é de turbulência. Sem dúvida, é o momento mais delicado do governo

Dilma Rousseff (PT). Turbulência política e aperto fiscal com uma re-cessão praticamente instalada. Depois de uma vitória apertada no segundo turno – A petista obteve 51,64% dos votos e Aécio Neves (PSDB), 48,36%. A menor diferença de votos em um segundo turno desde a redemocratiza-ção – Dilma agora precisa atravessar uma crise já instalada e não permitir que se aprofunde mais. Uma possível perda do controle levaria ao aumento do coro pelo pedido de impeachment. Intervenção que vem sendo almejada pela direita mais xiita da sociedade brasileira, que pede até intervenção militar.

Capa

Denúncias de corrupção na Petrobras,

ajustes fiscais e possível recessão, além

de desalinhamento da base de sustentação,

levam Dilma Rousseff a viver a pior crise do seu

governo

O

ApErTEm OS CINTOS! O combustível que tem alimentado

a crise do atual governo está saindo dos desdobramentos das investigações em torno da Operação Lava Jato, das tensões políticas geradas nas revelações divulgas pela Imprensa, além de insatis-fações a cerca das medidas econômicas indigestas adotadas pela equipe econô-mica do segundo governo Dilma.

Apimentando a situação, a oposição afirma que a presidente teria sido ne-gligente ao não identificar a corrupção na Petrobras, enquanto que parte do eleitorado de Dilma reclama que a presidente acabou tomando medidas que combateu durante a campanha eleitoral. Em paralelo a tudo isso, os governadores do Nordeste, região que majoritariamente tem servido de base à Dilma, têm oferecido a presidente uma

pauta de reivindicações variadas, entre elas o aumento do Fundo de Participa-ção dos Estados e Municípios.

Para entender melhor a atual si-tuação, nas páginas que se seguem a Revista NORDESTE traçou um breve painel de como o governo chegou ao atual momento.

Por Paulo [email protected]

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O anúncio das medidas econômicas foram feitas no final de dezembro de 2014 (as MPs ainda precisam ser apro-vadas pelo Congresso) e tornarão mais rígida a concessão de benefícios como pensão por morte, auxílio-doença, abono salarial, seguro-desemprego e seguro-defeso. O objetivo é obter uma economia de R$ 18 bilhões por ano, ou 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem. O governo garante que a intenção é apenas corrigir algu-mas distorções já existentes nos progra-mas e, portanto, não se chocam com promessas de campanha da presidente.

O ajuste vai além dos cortes sociais e afetam também investimentos priva-dos e públicos, alguns deles realizados através de desonerações permitidas pela União.

Boa parte desse esforço é para atingir a meta fiscal de 2015, de 1,2% do PIB (veja box na página seguinte). Manter a meta fiscal, é crucial para o governo contar com a confiança do mercado e para poder pagar as suas próprias dívidas.

Em parte por isso, a nova equipe econômica anunciou a limitação de benefícios sociais, o aumento de juros

Sem beneFíCiO

ao setor produtivo e de tributos sobre a folha de pagamento, automóveis, combustíveis e cosméticos, além da limitação de gastos, principalmente do Programa de Aceleração do Cres-cimento (PAC), e o fim dos repasses ao setor elétrico, entre outras medidas. Os cortes retirarão, aproximadamente, R$ 80 bilhões de uma economia que já

TENSÃO ECONÔMICA E POLÍTICA

O Brasil vive um risco claro de recessão, hipótese admitida em relatórios elaborados pelos maiores bancos do País. Além do risco já existente, economistas têm alertado que o ajuste fiscal baixado pelo governo em dezembro

acrescenta um complicador a mais. Há consenso que o

ajuste é necessário, mas o remédio dado

pode ao invés de curar, piorar o estado do

paciente. Além disso, o panorama

de cortes sociais mais adoção de uma política econômica com tom liberal tem soado estranho para o eleitorado petista. Primeiro, Dilma chamou um

ministro da fazenda mais habituado a cartilha do PSDB, Joaquim Levy, depois anunciou os cortes.

Agora o ministro da Fazenda busca tem feito incursões ao Congresso em conversas tanto com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), quanto com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), para explicar a urgência das matérias.

A tensão está instalada, inclusive com negativas dos peemedebistas em aceitar e colaborar com as medidas adotadas pelo governo. Nesse ir e vir, o senador já mandou voltar duas MPs consideradas urgentes encaminhadas pela equipe econômica.

dá sinais de estagnação. Vale ressaltar que tudo isso acontece em meio a um ambiente internacional desfavorável.

A redução da desoneração da folha (com consequente aumento de tributos) é mais uma medida que busca elevar a receita do governo, mas causa mal estar entre empresários e empregados.

Fotos: Divulgação / Marcelo Camargo - Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do Senado, Renan Calheiros. Tratativas em busca de apoio para o governo

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Enquanto a economia patina, o governo sofre o desgaste de uma onda de denúncias de corrupção. As denúncias começaram em março de 2014 com a Operação Lava Jato, antes ainda de ser dada a largada da acalorada campanha eleitoral. A ope-ração investigava um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras do país e políticos. A Operação conseguiu reunir no mes-mo barco o doleiro Alberto Youssef, figura que já havia sido presa nove vezes em vários outros escândalos, e o ex-diretor de abastecimento da Petro-bras, Paulo Roberto Costa. A partir daí começaram a surgir informações que apontavam de fato para um es-quema de corrupção bilionário. Aos poucos, no decorrer de 2014 e 2015 foram sendo expostos vínculos entre Youssef, ex-diretores da Petrobras, empreiteiras e inúmeros políticos.

Até o momento o escândalo con-seguiu fazer algumas baixas signifi-cativas. Ainda em 2014 o Congresso cassou um dos envolvidos que estava em final de mandato, o deputado

O LAvA JAtO

federal André Vargas (ex-PT-SP). Outro deputado, Luiz Argôlo (SDD--BA), teve a cassação aprovada pelo Conselho de Ètica. Contudo, o deputado manteve o mandato até o final da legislatura. Outra baixa foi da presidente da Petrobras, Graça Foster, e de mais cinco diretores da empresa que decidiram renunciar aos cargos em fevereiro deste ano.

Dirigentes de algumas das princi-

CUT Brasília, sindicatos e organizações do movimento sindical e social fazem ato em defesa da Petrobras

Para entender melhor o cenário econômico e a necessidade do ajuste fiscal, é preciso lembrar que as contas externas registraram em 2014 um déficit de 4,17% do PIB, o pior resultado em 13 anos (e um dos mais altos do mundo). Ao mesmo tempo, as contas públicas brasileiras tiveram o primeiro déficit primário da história no último ano, segundo o Banco Central. Após o pagamento de juros da dívida pública, foi registrado um déficit nominal de R$ 343 bilhões - o equivalente a expressivos 6,7% do PIB no ano passado.

Para melhorar o perfil das contas

públicas, o governo fixou como meta um superávit primário (receitas menos despesas, sem contar juros) de 1,2% do PIB, o equivalente a uma economia de R$ 66,3 bilhões para o setor público em 2015, e de pelo menos 2% para 2016 e 2017. Foi essa perspectiva de economia que levou o governo a fazer os cortes.

SUPERáVIT FISCAL

pais empreiteiras do país como a Ca-margo Corrêa, a Mendes Júnior, OAS, Odebrecht entre outras companhias, são citadas e algumas já receberam denúncia do Ministério Público.

Hoje a lista de investigados inclui 50 nomes e o prejuízo na Petrobras com a corrupção, segundo a ex--presidente Graça Foster, pode chegar a R$ 88, 6 bilhões.

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Fotos: Marcello Casal Jr - Agência Brasil / Antonio Cruz - Agência Brasil

Para investigar os desvios na estatal os deputados e senadores resolveram criar a CPI da Petrobras em maio de 2014. A Comissão teve a presidência de um paraibano, Vital do Rego Filho (PMDB) e durante o ano a CPI ouviu e acareou testemunhas. Em dezembro aprovou relatório oficial pedindo o indiciamento de 52 envolvidos. Entre-tanto, nenhum político.

Em fevereiro deste ano uma nova CPI foi instalada com outro presidente paraibano no comando, agora o depu-tado federal Hugo Motta (PMDB). Logo na primeira sessão a CPI mostrou que deve ser alvo de fortes embates. A sessão contou com gritos e achaques entre os integrantes. Apesar da pouca idade, Motta (que tem apenas 25 anos) foi firme para se defender dos ataques de outros partidos e garantiu: “não serei fantoche” e “não tenho medo

Uma região que tem mostrado in-teresse para começar a pressionar o Palácio do Planalto e reivindicar uma agenda positiva e mais investimentos na região, é o Nordeste.

Os governadores eleitos da região se encontraram em dezembro em João Pessoa e devem voltar a se reunir no final de março em Brasília com a presidente Dilma. Na carta elaborada na capital paraibana, os governadores pediram, além de foco numa agenda

CPi miStA

PreSSãO vindA dO nOrdeSte

de grito”. As declarações rebatiam críticas do depu-tado Edmilson Rodrigues (PSol-PA), que o chamou de “moleque”. A CPI irá investigar além dos desvios de corrupção na estatal brasileira o envolvimento de 13 senadores e 22 depu-tados citados na Operação Lava-Jato.

A tensão econômica também tem perturbado o sono dos deputados que reclamam de queda no Fundo de Participação dos Estados (FPE) e cortes no Orçamento da União que prejudicam os estados. Outro ponto que merece nota é o lobby de setores da indústria e do comércio que se vêem prejudicados com as recen-tes medidas econômicas. Com certeza esses são alguns dos motivos que têm

tornado difícil a aprovação das Medidas Provisórias enviadas pelo Executivo ao Congresso, obrigado o governo Dilma abrir diálogo com a sua própria bancada para conseguir aprovar suas medidas econômicas. Nesse cenário, a CPI pode se tornar moeda de “troca” de parte da base alida para pressionar o governo em troca de benesses.

positiva, mais investimentos em Saú-de, infraestrutura, reforma política, desonerações para o setor energético, reforço no ensino básico e superior com construção de mais universidades e escolas técnicas, manutenção dos juros praticados pelo BNB, criação de linha de crédito especial para o Nordeste, apoio para modernização das forças de segurança e que entre em vigor a lei dos royalties do petróleo. Ufa! E essas são apenas algumas das

medidas defendidas pelos governado-res, as quais, é bom ressaltar, muitas vão contra o que está sendo adotado pelo Governo Federal.

A “Carta da Paraíba”, divulgada após o encontro, ainda lembra que a atual crise não foi criada pela região: “O Nordeste trilhou, nos últimos anos, avanços significativos no setor econômico. De acordo com cálculos do Banco Central, a economia da Região cresceu 2,55% no segundo trimestre do ano, em comparação com o primeiro (que já havia registrado expansão de 2,12%). Importante res-saltar que nenhuma das demais regiões obteve dois trimestres consecutivos de alta. Enquanto o Nordeste cresceu, a economia do Brasil encolheu 0,2% de janeiro a março e 0,6% de abril a junho”. Assim, o reduto eleitoral do PT, demonstra que está disposto a apoiar mais uma vez a presidente, mas promete cobrar mais empenho federal por seu endosso.

Encontro reuniu os noves governadores do Nordeste em JP

Deputado Hugo Motta (PMDB-PB) mostrou força na abertura da

primeira sessão da CPI

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etrolão e comunicação mal feita – e muitas vezes inexistente – são os fatores diretamente responsáveis

pelo desgaste do governo Dilma e do PT. Os desmandos descobertos na relação entre empresas prestadoras de serviço e dirigentes da Petrobras revelam-se porten-tosos, ao ponto de reduzirem o mensalão, aríete com que as oposições midiática e política tentaram derrubar Lula e Dilma, a um furto próprio de um pivete de praia. E a incompetência na relação com a grande imprensa, detentora e manipuladora de expressiva parcela da opinião pública, per-mite exponencializar os defeitos do governo petista, minimizando, em contrapartida, as ações que beneficiam, mais diretamente, as classes sociais mais humildes.

Nos últimos anos, ou mais exatamente desde o dia em que Lula reconfigurou a distribuição da verba publicitária do go-verno federal, atribuindo, então, um maior percentual aos pequenos veículos de co-municação e reduzindo, em consequência, o ganho de jornais, revistas e televisões do sagrado triângulo do sudeste brasileiro, surgiu o que se convencionou chamar de oposição midiática. Esta entronizou como “heróis” Joaquim Barbosa, Aécio Neves, Marina Silva, Eduardo Campos e, mais recentemente, tornou popstars delatores como Barusco, Youssef, Paulo Costa, Renato Duque, entre outros, todos, por mera coincidência, participantes de atos e processos que tornam execrável o PT.

Há anos, a oposição midiática vem di-fundindo um clima de pessimismo no país, inoculando na mente das pessoas expecta-tivas de crise. O governo petista assistiu a tudo isso de forma impassível, ignorando a obviedade de que uma afirmativa várias ve-zes repetida, mesmo que mentirosa, torna--se uma pura verdade. E pouco ou quase nada do que o governo fez foi divulgado, fechando os olhos para a máxima de que “o que não se divulga, não existe”.

O governo Dilma só reagiu ao catastro-fismo na campanha eleitoral, escolhendo o caminho da propaganda que, sem a precedência do ato de comunicar, torna--se menos eficaz, principalmente quando é veiculada em horário político. O que se viu foi um desfile de obras monumentais, feitas pelo governo, que mais pareciam

um documentário de sonhos a realizar. Em recente livro, o marqueteiro de Dilma, João Santana, reconheceu que, no Guia Eleitoral, teve de “recuperar o deficit comunicacional do governo, mostrando e explicando muita coisa que as pessoas não sabiam existir”.

A palavra de Santana, um profissional ao mesmo tempo elogiado e demonizado, dependendo da opção partidária de quem se pronuncia, põe a nu a comunicação do governo petista que, em nenhum momento, sabe enfrentar ou conquistar a chamada grande imprensa. Em muitas oportunida-des, adota a postura burro-olímpica de não responder ao que considera mentira; e, em outras, tangencia o cerne da questão com desculpas esfarrapadas, particularmente quando se vê em verdadeiros becos sem saída.

Quando a administração pública não se comunica, eficazmente, com os cidadãos - pela informação ou pela propaganda - cresce o poder de fogo das forças que a criticam, colocando, algumas vezes, o país em baixo astral. Gera assim uma onda de mau humor, de insegurança, extravasada em movimentos de protesto como se vê, hoje, com muita frequência, nas cidades brasileiras.

Correto está em sua avaliação o Ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, quan-do defende para o governo Dilma “uma dinâmica de comunicação que permita às pessoas saberem dos desafios de maneira didática, tanto na questão econômica, que assumiu uma complexidade que não tinha há um ano, como na política com repercussão da Lava Jato que coloca o tema negativo da corrupção”. E arremata com propriedade: “Nosso erro foi termos nos comunicado mal”.

Reforma política, privatização de campa-nhas eleitorais, maior combate à corrupção e equilíbrio das contas públicas são promessas reiteradas pela Presidenta Dilma no rescal-do dos movimentos populares. Todas elas cumpridas ou não, no todo ou em parte, em nenhuma hipótese prescindirão de expli-cações dadas por uma comunicação clara, objetiva, que não permita que o governo se trumbique, como diria o sempre lembrado e excêntrico Chacrinha. Um personagem que anda fazendo falta ao governo petista.

Carlos Roberto de OliveiraJornalista, consultor de Marketing e sócio da CLG

Opinião

P

Falta chacrinha no governo Dilma

Uma afirmativa várias vezes

repetida, mesmo que mentirosa, torna-se uma

pura verdade. E pouco ou quase

nada do que o governo fez foi divulgado, fechando os olhos para a

máxima de que o que não se divulga, não

existe

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Nelson Antônio de Souza diz que, apesar da retração, números permitem projeção de crescimento do BNB três vezes mais

mbora o ano tenha começa-do com clima de turbulên-cia econômica, sobretudo

em face da crise em torno da Petro-brás, há no cenário financeiro do País quem apresente números na direção inversa da crise apontan-do saldo positivo e perspectiva de crescimento no segundo semestre. É o caso do Banco do Nordeste do Brasil. Em entrevista, o presidente Nelson Antonio de Sousa, revelou aumento de 63% WWWdo lucro liquido do banco em 2013 e 2014.

Ele declarou de pronto: “Foi muito positivo. Na comparação entre os mesmos períodos de 2013 e 2014, houve um aumento de 63% do lucro líquido do banco. Isso demonstra que o trabalho foi muito eficaz. Agora, ainda que tenhamos esse resultado, nós não perdemos de vista que somos um banco de desenvolvimento. Nós crescemos nas micro finanças, com

e 24% de crescimento no crediamigo [crédito urbano] e no agroamigo [crédito rural]”.

O BNB, em síntese, segundo ele, chegou a um lucro líquido de R$ 326 milhões no primeiro semestre do ano, considerando toda a área de atuação do banco. Contudo, os valores financiados pelo banco tiveram redução tanto em âmbito regional como estadual.

O presidente do BNB também comentou sobre os motivos que levaram o comércio a ter se so-bressaído no primeiro semestre do ano em tomada de crédito e faz projeções sobre uma possível retomada da indústria até o fim do ano. Nelson de Souza analisa ainda a relação entre o crescimento do microcrédito rural no período e a necessidade dos agricultores de recuperarem as perdas acumuladas em dois anos de seca.

Na entrevista que segue, ele

traz ainda as projeções do banco para o fechamento do ano, além de perspectivas para a abertura de novas agências.

Revista NORDESTE: O BNB acabou de divulgar o balanço do primeiro semestre de 2014. O senhor consi-dera que o resultado foi positivo?Nelson Sousa: Foi muito positivo. Na comparação entre os mesmos períodos de 2013 e 2014, houve um aumento de 63% do lucro líquido do banco. Isso demonstra que o trabalho foi muito eficaz. Agora, ainda que tenhamos esse resultado, nós não perdemos de vista que somos um banco de desenvolvimento. Nós crescemos nas micro finanças, com 24% de crescimento no crediamigo [crédito urbano] e no agroamigo [crédito rural]. Isso demonstra que o banco está preocupado com seu balanço social, fazendo

LONGE DA CrISE

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Fotos: Divulgação

chegar o micro crédito produtivo e orientado lá a quem precisa, para os pequenininhos, os informais que plantam a sua roça, aquele que compra o seu carrinho de pipoca, sua caixinha de picolé. E isso foi feito ao mesmo tempo que os grandes investimentos. Mas eu diria que o mais importante desse resultado foi a nossa cobrança intensa, contundente, com ve-emência, aos financiamentos inadimplentes.

NORDESTE: Embora o lucro líquido tenha crescido, o BNB financiou menos no primeiro semestre de 2014, no comparativo com o mes-mo período de 2013. De janeiro a junho do ano passado, o banco concedeu R$ 11,7 milhões em cré-dito, valor que nos primeiros seis meses de 2014 ficou na casa dos R$ 9 milhões. Por que os valores diminuíram?Nelson: Na realidade, o próprio Banco do Nordeste tem um as-pecto sazonal na concessão de crédito. Em 2014, fizemos modi-ficações, calibramos as metas le-vando em consideração o aspecto sazonal. Antes, nós dividíamos as metas de forma linear, o que dava cerca de 8,33% por mês. Agora, o que estamos fazendo é que, se eu sei que a plantação da cana e do algodão é prevista para o segundo

semestre, nós calibramos as metas considerando essa sazonalidade.Mas não podemos deixar de reconhecer que no primeiro se-mestre, por conta da Copa e outras coisas mais, as empresas que estavam com seus projetos não procuraram os bancos. Ou seja, houve um arrefecimento do crédito no primeiro semestre, não só no Banco do Nordeste, mas em todos os bancos. Em função dos vários acontecimentos previstos, as empresas resolveram esperar para dar entrada nos projetos no segundo semestre.

NORDESTE: Passada a Copa do Mundo, já foi possível sentir um aumento na procura das empre-sas?Nelson: Sim. Já temos notícia de que, de maneira geral, julho foi o melhor mês do ano para crédito. As empresas voltaram a procurar crédito junto aos bancos. E 96% da meta de projetos previstos para 2014 já estavam com proposta dentro do banco.

NORDESTE: No momento atual do país, com crescimento menor para o PIB em 2014 e com o aumento da taxa básica de juros no início do ano, a procura por crédito aca-ba ficando desfavorecida?Nelson: No caso do BNB, não.

Fazer uma análise econômica é complicado. Eu prefiro não fazer, de modo genérico, até porque não é bem a minha área. Mas no caso do Banco do Nordeste, pelo próprio FDNE [Fundo de Desenvolvimento do Nordeste], que foi criado para atenuar as de-sigualdades regionais, nós temos taxas muito competitivas. Não vai ser o problema da taxa de juros que vai desestimular que os

“Nós crescemos nas micro finanças, com 24% de crescimento no crediamigo e no agroamigo. Isso demonstra que o banco está preocupado com seu balanço social”

“Agora, o que estamos fazendo é que, se eu sei que a plantação da cana e do algodão é prevista para o segundo semestre, nós calibramos as metas considerando essa sazonalidade”

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investidores procurem o banco ou que deixem de pegar esses re-cursos. Logicamente que toda a situação econômica do país está sendo avaliada pelos investidores, tanto no setor financeiro como no produtivo. Mas sendo bem objetivo, na questão do crédito, as taxas de juro praticadas pelo BNB são bem baixas em relação ao mercado.

NORDESTE: Quais os setores contribuíram para o crescimento do lucro líquido do banco nesse primeiro semestre de 2014?Nelson: O principal setor foi o comércio. Para se ter uma ideia, desses R$ 9,12 bilhões em fi-nanciamentos, R$ 4,726 bilhões foram do comércio. O segundo foi a indústria, com R$ 1,8 bilhão. E o rural foi de R$ 1,7 bi. Esses foram os principais setores.

NORDESTE: Na sua avaliação, o que levou o comércio a se so-bressair nesse período frente à indústria e ao meio rural, que é um carro-chefe do banco?Nelson: No caso do crédito ru-ral, se observarmos as principais safras do Nordeste, como algodão e cana de açúcar, elas ficam mais no segundo semestre. Mas com relação ao comércio, isso também

era esperado porque as empresas fizeram grandes investimentos em capital de giro. E aí entra a Copa. Nós nunca tivemos tantos visi-tantes no país como nós tivemos no primeiro semestre de 2014. Foram mais de 700 mil visitantes. E tem mais outro detalhe: antes, não era possível aplicar o FDNE ao comércio e agora pode. Isso foi outro fator importante.

NORDESTE: No comparativo do primeiro semestre de 2014 com o mesmo período de 2013, o balanço do banco mostra que na soma dos valores de microcrédito urbano e rural, houve aumento na concessão de crédito. O que puxou isso? A necessidade de recupe-

ração após a seca dos últimos anos pode ter influenciado esses resultados?Nelson: Esse foi exatamente um dos fatores, foi o principal. Com a Lei 12.844 [que amplia o Auxílio Emergencial Financeiro frente aos desastres ocorridos em 2012] e com as resoluções do Conselho Monetário Nacional [CMN], as dívidas daquelas pessoas que es-tavam devendo puderam ter um desconto de até 85%. Elas fizeram um novo crédito. Teve gente que até já tinha financiado a safra do próprio bolso, mas como perdeu tudo também teve que tomar crédito para se recuperar. Então nesse momento, foi fundamental ter esse micro crédito. Mas nós

“O banco já é o maior da América Latina em micro crédito, mas nós queremos aumentar cada vez mais essa participação”

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também estamos fazendo um in-cremento do micro crédito rural a cada ano. O banco já é o maior da América Latina em micro crédito, mas nós queremos aumentar cada vez mais essa participação. Em 2013, nós aplicamos R$ 7 bilhões entre agroamigo e crediamigo e em 2014 chegamos a cerca de R$ 10 bilhões.

NORDESTE: Para 2015, quais são os investimentos previstos pelo banco? O senhor falou durante a apresentação do balanço do pri-meiro semestre que foram inaugu-radas 40 novas agencias em 2014. O que está previsto para 2015?Nelson: Em julho de 2012, tínha-mos 186 agencias e estávamos há mais de 10 anos sem abrir ne-nhuma. Finalizamos dezembro de 2014 com 308 agências. Estamos falando em mais 122 agências. E já estamos em aprovação para 2015 de mais 25 agencias. Devemos chegar em 2015 a no mínimo 333 agências, além do compartilha-mento das casas lotéricas, que estamos fazendo em convênio com a Caixa. Estamos adequando o sistema de tecnologia da informa-ção da Caixa com o do Banco do Nordeste para que o nosso cliente possa acessar o banco nas 13.100 casas lotéricas do país.

“Estamos adequando o sistema de tecnologia da informação da Caixa com o do Banco do Nordeste para que o nosso cliente possa acessar o banco nas 13.100 casas lotéricas do país”

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ANUNCIO GRÁFICA

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ANUNCIO GRÁFICA

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a última década, a quantida-de de negócios dirigidos por homens triplicou, enquanto

o número de empresas com direção fe-minina aumentou 19 vezes, de acordo com a pesquisa do Sebrae.

A consultora Juliana Garcia, acredita que através do empreendedorismo as mulheres se tornam mais autônomas. “Cada vez mais mulheres tem desper-tado para essa possibilidade de serem protagonistas da própria história, buscando no empreendedorismo essa escolha por fazer acontecer e tomar a vida nas mãos”, diz.

Para o superintendente do Sebrae na Paraíba, Walter Aguiar, a mudança no quadro das direções empresariais já é perceptiva.“A mulher hoje representa no empreendedorismo brasileiro, cerca de 52% dos negócios do Brasil. Não são necessariamente proprietárias do em-preendimento, mas são as dirigentes do negócio. Isso representa cada vez mais uma conquista que as mulheres têm alcançado dentro da sociedade e que se reflete em alguns desses números. E também, não só na institucionalidade,

Abrir o próprio negócio está no top 3 de maiores sonhos da população brasileira, atrás apenas de ter a casa própria e de fazer viagens. Pelo menos é o que indica uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de 2013. E, nos últimos anos, as mulheres vêm investindo nesse sonho, mudando gradualmente o perfil da classe empreendedora no país

mULhErES Em ASCENSãO

Por Isadora [email protected]

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Presidente do Sebrae/PB, Walter Aguiar (gesticulando), durante

reunião na sede do órgão

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Individuais”, e, embora não tenha se inscrito para o prêmio neste ano, pretende concorrer na próxima edição.

“É importante para valorização da mulher enquanto empreendedora e empresária e com esse prêmio ele só vem a incentivar ainda mais. É um reconhecimento do trabalho”, relata. “O interessante do prêmio é que você precisa ter uma história, para que a sua história passe para as outras mulheres como incentivo”, comple-menta Fátima.

Após esforço e dedicação, o empre-endimento de Cristina foi reconhecido na premiação Mulher de Negócios, evento promovido pelo Sebrae em parceria com o Dieese, na categoria “Pequenos Negócios”. “Minha expecta-tiva cumprir o objetivo do prêmio de a partir da minha história incentivar ou-tras mulheres a empreender e mudarem de vida, passarem a ser escritoras das suas próprias histórias e não apenas co-adjuvantes. E também me desenvolver como mulher e gestora, pois acredito em uma busca constante de crescimen-to pessoal, espiritual e profissional para alcançarmos a plenitude”, disse.

O prêmio, que é promovido pelo Sebrae há 12 anos, tem o objetivo de valorizar e incentivar o empreendedo-rismo feminino. A empresária Magna Lopes, sócia e diretora da Dolce Zero, junto com sua irmã Fátima, acredita no poder incentivador da premiação. Em 2012, a empresária ficou com o segundo lugar na categoria “Empreendedoras

FOCO nOS negóCiOS

Foto: Henecatusa Nossit

“É importante para valorização da mulher enquanto empreendedora e empresária e com esse prêmio ele só vem a incentivar ainda mais.”

Fátima Lopes

Cristina Chianca com o prêmio Mulher de Negócios em mãos

na presença institucional que a mulher tem hoje, mas também nos negócios, na economia do Brasil. ”, comenta.

A deputada estadual Estela Bezerra (PSB), militante feminista, percebe que o empreendedorismo emancipa econo-micamante as mulheres. “Eu acho que essa é a área que mais emancipou as mulheres. A gente teve durante a nossa trajetória histórica, a emancipação eco-nômica, financeira, como determinante para concretização da cidadania”, fala.

“A educação foi a nossa carteira de acesso à cidadania, mas a autonomia financeira é fundamental. Tem um ou-tro aspecto, toda vez que uma mulher é valorizada e reconhecida como produ-tora no mercado de trabalho, a gente gera desenvolvimento econômico mais rápido e também igualdade e inclusão social”, completa.

É o caso da empresária Cristina Chianca, responsável pela empresa GuardeBem, que oferece serviços de Self Storage e Escritórios Virtuais, em João Pessoa. Cristine conta que sempre teve um pé no empreendedorismo e trabalhou da adolescência até o começo da vida adulta no negócio de sua família.

“Casei muito cedo e o meu ex-marido era extremamente ciumento, por isso, durante nosso casamento tive meu sonho ofuscado. Mas desde o divórcio decidi investir na minha carreira”, con-ta a empresária, que aos 34 deu início à graduação de Comunicação Social e à de Direito, trabalhou na gestão pública e iniciou uma empresa de construção civil antes de dar início à GuardeBem.

“Em 2010 aproveitei o boom da construção civil e iniciei a Brickell Incorporadora. Em 2012 após ter cons-truído 4 casas e 3 prédios com 12 apar-tamentos cada, vi que o mercado não estava muito interessante para mim que tinha um capital limitado e se tornava muito estressante. A Guardebem sur-giu de uma viagem que fiz aos Estados Unidos e lá conheci os dois serviços, Self Storage e Escritórios Virtuais. Nosso Estado necessita de fomento de negócios e no caso da nossa empresa todos os dois serviços estão atrelados ao fomento de novos negócios”, completa a empresária. 33

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Economia

TErrA DE DESENvOLvImENTO

Parcela importante do PIB nacional, o agronegócio cresce no Nordeste apesar

das adversidades climáticas. Setor cobra do governo políticas públicas

permanentes

Por Grazielle Uchô[email protected]

blusa de seda e o short jeans feito de algodão, ou o perfume que veio

da flor, nada disso estaria nas mãos dos consumidores se não fosse o agronegócio. “Nós estamos na vida das pessoas”. É o que afirma Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricul-tura e coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O setor não está presente no co-tidiano dos brasileiros apenas por fornecer alimentação e vestuário, mas também porque representa 1/3 dos empregos no país e 42% de suas exportações. Segundo a FGV, o agro-negócio, que é a soma das cadeias produtivas cuja coluna dorsal é a agropecuária, representa 22,5% do PIB nacional.

O bom desempenho tem potencial para crescer ainda mais. O Brasil tem 850 milhões de hectares de terras, mas só 10% dessa área são plantadas.

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“Pela necessidade mundial de alimentos e pelo potencial que tem esse país, ninguém segura a agropecuária brasileira”

Mario Borba

Fotos: Divulgação

De acordo com Roberto Rodrigues, o país ainda tem 78 milhões de hectares de terras agricultáveis, mas apenas 20 milhões podem ser aproveitadas pela agropecuária, já que o restante da terra é destinada a reservas florestais, indígenas e quilombolas. Para o ex--ministro, ainda assim esse número é impressionante e supera em muito o potencial de crescimento agrícola de outros países.

Para Mario Borba, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa-PB), a tendência é realmente de expansão. Segundo o agrônomo, só no oeste da Bahia e do Piauí existem quatro milhões de áreas de cerrado disponíveis para usufruto do agronegócio. Mario Borba acredita que alguns setores têm crescido mais que outros, mas o Nordeste como um todo tem evoluído bastante. Por isso, tem uma perspectiva otimista para toda a região e o Brasil.

“Pela necessidade mundial de alimentos e pelo potencial que tem esse país, ninguém segura a agrope-cuária brasileira. Pode vir governo de direita, de esquerda, de onde vier, o mundo precisa de alimentos e a agro-pecuária é a mola mestra desse país. Precisamos é agregar valor aos nossos produtos. Ao invés de exportar o grão da soja, temos que exportar o óleo, o farelo, e não mandar o grão para fora, para eles se beneficiarem e ganharem dinheiro às custas da gente”, alerta.

Maior e mais cara obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, a Transposição do Rio São Francisco acumula anos de atraso. As obras foram iniciadas em 2007, com o objetivo de levar água para 390 municípios do semiárido nordesti-no, mas as previsões de entrega não se concretizaram.

A transposição que, segundo o Mi-nistério de Integração Nacional, está na casa dos 8,2 bilhões de reais, promete ser um alento para muitas comunida-des, mas se configura, sobretudo, como uma oportunidade de expansão do agronegócio, especialmente de mono-cultura extensiva.

Para o presidente da Faepa-PB, a conclusão da obra tem que ser pauta de reivindicação de todos os parla-mentares do Nordeste. “É preciso que chegue de imediato a transposição. Ela não vai resolver o problema todo, mas vai ser uma alternativa, não só por ser uma questão de necessidade humana, mas para que possamos ter polos pro-dutores de forragem, feno (alimentação animal), e também polos produtores de frutas e alimentos”, afirma.

Além da transposição do rio, Borba lembra que a ferrovia transnordestina poderá baratear os custos da produção

e otimizar a logística dos negócios na região. Ele conta que hoje os produto-res transportam o algodão de caminhão por três mil km, por exemplo, enquanto se tivessem a transnordestina à sua disposição, esse trajeto seria reduzido em mais da metade (1.400 km). “Além disso, ao invés de carregar 30 tonela-das, você pode carregar muito mais em vagões de trem. O custo de frete e transporte vai ficar muito pequeno, o que vai dar competitividade aos produ-tores do Nordeste”, argumenta.

trAnSPOSiçãO é neCeSSidAde

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Estados como Minas Gerais sempre foram símbolo da cadeia produtiva de leite no Brasil. No entanto, a realidade vem mudando e hoje o Nordeste au-menta a sua participação na produção nacional. Isso porque o clima seco característico do semiárido nordestino é favorável à atividade pecuária, que recebe iniciativas importantes para ser melhor explorada na região.

De acordo com Domingos Lélis, gestor do programa Balde Cheio do Senar-PB (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), o Ceará hoje é um estado que desponta na produção leiteira. “Na região de Limoeiro do Norte tem uma das maiores produções individuais de leite do país. Essa é uma das cadeias que o Senar incentiva os produtores a desenvolverem, para que não estejam tão dependentes da chuva e das condições naturais”, explica.

O programa Balde Cheio do Senar em parceria com a Fundação Banco do Brasil foi criado em 2014 com o intuito de orientar pequenos e médios produtores rurais da Paraíba com o uso de técnicas e inovações de baixo custo, criando alternativas de renda e ampliando a produção leiteira. Se-gundo o Senar, a produção de leite dos produtores ligados ao programa, que antes era de 659 litros, chega hoje a 4.434 litros por dia. O programa, que no ano passado contava com um número de 65 produtores rurais, hoje totaliza 73 adesões.

Para Domingos Lélis, essa é a prova de que o semiárido, a seca e as difi-culdades provenientes dessa realidade existem, mas há também alternativas para superá-las. Ele lembra que a forte estiagem que ocorreu entre 2011 e 2013 fez com que a produção de várias cadeias fosse reduzida e diz que o que acontece atualmente é um momento de recuperação da agropecuária em toda região Nordeste.

Para que essa retomada possa se con-cretizar, entretanto, Lélis, assim como todos os envolvidos neste segmento econômico no Brasil, acredita que a ação política deve fazer-se presente,

especialmente em períodos de dificul-dades. Ele cita como exemplo o atraso do período chuvoso de vários estados nordestinos, o que comprometeu a colheita de produtos como a cana de açúcar, por exemplo, que teve de ocorrer quando ainda estava chovendo na região e acabou sendo levada para a indústria úmida, o que gera uma perda no seu processamento.

Lélis conta que os produtores per-deram muito dinheiro em decorrência dessa mudança nas chuvas e, por isso, solicitaram dos governos o reconheci-mento do estado de calamidade pública nesses municípios. Desta forma, eles teriam o direito legal de renegociar suas dívidas nas instituições bancárias, o que não ocorreu. “O Ministério da

Leite dO nOrdeSte

“Limoeiro do Norte tem uma das maiores produções individuais de leite do país. Essa é uma

das cadeias que o Senar incentiva os produtores a desenvolverem, para que não estejam tão

dependentes da chuva e das condições naturais”

Domingos Lélis

Integração Nacional acha que seca está relacionado a carro-pipa, a retirante indo embora para o sudeste, a gado morrendo na estrada. Eles não enten-dem que o simples atraso da chuva é um fenômeno preocupante”, censura.

Leite do Nordeste ganha cada vez mais mercados no Brasil

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Maurício Reami é um dos sócios da WR Agronegócios, empresa das famílias Reami e Weisheimer que produz nos estados da Bahia e Paraíba. Neste últi-mo, a WR se instalou há cinco anos no município de Mulungu, há cerca de 90 km da capital, João Pessoa. Fruto de um plano de negócio e do investimento em tecnologia no campo, a empresa hoje pro-duz mensalmente oito mil quilos de milho por hectare e gera renda direta para mais de 20 famílias da região durante a safra.

Para Maurício, é fundamental que haja um diálogo entre os produtores e o governo, seja na esfera estadual ou

federal. Ele comenta que já recebeu visitas da Secretaria de Agricultura da Paraíba e elogia os programas de venda subsidiada e de distribuição gratuita de ração animal, implemen-tados pelo governo paraibano. “Por causa desse fornecimento de ração

e folhagem, os produtores con-seguiram manter o rebanho.

Se não fosse isso, no ano passado teria ocorrido

uma perda muito

A agropecuária depende de inúme-ros fatores naturais, mas é a ação do homem que possibilita sua existência e expansão. Por isso o ex-ministro do governo Lula, Roberto Rodrigues, asse-gura: “A agricultura precisa de políticas públicas. Com essa visão, o país muda. Se você fizer política agrícola, você consegue segurar a produtividade e a renda do produtor rural”.

Mario Borba reitera a afirmação de Rodrigues e recrimina a falta de planejamento estratégico para o de-senvolvimento do setor por parte do Estado brasileiro. “Precisamos de polí-ticas públicas permanentes. O Governo Federal alimenta o assistencialismo e o oportunismo no Nordeste brasileiro. As coisas só chegam aqui quando a situa-ção já é calamitosa. Só então chegam para salvar o pouco que restou”, critica.

Apesar disso, o setor parece animado

ALvO de POLítiCAS PúbLiCAS

PArCeriA COm eStAdO

maior de animais”, afirma. Com relação ao apoio do Governo

Federal, Maurício Reami aponta a ne-cessidade de efetivação da política de garantia do preço mínimo e demonstra preocupação com a crise econômica que, segundo ele, deve afetar todos os segmentos do país. “Nós estamos com um

custo de produção altíssimo e não temos garantia de preço nenhum na comercia-lização. Esse é um fator preocupante pra esse ano. Além disso, o dólar cada vez mais alto representa um risco, porque trabalhamos com muitas multinacionais e temos contratos com empresas de fora do Brasil”, completa o produtor.

Confederação Nacional da Agricultu-ra e Pecuária do Brasil (CNA) tem a missão de quebrar os entraves para o setor. “Eu acho que ela é uma defen-sora assídua das nossas causas, é uma ruralista. É bom termos nesse cargo uma pessoa que entende e sabe onde estão os problemas do setor”, opina o empresário Maurício Reami.

Roberto Rodrigues também está otimista, apesar de reconhecer um horizonte de muitas dificuldades: “Nós temos três ministros que entendem do setor e estão topando essa batalha. O (Joaquim) Levy que restituiu a CID, a Kátia Abreu que é uma lutadora, e o Armando Monteiro, que realmente conhece este segmento. Com isso, eu sinto que o agronegócio vai dar uma virada, e aí o Brasil pode vender mais comida e energia para fora e mudar a geopolítica mundial”.

Empresa WR Agronegócios se instalaou há cinco anos no

interior da Paraíba

Fotos: Shutterstock / Divulgação

“A agricultura precisa de políticas públicas. Com essa visão, o país muda. Se você fizer política agrícola, você consegue segurar a produtividade e a renda do produtor rural”

Roberto Rodrigues

com as perspectivas para os próximos anos após a nomeação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura. Considerada símbolo do agronegócio no país, a presidente licenciada da

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O pLEBEU TrANSfOrmADO Em CAmpEãO NACIONALÉ do Sertão da Paraíba um dos maiores revendedores AMBEV do Brasil. Nos quesitos vendas e excelência de gestão foi eleito EMBAIXADOR

Geral

mundo dos negócios, em especial do comércio e da inovação, se mantém apresen-

tando novidades enquanto revelação empresarial de realce no Brasil. Esta é síntese que pode ser aplicada ao empresário Zenildo Oliveira, diretor – presidente do Grupo Pau Brasil, com sede na cidade de Sousa-PB, no interior do Nordeste, mas reunindo diversas empresas referência, a partir da revenda da AMBEV, onde o renomado comer-ciante acumula a condição de ser um dos mais importantes vendedores com nível de excelência, tanto que se man-tém distinguido como o Embaixador da grande empresa de Bebidas no Brasil.

Na última reunião da AMBEV, em São Paulo, ele foi escolhido novamente como campeão de vendas, o que o fez considerar que as premiações regis-tradas ao longo dos últimos anos só traduzem mais responsabilidade para toda a empresa.

– Não precisamos, necessariamente, estar nas melhores cidades ou ter que ir até são Paulo para conseguirmos ser o melhor – definiu ele, acrescentando que “em qualquer lugar você pode ser do tamanho que você quer ser, desde que acredite e corra atrás de seus so-nhos e objetivos com foco e método para atingir o seu plano de metas da sua vida”, conceituou.

Zenildo Oliveira há anos tem se credenciado no mercado de repre-sentação, em face de seu curriculum onde fica nítido o investimento feito

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De Sousa para o Brasil

Por Walter [email protected]

O Grupo Pau Brasil é um complexo com 550 funcionários constituído da: Pau Brasil Bebidas atendendo 135 cidades de todo interior da Paraíba, desde do Cariri, Curimataú, Agreste e Sertão, a Pau Brasil Motos com quatro concessionárias Honda de motos; Hora 10 Conveniências com três lojas; Restaurante Bali bar; DAP Distribuidor Atacadista de Peças atendendo mercado Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Unida Construtora, em João Pessoa.

Em 05 anos, o Grupo comprou e incorporou 08 revendas. “Somos hoje o único distribuidor na Paraíba, onde saímos do patamar de 30% de share para 80% esse ano. Aumentamos o

faturamento em 12 vezes e somos o maior arrecadador de imposto do interior da Paraíba. Esse ano, enquanto o mercado de motos Brasil caiu 4,1% ; a Paraíba 8%; crescemos 9%”.

A revenda é a primeira no Brasil a conseguir o título de embaixadora da Ambev. Para o seu presidente o título representa a confirmação de um certeza: é possível mudar a imagem preconcebidas e os preconceitos e criar talentos. Pautado na qualidade e excelênica o Grupo já recebeu inúmeros prêmios. “Podemos dizer que as coisas que fazemos são inovadoras e muitas vezes copiadas pelos concorrentes”, brinca um vídeo publicitário do Grupo.

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Fotos: Divulgação

O pLEBEU TrANSfOrmADO Em CAmpEãO NACIONAL

Braço do Grupo Pau Brasil que distribui bebidas da Ambev

“Por acreditar na força e na capacidade de fazer de nossa gente sertaneja, colocamos como um sonho grande para nosso time provar para o Sul e Sudeste do país que nós, nordestinos, somos também capazes de superar qualquer desafio.”

Revista NORDESTE: O sr. acaba de ser distinguido pela AMBEV como um dos principais Revendedores do Pais. Como é chegar a esse estágio estando no sertão do Nordeste, em especial da Paraíba?Zenildo: A busca por excelência não pode ser entendida como a busca de padrão e normas de fazer coisas, ela tem que ser encarada como uma mudança no teu modo de ser, de agir e de pensar. Ela passa a ser teu modelo de vida. O programa de excelência da AmBev, que mede a eficiência na gestão dos processos de gente, lo-gística e mercado, e a capa-cidade de atingir resultados de vendas e distribuição, existia desde 1992, e nunca uma empresa do Nordeste conseguia chegar e ser reco-nhecida entre as melhores. Por acredi-tar na força e na capacidade de fazer de nossa gente sertaneja, colocamos como um sonho grande para nosso time

por ele na sua formação profissional, desde quando dos primeiros anos em escola de freiras até o MBA na Funda-ção Getúlio Vargas e, em seguida, nos Estados Unidos.

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Zenildo Oliveira teve uma infância humilde, mas isso não o impediu de vencer na vida. O paraibano é um empresário arrojado. Começou logo cedo a construir sua história de sucesso.

Por volta dos 8 anos já agilizava em várias áreas: engraxava sapatos, vendia bombons, dindins e conseguia algum trocado descarregando frutas.

Aos 12 anos, com o pai já falecido, entendeu que seria o “homem da casa” e começou a trabalhar com a mãe vendendo queijos. A experiência lhe abriria as portas para a fundação da sua empresa, a Pau Brasil.

Para o feito, conseguiu que um cliente imprimisse os cartões de visita, pagou as taxas da abertura da empresa rifando um bode fictício e fazia os contatos com as empresas a cobrar, de um telefone público. Começou assim, e hoje Zenildo é um homem de sucesso pronto para voos cada vez maiores.

Sobre o EMBAIXADOR

provar para o Sul e Sudeste do país que nós, nordestinos, somos também capazes de superar qualquer desafio, desde que encontre a oportunidade de aflorar os nossos talentos.

NORDESTE: Definida a meta, como alcançar o objetivo de estar entre os melhores revendedores do Brasil?Zenildo: Claro que o percurso foi difícil em romper os preconceito secular que se coloca na cabeça das pessoas de que aqui não poderemos ser os protagonis-tas de nossa história. Desenvolvemos um plano de atingir o ápice de progra-ma que seria ser Embaixador no prazo de 5 anos e jogamos o desafio para toda equipe com medição de cada etapa a ser atingida. Aliando a isso tudo um forte programa de formação de gente com estrutura da criação de uma es-cola de desenvolvimento de talentos dando suporte aos nossos processos internos, tipo: processo de seleção, avaliação de desempenho, 360 graus, pesquisa de percepção, engagement, endomerketing, remuneração variável e bônus para executivos (participação nos lucros).

NORDESTE: Mas, finalmente, quan-do vocês conseguiram a meta?Zenildo: Antes de tudo, mais forte de tudo se deu consolidando nossa liderança baseada em valores éticos e morais que formamos um time de gente imbatível e com fome de resultados

e vontade de superar seus limites e vencer na vida. Em menos de 5 anos não só atingimos o tão sonhado título de embaixador da AmBev como somos por mais de 8 anos a melhor do Nor-deste e três vezes a melhor do Brasil. A cada ano conquistamos títulos e premiações em todos os níveis. Prova que a cultura da excelência está no sangue e na forma de fazer e sonhar de nosso time. Então não precisamos estar fisicamente nas melhores cidades ou ter que ir até São Paulo, etc, para conseguir ser o melhor. Em qualquer lugar você pode ser do ta-manho que você que ser, desde que acredite e corra atrás de seus sonhos e objetivos com foco e método para atingir o seu plano de metas da sua vida.

NORDESTE: O prêmio se refere ainda ao quesito "qualidade de gestão". O que seu Grupo Pau Brasil põe em prática para ser percebido nacionalmente? O que os srs. têm de diferencial?Zenildo: A diferença entre nós e os outros é que, além de buscar o conhe-cimento constante, nós executamos literalmente aquilo que pensamos. Este para mim é o fator que diferencia o ser humano: capacidade de agir e executar. Podemos ter a vida processos falhos, mas quando há execução militar as

“Desenvolvemos um plano de atingir o ápice de programa que seria ser Embaixador no prazo de 5 anos e jogamos o desafio para toda equipe com medição de cada etapa a ser atingida. Aliado a isso tudo um forte programa de formação de gente com estrutura da criação de uma escola de desenvolvimento de talentos.”

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coisas acontecem. Depois nosso foco sempre foi em gente fazendo todo mundo emergir pela nossa cultura de ser e fazer as coisas acontecer.

NORDESTE: Como é aplicar con-ceitos modernos em regiões com educação abaixo de outros centros, etc?Zenildo: Cultura de donos com des-dobramentos de metas coletivas e individuais até a base da pirâmide, remuneração variável pelo atingimento de resultados individuais e 14° salário e bônus pelos resultados coletivos. O sistema de gestão é nosso modelo pela busca de entregar a cada ano metas cada vez mais audaciosas fazendo todos saírem da zona de conforto e correr atrás de fecharem o gap dos seus indi-cadores e entregar o resultado. Então o pilar de gente, sistema de gestão, e metas fazem nossa história ser de gente grande.

NORDESTE: O sr. tem MBA nos Esta-dos. Mas nasceu de origem humilde em Sousa, no sertão da Paraíba. Como foi a passagem social num lugar distante do grande centro mas criando referencia empresarial? Zenildo: Gosto sempre de dizer que existem duas formas de transformar as pessoas na vida. Primeiro, educação, e, segundo, entusiasmo com amor em tudo que fazemos. Como nunca pude fazer escolhas onde teria que estudar porque não tinha condição, sempre estudei em minha cidade em escola pública com exceção do ensino médio básico que ganhei uma bolsa e com ajuda da madre Aurélia (Igreja Cató-lica) passei os 4 anos no Colégio das Freiras, depois fiz Direito pela UFCG. Em todos os meus estudos, tive que completar a jornada trabalhando para ajudar na renda de minha casa, pois, meu pai faleceu quando eu tinha 13 anos e a renda de minha família era meia pensão do antigo fundo rural, nesse cenário tinha que trabalhar.

NORDESTE: Onde entra o empreen-dedorismo na sua formação?Zenildo: Quando terminei minha faculdade já tinha constituído com a

famosa "rifa do bode" a empresa Pau Brasil e sabia que para atingir grandes voos precisaria buscar conhecimento a capacitação. Foi quando decidi fazer MBA na Fundação Getúlio Vargas, fazendo muitos estágios e grupos de estudos de casos, para entender os ru-mos que teríamos que dar as empresas no Brasil enfrentando todos os desafios

que o nosso mercado apre-senta. Com características muito difíceis, mas que nos imprimia para dominá-lo. Em todo momento, enten-díamos e ficava mais forte que para vencer temos que fortalecer os laços com nos-sas origens e o lugar aonde atuamos porque somente assim entendendo o ser humano é que dominaremos a verdadeiras necessidades de nossos clientes e colabo-

radores. E hoje toda marca vencedora tem que surpreender e não somente atender bem, que virou obrigação.

NORDESTE: O que o sr. quer dizer com isso?Zenildo: Que nunca devemos fugir daquilo que somos e de nossa natureza. Essas características devem ser nossas fortalezas para enxergar as oportunida-des e vencer as ameaças.

NORDESTE: Como o sr. define o

Zenildo Oliveira trabalha com técnicas de motivação e remuneração variável

“Gosto sempre de dizer que existem duas formas de transformar as

pessoas na vida. Primeiro, educação, e, segundo, entusiasmo com amor em tudo que fazemos. Como nunca pude fazer escolhas onde teria que estudar porque não tinha condição,

sempre estudei em minha cidade em escola pública.”

Fotos: Divulgação

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da Transposição do Rio São Francisco, Transnordestina, habitação, e extensão de muitos campis universitários e esco-las técnicas. Existe uma classe pujante e empreendedora em muitos recantos desse rico Nordeste que quando en-contra a semente germina frutos cada vez mais doces.

NORDESTE: É visível o crescimento das médias cidades no Nordeste brasileiro. Como o sr. encara a conjuntura para se sobrepor na concorrência de mercado?Zenildo: Sempre foco meus objetivos e metas sem olhar o que está acon-tecendo de lado, sem me preocupar com notícias ruins, cenários caóticos, crises e desanimo de amigos e colegas empresários. O mercado sempre tem e existiu sazonalidades e quem melhor aproveitar os períodos de crises sempre vai estar à frente de seus concorrentes. Confio muito em nosso potencial e em nossa capacidade de executar nossos planos, e em 2015 estamos buscando ser ainda mais ousados e crescer em vendas e faturamento em torno de 20 % com um trabalho de controle de custos e aumento de produtividade em todos os nossos indicadores de performance para fazermos um ano espetacular. E dividir os lucros com todo nosso time em uma grande celebração em nossa já tão esperada confraternização.

Grupo Pau Brasil, qual seu raio de atuação e que tipo de negócios tem explorado?Zenildo: Um time formado pela cul-tura de gente e sonhos e que fazem de nossos valores a base de superar os desafios de buscar a cada ano crescer nesse mercado de per capita baixo, PIB inferior às grandes cidades do Brasil, IDH na média de 50 e grande área de zona rural, distância de rotas alta, etc. Ou seja, as dificuldades são combustí-veis para nossas conquistas. Talvez por nunca desistir daquilo que sonhamos que estamos a 20 anos na estrada e sempre crescendo com média obtida sempre acima dos nossos concorrentes.

NORDESTE: Quem são vocês em tamanho no mercado?Zenildo: Atuamos hoje em vários segmentos e sempre com a visão de capilaridade dos mercados aonde atuamos, buscando explorar todo a cadeia de mercado existente em cada um. O Grupo Pau Brasil é constituído da: Pau Brasil Bebidas atendendo 135 cidades de todo interior da Paraíba, desde do Cariri, Curimataú, Agreste e Sertão. Temos a Pau Brasil Motos com quatro concessionárias Honda de motos; Hora 10 Conveniências com três lojas; Restaurante Bali bar; DAP Distribuidor Atacadista de Peças aten-dendo mercado Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Unida Construtora, em João Pessoa.

NORDESTE: O ano começou com muitos segmentos se queixando da retração econômica. Qual sua leitura a partir de seus negócios e o que espera de 2015?Zenildo: Tudo é conjuntura. No nosso caso, podemos dividir a nossa história em duas fases os pri-meiros 10 anos e os últimos 10 anos, aonde na primeira etapa tivemos muitos proble-mas de sobrevivência, merca-do sempre com instabilidade, falta de confiança nas peque-nas e médias empresas, falta de apoio dos bancos, baixo poder de compra das pesso-as. Mas depois de superadas todas essas dificuldades com estabilidade da moeda e o surgimento do Plano Real até as políticas sociais do Governo Lula, o Nordeste começou a viver outra realidade. Cidades cres-cendo, aumento do poder de compra dos pequenos e médios e surgimento de um batalhão de gente entrando na nova classe C.

NORDESTE: Traduza essa análise na realidade prática?Zenildo: Temos um mercado no Nor-deste que cresce a níveis da China, portanto, nos últimos anos cresceu sua contribuição no PIB do país. Mas precisamos de agora em diante con-solidar muitas conquistas dessa nova realidade nordestina como a conclusão

“Mas precisamos de agora em diante consolidar muitas conquistas dessa nova realidade nordestina como a conclusão da Transposição do Rio São Francisco, Transnordestina, habitação, e extensão de muitos campis universitários e escolas técnicas.

Fotos: Divulgação

Zenildo Oliveira em frente a Pau Brasil, maior arrecadador de impostos do sertão paraibano

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Sousa é um município brasileiro localizado no sertão do estado da Paraíba, distante da capital cerca de 438 km e com população de 68.434 habitantes, segundo censo de 2014, é a sexta cidade mais populosa do estado.

O IDH municipal é considerado médio, de 0,668. A taxa de analfabetismo das pessoas acima de 15 anos fica em 22,55, segundo senso do IBGE de 2010.

A cidade tem como atração turística, além do Vale dos Dinossauros, o distrito de São Gonçalo, área agrícola, considerada, através de estatísticas, a localidade onde o sol mais brilha no Brasil, com 3.058 horas/ano de radiação direta (o ano tem 8.760 horas, entre dias e noites).

A terra dos dinossauros

LÍDER FORMADO NO SERTÃO DA PARAÍBA

A cidade de Sousa é famosa por abrigar O Vale Dos Dinossauros, onde estão pegadas dos répteis gigantes fossilizadas. O Vale é um dos mais importantes sítios paleontológicos do mundo, com mais de 50 tipos de pegadas de animais pré-históricos, espalhadas por toda bacia sedimentar do Rio do Peixe em uma extensão de 700 Km². No Vale existiram Estegossauros, Alossauros, Iguanodontes, enfim, inúmeras espécies de dinossauros viveram no sertão paraibano entre 250 e 65 milhões de anos. Cientificamente reconhecido como um dos lugares mais importantes para realização de estudos paleontológicos, “o vale” atrai estudiosos de todas as partes deste planeta.

João Pessoa

Patos

Sousa

Campina Grande

Um dos diferenciais, do empresário Zenildo Oliveira, foi ter construído seu conglomerado todo a partir do sertão paraibano, um feito, que precisou quebrar preconceitos de que apenas o litoral ou as capitais têm mão de obra qualificada. Oliveira lembra que os indicadores sociais e econômicos da sua cidade natal não são dos melhores. “IDH na média de 50 e grande área de zona rural, distância de rotas alta”, mas mesmo assim o sousense mostra a cada dia que é possível mudar realidades.

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Mudança de casa e de vida

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PROGRAMA DE HABITAÇÃO DA PMJP JÁ ENTREGOU MAIS DE 3.100 UNIDADES

HABITACIONAIS NA CAPITAL

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“Foi uma mudança de vida grande. Com a eco-nomia desse dinheiro do aluguel pude abrir meu próprio negócio, que sustenta minha famí-lia”, declarou a comerciante Ana Cláudia Soares. Ela foi beneficiada com uma das 288 unidades habitacionais entregues pela Prefeitura Munici-pal de João Pessoa (PMJP) no bairro Colinas do Sul, no ano passado.

A situação relatada pela comerciante é bem diferente da vivida por ela até o ano passado. Ana Cláudia lembra que morou em casa alugada por dez anos e, após ser beneficiada com uma nova unidade habitacional construída pela Pre-feitura de João Pessoa, deixou de pagar R$300 mensalmente de aluguel para ter uma prestação de apenas R$25,00.

A Prefeitura de João Pessoa chega aos dois pri-meiros anos da atual gestão com mais de 3.100 unidades habitacionais entregues em toda a cidade. Os projetos de entrega de casa seguem crescentes e, nos primeiros meses de 2015, mais de 1.500 novos moradores serão encaminhados às suas residências próprias.

Cada imóvel que determinada família irá ocu-

par é decidido por meio de sorteio, a exemplo do Residencial Vieira Diniz, que terá 992 mo-radias, e, hoje, 512 famílias já sabem qual será o seu bloco, andar e número do imóvel onde vão morar.

Além das novas moradias que estão em exe-cução, a Prefeitura também tem 6.008 novas moradias em andamento ou para serem inicia-das. A política habitacional Municipal reduzirá o déficit de moradias em 11 mil unidades até o fim de 2016, o que representa mais 50% da atual demanda da cidade.

As unidades estão espalhadas em diversos bairros da cidade, sendo 992 no Vieira Diniz, 384 no Jardim Veneza, 61 na Comunidade do Timbó, 57 na Comunidade dos Quilombolas e 45 em Jacarapé.

Mudança de casa e de vida

Fotos Alessandro Potter

Estão em fase de execução 2.016 uni-dades em Gramame, 1.472 no Colinas do Sul, 776 em Paratibe, 400 no Saturnino de Brito, 400 no Porto do Capim e 400 na Comunidade do S.

EM ExECUÇÃO

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MORadia cOM diGnidadeOs programas habitacionais da Prefeitura de João Pessoa com o Ministério das Cidades primam por residências ou apartamentos de qualidade

PROJETO MORADOURO

Publieditorial

Fotos Alessandro Potter

O Centro Histórico de João Pessoa também está inserido nos programas de habitação gestão municipal. Serão 17 famílias con-templadas com as unidades habita-cionais que serão construídas nos antigos casarões, no Varadouro, em João Pessoa. Além dos 17 apartamentos, serão construídos seis pontos comerciais no local. As obras do Projeto Moradouro come-çam no próximo mês de fevereiro.

O projeto de moradia, que tem

como objetivo levar vida para os antigos casarões e requalificar a área do Centro Histórico propor-cionando qualidade de vida para os moradores da região, teve um investimento total de R$ 3 milhões, com recursos do Governo Federal e contrapar tida da prefeitura. Os imóveis serão comercializados, em média, por R$ 90 mil, e o tamanho varia de 53m² a 72m². Já os pontos comerciais serão a par tir de R$ 95 mil.

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“Ter moradia representa dig-nidade e respeito. É muito bom saber que o poder público está olhando por nós e atentos ao que nós precisamos”, disse a presidente da Associação de Comunidades Negras de Parati-be, Mônica Ferreira. Em parceria com o Governo Federal, a Pre-feitura de João Pessoa em dois anos de gestão deu início a um programa habitacional voltado para os seis núcleos da etnia na Capital.

São 57 casas em constru-ção atendendo às pessoas em situação de vulnerabilidade social. As novas habitações vão substituir casas de taipa ou as de alvenaria que apresen-tavam risco à segurança dos moradores. O Lar Quilombola vai oferecer casas mais amplas, com cozinha, banheiro e dois quartos. O investimento é de mais de R$ 1 milhão.

Além das casas, a Prefeitura vai entregar um ambiente com todo o saneamento, pavimen-tação e jardinagem, além de espaços de lazer e convivência. O objetivo é oferecer mais que a casa, mas todas as condições para que os moradores possam viver bem e felizes.

As entregas de moradia são sem-pre acompanhadas de assistência social pela gestão municipal. A etapa, que se inicia cerca de três meses antes da entrega do condomínio, procura oferecer aos beneficiados todo o acompanhamento social para facilitar o processo de chegada nos novos apartamentos e de formação

da nova comunidade.O acompanhamento das famílias

acontece até cerca de um ano e oito meses após a entrega dos apartamentos e envolve ações como oferta de cursos profissionalizantes, eventos esportivos, eventos festivos para datas comemorativas e ações direcionadas para as crianças.

ACOMPANHAMENTO SOCIAL

COMUNIDADES

MORadia cOM diGnidade

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atiana Andrade é mãe de dois filhos e está planejando a ter-ceira gravidez, que faz questão

de ser natural. A experiência poderia ter acontecido no passado, mas por orientação médica ela precisou se submeter a uma cesariana, no parto de sua primeira filha. O segundo foi normal por ocasião do destino. Ela conta que a cirurgia já estava marca-da quando problemas com a equipe médica mudaram os planos.

Cesáreas realizadas na rede privada de saúde chega a 84% no Brasil. Situação alarmante faz Ministério da Saúde e a ANS estabelecerem normas para mudar procedimentos na hora do parto

ESTímULO AO pArTO NOrmAL

Saúde

t Agora que viveu duas experiências tão diferentes, Tatiana busca infor-mações e não tem dúvidas quanto à terceira gravidez: o parto será hu-manizado. “Essa nova gravidez está sendo planejada com cuidado e mais informação. Depois de assistir ao filme o Renascimento do Parto, ficamos (ela e o marido) embasbacados com a nossa ignorância com relação à gravidez e ao parto, então decidimos que dessa vez será tudo diferente. O parto será

Por Umberlândia [email protected]

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A palavra doula vem do grego e significa ‘aquela que serve’. O serviço existe desde a época que as mulheres só tinham a opção de parir em casa com a ajuda de parteiras. “As doulas são as mulheres capacitadas que dão suporte físico e emocional às mulheres durante a gestação, parto e pós-parto. Esse suporte diz respeito a orientar, tranquilizar, encorajar e prestar cons-tante apoio à mulher”, explica a doula Thayana Oliveira. Ela exerce a função há dois anos como voluntária do Insti-tuto Cândida Vargas e já ajudou cerca de trinta crianças a nascerem.

Thayana explica que o seu papel começa muito antes do parto. Durante a gestação, a profissional orienta o casal (ou a mãe, no caso de produção independente) sobre o período da gra-videz, parto e pós-parto, tirando todas as dúvidas e preparando a mulher para o procedimento com orientações e exercícios. Na hora do parto, a doula cumpre o papel de apoiar emocional-mente os pais.

“Ela acalma e orienta a mulher no sentido de escolher a melhor posição. Também ajuda nos exercícios e téc-nicas de relaxamento, faz massagens, caminhada, fala sobre o andamento do trabalho de parto, passa encorajamen-to e tranquilidade, além de estimular a participação do acompanhante”, explica, ao completar que essa profis-sional também acompanha o pós-parto e visita a família para orientar sobre a amamentação e cuidados com o recém-nascido.

O parto humanizado é uma vertente do parto normal, que busca realizar o nascimento da maneira mais na-tural possível, deixando que haja interferência médica apenas em caso de complicações. “Isso não significa não dar assistência, mas diminuir o número de procedimentos invasivos. Recomendamos um ambiente agradá-vel e com a presença de familiares”, explica a obstetra da Santa Casa da Misericórdia de São Paulo, Ana Luíza Antunes Faria.

Foto: Shutterstock | Acervo Pessoal

Tatiana Andrade planeja sua terceira gravidez

“Essa nova gravidez está sendo planejada com cuidado e mais informação. Depois de assistir ao filme o Renascimento do Parto, ficamos (ela e o marido) embasbacados com a nossa ignorância com relação à gravidez e ao parto, então decidimos que dessa vez será tudo diferente”

feito em casa. Queremos aproveitar ao máximo essa experiência de amor”, afirma a bacharela em Direito.

Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o número de partos cesáreos realizados na rede privada de saúde chega a 84% no Bra-sil. A situação é tão alarmante que no início do ano, o Ministério da Saúde e a ANS publicaram uma resolução que estabelece normas para o estímulo ao parto normal e, consequentemente, a diminuição do número de cesáreas. A partir do dia 7 de janeiro, quando a norma foi publicada, as operadoras têm 180 dias para se adaptar.

“É inaceitável a ‘epidemia’ de cesa-rianas que vivemos hoje em nosso país. Não há outra condição, senão tratá-la como um grave problema de saúde pública. Em 2013, (foram feitos) 440 mil partos cesáreos. Não só temos um problema, mas um problema que vem se agravando ano a ano”, declarou o ministro da saúde, Arthur Chioro, em coletiva de imprensa. Entre as novas regras estão a ampliação do acesso à informação, já que as gestantes podem solicitar aos planos os percentuais de cesáreas e partos normais por hospital e obstetra, e também a obrigatoriedade das operadoras de saúde fornecerem um cartão para a usuária, no qual deve conter o registro de todo o pré-natal.

Na rede pública, de acordo com o Ministério da Saúde, o número de operações cesarianas cai para 40%. Para incentivar a realização de partos normais, o Governo Federal lançou o Rede Cegonha, programa que desde sua implantação, em março de 2011, dedica atenção humanizada à gravidez e ao parto. Ele prevê seis consultas de pré-natal, identificação de fatores de risco e integração com partos huma-nizados em ambientes seguros para as grávidas.

O Instituto Cândida Vargas, em João Pessoa, tem conseguido bons resultados a partir da iniciativa. Nessa maternidade pública, o número de cesáreas caiu para 45%, mas ainda está longe de alcançar os 15% reco-mendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Pelo menos 25 doulas estão atuando no Instituto,

O POder dAS PArteirAS

depois de passarem por um curso com duração de sete meses, oferecido pela Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres. Nas aulas elas aprendem as funções da doula no Sistema Único de Saúde (SUS), como a assistência ao parto, o aleitamento materno e o acompanhamento psicológico às mulheres no pré e pós-parto.

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Em 2012, o Conselho Federal de Medicina divulgou um documento endereçado a médicos, que recomen-dava que o parto fosse realizado em ambiente hospitalar. Pouco tempo antes, o Conselho do Rio havia proi-bido a participação de médicos em procedimentos domiciliares, medida que causou revolta nos simpatizantes do parto humanizado feito em casa. Centenas de pessoas em várias cidades do Brasil foram às ruas para protestar contra a decisão, que consideram uma violação ao direito de escolha da mulher.

Para a médica Ana Luíza Antunes, a medicina atual vive um dilema envol-vendo esta questão. Ao mesmo tempo em que se estimula o parto humaniza-do, há pouco espaço no hospital para receber a gestante. As salas de parto não trazem retorno financeiro para o hospital porque requerem muito espaço e tempo de uso, já que um trabalho de parto dura horas. Para ela, optar pelo parto domiciliar tam-bém é complexo por causa da pouca estrutura que uma casa oferece para o procedimento.

“Infelizmente quando identificamos alterações no transcorrer do trabalho de parto as ações devem ser imedia-tas, e muitas requerem um ambiente hospitalar. Como chegar a um hospital com o trânsito? Caso o bebê neces-site de reanimação, como assistir?”, questiona. Ela ressalta que acredita no parto humanizado, mas que ele de-veria ocorrer em ambiente integrado a hospital ou que dê acesso rápido, caso necessário. “O parto domiciliar ainda não é seguro”, completa.

A obstetra Ana Luíza Antunes entende que o parto humanizado domiciliar é um risco desnecessário para a mãe e para o bebê. Ela cita um estudo publicado no American Journal of Obstetrics & Gynecology que aponta aumento de três vezes na mortalidade neonatal com partos realizados em casa. “Devemos ter em

O diLemA dO PArtO nAturAL

mente que a taxa de complicação de parto normal é baixa, em torno de 1%. Porém, quando ela ocorre, os segundos são decisivos para impactar na mortalidade materna e do bebê, e isso só é possível em ambiente com infraestrutura hospitalar”, observa.

A médica orienta a mulher a ter um pré-natal adequado e levar em consideração os fatores de risco do bebê, antes de optar pelo tipo de parto. “Caso opte por fazê-lo em casa, é im-portante que haja um hospital muito próximo, com equipe de ambulância para dar suporte”. Emmanuelle Fahid levou um susto

ao descobrir que estava grávida aos dezenove anos. Sem apoio do pai do bebê, ela teve de recorrer ao SUS, que fez o acompanhamento da gravidez. Até os cinco meses de gestação, Emmanuelle ainda não aceitava o fato de que estava grávida. Mas, ao aceitar, procurou informações sobre o que seria melhor para o bebê e para ela. O parto cesariano foi logo descartado. “Acho uma violência muito grande. Só faria se realmente não tivesse outra opção. Nunca tive medo de parir”, afirma.

A médica que atendeu Emmanuelle na hora do parto incentiva o procedimento natural e o aleitamento materno e orientou a jovem a ter dedicação exclusiva ao bebê pelo menos nos primeiros seis meses de vida. Mas, durante o pré-natal, a jovem diz não ter tido orientações adequadas. “Tudo o que aprendi foi graças aos blogs”, confessa.

Foram quase 24 horas de contrações até Emmanuelle entrar em trabalho de parto. Em Recife, teve a filha em menos de meia hora. “Meu medo maior era sofrer violência obstetrícia, verbal ou física, mas não foi o que encontrei. E olha que eu gritei, chorei, pedi pra dor parar. A equipe foi paciente e fez o procedimento com todo cuidado. Não houve nenhum corte para facilitar a passagem do bebê”, relembra completando que a enfermeira que lhe atendeu era praticamente uma doula. Ela a orientou na respiração e fez massagens para acalmar a paciente.

“Infelizmente quando identificamos alterações no transcorrer do trabalho de parto as ações devem ser imediatas, e muitas requerem um ambiente hospitalar”

SUS INCENTIVA PROCEDIMENTO

Ana Luíza acredita no parto humanizado hospitalar50

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Andrea Carabantes faz parte da Equipe de Base Warmis, um grupo de mulheres voluntárias que luta pela mudança das políticas públicas de saúde no atendimento à mulher imigrante. O grupo busca espaços onde as mulheres tenham acesso à informação necessária para evitar várias formas de violência, entre elas a obstétrica. “A maioria das mulheres no Brasil sofre violência obstétrica. A negra e imigrante são as maiores vítimas, pois sofre de racismo e xenofobia, o que agrava a situação”, argumenta.

Em 2010 a Fundação Perseu Abramo, em parceria com o Sesc, entrevistou centenas de mulheres e homens em todo o Brasil para realizar a pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos es-paços público e privado”. Dentre outros temas, os resultados que mais chamaram atenção foram sobre a violência insti-tucional praticada contra as mulheres. Uma em cada quatro mulheres relatou ter sofrido algum tipo de violência na hora do parto, como recusa para alívio das dores, xingamentos e humilhações. Cerca de 23% das entrevistadas também ouviram de algum profissional de saúde frases como “na hora de fazer não cho-rou, não chamou a mamãe” e “se gritar eu paro e não vou te atender”.

Jéssica de Angelis foi uma dessas mulheres. Já na primeira gestação não recebeu orientação adequada e teve o diagnóstico da gravidez errado. O médico que a atendeu afirmou que a pa-ciente havia abortado. Um mês depois, ela descobriu que ainda estava grávida. “Tive descolamento de placenta e não fiz o pré-natal. Fiquei internada por quatro dias”, relata.

Ela também lembra que durante o parto não recebeu auxílio da equipe hos-pitalar e que não pôde ser acompanhada pela família. “Fiquei sozinha por mais de 12 horas numa sala, sentindo contrações e tomando remédios. Após a cirurgia, fui largada para receber transfusão de san-gue. Meu filho nasceu e não pude senti--lo. Só o vi no dia seguinte”, lamenta.

viOLênCiA ObStétriCA ASSuStA

“Meu filho nasceu e não pude senti-lo. Só o vi no dia seguinte”Jéssica de Angelis

Jéssica de Angelis relata violência obstétrica

Andrea Carabantes explica que a violência obstétrica não acontece só du-rante o parto, mas em todas as práticas que os direitos das mulheres são feridos, desde o pré-natal até o pós-parto. Ela afirma que para evitar esse tipo de vio-lência o acesso à informação é impor-tante, mas que não se deve deixar tudo na mão da mulher. “Precisamos de um marco regulatório que vise pela saúde e autonomia da mulher sobre seu corpo e de escolas de medicina que foquem o parto como um processo fisiológico que precisa ser acompanhado e não interferido”, sugere.

Foto: Acervo Pessoal

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Vírus é principal causa de doenças respiratórias e hospitalização de prematuros e crianças com cardiopatia congênita, tratamento é feito no SUS através de imunização

NOvO vírUS fATAL AfETANDO CrIANçAS

ara os bebês prema-turos, a infecção pelo VSR é um problema

sério e de saúde pública”, afirma Dr. Renato Kfouri, presidente da Socie-dade Brasileira de Imunizações. “De todos os bebês infectados pelo vírus, 30% terão problemas por longo prazo, como crises de chiado repetidas e asma. Os problemas causados pelo vírus sincicial respiratório podem ser prevenidos e é importante que os mé-dicos orientem as famílias sobre isso”.

O VSR – Vírus Sincicial Respi-ratório é de caráter sazonal e sua circulação pode variar de região para região no país. Dados oficiais do sistema de vigilância epidemiológica para influenza demonstram picos de circulação do VSR entre os meses de janeiro a junho, com maior circula-ção desse vírus nos meses de abril a maio nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. Na região Nordeste, a circulação do vírus é antecipada em relação ao sul e sudeste e, em alguns estados nordestinos, a imunização já é possivel a partir de fevereiro. Na região norte, o VSR circula especial-mente no primeiro semestre, no perí-odo de chuva intensa na região, com pico de ocorrência no mês de abril. Já no Sul, o pico de VSR ocorre mais tardiamente, entre junho e julho.

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Saúde

Bebê recebe tratamento especial em incubadora. O vírus sincicial pode dobrar a permanência nas UTIs52

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Fotos: Banco de imagens AbbVie

Para crianças acima de dois anos de idade ou adultos com condições normais de saúde, a infecção por VSR pode ser confundida com um simples resfriado. Mas em crianças prematuras ou portadoras de doen-ças cardíacas congênitas e displasia broncopulmonar (DBP), o vírus pode dobrar o tempo de hospitalização da criança, ou sua permanência em unidades de tratamento intensivo, devido a problemas respiratórios. O VSR também pode ser responsável por hospitalizações constantes (três vezes mais do que bebês nascidos a termo). Bronquiolite e pneumonia são as consequências mais comuns e o VSR pode levar também a criança apresentar um chiado recorrente, que pode perdurar até os 13 anos de idade.

“Como o vírus pode ser facilmente transmitido de uma pessoa para outra,

pelo contato com secreções, quando um caso surge numa unidade neona-tal, o número de casos pode crescer rapidamente”, afirma Dr. Kfouri.

A Sociedade Brasileira de Imu-nização e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a imunização contra o VSR, que reduz em 55%o risco de internação naqueles bebês prematuros e reduz em 45% o risco de internação dos bebês com cardiopatia congênita. A imunização para bebês prematuros, ou com cardiopatia con-gênita, ou broncodisplasia pulmonar, está disponível pelo SUS, em todos os Estados brasileiros e é recomendada nos meses de maior circulação do vírus.

Para mais informações sobre os cuidados com o bebê prematuro e o calendário específico de vacinações, acesse www.sbim.org.br.

A imunização é gratuita pelo SUS; mas os procedimentos para obtê-la podem variar de Estado para Estado.

Fique sabendo

Hoje, estima-se que cerca de 9,2% dos nascimentos no Brasil ocorrem antes do período considerado normal (a partir de 37 semanas) – porcentagem que cresce a cada ano. Os bebês prematuros têm maior risco de serem hospitalizados em decorrência do VSR do que um bebê nascido a termo.

Em pessoas e crianças com condições normais de saúde, a infecção por VSR pode se apresentar apenas como sintomas de um resfriado forte. Porém, em bebês prematuros, com cardiopatia congênita ou com broncodisplasia pulmonar, pode ser fatal. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o VSR é responsável por cerca de 60 milhões de infecções com 160.000 mortes anuais em todo o mundo.

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m Parecer de 1988, o então Consultor Geral da República, Saulo Ramos, escreveu: “A

educação é direito de todos e dever do Estado, não pode ser transformada, sobretudo nos cursos superiores, em simulacro diplomado. A sociedade de-seja médico que saiba medicina, que se tenha preparado cientificamente para cuidar da saúde do povo e que não seja, pela precariedade do ensino improvi-sado na industrialização de diplomas, uma ameaça à vida do paciente”.

A medicina é uma das áreas profis-sionais mais antigas e valorizadas do país. A carência de médicos em várias regiões e o aumento da procura pelo curso fizeram com que se multiplicasse o número de escolas médicas no Brasil. Das 247 instituições de todo país, 62 estão localizadas no Nordeste e per-tencem ao sistema federal de ensino ( universidades federais e rede privada).

Os números atuais não se aproxi-mam das 29 escolas de medicina que existiam no país na década de 60. Es-forços políticos resultaram na abertura de mais vagas para o ensino superior e, só neste início de século, o MEC (Ministério da Educação) autorizou a abertura de 128 novos cursos. Hoje, o Brasil é vice-líder mundial do ranking de escolas médicas, perdendo apenas para a Índia, que tem mais de 1 bilhão de habitantes.

O que preocupa, contudo, é a qua-lidade da formação dos profissionais brasileiros, que ainda são escassos, es-pecialmente nas áreas periféricas. Dos cinco estados brasileiros com menos de um médico para atender cada 1 mil habitantes, três estão na região Norte e dois no Nordeste. A pior situação do país é a do Maranhão, com relação 0,58 médico por 1 mil habitantes.

Para o doutor em Medicina, Antô-nio Nassif, o que não se pode permitir neste contexto é o desabamento da estrutura do ensino brasileiro com a criação de cursos de medicina sem condições mínimas. “O dever do Esta-do é ministrar a educação e, no curso

O número de escolas médicas cresce, mas a qualidade do ensino preocupa. Segundo ranking do MEC, universidades federais da região figuram entre as melhores e também as piores faculdades de medicina do país

A mEDICINA NO NOrDESTE

Por Grazielle Uchô[email protected]

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Foto: Henecatusa Nossit

Amílton Albuquerque estudou medicina no na UFCG e considera a faculdade boa, apesar de baixa nota no MEC

governo atual determinação política para respeito do papel social dos mé-dicos. “Pelos favores políticos feitos a alguns é que nos estão saindo médicos fabricados no afogadilho de fins de semana, médicos sem a residência em escolas que não contam com hospitais, médicos – o que é sumamente grave – a quem se confere um diploma pela sim-ples quitação das mensalidades para com as respectivas faculdades”, critica.

Do total de 154 cursos de medicina avaliados pelo MEC em 2013, 27 foram considerados insatisfatórios, porque receberam nota 2 no CPC (Conceito Preliminar de Curso), indicador de qualidade das graduações divulgado em dezembro de 2014, que leva em consideração, além do ENADE, a titulação do corpo docente e a infra-estrutura da instituição. O CPC 2013 inclui graduações da área de saúde avaliadas pela última vez em 2010 (o ciclo de avaliação se fecha a cada três anos).

O CPC tem gradações entre 1 e 5,

“O dever do Estado é ministrar a educação e, no curso superior, assegurar o conhecimento científico que irá efetivamente beneficiar a comunidade”Antônio Nassif

superior, assegurar o conhecimento científico que irá efetivamente bene-ficiar a comunidade”, afirma.

Ex-presidente da Associação Mé-dica Brasileira, Nassif estuda há anos a explosão de escolas médicas no Brasil. Ele acredita que não existe no

e as médias 1 e 2 são consideradas insatisfatórias. Entre os 27 cursos com desempenho ruim, cinco estão em uni-versidades federais e umas delas está no Nordeste: a Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba.

Amílton Albuquerque é gradu-

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nO tOPO dA LiStA

Com escala de 1 a 5, o nível 4 foi a nota mais alta dada pelo MEC neste ciclo de avaliação da qualidade das gra-duações de medicina no país. Nenhuma escola médica recebeu a nota máxima. No entanto, entre as 34 melhores colocadas, apenas duas são da região Nordeste. A Paraíba novamente tem destaque no ranking. Desta vez de forma positiva, com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB). No estado vizinho, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) também obteve nota 4.

Há três anos consecutivos a UFRN se mantém no topo do ranking do MEC como uma das melhores entre as universidades públicas federais do Norte e Nordeste do país. “O curso de medicina ofertado no campus central, em Natal, tem um histórico de 53 anos. Se consolidou nessas cinco décadas e se mantém entre aqueles que detêm o melhor conceito, ou seja, nível de excelência no país, conforme avaliação dos órgãos federais que avaliam os cursos de graduação”. É o que afirma a reitora em exercício da instituição, Maria de Fátima Ximenes.

Para ela, os resultados são fruto de um planejamento estratégico da ges-tão universitária, expresso pelo Plano

de Desenvolvimento Ins-titucional, voltado para apoiar a melhoria do ensi-no de graduação através de projetos pedagógicos dos cursos que visam ser exce-lência no ensino público superior da região.

Maria de Fátima Xime-nes atribui os resultados da universidade ao corpo docente com perfil quali-ficado para demandas de baixa, média e alta com-plexidade, à ampliação da infraestrutura do curso e às discussões de práticas pedagógicas. Ela lembra ainda que a UFRN dispõe de três hospitais universi-tários, dois em Natal e um em Santa Cruz. “Também atribuímos esses resultados

ao desenvolvimento de um conjunto de ações que buscam a melhoria da insti-tuição e do curso, por meio do avanço da produção do conhecimento na área da saúde. Podemos citar como exemplo ações que aproximam cada vez mais teoria e prática, ensino/aprendizagem e realidade social; ensino, pesquisa e extensão; um permanente processo de avaliação e discussão das práticas pedagógicas instituídas, que vem conti-nuamente reorientando ações e metas”, complementa a reitora.

O Brasil é vice-líder mundial no ranking de escolas médicas

Reitora da UFRN, Maria de Fátima Ximenes. Universidade existe há 53 anos

ando de medicina na instituição. Ele estudou o primeiro ano no campi de Cajazeiras, que obteve nota 2 no ranking divulgado pelo MEC, sendo assim considerado insatisfatório. Apesar de ter transferido o curso para o campus de Campina Grande, o estudante acha que as condições encontradas na UFCG de Cajazeiras, no geral, atendem às necessidades dos alunos. “Como a universidade lá é nova, tínhamos laboratórios e salas bem equipadas. A parte teórica tam-bém é muito boa, até o nível da prova achei maior que em Campina”, co-menta. Amílton acredita que o maior problema da escola é quando o aluno precisa das aulas práticas na clínica. “Além de o Hospital Universitário não estar pronto, quando o aluno chega na clínica é difícil encontrar professores especialistas que queiram ficar na ci-dade, que é muito distante da capital. A maioria dos professores tem que vir da capital”, afirma.

Para o vice-reitor da Universidade Federal de CG, Vicemário Simões, é preciso analisar com cuidado os crité-rios de avaliação do MEC que, segundo ele, são vulneráveis. “A UFRGS (Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul), que tem 80 anos de existência, recebeu conceito 2 no Enade. Lá, pelo que estou sabendo, ocorreu boicote por parte dos alunos”, argumenta. O vice-reitor lembra ainda que a avalia-ção da infraestrutura do curso é feita através de formulário preenchido pelos próprios estudantes.

Vicemário afirma que a universidade em Cajazeiras enfrenta dificuldades, mas que o compromisso do governo com a educação e a pujança da UFCG têm viabilizado conquistas importan-tes, como a construção de um hospital na cidade, financiado pelo Ministério de Educação. “O conceito do MEC é importante e nos preocupamos, mas a reitoria quer minimizar todos os problemas de todos os cursos, uns com maior e outros com menor magnitude. Talvez, se a avaliação fosse de cursos de licenciatura (que formam professores) não atrairia tanto a atenção das pesso-as e da imprensa, porque estes não são prioridade no país”, conclui. 56

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vão trabalhar nas cidades mais longes”, argumenta. Para o médico, a solução não envolve só a questão salarial, mas também a necessidade de se ofertar nes-ses lugares boas condições de trabalho não só para os médicos, mas para todos os profissionais da saúde, como enfer-meiros, fisioterapeutas, nutrólogos, etc.

Presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), o médico João Medeiros Filho lamenta a má colocação da Universidade Federal de Campina Grande no ranking do MEC e espera um posicionamento do Governo para sanar os problemas que acontecem na instituição. “Esperamos que sejam tomadas as medidas neces-sárias, sejam feitos investimentos e recursos suficientes sejam liberados para que a UFCG possa oferecer ensino de qualidade”, afirma.

João Medeiros encara a multiplica-ção de faculdades de medicina com preocupação e diz que a abertura das escolas médicas deveria atender a critérios sociais ao invés de interesses mercantilistas. “Sabemos que existem escolas particulares prestando um bom serviço, mas muitas não oferecem o ensino adequado. Preocupa-nos a quali-dade do egresso e que tipo de assistência ele vai prestar para a população”, diz o presidente do CRM-PB, que questiona o fato de a Paraíba, com menos de 4 milhões de habitantes, ter mais escolas médicas que estados como Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.

A grande quantidade de faculdades de medicina no país vai de encontro às estatísticas que apontam a carência de assistência médica em várias regiões. As áreas periféricas das grandes cidades e os municípios do interior sofrem com a ausência de médicos. Realidade que deu início ao programa Mais Médicos do Governo Federal, que importa mé-dicos estrangeiros para atuarem nestas regiões.

Contrário à iniciativa governamental, João Medeiros Filho diz que a solução encontrada pelas entidades médicas para solucionar o gargalo seria instituir a medicina como carreira típica de Estado. Assim, os médicos seriam sub-metidos a concursos federais com bons salários e seriam relocados de acordo com as necessidades encontradas pelo Governo. “Assim como acontece no Ju-diciário, com os juízes e promotores que

Segundo o MEC, a política regula-tória para as graduações em medicina foi reformulada, ampliando os crité-rios exigidos para seu funcionamento. A partir de 2013, foi definido novo padrão decisório para os processos de autorização dos cursos públicos e pri-vados, que passam a considerar com mais ênfase parâmetros relacionados com a prática médica e que se somam aos aspectos verificados pelos avalia-dores do INEP (projeto pedagógico, corpo docente e infraestrutura).

Passou a ter papel central nos processos regulatórios, por exemplo, a estrutura dos equipamentos públi-cos de saúde. Além de programas de saúde do município que ofertam cursos para a formação do aluno de medicina. E passa a considerar como critério para autorização dos novos cursos elementos como: número de leitos do SUS para utilização acadê-mica, que deve ser maior ou igual a cinco por aluno; existência de pelo menos três Programas de Residência Médica nas especialidades prioritárias (clínica médica, cirurgia, ginecologia--obstetrícia, pediatria e medicina da família), vínculo com hospitais de ensino, etc.

Um desempenho insatisfatório de um curso ou instituição nas ava-liações, por exemplo, pode levar o ministério a determinar medidas para saneamento das deficiências e até abertura de processo administrativo para aplicação de penalidades, que podem ser a redução de vagas, a sus-pensão de novos ingressos, até mesmo a desativação do curso. Nos próximos meses, a UFCG receberá uma visita de representantes do MEC, que deverá durar dois ou três dias, para avaliar as condições da faculdade de medicina da instituição. De acordo com o ministério, os avaliadores são professores da educação superior, que aferem a qualidade de instituições e cursos de educação superior, com a utilização de instrumentos de avalia-ção elaborados pelo MEC.

mediCinA COmO CArreirA de eStAdO

nOvOS CritériOS

“Sabemos que existem escolas particulares prestando um bom serviço, mas muitas não oferecem o ensino adequado. Preocupa-nos a qualidade do egresso e que tipo de assistência ele vai prestar para a população”João Medeiros

João Medeiros, presidennte do CRM-PB acredita que medicina deveria ser carreira típica de estado.

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oucos meses depois do anún-cio de aumento no preço da gasolina, outra má notícia

envolvendo combustíveis afeta o consumidor. Além de atentar para o bolso na hora de abastecer, o motorista agora terá de se preocupar ainda mais com a qualidade da gasolina que está consumindo. Isso porque a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) não renovou o contrato de monitoramento desses produtos com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O corte da verba, no entanto, poderá atingir outros estados nos próximos meses.

Hoje, 20 universidades participam dos Programas de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis da ANP.

A cada mês são coletadas mais de 21 mil amostras de gasolina, etanol hidra-tado combustível e diesel em postos revendedores escolhidos por sorteio. As amostras são analisadas em relação a diversos parâmetros nos laboratórios das universidades e instituições de pes-quisa contratados pela Agência, que recebe o resultado das análises em seu Escritório Central, no Rio de Janeiro.

O objetivo dos programas, de acordo com a ANP, é proteger o interesse dos consumidores quanto à qualidade dos derivados de petróleo comercializados em todo o território brasileiro, evitan-do a adulteração. No Nordeste, com o fim do contrato com a UFRN, são seis as universidades participantes dos programas.

Corte de verbas do Governo Federal para universidades que monitoram a qualidade dos combustíveis nos estados compromete as pesquisas das instituições, a arrecadação dos estados e a confiabilidade da gasolina entregue ao consumidor

COmBUSTívEIS SEm mONITOrAmENTO

Por Grazielle Uchô[email protected]

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No último dia 21 de janeiro, venceu o contrato entre a Universidade Fede-ral do Rio Grande do Norte e a ANP. Segundo o pró-reitor de Pesquisa da instituição, Valter Fernandes Júnior, só quando se dirigiu ao escritório da Agência no Rio de Janeiro obteve informações de que, devido à falta de recursos, a ANP não renovaria os contratos das universidades à medida em que estes fossem vencendo. O valor recebido pela UFRN era de R$ 1 milhão por ano.

Participante do Programa desde 2000, em julho de 2014, a universida-de potiguar recebeu nota máxima dos Programas Interlaboratoriais de Com-bustíveis e de Marcadores da ANP na avaliação das substâncias químicas. De acordo com Valter Fernandes Jú-nior, no início do programa, o índice de não conformidade do combustível no estado chegava a 19,8% e hoje oscila entre 0% e 1,5%, sendo aceita nacionalmente uma porcentagem de até 3%.

O pró-reitor lamenta o corte da verba da instituição e afirma que a população ficará desprotegida no que diz respeito à qualidade dos com-bustíveis. “Esse é um mercado que movimenta R$ 350 bilhões no país e o sistema está entrando em colapso. No brasil, são mais de 40 mil postos de gasolina. No Rio Grande do Nor-te, aproximadamente 600 postos são

monitorados pela UFRN. Imagine o que pode acontecer com o mercado de combustível sem um mês de controle”, diz Valter Júnior.

Ele explica que a universidade percorre em média 7 mil km por mês ao visitar semanalmente por sorteio 1/3 dos postos do estado, coletando amostras dos combustíveis. “As amos-tras vão para o nosso laboratório, de padrão internacional, e no máximo em oito horas o Governo Federal recebe a análise. O próprio Ministério Público e o Procon utilizam nosso laboratório pra fazer esse tipo de verificação. Sem que isso ocorra, vai ser um completo caos”, afirma.

PrimeirO COrte

Foto: Henecatusa Nossit

“Esse é um mercado que movimenta R$ 350 bilhões no país e o sistema está entrando em colapso. Imagine o que pode acontecer com o mercado de combustível sem um mês de controle”Valter Fernandes Júnior

Teste das amostras de combustíveis em laboratório de padrãointernacional

Além do aumento da poluição e dos prejuízos ao consumidor, Valter Fernandes Junior lembra que a adulteração pode trazer prejuízos às receitas dos estados, já que na adulteração, ao serem adicionados solventes não tributados no combustível, o Estado perde de arrecadar.

Segundo a Federação das Indústrias, 53% do valor da gasolina correspondem a impostos e, em alguns estados, estes representam 1/3 da receita. Por isso, Valter Júnior afirma que seria importante que as Secretarias de Fazenda dos estados tratassem do assunto com os governadores.“ Vai haver um prejuízo enorme, porque tivemos aumento na importação de combustíveis, volta da CID, ou seja, há um ambiente mais propício para a adulteração. Enquanto isso acontece, o Governo Federal permite a paralisação do nosso trabalho. Neste momento também seria fundamental o apoio dos governos, Procons e MPs pra impedir isso”, protesta o pró-reitor da UFRN.

QUEDA NA RECEITA

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O professor Antônio Gouveia de Sousa coordena o laboratório res-ponsável pelo programa de qualidade na Universidade Federal da Paraíba, cujo contrato venceu no dia 17 de fevereiro. Segundo o professor, a universidade não recebeu nenhuma informação da ANP, mas o prazo para a renovação já venceu, portanto não existe mais a possibilidade de a uni-versidade continuar com o trabalho.

Antônio de Sousa conta que terá de paralisar os trabalhos do labora-tório, que custou R$ 18 milhões à instituição. “Infelizmente nós vamos dispensar as 26 pessoas que trabalham aqui, parar as pesquisas e o carro

que roda todos os dias a serviço do laboratório. Além disso, os postos ficarão sem controle. Se já adulteram com o monitoramento, imagine sem. Estamos à regalia”, lamenta.

De acordo com a ANP, os programas de controle de qualidade dos combus-tíveis não será extinto, mas o contrato com a UFRN acabou e não há mais possibilidade de renovação, por isso será feita uma nova licitação, cuja data de abertura não foi confirmada pela Agência.

Apesar disso, a ANP garante que continua fiscalizando normalmente o mercado de combustíveis do Rio Grande do Norte e afirma que o

Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis, feito por instituições contratadas, é apenas um dos instrumentos usados como apoio às ações de fiscalização da ANP. “Os postos e demais agentes de mercado são fiscalizados por fiscais da ANP e esse trabalho não foi interrompido”, esclarece a Agência, que não informou o número de fiscais que atendem os cerca de 600 postos do Rio Grande do Norte.

PArAíbA é A PróximA

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“Os postos e demais agentes de mercado são fiscalizados por agentes da ANP e esse trabalho não foi interrompido”ANP

“Se já adulteram com o monitoramento,

imagine sem. Estamos à regalia”

Antônio de Sousa

Monitoramento da qualidade dos combustíveis seguirá sem interrupção, mesmo sem contrato com a UFRN

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NordesteAgito

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Prefeito de JP, Luciano Cartaxo, sua esposa Maisa e Gilberto Gil

Prefeito de Salvador, ACM Neto e esposa Lidia Salles

Governador do RN, Robinson Faria e sua esposa Juliana

Ministro da Defesa, Jaques Wagner, governador Rui Costa e Aline Peixoto

Governador do Maranhão, Flávio Dino e esposa comemorando novo tempo

Governador do Piaui, Wellington Dias e a esposa Rejane com presidenta Dilma Rousseff

Sra. Gitana, esposa do senador Raimundo Lira, pontificando em Brasilia

Senador Cássio com o filho, o deputado federal Pedro Cunha Lima

Governador de Sergipe, Jackson Barreto (esq), com o prefeito de Aracaju, João Alves62

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Flávio Rocha, diretor presidente da Riachuelo João Carlos Paes Mendonça agora no ramo de vinhos

Edson Barbosa (dir), presidente da LINK com maestro Spok

Roberto Santiago e Waldivia, ele do Manaira Shopping

Glorinha Gadelha na luta pelo Memorial de Sivuca

Prefeito do recife, Geraldo Júlio a com esposa Cristina Mello

Presidente do Grupo CAOA e empresário de comunicação Walter Santos

Carlos Eduardo, a esposa Andréia e os filhos comandando a prefeitura de Natal

Prefeito Veveu (de Sobral) a vice-Governadora Izolda Cela, ao lado do Governador Camilo Santana (Ceará) e sua esposa Onélia 63

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Considerada uma das bandas de maior sucesso na década de 90, o grupo volta com a formação original e completa trinta anos de estrada. Em turnê pelo Brasil e com agenda cheia, a banda divulga o álbum Elektra, com músicas inéditas

Por Isadora [email protected]

Capa do álbum Elektra

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rpm rETOrNA AOS pALCOS

Cultura

Banda RPM (Revoluções por Minuto) surgiu em 1983 e chegou a ser uma das mais

populares do país entre 1984 a 1987. O som da banda caiu no gosto popular na época áurea do rock brasileiro, rivali-zando com Barão Vermelho, Engenhei-ros do Hawaii, Paralamas do Sucesso e até Legião Urbana. Na segunda metade dos anos 80, a banda conseguiu bater todos os recordes de vendagens da indústria fonográfica. No total, vendeu mais de 5 milhões de discos na carreira. O vocalista e letrista da banda, Paulo Ricardo, era conhecido por suas letras arrojadas e até pelo apelo político e sensual - É famosa uma capa de disco onde ele aparece quase nu. As suas músicas arrebatam fãs até hoje. Entre as mais famosas estão “Loiras Geladas”, “Olhar 43”, “Revoluções por Minuto” e “A Cruz e a Espada”.Mas, por uma dessas reviravoltas do destino, a banda acabou entrando no

ostracismo e nos últimos anos passou a ser figura conhecida do Domigão do Faustão. No entanto, a banda está de volta aos palcos, e a Revista Nordeste sauda seus leitores com uma conversa com os intergrantes que revelam como está sendo o retorno dos shows.

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NORDESTE: O grupo foi um dos mais populares na década de 90 e con-quistou fãs por todo o país. Após uma parada de oito anos e algumas apresentações esporádicas a partir de 2006, ocasionadas pelo sucesso da mi-nissérie global “Por toda minha vida”, em 2011 finalmente a banda volta a pisar nos palcos. Como se deu isso?RPM: Quando o programa foi ao ar, ficamos muito emocionados. Percebe-mos o carinho que o público e os fãs ainda tinham pela banda. A partir daí, sentamos e passamos a conversar seria-mente sobre a volta definitiva do RPM. Em novembro de 2010 já estávamos compondo novas músicas.

NORDESTE: Até hoje vocês são lembra-dos pelo estrondoso sucesso que fize-ram no passado. Como os integrantes veem essa relação entre o saudosismo dos fãs e as mudanças que a banda precisou fazer? RPM: Desde que retornamos, perce-bemos que o público se manteve. Ele envelheceu com a gente. Mas também notamos que havia um novo público que era mais jovem. Assim, as mudan-ças foram inevitáveis e ficamos felizes de poder reunir os fãs saudosistas e mais antigos com o novo público.

Fotos: Divulgação

NORDESTE: Sempre que há um fato histórico importante artistas populares aproveitam para expressar um ponto de vista. O RPM fez recentemente a músi-ca “Primavera Tropical” para falar das manifestações que sacudiram o Brasil em junho de 2013. Como vocês veem as mudanças e o trabalho em cima delas?RPM: As pessoas sempre nos cobram canções engajadas, no estilo de “Alvo-rada Voraz”, (que trata da questão da Ditadura Militar). A nossa matéria pri-ma sempre foi o tempo em que vivemos. E, durante as manifestações de junho de 2013, não podia ser diferente. Fize-mos a música “Primavera Tropical”. O rock, cujo clipe foi gravado ao vivo, foi lançado com exclusividade em nossas redes sociais. A revolução continua e nós não podemos parar.

NORDESTE: Qual a receptividade do público com o retorno de vocês e como tem sido a aceitação do CD Elektra?RPM: A turnê Elektra foi demais. En-tramos no palco com tesão e garra. Por todas as cidades que passamos a nossa apresentação foi sensacional. Vamos lançar para os fãs um documentário com cenas de bastidores, shows, en-trevistas e curiosidades dessa turnê. A receptividade com o nosso retorno

Banda voltou a tocar junto em 2011 e já recebeu indicação para

o Grammy latino

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foi a melhor possível.

NORDESTE: Sobre o processo de com-posição do último trabalho de vocês, como ele está se dando?RPM: Ficamos muitos anos sem lançar um CD novo e o Elektra ficou pronto para o Natal de 2011. Em 2013, a gente tentou começar o processo de um novo CD e DVD, algo no estilo ao vivo, porque a turnê estava sendo muito significativa. Mas começamos a notar que ainda levaria algum tempo para que as pessoas sentissem que a volta do RPM era para valer, já que a gente tinha voltado uma vez e se separado no-vamente. Some a isso duas mudanças

de empresário nesse meio tempo. Isso é uma coisa que desestrutura bastante o artista. Então, nós preferimos arrumar primeiro a casa e nos dedicar ao traba-lho novo. Somente depois é que a gente pôde se dedicar na produção do álbum e trabalhar nesse material que a gente tinha acumulado ao longo desses anos.

NORDESTE: Vocês esperavam todo esse sucesso com o Elektra?RPM: Na verdade, nós temos uma ideia de sucesso bastante ambiciosa. Quando a gente prepara uma coisa nova, a nossa referência sempre vai ser o nosso começo de carreira, que foi a era de ouro do rock brasileiro. E a gente

sempre espera mais. Hoje, a fatia do pop rock é muito menor do que era naquela época, então eu acho que o importante para aquele CD e para nós mesmos é mostrar que estamos artisticamente ativos e que temos condição de fazer um novo trabalho sem se apoiar em antigos sucessos. O Elektra realizou a tarefa com êxito, nos fazendo receber a indicação de melhor álbum do ano no Grammy latino. O disco se ressentiu de uma série de coisas. A banda estava separada há oito anos e a gente não vi-nha aquecendo. É como um atleta que estava um pouco fora de forma. Agora, estamos com o calor que o Elektra e a turnê deixaram. A melhor herança do Elektra é o trampolim que ele construiu para que a gente possa mostrar para o público que a gente veio para valer.

NORDESTE: Quando vocês pretendem lançar o próximo álbum e a próxima turnê, o Deus ex Machina? RPM: A previsão é que seja em abril. O álbum está quase concluído. A produção do show está sendo feita paralelamente ao CD. Paulo Ricardo pôs voz em janeiro e agora é mixar e terminar alguns detalhes como capa, encarte, preparar o clipe e lançar a primeira música junto com a turnê. Deus ex-machina é um nome curioso, uma expressão em latim que significa uma solução mirabolante, uma solução inesperada. E isso tem a ver com a história da banda. Ninguém esperava que o RPM sobrevivesse a tantas heca-tombes. Acho que Deus está do nosso lado. Pelo menos o Deus ex-machina.

NORDESTE: Tem alguma canção que vocês acreditem que vai estourar?RPM: Acreditamos que a primeira mú-sica, Espada Raio-X, irá surpreender. Ela é muito forte, um pop rock bem RPM. A nossa ideia com esse trabalho é manter nossa identidade e renovar nossa sonoridade. Para isso, estamos compondo com o Lucas Silveira, do Fresno. Além de ser um artista muito talentoso, é um excelente produtor. O Lucas deu uma renovada na nossa biblioteca de timbres e efeitos. Então, ficou um LP bem renovado, bem reju-venescido. Pesado e impactante. 66

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