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Edição 05 – outubro/2017
COORDENADORIA DE RECURSOS ESPECIALIZADOS CRIMINAIS – CRECRIM/MS PARTICIPA DE
REUNIÃO DO GRUPO DE ACOMPANHAMENTO DE PROCESSOS DE INTERESSE DO MINISTÉRIO
PÚBLICO NOS TRIBUNAIS SUPERIORES
No dia 27 de setembro de 2017, o Coordenador
de Recursos Especializados Criminais participou da
reunião ordinária do Grupo de Acompanhamento de
Processos de Interesse do Ministério Público nos
Tribunais Superiores (GAP-CNPG), realizada na Sala
Minas Gerais, localizada no Edifício José
Campomizzi Filho, Sede da Procuradoria-Geral de
Justiça do Estado de Minas Gerais, na cidade de Belo
Horizonte/MG, onde, entre outros, se achava presente
o Presidente do GAP-CNPG, ANTÔNIO SÉRGIO
TONET, Procurador-Geral de Justiça do Estado de
Minas Gerais.
Na ocasião, o Procurador de Justiça GILBERTO ROBALINHO DA SILVA expôs tese recursal
adotada pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul e sustentada perante os
Tribunais Superiores. A tese versa sobre violação do artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal
e contrariedade às disposições dos artigos 9º e 10 do Código de Processo Civil, aplicáveis ao
processo penal por força do artigo 3º do Código de Processo Penal, por parte de decisões, de
ofício, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, sem a oitiva das partes. Aprovada a tese, à
unanimidade dos membros do Ministério Público brasileiro com assento no Grupo, por sugestão
do Procurador de Justiça de Minas Gerais ADILSON NASCIMENTO, o GAP-CNPG agasalhou a tese
do MP/MS e decidiu pela orientação ao Ministério Público brasileiro visando a interposição de
recursos sobre o tema.
EDITORIAL
É inconteste a evolução – em qualidade e quantidade – na atuação dos Procuradores de Justiça integrantes da Coordenadoria
de Recursos Especializados Criminais. A CRECrim, por intermédio dos membros que a compõem, tem cumprido com
galhardia as atribuições conferidas pela Resolução nº 006/2016-CPJ, em especial, a interposição de todos os recursos
necessários perante as Cortes Superiores, bem como outras medidas processuais cabíveis. No segundo semestre do ano de
2015, foram interpostos 73 (setenta e três) recursos e apresentadas 326 (trezentas e vinte e seis) contrarrazões. No ano de
2016, foram interpostos 250 (duzentos e cinquenta) recursos e apresentadas 1.076 (mil e setenta e seis) contrarrazões. No ano
de 2017, somente até o final de julho, foram interpostos 214 (duzentos e quatorze) recursos e apresentadas 921 (novecentas e
vinte e uma) contrarrazões. Recentemente, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul teve a grata notícia da
edição das Súmulas 587, 588 e 589 pela Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, fruto do empenho da Ex-
Coordenadora de Recursos Especializados Criminais do Estado de Mato Grosso do Sul, LUCIENNE REIS D’AVILA, que tomou a
iniciativa de provocar o Tribunal da Cidadania, propondo, inclusive, a redação das súmulas. Na condição de Coordenador da
CRECrim, manifesto orgulho, porquanto demonstra que o Ministério Público Sul-Mato-Grossense tem atuado firmemente
junto aos Tribunais Superiores, notadamente, ao Superior Tribunal de Justiça, assumindo posição de vanguarda no cenário
nacional.
Para o aprimoramento, as sugestões, críticas, matérias a serem divulgadas e outros assuntos serão atendidos pelo e-mail
[email protected], ou por meio do telefone (67) 3318-3906.
Boa leitura!
RHC 70.141-RJ, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por unanimidade, julgado em 7/2/2017, DJe 16/2/2017.
Lucienne Reis D’Avila - Coordenadora
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Consulte a decisão no portal eletrônico do STJ:
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1641179&num_registro=201603259674&data=20171004&formato=PDF
AFETAÇÃO DE RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE
MATO GROSSO DO SUL PARA SER JULGADO COMO RECURSO REPETITIVO
No Recurso Especial nº 1.643.051/MS, interposto pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso
do Sul, o Relator, Ministro ROGÉRIO SCHIETTI CRUZ, propôs afetação para que seja julgado como recurso
repetitivo.
Entenda o caso: Condenado a reparar os danos morais sofridos pela vítima, no importe de R$
3.000,00 (três mil reais), pela prática de crime de ameaça, com violência doméstica e familiar contra a
mulher, ALYSON LUCAS SAMPAIO DOS SANTOS interpôs recurso de Apelação Criminal (nº 0021828-
20.2015.8.12.0001).
O acórdão da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul, por
maioria, manteve a sentença de primeiro grau. Inconformado, com base no voto divergente do
Desembargador RUY CELSO BARBOSA FLORENCE, o apelante ALYSON LUCAS SAMPAIO DOS SANTOS
interpôs Embargos Infringentes, pleiteando o afastamento da indenização fixada em favor da vítima.
A Seção Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, por maioria, deu
provimento ao recurso para decotar a fixação da
indenização.
Assim é que a 3ª Procuradoria de Justiça Criminal,
de titularidade do Procurador de Justiça GILBERTO
ROBALINHO DA SILVA, interpôs Recurso Especial,
sustentando que o acórdão contrariou o artigo 387, inciso
IV, do Código de Processo Penal.
Após parecer favorável do Ministério Público
Federal, a 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, acolheu a proposta de afetação do recurso
especial ao rito dos recursos repetitivos para que a Corte
Superior possa firmar tese jurídica sobre o tema da
aferição do dano moral nos casos de violência doméstica
cometida contra a mulher no âmbito doméstico e familiar,
nos termos do voto do Ministro Relator ROGÉRIO
SCHIETTI CRUZ.
Segundo o Ministro, há uma pequena divergência entre as turmas sobre o tema: “Há um
entendimento de que é necessário que o Ministério Público formule expressamente o pedido na denúncia
para que se fixe o dano moral na sentença, mas a 5ª turma tem alguns julgados entendendo que além disso
se faz necessário discutir, durante a instrução, o valor desse dano moral”.
Na decisão, o Ministro Relator destacou a importância de o colegiado julgar o tema sob o rito dos
repetitivos para que seja possível dirimir essas divergências e fixar uma tese que servirá de parâmetro para
os casos que versem sobre a matéria.
O artigo 1.036 do Código de Processo Civil dispõe que, quando houver multiplicidade de recursos
especiais com fundamento em idêntica controvérsia, a análise do mérito recursal pode ocorrer por
amostragem, mediante a seleção de recursos que representem de maneira adequada a controvérsia. Recurso
repetitivo, portanto, é aquele que representa um grupo de recursos especiais que tenham teses idênticas, ou
seja, que possuam fundamento em idêntica questão de direito. Segundo a legislação processual, cabe ao
Presidente ou Vice-Presidente do tribunal de origem selecionar dois ou mais recursos que melhor
representem a questão de direito repetitiva e encaminhá-los ao Superior Tribunal de Justiça para afetação,
devendo os demais recursos sobre a mesma matéria ter a tramitação suspensa. Após o julgamento e a
publicação da decisão colegiada sobre o tema repetitivo pelo Superior Tribunal de Justiça, a mesma solução
será aplicada aos demais processos que estiverem suspensos na origem.
Essa sistemática tem como objetivo concretizar os princípios da celeridade na tramitação de
processos, da isonomia de tratamento às partes processuais e da segurança jurídica.
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Consulte a decisão no portal eletrônico do STJ: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1614764&num_registro=201602972190&data=20170901&formato=PDF
Consulte a decisão no portal eletrônico do STJ: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1564058&num_registro=201202242049&data=20170914&formato=PDF
TRIBUNAL DO JÚRI - NECESSIDADE DE CIÊNCIA À DEFESA DA
JUNTADA DE LAUDO PERICIAL COMPLEMENTAR, COM
PRÉVIA ANTECEDÊNCIA DE TRÊS DIAS ÚTEIS
Conforme decisão prolatada no REsp nº 1.637.288-SP, a Sexta
Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o prazo de 3 (três) dias
úteis a que se refere o artigo 479 do Código de Processo Penal deve
ser respeitado não apenas para a juntada de documento ou objeto, mas
também para a ciência da parte contrária a respeito de sua utilização
no Tribunal do Júri. Para a Corte Cidadã, de nada serviria esta
exigência legal se a ciência se desse apenas, por exemplo, às vésperas da sessão de julgamento, sem que a parte
tivesse tempo suficiente para conhecer a fundo o documento e colher elementos para, se for o caso, refutá-lo. A lei
seria inócua. De nada adiantaria a exigência de que o documento seja juntado com tempo razoável se não vier
acompanhada da necessidade de que a parte contrária seja cientificada também em tempo razoável da juntada. Nessa
linha de raciocínio, a doutrina ratifica que “não se trata de mera juntada do documento aos autos, mas sim [d]a efetiva
ciência da parte contrária, no mínimo três dias úteis antes do julgamento”. Sendo assim, considerando que a intenção
do legislador é garantir o julgamento justo, permitindo às partes (defesa e acusação) conhecer de documento relevante
para o julgamento e, em tempo hábil, se manifestar sobre ele, é de suma importância que a ciência da parte contrária e
a juntada do documento ou exibição de objeto se dê no tríduo legal.
O TERMO INICIAL DA CONTAGEM DO PRAZO PARA IMPUGNAR DECISÃO JUDICIAL PARA O MINISTÉRIO
PÚBLICO CONTA-SE DA DATA DA ENTREGA DOS AUTOS NA REPARTIÇÃO ADMINISTRATIVA DO ÓRGÃO
Em sede de Recurso Especial (REsp nº 1.349.935-SE), recentemente, o STJ decidiu que o termo inicial da
contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério Público, a data
da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante que a
intimação pessoal tenha se dado em audiência, em cartório ou por mandado.
A controvérsia foi estabelecida com vistas a saber se a intimação do Ministério
Público, nas hipóteses em que o respectivo membro se fez presente na audiência onde o
ato foi produzido, já determina o início do cômputo do prazo para recorrer, ou se o
prazo somente se inicia com a remessa dos autos com vista à Instituição.
Para bem desincumbir-se de suas atribuições constitucionais, assegurou-se ao
Ministério Público um extenso rol de prerrogativas, direitos, garantias e deveres, de
estatura constitucional (arts. 127 a 129 da CF) e legal (arts. 17 e 18 da Lei
Complementar nº 75/1993 e 38 a 42 da Lei nº 8.625/1993), permeados diretamente por
princípios que singularizam tal Instituição e que influenciam no exercício do contraditório efetivo, entre os quais, a
unidade e a indivisibilidade.
A substituição de um membro por outro não fragmenta a atuação ministerial, pois é a Instituição, representada
pelos seus membros, quem pratica o ato.
Tal circunstância é de suma importância para a percepção da singularidade que caracteriza e diferencia a
atuação de um Promotor de Justiça (ou de um Procurador da República). Isso porque nem sempre será o mesmo
agente público responsável pela condução e, posteriormente, pela impugnação dos atos praticados durante a audiência.
Diante dessas premissas, inviável a restrição promovida na instância de origem ao mecanismo de intimação
pessoal dos membros do Ministério Público, em confronto com os princípios institucionais mencionados, os quais,
aliados à dimensão que se tem dado ao contraditório e às peculiaridades que informam a atuação do Parquet perante a
jurisdição criminal, permitem o exercício efetivo das atribuições de uma Instituição essencial à administração da
justiça, voltadas à proteção não apenas da ordem jurídica, mas, também, dos interesses sociais e individuais
indisponíveis.
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Consulte o inteiro teor da decisão no portal eletrônico do STF: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28HC%24%2ESCLA%2E+E+148119%2ENUME%2E%29+NAO+S%2EPRES%2E&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/yb6m6hgy
EM CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, O PAGAMENTO DO
TRIBUTO, MESMO APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO, É CAUSA DE
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Nos termos da decisão proferida no Habeas Corpus nº 362.478-SP,
de relatoria do ministro JORGE MUSSI, o pagamento do débito tributário, a
qualquer tempo, até mesmo após o advento do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória, é causa de extinção da punibilidade do
acusado.
A questão posta no habeas corpus consiste em definir se a quitação
do tributo, após o trânsito em julgado da sentença condenatória por crime
contra a ordem tributária, obsta a extinção da punibilidade com base no artigo 9º, § 2º, da Lei Federal nº 10.684/2003.
Segundo o entendimento firmado, da leitura do artigo 9º, § 2º, da lei supracitada, depreende-se que o legislador
ordinário não fixou um limite temporal dentro do qual o adimplemento da obrigação tributária e seus acessórios
significaria a extinção da punibilidade do agente pela prática da sonegação fiscal, deixando transparecer que, uma vez
em dia com o Fisco, o Estado não teria mais interesse em atribuir-lhe uma reprimenda corporal em razão da sonegação
verificada.
Nessa linha de raciocínio, a doutrina refere-se à interpretação jurisprudencial que vem sendo dada pelos
tribunais pátrios à matéria, assinalando que, “como a regra em comento não traz nenhum marco para sua incidência, o
pagamento se pode dar a qualquer tempo”, entendimento compartilhado, inclusive, pelo Supremo Tribunal Federal
(STF, HC nº 81.929, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Rel. para o acórdão Min. Cezar Peluso, Primeira Turma, DJ
27/2/2004). Portanto, se, no histórico das leis que regulamentam o tema, o legislador ordinário, no exercício da sua
função constitucional e de acordo com a política criminal adotada, optou por retirar o marco temporal previsto para o
adimplemento da obrigação tributária redundar na extinção da punibilidade do agente sonegador, é vedado ao Poder
Judiciário estabelecer tal limite, ou seja, dizer o que a Lei não diz, em verdadeira interpretação extensiva não cabível
na hipótese, porquanto incompatível com a ratio da legislação em apreço.
HABEAS CORPUS É INVIÁVEL PARA PLEITEAR DIREITO DE RECEBER
VISITA EM PRISÃO
Em sede de habeas corpus (nº 148.119), o Ministro GILMAR MENDES
negou o pedido formulado por um líder da facção criminosa Comando
Vermelho, que questionava a proibição de visitas íntimas nos presídios federais
para chefes de organizações criminosas. Entre outros fundamentos, o relator
destacou que o habeas corpus não se mostra viável para questionar restrição de
visitas em presídios.
A Portaria nº 718/2017 do Ministério da Justiça, ao regulamentar as
visitas íntimas no interior das penitenciárias federais, proibiu a concessão de visita, entre outros, para líderes de
organizações criminosas e custodiados submetidos ao Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). A norma levou em
consideração atentados praticados contra agentes penitenciários comandados por facções criminosas e o argumento de
que o direito de visita íntima no Sistema Penitenciário Federal tem sido utilizado como meio de difusão de mensagens
entre presos e familiares e como ferramenta de coordenação e execução de ordens para beneficiar organizações
criminosas e tentativas de ingresso de objetos e substâncias ilícitas nas unidades prisionais.
Em sua decisão, o Ministro GILMAR MENDES salientou que a jurisprudência do STF aponta no sentido da
impossibilidade da impetração de habeas corpus contra decisão negativa liminar em mandado de segurança impetrado
perante tribunal superior antes do julgamento definitivo da matéria naquela instância. Salientando a importância do
tema – o condicionamento de visita íntima nos presídios federais ao interesse público para a manutenção da ordem e
da segurança pública em nível nacional –, o relator disse ser conveniente aguardar a decisão colegiada do STJ.
O Ministro explicou, ainda, que o STF tem vários precedentes no sentido de que o habeas corpus não é meio
idôneo para pleitear direito de receber visita íntima ou social em estabelecimento prisional, uma vez que não há
efetiva restrição à liberdade do custodiado, o que é objeto de HC. Nesse sentido, citou o julgamento do Habeas
Corpus nº 115.542, pela Segunda Turma da Corte.
Consulte a decisão no portal eletrônico do STJ: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1634024&num_registro=201601823860&data=20170920&formato=PDF
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Consulte o inteiro teor da decisão no portal eletrônico do STF:
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4932032
Consulte o inteiro teor da decisão no portal do STF: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28HC%24%2ESCLA%2E+E+114093%2ENUME%2E%2
9+NAO+S%2EPRES%2E&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/kqv7nuy
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO DE CONTAS PÚBLICAS E REQUISIÇÃO
PELO MINISTÉRIO PÚBLICO
O STF, por decisão colegiada da Segunda Turma, em conclusão, negou
provimento a recurso ordinário em habeas corpus (RHC nº 133.118/CE, rel.
Ministro DIAS TOFFOLI) em que se pretendia trancar ação penal instaurada para
apurar crimes de desvio de verbas públicas, lavagem de dinheiro e fraudes em
licitações. Argumentou-se que as provas seriam ilícitas, pois teriam sido colhidas
por meio de quebra de sigilo bancário solicitada por ofício encaminhado pelo Ministério Público, sem autorização
judicial, a gerente de instituição financeira. O Tribunal de origem entendeu que as contas públicas, por força dos
princípios da publicidade e da moralidade, não têm, em geral, direito à intimidade e à privacidade. Por conseguinte,
não são abrangidas pelo sigilo bancário. A defesa alegou que não estaria em discussão a publicidade inerente às contas
públicas, conforme consignado no acórdão recorrido, mas sim a violação ao direito fundamental à intimidade da
pessoa humana. Sustentou que a ação penal movida contra os recorrentes estaria edificada em provas obtidas por meio
inidôneo, pois a autorização judicial é indispensável para a quebra de sigilo bancário (Informativo nº 844).
O Colegiado asseverou que o sigilo de informações necessário à preservação da intimidade é relativizado
quando há interesse da sociedade em conhecer o destino dos recursos públicos.
Diante da existência de indícios da prática de ilícitos penais envolvendo verbas públicas, cabe ao MP, no
exercício de seus poderes investigatórios, requisitar os registros de operações financeiras relativos aos recursos
movimentados a partir de conta-corrente de titularidade da prefeitura municipal. Essa requisição compreende, por
extensão, o acesso aos registros das operações bancárias sucessivas, ainda que realizadas por particulares, e objetiva
garantir o acesso ao real destino desses recursos públicos.
Decidir em sentido contrário implicaria o esvaziamento da própria finalidade do princípio da publicidade, que
é permitir o controle da atuação do administrador público e do emprego de verbas públicas.
OFERECIMENTO DE DENÚNCIA POR PROMOTOR DE JUSTIÇA SEM
ATRIBUIÇÃO PARA ATUAÇÃO NO TRIBUNAL DO JÚRI NÃO VIOLA
O PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL
Recentemente (3.10.2017), a Primeira Turma do STF entendeu que
o oferecimento de denúncia por homicídio doloso, por promotor que não
esteja vinculado ao Tribunal do Júri, não provoca nulidade do processo.
Por maioria de votos, os ministros negaram o Habeas Corpus nº 114.093,
ajuizado contra acórdão do STJ que se pronunciou pela legalidade do
processo.
O relator, Ministro MARCO AURÉLIO MELLO, que havia deferido liminar para suspender a tramitação da ação
penal até o julgamento de mérito do habeas corpus, votou pela concessão definitiva da ordem para sustar a denúncia
por ter sido ofertada por promotor estranho ao Tribunal do Júri. Em seu entendimento, o procedimento violou o
princípio do promotor natural.
Prevaleceu o voto divergente do Ministro ALEXANDRE DE MORAES. Segundo ele, o princípio do promotor
natural visa assegurar a imparcialidade na atuação do Ministério Público tanto em favor da sociedade quanto do
acusado. De acordo com o Ministro, o objetivo do princípio, derivado da interpretação do devido processo legal, é
evitar indicações casuísticas ou retiradas arbitrárias de promotores em casos importantes de forma a orientar o
resultado de determinadas ações.
Em seu entendimento, uma das finalidades do princípio do promotor natural é assegurar a atuação no processo-
crime do membro do Ministério Público com competência para oferecer denúncia, sendo possível haver atenuações,
desde que de acordo com as previsões legais. Ele ressalta que, no caso dos autos, não houve designação arbitrária ou
quebra de autonomia, mas apenas a observância de regras objetivas para preservar a atuação daquele que se supunha o
promotor competente.
“O promotor do júri poderia, a qualquer momento, não ter ratificado a denúncia ou suscitar conflito positivo de
atribuições para seu oferecimento, mas ele seguiu nas investigações e ratificou implicitamente, atuando no processo
até a sentença de pronúncia”, afirmou o Ministro. Esse entendimento foi acompanhado integralmente pelos Ministros
LUÍS ROBERTO BARROS, ROSA WEBER e LUIZ FUX, ficando revogada a liminar concedida pelo Ministro MARCO
AURÉLIO MELLO.
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Consulte a decisão no portal eletrônico do STF: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28ADI%24%2ESCLA%2E+E+5526%2ENUME%2E%29
+NAO+S%2EPRES%2E&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/zzes399
STF DEFINE APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DO CPP A
PARLAMENTARES
Por maioria de votos, o
Plenário do STF decidiu que o
Poder Judiciário tem
competência para impor a
parlamentares as medidas
cautelares do artigo 319 do
Código de Processo Penal (CPP).
Apenas no caso da imposição da
medida que dificulte ou impeça,
direta ou indiretamente, o exercício regular do mandato, a
decisão judicial deve ser remetida, em 24 horas, à respectiva
Casa Legislativa para deliberação, nos termos do artigo 53, § 2º, da Constituição Federal.
A decisão foi prolatada no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5.526,
julgada parcialmente procedente da sessão desta quarta-feira (11.10.2017). Na ação, os partidos
Progressista (PP), Social Cristão (PSC) e Solidariedade pediam interpretação conforme a Constituição para
que a aplicação das medidas cautelares, quando impostas a parlamentares, fossem submetidas à deliberação
da respectiva Casa Legislativa em 24 horas. O prazo está previsto na Constituição para os casos de prisão
em flagrante de crime inafiançável. Nessas hipóteses, diz o texto constitucional, os autos deverão ser
remetidos para que a maioria dos membros delibere sobre a prisão. Pelo entendimento da maioria, no
entanto, apenas a medida que suspenda o mandato ou embarace seu exercício deve ser submetida a
posterior controle político do Legislativo.
Após o relator, Ministro EDSON FACHIN, ter votado pela improcedência da ação, afastando os
argumentos apresentados pelos partidos políticos, houve empate na votação. A Ministra CÁRMEN LÚCIA,
presidente do STF, no uso de suas atribuições legais, proferiu o voto de desempate, sustentando a
necessidade de cumprimento das determinações penais impostas pelo Judiciário aos demais Poderes,
porém, ponderou que o cargo eletivo não é de titularidade do parlamentar, e sim do eleitorado. Por esse
motivo, defendeu a plena aplicabilidade das medidas cautelares alternativas a parlamentares, mas apenas
aquela que implica afastamento da função pública (inciso VI do artigo 319 do CPP) deve ser submetida a
posterior deliberação do Legislativo. “No ponto específico do afastamento do exercício do mandato, como
é o afastamento de algo que foi entregue pelo eleitor, tenho que nesse caso o magistrado deverá tomar as
decisões pertinentes na jurisdição penal, mas deverá encaminhar ao órgão competente para que se tenha a
possibilidade de prosseguimento”, afirmou.
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Procuradores de Justiça: Gilberto Robalinho da Silva - Coordenador
João Albino Cardoso Filho
Lucienne Reis D’Avila Esther Sousa de Oliveira
Luis Alberto Safraider
Lenirce Aparecida Avellaneda Furuya
Silasneiton Gonçalves
Alexandre Lima Raslan
RECURSOS INTERPOSTOS Agosto e setembro/2017
Classe Quantidade
Recurso Especial 53
Agravo em Recurso Especial 4
Agravo Interno em Recurso
Especial 20
Recurso Extraordinário 1
Embargos de Divergência em
Recurso Especial
1
RECURSOS
PROVIDOS
Agosto e setembro /2017
REsp 1.613.636 /MS
REsp 1.666.962/MS
AREsp 782.372/MS
REsp 1.665.999/MS
REsp 1.669.945/MS
REsp 1.657.127/MS
REsp 1.686.311/MS
REsp 1.657.941/MS
REsp 1.669.715/MS
REsp 1.675.468/MS
REsp 1.651.502/MS
REsp 1.657.126/MS
REsp 1.675.425/MS
REsp 1.663.124/MS
REsp 1.516.159/MS
Apoio: Procuradoria-Geral de Justiça
Revisão: Assessoria de Revisão
Seleção de conteúdo: Guilherme Sarian
(Assessor Jurídico)
Coordenação Geral:
Gilberto Robalinho da Silva
Edição e formatação: Juliana Teixeira dos Santos
(Assessora Jurídica)
E-mail: [email protected]
Telefone: (67) 3318-8905