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O JORNAL DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA | ANO 10 | Nº 119 | MARÇO 2015 págs. 8 e 9 Notícias da Igreja Um ano em Salvador Bispo Auxiliar de Salvador, Dom Estevam dos Santos, anuncia projetos para 2015. pág. 5 Contexto Por um mundo de paz Projetos sociais de Salvador driblam a vio- lência e conseguem tirar cada vez mais jovens de um ambiente hostil. pág. 11 Umdia.com Vivendo a música Inspirada por São Francisco de Assis, cantora, autora e pesquisadora Nairzinha, resolveu transmitir sua arte ao mundo e coleciona 40 anos de carreira. pág. 10 Luana Assiz Rosa Brito Distribuição Gratuita www.arquidiocesesalvador.org.br | twitter: @ArquiSalvador | facebook: Arquidiocese de Salvador José eduardo Ferreira Aniversário! Fel i z São Salvador completa dez anos de existência e os editores que passaram pelo veículo revelam: o segredo está na presença de Deus e na parceria com o leitor.

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Page 1: Ed mar 15 jss

O JORNAL DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA | ANO 10 | Nº 119 | MARÇO 2015

págs. 8 e 9

Notícias da Igreja

Um ano em Salvador

Bispo Auxiliar de Salvador, Dom Estevam dos Santos, anuncia projetos para 2015.

pág. 5

Contexto

Por um mundo de paz

Projetos sociais de Salvador driblam a vio-lência e conseguem tirar cada vez mais jovens de um ambiente hostil.

pág. 11

Umdia.com

Vivendo a música

Inspirada por São Francisco de Assis, cantora, autora e pesquisadora Nairzinha, resolveu transmitir sua arte ao mundo e coleciona 40 anos de carreira.

pág. 10

Luana AssizRosa Brito

DistribuiçãoGratuitawww.arquidiocesesalvador.org.br | twitter: @ArquiSalvador | facebook: Arquidiocese de Salvador

José eduardo Ferreira

Aniversário!FelizSão Salvador completa dez anos de existência e os editores que passaram pelo veículo revelam: o segredo está na presença de Deus e na parceria com o leitor.

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O JORNAL DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA | ANO 10 | Nº 119 | MARÇO 201502

Cheia de encantos, belezas e desafios, a ci-dade do Salvador completa 466 anos no final do mês. Os sinais da manifestação de amor

de Deus por esta terra pode ser visto em todos os lugares, das pessoas que aqui vivem à natureza que nos cerca. Também é visível a riqueza da fé que os soteropolitanos carregam.

Neste mês, o São Salvador também faz ani-iversário. Comemoramos dez anos desta tão queri-da publicação da Arquidiocese. Nestes 120 meses de existência, o nosso jornal chegou até você e a sua comunidade levando boas notícias. Para quem não sabe, a cidade e o jornal, que compartilham o mesmo nome, também dividem a mesma data de aniversário: 29 de março. Por coincidência ou de propósito? De propósito. O São Salvador é um pre-sente da Arquidiocese (que também leva o mesmo nome) aos cidadãos da capital baiana. Também é um presente para os 14 municípios que compõem esta Igreja Particular.

Temos como desafio permanente noticiar a ação Pastoral da Igreja e contribuir na construção

Uma cidade e um jornal

Que o São Salvador abençoe a nossa cidade e o nosso jornal - Imagem da Catedral Basílica de Salvador.

André Machado

Editorial

Expediente O Jornal São Salvador é uma publicação da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, produzida pela Pastoral da Comunicação.

Arcebispo: Dom Murilo SebastiãoRamos Krieger, scjBispos Auxiliares: Dom Gilson Andrade da Silva; Dom Marco Eugênio Galrão Leite; Dom Estevam dos Santos Silva Filho

Coordenação: Patrícia Luz – DRT/BA 3658Edição: Rosa BritoRedação: Luana Assiz (DRT/BA 3316), Rosa Brito (DRT/BA 2670) e Sara Gomes (DRT/BA 3757)Revisão: Sara Gomes e Rosa BritoProjeto Gráfico original: Moisés GarciaProjeto gráfico atual, Direção de Arte e Diagramação: Helder V. FlorentinoGráfica: Correio da BahiaPeriodicidade: Mensal

Endereço: Av. Leovigildo Filgueiras, 270,Garcia - Cep: 40.100-050. Salvador - BATel.: 4009-6604 / 4009-6688E-mail: [email protected] anunciar: [email protected].: 4009-6604 / 4009-6688

Envio de notícias: as notícias podem ser enviadas até o dia 10 do mês anterior ao da publicação através do e-mail:[email protected].

Espaço Aberto Entre Aspas

Eu convoco a todos para abandonar a violência e ter respeito pela dignidade de todas as pessoas e pela sacralidade da vida humana

Papa Francisco,lembrando da situação na Venezuela, durante

missa realizada no Vaticano.

Participe! Escreva para [email protected] ou para o endereço: Jornal São Sal-vador/PASCOM. Avenida Leovigildo Filgueiras, 270, Garcia. Cep: 40.100-050. Salvador – BA

“Falo com certeza que é diferenciada, pelo exemplo do pa-dre Benedito Pereira, que não mediu esforços para modificar a

realidade, um trabalho de amor que motiva a todos”Rafaella Scheidegger,

referindo-se à matéria sobre paroquianos de São João Evangelista, em Mussurunga, que sairam de porta em porta para realizar matrículas para

a Catequese e Crisma, via página da Arquidiocese no Facebook.

“Muito boa a iniciativa da Arquidiocese de Salvador. Sabendo-se que essa responsabilidade é dos governantes, dos quais os recursos

são geridos e arrecadados. Sabemos como essa atitude é urgente. Não devemos nos calar com as necessidades dos nossos irmãos.”

Iolanda Silva,sobre a campanha S.O.S Incêndio Massaranduba, via portal arquidiocesano.

de uma cultura de paz. Apresentamos a Boa- Nova de Cristo que se revela em tan-tos gestos concretos de bondade e amor praticados em nossa sociedade. Produzi-mos mensalmente um conteúdo que pode ajudar na reflexão sobre os princi-pais desafios vividos pela humanidade atualmente.

Esses dez anos de existência só podem ser celebrados hoje, graças a sua devolução fiel do dízimo na sua paróquia. Muito obrigada por sua fidelidade! Tam-bém queremos agradecer ao padre Ma-noel de Oliveira Filho, que apostou nesse projeto e não mediu esforços para con-cretizá-lo. Agradecemos a Dom Murilo, nosso querido pastor, pela confiança e apoio. E a equipe da Pastoral da Comuni-cação? Ah, a essa equipe tão comprometi-da o meu sincero agradecimento.

Queremos seguir firmes nessa caminhada da evangelização através

África não é só pobreza. É neste continente que se encontram os vestígios da humanidade. O povo é forte e culturalmente rico e com uma história apreciável. A terra é riquíssima em recursos naturais e a Igreja tem grandes santos e doutores, além de mi-lhares de mártires

Dom Luiz Fernando Lisboa,bispo da diocese de Pemba, Moçambique.

da comunicação e convidamos você a fazer parte dessa história. Leia o São Salvador. Compartilhe-o com os seus amigos. Mande para nós as sugestões e críticas. Vai ser uma alegria receber a sua opinião. Boa leitura!

Page 3: Ed mar 15 jss

O JORNAL DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA | ANO 10 | Nº 119 | MARÇO 2015 03

Nas semanas da Quaresma, so-mos convidados a penetrar nos sentimentos de Jesus Cristo.

Passarão diante de nós cenas do seu julgamento, da traição que sofreu, dos sofrimentos que suportou e, enfim, da sua crucifixão. Vindo do alto da Cruz, ouviremos uma exclamação, que con-tinua ressoando no mundo: “Tudo está consumado!” (Jo 19,30).

“Tudo está consumado!” Mas, o que há por trás desse “tudo”? Quem nos ajuda a ter uma resposta é o au-tor da carta aos Hebreus, que afirma: “Muitas vezes e de muitos modos, Deus falou outrora aos nossos pais, pelos profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o uni-verso” (Hb 1,1-2). “Ao entrar no mundo” – é ainda o autor da Carta aos Hebreus que afirma – “Cristo declara: ...Eis que vim, ó Deus, para fazer a tua vontade” (Hb 10,5 e 7). Dizer, pois, “Tudo está consumado!” é o mesmo que afirmar: fiz a vontade do Pai em tudo e até o fim de minha vida!

Um soldado, para ter certeza de que realmente morrera Aquele que disse ter vindo ao mundo para que to-

Foi o primeiro testemunho a respeito da divindade de Cristo, feito após sua morte. Esse testemunho seria repeti-do, ao longo dos séculos, por milhares de pessoas que colocariam suas vidas nas mãos do Mestre da Galileia, acre-ditando ser ele o Filho de Deus, dando a vida por esta verdade e morrendo para testemunhá-la.

É interessante lembrar o que faziam outros, naquele mesmo momento: Pilatos e as demais auto-ridades romanas estavam tranquilas: não havia mais ameaça a seu poder; os doutores da Lei sentiam-se vitoriosos: aquele homem que lhes criara tantos problemas, não os incomodaria mais. Podiam, agora, celebrar a Ceia pascal. Não sabiam que o verdadeiro Cordeiro Pascal, que tira os pecados do mundo, acabara de ser imolado. Melhor: se imolara. Os soldados tinham consciên-cia de que sua missão chegara ao fim: mais um criminoso havia sido julgado, condenado e crucificado. Não sabiam que haviam participado de um mo-mento histórico.

O tempo da Quaresma é para nos ajudar a responder: diante dos sofrimentos de nosso Salvador, o que fazemos nós?...

Tudo estáconsumado!

reprodução

Palavra do Pastor

Liturgia Diária

Dom Murilo S.R. Krieger, scjArcebispo de São Salvadorda Bahia, Primaz do Brasil

Março/2015Domingo Segunda

QUARESMACor: roxoLeituras:

Gn 22, 1-2.9a.10-13.15-18Sl 115(116B)

Rm 8,31b-34Mc 9,2 -10

(Transfiguração)1ª Semana do Saltério

01 Cor: roxoLeituras:

Dn 9, 4b-10Sl 78(79)

Lc 6,36-38

02

Terça

Cor: roxoLeituras:

Is 1, 10.16-20Sl 40(50)

Mt 23, 1-2

03

Quarta

Cor: roxoLeituras:

Jr 18,18 -20Sl 30(31)

Mt 20, 17-281

04

Quinta

Cor: roxoLeituras:Jr 17,5-10

Sl 1Lc 16, 19-31

05

Sexta

Cor: roxo Leituras:

Gn -4.12-13a.17b-28Sl 104 (105)

Mt 21,33-43.45-461ª Sexta-feira do mês

06

Sábado

Cor: roxo Leituras:

Mq 7,14-15.18-20

Sl 102(103)Lc 15,1-3.11-32

07

3º QUARESMACor: roxoLeituras:

Ex 20,1-17Sl 18(19b)

1Cor 1, 22-25Jo 2,13-25

(Mercadores no templo)3ª Semana do Saltério

08 Cor: roxoLeituras:

2Rs 5,1-15aSl 41(42)

Lc 4,24-30

09 Cor: roxoLeituras:

Dn 3,25.34-43Sl 24(25)

Mt 18,21-35

10 Cor: roxoLeituras:

Dt 4,1.5-9Sl 147 (147B)

Mt 5,17-19

11 Cor: roxoLeituras:Jr 7,23-28Sl 94(95)

Lc 11,14-23

12 Cor: roxoLeituras:

Os 14,2-10Sl 80 (81)

Mc 12,28b-34

13 Cor: roxoLeituras:Os 6,1-6

Sl 50 (51)Lc 18,9-14

14

4º QUARESMACor: verde

Leituras:2Cr 36,14-16.19-23

Sl 136 (137)Ef 2, 4-10Jo 3,14-21

(Jesus vida e luz)4ª Semana do Saltério

15 Cor: roxoLeituras:

Is 65, 17-21Sl 29(30)

Jo 4,43-54

16 Cor: roxoLeituras:

Ez 47, 1-9.12Sl 45(46)Jo 5,1-16

17 Cor: roxoLeituras:Is 49,8-15

Sl 144(145)Jo 5,17-30

18 São JoséCor: branco

Leituras:2Sm 7,4-5ª.12-14ª.16

Sl 88(89)Rm 4,13.16-18.22Mt 1,16.18-21.24a

19 Cor: roxoLeituras:

Sb 2,1ª.12-22Sl 33(34)

Jo 7,1-2.10.25-30

20 Cor: roxoLeituras:

Jr 11,18-20Sl 7

Jo 7,40-53

21

5º QUARESMACor: roxoLeituras:

Jr 31,31-34Sl 50(51)Hb 5,7-9

Jo 12,20-33(Morte e Glorificação)1ª Semana do Saltério

22 Cor: roxoLeituras:

Dn 13,41c-62Sl 22(23)Jo 8,1-11

23 Cor: roxoLeituras:

Nm 21,4-9Sl 101 (102)Jo 8,21-30

24 Anunciação do Senhor

Cor: brancoLeituras:

Is 7,10-14; 8,10Sl 39(40)

Hb 10,4-10Lc 1,26-38

25 Cor: roxoLeituras:Gn 17,3-9

Sl 104 (105)Jo 8, 51-59

26 Cor: roxoLeituras:

Jr 20,10-13Sl 17(18)

Jo 10,31-42

27 Cor: roxoLeituras:

Ez 37,21-28Cânt.: Jr

31,10.11-12ab.13Jo 11,45-56

28

dos tivessem vida, golpeou-lhe o lado com uma lança e comprovou que, real-mente, Tudo está consumado! Do co-ração aberto de Cristo saíram sangue e água. Mas saiu muito mais: saiu a Igreja, sua esposa, que nascia naquele momento. Saíram os sacramentos, particularmente o batismo. Essa água

que saiu do lado aberto de Cristo have-ria de lavar milhões de corações, purifi-cando-os e salvando-os.

Um soldado que estava ali no Calvário, vendo que Jesus tinha ex-pirado, exclamou: “Na verdade, este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39).

RAMOSCor: vermelho

Leituras:Ts 50,4-7Sl 21 (22)Fl 2,6-11

Mc 15,1-39(Paixão do Senhor)

29 Semana SantaCor: roxoLeituras:

Is 42,1-7Sl 26(27)Jo 12,1-11

30 Semana SantaCor: roxoLeituras:Is 49,1-6Sl 70 (71)

Jo 13,21-33.36-38

31

Page 4: Ed mar 15 jss

O JORNAL DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA | ANO 10 | Nº 119 | MARÇO 201504

Programação da Semana SantaNotícias da Igreja

A Arquidiocese de Salvador prep-arou uma programação especial para a Semana Santa. Confira na

sua comunidade os dias e horários das celebrações e acompanhe a programa-ção dos ritos presididos pelo Arcebispo de Salvador, Dom Murilo Krieger, scj.

Dia 29/03Domingo de Ramos A procissão terá início com a bênção dos ramos e a proclamação do Evangelho, às 8h, no Campo Grande, e seguirá até a praça Municipal.

Dia 01/04Quarta-feira da MisericórdiaProcissão do Encontro: a imagem do Senhor dos Passos sai da igreja da Ajuda às 13h e percorre o Centro Histórico para encontrar a imagem de Nossa Senhora das Dores, na igreja de São Domingos.

Dia 05/04Quinta-feira Santa A Missa da Instituição da Eucaristia com Benção dos Santos Óleos e Renovação

No dia 21 de março, a Cáritas Regional Nordeste 3 realiza mais uma edição do Bazar Solidário. A iniciativa integra as ações de Fundos Rotativos e tem como objetivo captar recursos para os projetos sociais desenvolvidos pela Cáritas no Re-

Cáritas organizanova edição doBazar Solidário

das Promessas Sacerdotais acontece às 8h, na Catedral Basílica. Já a celebração da Ceia do Senhor e do Lava-Pés ocorre às 19h.

Dia 04/04Sexta-feira da PaixãoLiturgia da Paixão, às 15h, na igreja do Carmo, de onde sairá a procissão do Senhor Morto, passando pelas ruas do Centro Histórico até a Catedral. Dom Murilo faz uma homilia, tradicional-mente chamada de Sermão da Paixão. Após o sermão a procissão segue até a igreja da Ajuda e retorna para o igreja do Carmo.

Dia 05/05 Sábado AleluiaVigília Pascal, na Catedral Basílica, às 19h, celebrada por Dom Murilo Krieger; Dia 06/04Domingo da Ressurreição Missa da Ressurreição do Senhor, às 10h, presidida por Dom Murilo Krieger, na Catedral.

A Irmandade da Venerável Ordem Ter-ceira de Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão iniciará, no dia 24 de março, o tríduo preparatório para a Procissão do Encontro do Senhor Bom Jesus dos Passos dos Resignados (da Capela Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão) com Nossa Senhora das Dores (da Capela Nossa Senhora dos 15 Mistérios), ambas pertencentes à

Procissão do Encontroparóquia Santo Antônio Além do Car-mo, às 19h.

A tradicional Procissão do En-contro acontecerá no dia 27, quando o frei Ronaldo Marques Magalhães cele-brará uma Missa campal às 15h, na praça dos 15 Mistérios (Rua Direita do Santo Antônio, nº 60).

gional NE 3 da CNBB. O evento será das 9h às 16h, na sede da Cáritas (rua Emília Couto, nº 270 B – Brotas – Ponto de refer-ência: entrar na rua do “Salvador Card” e virar a 1ª à esquerda). Mais informações pelo telefone (71) 3357-1667.

Após o sermão, a procissão segue até a igreja da Ajuda e retorna para o igreja do Carmo.

Fotos: André Machado

Na celebração da Sexta-Feira Santa, Dom Murilo faz uma homilia chamada de Sermão da Paixão.

Page 5: Ed mar 15 jss

O JORNAL DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA | ANO 10 | Nº 119 | MARÇO 2015 05

O projeto Missão Cajazeiras tem por objetivo ampliar a ocupa-ção da Igreja no segundo bair-

ro mais populoso da capital baiana. Quem está à frente dessa iniciativa é o Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Sal-vador, Dom Estevam dos Santos Silva Filho, que completa um ano de orde-nação episcopal no dia 29 de março deste ano. Em entrevista ao Jornal São Salvador, ele falou sobre as experiên-cias vividas até aqui e sobre a iniciativa que está sob sua coordenação.

São Salvador: No dia 29 de março de 2014, o senhor foi ordenado bispo e, desde então, atua na Arquidiocese de Salvador. Qual é o balanço desse perío-do de serviço?

Dom Estevam dos Santos Silva Filho: Ser bispo, sucessor dos apóstolos, e ter a graça de estar aqui, é um privilégio. O meu primeiro contato com Dom Murilo, por telefone, foi de muito a-colhimento e ele me disse que, além de ser bem-vindo, eu teria muito tra-balho. E todo trabalho se torna pra-zeroso, quando feito com amor. Servir ao povo baiano – e eu tenho a alegria de ser baiano de Vitória da Conquista - tem sido muito positivo. Logo de iní-cio, senti que entrei no coração da Ar-quidiocese. À medida que o tempo foi passando, pude experimentar o calor não apenas do sol, mas das pessoas. Tive a alegria de celebrar em grande parte das paróquias e a convivên-cia com párocos, vigários, religiosos, leigos, pastorais e movimentos me revelam uma igreja viva. Encontro uma Igreja que caminha, cheia de de-safios e que agora recebe esse Docu-mento 100 da CNBB (Conferência Na-cional dos Bispos do Brasil), que nos motiva a nos deixar ser guiados pelo Espírito do Senhor. É o que eu sinto neste primeiro ano.

São Salvador: O seu lema de ordena-ção é “Ai de mim se eu não evangeli-zar”, que está em sintonia com o pro-jeto Missão Cajazeiras. No que consiste essa ação?

Dom Estevam dos Santos Silva Filho: Uma das primeiras atribuições que

Dom Estevam dos Santos Silva Filho:um ano de Episcopado

“Este foi um ano de muito aprendizado e serviço nesta Arquidiocese tão querida.”

Notícias da Igreja

André Machado

Dom Murilo me passou foi a sua preo-cupação com aquela região imensa e populosa, com cinco paróquias. À luz do Documento 100, estamos estabe-lecendo uma prioridade que começa pelo convite aos diáconos perma-nentes, religiosas e todas as forças vi-vas de nossa Arquidiocese para poder voltar os seus olhos a Cajazeiras. De maneira bem específica, pensamos em ao menos uma visita missionária por mês - às pastorais, aos movimentos. O intuito é levar a Igreja até as casas das pessoas para ver onde vive o nosso

povo querido e apresentar-lhe o Evan-gelho, fortalecendo sua presença da Igreja nas comunidades através dos círculos bíblicos. Desejamos com isso fazer com que a paróquia seja orga-nizada em setores, em vista de tornar esses setores territórios para a missão. Como diz o Papa, é a Igreja em saída, que vai às casas.

São Salvador: Dentro desse projeto está o fortalecimento da catequese. De que forma isso será feito?

Dom Estevam dos Santos Silva Filho: A Pastoral Catequética vai colaborar com esse projeto, porque entende-mos a catequese como porta de en-trada. Desde o batismo de criança à catequese de adultos. Queremos fazer uma catequese que atinja o coração e traga conversão. Cada paróquia está com um grupo significativo de cate-quistas dentro desse projeto-piloto. Esperamos que até o fim deste ano, os catequistas estejam credenciados a expandir esse projeto.

São Salvador: Esse projeto também vai se concentrar na Pastoral do Dízi-mo. Quais são as estratégias para fo-mentar o dízimo no bairro de Cajazei-ras?

Dom Estevam dos Santos Silva Filho: Trabalhamos em comunhão com a Ar-quidiocese e queremos que esse proje-to seja prioridade da Pastoral do Dízimo dentro da Missão Cajazeiras. O dízimo já foi implantado nas paróquias, mas não queremos a dimensão financeira, e sim que as pessoas possam fazer a experiência da Providência Divina e se sintam responsáveis pela Igreja. Não apenas em quantidade, mas em quali-dade. A pessoa que carinhosamente é acolhida, se torna dizimista e tende a fazer com que mais frutos venham. Vamos nos empenhar tanto com a pastoral arquidiocesana, como com as forças locais. A ideia é que quando o missionário chegue à casa do dizimis-ta, o dizimista o ajude a abrir a porta do vizinho e se torne missionário. Para a Igreja ser cada vez mais comunidade de comunidades com rosto novo em cada paróquia.

Com o tema “José, filho de Davi, não tenhas medo” (Mt 1, 20b), a comunidade da paróquia São

José de Amaralina (rua Edgar de Bar-ros, s/n – Amaralina; Tels.: (71) 3248-3484 / 3345-1332) celebra o padroeiro. O novenário acontece de 10 a 18 de mar-ço, sempre às 19h, e com Celebrações Eucarísticas todos os dias às 7h.

No dia festivo, os devotos par-ticipam de uma alvorada e do Ofício de São José, às 5h. Haverá Missas às 6h (pelos devotos), 8h (pelas crianças), 9h30 (pelos enfermos), 12h30 (pelos trabalhadores) e 16h (pelas famílias). Às 14h30 acontecerá a Hora Santa, com adoração ao Santíssimo Sacramento. A partir das 18h30 será realizada uma Procissão Luminosa e, logo em seguida, a Missa Solene, que será presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Sal-vador, Dom Gilson Andrade da Silva. É importante ressaltar que no período do novenário as confissões serão realiza-das todos os dias às 17h.

Festa paraSão José

O Santuário Irmã Dulce (Largo de Roma), também conhecido como Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, está com novos horários de Missas.

De segunda-feira a sábado os fiéis podem participar das Celebrações Eucarísticas às 8h30 e às 16h. Já aos domin-gos as Missas acontecem às 8h30 e às 16h30. É importante ressaltar que todo dia 13 de cada mês é celebrada a Missa em memória da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, às 9h.

Toda quarta-feira (das 9h30 às 11h30 e das 14h30 às 15h30) e sexta-feira (das 9h30 às 11h30 e das 14h30 às 15h30) acontecem confissões. Para aqueles que receberão o Batismo – após a preparação dos pais e pa-drinhos -, a celebração do Sacramento acontece sempre no primeiro, terceiro e quinto domingos de cada mês, durante a Missa que é celebrada às 8h30. Mais informa-ções pelo telefone (71) 3310-1394.

Missas no Santuário Irmã Dulce têm novos horários

Localizado na Cidade Baixa, o Santuário Irmã Dulce recebe centenas de visitas por dia

André Machado

No dia 7 de março a paróquia Divino Espírito Santo (Estrada das Muriçocas, 714, Vale dos Lagos) acolheu o novo administrador paroquial, padre Jaciel Bezerra da Silva. A Missa de Posse foi celebrada às 17h, na Matriz. No dia an-terior (6), a comunidade se despediu do padre José Franklin Silveira Costa, durante a Missa do Sagrado Coração de Jesus, às 19h.

Novo padrena Paróquia

Padre Jaciel assume a paróquia de Divino Espíri-to Santo, no vale dos Lagos.

Sara Gomes

Page 6: Ed mar 15 jss

O JORNAL DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA | ANO 10 | Nº 119 | MARÇO 201506

Com o objetivo de despertar o espírito de caridade, partilha, fraternidade e de amor ao pró-

ximo, a Igreja no Brasil realiza no Do-mingo de Ramos – este ano dia 29 de março - um gesto concreto: a Coleta da Solidariedade, que é parte inte-grante da Campanha da Fraternidade. “A coleta nasceu com a Campanha da Fraternidade. Ao mesmo tempo em que é um alerta para todos sobre os problemas sociais, é também um ges-to de solidariedade, em vista de levar o Evangelho por meio de um gesto concreto que, neste caso, é a doação”, diz o pároco da Catedral Basílica, pa-dre Lázaro Muniz.

Neste dia, todos os cristãos são convidados a fazer uma doação (em espécie). O dinheiro ofertado deve ser fruto de pequenas renún-cias ao longo de toda a Quaresma, como um processo de conversão pessoal. “Durante o período da Qua-resma, somos convidados a fazer a experiência da partilha solidária com os mais necessitados. Que como expressão da nossa solidariedade e da nossa caridade possamos ofere-cer o valor conforme a dimensão do nosso amor fraterno”, afirma o coor-

denador de Pastoral da Arquidiocese de Salvador, padre Edson Menezes da Silva.

jetos de Políticas Públicas, com ações que beneficiem a sociedade. Os proje-tos são recebidos pela Conferência Na-cional dos Bispos do Brasil (CNBB) que, em parceria com a Cáritas Brasileira, analisa a viabilidade de cada um. Já os outros 60% são destinados para as Arqui (dioceses), formando o Fundo Diocesano de Solidariedade, que deve atender a projetos locais.

Na Arquidiocese de Salvador, o valor que compõe o Fundo Diocesano de Solidariedade é repassado para a Ação Social Arquidiocesana (ASA), que abre um edital para as comunidades que são acompanhadas pela Igreja. Es-tas comunidades apresentam projetos e uma comissão faz a avaliação e des-tina os valores.

No ano de 2014, cinco projetos sociais foram contemplados: Intera-gindo através do Esporte e da Cultura (grupo de jovens Liberdade Já); Recur-sos Refrigerados (Associação Amigos de Clara Amizade); Ponto de Arte (Obra Assistencial Paroquial de Cachoeira); Espaço Livre (Movimento da Comu-nidade Champagnat) e Tecnologia Direito de Todos (Associação Especia-lizada François de Laval).

Coleta da Solidariedade: gesto concreto de amor

A iniciativa acontece no Domingo de Ramos, dia 29 de março

Sara Gomes

Notícias da Igreja

A Igreja conclama a fieispara colaborar com a Coletada Solidariedade

Catequizar é uma missão! E é com esta certeza que a Conferência Na-cional dos Bispos do Brasil (CNBB)

propõe o Itinerário Catequético para a Iniciação à Vida Cristã. A iniciativa tem quatro roteiros que devem envolver as crianças, os adolescentes, os adultos batizados que precisam de aprofunda-mento e aqueles que não receberam a-inda o Sacramento do Batismo.

A iniciativa aborda Kerigma, Catecumenato e Mistologia. Além disso, o Itinerário Catequético é uma inspira-ção catecumenal que quer ser um ser-viço na Igreja no Brasil e que deve en-volver a todos. A ideia é seguir os quatro tempos definidos pelo Ritual de Inicia-ção Cristã de Adultos (RICA): primeiro o anúncio, começando pelos Evangelhos

(Kerigma); a catequese propriamente dita, com os conteúdos de fé; a vivência quaresmal (através dos escrutínios) e a vivência do Espírito Santo (Pentecostes).

De acordo com a assessora do Setor de Catequese, Irmã Nelcelina Barbosa, a proposta de uma catequese renovada está sendo trabalhada há mais de 30 anos. “A catequese no Brasil funcionou, durante muito tempo, como uma escola. Diante disso, a CNBB idea-lizou uma catequese renovada e nós es-tamos motivando padres e catequistas para o conhecimento e a implantação do Itinerário”, afirma.

Após a implantação na Arquidi-ocese, a catequese terá início, sempre, no período da Páscoa. “A Primeira Eucaristia

Uma catequese renovadatambém será realizada no período Pas-cal. É importante lembrar que catequese não é apenas a preparação para receber o Sacramento, mas sim uma preparação para ter uma vida de fé. Você entra na catequese para viver a sua fé”, assevera Irmã Nelcelina.

Além disso, como catequese se compreende tanto a Pastoral Catequé-tica (formação de crianças), quanto a Pastoral do Batismo e a Pastoral do Crisma. “Não há mais separação. “A proposta agora é que catequese, Cris-ma e Batismo estejam interligados. Não podemos mais separar os sacra-mentos”, diz a Irmã. Ela lembra que o catequista deve ser uma pessoa de fé, capaz de passar para os catequizandos o amor de Jesus.

De acordo com a Irmã Nelcelina, o Itinerário Catequético envolverá crianças, jovens e adultos.

Sara Gomes

Do total arrecadado, 40% con-stituem o Fundo Nacional de Solida-riedade e é destinado para apoiar pro-

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O JORNAL DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA | ANO 10 | Nº 119 | MARÇO 2015 07

A Conferência Nacional dos Bis-pos do Brasil (CNBB) disponibi-lizou, por meio do Centro de

Pastoral Popular, a cartilha “Reforma política democrática já – o sistema político a serviço do povo”. O subsídio sugere quatro encontros para escla-recer as principais dúvidas apresen-tadas em relação ao projeto de Lei de Iniciativa Popular proposto pela CNBB e outras 105 entidades que compõem a Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Lim-pas.

Em carta enviada às dioceses e paróquias de todo o Brasil, o Bispo Auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Stei-ner, explicou a necessidade percebida pelo Conselho Permanente da en-tidade em “oferecer às comunidades subsídios que as ajudem na com-preensão do referido projeto de Lei”, diz.

Preparada pela Comissão para a Reforma Política da CNBB, a cartilha detalha as propostas em re-lação ao financiamento democrático

CNBB disponibiliza cartilhasobre projeto de reforma política

CNBB

Igreja no Brasil

das campanhas eleitorais, à eleição proporcional em dois turnos para os cargos legislativos, ao aumento do número de mulheres na política e à democracia direta.

Ainda, na carta, dom Leonar-do Steiner fala sobre a indicação do texto-base da Campanha da Fraterni-dade 2015 para a discussão do tema. “Convidar pessoas para debater, tra-çar metas e estratégias de mobiliza-ção, em vista da contribuição à ne-cessária reforma política”, recorda.

O bispo auxiliar de Belo Hori-zonte (MG) e presidente da Comissão da CNBB para o Acompanhamento da Reforma Política, Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, afirma que a participação da Conferência tem como motivação a vivência da fé cristã. “Nossa fé não permite que fiquemos de braços cruzados diante de tantos desvios de conduta e de recursos no mundo da política”, con-sidera.

O bispo lembra da importân-cia do serviço ao bem de todos, “es-

pecialmente dos mais pobres, e não para o bem particular dos eleitos, seus familiares e seus grupos finan-ciadores”, completa. Segundo Dom Mol, o subsídio deve ajudar as pessoas na compreen-são das propostas de Reforma Políti-ca da Coalizão, para que estas assi-nem o projeto. “Os pontos explicados na Cartilha são os de consenso entre as entidades. Haverá outros aspectos a serem discutidos no Congresso. Im-portante agora é tomarmos consciên-cia, participarmos e assim ajudarmos o Brasil a melhorar a política pelo bem de todos os brasileiros”, diz.

Com orações, momentos de escuta, debate e reflexão, a Cartilha propõe como encontros “A construção da verdadeira democracia”, “Eleições livres do poder econômico”, “Eleições com representação igualitária” e “Por uma democracia mais participativa”.

Para aquisição da Cartilha, entre em contato com o Centro de Pastoral Popular pelo telefone 0800 703 8353 ou pelo site  www.cpp.com.br. (por CNBB)

No dia 18 de janeiro, a conta @Pontifex (em todos os idiomas) alcançou 18 milhões de se-

guidores.

A cifra confirma uma tendên-cia em relação à presença do Papa nesta rede social: a cada 40/45 dias, a conta “ganha” um milhão de novos in-scritos.

A média mensal, de 12 de dezembro de 2012 – quando a conta estreou com Bento XVI – até 23 de fe-vereiro de 2015 (26 meses), é superior a

730 mil novos seguidores.

Com a proximidade da Jorna-da Mundial da Juventude de Cracóvia (Polônia), em 2016, nota-se agora um aumento dos seguidores em polonês, a ponto de ser hoje a quinta língua mais “frequentada” na conta papal no Twitter, depois do espanhol, do inglês, do italiano e do português.

Além desses cinco idiomas, a conta @Pontifex está disponível em francês, latim, alemão e árabe. (por Rá-dio Vaticano)

Papa alcança mais de 19 milhõesde seguidores no Twitter

A cada 40/45 dias, a conta “ganha” um milhão de novos inscritos.

Rádio Vaticano

Igreja no Mundo

Oferecer às comuni-dades subsídios que as ajudem na com-preensão do referido projeto de Lei

Dom Leonardo Steiner,Bispo Auxiliar de Brasília (DF)

e secretário geral da CNBB

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O JORNAL DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA | ANO 10 | Nº 119 | MARÇO 201508

Foi em abril de 2006 que a primeira edição foi publicada. Era aniversário de Salvador e a cidade ganhava de

presente um jornal católico que faria parte do dia-a-dia da família baiana desde então. Criado a partir de uma pes-quisa realizada junto ao clero, o São Sal-vador surgiu para suprir a necessidade da Arquidiocese de Salvador, de ter suas informações divulgadas também em um veículo impresso.

“A intenção era de fazer com que o impresso não fosse mais um veí-culo de comunicação, mas, sobretudo, um meio de aproximar a comunidade, participando a todos as notícias da Igreja numa época em que comunicar de ma-neira profissional e bem organizada era indispensável”, conta Marilda Ferri, uma das primeiras jornalistas a escrever para o jornal.

Um pouco de história

O clero indicou o conteúdo edi-torial, assuntos que deveriam ser aborda-dos, linhas a serem seguidas pelas edito-rias, paróquias que ganhariam destaque e periodicidade de publicação. “Com o apoio de um grupo de profissionais de comunicação voluntários, o Capela Cria-tiva, fizemos o primeiro projeto editorial e gráfico, apresentamos a Dom Geraldo e, com o aval do Governo Arquidiocesano, lançamos a edição zero, para avaliação e críticas. A partir daí, não paramos mais”, relata padre Manoel Filho, idealizador do São Salvador e o então coordenador da Pastoral da Comunicação (PASCOM).

“O lançamento do São Salvador ocorreu na sacristia da Catedral Basílica e contou com a presença do Cardeal e Arcebispo Dom Geraldo Majella Agnelo ,entre outras autoridades civis. Foi um presente dado à cidade, que naquele dia fazia aniversário”, lembra Patrícia Luz, a-tual coordenadora da PASCOM, na época ainda não jornalista, mas responsável pelo trabalho com os agentes da pastoral.

O jornal que traz o nome da ci-dade foi lançado no aniversário da mes-ma. E de acordo com padre Manoel, de uma maneira conjunta. “O nome surgiu

da reflexão coletiva, do desejo de ter uma referência forte e sempre com o diálogo entre profissionais de comunicação, pu-blicidade e marketing e o olhar da fé”, diz.

“O nome não poderia ser outro, representando a Arquidiocese, a cidade e o Salvador. Foi uma ideia de padre Ma-noel e a marca criação de Moisés Garcia, responsável pelo projeto gráfico da pu-blicação”, completa Marilda. Padre Manoel explica que já estão na segunda marca e que houve uma grande mudança de uma para a outra. “A primeira era bem mais figurativa, com a Catedral Basílica ao fundo. Esta agora é alegórica, fala de vôo, de amor, do desejo de, partindo do coração de Cristo, chegar longe e fundo no coração das pessoas”, afirma Manoel.

Metamorfose

Em 2011 houve a necessidade readequar o conteúdo do periódico para uma linguagem mais atual, em um for-mato mais atrativo para os leitores. E Nessa adaptação o jornal sofreu algumas modificações.

“As principais mudanças foram no formato (de standart para berliner), nas cores (o jornal era quase todo preto e branco) e o acréscimo de algumas edi-torias. Buscamos também aprimorar a linguagem, tornando-a mais ágil. Passa-mos a utilizar textos menores para que a leitura fosse mais dinâmica. O jornal ganhou uma marca, antes só existia um cabeçalho padrão que identificava o jor-nal. Como você pode observar, a marca do jornal são duas asas que formam um coração na cor vermelha. Significa que nós queremos noticiar uma Igreja viva, que pulsa a Boa Nova de Jesus”, conta Patrícia Luz.

Os números

O São Salvador não pára. Atingindo cerca de 75 mil pessoas por edição, o número de leitores após 119 edições é de quase 3,5 milhões. Não é para menos, o jornal da família católica acompanhou a administração de três Papas, dois conclaves, a passagem de dois Arcebispos na Arquidiocese de Sal-

vador, três ordenações Episcopais , duas beatificações, e muitos outros momen-tos especiais. As matérias têm o foco no leitor

Principal

Ano de festa: São Salvadorcompleta jubileu de Estanho

Nosso jornal é uma ponte: apresenta ao leitor o que acontece na Igreja, especialmente na Igreja arquidiocesa-na, e motiva o leitor a também assumir algu-ma tarefa na Igreja.

Dom Murilo,Arcebispo de Salvador

e Primaz do Brasil

Arquivos Pascom

O horizonte do cristão, para o anúncio do Evan-gelho, é o mundo. Então, enquanto houver uma pessoa que não lê o JSS, não podemos nos satis-fazer.

Padre Manoel,Coordenador da Pastoral

de Turismo

Rosa Brito

Hoje vejo que ele foi responsável por me apresentar as particu-laridades e me oferecer um olhar amplo acerca da nossa Arquidiocese.

Padre Danilo,Coordenador da Pastoral

Universitária

Rosa Brito

Fala, Povo

O trabalho realizado pelo Jor-nal São Salvador é um serviço

necessário, que não poderia ser descontinuado sem que toda a

Igreja ressentisse a sua falta.Padre Carlos André

Arquivo Pascom

O São Salvador veio para se aproxi-mar do povo, mostrando os traba-lhos das nossas paróquias, dando voz e vez às nossas comunidades, tornando-se um importante veí-

culo na divulgação da mensagem do Evangelho.

Adjane da Silva Damasceno (São Gonçalo do Retiro)

Rosa Brito

Parabéns ao JSS que é fruto de um projeto pensado para con-

tribuir na comunicação das paróquias com a Arquidiocese.

Veridiana Tavares Barcellos (Nossa Senhora de Brotas)

Rosa Brito

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O JORNAL DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA | ANO 10 | Nº 119 | MARÇO 2015 09

Soteropolitano e católico, o jornal São Salvador completa 10 anos de existência.

católico, mas com o mesmo comprome-timento de um jornal de circulação local. Todas as matérias são pautadas no per-fil de um seguidor de Cristo, que precisa a cada dia renovar sua fé. Presente hoje

em 110 paróquias e uma quase-paróquia, 11 foranias, 23 pastorais, 15 municípios, e mais de mil comunidades. “Penso que mais e mais ele (o jornal) cumpre o seu objetivo. Não é tanto um jornal para transmitir doutrina ou pontos de vista pessoais, mas para ser um espelho da Arquidiocese, refletindo o que nela acontece ou anunciando o que acontecerá. Aumentando o amor do leitor pela Igreja. A partir das iniciativas que o jornal apresentar, aumentará o de-sejo de quem lê, de conhecer ainda mais as riquezas desta Igreja que, um dia, o a-colheu pelo batismo”, afirma Dom Murilo Krieger, Arcebispo de Salvador. Fontes, edições e amigos

Após dez anos de publicação, agora mais completo e solidificado, o São Salvador coleciona histórias, bagagem e amigos. Não só os fundadores, jornalis-tas e comunicadores que trabalham para sua publicação mensal, mas também a comunidade leitora, agentes parceiros e padres amigos se alegram com a passa-gem desse aniversário.

“Já tive a alegria de colabo-rar em diversas situações com o Jornal São Salvador. A primeira delas aconte-ceu, quando eu estava como vigário na paróquia Santíssimo Sacramento, na Ilha de Itaparica, em que tive a oportunidade de participar da sessão “Umdia.com”. Na oportunidade, em 2011, pude testemu-nhar como vive um padre jovem, e acerca do trabalho pastoral na ilha”, conta padre Danilo Pinto, hoje coordenador da Pasto-ral Universitária(PU).

“Caminho se faz caminhando e desse modo creio que ao longo dos anos o jornal tem crescido em conteúdo, dia-gramação e outros aspectos”, relata pa-dre José Carlos Santos Silva, coordenador da articulação das pastorais.

Patrícia se emociona ao relatar o progresso do São Salvador. Se intitulando como “testemunha ocular” da história do jornal, se orgulha em fazer parte de sua história. Por aqui passaram excelentes profissionais e recebemos a colaboração

dos bispos, padres, religiosos e leigos. Vejo o São Salvador firme no propósito de le-var a Boa Nova às pessoas de maneira cri-ativa e dinâmica. São dez anos circulando ininterruptamente! Diante dos nossos desafios vividos até aqui, isso é um mila-gre. Milagre realizado graças ao apoio de toda a Arquidiocese e, especialmente, das pessoas que contribuem com o dízimo. É graças a oferta de tantas pessoas que não sabemos o nome, mas que são fiéis à Igreja é que essa publicação se mantém firme.

É só o começo

Completar uma década não é para qualquer um, mas continuar cons-truindo história também não. A proposta agora é crescer mais, apurar mais e pro-clamar a identidade católica nos quatro cantos da cidade.

“Penso que o futuro do Jornal São Salvador passa pela convergência de mídias, caminho já iniciado pela PAS-COM, e pelo caráter reflexivo dos fatos. Num tempo em que as mídias digitais assumem, velozmente, a missão de levar a notícia, o jornal impresso, mídia tradi-cional, é convidado a refleti-la, de forma mais profunda e apurada. Tomando este rumo, este importante veículo de comu-nicação contribuirá, sobremaneira, como uma veia da inteligência cristã e pastoral, na Arquidiocese Primaz do Brasil”, conclui padre Danilo.

As conquistas só se aprimoram. A intenção agora é tocar em frente. “Um jornal é como uma padaria: nunca pode se contentar com o que alcançou, mas deve recomeçar sempre - no caso, para manter seus leitores e conquistar novos. Percebo que o Jornal São Salvador tem leitores fiéis, justamente porque ele tem procurado tratar de assuntos interes-santes, que  respondem aos desafios de nosso tempo”, destaca Dom Murilo.

O compromisso com o público católico é o que motiva a equipe do São Salvador. Sem medo de arriscar, se pre-param para construir mais dez anos de publicações mensais. Mas essas já são “cenas das próximas edições”. Aguardem.

O São Salvador me desafiou a estar sem-pre na busca de boas histórias para contar, a retratar o que a Igreja, no seu cotidiano, faz de bom e belo.

Patrícia Luz,Coordenadora da Pastoral

de Comunicação

Rosa Brito

“Sempre foi muita dificuldade manter o jornal funcionando, então devemos sim dar graças e celebrar. É um presente fazer parte dessa história.

Marilda Ferri,ex-editora do Jornal

São Salvador

Allan Lustora

Caminho se faz cami-nhando e desse modo creio que ao longo dos anos, o jornal tem cres-cido em conteúdo, dia-gramação...

Padre José Carlos,Coordenador da Articulação

das Pastorais

Arquivo Pascom

Uma ferramenta de comu-nicação que deve ter maior destaque, haja vista todo o

trabalho para sua confecção e distribuição.

Analú Ribeiro(São Gonçalo do Retiro)

Rosa Brito

A primeira edição do São Salvador foi publicada em abril de 2005 e tra-zia na capa um mosaico com fotos da equipe de comunicação. O for-mato era standart, tinha oito pági-nas e quase não tinha cores. Apenas a capa e a última página eram colo-ridas.

A primeiraedição a gente nunca esquece

Arquivo Pascom

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O JORNAL DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA | ANO 10 | Nº 119 | MARÇO 201510

Em 40 anos de carreira, Nairz-inha acumula números expres-sivos. São mais de duzentas com-

posições e 11 prêmios internacionais. Reconhecimento de um rico trabalho dedicado ao folclore infantil, cujas raíz-es estão na infância da cantora, autora e pesquisadora. A paixão pelo tema nasceu quando o pai a levou à escola onde era realizada a “Hora da Criança”, projeto de arte-educação desenvolvido pelo professor Adroaldo Ribeiro Costa. As memórias ali construídas, aos dois anos de idade, se consolidaram até os 14, tempo em que permaneceu no grupo. “Professor Adroaldo era muito rigoroso. Ele dizia: ‘criança canta coisa de criança’”, lembra.

O gosto pela cultura popular também foi formado em casa. “Sou de uma família de músicos, bisneta do maestro italiano que se estabeleceu em Salvador, onde veio fundar a or-questra do teatro São João, no século XIX. Meu avô era violonista e alfaiate, assim como meu pai. Então, eu cresci na música”, conta, orgulhosa de suas origens. Começou a cantar na igreja aos quatro anos de idade e, a partir de então, seu envolvimento com a música e os grupos de jovens foi um desdobra-mento natural que despertou a voca-ção para compor. Seu vasto repertório ainda ecoa nas igrejas brasileiras, mes-mo sem contar com execução nas rá-dios.

A produção musical de Nair-

zinha vem do dom manifestado desde a infância. Mas, houve um momento em que não sabia o que fazer com esse presente divino. No ano de 1987, em viagem à Itália, na cidade de Assis, fez uma oração a São Francisco em que questionava como alguém poderia nascer com um talento e não saber o que fazer com ele. “Eu tinha muitas músicas que não davam em nada, não conseguia viabilizar minha arte de ne-nhum jeito. E aí São Francisco me disse que o meu talento era o meu lugar no

mundo e que eu não deveria colocar meu talento nas mãos de ninguém: era um compromisso meu com Deus”, recorda. Ao sair da basílica dedicada ao santo, cruzou com um padre italiano, acompanhado de um grupo de crian-ças. O sacerdote a segurou pelos bra-ços e lhe disse: “São Francisco era um seresteiro que saía pelas ruas da ci-dade cantando as cantigas dos menes-tréis com as letras do Evangelho. Em troca de canto, ele pedia pão”.

A mensagem provocou um turbilhão na musicista, que, então compôs o musical Rodas de Paz e Bem: ética e utopia Franciscana. O trabalho, registrado em álbum, tem doze faixas, que revisitam a cultura do povo brasileiro, através de canções de domínio público e com letras inciden-tais e arranjos da autora. O trabalho resultou em 344 eventos falando so-bre São Francisco em cantigas de roda, percorreu o Brasil inteiro e rendeu três prêmios internacionais. Esse momen-to marcou a vida de Nairzinha, que se viu dividida entre a música folclórica e a música religiosa.

Seguiu o caminho da cultura. E começou a perceber que quando can-tava esse musical, os adultos se apaixo-navam, mas as crianças não se envol-viam com a obra. Iniciou uma pesquisa sobre a ludicidade e a cultura popular na Biblioteca do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, onde, de um acervo de mais de 100 livros de cantigas de roda,

selecionou 160 canções mais cantadas e atualizou com ritmos que dialogam com o público infantil: marcha, frevo, ijexá, reggae, hap, xote, xaxado, baião, funk, hip hop, entre outros.

Foi contratada pela prefeitura de Salvador nos anos 90 para fazer um evento e, desde então, não parou de apresentar este trabalho. “Hoje, temos uma média de 40 eventos por ano, 20 deles são viagens em que capacito pro-fessores para usar a brincadeira como estratégia didática e conteúdo trans-versal dentro da sala de aula”. São 26 mil professores brasileiros adeptos da metodologia de ensino desenvolvida no projeto Cirandando o Brasil. Nele, além da formação de educadores, há o trabalho com crianças. “Fazemos uma interlocução com a sociedade sobre quem é a criança, por que ela brinca, conto a história da cultura da brinca-deira como cultura humana, da idade da pedra até hoje”, conta Nairzinha. Através deste trabalho, ela integra o Pacto Nacional para a Educação. O Cirandando o Brasil tem quatro pági-nas nas redes sociais, com dois mil se-guidores em cada uma delas.

Entre os novos planos desta “brincante do mundo” está o lança-mento de um portal ainda neste ano, para disponibilizar 100 downloads do seu repertório. O nome do sítio já está escolhido: “De graça recebi”. Após quatro décadas de estrada, Nairzinha quer mais. Na editora Lúdico, que fun-dou para a publicação de trabalhos voltados para o público infantil, de-senvolve agora a obra “Dodói? Nem tanto”, um livro com aplicativo para celular com brincadeiras para crianças hospitalizadas. “Pra brincar no leito! O patrocínio coletivo que recebemos vai nos garantir a produção de cinco mil exemplares por ano para distribuir nos hospitais em que há crianças hos-pitalizadas”, relata. Tantos planos após a construção de uma carreira memo-rável são um desdobramento comum de quem, com brilho nos olhos, não se cansa de repetir: “Sou fiel ao meu tal-ento”.

Nairzinha: brincante do mun-do, colecionadora de sonhos

Umdia.com

Fotos: Luana Assiz

E aí São Francisco me disse que o meu talento era o meu lugar no mundo e que eu não deveria colocar meu talento nas mãos de ninguém: era um compro-misso meu com Deus.

Capacito professores para usar a brincadeira como estratégia didática e conteúdo transversal dentro da sala de aula

Nairzinha tem um projeto de lançar um portal a-inda neste ano, para disponibilizar downloads do seu repertório.

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O JORNAL DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA | ANO 10 | Nº 119 | MARÇO 2015 11

Nada é igual na vida de Maria* depois que o filho mais novo, Paulo*, foi assassinado. A casa

está sempre vazia, assim como co-ração desta mãe que não consegue compreender o que pode ter acon-tecido, já que os meninos – como ela costuma chamar – foram criados com tanto carinho, atenção e amor, apesar da vida simples que ela pôde propor-cionar. Nada, absolutamente nada, consola o coração de Maria e justifica o crime.

Os personagens que abrem este texto podem até ser fictícios, mas a história contada faz parte da reali-dade de muitas famílias. No ano em que se celebra o Ano da Paz, o que se pode observar é nada mais do que uma crescente violência, especial-mente contra os jovens.

Dados do Mapa da Violência, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2014, mostram que no território nacional a principal causa de morte dos jovens entre 15 e 29 anos são os homicídios. Os mais atingidos são os homens, ne-gros, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. A pesquisa aponta outros números que mostram um panorama da violência em todo Brasil, que é o 7º país mais violento do mundo.

Assustador, especialmente para quem acompanha o noticiário e pode perceber que mais da metade do que é veiculado nos meios de co-municação gira em torno de atos de violência cometidos contra homens e mulheres, sejam eles idosos, jovens, adolescentes e até mesmo crianças inocentes. E é ainda mais assustador quando os números de homicídios ganham caracteres: em 2012 (último ano da pesquisa que compôs o Mapa da Violência), 56.337 pessoas perderam a vida.

Esta é uma realidade que pode ser transformada. E é com este o-lhar, voltado para a paz, que milhares e milhares de pessoas se dedicam diari-amente a construir um mundo melhor e através de pequenas atitudes, como a oferta de cursos, atividades educa-tivas, formações e acompanhamen-

ção oferece para essas mães atendi-mento psicológico, o grupo Fonte do Girassol, acompanhamento semanal e, duas vezes ao ano, acontece um en-contro no Centro de Treinamento de Líderes (Itapuã), onde as mulheres po-dem refletir o tema da Campanha da Fraternidade (15 de março) e sobre a paz (6 de setembro). “Nós incentivamos a elas não ficarem apenas no dia da dor, a não ficarem apenas com a lembrança do corpo do filho estendido no chão, mas a manterem vivas as lembranças do tempo em que eles eram crianças”, completa Rita.

Além dessas, outras iniciativas também promovem a paz nas mais diversas comunidades. Como exem-plos, podemos citar a Casa do Sol Padre Luís Lintener, localizada em Cajazei-ras, que desde 2007 oferece atividades culturais e de formação para crianças, adolescentes e jovens; o Centro Afro Promoção e Defesa da Vida Padre Eze-quiel Ramin (CAPDEVER), criado em 2003, e que tem como objetivos a de-fesa da vida, a luta contra o extermínio de jovens, o incentivo e a capacitação da comunidade

Com os olhares e os corações voltados para a missão de paz, a Pasto-ral do Menor (Pamen), dentre as mais diversas atividades que desenvolve com crianças e adolescentes, aponta os centros comunitários como um forte aliado no combate à violência. “Eles estão nos locais onde o governo não chega. Outro dia, uma pessoa me falava ‘a violência não é nossa’, e é ver-dade! Ela chega e se instala. Precisa-mos incentivar o surgimento de novas lideranças para que os jovens tenham boas referências e possam vencer es-ses desafios”, diz a agente da Pamen, Joice Santana.

Ano da PazContexto

Em meio à violência, ações em prol do bem comum conseguem transformar a vida de crianças, jovens, adultos e idosos

Para conhecer o Acervo da Laje, uma iniciativa em busca da paz, os interessados devem agendar pe-los telefones (71) 3401-1244 / 9929-8934.

Sara Gomes

tos, conseguem transformar a vida de muitas famílias e mudar o rumo de crianças e adolescentes.

Um exemplo é o Acervo da Laje (rua Nova Esperança, nº 34-E, São João do Cabrito, Plataforma), do professor e pesquisador do Instituto de Psicolo-gia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) pelo Programa Nacional de Pós-doutorado (PNPD), José Eduardo Ferreira Santos. Depois de pesquisar a violência, ele mergulhou nos impactos da arte no desenvolvimento das pes-soas que habitam a periferia. “Quando eu falava de violência, ninguém me procurava. Quando eu comecei a falar sobre beleza, todo mundo passou a me procurar. O Acervo da Laje é um espaço de cultura para o enfrentamento da violência”, afirma.

Com a ajuda de Vilma Santos, que é agente da Pastoral da Criança na paróquia São Brás (Plataforma), José Eduardo já conseguiu reunir mais de cinco mil obras – como quadros, escul-turas, máscaras em alumínio e madei-ra, tijolos, além de material histórico - de artistas que habitam o subúrbio ferroviário de Salvador. “Todas as alter-nativas contra a violência são válidas e envolvem a família e a comunidade. A paz não é construída sozinha. Ela é feita a partir do envolvimento das pes-soas”, assevera.

Assim como José Eduardo, outras pessoas, por meio de grupos e associações, buscam alternativas para a promoção da paz na capital baiana. É o caso da Associação Comunitária de Mata Escura e Calabetão (ACOPAMEC),

que atende, atualmente, 400 crianças e adolescentes em cinco comunidades, 290 crianças nas creches comunitárias, 50 meninas (crianças, adolescentes e jovens nas Casas Lares (interno e ex-terno), 120 crianças e adolescentes em atividades de arte e cultura, 350 ado-lescentes na Educação Profissional e já conta com 350 adolescentes e jovens no mercado de trabalho.

O enfrentamento da violên-cia também acontece nos bairros do Nordeste de Amaralina, Vale das Pe-drinhas e Chapada Rio Vermelho. Os moradores desses locais contam com o Projeto Consolação (rua Alto do Capim, n 34,Nordeste de Amaralina, térreo), que atende atualmente 62 famílias, de modo especial as mães que tiveram os filhos assassinados. “Apesar de a gente ir até essas famílias quando há a dor da perda, nós vamos em busca da promoção da vida, porque as famílias ficam destruídas pela perda brutal. O projeto não visa religião, atendemos pessoas de todos os credos. O Consola-ção é uma iniciativa das Missionárias Médicas de Maria e vai até essas pes-soas que sofrem, são pessoas pobres, de periferia, onde não existe um aco-lhimento”, conta Rita Nascimento, que faz parte da coordenação do projeto.

A preocupação do Consola-

Helder V. Florentino

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O JORNAL DA ARQUIDIOCESE DE SÃO SALVADOR DA BAHIA | ANO 10 | Nº 119 | MARÇO 201512

Malabaristas, acrobatas, con-torcionistas, ilusionistas, palhaços. Esses personagens

são típicos do universo circense, que permeia a cultura mundial desde as civilizações antigas. O programa “Ma-peamento e Memória do Circo da Ba-hia” identificou no estado pelo menos 56 companhias que mantêm viva essa arte, das quais mais de 80% são de cir-cos itinerantes.

Entre os grupos detectados pela Fundação Cultural do Estado está o Circo Picolino, que este ano completa 30 anos de fundação. Ou resistência, levando em consideração as dificul-dades pelas quais sua trupe vem pas-sando. Em outubro de 2014, os artistas que mantêm vivo este espaço criaram a campanha de financiamento coleti-vo “Somos Todos Guerreiros, cuja pro-posta era arrecadar R$ 138 mil reais em 60 dias, para viabilizar as atividades desenvolvidas em Pituaçu, onde há 18 anos está estabelecido.

A diretora do Circo Picolino, Simone Requião, também responsá-vel por sua coordenação pedagógica e artística, reconhece que a principal barreira neste setor é a escassez de re-cursos, mas destaca o pioneirismo da casa onde atua: “Foi a primeira escola de circo do norte e do nordeste e pres-tou consultoria para as que se  cons-tituíram  depois. Formou e continua formando milhares de artistas na arte circense e instrutores que chega-ram ao circo oriundos de projetos so-

ciais e hoje se graduaram, formaram suas  próprias  ONGs, viajaram pelo mundo e se mantêm por meio deste trabalho”, resume.

Simone define sua relação com o circo como algo natural. “Es-colhi para a minha vida as artes cênicas e o circo integra essa reali-dade”.  Acompanhou o nascimento do Picolino e sempre fez trabalhos em parceria com a trupe, até que, em 2007, foi convidada para dirigir o espetáculo “Viva o Circo”, que fazia uma retrospectiva dos 60 anos da Es-cola de Teatro. Em todos esses anos, sempre viu a dobradinha espetáculo de qualidade-casa cheia.

É essa a expectativa para as apresentações dos dias 27 e 28 de março, que irão celebrar o Dia do Circo com o show “Gregório de Matos no Circo Picolino”, a partir das 19h30, com ingressos a R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). A proposta é, em uma hora e meia de exibições, homenagear a obra do poeta barroco. Para a diretora da casa, a data comemorativa celebra “a possibilidade de transformar reali-dades”.

Palhaçaria

Causador de encantamento de crianças e adultos através do riso, o palhaço está entre as grandes atrações do circo. Foi a possibilidade de sensibi-lizar a platéia dessa forma que levou a atriz Laili Flórez a mergulhar neste

universo. O interesse veio em 2004, quando assistiu ao espetáculo teatral “Joguete”, da Cia. Buffa de Teatro, que utilizava a linguagem do palhaço no trabalho dos atores. Após descobrir esse universo, fez seu primeiro curso de iniciação (nome dado às oficinas de caráter introdutório na arte do pa-lhaço). “A partir daí o palhaço não saiu de mim e eu fui buscar outras referên-cias de técnicas circenses para ampliar meu repertório, especialmente através do malabarismo”. 

Laili é integrante do grupo Nariz de Cogumelo, formado em 2006 para pesquisar a arte do palhaço e realizador de espetáculos e números de rua e de cabaré - espetáculos de variedades para adultos. Em sua com-posição, cinco atores e dois músicos que, juntos, percorrem diversas ci-dades com sua arte. O próximo grande compromisso do grupo será entre os dias 1 e 10 de maio, quando acontece o “4º Grande Hein? ComTraço de Pa-lhaço”, evento que reúne artistas de palhaço, circo e arte de rua em uma programação pontuada por espetácu-los, cortejo cênico, oficinas, exposição fotográfica e seminários. 

Iniciativas como esta são sinais de resistência de uma expressão artística que se esbarra na falta de in-centivo financeiro, apesar do aumento do número de pessoas envolvidas com a palhaçaria em Salvador nos últimos dez anos, de acordo com Laili. “Ainda é difícil manter projetos nessa lingua-gem, pois a rentabilidade do chapéu

(o artista de rua não cobra ingresso, passa o chapéu) é fraca em Salvador, a cidade ainda não tem uma cultura consolidada de arte de rua, e a aber-tura de políticas públicas em circo é muito menor do que em outras áreas”, lamenta.

Para ela, “o circo tem a espe-cialidade de lidar ao mesmo tempo com duas faces da humanidade: a magia da virtuose, com os números de habilidades e o ridículo do fracasso, com a figura do palhaço. Assim, ele convida o espectador a sonhar com o ‘impossível’, ao mesmo tempo em que ri de seus próprios fracassos: se o pa-lhaço tropeça e cai, nós rimos porque nós caímos também. Esse jogo dúbio, fantástico, que ao mesmo tempo é tão incrível e tão verdadeiro, só o circo faz”, avalia.

Na arte da palhaçaria, a iden-tidade de Laili é Floricota Polanski, compreendida pela atriz não como personagem, mas “como uma dilata-ção das características da própria pessoa”. Para chegar até essa outra face, afirma ter explorado seu “lado ridículo, bobo e cômico”, exercício proporcionado pelas oficinas que frequenta, nos processos de criação de espetáculo e no próprio dia-a-dia da profissão. Professora de oficina de palhaços e idealizadora de um traba-lho que relaciona o ensino de palhaço à educação especial, Laili vai lançar neste semestre o livro “Pedagogia da Bobagem: ensino de palhaço para adultos com deficiência intelectual”.

A arte de encantar e fazer rir

Laili Flórez, no espetáculo “É das palhaças que eles gostam mais”.

Rafael Martins

Cultura

Grupo Nariz de Cogumelo no espetáculo “É das palhaças que eles gostam mais”.

Ricardo Borges