edição 05 outubro/2017 luci r e c crec /ms g a p i m p t s · linha de raciocínio, a doutrina...

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1 Edição 05 outubro/2017 COORDENADORIA DE RECURSOS ESPECIALIZADOS CRIMINAIS CRECRIM/MS PARTICIPA DE REUNIÃO DO GRUPO DE ACOMPANHAMENTO DE PROCESSOS DE INTERESSE DO MINISTÉRIO PÚBLICO NOS TRIBUNAIS SUPERIORES No dia 27 de setembro de 2017, o Coordenador de Recursos Especializados Criminais participou da reunião ordinária do Grupo de Acompanhamento de Processos de Interesse do Ministério Público nos Tribunais Superiores (GAP-CNPG), realizada na Sala Minas Gerais, localizada no Edifício José Campomizzi Filho, Sede da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, na cidade de Belo Horizonte/MG, onde, entre outros, se achava presente o Presidente do GAP-CNPG, ANTÔNIO SÉRGIO TONET, Procurador-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais. Na ocasião, o Procurador de Justiça GILBERTO ROBALINHO DA SILVA expôs tese recursal adotada pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul e sustentada perante os Tribunais Superiores. A tese versa sobre violação do artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal e contrariedade às disposições dos artigos 9º e 10 do Código de Processo Civil, aplicáveis ao processo penal por força do artigo 3º do Código de Processo Penal, por parte de decisões, de ofício, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, sem a oitiva das partes. Aprovada a tese, à unanimidade dos membros do Ministério Público brasileiro com assento no Grupo, por sugestão do Procurador de Justiça de Minas Gerais ADILSON NASCIMENTO, o GAP-CNPG agasalhou a tese do MP/MS e decidiu pela orientação ao Ministério Público brasileiro visando a interposição de recursos sobre o tema. EDITORIAL É inconteste a evolução em qualidade e quantidade na atuação dos Procuradores de Justiça integrantes da Coordenadoria de Recursos Especializados Criminais. A CRECrim, por intermédio dos membros que a compõem, tem cumprido com galhardia as atribuições conferidas pela Resolução nº 006/2016-CPJ, em especial, a interposição de todos os recursos necessários perante as Cortes Superiores, bem como outras medidas processuais cabíveis. No segundo semestre do ano de 2015, foram interpostos 73 (setenta e três) recursos e apresentadas 326 (trezentas e vinte e seis) contrarrazões. No ano de 2016, foram interpostos 250 (duzentos e cinquenta) recursos e apresentadas 1.076 (mil e setenta e seis) contrarrazões. No ano de 2017, somente até o final de julho, foram interpostos 214 (duzentos e quatorze) recursos e apresentadas 921 (novecentas e vinte e uma) contrarrazões. Recentemente, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul teve a grata notícia da edição das Súmulas 587, 588 e 589 pela Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, fruto do empenho da Ex- Coordenadora de Recursos Especializados Criminais do Estado de Mato Grosso do Sul, LUCIENNE REIS D’AVILA, que tomou a iniciativa de provocar o Tribunal da Cidadania, propondo, inclusive, a redação das súmulas. Na condição de Coordenador da CRECrim, manifesto orgulho, porquanto demonstra que o Ministério Público Sul-Mato-Grossense tem atuado firmemente junto aos Tribunais Superiores, notadamente, ao Superior Tribunal de Justiça, assumindo posição de vanguarda no cenário nacional. Para o aprimoramento, as sugestões, críticas, matérias a serem divulgadas e outros assuntos serão atendidos pelo e-mail [email protected], ou por meio do telefone (67) 3318-3906. Boa leitura!

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Edição 05 – outubro/2017

COORDENADORIA DE RECURSOS ESPECIALIZADOS CRIMINAIS – CRECRIM/MS PARTICIPA DE

REUNIÃO DO GRUPO DE ACOMPANHAMENTO DE PROCESSOS DE INTERESSE DO MINISTÉRIO

PÚBLICO NOS TRIBUNAIS SUPERIORES

No dia 27 de setembro de 2017, o Coordenador

de Recursos Especializados Criminais participou da

reunião ordinária do Grupo de Acompanhamento de

Processos de Interesse do Ministério Público nos

Tribunais Superiores (GAP-CNPG), realizada na Sala

Minas Gerais, localizada no Edifício José

Campomizzi Filho, Sede da Procuradoria-Geral de

Justiça do Estado de Minas Gerais, na cidade de Belo

Horizonte/MG, onde, entre outros, se achava presente

o Presidente do GAP-CNPG, ANTÔNIO SÉRGIO

TONET, Procurador-Geral de Justiça do Estado de

Minas Gerais.

Na ocasião, o Procurador de Justiça GILBERTO ROBALINHO DA SILVA expôs tese recursal

adotada pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul e sustentada perante os

Tribunais Superiores. A tese versa sobre violação do artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal

e contrariedade às disposições dos artigos 9º e 10 do Código de Processo Civil, aplicáveis ao

processo penal por força do artigo 3º do Código de Processo Penal, por parte de decisões, de

ofício, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, sem a oitiva das partes. Aprovada a tese, à

unanimidade dos membros do Ministério Público brasileiro com assento no Grupo, por sugestão

do Procurador de Justiça de Minas Gerais ADILSON NASCIMENTO, o GAP-CNPG agasalhou a tese

do MP/MS e decidiu pela orientação ao Ministério Público brasileiro visando a interposição de

recursos sobre o tema.

EDITORIAL

É inconteste a evolução – em qualidade e quantidade – na atuação dos Procuradores de Justiça integrantes da Coordenadoria

de Recursos Especializados Criminais. A CRECrim, por intermédio dos membros que a compõem, tem cumprido com

galhardia as atribuições conferidas pela Resolução nº 006/2016-CPJ, em especial, a interposição de todos os recursos

necessários perante as Cortes Superiores, bem como outras medidas processuais cabíveis. No segundo semestre do ano de

2015, foram interpostos 73 (setenta e três) recursos e apresentadas 326 (trezentas e vinte e seis) contrarrazões. No ano de

2016, foram interpostos 250 (duzentos e cinquenta) recursos e apresentadas 1.076 (mil e setenta e seis) contrarrazões. No ano

de 2017, somente até o final de julho, foram interpostos 214 (duzentos e quatorze) recursos e apresentadas 921 (novecentas e

vinte e uma) contrarrazões. Recentemente, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul teve a grata notícia da

edição das Súmulas 587, 588 e 589 pela Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, fruto do empenho da Ex-

Coordenadora de Recursos Especializados Criminais do Estado de Mato Grosso do Sul, LUCIENNE REIS D’AVILA, que tomou a

iniciativa de provocar o Tribunal da Cidadania, propondo, inclusive, a redação das súmulas. Na condição de Coordenador da

CRECrim, manifesto orgulho, porquanto demonstra que o Ministério Público Sul-Mato-Grossense tem atuado firmemente

junto aos Tribunais Superiores, notadamente, ao Superior Tribunal de Justiça, assumindo posição de vanguarda no cenário

nacional.

Para o aprimoramento, as sugestões, críticas, matérias a serem divulgadas e outros assuntos serão atendidos pelo e-mail

[email protected], ou por meio do telefone (67) 3318-3906.

Boa leitura!

RHC 70.141-RJ, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por unanimidade, julgado em 7/2/2017, DJe 16/2/2017.

Lucienne Reis D’Avila - Coordenadora

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Consulte a decisão no portal eletrônico do STJ:

https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1641179&num_registro=201603259674&data=20171004&formato=PDF

AFETAÇÃO DE RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE

MATO GROSSO DO SUL PARA SER JULGADO COMO RECURSO REPETITIVO

No Recurso Especial nº 1.643.051/MS, interposto pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso

do Sul, o Relator, Ministro ROGÉRIO SCHIETTI CRUZ, propôs afetação para que seja julgado como recurso

repetitivo.

Entenda o caso: Condenado a reparar os danos morais sofridos pela vítima, no importe de R$

3.000,00 (três mil reais), pela prática de crime de ameaça, com violência doméstica e familiar contra a

mulher, ALYSON LUCAS SAMPAIO DOS SANTOS interpôs recurso de Apelação Criminal (nº 0021828-

20.2015.8.12.0001).

O acórdão da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul, por

maioria, manteve a sentença de primeiro grau. Inconformado, com base no voto divergente do

Desembargador RUY CELSO BARBOSA FLORENCE, o apelante ALYSON LUCAS SAMPAIO DOS SANTOS

interpôs Embargos Infringentes, pleiteando o afastamento da indenização fixada em favor da vítima.

A Seção Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, por maioria, deu

provimento ao recurso para decotar a fixação da

indenização.

Assim é que a 3ª Procuradoria de Justiça Criminal,

de titularidade do Procurador de Justiça GILBERTO

ROBALINHO DA SILVA, interpôs Recurso Especial,

sustentando que o acórdão contrariou o artigo 387, inciso

IV, do Código de Processo Penal.

Após parecer favorável do Ministério Público

Federal, a 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, por

unanimidade, acolheu a proposta de afetação do recurso

especial ao rito dos recursos repetitivos para que a Corte

Superior possa firmar tese jurídica sobre o tema da

aferição do dano moral nos casos de violência doméstica

cometida contra a mulher no âmbito doméstico e familiar,

nos termos do voto do Ministro Relator ROGÉRIO

SCHIETTI CRUZ.

Segundo o Ministro, há uma pequena divergência entre as turmas sobre o tema: “Há um

entendimento de que é necessário que o Ministério Público formule expressamente o pedido na denúncia

para que se fixe o dano moral na sentença, mas a 5ª turma tem alguns julgados entendendo que além disso

se faz necessário discutir, durante a instrução, o valor desse dano moral”.

Na decisão, o Ministro Relator destacou a importância de o colegiado julgar o tema sob o rito dos

repetitivos para que seja possível dirimir essas divergências e fixar uma tese que servirá de parâmetro para

os casos que versem sobre a matéria.

O artigo 1.036 do Código de Processo Civil dispõe que, quando houver multiplicidade de recursos

especiais com fundamento em idêntica controvérsia, a análise do mérito recursal pode ocorrer por

amostragem, mediante a seleção de recursos que representem de maneira adequada a controvérsia. Recurso

repetitivo, portanto, é aquele que representa um grupo de recursos especiais que tenham teses idênticas, ou

seja, que possuam fundamento em idêntica questão de direito. Segundo a legislação processual, cabe ao

Presidente ou Vice-Presidente do tribunal de origem selecionar dois ou mais recursos que melhor

representem a questão de direito repetitiva e encaminhá-los ao Superior Tribunal de Justiça para afetação,

devendo os demais recursos sobre a mesma matéria ter a tramitação suspensa. Após o julgamento e a

publicação da decisão colegiada sobre o tema repetitivo pelo Superior Tribunal de Justiça, a mesma solução

será aplicada aos demais processos que estiverem suspensos na origem.

Essa sistemática tem como objetivo concretizar os princípios da celeridade na tramitação de

processos, da isonomia de tratamento às partes processuais e da segurança jurídica.

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Consulte a decisão no portal eletrônico do STJ: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1614764&num_registro=201602972190&data=20170901&formato=PDF

Consulte a decisão no portal eletrônico do STJ: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1564058&num_registro=201202242049&data=20170914&formato=PDF

TRIBUNAL DO JÚRI - NECESSIDADE DE CIÊNCIA À DEFESA DA

JUNTADA DE LAUDO PERICIAL COMPLEMENTAR, COM

PRÉVIA ANTECEDÊNCIA DE TRÊS DIAS ÚTEIS

Conforme decisão prolatada no REsp nº 1.637.288-SP, a Sexta

Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o prazo de 3 (três) dias

úteis a que se refere o artigo 479 do Código de Processo Penal deve

ser respeitado não apenas para a juntada de documento ou objeto, mas

também para a ciência da parte contrária a respeito de sua utilização

no Tribunal do Júri. Para a Corte Cidadã, de nada serviria esta

exigência legal se a ciência se desse apenas, por exemplo, às vésperas da sessão de julgamento, sem que a parte

tivesse tempo suficiente para conhecer a fundo o documento e colher elementos para, se for o caso, refutá-lo. A lei

seria inócua. De nada adiantaria a exigência de que o documento seja juntado com tempo razoável se não vier

acompanhada da necessidade de que a parte contrária seja cientificada também em tempo razoável da juntada. Nessa

linha de raciocínio, a doutrina ratifica que “não se trata de mera juntada do documento aos autos, mas sim [d]a efetiva

ciência da parte contrária, no mínimo três dias úteis antes do julgamento”. Sendo assim, considerando que a intenção

do legislador é garantir o julgamento justo, permitindo às partes (defesa e acusação) conhecer de documento relevante

para o julgamento e, em tempo hábil, se manifestar sobre ele, é de suma importância que a ciência da parte contrária e

a juntada do documento ou exibição de objeto se dê no tríduo legal.

O TERMO INICIAL DA CONTAGEM DO PRAZO PARA IMPUGNAR DECISÃO JUDICIAL PARA O MINISTÉRIO

PÚBLICO CONTA-SE DA DATA DA ENTREGA DOS AUTOS NA REPARTIÇÃO ADMINISTRATIVA DO ÓRGÃO

Em sede de Recurso Especial (REsp nº 1.349.935-SE), recentemente, o STJ decidiu que o termo inicial da

contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério Público, a data

da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante que a

intimação pessoal tenha se dado em audiência, em cartório ou por mandado.

A controvérsia foi estabelecida com vistas a saber se a intimação do Ministério

Público, nas hipóteses em que o respectivo membro se fez presente na audiência onde o

ato foi produzido, já determina o início do cômputo do prazo para recorrer, ou se o

prazo somente se inicia com a remessa dos autos com vista à Instituição.

Para bem desincumbir-se de suas atribuições constitucionais, assegurou-se ao

Ministério Público um extenso rol de prerrogativas, direitos, garantias e deveres, de

estatura constitucional (arts. 127 a 129 da CF) e legal (arts. 17 e 18 da Lei

Complementar nº 75/1993 e 38 a 42 da Lei nº 8.625/1993), permeados diretamente por

princípios que singularizam tal Instituição e que influenciam no exercício do contraditório efetivo, entre os quais, a

unidade e a indivisibilidade.

A substituição de um membro por outro não fragmenta a atuação ministerial, pois é a Instituição, representada

pelos seus membros, quem pratica o ato.

Tal circunstância é de suma importância para a percepção da singularidade que caracteriza e diferencia a

atuação de um Promotor de Justiça (ou de um Procurador da República). Isso porque nem sempre será o mesmo

agente público responsável pela condução e, posteriormente, pela impugnação dos atos praticados durante a audiência.

Diante dessas premissas, inviável a restrição promovida na instância de origem ao mecanismo de intimação

pessoal dos membros do Ministério Público, em confronto com os princípios institucionais mencionados, os quais,

aliados à dimensão que se tem dado ao contraditório e às peculiaridades que informam a atuação do Parquet perante a

jurisdição criminal, permitem o exercício efetivo das atribuições de uma Instituição essencial à administração da

justiça, voltadas à proteção não apenas da ordem jurídica, mas, também, dos interesses sociais e individuais

indisponíveis.

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Consulte o inteiro teor da decisão no portal eletrônico do STF: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28HC%24%2ESCLA%2E+E+148119%2ENUME%2E%29+NAO+S%2EPRES%2E&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/yb6m6hgy

EM CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, O PAGAMENTO DO

TRIBUTO, MESMO APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO, É CAUSA DE

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Nos termos da decisão proferida no Habeas Corpus nº 362.478-SP,

de relatoria do ministro JORGE MUSSI, o pagamento do débito tributário, a

qualquer tempo, até mesmo após o advento do trânsito em julgado da

sentença penal condenatória, é causa de extinção da punibilidade do

acusado.

A questão posta no habeas corpus consiste em definir se a quitação

do tributo, após o trânsito em julgado da sentença condenatória por crime

contra a ordem tributária, obsta a extinção da punibilidade com base no artigo 9º, § 2º, da Lei Federal nº 10.684/2003.

Segundo o entendimento firmado, da leitura do artigo 9º, § 2º, da lei supracitada, depreende-se que o legislador

ordinário não fixou um limite temporal dentro do qual o adimplemento da obrigação tributária e seus acessórios

significaria a extinção da punibilidade do agente pela prática da sonegação fiscal, deixando transparecer que, uma vez

em dia com o Fisco, o Estado não teria mais interesse em atribuir-lhe uma reprimenda corporal em razão da sonegação

verificada.

Nessa linha de raciocínio, a doutrina refere-se à interpretação jurisprudencial que vem sendo dada pelos

tribunais pátrios à matéria, assinalando que, “como a regra em comento não traz nenhum marco para sua incidência, o

pagamento se pode dar a qualquer tempo”, entendimento compartilhado, inclusive, pelo Supremo Tribunal Federal

(STF, HC nº 81.929, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Rel. para o acórdão Min. Cezar Peluso, Primeira Turma, DJ

27/2/2004). Portanto, se, no histórico das leis que regulamentam o tema, o legislador ordinário, no exercício da sua

função constitucional e de acordo com a política criminal adotada, optou por retirar o marco temporal previsto para o

adimplemento da obrigação tributária redundar na extinção da punibilidade do agente sonegador, é vedado ao Poder

Judiciário estabelecer tal limite, ou seja, dizer o que a Lei não diz, em verdadeira interpretação extensiva não cabível

na hipótese, porquanto incompatível com a ratio da legislação em apreço.

HABEAS CORPUS É INVIÁVEL PARA PLEITEAR DIREITO DE RECEBER

VISITA EM PRISÃO

Em sede de habeas corpus (nº 148.119), o Ministro GILMAR MENDES

negou o pedido formulado por um líder da facção criminosa Comando

Vermelho, que questionava a proibição de visitas íntimas nos presídios federais

para chefes de organizações criminosas. Entre outros fundamentos, o relator

destacou que o habeas corpus não se mostra viável para questionar restrição de

visitas em presídios.

A Portaria nº 718/2017 do Ministério da Justiça, ao regulamentar as

visitas íntimas no interior das penitenciárias federais, proibiu a concessão de visita, entre outros, para líderes de

organizações criminosas e custodiados submetidos ao Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). A norma levou em

consideração atentados praticados contra agentes penitenciários comandados por facções criminosas e o argumento de

que o direito de visita íntima no Sistema Penitenciário Federal tem sido utilizado como meio de difusão de mensagens

entre presos e familiares e como ferramenta de coordenação e execução de ordens para beneficiar organizações

criminosas e tentativas de ingresso de objetos e substâncias ilícitas nas unidades prisionais.

Em sua decisão, o Ministro GILMAR MENDES salientou que a jurisprudência do STF aponta no sentido da

impossibilidade da impetração de habeas corpus contra decisão negativa liminar em mandado de segurança impetrado

perante tribunal superior antes do julgamento definitivo da matéria naquela instância. Salientando a importância do

tema – o condicionamento de visita íntima nos presídios federais ao interesse público para a manutenção da ordem e

da segurança pública em nível nacional –, o relator disse ser conveniente aguardar a decisão colegiada do STJ.

O Ministro explicou, ainda, que o STF tem vários precedentes no sentido de que o habeas corpus não é meio

idôneo para pleitear direito de receber visita íntima ou social em estabelecimento prisional, uma vez que não há

efetiva restrição à liberdade do custodiado, o que é objeto de HC. Nesse sentido, citou o julgamento do Habeas

Corpus nº 115.542, pela Segunda Turma da Corte.

Consulte a decisão no portal eletrônico do STJ: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1634024&num_registro=201601823860&data=20170920&formato=PDF

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Consulte o inteiro teor da decisão no portal eletrônico do STF:

http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4932032

Consulte o inteiro teor da decisão no portal do STF: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28HC%24%2ESCLA%2E+E+114093%2ENUME%2E%2

9+NAO+S%2EPRES%2E&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/kqv7nuy

QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO DE CONTAS PÚBLICAS E REQUISIÇÃO

PELO MINISTÉRIO PÚBLICO

O STF, por decisão colegiada da Segunda Turma, em conclusão, negou

provimento a recurso ordinário em habeas corpus (RHC nº 133.118/CE, rel.

Ministro DIAS TOFFOLI) em que se pretendia trancar ação penal instaurada para

apurar crimes de desvio de verbas públicas, lavagem de dinheiro e fraudes em

licitações. Argumentou-se que as provas seriam ilícitas, pois teriam sido colhidas

por meio de quebra de sigilo bancário solicitada por ofício encaminhado pelo Ministério Público, sem autorização

judicial, a gerente de instituição financeira. O Tribunal de origem entendeu que as contas públicas, por força dos

princípios da publicidade e da moralidade, não têm, em geral, direito à intimidade e à privacidade. Por conseguinte,

não são abrangidas pelo sigilo bancário. A defesa alegou que não estaria em discussão a publicidade inerente às contas

públicas, conforme consignado no acórdão recorrido, mas sim a violação ao direito fundamental à intimidade da

pessoa humana. Sustentou que a ação penal movida contra os recorrentes estaria edificada em provas obtidas por meio

inidôneo, pois a autorização judicial é indispensável para a quebra de sigilo bancário (Informativo nº 844).

O Colegiado asseverou que o sigilo de informações necessário à preservação da intimidade é relativizado

quando há interesse da sociedade em conhecer o destino dos recursos públicos.

Diante da existência de indícios da prática de ilícitos penais envolvendo verbas públicas, cabe ao MP, no

exercício de seus poderes investigatórios, requisitar os registros de operações financeiras relativos aos recursos

movimentados a partir de conta-corrente de titularidade da prefeitura municipal. Essa requisição compreende, por

extensão, o acesso aos registros das operações bancárias sucessivas, ainda que realizadas por particulares, e objetiva

garantir o acesso ao real destino desses recursos públicos.

Decidir em sentido contrário implicaria o esvaziamento da própria finalidade do princípio da publicidade, que

é permitir o controle da atuação do administrador público e do emprego de verbas públicas.

OFERECIMENTO DE DENÚNCIA POR PROMOTOR DE JUSTIÇA SEM

ATRIBUIÇÃO PARA ATUAÇÃO NO TRIBUNAL DO JÚRI NÃO VIOLA

O PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL

Recentemente (3.10.2017), a Primeira Turma do STF entendeu que

o oferecimento de denúncia por homicídio doloso, por promotor que não

esteja vinculado ao Tribunal do Júri, não provoca nulidade do processo.

Por maioria de votos, os ministros negaram o Habeas Corpus nº 114.093,

ajuizado contra acórdão do STJ que se pronunciou pela legalidade do

processo.

O relator, Ministro MARCO AURÉLIO MELLO, que havia deferido liminar para suspender a tramitação da ação

penal até o julgamento de mérito do habeas corpus, votou pela concessão definitiva da ordem para sustar a denúncia

por ter sido ofertada por promotor estranho ao Tribunal do Júri. Em seu entendimento, o procedimento violou o

princípio do promotor natural.

Prevaleceu o voto divergente do Ministro ALEXANDRE DE MORAES. Segundo ele, o princípio do promotor

natural visa assegurar a imparcialidade na atuação do Ministério Público tanto em favor da sociedade quanto do

acusado. De acordo com o Ministro, o objetivo do princípio, derivado da interpretação do devido processo legal, é

evitar indicações casuísticas ou retiradas arbitrárias de promotores em casos importantes de forma a orientar o

resultado de determinadas ações.

Em seu entendimento, uma das finalidades do princípio do promotor natural é assegurar a atuação no processo-

crime do membro do Ministério Público com competência para oferecer denúncia, sendo possível haver atenuações,

desde que de acordo com as previsões legais. Ele ressalta que, no caso dos autos, não houve designação arbitrária ou

quebra de autonomia, mas apenas a observância de regras objetivas para preservar a atuação daquele que se supunha o

promotor competente.

“O promotor do júri poderia, a qualquer momento, não ter ratificado a denúncia ou suscitar conflito positivo de

atribuições para seu oferecimento, mas ele seguiu nas investigações e ratificou implicitamente, atuando no processo

até a sentença de pronúncia”, afirmou o Ministro. Esse entendimento foi acompanhado integralmente pelos Ministros

LUÍS ROBERTO BARROS, ROSA WEBER e LUIZ FUX, ficando revogada a liminar concedida pelo Ministro MARCO

AURÉLIO MELLO.

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Consulte a decisão no portal eletrônico do STF: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28ADI%24%2ESCLA%2E+E+5526%2ENUME%2E%29

+NAO+S%2EPRES%2E&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/zzes399

STF DEFINE APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DO CPP A

PARLAMENTARES

Por maioria de votos, o

Plenário do STF decidiu que o

Poder Judiciário tem

competência para impor a

parlamentares as medidas

cautelares do artigo 319 do

Código de Processo Penal (CPP).

Apenas no caso da imposição da

medida que dificulte ou impeça,

direta ou indiretamente, o exercício regular do mandato, a

decisão judicial deve ser remetida, em 24 horas, à respectiva

Casa Legislativa para deliberação, nos termos do artigo 53, § 2º, da Constituição Federal.

A decisão foi prolatada no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5.526,

julgada parcialmente procedente da sessão desta quarta-feira (11.10.2017). Na ação, os partidos

Progressista (PP), Social Cristão (PSC) e Solidariedade pediam interpretação conforme a Constituição para

que a aplicação das medidas cautelares, quando impostas a parlamentares, fossem submetidas à deliberação

da respectiva Casa Legislativa em 24 horas. O prazo está previsto na Constituição para os casos de prisão

em flagrante de crime inafiançável. Nessas hipóteses, diz o texto constitucional, os autos deverão ser

remetidos para que a maioria dos membros delibere sobre a prisão. Pelo entendimento da maioria, no

entanto, apenas a medida que suspenda o mandato ou embarace seu exercício deve ser submetida a

posterior controle político do Legislativo.

Após o relator, Ministro EDSON FACHIN, ter votado pela improcedência da ação, afastando os

argumentos apresentados pelos partidos políticos, houve empate na votação. A Ministra CÁRMEN LÚCIA,

presidente do STF, no uso de suas atribuições legais, proferiu o voto de desempate, sustentando a

necessidade de cumprimento das determinações penais impostas pelo Judiciário aos demais Poderes,

porém, ponderou que o cargo eletivo não é de titularidade do parlamentar, e sim do eleitorado. Por esse

motivo, defendeu a plena aplicabilidade das medidas cautelares alternativas a parlamentares, mas apenas

aquela que implica afastamento da função pública (inciso VI do artigo 319 do CPP) deve ser submetida a

posterior deliberação do Legislativo. “No ponto específico do afastamento do exercício do mandato, como

é o afastamento de algo que foi entregue pelo eleitor, tenho que nesse caso o magistrado deverá tomar as

decisões pertinentes na jurisdição penal, mas deverá encaminhar ao órgão competente para que se tenha a

possibilidade de prosseguimento”, afirmou.

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Procuradores de Justiça: Gilberto Robalinho da Silva - Coordenador

João Albino Cardoso Filho

Lucienne Reis D’Avila Esther Sousa de Oliveira

Luis Alberto Safraider

Lenirce Aparecida Avellaneda Furuya

Silasneiton Gonçalves

Alexandre Lima Raslan

RECURSOS INTERPOSTOS Agosto e setembro/2017

Classe Quantidade

Recurso Especial 53

Agravo em Recurso Especial 4

Agravo Interno em Recurso

Especial 20

Recurso Extraordinário 1

Embargos de Divergência em

Recurso Especial

1

RECURSOS

PROVIDOS

Agosto e setembro /2017

REsp 1.613.636 /MS

REsp 1.666.962/MS

AREsp 782.372/MS

REsp 1.665.999/MS

REsp 1.669.945/MS

REsp 1.657.127/MS

REsp 1.686.311/MS

REsp 1.657.941/MS

REsp 1.669.715/MS

REsp 1.675.468/MS

REsp 1.651.502/MS

REsp 1.657.126/MS

REsp 1.675.425/MS

REsp 1.663.124/MS

REsp 1.516.159/MS

Apoio: Procuradoria-Geral de Justiça

Revisão: Assessoria de Revisão

Seleção de conteúdo: Guilherme Sarian

(Assessor Jurídico)

Coordenação Geral:

Gilberto Robalinho da Silva

Edição e formatação: Juliana Teixeira dos Santos

(Assessora Jurídica)

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