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QUE BANCO É ESSE ! práticas antiéticas fraude trabalhista exploração de mão-de-obra assédio moral 2ª Edição cadê o PCCS ? Jornal do Sindicato dos Bancários da Paraíba - João Pessoa, maio de 2010. Ano XIX. Especial BB - 2ª edição CUT CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES BRASIL CUT CONTRAF BANCÁRIOS PB UM SINDICATO FORTE Trocando em miúdos

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Que Banco é Essse ?

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QUEBANCO

ÉESSE

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ticas antié

ticas

fraudetrabalhista

exploração

de mão-de-obra

assédiom

oral

2ª Edição

cadê o

PCCS?

Jornal do Sindicato dos Bancários da Paraíba - João Pessoa, maio de 2010. Ano XIX. Especial BB - 2ª edição

CUTCENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES

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AS

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BANCÁRIOS PBUM SINDICATO FORTE

Trocandoem miúdos

Page 2: Edição - 522

02trocando em miúdos

Nesta segunda edição do Trocando

em Miúdos Especial “Banco do Brasil. Que

banco é esse!!!”, vamos continuar mostrandoum Banco do Brasil muito particular e muitodiferente daquele BB que a mídia mostra nohorário nobre. Para tanto, utilizamos osnúmeros levantados por Francisco de AssisCosta (Chicão), diretor do Sindicato dosBancários da Paraíba e membro do ConselhoFiscal da Caixa de Previdência dosFuncionários do Banco do Brasil (Previ).

Trata-se do Banco do Brasil real,aquele do dia-a-dia, que explora, humilha,sufoca, maltrata, adoece e mata aospouquinhos cada um dos seus colaboradores,que trabalham nos seus milhares pontos deatendimento Brasil afora. São números que

mostram os reflexos negativos para oatendimento aos clientes e à sociedade emgeral. Uma grande contradição entre o BB damídia, perfeito no discurso da prática deresponsabilidade social, e o BB real, aqueleque atende mal e permite a prática de assédiomoral.

O BB influiu no desenvolvimentosócioeconômico do Brasil, tanto nos centroseconômicos quanto no interior. Um bancoque sempre foi referência em questõesdiversas, a exemplo das questões trabalhistas.Fazer parte da família BB era motivo deorgulho, pois a dignidade e a ética estavamsempre presentes e acima de quaisqueroutros interesses, tanto no trato comfuncionários, quanto com clientes.

Trocandoem miúdos

Informativo do Sindicato dos Bancários da Paraíba

Fone: Fax:Site:e-mail:

Av. Beira Rio, 3.100, Tambauzinho, João Pessoa-PB.(83) 3224-2054 (83) 3224-4837

[email protected]

Infelizmente a situação hoje édegradante, devido a uma gestão tresloucadapela visão simplista do lucro, brutalmentemercantilista, que indigna a nação e abate aauto-estima dos funcionários da casa. Ogoverno chega a citar a importância do BBpara o contexto sócio-econômico, masdespreza os funcionários do banco e seusclientes.

Os números do Banco do Brasil, noperíodo de 2003 a 2009, sem a Nossa Caixa eo Banco Estadual de Santa Catarina (BESC),demonstram um paradoxo: o banco cresce,mas funcionários e clientes padecem. Essadisparidade mostra claramente a exploraçãode mão -de- obra e todas as suasconseqüências. Veja o quadro.

Banco do Brasil. Que banco é esse!!!Exploração de mão-de-obra, assédio moral, fraude trabalhista, mercantilismo brutal

BANCO DO BRASIL – EVOLUÇÃO DOS NÚMEROS, DE 2003 A 2009

Número de correntistas: Saltou de 15,4 milhões para 31,5 milhões (mais de 100%);

Número de pontos de atendimento: Saltou de 12,3 mil para 17,9 mil (mais 5.600 pontos);

Patrimônio Líquido: Saltou de R$ 9,2 bilhões para R$ 36,1 bilhões (cerca de 170% maior, mesmo corrigindo pelo INPC).

Ativos totais: Saltou de R$ 204 bilhões para cerca de R$ 610 bilhões (mais do dobro, mesmo corrigindo pelo INPC);

Despesa com pessoal: Saiu de R$ 5,5 bilhões para R$ 9 bilhões (apenas 2%, se corrigir pelo INPC e incluir o pequeno aumento de funcionários);

Lucro líquido: Saltou de R$ 2,2 bilhões para R$ 7 bilhões (mais do dobro, mesmo corrigindo pelo INPC e sem os R$ 3 bilhões da Previ);

Funcionários e estagiários: Saiu de 78,650 e 10,990 para 87.031 e 9.917 (aumento de apenas 7%, o que é uma vergonha);

Presidente:Diretor de Comunicação:Jornalista responsável:Reportagem:Diagramação:

Marcos Henriques e SilvaLindonjhonson Almeida

Otávio Ivson (DRT-PB 1778/96)Otávio IvsonPaletta arquitetura, comunicação e design

especial BB

Page 3: Edição - 522

03 trocando em miúdos

O nível salarial no BB continua achatado. Não houve sequer arecuperação do período FHC. E esse achatamento traz reflexosnegativos também para as aposentadorias, que a cada ano tem o valorde concessão menor; em 2009 caiu mais, para cerca de R$ 3.100. Oavanço da precarização das condições de trabalho é uma crueldadeinjustificada com o funcionalismo, pois o BB gera um ambiente inóspitoe leva os funcionários ao estresse, à insatisfação, à doenças e outrasconseqüências de uma situação degradante, com avanço dos crimes deassédio moral.

Atualmente a distância entre o maior e o menor salário éenorme e injusta. Mas a direção do Banco do Brasil não está nem aí. Ecada vez exige mais dos funcionários. Usa os salários baixos comotrunfo, para submeter os funcionários e para estimular uma buscaselvagem por ascensão e/ou manutenção de cargos.

Parece que existe uma espécie de anestesia geral ou hipnose,para que esse modelo absurdo continue existindo, como se fossenormal. A lógica do discurso é a do desafio e a de liderança de mercado;tudo para continuar com essa absurda equação:

Se usássemos a proporção simples, o banco deveria ter cercade 161 mil funcionários e 24 mil estagiários, atualmente. Que não sejatanto. Mas, infelizmente, somos apenas 87 mil funcionários e 10 milestagiários, inclusive com vários serviços novos, como: consórcio,

- FUNCIONÁRIOS - SALÁRIOS + SERVIÇOS = MAIS LUCROS!

imóveis, bolsa de valores, ampliação de 450% em cartões, etc.Parece mentira, mas a situação do BB é a pior do setor bancário

e evidencia a exploração de mão-de-obra; são 199 contas a mais porfuncionário em relação ao Itaú Unibanco, mais do que o dobro. Veja:

Banco

Conta corrente /Funcionário

Banco do Brasil Caixa

361

Bradesco

236 220

Itaú Unibanco

162

Ante tudo o que foi exposto atéagora, perguntamos: “Por que estão usandoesse modelo de exploração de pessoas noBanco do Brasil?” Alguém tem algumaresposta?

Curiosamente, alguns funcionários

do BB se encantam e chegam a trocar aprópria saúde por esse modelo deexploração, tentando mostrar que seadéquam a esse sistema absurdo, do 'chicorte', inclusive esquecendo seus valores.

Essa situação crítica não condiz com

um banco público, que deve ter comofundamento o respeito à pessoa humana. Olucro financeiro é importante, mas nãopode se sobrepor cegamente ao 'LucroSocial'. Era o que se esperava do BB nogoverno atual.

BB: Um banco de muitos planosque não tem um Plano de Cargos, Carreirae Salários

Hoje o Banco do Brasil e o único banco publico que não temum Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS). Desde que o Bancodo Brasil aboliu unilateralmente o PCCS, em 1997, que aConfederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro(Contraf-CUT) vem tentando negociar um modelo de PCCS quecontemple os anseios do funcionalismo. Mas, não pode ser um planoqualquer. Tem que ser um PCCS que:

Estimule e premie os funcionários que se esforçam dentro e forado banco;Ofereça aos trabalhadores uma progressão horizontal em seuscargos, através de promoções por merecimento e porantiguidade, valorizando assim o esforço de seus funcionários;Tenha critérios objetivos em detrimento aos critérios subjetivos,oferecendo assim oportunidade de crescimento para todos; eValorize o piso de ingresso, com suas respectivas repercussões.Nós reivindicamos o salário mínimo do DIEESE, hoje no valor deR$ 2.139,00.

Até agora, as negociações não avançam e a categoria precisadar uma resposta à altura, em forma de mobilização e luta. Até junho,que é o prazo final para implantação do novo PCCS, precisamosdemonstrar toda nossa indignação, de forma que esse debate não searraste até o auge da Campanha Salarial 2010 (agosto, setembro).Portanto, os bancários devem ficar atentos para a deflagração da nossaluta no momento oportuno.

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maio de 2010

Page 4: Edição - 522

04trocando em miúdos

A Lei Complementar 109 diz que, perdurando superávite por 3anos, deve ser feita uma “revisão do plano de benefícios”. Porém, emsetembro de 2008, o Ministério da Previdência editou a Resolução 26,definindo que “revisão de plano de benefícios” significa simplesmente orepasse financeiro do superávite às partes. Em função disso, a Caixade Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) teria querepassar dinheiro vivo ao banco-patrão. Essa norma absurda é umestupro ao texto da Lei e ao patrimônio dos trabalhadores; além deinjusta, é perversa, pois o patrão tem como influir de forma nefasta ecruel para gerar superávites nos Fundos de Pensão, através de

Na Previ, isso não ocorreu por acaso; muito pelo contrário. Em1995 e 1996, o Banco do Brasil achatou os salários e ainda promoveu ademissão de 49.000 funcionários, que não levaram suas reservasmatemáticas; na época, cerca de R$ 11 bilhões, que hoje somam cercade R$ 30 bilhões. Isso foi feito para viabilizar a assunção pela Previ deuma dívida de R$ 11 bilhões do banco, em 1997, inclusive com oobjetivo de facilitar sua privatização; fato que muitos ainda lembram.

Essa Resolução 26 premia os patrões que massacrarem ostrabalhadores, com três benefícios: redução na folha de pessoal,suspensão de contribuições ao fundo de pensão e direito de receberdinheiro do superávite gerado.

DEMISSÃO EM MASSA e/ou ACHATAMENTOSALARIAL.

Na verdade, essa norma é um esquema absurdo para 'meter amão' no dinheiro dos trabalhadores, tentando, de forma inédita,legalizar a apropriação indébita dos recursos dos fundos de pensãoque são dos associados e não da patrocinadora. Essa Resolução 26,de set/08, do Ministério da Previdência, é uma seqüência do crimefeito em 95 e 96, quando foram demitidos 49.000 pais e mães defamílias para gerar sobras na Previ, visando à assunção da dívida doBanco.

Em decorrência desse fato, foram registrados 35 suicídiossomente entre os 77 mil funcionários que continuaram no Banco doBrasil, fora os que ocorreram entre os que se desligaram do banco.Além dessa triste estatística, ainda pode-se computar as vítimas dedoenças súbitas, os que abandonaram seus lares e respectivasfamílias, os que se entregaram ao alcoolismo e os queenlouqueceram.

A Resolução 26 está suspensa por liminar validada peloSuperior Tribunal de Justiça (STJ), sob alegação de ilegalidade.Portanto, devemos exigir o imediato o cumprimento do Art. 20, daLei Complementar 109, que determina a 'revisão do plano debenefícios', em caso de sobras por três anos consecutivos.

De forma 'ilegal', o Banco já lançou R$ 12,1 bilhões no seubalanço, a título de receitas futuras, em função do superávite daPrevi; tudo feito para poder barganhar numa eventual negociação. Aalegação de que isso influi na PLR é um engodo, pois o banco tira R$12,1 bilhões dos associados e só repassa cerca de R$ 210 milhões.

Esse ilícito está sendo investigando pelo Tribunal de Contasda União (TCU), após denúncia feita pelo conselheiro fiscal da Previe diretor do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Francisco de AssisCosta (Chicão).

De 1997 para cá, sem incluir esses R$ 12,1 bilhões e semincluir a apropriação de todas as contribuições de 1967 a 1980,além de ter feito regime de caixa de 1967 a 1997 com o Grupo pré-67, o Banco do Brasil já se beneficiou da Caixa de Previdência dosfuncionários (Previ) em torno de R$ 23 bilhões (valor corrigido).

Por tudo isso, não dá mais para aceitar que o Banco continuesendo o grande pensionista da Previ. A revogação da Resolução 26se apresenta como a melhor maneira de o governo se redimirperante o funcionalismo do BB.

Previ – Plano 1 e Plano Previ FuturoA Resolução 26 tenta legalizar a apropriação indébita dos superávites dos fundos de pensão

tem 65% de adesão, 12 anos de vida e representa apenas1,2% do patrimônio

O Plano 2, Previ Futuro é do tipo “contribuição definida”, quegera benefícios com base na poupança acumulada. Já o Plano 1, é debenefício definido”, que gera benefícios com base no valor dos últimossalários”. No plano de “contribuição definida”, o funcionário terá quedecidir o que fazer com sua poupança na hora da aposentadoria: secompra um benefício por tempo limitado ou vitalício. A reversão paradependentes também influi no valor do benefício.

Um Fundo de Pensão em geral é o reflexo do que é a suacategoria de trabalhadores. Os números do Plano 2 por si sódenunciam a política de enfraquecimento do funcionalismo, quevem sendo implementada pelo Banco do Brasil.

Senão, vejamos

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Previ Futuro já tem cerca de 65% dosfuncionários da ativa;Previ Futuro já tem 12 anos de vida, de um totalde 30; mas,Previ Futuro só tem cerca de apenas 1,2% dopatrimônio da Previ.

Pela análise desses dados, não dá mais para aceitar oargumento de que esse é um plano em formação. Até porque, seexistisse somente o Plano 2, a Previ cairia da 1ª para a 25ª posição,em se tratando de situação patrimonial. Daí, a necessidade da lutapela valorização dos funcionários do Banco do Brasil. E essa lutatem de ser radical e urgente!

Previ Futuro, O Plano dos Novos Funcionários

especial BB

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05 trocando em miúdos

BB causa sofrimentopara funcionários e atendimento deficiente para a população em geral

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Assédio moral (arma usada para explorar mão-de-obra), choro,sobrecarga de serviço, pressão por metas abusivas, agressõesverbais e até físicas de clientes que, por não suportarem mais oatendimento precário, querem descontar indevidamente emfuncionários e, mais ainda, em funcionárias. Tudo isso é motivode insatisfação no trabalho, estresse e adoecimento;

O índice de estresse auto-indicado em pesquisa da Caixa deAssistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) foi de25%. É mais que o dobro do índice obtido pelas empresasbrasileiras (12%), considerado alto pelo Ministério da Saúde;

Os caixas executivos, quando deixam a bateria para ir ao banheiroou almoçar, são vaiados por clientes e usuários insatisfeitos pelademora no atendimento, que gera enormes filas. Os aplausos noretorno não anulam a humilhação das vaias, quando se ausentam;

O enfraquecimento do funcionalismo também contribui paraminguar o lado social do BB, tornando-o não mais interessantepara a sociedade, o que facilitaria sua privatização. O Banconunca esteve tão pronto para uma privatização como agora;

A baixa-estima e a falta de motivação tem levado muitosfuncionários a procurarem outra atividade fora do Banco:enquanto os novos fazem concursos para outras empresasestatais, os veteranos buscam formas de antecipar aaposentadoria. E essa busca constante por incentivos, tipo PDV,PAA, não é salutar nem para o ambiente, nem para o climaorganizacional nos locais de trabalho;

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Lateralidade, extrapolação da jornada de 6 horas e desvio defunção são algumas das fraudes trabalhistas que já viraramrotina no Banco do Brasil. Além desses, crimes como o assédiomoral precisam ser combatidos. Nesses casos, os funcionáriosdo BB têm de agir como os empregados da Caixa EconômicaFederal e cobrar seus direitos na Justiça.

As condições de trabalho nas unidades do BB hoje são piores doque nos bancos privados. Não fosse a estabilidade,certamente que haver ia uma debandada gera l dofuncionaismo;

O salário no BB já começa achatado; o funcionário entra noBanco com salário inicial de R$ 1,4 mil e, aos 30 anos decarreira, chega a perceber R$ 1,9 mil/mês. E esse é o destino decerca da metade do funcionalismo do BB, que não terá acesso auma função comissionada. É por isso que o nível salarialpermanece achatado;

E agora se paga ao Plano de Saúde um percentual sobre o 13°Salário e sobre os exames médicos solicitados; mesmo assim, aqualidade do plano continua em queda;

A importância do Banco do Brasil é reconhecida comoinstrumento de inferência de governo na economia, mas osfuncionários são desvalorizados. E com o enfraquecimento docorpo funcional, o Banco do Brasil não poderá continuar sendouma instituição forte, respeitada e com a confiança construídaao longo de sua história bicentenária.

maio de 2010

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06trocando em miúdos

De onde vem essa pressão?Afinal, quem dá as cartas no Banco do Brasil?

Aqui na nossa pequenina Paraíba, os bancários do BB têmpassado maus momentos para cumprir as metas que lhes são impostasverticalmente; de tal sorte, ou falta dela, que alguns gestores, até entãomais comedidos no acompanhamento das metas, já explicitam o seu“chicote” e desferem profundos golpes psicológicos nas costas doscomandados, com frases de efeito, tipo: “Hoje, você só vendeu essesprodutos durante o expediente? Como é que vai se sentir quando chegarem casa, perante sua família?”

E tudo isso acontecendo sob a batuta da SuperintendênciaEstadual, cuja mudança de titular mudou a forma de tratar ossubordinados, mas em nada alterou o processo de cobrança peloatingimento de metas.

Na era Elói, esse era o “jogo”, conforme ele mesmo afirmava emtom sarcástico, quando questionado sobre o seu modus operandi. Agora,na era Carlos Alberto, em que há diálogo entre o comando e a base, apressão continua muito forte pela obtenção de resultados. A moda agoraé tentar passar idéia de que bancário é vendedor, como o faz nas reuniõeso Superintendente Carlos Alberto, inclusive exibindo solenemente oedital de convocação do concurso para ingresso no Banco do Brasil. É

falando baixo e compassado que se tenta dissimular a falta de estruturado banco e jogar o ônus nas costas dos bancários.

Com Elói, a Paraíba foi destaque, pois nenhuma agência ficoucom metas abaixo da média nacional. O que ao primeiro olhar parece seralgo bom, na verdade é uma temeridade, por tratar-se de uma situaçãoincompatível e abusiva em um Estado que é um dos menores emcritérios sócio-econômicos.

As ameaças de Elói eram diretas. Já o 'chicote' atual édissimulado, onde o Super oferece sempre outro lugar a um gestor queestá enfrentando dificuldades na sua agência. E essa forma 'macia' tempreocupado muitos gerentes. Já tem gente com saudades da via direta deElói. A que ponto chegamos!

Existem colegas tomando remédio para agüentar a pressão. OBanco está sugando a energia dos funcionários e isso não é normal.Precisamos dar um basta nesse caos. Em 2009, o Banco do Brasil foi ocampeão de autuações do Procon Municipal em todos os itens e ainda foiautuado 31 vezes pela fiscalização do Ministério de Trabalho e Empregona Paraíba. Sofre o cliente com a espera e o funcionário pela pressão quevem do banco e dos clientes. Veja os quadros abaixo.

AUTUAÇÕES PELO PROCON MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA EM 2009

Itaú

BANCOBB

CaixaHSBC

Unibanco

TOTAISOutros

Santander

RealBradesco

1

Fila/senha9056

19604212238

Painel opaco

12924

55

1177

12

Câmeras Atendimento ruim Total %2314

770

07

29022

63

194

00

1212

13182

3475

319

9202058

37,7523,63

1001,44

0,865,48

2,595,765,76

16,17

Agências do Banco do Brasilfiscalizadas pelo Ministério do Trabalho

Autuação por descumprimento do

UFPB - João Pessoa _B

Treze de Maio - João Pessoa PB

Varadouro - João Pessoa PB

Mamanguape - PB

Superintendência Estadual da Paraíba

Sumé - PBTambaú - João Pessoa PB

Alagoa Grande - PB

Bayeux - PB

Pedras de Fogo - PB

Epitácio Pessoa - João Pessoa PB

Curz das Armas - João Pessoa PB

Torre - João Pessoa PB

Totais

Setor Público - João Pessoa PB

Art. 66 CLT

1

12

0

1

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1

0

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1

1

1

1

1

1

11

0

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8

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0

1

1

0

2

31

1

3

2

3

3

3

2

2

3

2

2

2

1

TotaisArt. 67 CLTArt. 61 §2° CLT

especial BB

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07 trocando em miúdos

O trabalho no dia a dia não pode setransformar num martírio. Às vezes a gentequer arranjar uma solução para todas asdemandas do Banco e dos clientes, o que énatural para quem é comprometido e quercontribuir, mas essas demandas estão cada vezmaiores; portanto, é preciso estabelecer umlimite para sabermos até onde podemos ir.

Lembre-se, bancário: você não émáquina; é apenas um funcionário! E não devese submeter às conseqüências da falta deestrutura do Banco, que sempre tem novosserviços e mais clientes. Mas, mesmo assim,resiste em contratar mais funcionários. Porisso, não queira resolver esses problemassozinho, pois emergência não pode virarrotina.

A estrutura do banco é deficiente e aconta não pode ser paga pelo funcionário.Bancário não é robô; é um ser humano quetem direito a uma vida digna. Não se esqueçadisso e não permita que lhe explorem ou quelhe tratem mal. A falta de respeito às pessoasgera insatisfação no trabalho e tira o direitodesse Banco do Brasil atual de falar em “vestira camisa”. Nenhum trabalhador pode sesubmeter a abusos. A barbárie não é maispermitida nos tempos atuais.

Infelizmente, a direção do BB não estánem aí para o que ocorre nas agências edemais pontos de atendimentos e mantémessa conduta abusiva e inadequada a um bancopúblico, que atua de forma brutalmentemercantilista.

Os gestores, aterrorizados porameaças aos seus cargos e localizações, atéparecem que estão hipnotizados ou quepassaram por um terrível processo de lavagemcerebral capaz de lhes fazerem esquecer osvalores básicos. Talvez seja por isso que

desconsideram a falta de estrutura, tentando,em todos os níveis, cumprir metas abusivas,que geram um ambiente fértil ao tenebrosoassédio moral. Na verdade esse problema éuma consequência das diretrizes do governopara o Banco do Brasil, que são absurdas einexplicáveis politicamente.

Dada à falta de funcionários, gestoreschegam ao ponto de ligar para funcionáriosque estão de licença saúde, para sondar se elesestão realmente em casa, doentes. Em outroscasos, caem no ridículo de fazer cobranças emreunião, do tipo “como é que você vai chegarem casa sem ter vendido nada?”, como seestivessem falando com o vendedor de umalojinha qualquer. A que ponto chegamos!

A situação está tão grave que, se oBanco do Brasil contratasse hoje mais 33.500funcionários, ainda assim cada bancário do BBteria sob seus cuidados 100 contas correntes amais do que um colega seu do Itaú. Mas, tudoisso acontece no BB real, pois lá no BB dagrande mídia a publicidade passa a idéia de queestá tudo bem, pois nas peças publicitáriasmilionárias não aparece o massacre capitalistaliberal imposto.

A situação está muito grave e caminhapara o insuportável. A corda está muitoesticada; a ponto de se romper. Os bancáriosvão reagir; não tenham dúvidas. A união de'todos' na luta em favor de um Banco do Brasildecente precisa começar. Já!

Agora, a moda é fazer o bancárioacreditar que ele não é mais bancário; que éapenas um vendedor que, inclusive, faz oserviço de bancário. E não podemos aceitaresse absurdo! O trabalho bancário tem maisde 200 anos de existência e consisteessencialmente em trabalhar com aintermediação financeira, administração e

guarda de valores de terceiros. A venda deoutros produtos é uma atividade paralela,surgida recente e que não pode nem deve tirara paz da vida dos bancários.

A categoria bancária tem umahistórica de lutas e não vai permitir sermassacrada pelo liberalismo capitalista dolucro material, que gera a 'maquinização' doser humano. Se preciso for, iremos às últimasconseqüências, culminando com uma grevecontra essas vendas mercantis no BB.

O maior banco da América Latinanunca antes havia descumprido promessastrabalhistas. Mas, hoje já são cinco: Plano deCargos, Carreira e Salários; PlanoOdontológico; implantação dos ServiçosEspecializados em Engenharia de Segurança eMedicina do Trabalho (SESMT); implantaçãodos comitês contra a prática de assédio moral;e o plano Mãe 45 na Previ, para aposentadoriaantecipada para as bancárias.

É preciso a união de todos do BB,inclusive os gerentes em todos os níveis, paracombater essas diretrizes que precarizam ascondições de trabalho, exploram mão-de-obra e concorrem para o agravamento daprática de assédio moral, dentre outras. Nopassado, o funcionário do Banco do Brasil foium ente social com grande influência nodesenvolvimento nacional, valorizado social eeconomicamente.

Temos consciência de que o temponão volta mais, assim como essa condição doantigo funcionário do Banco do Brasil. Por isso,não podemos aceitar o abuso e o desrespeitoatuais que não são visíveis devido à fama dofuncionalismo no passado e ao patrimônio daPrevi, que servem de biombo para esconder asituação humilhante que a direção do BBimpõe aos empregados.

Por que estão fazendo isso no BB?a responsabilidade pelo caos é do banco e não do bancário

maio de 2010

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08trocando em miúdos

especial BB maio de 2010

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Quando lhe perguntarem pelogerente ou por outro comissionadoque estiver de férias ou de licença,explique educadamente que “desde oano de 2007, o banco não tem maissubstituto para cargos” e que oresponsável está de férias, licença, ouafastado por outro motivo. Essa é ainformação devida e adequada, poisfoi o banco que quis assim. Nãoassuma a responsabilidade de umproblema criado pelo próprio Banco;Se os chefes lhe pedirem uma tarefa elogo em seguida mais uma, perguntequal é a prioridade e qual deve serexecutada primeiro;Quando lhe atribuírem meta devendas de produtos, pergunte: “Vocêquer que eu atenda ou quer que euvenda?'' Não esqueça de lembrar aochefe que faltam funcionários.Não cumpra ordens antiéticas, como:enganar clientes ou usar a ignorânciadeles para empurrar-lhes produtosinadequados;

Assédio Moral, um crime dissimuladoque não deveria existir e muito menos ser uma marca do BB

Em 2008, o Ministério Público doTrabalho iniciou uma Ação Civil Pública contrao Banco do Brasil, por assédio moral. É umabsurdo que uma instituição públicabicentenária e gerida pelo Governo Federalseja acionada pelo MPT pela prática de assédiomoral.O banco foi condenado em 1ª Instância, noinício de 2010, recorrendo da sentença àinstância imediatamente superior. A açãopode ser acompanhada através da páginawww.trt10.jus.br – processo de número500-2008-7ª vara – numeração antiga.

Mais 33 ocorrências foramencaminhadas à procuradoria do MPT, paraservirem de argumentos; dessas, 31ocorrências foram listadas na denúncia aoTCU, denunciando a apropriação indébita,pelo Banco do Brasil, do superávite daPrevi.

E s s a s a ç õ e s e s p e l h a m ocotidiano das agências do Banco doBrasil, onde o reduzido número defuncionários, aliado ao pouco espaço, servede palco para os abusos cometidos porconta da demanda de serv i ços e

c u m p r i m e n t o d e m e t a s a b u s i v a s ,culminando com a pratica de assédio moral.O Banco encaminha as diretrizes doacionista majoritário, que é o GovernoFederal, de forma que certos s e tores internos do BB, que

não trabalham diretamente com clientes,nem imaginam a situação precária doatendimento nas agências.

Com a desculpa de cumprir ordens,

gestores, intimidados e pressionados pelasrespectivas superintendências, se isentampsicologicamente da culpa pela exploraçãode mão-de-obra, prática de assédio moral,outros tipos de abuso e crimes praticadosem nome das metas. Só que essa “isenção”

não tem o menor valor para suasconsicências; e, muito menos, para a Justiça.Aquela velha e manjada tese de “os finsjustif icam os meios” não pode serincorporada ao dia-a-dia das agências. Maisdia, menos dia, as reações vão acontecer.

De qualquer forma, apelamos ao bomsenso dos gestores, em especial aos maisantigos, que conhecem a história digna doBanco do Brasil, para que, em função dasdeficiências atuais do Banco, tentem amenizara indignidade dessas diretrizes emanadas peladireção da empresa. O cumprimento dessasdemandas traz sofrimento não só para osmembros de suas equipes, como tambémpara os seus familiares.

Por tudo isso, urge iniciarmos umprocesso de reação de todos, inclusive dosgestores, contra esse modelo impiedoso degestão implantado no Banco do Brasil.

Dicas antiestresse contra os abusoslembre-se que você tem um sindicato para lhe defender

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Ao cliente brabo, mostre que você éapenas um funcionário e não o dono dobanco; se o valentão persistir, dirija-o aogerente;Quando gerentes ou clientes lhepedirem algo impossível, não seatormente e não morra tentandocumprir o impossível; apenas exponhaeducadamente as condições;Clientes que querem ganhar no grito,não discuta com eles; dirija-os aogerente. Lembre-se que você não épago para ouvir gritos de ninguém, porculpa do banco;Se o sistema sair do ar, não se atormentenem se culpe; apenas explique oocorrido;Perceba quando clientes alegamproblemas pessoais para lhe pressionarpsicologicamente, com desculpas do tipo“vou viajar”, “vou ao médico”, “voupegar meu filho”. E só aceite esses'argumentos' se o atendimento não forlhe es t ressar ; caso contrár io ,encaminhe-os ao gerente;

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Cuidado ao ler a revista BB.com.você,pois ela é uma dose concentrada delavagem cerebral, não caia no contoda sereia; a revista está em sintoniacom aquele BB da mídia;A lista do apurado de vendas, queestão pedindo para o funcionáriopreencher todos os dias, é uma formade assédio moral. Não aceite essetipo de controle, nem se submeta ae s s e t i p o d e p o l i c i a m e n t oconstrangedor e assedioso;Deixe seu superior perceber que, emcaso de assédio, você não vai ficarcalado. Essa postura intimidapossíveis tentativas de abuso;Algumas funções são incompatíveis.Busque evitá-las;Trabalhar demais, além da conta,t a m b é m v a i a t r a p a l h a r s e ucrescimento no banco, porque vocênão terá o tempo necessário paraplanejar sua carreira.E lembre-se: você tem um Sindicatopara lhe defender. Sempre!

ilustr

ação:

Lib

ório M

elo