edição 28 domingo, 14.07.2013 r$ 3,20 Órgão oficial da ... · interpretação do texto...

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1 ISSN 1679-0189 Ano CXIII Edição 28 Domingo, 14.07.2013 R$ 3,20 Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira Fundado em 1901 Nos dias 03 e 04 de julho de 2013, o Departa- mento de Ação Social da CBB juntamente com a Junta de Missões Mundiais promoveu a 1ª Oficina sobre o tema: “Construindo uma política de proteção infantil para às igrejas”. O encontro reuniu lideranças batistas que atuam com crian- ças e adolescentes. Veja na página 10 como foi a Oficina e como você pode levar este tipo de capacitação para sua igreja. Trans Copa das Confederações A sua igreja é um lugar seguro para às crianças? Em meio aos momentos de alegria, e também de conflito, que marcaram a Copa das Confederações, voluntários de várias cidades brasileiras participaram de ações que proclamaram o amor de Cristo para os torcedores que foram aos estádios. Como resultado, vidas passaram a saber mais sobre Cristo e algumas se renderam a Ele. Veja na página 07 como foi realizada essa Trans.

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Page 1: Edição 28 Domingo, 14.07.2013 R$ 3,20 Órgão Oficial da ... · interpretação do texto bíbli-co. Em uma época em que ... tamos literalmente o Salmo 133.1 “Oh! Como é bom

1o jornal batista – domingo, 14/07/13?????ISSN 1679-0189

Ano CXIIIEdição 28 Domingo, 14.07.2013R$ 3,20

Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira Fundado em 1901

Nos dias 03 e 04 de julho de 2013, o Departa-mento de Ação Social da CBB juntamente com a Junta de Missões Mundiais promoveu a 1ª Oficina sobre o tema: “Construindo uma política de proteção infantil para às igrejas”. O encontro reuniu lideranças batistas que atuam com crian-ças e adolescentes. Veja na página 10 como foi a Oficina e como você pode levar este tipo de capacitação para sua igreja.

Trans Copa das Confederações

A sua igreja é um lugar seguro para às

crianças?

Em meio aos momentos de alegria, e também de conflito, que marcaram a Copa das Confederações, voluntários de várias cidades brasileiras participaram de ações que proclamaram o amor de Cristo para os

torcedores que foram aos estádios. Como resultado, vidas passaram a saber mais sobre Cristo e algumas se renderam a Ele. Veja na página 07 como foi realizada essa Trans.

Page 2: Edição 28 Domingo, 14.07.2013 R$ 3,20 Órgão Oficial da ... · interpretação do texto bíbli-co. Em uma época em que ... tamos literalmente o Salmo 133.1 “Oh! Como é bom

2 o jornal batista – domingo, 14/07/13 reflexão

E D I T O R I A L

Cartas dos [email protected]

“Pastorado Feminino, sim ou não?” (OJB 26)

• Pela hermenêutica litera-lista utilizada pelo articulista atentando-se para os artigos utilizados no texto bíblico, gêneros dos substantivos, etc, me dá a certeza que o autor defende a utilização do véu pelas mulheres na igreja (ICo 11.6), proíbe que as mulheres falem nos cultos (ICo 14.34) e defende a es-cravidão (ITm 6.1).

Fica claro que devemos “ler” o mundo dos primei-ros cristãos e entender sua sociedade para uma correta interpretação do texto bíbli-co. Em uma época em que as mulheres eram comple-tamente desprezadas (ITm 2.15) é mais do que óbvio que seria impossível ter uma mulher na liderança da igre-ja. Mas assim como a rejei-ção à escravidão, a aceitação à liderança feminina é natural e necessária nos dias atuais.

Em tempos em que até mes-mo o Brasil é governado por uma mulher, não há porque desprezarmos a coragem, força e ousadia das mulheres no crescimento do Reino de Deus, inclusive nos cargos de

liderança, pois talvez somen-te assim poderíamos “oxige-nar” nossa liderança arcaica, retrógrada e que a pretexto de manter uma “tradição” está se esquecendo de ouvir os clamores por transforma-ção entre os Batistas.

Rafael Duarte

Viagem a Israel

• Nos dias 18 a 30 de maio de 2013, partimos em

viagem de estudo bíblico a Israel e Jordânia, via Dubai. Éramos uma caravana de 34 pessoas, dentre estas, oito pastores da OPBB, a maioria do Rio de Janeiro e da Primeira Igreja Batis-ta de Campos. Entre estes pastores estava eu, o pas-tor mais idoso do grupo. Pessoalmente só conhecia o pastor Lécio Dornas, lí-der espiritual da caravana. Contudo, já ao terceiro dia

éramos um grupo de irmãos alegres, que se amavam, se consideravam e se ajuda-vam mutuamente.

Percebi, mais uma vez, como é belo o amor genui-namente cristão. Experimen-tamos literalmente o Salmo 133.1 “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” Como não foi possível despedir-me de to-dos os amados irmãos, quero externar através deste nosso querido O Jornal Batista, a minha mais profunda, since-ra e cordial gratidão a esses queridos irmãos que me disseram: “Pastor Gustavo apoie-se no meu braço”, pois aos 88 anos, em certas caminhadas, tornou-se difícil acompanhar o grupo. Mas com o apoio fraterno dessa preciosa gente, consegui acompanhá-los por todos os lugares visitados.

Deus nos concedeu experi-ências magníficas no roteiro pela “Terra Santa” que nos marcaram profundamente na vida espiritual. A Ele toda honra e glória!

Gustavo NeumannPastor Emérito da PIB em

Marechal Cândido Rondon, Paraná

“Um ao outro ajudou, e ao seu ir-mão disse:

Esforça-te” (Isaías 41.6). Pa-rece que alguns cristãos es-queceram desse versículo, esqueceram que precisam servir também. O próprio Senhor Jesus declarou que veio ao mundo para servir, e não ser servido, e deixou aos discípulos este ideal, de humildade e compre-ensão. Entretanto, alguns cristãos acreditam que sua vocação não é servir, ou creem que isso é função de outros, e até doam ofertas para esses outros fazerem o seu t rabalho, ou nem pensam o quanto poderiam colaborar na vida de muitas pessoas.

Não existe tempo para ser-vir, é uma ação para ser de-senvolvida em tempo e fora de tempo. O cristão que está sempre em contato com a Palavra de Deus e em oração com o Deus Vivo, consegue identificar o momento de agir. Pode ser em uma con-versa pelo Facebook, quando um amigo durante uma con-versa privada desabafa algum problema e logo se identifica o momento de servir através de conselho, ou apenas em ouvir os problemas. Servir é abraçar, educar, aconselhar, orientar, dar, receber, …

Palavras precisam estar unidas com ações, é o que fazem diversos servos que investem no projeto Amar e Servir, que cuida de pessoas que foram tiradas das ruas,

e cuidam em todos os senti-dos. Não apenas dão a essas pessoas o amor da Palavra de Deus, mas lutam por sua recuperação, e procuram a ressocialização de cada um. Servir é investir em vidas, sem esperar nada em troca.

Entendendo isso diversos missionários, que não pre-cisam levar o título de mis-sionários, compareceram na Copa das Confederações para testemunhar. Assim também fizeram aqueles que se mani-festaram durante as passeatas que aconteceram em todo o país. O mesmo fizeram os que aproveitaram suas férias para participar de projetos missionários junto com suas igrejas. E com toda certeza, missões foi o que fizeram os que se pronunciaram pelas

redes sociais ao condenar as ações antissociais dos go-vernos. Foi também o que aconteceu com os missioná-rios que entenderam que a vontade de Deus para eles é servir em outra nação. Todas ações pensando em servir, antes de ser servido.

A palavra servir foi banali-zada e só sobrou o sentido de “ser criado de”, entretanto, ao entender as ações de Jesus na Terra, o sentido enfatizado é especialmente de valor: Ser útil ou prestável a; Cuidar de; Auxiliar; Favorecer; Aju-dar; Desempenhar quaisquer funções.

“Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Marcos 10.45). (AP)

As mensagens enviadas devem ser concisas e identificadas (nome com-pleto, endereço e telefone). OJB se reserva o direito de publicar trechos. As colaborações para a seção de Cartas dos Leitores podem ser en-caminhadas por e-mail ([email protected]), fax (0.21.2157-5557) ou correio (Caixa Postal 13334, CEP 20270-972 - Rio de Janeiro - RJ).

O JORNAL BATISTAÓrgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso.

Fundado em 10.01.1901INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189

PUBLICAÇÃO DOCONSELHO GERAL DA CBBFUNDADORW.E. EntzmingerPRESIDENTELuiz Roberto SilvadoDIRETOR GERALSócrates Oliveira de SouzaSECRETÁRIA DE REDAÇÃOArina Paiva(Reg. Profissional - MTB 30756 - RJ)

CONSELHO EDITORIALMacéias NunesDavid Malta NascimentoOthon Ávila AmaralSandra Regina Bellonce do Carmo

EMAILsAnúncios:[email protected]ções:[email protected]:[email protected]

REDAÇÃO ECORRESPONDÊNCIACaixa Postal 13334CEP 20270-972Rio de Janeiro - RJTel/Fax: (21) 2157-5557Fax: (21) 2157-5560Site: www.ojornalbatista.com.br

A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal.

DIRETORES HISTÓRICOSW.E. Entzminger,fundador (1901 a 1919);A.B. Detter (1904 e 1907);S.L. Watson (1920 a 1925);Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940);Moisés Silveira (1940 a 1946);Almir Gonçalves (1946 a 1964);José dos Reis Pereira (1964 a 1988);Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002)

INTERINOS HISTÓRICOSZacarias Taylor (1904);A.L. Dunstan (1907);Salomão Ginsburg (1913 a 1914);L.T. Hites (1921 a 1922); eA.B. Christie (1923).

ARTE: OliverartelucasIMPRESSÃO: Jornal do Commércio

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3o jornal batista – domingo, 14/07/13reflexão

bilhete de sorocabaJULIO OLIvEIRA SANCHES

Tradicional e renoma-do colégio em São Paulo enfrentou há poucos dias proble-

ma inusitado. Alguns alunos abandonaram o uniforme, peça que oferece segurança ao aluno, aos pais e ao colé-gio, e compareceram às aulas vestidos de saias. O primeiro foi proibido de assistir às au-las e devolvido ao lar. No dia seguinte, em forma de protes-to, outros o imitaram. Quan-to à rebeldia adolescente, nada anormal. Adolescente, quando não bem educado, oriundo de lares sem regras definidas, termina por encon-trar um meio de aparecer. Seja tirando a blusa, vestindo saia, deixando-se tatuar com desenhos horrorosos, cabelos sem cortar e lavar, em suma sujos; sempre há um meio de chamar a atenção do público. E para orientá-lo e corrigi-lo existem pais e professores.

O colégio não transigiu, nem poderia fazê-lo, salvo se desejasse perder a fama de boa instituição de ensino,

conquistada ao longo dos anos. A pressão por novida-des que destroem o arcabou-ço de qualquer instituição precisa ser resistida. O que não vem acontecendo com algumas igrejas e pastores. Desde que chame a atenção e consiga atrair os olhares do público é introduzido nos cultos. Vale a modernidade não o conteúdo sério a ser preservado. Em nome da aprovação popular mata-se a integridade da instituição.

O que mais chamou a aten-ção no embate inovador dos alunos (masculinos) de saias e a direção do colégio foi a postura austera e firme do diretor. Entre perder alguns alunos e manter o nome honrado do colégio, optou pela dignidade da instituição. Algumas frases ditas pelo diretor à repórter merecem reflexão de todos os que la-butamos com educandos.

Diz ele que a proibição ao aluno de assistir às aulas e devolvê-lo ao lar visava proteger o estudante. “É alta-

mente irresponsável e leviano por parte dos pais exporem o filho a esse laboratório de experiências sociais. Se eles não têm preocupação com a segurança dos filhos, o co-légio tem que ter”. Aplausos ao diretor! A triste realidade revela que os pais moder-nos não se preocupam mais com a segurança dos filhos. Crianças, pré-adolescentes e adolescentes são expostos ao massacre da imoralidade. Não há normas definidas nos lares. O lema que os pais usam na atualidade resume-se em “é proibido proibir”. Tudo é vá-lido. Da experiência precoce da sexualidade, ausência de horários a dirigir o carrão do pai e provocar acidentes, tudo é permitido. Pobres adoles-centes! Sentem-se perdidos a buscar um lugar de arrimo e não encontram.

“Escola não é galeria de arte”, acrescenta o diretor. A escola existe para ensinar o aluno a se adequar a esse mundo machista e precon-ceituoso. A ser pessoa nor-

mal, equilibrado, capaz de assumir responsabilidade e responder por seus atos. O cronista ao comentar o as-sunto agrega “basta pensar na revolução sexual, na luta pe-los direitos civis nos EEUU, ou na mudança do papel da mulher durante o século 20 para saber que isso nunca acaba bem.” E conclui “quem disser que esta é uma visão antiquada da educação está redondamente enganado. É uma visão bem de acordo com os dias correntes.”

Faltou ao cronista e ao diretor a citação de alguns provérbios bíblicos. Verda-des que impõem aos pais a responsabilidade, obrigação e o dever de bem orientar os filhos. À escola cabe ensinar, aos pais educar. Não se pode transferir à escola o dever de casa. É o que o Estado vem tentando fazer na última década. Retirar das famílias o seu dever sagrado: educar os filhos. Alguns dos muitos provérbios do livro de Pro-vérbios devem ser lembrados

pelos pais e educadores: “A vara e a repreensão dão sabe-doria, mas o rapaz entregue a si mesmo envergonha a sua mãe” (Pv. 29.15). “A estultícia está ligada ao coração do me-nino, mas a vara da correção a afugentará dele” (Pv. 22.15).

Muitos outros provérbios poderiam ser acrescenta-dos. Feliz o lar em que as verdades bíblicas são leva-das a sério. Nele não haverá adolescente rebelde a gerar problema para a escola e a sociedade. Não haverá me-ninos de saia a tomar o pre-cioso tempo dos educadores. No caso em epigrafe a família falhou. A escola acertou ao introduzir na experiência do aluno rebelde o que falta-va ou faltou na família. Isto é: respeito às instituições. Há ausência de valores nas famílias levando a escola a tentar supri-los, sem grandes resultados. Onde a família falha a escola não consegue consertar e repor o que devia ser aprendido no berço.www.pastorjuliosanches.org

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4 o jornal batista – domingo, 14/07/13

GOTAS BÍBLICASNA ATUALIDADE

OLAVO FEIJÓ Pastor, professor de Psicologia

Aos que não conhecem,

ensinar

reflexão

Artaxerxes, rei da Pér-sia, ficou impres-sionado com as leis de Jeová e ordenou

ao escriba Esdras que as en-sinasse aos judeus libertos do cativeiro Mesopotâmio: “E aos que não as conhecem você deverá ensiná-las” (Es-dras 7.23).

O decreto do rei foi inspira-do pelo Senhor. Um relance da história de Judá e Israel é suficiente para explicar a cau-sa do grande cativeiro: deso-bediência às leis do Senhor. Por isso, para que pudesse haver uma reconstrução ge-nuína do povo liberto, seria essencial um retorno obe-diente à Palavra de Jeová.

Daí a instrução óbvia: “aos que não conhecem você de-verá ensiná-las”.

Vivemos um período de cativeiro espiritual. Perfei-tamente explicável pelo analfabetismo bíblico do nosso povo. Corremos atrás de qualquer “vento de doutri-na”, desde que bem apresen-tado pelo datashow. E que venha antecedido por algum louvorzão bem ritmado e com altos decibéis. A ordem dada a Esdras se aplica perfei-tamente a cada um de nós – “aos que não conhecem você deverá ensiná-las”. “Benditos são os pés dos que anunciam as boas novas” a todos que não os conhecem.

Eusvaldo Gonçalves dos SantosMembro da IB Ebenézer de Americana

Quando Israel saiu do Egito, todo o povo acreditava que estavam sen-

do libertos, e realmente fo-ram da escravidão de Faraó. Mas não se libertaram dos desejos ansiosos do coração, não entenderam a graciosa provisão divina da abundân-cia do verdadeiro Deus. Logo no primeiro conflito, lem-bram das cebolas e dos alhos do Egito, esqueceram dos tijolos e das palhas, lembram dos melões, esqueceram dos bebês assassinados, lembra-ram dos pepinos, esquece-ram dos açoites, lembraram dos doces e dos pratos feitos com alho poró, mas esquece-ram que o peixe que comiam era salgado com as lágrimas sob o peso da escravidão.

No livro de Números, po-demos ver os desejos dos israelitas, que cegaram os do verdadeiro Deus. O povo fi-cou cego para a benignidade de Deus, nossas lembran-ças também podem estar nos cegando e distorcendo a percepção que temos do evangelho. Com os nossos desejos pensamos em um evangelho abusivo, ou esque-cemos do que ele representa para cada um de nós. Todos os lapsos da memória pro-vocado por nossos desejos afeta a nossa lembrança das boas novas, e começamos a lembrar os pepinos e as ce-bolas que tínhamos quando fomos alcançados pela graça do evangelho.

Quando a história nos mos-tra, quase sempre fazemos silêncio, como se Deus não estivesse na história e nem presente nas nossas vidas. Os nossos desejos vão silencian-do-nos acerca da Palavra de Deus. Silencia-nos a respeito da atitude graciosa de Cristo, da nossa confissão de peca-dos, agimos como se Deus estivesse esquecido. Falamos como se nada de bom tivesse acontecido em nossas vidas, esquecemos que Deus é o so-corro nas horas de angustia.

Nossos desejos podem nos dar uma visão distorcida da percepção da nossa reali-dade, aumentando algumas coisas e diminuindo outras, esquecemos que Deus está sendo colocado em segundo

plano. Uma das primeiras ati-tudes que precisamos tomar é observar se nossos desejos não estão nos iludindo. Te-mos que considerar a mais importante dinâmica, em relação aos nossos desejos, precisamos saber que eles podem nos iludir, mesmo quando são bons.

Quem pode nos ajudar nessa dinâmica é o apostolo Tiago no capítulo 4, ele usa a palavra deleite, prazer ou desejo, em várias traduções, notem que ele não fala pra-zer pecaminoso embora al-guns sejam específicos; como ódio, inveja, malícia, luxúria sexual, etc. Entretanto há outras vezes que são desejos bons, que podem tornar-se em idolatria, quando come-çam a servir a si mesmo, quando começamos a tratar nossos bons desejos como se eles fossem deuses, eles podem assumir o controle e começam a mandar em nós, alguém já disse que boas coisas podem gerar maus deuses. O mal não está no desejo, mas o fato de dese-jarmos em excesso, transfor-mamos em ultimato, quando a última palavra para o crente é a soberania de Deus.

O que há de mal desejar ser mais fiel? O que há de mal desejar ser um líder na igreja? O que há de mal de-sejar ter um bom descanso ao final de um dia duro na fábrica, no escritório, no vo-lante de um pesado trânsito? O que há de mal passar um final de semana na praia? O que há de mal desejar ser tra-tado com mais respeito pelos nossos liderados? O que há de mal uma dona de casa em desejar uma casa que as pessoas elogie a limpeza? O que há de mal uma mãe desejar que seu filho seja o mais sábio da classe? O que há de mal em querer um carro novo, uma boa casa, uma chácara com piscina? O que há de errado ser o melhor pregador da região, ter a maior igreja em núme-ros de membros, dar a mais alta oferta para missões, dar a maior contribuição para o plano cooperativo do es-tado, ser o pregador mais convidado para os maiores eventos da denominação?

Tiago nos ensina que nada há de errado em desejarmos tudo isso, o erro está na in-tensidade do nosso desejo, quando ele assume uma

proporção, como se fosse um deus e começa a ter o primeiro lugar na nossa vida.

Ele começa a mandar em nossas vidas, iludindo-nos. Ao fazermos essa distin-ção, podemos perceber que nossos bons desejos estão nos cegando, pelo fato de sermos dominados. Sendo dominados passamos a ido-latrar como se fosse deus (Tiago 4.4), fala dos nossos conflitos e nos revela o pon-to crucial, a idolatria. Portan-to quem quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus, ou não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade para com Deus? É uma forma chocante de falar, mas quando entramos em conflito, não nos vemos como adúteros, ou como inimigo de Deus. Observe que Tiago não fala do pior tipo de idolatria, ele está ensinado que o conflito re-vela os nossos verdadeiros desejos. Estes por sua vez revelam que o coração está apaixonado por ídolos, que são os nossos melhores de-sejos, que passamos a amar mais que o nosso Deus.

O ensino de Tiago nos fornece uma radical volta para Deus, e o nosso conflito revela que temos um proble-ma de relacionamento com Deus. Além do conceito de idolatria, lança luz sobre a dinâmica dos nossos desejos que começam a nos diri-gir e controlar nossa vida, passamos a adorá-los, reve-renciando-os, servindo-os, confiando e obedecendo, como se fosse deus que nos faz promessas e nos amea-çam. Como um falso deus ele cria leis, molda nossos sentimentos, controla nossas decisões, motiva nosso com-portamento, tudo em prol de que ele seja obedecido.

Passamos a ver o evange-lho como se fosse coisa do passado ou a porta que entra-mos para a Igreja e no reino de Deus, mas a porta que entramos um dia e ficou no tempo. Esse passo que demos deixa de ser aquela realidade do novo nascimento, quando somos abrasados pelo fogo do Espirito Santo, agora o fogo já foi extinto ou está quase apagando, caímos na rotina da religião que nada pode fazer. O evangelho passa a ser uma carga para o crente e para a igreja, perde a expressão do testemunho de

ter saído do Egito, só restan-do o gosto das cebolas.

Neste sentido o evangelho passa a ser a porta que saímos com os olhos vendados para o futuro, afinal o que significa o evangelho? Não é a porta que entramos para a casa de Deus? O ar que respiramos na casa de Deus, no reino de Deus, é a conversa do Pai com o filho. O evangelho é o futuro e o presente, é o poder de Deus que transforma as vidas, não podemos esquecer que fomos transformados e

somos sustentados pela pala-vra de Deus.

O evangelho é uma história de boas novas, sobre uma pessoa que ousou morrer em lugar de outrem, o evangelho é a transformação e a justifica-ção, é a promessa de um novo relacionamento, e por isso não podemos idolatrar nos-sos desejos mesmo que eles sejam bons ou os melhores, não podemos permitir que os nossos desejos possam nos separar das boas novas, que é o próprio Jesus Cristo.

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5o jornal batista – domingo, 14/07/13reflexão

PARÁBOLAS VIVASJoão Falcão Sobrinho

Era uma v ig í l ia de oração que durava a noite toda, como pe-riodicamente a igreja

que eu pastoreava gostava de realizar. Estavam presentes umas 120 pessoas. Lá pelas duas horas, percorrendo o auditório com o olhar, dei por falta de um casal de jo-vens. Desci para o pátio e fui procurando por todos os cantos onde alguém pudesse se ocultar. Os portões, como de hábito, estavam tranca-dos. Ao voltar para o templo, passei pelo carro do rapaz. Era difícil perceber o que se passava no interior do veí-culo devido ao filme escuro nos vidros. Olhando através do para-brisa dianteiro, po-rém, vi que o casal estava no banco traseiro trocando carícias. Abri a porta do carro e disse: “Ei, amados, o culto de vigília é lá em cima, não aqui em baixo”. O rapaz saiu de dentro do carro e enquanto a moça se recom-punha, ele vibrou o dedo a um palmo do meu rosto e vociferou: “O pastor não tem o direito de invadir a minha privacidade”. Respondi com toda serenidade: Meu jovem, primeiro, este pátio não é da sua privacidade; é proprieda-de da igreja; segundo: A Bí-blia diz: “Obedecei a vossos pastores e sejam submissos a eles porque velam por vossas almas como aqueles que hão de prestar contas delas”.

Muito contrariados, cada um pegou sua Bíblia e subi-ram para o templo. Posterior-mente, tive outros encontros com o casal para lhes mostrar que todos os crentes devem ser solidários no amor de Cristo e cada um deve sentir--se responsável pelo seu ir-mão. Nós “somos um pelos laços do amor”, não apenas para usufruir da graça, mas também para zelar uns pelos outros para fazermos jus ao nosso viver em Cristo. Tentar ajudar um irmão a crescer em Cristo não significa invadir a sua privacidade.

A resposta daquele rapaz reflete a filosofia do individu-alismo dominante na cultura pós-moderna. Cada um faz as suas próprias leis e ninguém pode invadir os limites da privacidade de ninguém. Em matéria de religião, cada um dá sua própria interpretação à Palavra de Deus, cada um

formula sua própria confissão doutrinária, escolhe a igreja que mais lhe convém e nin-guém pode se intrometer. O mesmo acontece em relação às igrejas. Não existe mais um Pacto das Igrejas Batis-tas. A identidade bíblica não tem mais compromisso com uma declaração doutrinária. Os crentes vão às livrarias e compram para sua instrução e devoção as mais diferentes versões da Bíblia, sem, nem de longe, cogitarem se aque-la é uma tradução fidedigna. Hoje circulam versões bíbli-cas enxertadas de heresias nos seus comentários, mas se você escolheu aquela que tem uma capa bonitinha, ainda que contenha absur-dos exegéticos nos entre-meios dos textos, ninguém pode invadir o seu direito de escolha. Em português, circulam mais de 40 bíblias de estudo nas mais diferen-tes versões e algumas delas com comentários totalmente antibíblicos. Geralmente, os comentários de textos e de rodapés tendem a torcer os textos conforme as doutrinas das respectivas instituições editorias.

Como é que ninguém tem o direito de interferir na sua privacidade? Quando o sol-dado faz o seu juramento para ingressar no exército, ele se compromete a obede-cer a um regimento e acatar a disciplina militar. Da mesma forma o crente, no momento da sua profissão de fé, assu-me o compromisso de viver segundo os ensinos da Bíblia e acatar a disciplina da igreja em amor. Se for uma igreja séria, fará valer esse compro-misso e não estará invadindo a privacidade de ninguém. Jesus não nos libertou da escravidão do pecado para sermos escravos do nosso próprio Eu. Somos servos de Cristo e devemos, sim, fide-lidade à sua Palavra como doutrina e regra de conduta. O Diabo está querendo usar a filosofia do “individualis-mo” e do hedonismo, junto com a visão materialista e imediatista, para afastar os crentes do amor ao próximo, da alegria no Espírito e da es-perança do céu. Para resistir aos seus ataques, precisamos conhecer cada vez mais a santa Palavra de Deus, vigiar e orar. Sempre!

Cleverson Pereira do VallePastor da PIB em Artur NogueiraBacharel em Teologia pela FTBSP e EST

O que é depressão? “A depressão é um distúrbio afe-tivo que acompa-

nha a humanidade ao longo de sua história. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si. É im-prescindível o acompanha-mento médico tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento adequado”.

O fato é que a depressão é o mal do século. A depressão atinge todas as faixas etárias, todas as classes sociais. Sei do que se trata por conviver com pessoa da minha família

Sem. André Pires

“Deus olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e bus-casse a Deus” (Salmos 53.2).

Muitas coisas são importantes na vida. Umas con-seguimos outras

não, umas são tomadas de nós e outras interrompidas pelo inesperado, sejam filhos, casamento, bens, amigos, so-nhos, etc. Enfrentamos uma incógnita a cada dia, pensa-mos que tudo vai dar certo e funcionará a nosso favor, mas as vezes não acontecem assim. Devemos nos preparar a cada manhã para enfrentar o inesperado, devemos ter esperança de que tudo vai dar certo, mas estar alertas para reagir diante de alguma coisa contrária aos nossos planos.

A manifestação popular que temos assistido faz parte de um conjunto de ações propostas para a conquista de mais respeito a sociedade da parte dos políticos, mas alguns aproveitam para le-vantar bandeiras que simboli-zam ideais perdidos por uma filosofia de vida promiscua e chula, pessoas que corrom-

que vivenciou isso. A família sofre junto. As reações são diferentes, há pessoa que não quer comer, não quer levan-tar-se da cama, não quer ver ninguém. Muitos pensam até em tirar a sua própria vida. O suicídio é a única solução para uma pessoa deprimida, eles não vêm outra saída.

Quais os sintomas comuns da depressão?

Humor depressivo ou irri-tabilidade, ansiedade e an-gústia;

Desânimo, cansaço fácil, necessidade de maior esforço para fazer as coisas;

Diminuição ou incapacida-de de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis;

Desinteresse, falta de moti-vação e apatia;

Falta de vontade e inde-cisão;

pem a política para conquista-rem direitos tortos. O homem que não busca a Deus se vê perdido numa confusão de ideais, pessoas inteligentes cometendo tolices profundas, onde opiniões sem fundamen-to tomam conta de cabeças formadas por um castelo de mentiras sobre a vida e sobre a família.

Buscar a Deus é uma ques-tão de sobreviver, estamos a cada dia mais vislumbrando dias difíceis, sejam nos rela-cionamentos, na fé, no em-prego, na saúde, na moradia, enfim, tudo o que nos envol-ve pode melhorar ou piorar, depende do que queremos construir hoje. Deus olha dos céus e procura os verdadeiros entendidos, pois assim ele considera quem o busca, e é isto que eu gostaria de frisar nesta mensagem. Seja qual for o estado de sua vida hoje, busque a Deus, seja qual for a sua condição financeira, senti-mental, de saúde e de fé, bus-que a Deus hoje. Nenhuma criatura sobrevive sem a ação de Deus, Ele rege o universo, o ar que respiramos, Ele sabe de nossos pensamentos que são vãos. Ele diz em Salmos 78.39: “Porque se lembrou de que eram de carne, vento que passa e não volta”.

Sentimentos de medo, in-segurança, desesperança, de-sespero, desamparo e vazio;

Pessimismo, ideias fre-quentes e desproporcionais de culpa, baixa autoestima, sensação de falta de sentido na vida, inutilidade, ruína, fracasso, doença ou morte.

Há uma saída sim para este problema, sabe qual é? Deus é a resposta.

Deus conhece o ser huma-no e sabe o que se passa com cada um, sabe por quê? Foi Ele quem nos fez. Ele sabe o que você pensa, planeja e deseja. Então, busque em Deus a resposta para os seus problemas psicológicos. A Bíblia diz: “Entrega o teu ca-minho ao Senhor confia Nele e o mais Ele fará” (Salmo 37.5). Creia que a sua histó-ria vai mudar, creia em Jesus Cristo, só Ele pode mudar a sua história.

Muitas pessoas estão to-mando decisões erradas por terem sido construídas sem o respeito ao que é sagrado, ali-ás a palavra sagrado está mais para um palavrão do que algo que se deva respeitar. Buscar a Deus é uma forma de buscar o entendimento que Ele espera ver na vida do homem, Deus quer ver o homem feliz, mas a falta de entendimento o leva a viver a vida em vão. O entendimen-to do que é fé, amor, família, fidelidade, respeito, honra, felicidade e integridade, está longe do entendimento de muitos, que por desencontros buscam estas coisas na fé em pessoas, conhecimento de pessoas, comportamento de pessoas, ideais de pessoas, vontade de pessoas e regra de pessoas, enfim, não bus-cam a Deus porque não tem entendimento, sabedoria, prudência e fé.

Busque a Deus e Ele te apre-sentará o seu filho que Ele en-viou para resgatar a sua vida. Busque a Deus, não solicite Deus! Muitos pecam por ter Deus como alguém que deve ser solicitado para atender a pedidos, mas quem o busca de verdade, se relaciona com Ele, o ama, o obedece, o ser-ve, o adora.

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6 o jornal batista – domingo, 14/07/13 reflexão

Caminhos da Mulher de Deus

Zenilda Reggiani CintraPastora e jornalista, Taguatinga, DF

Como batista “de ber-ço”, como alguns se referem hoje às pessoas que nas-

ceram em lares cujos pais já eram batistas, participei de todas as organizações tradicionais de uma igreja, inclusive coros e conjuntos musicais. Acho que consigo ainda cantar muitos hinos dos Coros Sacros, do talen-toso Artur Lakschevitz, e de outros autores que fizeram nossa hinódia.

Ainda no início da adoles-cência, já cantava em coros de adultos porque “tinha voz boa”, e nossa igreja era pequena e todos precisavam participar. Dentre as lem-branças mais antigas, uma dessas músicas, de autoria de Mina Roch, sempre me vem à memória: “Pelo vale escuro seguirei Jesus / Mas por ti seguro vendo a tua luz / O meu passo incerto Tu dirigirás / Ao sentir-te perto, nunca perco a paz”.

Ao longo da vida atraves-sei muitos vales e tenho acompanhado os vales es-curos de muitas pessoas

amadas. Quando passamos pelos vales das doenças, das perdas irreparáveis, das sombras infernais, das trai-ções inimagináveis, das es-peranças frustradas e tantos outros, não conseguimos compreender o porquê, o que realmente está aconte-cendo e nem as consequ-ências para o futuro. Estar em vales escuros nos traz sentimentos de medo, de fragilidade, de impotência e de insegurança.

Quando todas as espe-ranças foram embora, dois discípulos, muito provavel-mente Cleopas e Maria, sua

esposa, estavam à caminho de casa em Emaús. Certa-mente havia uma tristeza profunda em seus corações para a qual talvez faltassem palavras, como acontece co-nosco, porque atravessavam um vale escuro com a morte de Jesus. Como seriam suas vidas a partir dali? O que fazer com os projetos, os so-nhos e as esperanças? Como continuar a viver depois de tudo?

E então Jesus veio para estar com eles no vale. Nem sempre reconhecemos quando isso acontece; não conseguimos, por causa da

dor, percebê-lo ali. Mas ele estava lá, andando junto, dialogando, esclarecendo, entrando na casa e sentando ao redor da mesa. Bendita presença! Os discípulos ainda teriam que caminhar muito e passar por muitos outros vales, mas a conso-lação da presença de Jesus, daquele “se importar”, esta-ria sempre com eles.

E o hino termina assim: “Breve a noite desce, noi-te de Emaús, / E meu ser carece de te ver, Jesus! / Companheiro amigo que ao meu lado vens, / Fica ó Deus comigo, infinito bem”.

Pr. Araúna dos SantosVitória, ES

Afirma-se com pala-vras e nega-se com ações. Ou para di-zer de modo dife-

rente: na prática, a teoria é outra. Essa constatação relaciona-se à verdade viven-ciada em grupos sociais em que o discurso da doutrina não tem seguimento em atos compatíveis e coerentes. Bra-dar o slogan – Valorizando a nova geração – e não con-ceder espaço, representativi-dade e aceitação ao pensa-mento jovem e sua dinâmica energética é expediente con-traditório que não resulta be-nefício. Pelo contrário, agir assim traz mais frustrações e desapontamentos a quem, de modo geral, se nega voz e votos nas decisões sociais. É querer “tapar o sol com a peneira”.

A história política brasi-leira tem exemplos de mo-bilizações da juventude em tempos recentes que demonstram seu anseio de dizer as coisas e requerer mudanças que beneficiem as gentes nacionais. A socie-dade não pode prescindir da participação jovem. Ela pode ser sinônimo de sonhos e idealismos realizáveis, e também de revoltas e cor-reções necessárias a serem feitas no tecido social – nos grupos a que pertence. Jo-vens veem as coisas e as sentem profundamente. Ca-lam-se incomodados ou se manifestam calorosamente, quando a oportunidade lhes é concedida ou provocada. É o que vemos nesses dias de passeatas e reivindica-ções. Naturalmente que lhes pode faltar experiências, mas sobram-lhes energia, ânimo, coragem, desprendimento e

paixão – atributos que im-pulsionam projetos de vida.

Não podemos continuar valorizando a nova gera-ção apenas teoricamente, como temas para discursos e palestras e congressos e projetos, que não deixam os papéis em que são escritos. Precisamos tornar prática a confiança, a esperança e a disposição de transmitir à nova geração a continuida-de da obra que se realiza. Nos diversos grupos sociais em que se inserem os jo-vens – entre eles as igrejas – é importante chamá-los a participarem, através da sua inclusão no pensar, decidir e concretizar programas e projetos. Jovens precisam ser convocados a opinar e compartilhar suas perspec-tivas. Precisamos ajudá-los, dia após dia, no amadu-recimento, com exemplos de vidas e por meio das

tentativas – erros e acer-tos – para as reconstruções que se fazem necessárias ou ajustamentos. Infelizmente, hoje, no Brasil da política e das igrejas há certa escassez de bons modelos humanos a serem seguidos. A coragem de dizer aos jovens: “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo”(I Co. 11.1) se alicerça na experiência espiritual do novo nasci-mento: “Não mais eu vivo, mas Cristo vive em mim” (Gl. 2.20). O apóstolo Pau-lo, o mesmo que afirmou essas verdades, chegou a recomendar aos cristãos de Filipos: “Ponham em prática tudo o que vocês aprende-ram, receberam, ouviram e viram em mim. E o Deus de paz estará com vocês” (Fl. 4.9). Quem se dispõe a mostrar a cara aos jovens, hoje, como fez Paulo aos homens de seu tempo?

Lideranças não se perpetu-am, mas se transmitem de pais para filhos, de diretores para funcionários, de conselheiros para associados, de líderes para liderados. É preciso, ape-nas, que haja companheiris-mo, treinamento de novas lideranças e desprendimento dos que detêm posições por longos anos ininterruptos. Há de haver a mentalidade que reconheça: ‘Convém que eles – os jovens – cresçam e eu – o sênior – diminua’. Uma juventude pujante e esclarecida, se bem treinada e acreditada, pode fazer di-ferença em qualquer grupo social que deseje atuar “para o bem de todos e a felicidade geral da nação”. É só conciliar Palavras e Ações, Discursos e Práticas. E o resultado será uma ponte, não um abismo entre gerações. Que Deus faça isso em nós e através de nós – A velha geração!

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7o jornal batista – domingo, 14/07/13missões nacionais

Redação de Missões Nacionais

Em meio aos momen-tos de alegria, e tam-bém de conflito, que marcaram a Copa das

Confederações, voluntários de várias cidades brasileiras participaram de ações que proclamaram o amor de Cris-to para os torcedores que foram aos estádios. Como resultado, vidas passaram a saber mais sobre Cristo e algumas se renderam a Ele. A forma como os voluntários fo-ram usados pelo Senhor, com estratégias criativas e também a ousadia com que comparti-lharam o plano de salvação, ultrapassando barreiras, com-provam o compromisso com a visão de aproveitar todas as situações para alcançar cada vez mais vidas para o Reino de Deus.

A irmã Sandra Santos rela-tou que, apesar dos desafios, grandes coisas o Senhor ope-

Redação de Missões Nacionais

Quando chegaram a Monte Sião (MG), há pouco mais de 1 ano, os missio-

nários João Batista e Miriam Soares tinham o desafio de plantar a primeira igreja da Convenção Batista Brasileira na cidade. Segundo eles, os desafios eram muitos porque o município abriga o santuário da medalha milagrosa e por isso é um local de romaria.

Eles começaram a clamar a Deus e igrejas de várias cida-des passaram a abençoá-los com visitas que causavam impacto na cidade por meio de ações sociais e evangelís-ticas. A obra foi avançando e os missionários passaram a interceder por um templo onde pudessem realizar as reuniões da igreja e também por uma igreja-mãe para o trabalho.

rou: “O Senhor Jesus esteve conosco o tempo todo, abrin-do os caminhos para o seu exército passar. Assumo que não foi tarefa fácil, tivemos vários impedimentos inclusi-ve no dia 30 de junho”. Em função da manifestação que ocorreu nas ruas próximas ao templo da Igreja Batista Missionária do Maracanã, do Pr. Alexandre Aló, na cidade do Rio de Janeiro, ao final do culto da vitória.

Jorge Sarmento, funcionário de Missões Nacionais, tam-bém foi voluntário e destacou entre as experiências marcan-tes que viveu, o fato de sua equipe ter sido filmada pela TV Al Jazeera (principal veícu-lo de comunicação do Orien-te Médio) durante o momento da abordagem para evangelis-mo. “De alguma forma, nós vamos levar o nome de Jesus Cristo até os muçulmanos, por meio da Al Jazeera”. Jorge de-clarou que o evangelismo no estádio do Maracanã foi uma

O poder de Deus foi evi-denciado quando, pe la fé, eles assumiram o com-promisso de alugar um lo-cal e depois conseguiram também uma igreja-mãe, a Primeira Igreja Batista em Itatiba (SP), do Pr. Antonio Martinez da Cruz, que os apoiou com tudo o que pre-

experiência totalmente nova, uma vez que já tinha bastante experiência no trabalho com a Cristolândia. Mas ali também esta experiência foi útil, pois ele pôde evangelizar uma pessoa que estava aprovei-tando o tumulto para vender drogas. “Percebi o que ele estava fazendo e conversei sobre o que Deus pode fazer na vida dele. Naquele mo-mento, Deus proporcionou que eu passasse para ele o evangelho de salvação, que é o que podia mudar e salvar a vida dele”, disse.

Brasília, onde foi realizado o jogo de abertura, também con-tou com a ação de voluntários nos arredores do estádio Mané Garrincha, acompanhados pelo Pr. Fabrício Feitas, geren-te executivo de evangelismo em Missões Nacionais. Eles também enfrentaram momen-tos de tensão em função das manifestações. Apesar da con-fusão, os voluntários continua-ram animados e contentes por

cisaram para a reforma do imóvel e nas áreas espiritual e jurídica.

“A inauguração do templo foi uma benção. Estávamos em, pelo menos, 180 irmãos de igrejas como PIB de Ita-tiba, IB da Promessa, PIB Águas de Lindóia, PIB de Santo André, IB de Ouro

estarem nas ruas anunciando a Palavra de Jesus.

“A maneira de evangelizar nesses dias, chamamos de ‘Golden Goal’, que é conhe-cida como a abordagem direta que implementamos na ME-GATRANS do ano passado, só que com um nome diferente – ligado ao futebol. Para essa evangelização, fornecemos no kit do voluntário, além da sacola da Trans, um apito, car-tões amarelos (baseados em João 3.16) e ventarolas com um mini dicionário e o plano da salvação apresentado em esquema tático”, relatou o Pr. Maurício Martins, gerente operacional de evangelismo através do ministério esporti-vo e grandes eventos. Ainda de acordo com ele, a resposta de todos os voluntários, e das pessoas abordadas, foi bastan-te positiva. Vidas se renderam ao Senhor Jesus e os voluntá-rios tiveram a oportunidade de mais uma experiência im-portante para o crescimento

Fino, PIB de Jacutinga, e outras da zona leste e norte de São Paulo”, relataram os missionários. Os mis-sionários Pr. João Batista e Miriam têm investido em ações que tornam a igreja relevante para sua comuni-dade, um dos conceitos da visão multiplicadora. Entre as atividades estão alfabeti-zação de adultos, musicali-zação para crianças e aulas de flauta, trabalho voluntário nas escolas por meio de re-forço escolar e atendimento social para as famílias caren-tes. “Temos levado o amor de Deus por intermédio da ação social, diversão para as crianças, histórias, apre-sentação de jiu-jitsu, curso de maquiagem, artesanato e bijuteria, aferição de pressão e esmaltação”, contaram os obreiros, afirmando também que as pessoas atendidas ficaram impressionadas pela maneira diferente pela qual

espiritual. “Foi lindo ver vo-luntários tão empolgados e entusiasmados para pregar a Palavra de Deus”, declarou o Pr. Diogo Carvalho, gerente operacional de evangelismo.

Ainda dentro da Trans Copa das Confederações, houve a ação intitulada Esse Jogo é Nosso – na qual um grande número de voluntários compa-receu ao jogo Espanha x Taiti, no Maracanã, com uma blusa criada especialmente para o evento e também com uma chamada para João 3.16 em inglês. A mobilização mostrou aos torcedores brasileiros e estrangeiros que o Brasil não é apenas o país do futebol, mas também de um povo que serve ao Senhor Jesus. A Trans Copa foi parte do programa Avança, Brasil – que visa despertar e envolver as igrejas batistas em ações evangelísticas por meio do esporte, aproveitando também os principais eventos esportivos marcados para o Brasil nos próximos anos.

viram a expressão do amor de Deus.

Mostrando sua relevância espiritual e social na cidade de Monte Sião, a igreja que os missionários estão plan-tando tem se tornado cada vez mais conhecida na cida-de e o trabalho é bem aceito pela população. Eles têm re-cebido apoio de vereadores, da presidência da Câmara Municipal e também das secretarias municipais para utilização das praças para os eventos da igreja, entre ou-tras autorizações que os mis-sionários precisam solicitar na cidade. “Estamos felizes em presenciar o que Deus tem feito pelo povo de Mon-te Sião, pois vemos famílias sendo transformadas, vemos pessoas sendo libertas dos vícios e da vida de pecado. Deus fará muito mais, pois aonde a luz chega, as trevas se dissipam”, concluíram os obreiros.

Igreja relevante no campo mineiro

Fachada do templo da igreja

Momento de oração pelas pessoas abordadas Torcedores mostraram interesse em aprender sobre Cristo

Trans Copa das Confederações

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Foto: Sélio Morais

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Luciene FragaCoordenadora de Ação Social da CBB

Nos dias 03 e 04 de julho de 2013 o Departamento de Ação Social

da CBB juntamente com a Junta de Missões Mundiais promoveu a 1ª Oficina so-bre o tema: “Construindo uma política de proteção infantil para as igrejas”. Reuniu-se lideranças batis-tas que atuam com crianças e adolescentes, dos quais participaram, representan-tes da JMM, JMN, UFMBB, UHBB, Convenção Batista Carioca, PIB de Niterói, IB Central do RJ e Casa Batista da Amizade.

O objetivo foi sensibilizar lideranças cristãs sobre a temática de maus tratos e violência contra a criança e fomentar uma discussão sobre a relevância da Igreja ser um lugar seguro para as mesmas.

Os participantes comen-taram sobre o que aprende-ram durante a Oficina e sua visão sobre o tema central, a proteção infantil nas igrejas:

“Que grande privilégio tivemos, como Igreja de Cristo, de conhecer mais sobre a situação da violên-cia à criança. Precisamos nos envolver e implemen-tar as ações necessárias e urgentes na construção da Polí t ica de Proteção em nossas igrejas”. Cidélia Mendonça, Ministra Infantil da PIB de Niterói.

“A Igreja deve através de seu pastor e líderes, des-pertar para o cuidado de suas pequenas ovelhas. A proteção à criança começa em casa e, depois na Igreja. A expressão: - deixai vir a mim os pequeninos porque deles é o reino do céu, é um chamado para que a sua igreja seja despertada para a proteção da criança nos dias de hoje.” Pr. Miguel Kopanyshyn, Capelão Hos-pitalar da Convenção Batista Carioca.

“Como discípulos de Jesus precisamos estar atentos às necessidades das crianças e garantir a proteção delas contra qualquer tipo de vio-lência: física, emocional, sexual e negligência, cum-prindo, assim a ordem que o nosso Mestre deixou, que é a de amá-las.” Lidia Moreira, Coordenadora de Amigos de Missões da UFMBB.

“Jesus resgatou a políti-ca de proteção à criança e adolescente, ao recebê-las e abençoá-las, e delegou à igreja a responsabilidade de sua implementação.” Márcia Fernandes, Adminis-tradora da Casa Batista da Amizade – RJ

“O treinamento foi muito esclarecedor. Mostrou-me a urgência de se construir para a UFMBB, enquan-to instituição missionária, uma política de proteção à criança”. Celina Veronese – Coordenadora Nacional da Organização Mensageiras do Rei.

“O treinamento foi uma oportunidade de reflexão, despertamento e surgimen-to de novas possibilidades de proteção à criança que nos ajudarão a agir como Cristo agiu e agiria nos dias de hoje.” Vladia Macri , Ação Social da JMN.

Neste mundo, as nossas crianças estão sujeitas a qualquer tipo de violência em diversos lugares que ela está inserida. E o que nós como Igreja temos feito? Alertamos? Cuidamos? Pre-venimos? Ou simplesmente nem tocamos no assunto?

Devemos, como Igreja de Cristo, proporcionar à criança um lugar acolhedor e seguro a fim de ajudá-la no seu desenvolvimento integral.

O Departamento de Ação Social da CBB coloca-se à disposição para viabilizar materiais e capacitações para a igreja, organizações, convenções estaduais e re-gionais.

Departamento de Ação Social da CBB

A sua igreja é um lugar seguro para às crianças?

Você sabe como proceder se acontecer algum tipo de violência contra a criança

dentro da igreja?

A opinião dA criAnçA é importAnte pArA você?

As crianças sentem-se

seguras na sua igreja?

O que é proteção

infantil?

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Marcia PinheiroRedação de Missões Mundiais

Missões Mundiais está cada vez mais perto de atingir a meta

de 900 missionários em 80 campos transculturais até o fim deste ano. No dia 29 de junho, mais 26 missionários foram comissionados duran-te culto realizado na Igreja Batista Itacuruçá, no Rio de Janeiro. Nosso quadro mis-sionário atual conta com 808 missionários, que anunciam Cristo em 71 campos. Novos e futuros missionários de-pendem do sustento de suas igrejas para seguirem aos campos. Precisamos avançar! Você e a sua igreja são nos-sos parceiros nesta missão de testemunhar Jesus às nações.

O mundo ainda tem 3.800 povos que não foram alcan-çados pelo Evangelho de Cristo. Diariamente, con-venções batistas de diversas nações solicitam missionários da JMM. Para atendermos atuais e novos pedidos, pre-cisamos que as igrejas brasi-leiras se mobilizem em favor da evangelização mundial.

Ofertar. Este é o quarto pilar de Missões Mundiais.

Ele representa mais do que contribuir e sustentar a obra missionária. É um convite para que cada crente ame, doe, oferte e viva a missão.

Para cumprir a Grande Co-missão, é necessário amar a Deus, ao próximo e entender a urgência de testemunhar o Evangelho a toda criatura.

O Dia Especial de Ofertas para Missões Mundiais é uma das muitas oportunidades que os crentes têm de partici-

par desta missão. A data deve ser escolhida pelas igrejas para o levantamento da oferta missionária anual. A oferta recebida pela JMM contribui para o avanço e sustento das ações para evangelização dos povos.

Cerca de 150 projetos mis-sionários, verdadeiras ferra-mentas para anunciarmos Cristo até os confins da Terra, dependem da participação efetiva de sua igreja. O prazo

limite para ofertar é 30 de setembro, encerramento do ano convencional da JMM. Todos os valores contabiliza-dos até esta data integrarão o relatório da Revista Gratidão 2014. Serão mais pessoas alcançadas por nossos proje-tos e, simultaneamente, pela Palavra de Deus.

Como enviar a oferta mis-sionária:

Use os boletos bancários que Missões Mundiais en-

viou à sua igreja. A data de vencimento é 30 de setem-bro. Os boletos podem ser usados em qualquer agência bancária do país, via internet ou nas agências dos Correios, através do Banco Postal. A área do boleto denominada recibo do sacado, devida-mente autenticada pelo ban-co, vale como recibo para a contabilidade da igreja. Caso necessite de mais boletos, entre em contato com a JMM pelo telefone (21) 2122-1901 ou pelo e-mail [email protected].

Outras opções de envio da oferta:

Depósito - neste caso, é necessário enviar uma cópia do depósito para a JMM.

Cheque nominal - para as igrejas que não puderem optar pelo boleto bancário ou depósito, existe a opção de envio através de cheque nominal cruzado à Junta de Missões Mundiais por carta registrada.

Os boletos destinam-se apenas à oferta do Dia Espe-cial; não devem ser utilizados para contribuir com o Progra-ma de Adoção Missionária (PAM).

Vamos, juntos, testemu-nhar Cristo pelo poder do Espírito.

Pr. Alexandre Peixoto, gerente de missões da JMM, ora pelos novos missionários

Uma nova força missionária

Uruguai: Semeando o amor de Cristo em uma nação secularizada

Missionária Clélia de Oliveira com família atingida por enchente

Sabrina SouzaRedação de Missões Mundiais

Considerado um dos países mais secula-rizados das Amé-ricas, o Uruguai

tem fortes características humanistas e agnósticas. Apesar disso, o catolicismo é a religião predominante e com maior número de adeptos. Os movimentos pós-modernistas, aliado ao humanismo, colaboraram para enfraquecer qualquer tipo de ligação do homem com Deus e a desvaloriza-ção de conceitos sociais e cristãos.

Contudo, há um forte tra-balho do casal missionário Daniel e Clélia de Oliveira para resgatar nos uruguaios valores que foram perdidos e mostrar a esse povo que existe um Deus verdadeiro que salva, liberta e transfor-ma vidas. O casal atua em Montevidéu há quase 20 anos – inclusive os filhos nasceram neste país vizinho ao Brasil.

A difícil tarefa de pregar em solo uruguaio tem sido um desafio diário para eles. Porém, Deus tem ensinado o caminho para alcançar esse povo. Foi então que os missionários entenderam que gestos de amor podem falar mais do que apenas palavras.

Recentemente, as fortes chuvas vitimaram morado-res do bairro de San Isidro, na cidade de Las Piedras. Muitas casas foram inva-didas pela água, e famílias inteiras perderam o pouco que tinham. O missionário viu na tragédia uma opor-tunidade de poder ajudar essas pessoas e também mostrar o amor do nosso Deus através do seu gesto de caridade. O missionário iniciou uma campanha no condomínio onde mora para arrecadação de doações a fim de ajudar as vítimas da enchente.

“Para a nossa surpresa, muitos vizinhos aderiram à campanha. Recebemos doa-ções de todo o tipo. Depois desta atividade, muitos vizi-

nhos se aproximaram mais de nós, e pudemos manifes-tar o que nos motivou a essa iniciativa: o amor de Deus”, contou o missionário.

Um dos frutos do amor manifestado através de ações foi dona Reina, uma senhora de 75 anos que encontrou na pequena Missão Batista Povo Novo, pastoreada pelo missionário Daniel, um lugar para ser amada. Durante a visita do missionário à casa dela, dona Reina confessou que foram as atitudes de amor de um grupo de jovens que se aproximaram dela que a fez decidir se reunir na congregação. Hoje, ela pode conhecer e experimentar do verdadeiro amor de Jesus.

“Essas são pequenas ex-pressões que fazem Jesus co-nhecido em uma sociedade tão secularizada como a uru-guaia. Gestos que iniciam a partir de cada um de nós, visto que fomos alcançados pela expressão do próprio amor de Deus. É esse amor que nos constrange e nos leva a ação”, conclui o mis-sionário.

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Pastor Manoel de Jesus TheColaborador de OJB

No ano passado in-formamos o traba-lho evangelístico e social que a Igreja

Batista Nações Unidas, pasto-reada pelo pastor Luiz Sayão, realizou em Cocal (PI). Agora, em 2013, retornamos àquela pobre cidade. A caravana foi formada por pessoas, sendo médicos, enfermeiros, psicó-logo, evangelistas, profissio-nais palestrantes, e grande auxílio na área social, dois pastores que atenderam pe-didos de oração, e coletaram centenas de pedidos de visita de nossa missionária sediada na cidade.

Nossa missionária na cidade é a irmã Hosana, que duran-te 8 anos foi missionária na Sibéria. Viveu numa região em que suportou 48 graus abaixou de zero, e foi iniciar obra missionária numa cidade que chega a alcançar quase o

mesmo acima de zero. É pes-soa experiente, com formação em Teologia e Psicologia, sabe, portanto, lidar com o espiritual e com o psicológi-co. Nossa ação alcançou o vilarejo chamado Campestre, 40 quilômetros de Cocal, e Santo Hilário, 30 quilômetros de estrada de terra. Nesse lo-cal, um médico da prefeitura atende 20 pessoas uma vez por semana. No terceiro dia agimos no hospital da cidade, que atualmente está sem mé-dico, atuando apenas como um centro de enfermagem.

A igreja em São Paulo le-vantou uma campanha de cestas básicas compostas de material de higiene, kits de higiene bucal, e alimentação, e material escolar. Foram dis-tribuídas mais de 1000 cestas básicas. No total foram doa-dos: 1300 kits higiene; 1390 kits escolares; 1000 Bíblias e 600 Novos Testamentos. Nosso relatório registrou que 1.500 pessoas receberam a

mensagem do amor de Deus. Todos os atendimentos pas-savam pelos médicos, pelos dentistas, e depois pelos pas-tores que oravam e deixavam com o atendido, uma Bíblia ou um Novo Testamento. To-dos recebiam uma explicação do plano de salvação, mas o que mais nos preocupava era deixar a porta aberta para a missionária e seus discipula-dos visitarem o novo conver-tido, e continuarem a obra, até incorporá-los nos cultos e na Igreja.

O total dos atendimentos atingiu a cifra de 931 atendi-mentos. Sendo 682 atendi-mentos médicos, 240 aten-dimentos odontológicos, 9 atendimentos psicológicos, e 410 crianças participaram de teatro, louvor, histórias, esportes. Houve atendimen-tos a 200 pais e adolescentes, orientados em palestras por pastores, e nossa psicóloga. A Prefeitura cedeu seus consul-tórios dentários, o que facili-

tou em muito os dentistas da caravana. O pessoal médico participou de operações com o corpo de médicos da cida-de, pois contávamos com um especialista em transplante de rins e um médico intensivista, com passagens por campanhas de socorro em vários países.

A caravana transcorreu em absoluta camaradagem cris-tã, não registrando nenhum desconforto entre os partici-pantes, o que demonstrava claramente que o Espírito Santo agia em nosso meio. A Igreja onde a missionária rea-liza sua obra missionária abriu as portas para palestras dos pastores da caravana, tendo a participação de um pastor pela manhã do sábado e de outro pastor a tarde.

Com lágrimas nos olhos, muitas pessoas atendidas perguntavam: “Quando vo-cês voltarão novamente?” Não sabíamos responder, mas prometíamos que no ano de 2014 estaremos de

volta. Na quinta-feira inicia-mos o primeiro atendimento após levantarmos às 6h30 da manhã, quando havíamos ido repousar às 4 horas da manhã. No sábado saímos de Cocal, num confortável ôni-bus da Prefeitura às 22 horas, e tomamos o avião de volta para São Paulo, às 4 horas da manhã, partindo da cidade de Teresina, a capital do Estado. Foi muito cansaço, mas, ao mesmo tempo, muito alegres por vermos a mão do Senhor agindo em nós e no povo querido e sofredor daquele Estado. Todos voltaram certos que no próximo ano volta-rão, e oxalá, se repita o que aconteceu neste ano, quando alcançamos o dobro do que havíamos conseguido em 2012. Já imaginaram se a cada ano dobrarmos os participan-tes e atendimentos? Bem, se isso acontecer, transferiremos toda a Glória ao Senhor, pois só a Ele pertence toda Glória. Ora! Vem Senhor Jesus!

Batistas retornam a Cocal

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13o jornal batista – domingo, 14/07/13notícias do brasil batista

Profª Alcione LimaEducadora Religiosa da IB em Sítio Novo, Olinda/PE

No sábado, dia 08 de junho, foi re-alizado na Igreja Batista em Sítio

Novo em Olinda, PE, o culto de gratidão pelos 50 anos de casamento, bodas de ouro, do casal Manoel e Marina Lima. O pregador foi o pas-tor Natanael Menezes Cruz da Primeira Igreja Batista em Jaboatão, tendo o pastor Edison Parisi feito a oração gratulatória e o pastor Ma-rinaldo Lima impetrado a bênção apostólica.

Manoel José de Lima, filho de Amara Maria e Amaro Alves de Lima nasceu em Vitória de Santo Antão em

Vanessa Nascimento Moreira e Caroline Costa do Nascimento – jovens da PIBVPDir. de Comunicação PIB em Vila da Penha

Co m o d i z e m a s palavras do sal -mista: “Bendiga a minh’alma ao Se-

nhor, não se esquecendo de nenhuma de suas bênçãos” (Salmos 103.2). Durante todo o processo de sucessão pas-toral, Deus provou da sua benignidade para com a Pri-meira Igreja Batista em Vila da Penha, promovendo um amadurecimento espiritual e fortalecimento da fé.

Neste dia de grande alegria, 22 de junho de 2013, a igreja recebe mais uma dádiva do Pai: a posse do pastor João Luiz de Sá Melo.

Esteve presente no culto de posse, familiares e amigos do pastor João Luiz, os quais ele fez questão de lembrar nominalmente. Houve um momento de louvor e adora-ção à voz do Coro da Primeira Igreja Batista em Cachoeiro de Itapemirim, onde ele pas-toreou por 8 anos até 9 de junho de 2013. As falas dos vice-presidentes da PIBCI, irmãos José Joaquim Gonçal-ves e Eliseu Crisóstomos de Vargas, foram marcadas por declarações de afeto e grati-dão pelo seu antigo pastor,

22 de outubro de 1937. Marina Alves de Lima, filha de Anália Timóteo e Manoel Alves de Lima nasceu em Escada em 20 de outubro de 1938. Casaram-se em 09 de junho de 1963 na cidade de Recife e foram morar em

mostrando a comunhão entre pastor e ovelhas.

A mensagem foi proferida pelo pastor Tércio Ribeiro, ex-membro da PIBVP e atual presidente da Primeira Igreja Batista de Maceió, com a pas-sagem bíblica de João 15.1-7. O servo do Senhor nos trouxe uma palavra exortando como a igreja deve ser igreja, dei-xando o pastor ser pastor de suas ovelhas, através de uma comparação com a parábola da videira e dos ramos. Foi pregada a unidade cristã, mes-mo que haja espinhos que nos firam de vez em quando.

Foram abordados quatro pontos do sermão sendo o primeiro relacionando - Per-manecer com Produzir, já que o nosso chamado não é para produzir e sim para permanecer. O pastor deve conduzir as suas ovelhas a essa prática. “É o tempo de permanência que determina o que será produzido”. O segundo foi o Princípio da Alegria, pois Deus coloca as nossas lágrimas no odre velho e as transforma em vinho, simbolizando a felicidade de ser servo do Senhor. Em seguida, foi tratada a Dinâmi-ca da Vida, sinalizando que mudanças na vida da igreja são necessárias para o cresci-mento do Reino. Por último, destacou-se o Propósito da Videira, pois esta não produz

Jaboatão. O casal tem duas filhas, Marcilene Lima Pari-si, nascida em 18 de junho de 1964 e Marcivane Alves de Lima, nascida em 02 de dezembro de 1970 e o filho Marinaldo Alves de Lima, nascido em 29 de setembro

para si mesma, como de igual modo a igreja não existe para a igreja. Portanto, a igreja deve ser bênção para o mun-do, através do amor a Deus e ao próximo. A igreja deve ser viva e relevante na obra do Senhor. Com a ajuda d’Ele, quando a igreja aprende a permanecer, obtêm-se o passo a passo de como produzir.

Entre as pessoas presentes destacamos o pastor emérito da Primeira Igreja Batista em Vila da Penha, pastor Sebas-tião Ferreira que pastoreou a igreja durante 42 anos com zelo pela obra de Deus e cui-dados com suas ovelhas, e o pastor João Fraga, que como representante da Convenção Batista Carioca e da Ordem dos Pastores Batistas deu a palavra denominacional dese-jando que o ministério pasto-ral seja fecundo e frutífero. O culto contou com a presença de pastores de igrejas vizinhas que prestigiaram a posse, den-tre eles destacamos o pastor João Emílio, pastor presidente da igreja mãe da PIBVP, a Primeira Igreja Batista de Irajá; o pastor João Reinaldo Purim Jr. da Igreja Batista do Méier; e pastor Reginaldo Gregório, sogro e pastor emérito da PIB em Rocha Miranda. Compare-ceram também o pastor Dejal-mir Waldhelm, presidente da Convenção Batista Carioca; o pastor Nilton Antônio de

de 1965. Em 1979 a família converteu-se ao Evangelho do Senhor Jesus Cristo na Primeira Igreja Batista em Jaboatão, onde todos foram batizados. Naquela Igreja foram ovelhas do Pr. Ma-noel Nascimento e a partir de 1982 do pastor Natanael Menezes Cruz.

Com muito esforço o casal investiu na educação dos filhos, desde a educação bá-sica até o superior tendo visto a conclusão dos seus cursos: Marcilene em Psicologia, Marinaldo em Administra-ção, Teologia e História e Marcivane em Medicina Ve-terinária. Em 1985 Marci-lene casou-se com o pastor presbiteriano Edison Parisi, tendo em 1989 nascido Ana Raquel, a primeira neta. Em

Souza. Os pais do pastor João Luiz, o diácono Edimo e a irmã Conceição, membros da Igreja Batista do Méier e o irmão Daniel Melo também estiveram presentes.

Um grande coro reunido foi formado por membros da PIBVP para celebrar a festa que o nosso Deus propor-cionou, declarando que toda criação dá louvor. Dentro do culto houve um momento de gratidão ao diácono Ricardo Nunes que, durante esses 2 anos de sucessão pastoral ficou como presidente em exercício da PIBVP, desde a aposentadoria do pastor emérito Sebastião Ferreira até a presente data, colaborando com o fortalecimento da Igre-ja nesse período.

No ato de posse, o Termo de Posse teve as assinaturas do pastor João Luiz de Sá Melo e da Diretoria Estatutária da PIBVP, seguido de uma oração de posse feita pelo diácono Ricardo Nunes. O pastor emérito Sebastião Fer-reira fez a oração eclesiástica com a imposição de mãos dos pastores presentes e de toda a igreja sob o pastor João Luiz e sua família.

O pastor João Luiz de Sá Melo assumiu o pastorado da Primeira Igreja Batista em Vila da Penha, localizada na cidade do Rio de Janeiro a partir dessa data, 22 de junho

1991 Marinaldo casou-se com a Educadora Religiosa Alcione Lima e em 1994 as-sumiu o pastorado da Igreja Batista em Sítio Novo. Em 2004 e 2005 o casal deu a Manoel e Marina suas outras duas netas: Anália Rebeca e Areli Suzana. Em 1998 o casal Manoel e Marina Lima mudou-se para o bairro de Salgadinho em Olinda, onde reside com a filha Marcivane, e desde 1999 são membros da Igreja Batista em Sítio Novo.

Com todas as bênçãos rece-bidas da divina mão, o casal reuniu a família, amigos e ir-mãos em Cristo para agrade-cerem e proclamarem como o profeta Samuel (I Samuel 7.12): “Até aqui o Senhor tem nos ajudado!”

de 2013 e como ele mesmo disse em seu discurso, junto com sua família, formada pela sua esposa Priscila e os filhos Amanda e Natan. Após a pos-se, na sua palavra como novo pastor da Igreja, ele afirma que “a partir daquele momen-to estaremos vivenciando um novo momento, uma nova página”. Ele entende pronta-mente o chamado de Deus para sua vida e de sua família, bem como para o corpo de Cristo da PIBVP, afirmando que “não é mais desafio, é oportunidade!” E deixa para as suas novas ovelhas a leitura de II Timóteo 3, fazendo uma alusão à pregação do pastor Tércio. O pastor João Luiz encoraja à igreja dizendo: “Rebanho, vamos permanecer na videira para que os frutos apareçam!”

Com a plenária lotada, a nave e a galeria, a Igreja lou-vou e exaltou a Deus pela graça recebida. Foi um culto ao Senhor pelas bênçãos já alcançadas durante toda a trajetória da PIBVP com auxí-lio dos pastores que por aqui passaram, mas também pelas vitórias que certamente virão para a Igreja trabalhando em conjunto com o novo pastor.

Que Deus esteja à frente deste ministério pastoral na PIB em Vila da Penha e com todo o povo de Deus espalha-do na face da Terra. Amém.

Cinquenta anos depois contaram as bênçãos!

Culto de posse do pastor João Luiz de Sá Melo

O casal Manoel e Marina Lima e família

Família Pastoral (Pr. João Luiz, Priscila, Amanda e Natan) Oração de Posse

Pr. Sebastião Ferreira (Pr. Emérito da PIBVP) e Pr. João Luiz de Sá Melo (Pr. Presidente da PIBVP)

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14 o jornal batista – domingo, 14/07/13 ponto de vista

O mês de junho de 2013 foi marca-do por manifes-tações da popu-

lação em passeatas por ruas em todas as regiões do Bra-sil. Lamentavelmente houve aproveitamento de grupos anárquicos com violência e depredações, mas afora isso, que envolveu parcela mínima de todo movimento, não há como ficarmos sem fazer um balanço da situa-ção e buscarmos aprender as tendências que estarão formando os novos cenários em nosso País.

Houve surpresa em todo País diante da rapidez com que o movimento se espa-lhou provocando arrepios nos políticos e grande júbilo em toda população que viu uma chance para manifes-tar seu descontentamento com a situação da nação indicando que a sociedade está excluída da arena pú-blica apesar do modelo de crescimento e de ascensão social prometido pelos últi-mos governos que acabou criando desilusões, pois para dar significação à vida não bastou dar alguns reais de Bolsa Família, que acabou se tornando uma armadilha eleitoreira.

Embora as manifestações não tivessem líderes clara-mente assumidos nem or-ganicidade, fez com que a polissêmica voz das ruas se avolumasse dia após dia che-gando a alcançar 438 municí-pios e aproximadamente 1,9 milhões de participantes até o dia 21 de junho, segundo a Confederação Nacional dos Municípios. Essa população insatisfeita e sufocada por um Estado massacrante e omis-sa estratégia política, quer agora oxigênio para respirar e poder viver mais tranquila-mente a vida.

Passadas algumas semanas já é possível contabilizar al-guns detalhes no balanço do movimento:

1. Expressiva presença de jovens e universitários. Foi notório observar que a massa dos manifestantes eram jo-vens e da classe média, que na maioria das vezes é quem paga a conta da ideologia do Governo. Pesquisa realizada pelo IBOPE a pedido do Pro-grama Fantástico apurou que 46% nunca tinham partici-pado numa manifestação de rua, 78% se mobilizou pelas redes sociais, 52% eram estu-dantes, 43% tinham curso su-perior completo, 43% tinham menos de 24 anos, 49% ti-nham renda familiar maior de 5 salários mínimos (R$ 3.390,00), 45% com renda familiar menor de 5 salários mínimos. Estes jovens pos-suem mais acesso às informa-ções, mas também possuem mais energia para protestar contra a inexistência de um futuro mais saudável para o País que está sendo impedido de se concretizar por causa da obsolescência e inefici-ência do sistema político e governamental do País.

2. Por que prédios gover-namentais? Foi inusitada a tentativa da invasão aos prédios públicos governa-mentais. A pista que pode-mos lançar é que a perda de credibilidade governamental nos mais variados níveis já vem a um bom tempo sendo germinada no inconsciente da população. A tentativa de tomada destes prédios pode representar que o povo quer assumir o comando da Nação, que os governantes já não podem mais ocupar os postos de gestão da coisa pública da maneira como, em geral, se ocupa e que os anseios e necessidades da população não estão sendo ouvidos.

3. Rejeição dos partidos políticos e representantes sindicais. Ficou patente que o movimento tinha cunho não apenas apartidário, mais

do que isso, antipartidário com relação ao atual modelo político. Manifestantes de partidos políticos (PT, PSOL, PSTU) e sindicatos (CUT) foram expulsos das passeatas e suas bandeiras queimadas no auge do movimento. Na pesquisa do IBOPE detectou--se que 89% não se sentiam representados por nenhum partido político, 83% não se sentiam representados por nenhum político. Era patente ouvir frases como “a única bandeira é a bandeira do Brasil”, “nosso partido é o Brasil”. Entre os pesquisados 61% demonstraram muito interesse por política e 28% interesse médio, enquanto que apenas 6% demonstra-ram pouco interesse e 5% ne-nhum interesse. Estes dados demonstram que há interesse pela política, mas também in-dica claramente que os políti-cos já não representam mais os anseios e necessidades dos cidadãos configurando uma crise de representatividade que desenha um quadro que demonstra que o sistema po-lítico e governamental e seus componentes se distanciaram do chão do País, pois a estru-tura e a dinâmica partidária já não dá mais conta de exercer seu papel de atender os an-seios da nação se mostrando inoperante para dar com qua-lidade as garantias constitu-cionais de segurança, saúde, educação, transporte, etc, apesar dos elevados impostos pagos a duras penas. Estes serviços para serem obtidos necessitam ser contratados da iniciativa privada a custo nem sempre tolerável que novamente arrecada impos-tos. Então, a população paga duas vezes impostos para obter o mesmo serviço. Sem ainda contar com as notícias de corrupção que campeia a classe política nos seus mais variados níveis e setores.

Com o desbravamento das cores verde e amarelo como as cores do movimento e o

desfraldar da bandeira brasi-leira, os partidos socialistas necessitam aprender a ter respeito com a cultura local de uma nação ao invés de impor a cor vermelha, o que pode muito representar o massacre cultural imposto pelo padroado católico aos países conquistados que ti-veram a sua cultura e ideais destruídos.

4. Apagão da classe políti-ca. O ex-presidente Lula se ausentou do cenário público, assim também o silêncio dos outros políticos diante do mo-vimento foi constrangedor. Pode ser que não desejaram se arriscar a aparecer para constatar a concretização da sua rejeição diante da massa enfurecida que não aceita mais o despreparo do sistema político que não poderá mais governar como antes. Com a expulsão de qualquer cor política do movimento das ruas os manifestantes esta-vam dando o recado a todo espectro de rejeição da classe política – de direita, de cen-tro e de esquerda. A fronteira foi rompida e o povo deseja agora outra dimensão e visão na gestão da coisa pública. Isso também pode indicar que o movimento criou uma oposição que atualmente o governo efetivamente não tem.

5. Demandas do movimen-to das ruas: o Departamento de Inteligência e Pesquisa de Mercado Abril pesquisou 9.088 pessoas em todo Brasil e detectou que 53% dos pes-quisados foram motivados a reclamar contra a corrupção, 49% contra a PEC 37, 45% por melhoras na educação, 38% por melhoras no sistema de saúde, 28% pela prisão para os políticos envolvidos em corrupção, 23% contra gastos com a Copa do Mun-do. Entre as instituições mais enfraquecidas constam 70% para o Congresso Nacional,

58% Governo Federal, 49% Governos Municipais, 47% Governos Estaduais, 26% igreja, 24% Polícia. Dos que já participaram pelo menos uma vez 100% disseram que desejam continuar par-ticipando nos manifestos e dos que foram entrevistados que não participaram 99% apoiam as manifestações.

Para não avançar demais no espaço, vamos lembrar do conceito de “sagrado sel-vagem” (sagrado quente) do sociólogo Roger Bastide, que, embora aplicado à religião, muito bem serve para escla-recer o tema. Uma pessoa tem contato com o sagrado, se encanta e passa a viver esta experiência hierofania. Outros surgem e participam desta mesma experiência, assim surge a identificação entre as pessoas que bus-cam se organizar para viver a experiência aquecida do relacionamento com o sagra-do. É preciso, portanto criar regulações, regras de inclu-são, convivência e exclusão. Aí o sagrado é burocratizado e dominado. O sagrado fica frio e rotineiro, a experiên-cia inicial desaparece. Num dado momento surge a apatia e alguém acende a chama (geralmente um profeta) mo-bilizando o povo em nova busca do perdido sagrado selvagem. Provavelmente esteja havendo isso nesse fenômeno das ruas. Tivemos uma população que foi às ruas conquistando a liberta-ção das “Diretas já”, mas que acabou arrefecendo-se com o passar do tempo e o País não tem mais aquele inicial glamour, tendo sido invadi-do pela corrupção e perda de credibilidade governa-mental. Busca-se agora uma espécie de “política quente” que enxergue novamente a população.

(Segunda parte do texto continua na edição do dia 28 de julho).

OBSERVATóRIO BATISTALOURENÇO STELIO REGA

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15o jornal batista – domingo, 14/07/13ponto de vista

Pr. Raul MarquesPIB de Várzea Nova, Santa Rita - Paraíba

A Bíblia relata um fato ocorrido com certa mulher que havia perdido algu-

mas moedas dentro de sua própria casa e que, logo em seguida, foi diligentemente procurá-las até que as encon-trasse, tal era a sua necessida-de e o seu senso de respon-sabilidade no tratamento dos bens familiares. A parábola contada em Lucas 15.8-10 ajuda-nos a compreender que os brasileiros acordaram para um Manifesto Nacional muito além de dez centa-vos... Tal como na parábola, não queremos nos deter nos vândalos ou depredadores do

Ao considerar este tema que, na verda-de, é o do livro em inglês do Brennan

Manning, estou pensando no nosso Senhor Jesus Cristo. Quando fazemos uma leitura meditativa dos evangelhos percebemos a sabedoria da ternura na vida do Mestre. Os Seus diálogos com os discípulos e com as pessoas necessitadas sempre foram marcados pelo Seu caráter terno, do Seu coração, a partir da Sua relação íntima com o Pai. O próprio convite de Mateus 11.28-30,“Vinde a mim todos os que estais can-sados e oprimidos e eu vos aliviarei”, revela o quanto o Salvador era terno. Como Ele era sensível, empático com as pessoas que O procuravam para expor suas necessidades! O Senhor Jesus gostava das festas e ali encontrava algu-mas pessoas carentes como a mulher pecadora de Lucas 7.36-50. O Seu propósito era sempre interagir com pesso-

patrimônio que porventura tenham tentado protagonizar a história encaminhando-a a um despropósito. Ansiamos isto sim, fazer uma paráfrase, livres da conotação teoló-gica, mas bem próximos da questão social.

Nos últimos dias assisti-mos ininterruptamente ma-nifestações crescentes em várias capitais e em inúme-ras cidades mais populosas do país, que tiveram sua gênese nos “centavos” a mais que seriam cobrados nas passagens de transportes urbanos. O fato é que, não eram apenas os centavos que estavam em jogo; eram os bilhões e bilhões que construíram suntuosos cam-pos de futebol, que foram lançados na mídia dos “Ali

as carentes a partir do Seu amor e manifestar curas. As Suas entranhas fervilhavam de amor pelas pessoas cansa-das e oprimidas, escravas do inimigo e reféns de consciên-cias pesadas, quase que insu-portáveis. Impressiona-me a solidariedade do Mestre. As pessoas sofredoras percebiam como Jesus era sensível às suas múltiplas necessidades.

Mas considerando esse tema, o que seria ternura? Segundo Azevedo, “ter cora-ção terno, sensível, mimoso, ter o coração no pé da boca, queimar-se, emocionar-se até às lágrimas; tocar ao coração; sensível, sensitivo; afetivo, im-pressionável” (Azevedo 2010: 383, 384). Estas palavras re-velam o caráter do nosso Se-nhor Jesus. Ele olhava para as pessoas perdidas, enfermas e desamparadas com uma pro-funda compaixão que lhe era peculiar. Era cheio de ternura na missão que recebeu do Pai sempre terno. A sabedoria da Sua ternura estava em falar

Babás” e também dos “qua-renta ladrões” que há sécu-los lançam mãos nos cofres da República. Até aqui não tínhamos ainda assumido publicamente a indignação do povo brasileiro que se sente humilhado e ultrajado, além de traído e colocado no “banco de reservas”, sem a menor possibilidade de entrar em campo outra vez.

Nunca antes na história deste país os centavos vale-ram tanto! Foram eles que acordaram a nação para o sucateamento da saúde, a desvalorização dos profissio-nais da Educação, a manipu-lação dos poderes, a violação dos direitos, o abafamento da Crise Institucional, a desmo-ralização da função política, as aberrações religiosas, a

sempre a verdade, ser íntegro e profundamente comprome-tido com a vontade soberana de Javé. A sua ternura era manifestada no leito do amor. A ternura do Mestre se reve-lava na Sua capacidade de discernimento, de colocar as palavras certas na hora certa e pelos motivos corretos. O Mestre se emocionou ao ver Jerusalém mergulhada no le-galismo, secretismo religioso, secularismo e na insubmissão a Javé. Mostrou claramente a Sua ternura quando pegou as crianças nos Seus braços for-tes e as abençoou (Mc 10.13-16).

A ternura de Jesus fazia par-te da Sua natureza. Ele era um com o Pai (João 10.30). O Deus que se manifestou em carne, cheio de graça e de verdade (João 1.14). O coração do Mestre era pleno de compaixão pelas almas perdidas. As Suas lágrimas eram fruto de uma sensibilida-de inigualável. A Sua ternura era proveniente da Sua graça,

desmoralização da família, o enriquecimento galopante dos “donos do dinheiro”, o desprezo pela fome e a miséria nos sertões, a violên-cia gritante, a imoralidade, enfim, a fantasiosa inclusão do país no primeiro mundo à custa do empobrecimento dos indivíduos, com ações lúdicas de mídias circenses em conluio.

Na parábola bíblica, após se dar conta de que havia perdido uma moeda, a mu-lher toma a decisão de pro-curá-la “diligentemente” até encontrá-la. O Brasil, afinal, se deu conta de ter perdido a sua moeda... Deste modo, chamou a sua gente, aliás, “brava gente brasileira”, para encontrar com diligência o seu prejuízo. Os Estados e

a mesma graça do Pai – que salva, restaura, encoraja e concede visão ao que crê. A Sua afetividade era conhecida entre os párias, que viviam à margem da sociedade espar-tana – uma sociedade espe-cialista em alijar os doentes, constituída de políticos, aris-tocracias judaica e romana, religiosos de carteirinha, au-tossuficientes, comprometi-dos com a aparência e com uma religiosidade mecânica, sem vida. Jesus, por sua vez, estava comprometido com a sinceridade do coração, a graça do perdão, com o acolhimento dos rejeitados, tendo como base a eficácia da justificação pelo Seu próprio sacrifício na cruz, pelo Seu sangue derramado por nós. Jesus estava impressionado com a insensibilidade dos re-ligiosos judeus e governantes da sua terra e dos romanos.

Aprendemos com o Mestre, em Sua sábia ternura herdada do Pai, a ouvir, compreen-der, encorajar, confrontar e

as Cidades foram sensibili-zados a procurarem juntos por uma solução. O Brasil foi às ruas. O povo acordou para o poder que possui. A nação despertou para a va-lorização dos seus valores mais profundos, que passam além do país do futebol e do carnaval; que rendem muito mais do que todas as transa-ções bilionárias do mundo da “bola” e que não estão nas Ilhas Cayman e nem em nenhum outro paraíso fiscal; está, isto sim, aqui dentro deste gigante pela própria natureza: o seu povo traba-lhador!

Como na parábola, é hora de chamar os vizinhos para a celebração da moeda que foi achada. O caminho da dignidade foi reencontrado!

orar com e pelas pessoas. Que a ternura do Senhor é um traço bem marcante da Sua personalidade e deve ser o nosso também. Que devo me engajar no trabalho árduo, mas desafiador e belís-simo, de ajudar as pessoas nas suas lutas, mazelas e traumas. Aprender a ouvi-las com aten-ção, com sensibilidade que a ternura propicia. Seguindo a orientação de Tiago, que eu seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar (Tg 1.19). É tempo de semear a ternura do Pai e do Filho, aplicada pelo Espírito Santo em todo o canto e em todo o tempo. Que a ternura de Cris-to encha as nossas entranhas. Que seja transformada em ati-tudes e atos usados e ousados de forma a beneficiar o maior número de pessoas. Onde quer que estejamos sejamos cheios da ternura de Jesus Cristo. Ele é o terno Salvador que nos salvou e nos encheu de ternura para a glória do Deus perfeitamente terno.

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