ed fÍsica atenÇÂo a saÙde do _idoso

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  • 7/29/2019 ED FSICA ATENO A SADE DO _idoso

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    Educao Fsica

    ateno sadedo idoso

    Daniela Coelho Za

    Mauro Heleno Chag

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    Belo HorizonteNescon UFMG

    2011

    Educao Fsicaateno sade

    do idosoDaniela Coelho Zaz

    Mauro Heleno Chaga

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    A produo deste material didtico recebeu apoio financeiro do BNDES

    2011, Ncleo de Educao em Sade Coletiva

    A reproduo total ou parcial do contedo desta publicao permitida desde que seja citada a onte e a nalidade no seja comercial.

    Os crditos devero ser atribudos aos respectivos autores.

    Licena Creative Commons License Deed

    Atribuio-Uso No-Comercial Compartilhamento pela mesma Licena 2.5 Brasil

    Voc pode: copiar, distribuir, exibir e executar a obra; criar obras derivadas.

    Sob as seguintes condies: atribuio - voc deve dar crdito ao autor original, da orma especicada pelo autor ou licenciante; uso

    no comercial - voc no pode utilizar esta obra com nalidades comerciais; compartilhamento pela mesma licena: se voc alterar,transormar, ou criar outra obra com base nesta, voc somente poder distribuir a obra resultante sob uma licena idntica a esta. Para

    cada novo uso ou distribuio, voc deve deixar claro para outros os termos da licena desta obra. Qualquer uma destas condies pode

    ser renunciada, desde que voc obtenha permisso do autor. Nada nesta licena restringe os direitos morais do autor.

    Creative Commons License Deed http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/deed.pt.

    Universidade Federal de Minas Gerais

    Reitor: Cllio Campolina Diniz

    Vice-Reitora: Rocksane de Carvalho Norton

    Pr-Reitoria de Ps-Graduao

    Pr-Reitor: Ricardo Santiago Gome

    Pr-Reitoria de ExtensoPr-Reitor: Joo Antnio de Paula

    Coordenador do Centro de Apoio Educao a Distncia (CAED)

    Coordenador: Fernando Selmar Rocha Fidalgo

    Conselho Regional de Educao Fsica CREF6 / MG

    Presidente: Claudio Augusto Boschi

    Escola de Enfermagem

    Diretora: Maria Imaculada de Ftima Freitas

    Faculdade de Educao

    Diretora: Samira Zaidan

    Escola de Educao Fsica, Fisioterapia e Terapia OcupacionalDiretor: Emerson Silami Garcia

    Faculdade de Medicina

    Diretor: Francisco Jos Penna

    Faculdade de Odontologia

    Diretor: Evandro Neves Abdo

    Projeto Grfico

    Marco Severo, Rachel Barreto e Romero Ronconi

    Diagramao

    Adriana Janurio

    Zaz, Daniela CoelhoEducao sica : ateno sade do idoso / Daniela Coelho Zaz e Mauro

    Heleno Chagas. -- Belo Horizonte: Nescon/UFMG, 2011.76p. : il., 22x27cm.

    Pblico a que se destina: Prossionais da sade ligados estratgia de Sade da Famlia.

    1. Sade do idoso. 2. Atividade sica. 3. Promoo da sade. 4. Atenoprimria sade. 5. Qualidade de vida. I. Chagas, Mauro Heleno. II. Ncleo deEducao em Sade Coletiva da Faculdade de Medicina/UFMG(Nescon). III. Ttulo.

    NLM: WA 108CDU: 615.8

    Z11e

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    Sumrio

    Apresentao dos autores .......................................................................................................

    Apresentao - Curso de Especializao em Ateno Bsica em Sadeda Famlia - Programa gora ...................................................................................................

    Apresentao da Unidade Didtica II: Tpicos especiais em ateno bsicaem Sade da Famlia ................................................................................................................

    Introduo ao mdulo .............................................................................................................

    Seo 1- Responsabilidades do Profissional de Educao Fsicana estratgia Sade da Famlia ..............................................................................................

    Parte 1 | A estratgia Sade da Famlia: a insero do profissionalde Educao Fsica ..............................................................................................................Parte 2 | Responsabilidades do profissional de Educao Fsicano Ncleo de Apoio a Sade da Famlia (NASF) ...................................................................

    Seo 2 - Envelhecimento populacional e sade dos idosos ...............................................Parte 1 | Transio demogrfica ...........................................................................................Parte 2 | Transio epidemiolgica .......................................................................................

    Seo 3 - Desafios relativos ao envelhecimento ...................................................................Parte 1 | Adeso a prtica de atividade fsica .......................................................................Parte 2 | Capacidade funcional .............................................................................................Parte 3 | Quedas ..................................................................................................................Parte 4 | Depresso .............................................................................................................

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    Seo 4 - Profissional de Educao Fsica e atividade fsica .................................................Parte 1 | Atuao do Profissional de EF ...............................................................................Parte 2 | Avaliao fsica .......................................................................................................Parte 3 | Trabalho de equipe .................................................................................................Parte 4 | Programas de atividade fsica ................................................................................

    Parte 5 | Profissional de Educao Fsica: Abordagens Coletivas .........................................

    Referncias ................................................................................................................................

    Anexos .......................................................................................................................................

    Anexo 1 | Formulrio de avaliao das atividades de vida diria (Katz) .................................

    Anexo 2 | Formulrio de avaliao das atividades instrumentais

    de vida diria (Lawton) .........................................................................................................Anexo 3 | Escala de Depresso Geritrica verso curta (EDG) ............................................

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    Apresentao dos autores

    Daniela Coelho Zaz

    Proessora do Departamento de Cincias Biolgicas,

    Ambientais e da Sade do Centro Universitrio de

    Belo Horizonte UNI-BH. Tutora, autora conteudista

    e orientadora do Curso de Especializao em Ateno

    Bsica em Sade da Famlia do Ncleo de Educao emSade Coletiva (Nescon) da Faculdade de Medicina da

    UFMG. Mestre em Treinamento Esportivo pela Escola

    de Educao Fsica, Fisioterapia e Terapia Ocupacio-

    nal (EEFFTO) da Universidade Federal de Minas Gerais

    (UFMG). Prossional de Educao Fsica - Bacharel e Li-

    cenciada pela EEFFTO/UFMG.

    Mauro Heleno Chagas

    Proessor Adjunto do Departamento de Esportes da

    Escola de Educao Fsica, Fisioterapia e Terapia ocu-

    pacional (EEFFTO) da UFMG. Proessor do programa

    de Ps-Graduao em Cincias do Esporte (Mestrado e

    Doutorado) da EEFFTO/UFMG. Tutor, autor conteudistae orientador do Curso de Especializao em Ateno

    Bsica em Sade da Famlia do Ncleo de Educao em

    Sade Coletiva (Nescon) da Faculdade de Medicina da

    Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Coor-

    denador do Curso de Especializao em Treinamento

    Esportivo/Musculao da EEFFTO/UFMG. Doutor em

    Cincias do Esporte pela Johann Wolgang Goethe

    Universitt, Frankurt, Alemanha. Mestre em Treina-

    mento Esportivo pela EEFFTO/UFMG. Prossional de

    Educao Fsica - Bacharel e Licenciado pela EEFFTO/

    UFMG.

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    ApresentaoCurso de Especializao em Ateno Bsica em Sade da Famlia

    Programa gora

    O Curso de Especializao em Ateno Bsica em

    Sade da Famlia (CEABSF), na modalidade distncia,

    uma realizao da Universidade Federal de Minas

    Gerais (UFMG), por meio do Ncleo de Educao em

    Sade Coletiva da Faculdade de Medicina (Nescon),

    com a participao da Escola de Enermagem, Escola

    de Educao Fsica, Fisioterapia e Terapia Ocupacional,

    Faculdade de Educao e Faculdade de Odontologia.

    Essa iniciativa apoiada pelo Ministrio da Sade Se-

    cretaria de Gesto do Trabalho e da Educao em Sa-

    de (SGTES) / Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) ,

    pelo Ministrio da Educao Sistema Universidade

    Aberta do Brasil/ Secretaria de Educao a Distncia

    (UAB/CAPES) e pelo Banco Nacional de Desenvolvi-

    mento Econmico e Social (BNDES). A produo desse

    caderno apoiada pelo Conselho Regional de Educa-

    o Fsica da 6 Regio de Minas Gerais (CREF-6/ MG).

    O curso integra o Programa gora, do Nescon, e de

    orma interdisciplinar, interdepartamental, interunida-

    des e interinstitucional articula aes de ensino pes-

    quisa extenso. O Programa, alm do CEABSF, atua

    na ormao de tutores, no apoio ao desenvolvimento

    de mtodos, tcnicas e contedos correlacionados

    educao a distncia e na cooperao com iniciativas

    semelhantes.

    Direcionado a mdicos, enermeiros e cirurgies-

    -dentistas integrantes de equipes de Sade da Famlia

    e com uma turma especial para prossionais de Educa-o Fsica integrantes de Ncleos de Apoio Sade da

    Famlia (NASF), o CEABSF tem seu sistema instrucional

    baseado na estratgia de Educao Distncia. Esse

    sistema composto por um conjunto de Cadernos de

    Estudo e outras mdias disponibilizadas tanto em DVD

    mdulos e outros textos, e vdeos , como na Inter-

    net por meio de erramentas de consulta e de intera-

    tividade, acilitadores dos processos de aprendizagem

    e tutoria, nos momentos presenciais e distncia.

    Os cadernos de estudo, como este, so resultados

    do trabalho interdisciplinar de prossionais da UFMG,

    de outras universidades e do Servio. Os autores so

    especialistas em suas reas e representam tanto a ex-

    perincia acadmica, acumulada no desenvolvimento

    de projetos de ormao, capacitao e educao per-

    manente em sade, como a vivncia prossional. Todo

    o material do sistema instrucional do CEABSF est dis-

    ponvel para acesso pblico na biblioteca Virtual do

    Curso.

    A perspectiva de que esse Curso de Especializa-

    o cumpra seu importante papel na qualicao dos

    prossionais de sade, com vistas consolidao da

    estratgia Sade da Famlia e ao desenvolvimento do

    Sistema nico de Sade, universal e com maior grau

    de equidade.

    A Coordenao do CEABSF pretende criar oportu-

    nidades para que alunos que conclurem o curso pos-

    sam, alm dos mdulos nalizados, optar por mdulos

    no cursados, contribuindo, assim, para o seu processo

    de educao permanente em sade.

    Para informaes detalhadas consulte:CEABSF e Programa gora:www.nescon.medicina.umg/agoraBiblioteca Virtual:www.nescon.medicina.umg.br/biblioteca

    http://www.nescon.medicina.ufmg.br/agora/http://www.nescon.medicina.ufmg.br/bibliotecahttp://www.nescon.medicina.ufmg.br/bibliotecahttp://www.nescon.medicina.ufmg.br/agora/
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    Apresentao da UnidadeDidtica IITpicos especiais em ateno bsica em Sade

    da Famlia

    A Unidade Didtica II do Curso de Especializao em Ateno Bsica em

    Sade da Famlia (CEABSF), da qual az parte esta publicao, est ormada por

    mdulos relativos a disciplinas optativas, entre as quais os prossionais em or-

    mao podem escolher um nmero suciente para integralizar 210 horas (14

    crditos). Com eles completa, com as 150 horas (10 crditos) de disciplinas obri-

    gatrias cursadas na Unidade Didtica I, o mnimo de 360 horas (24 crditos)necessrias integralizao da carga horria total do CEABSF.

    Nesta Unidade Didtica II (UD II), o propsito possibilitar que o prossional

    atenda necessidades prprias ou de seu cenrio de trabalho, sempre na pers-

    pectiva de sua atuao como membro de uma equipe multiprossional. Desta

    orma, procura-se contribuir para a consolidao do Sistema nico de Sade

    (SUS) e para a reorganizao da Ateno Primria Sade (APS), por meio da

    estratgia Sade da Famlia.

    O leque de oertas amplo na UD II, envolvendo tpicos especiais de 60

    horas como sade da mulher, sade do idoso, sade da criana aspectos bsi-

    cos, sade bucal aspectos bsicos, sade do adulto, sade da mulher e sade

    mental.

    Outros mdulos, de 30 horas, so oertados visando s demandas pros-

    sionais especcas, complementando os mdulos maiores, como Sade da

    criana e do adolescente doenas respiratrias, Sade da criana e do ado-

    lescente agravos Nutricionais; Urgncias na ateno bsica, Sade do Traba-

    lhador, entre outros. Nesse grupo incluem-se trs mdulos de Educao Fsica,

    reerenciados sade da criana e do adolescente, sade do adulto e sade do

    idoso.

    Endemias e epidemias sero abordadas em mdulos que devero desen-

    volver aspectos da ateno bsica para leishmaniose, dengue, doenas sexual-

    mente transmissveis, hepatites, tuberculose e hansenase, entre outros.Caractersticas atuais voltadas para grandes problemas sociais, sade ambi-

    ental, acidentes e violncia tambm esto abordadas em mdulos especcos.

    Famlia como oco da ateno primria compe um dos mdulos da Unidade

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    Didtica II e traz uma base conceitual importante para as relaes que se pro-

    cessam no espao de atuao da equipe de Sade da Famlia e do Ncleo de

    Apoio a Sade da Famlia.

    Por seu carter de instrumentos para a prtica prossional e para os aspec-

    tos metodolgicos, trs mdulos so indicados a todos os alunos das demais

    turmas como disciplinas optativas: Iniciao metodologia cientca; Protoco-

    los de cuidado sade e organizao do servio; e Projeto social: educao e

    cidadania.

    Para atender bem s necessidades pessoais, sugere-se que os prossio-

    nais, antes da opo e matrculas nas disciplinas, consultem os contedos dis-

    ponveis na Biblioteca Virtual.

    Esperamos que esta Unidade Didtica II seja compreendida e utilizada como

    parte de um curso que representa apenas mais um momento de um processo

    de desenvolvimento e qualicao constantes.

    Para informaes detalhadas consulte:CEABSF e Programa gora: www.nescon.medicina.umg/agoraBiblioteca Virtual: www.nescon.medicina.umg.br/biblioteca

    http://www.nescon.medicina.ufmg.br/agora/http://www.nescon.medicina.ufmg.br/bibliotecahttp://www.nescon.medicina.ufmg.br/bibliotecahttp://www.nescon.medicina.ufmg.br/agora/
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    Introduo ao MduloEducao Fsica: ateno sade do idoso

    Esse mdulo az parte de um conjunto de trs cadernos de estudos do Cur-

    so de Especializao em Ateno Bsica em Sade da Famlia (CEABSF), mais

    direcionados aos prossionais de Educao Fsica. A partir do entendimento

    de Educao Fsica como parte da ateno primria sade, sero abordadas

    as particularidades dos grupos etrios: Educao Fsica: ateno sade da cri-

    ana e do adolescente; Educao Fsica: ateno sade do adulto e Educao

    Fsica: ateno sade do idoso.

    A partir de agora, vamos tratar especicamente da ateno sade do ido-so, objeto de estudo deste caderno. Para eeito deste mdulo, trabalharemos

    com o conceito do estatuto do idoso (BRASIL, 2003) que considera como idoso

    as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.

    Nos pases desenvolvidos, o envelhecimento da populao ocorreu e oi

    acompanhado por melhorias nas condies gerais de vida, enquanto nos

    pases em desenvolvimento, o processo do envelhecimento populacional

    acontece de orma rpida, sem tempo para uma reorganizao social e da rea

    de sade adequada para atender s novas demandas emergentes (seguridade

    social, sade, etc). No Brasil, possvel observar a busca por avanos no sentido

    de assegurar aos idosos condies adequadas para promover sua autonomia,

    integrao e participao eetiva na sociedade.

    A Poltica Nacional de Sade da Pessoa Idosa (PNSPI), divulgada na Portaria

    GM n 2.528 de 19 de outubro de 2006 (BRASIL, 2006a) dene que a ateno

    sade dessa populao ter como porta de entrada a Ateno Bsica/Sade da

    Famlia, tendo como reerncia a rede de servios especializada de mdia e alta

    complexidade. Em paralelo, oi publicado o Pacto pela Sade do SUS - Portaria

    GM/MS 399/2006 (BRASIL, 2006b), sendo que a sade do idoso apresentada

    como uma das 6 (seis) prioridades pactuadas entre as trs eseras de governo

    no SUS. Em 2008, o Ministrio da Sade criou o Ncleo de Apoio Sade da

    Famlia (NASF), com a inteno de ortalecer a Estratgia Sade da Famlia, e

    estabeleceu que entre as 9 (nove) reas estratgicas estivesse a reabilitao/

    sade integral da pessoa idosa. Com a implantao dos NASFs oi propiciada a

    incluso do Prossional de Educao Fsica entre os dierentes prossionais das

    equipes de Sade.

    Para conhecer um pouco mais sobreo estatuto do idoso, institudo pelaLei 10.741, de 01 de outubro de 2003,conra no site:.

    http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_idoso.pdfhttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_idoso.pdfhttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_idoso.pdfhttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_idoso.pdfhttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_idoso.pdf
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    Partindo desta breve contextualizao, entendemos ento claramente a

    necessidade desta unidade didtica Educao Fsica e a Ateno a Sade do

    Idoso e reconhecemos a importncia da capacitao do Prossional de Educa-

    o Fsica para uma atuao interdisciplinar na ateno sade do idoso.

    Na primeira seo dos trs mdulos relativos Educao Fsica, ve-

    remos as abordagens e intervenes da equipe de Sade da Famlia na ateno

    amlia e comunidade, considerando, especialmente, o Prossional de Edu-

    cao Fsica inserido no Ncleo de Apoio Sade da Famlia (NASF). A partir

    da segunda seo, nesse mdulo, j sero vistos os aspectos relacionados ao

    envelhecimento populacional, como algumas caractersticas da transio de-

    mogrca e epidemiolgica no Brasil e em Minas Gerais e o impacto dessas

    inormaes na ateno sade do idoso. Na terceira seo iremos abordar os

    desaos relativos ao envelhecimento (adeso, capacidade uncional, quedas e

    depresso) e a relao dos mesmos com a atividade sica. Na ltima seo, voc

    ser convidado a contextualizar a relao entre o Prossional de Educao Fsica

    e a prescrio de atividade sica/prticas corporais para as pessoas idosas.

    Para discutir esses temas com os prossionais de sade, esse mdulo

    oi dividido em quatro sees:

    Seo 1 Responsabilidades do Prossional de Educao Fsica na estrat-

    gia sade da amlia.

    Seo 2 Envelhecimento populacional e sade dos idosos.

    Seo 3 Desaos relativos ao envelhecimento.

    Seo 4 Prossional de Educao Fsica e atividade sica.

    Para um bom aproveitamento dos contedos apresentados no mdulo

    importante voc realizar todas as atividades propostas no Caderno, encami-

    nhando as solicitadas no cronograma de atividades para discusso das dvi-

    das com o tutor e aproundando alguns aspectos por meio da participao no

    Frum. Esperamos que voc, juntamente com seus colegas, compreenda o con-

    texto e os desaos apresentados no processo de estimular, orientar e prescrever

    atividades sicas e prticas corporais para as pessoas idosas.

    Ao trmino do estudo deste Mdulo, voc dever ser capaz de:

    Compreender a inter-relao entre as transies demogrca e epide-

    miolgica;

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    Entender a importncia das principais transormaes demogrcas e

    epidemiolgicas para o Brasil, assim como para sua rea de abrangn-

    cia;

    Reconhecer os desaos relativos ao envelhecimento no contexto dapromoo da sade;

    Contextualizar a importncia da prtica regular de atividade sica/

    prticas corporais na vida de um idoso;

    Compreender as orientaes e recomendaes sobre a prescrio de

    atividades sicas ao grupo de usurios idosos.

    Vamos l pessoal, muito nimo, disposio e interesse, pois temos que con-

    tribuir signicativamente na ormao de estilos de vida saudveis nos die-

    rentes ciclos da vida. Pensando especicamente nas pessoas idosas teremos

    algumas batalhas pela rente: a incluso da prtica regular de atividades sicasentre os hbitos de vida do usurio idoso, a manuteno da independncia do

    idoso, preveno de quedas e reduo da depresso. Aes interdisciplinares

    de promoo da sade e preveno podem ajudar na construo de uma nova

    sociedade, inclusiva, em que o binmio sade e educao, abrangida a educa-

    o sica, tenha papel preponderante.

    Para que voc possa aproundar seus conhecimentos estamos suge-

    rindo leituras complementares. Recomendamos que voc consulte esses tex-

    tos, assim que orem citados. Esperamos que este mdulo traga contribuies

    importantes para sua prtica prossional.

    Para o desenvolvimento adequado deste mdulo importante o entendi-mento de alguns termos bsicos:

    Conceito de Sade: Entende-se que sade um meio, um recurso para a vidadas pessoas, no o objetivo da vida (FARIA et al., 2009).

    Promoo da Sade: concebida como a soma das aes da populao, dosservios de sade, das autoridades sanitrias e outros setores sociais e produtivos,

    voltados para o desenvolvimento de melhores condies de sade individual e co-letiva. Portanto, promoo da sade o processo de capacitao das pessoas paraaumentar seu controle sobre como melhorar a sua sade (OMS, 1986).

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    Envelhecimento: A Organizao Pan-Americana de Sade (OPAS) dene enve-lhecimento como um processo seqencial, individual, acumulativo, irreversvel, uni-versal, no patolgico, de deteriorao de um organismo maduro, prprio a todos osmembros de uma espcie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de azer

    rente ao estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte(BRASIL, 2006c).

    Envelhecimento ativo: Envelhecimento ativo o processo de otimizao deoportunidades para a sade, participao e segurana com o objetivo de aumentara qualidade de vida quando as pessoas envelhecem. um termo utilizado para trans-mitir uma mensagem mais abrangente do que o envelhecimento saudvel e reco-nhecer outros atores, alm de cuidados de sade, que aetam o modo como os indi-vduos e as populaes envelhecem (OMS, 2005).

    Atividade fsica (AF): entendida como qualquer movimento corporal que produzido pela contrao da musculatura esqueltica e que aumenta o gasto de ener-gia (ACSM, 2009). So exemplos de atividades sicas: tomar banho, dirigir, pintar, tocarum instrumento, andar, brincar, passear, azer compras, trabalhar, danar, jogar, varrer,

    jardinar e praticar exerccios sicos.

    Exerccio fsico: uma atividade sica planejada, estruturada e repetitiva paraaumentar ou manter um ou mais componentes da aptido sica, que denida opera-cionalmente como um estado de bem-estar com um baixo risco de problemas prema-turos de sade e disposio (energy) para participar em uma variedade de atividadessicas (ACSM, 2009).

    Prticas Corporais: So prticas que estimulam a interao mente-corpo, pro-porcionam aos participantes maior conscincia da sua integralidade enquanto ser hu-mano, levando melhoria da qualidade de sade e de vida, atuando na promoo sade, preveno e auxlio no tratamento de doenas e contribuindo tambm para a

    humanizao dos servios de sade (BRASIL, 2009).

    Sedentarismo: denida como uma maneira de viver ou estilo de vida que re-quer uma atividade sica mnima e que incentiva a inatividade por meio de decisesespeccas e barreiras estruturais e/ou nanceiras (ACSM, 2009).

    Qualidade de vida: Qualidade de vida um construto psicolgico, que tem sidocomumente denida como uma deciso/julgamento consciente da satisao que umindivduo tem em relao a sua prpria vida (ACSM, 2009).

    Senescncia: Compreende o envelhecimento como um processo natural de di-minuio progressiva da reserva uncional dos indivduos, o que, em condies nor-

    mais, no costuma provocar qualquer problema (BRASIL, 2006c).

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    Senilidade: entendida como envelhecimento em condies de sobrecarga,por exemplo, doenas, acidentes e estresse emocional, que pode ocasionar umacondio patolgica que requeira assistncia (BRASIL, 2006c).

    Autonomia: a habilidade de controlar, lidar e tomar decises pessoais sobrecomo se deve viver diariamente, de acordo com suas prprias regras e preerncias(OMS, 2005).

    Independncia: Signica ser capaz de realizar as atividades sem ajuda de outrapessoa. De maneira similar, a organizao mundial da sade, entende como a capaci-dade de viver independentemente na comunidade sem ou com pouca ajuda de outrapessoa (OMS, 2005).

    Dependncia: Signica no ser capaz de realizar as atividades cotidianas sem a

    ajuda de outra pessoa (BRASIL, 2006c).

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    Seo 1Responsabilidades do Profssionalde Educao Fsica na estratgiaSade da Famlia

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    Nesta seo vamos abordar a insero do Prossional de Educao Fsica

    na estratgia Sade da Famlia, bem como as responsabilidades que lhe so

    atribudas, no dia a dia de atuao.

    Como essa seo comum aos trs mdulos optativos relativos Educao

    Fsica, se voc j teve oportunidade de estud-la em outro mdulo, reveja-a, em

    leitura dinmica. Leia novamente os quadros.

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    A estratgia Sade da Famlia:a insero do Profssional deEducao Fsica

    As lutas dos trabalhadores da sade e dos usurios por um modelo assis-

    tencial digno e justo para os brasileiros possibilitaram ao Ministrio da Sade

    estabelecer a Ateno Primria Sade (APS) como eixo estruturante do atual

    modelo assistencial e, desta orma, reorientar suas estratgias para o Sistemanico de Sade (SUS). A Estratgia Sade da Famlia oi denida como o eixo

    reorientador do sistema, pelo entendimento que a complexidade do cuidado

    da sade humana demanda trabalho em equipe e que o indivduo no pode ser

    visto como elemento isolado do contexto amiliar e comunitrio.

    Esta mudana de lgica promove a aproximao entre as equipes dos

    trabalhadores da sade e as amlias de uma rea geogrca delimitada, o que

    possibilita uma melhor compreenso das diculdades e potencialidades huma-

    nas e ambientais existentes no territrio, maior participao e corresponsabili-

    zao da comunidade no processo e, consequentemente, maior eetividade na

    soluo dos problemas.Um avano de tal envergadura na viso poltica do modelo assistencial

    brasileiro gerou uma expressiva mudana no processo de trabalho dos pros-

    sionais e das equipes, pela possibilidade de reorganizao das intervenes e

    aes. A ateno primria sade visa no s a recuperao da sade do indi-

    vduo, mas tambm a busca da promoo da sade, da preveno dos agravos

    que so mais requentes na comunidade e da reabilitao uncional e psicos-

    social das pessoas, perto de seus amiliares e amigos.

    Desde a implantao das equipes de sade da amlia, as orientaes

    estiveram sempre voltadas para o cadastramento das amlias residentes no ter-

    ritrio da Unidade Bsica de Sade, na composio de uma equipe mnima,

    constituda por um mdico, um enermeiro, um tcnico ou um auxiliar de ener-

    magem e agentes comunitrios de sade. de undamental importncia contar

    com outros prossionais de sade atuando junto s equipes de sade da am-

    lia para contribuir na soluo dos problemas que a populao apresenta. Essa

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    uma rdua tarea para os municpios, principalmente os de pequeno porte e

    com condies socioeconmicas decitrias, o que no lhes possibilitam ter

    atrativos nanceiros para agregar no servio de sade dierentes prossionais

    de sade, mesmo sabendo da contribuio desses para a melhora da qualidade

    de assistncia oertada populao.

    O Ministrio da Sade, em 2008, criou o Ncleo de Apoio Sade da Famlia

    (NASF), com a inteno de ortalecer a estratgia Sade da Famlia enquanto

    movimento de reorientao do modelo de ateno, em nosso pas possibilitan-

    do a agregao de outros prossionais de sade na ateno primria sade

    (BRASIL, 2008).

    A proposta dos NASFs tem como objetivo ampliar a abrangncia e o escopo

    das aes de ateno bsica e melhorar a qualidade e a resolutividade da aten-

    o a sade. Contudo, importante ressaltar que os NASFs no so portas de

    entrada do sistema parte integrante das equipes de sade da amlia (BRASIL,

    2009, p.7).Os NASFs so constitudos por equipes compostas por prossionais de die-

    rentes reas de conhecimento, que desenvolvem suas atividades em parceria

    com os todos os prossionais de Sade da Famlia (SF), atuando diretamente

    no apoio s equipes para as quais oram cadastrados. Dessa orma, permitem

    ampliar o nmero de prossionais vinculados s equipes, como mdico (gine-

    cologista, pediatra e psiquiatra), Prossional de educao sica, nutricionis-

    ta, acupunturista, homeopata, armacutico, assistente social, sioterapeuta,

    onoaudilogo, psiclogo e terapeuta ocupacional.

    Os ncleos so compostos por, no mnimo, cinco prossionais (modalidade

    NASF1) ou trs prossionais (modalidade NASF2), de ormao denida pe-los gestores municipais. Devem uncionar em horrio coincidente com o das

    equipes de Sade da Famlia. A equipe do NASF1 deve realizar suas atividades

    vinculadas, no mnimo, a oito e no mximo, a 20 equipes de Sade da Famlia,

    excetuando os estados da Regio Norte, onde o mnimo cinco. Para a equipe

    NASF2, a vinculao mnima de uma equipe NASF para trs equipes de Sade

    da Famlia. Cabe s secretarias estaduais de sade assessorar os municpios na

    denio dos territrios e na vinculao dos NASFs s equipes de Sade da

    Famlia, acompanhar e monitorar o desenvolvimento das aes dos NASFs, as-

    sessorar e realizar avaliao, assim como acompanhar a organizao da prtica

    e do uncionamento dos ncleos.

    Considerando os objetivos e as caractersticas do NASF inmeras aes po-

    dem ser desenvolvidas, na perspectiva de transpor a lgica ragmentada da

    ateno sade para a construo de redes de ateno e cuidado, de orma

    corresponsabilizada com as equipes de SF. O Ministrio da Sade, em 2009, in-

    Para saber mais sobre NASF consultea portaria GM n.154, de 24 de janeirode 2008, republicada em 4 de marode 2008, Ministrio da Sade Cria osNcleos de Apoio Sade da Famlia NASF. (BRASIL, 2008)Disponvel em: .

    http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Portaria_N_154_GMMS.pdfhttp://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Portaria_N_154_GMMS.pdfhttp://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Portaria_N_154_GMMS.pdfhttp://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Portaria_N_154_GMMS.pdfhttp://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Portaria_N_154_GMMS.pdfhttp://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Portaria_N_154_GMMS.pdf
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    dicou nove reas estratgicas associadas ao NASF: sade da criana/do adoles-

    cente e do jovem; sade mental; reabilitao/sade integral da pessoa idosa;

    alimentao e nutrio; servio social; sade da mulher; assistncia armacu-

    tica; prticas corporais/atividade sica; prticas integrativas e complementares.

    Analisando essas reas estratgicas cil entender porque a equipe do NASF

    necessita apresentar um perl multiprossional para que o seu objetivo seja

    alcanado de maneira satisatria. A integrao do Prossional de Educao

    Fsica deve, portanto, ortalecer e ampliar todas as possveis intervenes da

    equipe de sade.

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    Responsabilidadesdo Profssional de EducaoFsica no Ncleo de Apoio Sade da Famlia (NASF)

    Dentro da perspectiva de que as reas estratgicas associadas ao NASF no

    se remetem atuao especca e exclusiva de uma categoria prossional, o

    processo de trabalho ser caracterizado ortemente por aes compartilhadas,

    visando uma interveno interdisciplinar. Exemplicando: a rea de prticas

    corporais/atividade sica (PCAF), embora seja especca para o prossional de

    Educao Fsica, demanda aes que podem ser desempenhadas por outros

    integrantes da equipe do NASF, da mesma maneira que o educador sico deve

    participar de aes de outros grupos prossionais.

    O quadro 1 apresenta as atribuies comuns a todos integrantes da equipe

    do NASF (BRASIL, 2009, p.23).

    1. Identificar, em conjunto com as equipes de Sade da Famlia (SF) e a comunidade, as atividades, as aes e as

    prticas a serem adotadas em cada uma das reas cobertas.2. Identificar, em conjunto com as equipes de SF e a comunidade, o pblico prioritrio a cada uma das aes.

    3. Atuar, de forma integrada e planejada, nas atividades desenvolvidas pelas equipes de SF e de InternaoDomiciliar, quando estas existirem, acompanhando e atendendo a casos, de acordo com os critrios previamenteestabelecidos.

    4. Acolher os usurios e humanizar a ateno.

    5. Desenvolver coletivamente, com vistas intersetorialidade, aes que se integrem a outras polticas sociais,como educao, esporte, cultura, trabalho, lazer, entre outras.

    6. Promover a gesto integrada e a participao dos usurios nas decises, por meio de organizao participativacom os conselhos locais e/ou municipais de sade.

    7. Elaborar estratgias de comunicao para divulgao e sensibilizao das atividades dos NASF por meio decartazes, jornais, informativos, faixas, flderes e outros veculos de informao.

    8. Avaliar, em conjunto com as equipes de SF e os conselhos de sade, o desenvolvimento e a implementaodas aes e a medida de seu impacto sobre a situao de sade, por meio de indicadores previamente estabeleci-dos.

    9. Elaborar e divulgar material educativo e informativo nas reas de ateno dos NASF.

    10. Elaborar projetos teraputicos, por meio de discusses peridicas que permitam a apropriao coletiva pelasequipes de SF e os NASF do acompanhamento dos usurios, realizando aes multiprofissionais e transdisciplina-res, desenvolvendo a responsabilidade compartilhada.

    Quadro 1. Ncleo de Apoio Sade da Famlia (NASF): atribuies comuns aos diversos

    membros da equipe*

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    Para alm das atribuies gerais equipe do NASF, algumas diretrizes espe-

    ccas ao Prossional de Educao Fsica oram apresentadas pelo Ministrio da

    Sade em 2009 e sumarizadas no Caderno de Ateno Bsica n. 27: Diretrizes

    do NASF. Estas diretrizes, relacionadas ao conhecimento nuclear do Prossional

    de Educao Fsica, no devem ser interpretadas, entretanto, como nicas e ex-

    clusivas deste prossional, mas sim como resultado da interao com todos os

    outros prossionais. O Quadro 2 mostra, detalhadamente, essas diretrizes para

    o Prossional de Educao Fsica (BRASIL, 2009, p.146-147).

    1. Fortalecer e promover o direito constitucional ao lazer.

    2. Desenvolver aes que promovam a incluso social e que tenham a intergeracionalidade, a integralidade do su-jeito, o cuidado integral e a abrangncia dos ciclos da vida como princpios de organizao e fomento das prticascorporais/atividade fsica.

    3. Desenvolver junto equipe de SF aes intersetoriais pautadas nas demandas da comunidade.

    4. Favorecer o trabalho interdisciplinar amplo e coletivo como expresso da apropriao conjunta dos instrumentos,espaos e aspectos estruturantes da produo da sade e como estratgia de soluo de problemas, reforandoos pressupostos do apoio matricial.

    5. Favorecer no processo de trabalho em equipe a organizao das prticas de sade na APS, na perspectiva dapreveno, promoo, tratamento e reabilitao.

    6. Divulgar informaes que possam contribuir para adoo de modos de vida saudveis por parte da comunidade.

    7. Desenvolver aes de educao em sade reconhecendo o protagonismo dos sujeitos na produo e apreensodo conhecimento e da importncia desse ltimo como ferramenta para produo da vida.

    8. Valorizar a produo cultural local como expresso da identidade comunitria de reafirmao do direito e possibi-lidade de criao de novas formas de expresso e resistncia sociais.

    9. Primar por intervenes que favoream a coletividade mais que os indivduos sem excluir a abordagem individual.

    10. Conhecer o territrio na perspectiva de suas nuances sociopolticas e dos equipamentos que possam ser poten-cialmente trabalhados para o fomento das prticas corporais/ atividade fsica.

    11. Construir e participar do acompanhamento e avaliao dos resultados das intervenes.

    12. Fortalecer o controle social na sade e a organizao comunitria como princpios de participao polticas nasdecises afetas a comunidade ou populao local.

    Quadro 2 - Prticas Corporais/Atividade Fsica (PCAF): diretrizes para atuao profissional

    Fonte: BRASIL, 2009, p.146-147. Disponvel em: .

    http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica_diretrizes_nasf.pdfhttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica_diretrizes_nasf.pdfhttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica_diretrizes_nasf.pdf
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    Partindo das atribuies comuns aos integrantes da equipe do NASF e das

    diretrizes para atuao prossional, o NASF tem como objetivo contribuir para

    a construo de redes de ateno e cuidado, de orma corresponsabilizada com

    a equipe de SF. Contudo, sabemos que esta situao, desejvel, no acontecer

    de orma espontnea e natural. Aqui cabe lembrarmos aquela experincia com

    macacos, provavelmente hipottica, relatada no mdulo Processo de trabalho

    em sade (FARIA et al., 2009). Naquele mdulo, discutimos sobre inrcia no

    trabalho. Durante a refexo sobre esta questo, cou claro que, muitas vezes,

    os indivduos ou grupos no conseguem romper com a ora da cultura insti-

    tucional. Por isso, necessrio que os prossionais do NASF assumam suas res-

    ponsabilidades, em regime de cogesto com todos os membros das equipes

    de Sade da Famlia e sob a coordenao do gestor local, para os processos de

    constante construo do Sistema nico de Sade.

    Considerando o contexto atual daspolticas pblicas de Educao eSade, o Conselho Federal de Edu-

    cao Fsica (CONFEF) publicou umdocumento intitulado Recomenda-es sobre condutas e procedimen-tos do Prossional de Educao Fsicana ateno bsica sade. Este doc-umento promove a abertura de umdilogo entre os prossionais da rea.Veja e acesse esse documento na bib-lioteca virtual (SILVA et al., 2010) ouacesse o site: .

    Recomendamos que voc leia es-pecialmente os captulos iniciais eas pginas 142 a 152 o Caderno deAteno Bsica n.27, do Ministrio daSade, sobre as diretrizes do NASF(BRASIL 2009). Verique sua existn-cia na unidade de sade: se no esti-ver disponvel, imprima dois volumes,

    uma para seus colegas do NASF, naunidade, e outro para sua consultae biblioteca. O documento est dis-ponvel em:

    http://www.listasconfef.org.br/arquivos/Livro_Recomendacoes.pdfhttp://www.listasconfef.org.br/arquivos/Livro_Recomendacoes.pdfhttp://www.listasconfef.org.br/arquivos/Livro_Recomendacoes.pdfhttp://www.listasconfef.org.br/arquivos/Livro_Recomendacoes.pdfhttp://www.listasconfef.org.br/arquivos/Livro_Recomendacoes.pdfhttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica_diretrizes_nasf.pdfhttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica_diretrizes_nasf.pdfhttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica_diretrizes_nasf.pdfhttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica_diretrizes_nasf.pdfhttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica_diretrizes_nasf.pdfhttp://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica_diretrizes_nasf.pdfhttp://www.listasconfef.org.br/arquivos/Livro_Recomendacoes.pdf
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    Seo 2Envelhecimento populacionale sade dos idosos

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    O contedo da seo 2 diz respeito abordagem do envelhecimento

    populacional e a sade dos idosos. Sero apresentadas algumas caractersticas

    da transio demogrca, epidemiolgica e da mortalidade da populao de

    idosos no Brasil e em Minas Gerais.

    O impacto dessas inormaes sobre o Prossional de Educao Fsica

    ir permitir ao mesmo uma anlise com maior contextualizao sobre o

    envelhecimento e a expectativa de vida, sendo esses importantes enmenos

    no s para os Prossionais de Educao Fsica, mas para todos os prossionais

    integrantes das equipes de sade. Considerando os dados dos estudos

    demogrcos e epidemiolgicos nacionais envolvendo o envelhecimento

    populacional e o aumento da expectativa de vida, dierentes projees,

    conseqncias e desaos so lanados, sobretudo para a populao idosa.

    Esperamos que ao trmino desta seo voc seja capaz de:

    Entender por que e como o Brasil est envelhecendo.

    Compreender como a mudana no perl epidemiolgico pode intererir

    no padro de sade e doena.

    Contextualizar a contribuio do conhecimento desta seo na

    organizao do processo de trabalho.

    Sabendo dos objetivos desta seo, ns poderemos agora caminhar juntos

    e de maneira proativa para entender aspectos importantes e norteadores

    sobre o envelhecimento populacional e a sade dos idosos. Vamos em rente,buscando ortalecer nossa atuao como agentes transormadores dentro do

    binmio educao sade.

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    Transio demogrfca

    No Brasil

    Em 2008, enquanto as crianas de 0 a 14 anos de idade correspondiam a

    26,47% da populao total, o contingente com 65 anos ou mais de idade re-

    presentava 6,53%. Quando se compara esses valores com uma projeo para o

    ano de 2050 (Grco 1), observa-se que o primeiro grupo mencionado repre-

    sentar 13,15% da populao total, ao passo que o segundo grupo (pessoascom 65 anos ou mais) ultrapassar os 22,71% da populao total. Com isso

    possvel ter uma idia melhor das transormaes que esto por acontecer

    com a populao brasileira. A essas transormaes d-se o nome de transio

    demogrca.

    Grfico 1 - Participao relativa da populao dos grandes gru-

    pos de idade na populao total - Brasil - 1980/2050

    Fonte: IBGE, Projeo da Populao do Brasil por Sexo e Idade para o Perodo 1980 -2050 - Reviso 20 08.

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    A transio demogrca pode ser entendida como as mudanas verica-

    das ao longo do tempo nas taxas de ecundidade, natalidade, migrao e mor-

    talidade e da infuncia da economia, das variaes climticas e das mudan-

    as culturais sobre esses indicadores. Em outras palavras, pode-se dizer que a

    transio demogrca o termo que designa o conjunto de modicaes em

    relao dimenso e estrutura etria da populao.

    A transio demogrca um dos enmenos estruturais mais importantes

    que tem marcado a economia e a sociedade brasileira desde a segunda metade

    do sculo passado.

    A transio demogrca pode ser sintetizada em 3 ases:

    Primeira ase: caracterizada por elevadas taxas de ecundidade, mas

    com taxas de mortalidade ainda mais altas, originando baixo cresci-

    mento populacional. A grande ruptura com esse perodo comea a se

    dar nos pases desenvolvidos com a Revoluo industrial, j nos pases

    em desenvolvimento isso ocorre apenas em meados do sculo XX. Segunda ase: caracterizada por elevadas taxas de ecundidade e de-

    clnio das taxas de mortalidade, gerando elevado crescimento popu-

    lacional. Esse elevado crescimento populacional oi chamado de ex-

    ploso demogrca. Nos pases desenvolvidos esse ato ocorreu logo

    aps a Revoluo Industrial. J nos pases em desenvolvimento isso

    ocorreu na segunda metade do sculo XX.

    Terceira ase: caracterizada por baixas taxas de ecundidade e de morta-

    lidade, ocasionando o envelhecimento populacional. Dados da Pesqui-

    sa Nacional por Amostra de Domiclios - PNAD 2009 - mostram que h

    uma queda acelerada das taxas de ecundidade e mortalidade no Bra-sil. Desta orma, o Brasil j teria ingressado na terceira ase da transio

    demogrca. Segundo os dados da PNAD 2009, a populao brasileira

    contava com cerca de 191,8 milhes de habitantes. Destas, aproxima-

    damente 21 milhes eram pessoas com 60 anos ou mais (IBGE, 2009).

    Octogenrios

    Uma anlise mais detalhada das pessoas com 60 anos ou mais indica um

    aspecto interessante. possvel vericar um considervel incremento da popu-

    lao de 80 anos ou mais de idade. Em 2000 eram 1,6 milho de pessoas com 80

    anos ou mais de idade e, em 2050, podero ser 13,8 milhes de pessoas nessa

    mesma aixa etria (Grco 2). Este ato preocupante, pois este grupo de ido-

    sos se destaca por apresentar maior prevalncia de doenas e um declnio un-

    cional acentuado, o que pode torn-los dependentes.

    Taxa de natalidade: nmero depessoas que nascem por 1000 habi-tantes durante 1 ano.

    Taxa de fecundidade: nmero m-dio de lhos que uma mulher teria aonal de sua idade reprodutiva.

    Taxa de mortalidade: nmero de

    pessoas que morrem por 1000 habi-tantes durante 1 ano.

    Taxa de migrao: nmero de pes-soas que vo de um pas para outroou de um lugar geogrco para outrodentro de um mesmo pas, com mu-dana de residncia. No primeiro casotrata-se de migrao internacional eno segundo de migrao interna.

    Glossrio

    Voc conseguiria identicar em qualase da transio demogrca as pes-soas da sua rea de abrangncia es-tariam?

    Os idosos j representam uma par-cela signicativa desta populao?

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    Se puder conra os artigos sobtema, disponveis nabiblioteca vi

    Transio demogrca e desidades sociais no Brasil (BRITO, 20 Distribuio espacial e cresci

    to da populao idosa nas capbrasileiras de 1980 a 2006: um esecolgico (NOGUEIRA et al., 2008

    Grfico 2 - Populao com 80 anos ou mais, por sexo - Brasil -

    1980/2050

    Fonte: IBGE, Projeo da Populao do Brasil por Sexo e Idade para o Perodo 1980 -2050 - Reviso 20 08.

    Vamos pensar...Na sua rea de abrangncia j possvel perceber o aumento do nmero de idososcom 80 anos ou mais?

    http://www.nescon.medicina.ufmg.br/bibliotecahttp://www.nescon.medicina.ufmg.br/bibliotecahttp://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca
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    Feminizao do envelhecimento

    Um enmeno que acompanha o envelhecimento da populao a emi-

    nizao da velhice, ou seja, as mulheres vivem mais do que os homens. Nos

    pases desenvolvidos possvel observar uma maior proporo de mulheres

    entre os idosos. Nos pases em desenvolvimento, esse enmeno tambm j

    pode ser observado. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios -

    PNAD 2009, entre as pessoas com 60 anos ou mais de idade, as mulheres so a

    maioria (55,8%) (IBGE, 2009). A principal razo disso explicada pelo dierencial

    de mortalidade que determina uma vida mdia mais elevada para as mulheres.

    Em Minas Gerais

    Minas Gerais apresenta uma transio demogrca semelhante a do Brasil,

    ou seja, um ritmo cada vez mais lento de crescimento populacional e o enve-lhecimento da estrutura etria. Em 2000 Minas Gerais tinha 17.891.494 milhes

    de habitantes. A aixa at 15 anos de idade, que em 1970 representava 43,3%

    da populao total de Minas Gerais, passou a representar 28,4% da populao

    em 2000. Em contrapartida, na aixa acima dos 60 anos h um aumento pro-

    porcional de 4,8% para 9,1% no perodo. J em 2009, de acordo com dados do

    IBGE, havia cerca de 20.033.665 milhes de pessoas residentes em Minas Gerais.

    Destas, aproximadamente 12,2% (2.444.107) eram pessoas de 60 anos ou mais

    e 1,7% (340.572) de 80 anos ou mais. Esses dados mostram o envelhecimento

    da populao em Minas Gerais, assim como no Brasil.

    Outro aspecto relativo transio demogrca brasileira, assim como a deMinas Gerais a maior proporo de mulheres com o avano da aixa etria,

    que resulta na diminuio quantitativa de homens em relao a cada grupo de

    100 mulheres.

    De acordo com a pesquisa de Oramentos Familiares 2008-2009 (IBGE),

    Minas Gerais tinha 468.948 homens e 579.971 mulheres na aixa etria de 65

    a 74 anos e 251.644 homens e 325.795 mulheres na aixa etria de 75 anos ou

    mais, que conrma a superioridade eminina em Minas Gerais.

    Essas transormaes podem ser mais bem visualizadas quando compara-

    mos a composio etria da populao brasileira com a de Minas Gerais (Gr-

    cos 3 e 4). possvel observar em ambos os grcos (Brasil e Minas Gerais) que

    a pirmide antes com base larga e pice pontiagudo est caminhando para um

    estreitamento na base da pirmide, o que indica uma reduo no nmero de

    crianas e adolescentes e um alargamento superior que indica o crescimento

    da populao de idosos, com superioridade eminina.

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    Grfico 3 - Composio da populao residente, por sexo,

    segundo os grupos de idade Brasil - 1999/2009

    Fonte: IBGE - Sntese de Indicadores Sociais, 20 10.

    Grfico 4 - Composio da populao residente, por sexo,

    segundo os grupos de idade Minas Gerais - 1970/2007

    Fonte: Censo demogrco, Minas Gerais, 1970, 2000 I n: Fundao Joo Pinheiro, 2008.

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    Esses nmeros reoram o que j vem sendo divulgado h alguns anos por

    especialistas em demograa: a necessidade de maior ateno aos idosos por

    parte dos vrios setores da sociedade, uma vez que a tendncia de que essa

    parte da populao continue a ter participao crescente nas prximas dca-

    das.

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    Transio epidemiolgica

    Concomitantemente a essas transies demogrcas ocorrem outras mu-

    danas no comportamento da mortalidade e morbidade da populao. Essas

    mudanas deram origem ao conceito de transio epidemiolgica. A teoria da

    transio epidemiolgica est ocalizada na complexa mudana dos padresde sade e doena e nas interaes entre esses padres e seus determinantes

    e conseqncias.

    Alm das modicaes populacionais, o Brasil tem experimentado uma

    transio epidemiolgica, com alteraes relevantes no quadro de morbimor-

    talidade. O padro caracterizado por doenas e bitos por causas inecciosas e

    transmissveis vem sendo progressivamente substitudo pelo de doenas crni-

    cas, degenerativas e causas externas ligadas a acidentes e violncia. Contudo,

    h que se atentar para a permanncia e reincidncia de algumas doenas trans-

    missveis, por seu potencial de impactar a vida, social e economicamente, e os

    sistemas de sade.

    Essas mudanas nos padres de ocorrncia das doenas tm imposto no-

    vos desaos, pois as doenas crnicas custam caro ao Sistema nico de Sade

    (SUS). Se no prevenidas e gerenciadas adequadamente, demandam uma as-

    sistncia mdica de custos sempre crescentes, em razo da permanente e ne-

    cessria incorporao tecnolgica.

    A transio demogrca indica o envelhecimento da populao, sendo as-

    sim, conhecer mais detalhadamente a evoluo das doenas e causas de morte

    da populao idosa (populao com 60 anos ou mais de idade) torna-se unda-

    mental para o planejamento de aes na rea da sade.

    medida que a pessoa envelhece, maiores so as chances de contrair uma

    doena crnica. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios -PNAD 2008 - somente 22,6% das pessoas de 60 anos ou mais de idade declara-

    ram no possuir doenas (Grco 5) (IBGE, 2008). Para aqueles de 75 anos ou

    mais de idade, esta proporo cai para 19,7%. A pesquisa mostrou ainda que

    Morbidade: Termo usado para signar o conjunto de casos de udada doena ou a soma de agraa sade que atingem um grupoindivduos, em um dado intervalotempo e lugar especco.

    Glossrio

    OenvelhecimentonoBrasil:a

    tos da transio demogrca e epmiolgica (LEBRO, 2007), dispona sua biblioteca virtual.

    http://www.nescon.medicina.ufmg.br/bibliotecahttp://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca
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    quase metade (48,9%) dos idosos soria de mais de uma doena crnica e, no

    subgrupo de 75 anos de idade ou mais a proporo atingia mais da metade

    (54,0%). Entre as doenas crnicas, a hipertenso a que mais se destaca em

    todos os subgrupos de idosos.

    Em geral, as doenas dos idosos so crnicas e mltiplas, perduram por vri-

    os anos e exigem acompanhamento mdico constante e medicao contnua.

    Qualquer que seja o indicador de sade analisado haver uma proporo

    maior de agravos e procedimentos mdicos entre aqueles de mais de 60 anos,

    em comparao aos demais grupos etrios, implicando maior utilizao dos

    servios de sade e custos mais elevados.

    Uma orma bastante comum de se analisar a evoluo do perl de sade de

    uma populao a comparao de situaes de mortalidade (bito) em die-

    rentes momentos.

    Grfico 5 - Proporo de pessoas de 60 anos ou mais de idade

    que declararam sofrer algum tipo de doena crnica, segundo

    os principais tipos - Brasil - 2008

    Fonte: IBGE, Sntese de Indicadores Sociais, 2010.

    (1) Inclui depresso (9,2%), asma ou bronquite (5,9%), tendinite ou tenossinovite ( 5,0%), insucincia renal crnica (3,3%) e cncer(2,5%).

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    Mortalidade em idosos

    Os bitos so classicados por 20 tipos de causas. As principais causas de

    morte so:

    Neoplasias: bito em conseqncia de algum tipo de cncer;

    Doenas endcrinas: bito causado por doena relacionada ao sistema

    endcrino (hormnios). Uma doena caracterstica desse grupo o Dia-

    betes Mellitus (decincia no hormnio insulina);

    Doenas respiratrias: doenas do pulmo, como, por exemplo, bron-

    quite, ensema e doena pulmonar obstrutiva crnica (DPOC);

    Doenas circulatrias: problemas no corao ou no sistema circulatrio,

    como, por exemplo, o inarto cardaco.

    Causas externas: bitos em decorrncia da violncia e acidentes de

    trnsito;

    Demais causas: correspondem a doenas inecciosas, doenas da gravi-dez, parto e puerprio, entre outras.

    Nos anos mais recentes, a estrutura da mortalidade no Brasil vem passando

    por proundas mudanas, principalmente no que se reere incidncia de de-

    terminadas causas de bitos sobre as distintas aixas etrias.

    Causas evitveis como as relacionadas s enermidades inecciosas e para-

    sitrias, m nutrio e aos problemas relacionados sade reprodutiva, que

    historicamente aetavam a mortalidade inantil (menores de 1 ano de idade) e

    de menores de 5 anos, vm, cada vez mais, perdendo sua predominncia an-

    terior. Por outro lado, vm aparecendo com mais reqncia causas de morterelacionadas a enermidades no transmissveis e causas externas (violentas).

    Na estrutura da mortalidade, o peso das causas relacionadas a problemas

    circulatrios, respiratrios e neoplasias, torna-se importante, pois vm incidin-

    do nas aixas etrias mais idosas. Este um grupo (60 anos ou mais de idade)

    que vem aumentando sua representao na composio da estrutura geral da

    populao, tanto em termos absolutos como relativos, estabelecendo um novo

    padro demogrco brasileiro, associado elevao da expectativa de vida.

    As enermidades relacionadas a problemas do aparelho circulatrio atingem

    mais ortemente as pessoas na aixa de 60 anos ou mais. O perl para os ido-

    sos reproduz, em parte, os principais grupos de causas de mortes da popula-

    o como um todo, sendo as doenas do aparelho circulatrio, com 37,5% das

    mortes, a causa majoritria. Os bitos por neoplasias representaram 16,9% do

    total de mortes de idosos e, em seguida, a maior proporo oram daqueles

    relacionados s doenas do aparelho respiratrio (IBGE - SIS, 2010).

    Para mais inormaes sobre esteco, consulte tambm... Chamowicz et al. (2009), cad

    Sade do Idoso, parte 3 nas pg34 41, disponvel na bibliotectual.

    http://www.nescon.medicina.ufmg.br/bibliotecahttp://www.nescon.medicina.ufmg.br/bibliotecahttp://www.nescon.medicina.ufmg.br/bibliotecahttp://www.nescon.medicina.ufmg.br/bibliotecahttp://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca
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    Em Minas Gerais

    Em Minas Gerais, assim como no Brasil, ao mesmo tempo em que a estrutura

    etria da populao passa por importantes mudanas, o perl de mortalidade

    tambm vem se transormando.

    As doenas crnicas no transmissveis nos ltimos anos passaram a pre-

    dominar nas estatsticas de morbimortalidade em Minas Gerais. No ano de

    2007 oram responsveis por 64% do total de bitos por todas as idades. As

    principais causas de mortalidade oram as doenas do aparelho circulatrio

    com 32,2%, as neoplasias com 16,5%, as causas externas com 12,6% e as doen-

    as do aparelho respiratrio com 11,3%.

    Durante o ano de 2008 as DCNT representaram mais de 35% de internaes

    pelo SUS, por todas as idades. A primeira causa oi decorrente das doenas do

    aparelho circulatrio, seguidas pelas do aparelho respiratrio, do digestivo e

    das causas externas, respectivamente.

    Na parte 1 e 2 voc estudou as caractersticas do envelhecimento popula-

    cional e as transormaes no perl de mortalidade e morbidade. Para reor-

    ar o seu aprendizado nesta seo, sugerimos que refita sobre as seguintes

    questes:

    Como o envelhecimento da populao est refetindo na rea de

    abrangncia da sua equipe de sade?

    Qual o signicado da reduo da mortalidade por doenas inecto-con-

    tagiosas e do aumento do nmero de doenas crnicas no-transmis-

    sveis (DCNT)?

    possvel vericar o enmeno da eminizao da populao idosa na

    sua rea de abrangncia?

    Que contribuio este conhecimento ter na organizao do processo

    de trabalho da sua equipe de sade?

    Importante:Como voc certamente percebeu durante a leitura sobre as transies demogr-ca e epidemiolgica, o maior impacto do envelhecimento populacional ainda estpor vir. Esse impacto ir demandar do sistema de sade, das polticas pblicas desade e dos prossionais envolvidos na estratgia Sade da Famlia (ESF) um grandeesoro para que o servio prestado populao seja satisatrio. Embora vocs jtenham sido sensibilizados com a necessidade e a importncia da ateno sadedos jovens/adolescentes e adultos, no temos dvida de que o grupo de usuriosrelacionado com a populao idosa ir representar tambm um grande desao.Vamos nos preparar para absorver esta demanda com qualidade?

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    Faa a leitura do trabalho Ncleos de apoio sade da amlia e a promoo das

    atividades sicas no Brasil: de onde viemos, onde estamos e para onde vamos(FLORINDO, 2009), disponvel na biblioteca virtual.

    Identique os problemas levantados pelo autor no que diz respeito ao NASF e sua

    contribuio com as equipes de ESF e tambm as sugestes para enrent-los. Re-

    gistre-os por escrito.

    Aps a identicao dos problemas e das sugestes para enrent-los na leitura

    sugerida, aa uma comparao com os problemas e as aes desenvolvidas para

    soluo dos mesmos vivenciados por voc dentro do NASF ou no projeto social no

    qual voc atua.

    Registre, por escrito, sua opinio. Consulte, no cronograma da disciplina, outros en-

    caminhamentos solicitados para esta atividade.

    Atividade 1

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    Seo 3Desafos relativos ao envelhecimento

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    Fonte:dreamstime.com-

    TatyanaChernyak

    Na segunda seo deste mdulo - Envelhecimento populacional e sade

    dos Idosos - voc constatou que no Brasil, a populao idosa cresce mais que

    as outras aixas etrias e que ainda pode ser considerada uma populao de

    idosos jovem; sendo que a maioria tem menos de 70 anos. Paralelo a essa in-

    ormao, importante car atento para outros estudos, os quais indicam que

    a dependncia para desempenhar as atividades de vida diria (AVD) tende a

    aumentar cerca de 5% na aixa etria de 60 anos para cerca de 50% entre osidosos com 90 anos ou mais. Ento, se associarmos estas inormaes muito

    cil deduzir que ainda est por vir uma grande demanda sobre todo o sistema

    de ateno sade da pessoa idosa. Essa demanda para ser absorvida ade-

    quadamente ir requerer uma antecipao de polticas pblicas especcas e

    sustentveis em uma ponta e equipes de sade bem preparadas na outra. Con-

    tudo, j possvel identicar hoje dierentes desaos relacionados ao processo

    de envelhecimento, como a capacidade uncional, quedas, depresso, o baixo

    nvel de incluso da prtica regular de atividade sica entre os hbitos de vida

    do idoso, entre outros. Um auxlio importante no enrentamento desses desa-

    os na ateno sade da pessoa idosa est relacionado com a prtica regular

    de atividades sicas.

    Considerando a crescente evidncia da relevncia da atividade sica para a

    sade do indivduo, aliado a conscientizao da importncia deste instrumen-

    to como uma estratgia de preveno e promoo da sade, a terceira seo

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    deste mdulo ir abordar os desaos relativos ao envelhecimento e a relao

    dos mesmos com a atividade sica. Esta seo oi dividida nas seguintes partes:

    Parte 1 Adeso a prtica de atividade sica

    Parte 2 - Capacidade uncional

    Parte 3 - Quedas

    Parte 4 - Depresso

    Como objetivo geral, esperamos que esta seo contribua para que voc

    seja capaz de argumentar sobre cada um dos desaos mencionados de manei-

    ra isolada, mas que tenha a capacidade tambm de azer anlises e inerncias

    sobre as condies de sade dos idosos, considerando a interao complexa

    entre os dierentes aspectos envolvidos.

    Ao trmino desta seo pretendemos que voc desenvolva sua competn-cia para:

    Fundamentar a importncia da prtica regular de atividade sica para

    o idoso.

    Compreender as relaes entre capacidade uncional, autonomia e in-

    dependncia.

    Entender por que a queda uma das mais importantes preocupaes.

    Perceber a contribuio da atividade sica na preveno da depresso.

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    Adeso a prtica de atividade

    Se a independncia e a autonomia, pelo maior tempo possvel, so metas

    a serem alcanadas na ateno sade da pessoa idosa, o envelhecimento

    ativo e saudvel o grande objetivo nesse processo. Desta orma, a reduo da

    prevalncia da inatividade sica em idosos dever mobilizar a criatividade dos

    prossionais da sade para estabelecerem programas e aes que asseguram

    um avano nesta direo. Na realidade, a incluso da prtica regular de ativi-

    dade sica deve se entendida como uma questo essencial nos hbitos da vidasociocultural do idoso e que ir garantir realmente um envelhecimento ativo.

    Em um estudo de Marin et al. (2008) oi investigada a percepo de pro-

    ssionais que atuam na estratgia Sade da Famlia (ESF) quanto sade do

    idoso. Os resultados desse estudo indicaram que a alta de adeso ao cuidado e

    de apoio dos amiliares uma das principais temticas neste contexto. Por este

    motivo e pela relevncia do mesmo para as uturas perspectivas visando pro-

    moo, preveno, cura e reabilitao das condies de sade dessa par-

    cela da populao, na parte 1 desta seo vamos conrontar com esta temtica.

    O sedentarismo no Brasil apresenta alta prevalncia, causando custos eleva-

    dos, tanto diretos quanto indiretos, para o sistema de sade.

    Dados apresentados pela vigilncia de atores de risco e proteo paradoenas crnicas por inqurito telenico (BRASIL - VIGITEL, 2009) mostram que

    a reqncia de adultos que praticam atividade sica no tempo livre oi baixa

    em todas as cidades estudadas, variando entre 10,3% em So Paulo e 21,2% em

    interessante destacar que, disseminar simplesmente a inormao sobre os bene-cios da atividade sica sade no parece ser suciente para uma adeso aumen-tada entre os idosos. Mudanas de comportamento so necessrias e devem serpensadas em longo prazo para que os idosos jovens de hoje sejam os idosos muitoidosos com um perl de envelhecimento ativo no uturo. A busca pela inclusoda prtica regular de atividade nos hbitos da vida do idoso primordial para apromoo da sade. Contudo, isso no exime a necessidade dos prossionais dasequipes de sade de pensarem construtivamente em aes e estratgias agudas deinterveno rente prevalncia de inatividade na populao idosa.

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    Vitria. No conjunto da populao adulta das 27 cidades estudadas, a reqn-

    cia da atividade sica realizada no tempo livre oi de 14,7%, sendo maior no

    sexo masculino (18,8%) do que no sexo eminino (11,3%). Em Belo Horizonte, o

    percentual de adultos ( 18 anos) que praticam atividade sica no tempo livre

    oi de 21,2% para o sexo masculino e 11,2% para o sexo eminino. Em Minas

    Gerais a situao parece ser ainda pior. Dados da Pesquisa por Amostras de Do-

    miclios de Minas Gerais - PAD-MG, 2009 mostram que o sedentarismo atinge

    78,5% dos mineiros. Quase oito em cada 10 pessoas em Minas Gerais admitem

    no azer exerccios sicos (FUNDAO JOO PINHEIRO, 2009).

    No Brasil, a atividade sica no lazer mais reqente para o sexo mascu-

    lino (18,1%) do que para o sexo eminino (10,8%). Entre homens, a reqncia

    alcana 20,5% entre os idosos. J entre as mulheres, a situao mais desa-

    vorvel, apenas 11,2% das idosas inormam atividade sica suciente no lazer

    (BRASIL, 2009). Contudo, Dumith (2009) em um estudo de reviso sistemticasobre atividade sica no Brasil vericou que existem poucas pesquisas realiza-

    das exclusivamente com idosos e que h necessidade de uma padronizao

    de critrios, nomenclaturas e instrumentos nos estudos epidemiolgicos envol-

    vendo a prevalncia de atividade sica.

    Diminuir o sedentarismo e promover estilos de vida mais saudveis com

    a participao da ateno bsica sade e seus prossionais pode represen-

    tar um grande impacto na melhoria dos ndices de sade populacional e nos

    custos relacionados gesto dos servios. Alm disso, um estilo de vida ativo

    demonstra eeito positivo na preveno e minimizao das perdas decorrentes

    do processo de envelhecimento. Sendo, assim, torna-se importante que a ativi-dade sica seja parte undamental dos programas de promoo da sade. O

    reconhecimento cientco da importncia da prtica regular da atividade sica

    na sade do indivduo, a conscientizao do grande valor da atividade sica

    como estratgia de promoo da sade so temas que a cada dia vm ganhan-

    do mais espaos.

    Promoo da sade

    A promoo da sade denida na Carta de Ottawa (OMS, 1986) como

    um processo que consiste em proporcionar s pessoas os meios necessrios

    para melhorar sua sade e exercer um maior controle sobre a mesma. Neste

    contexto, importante destacar que a promoo da sade no responsabi-

    lidade exclusiva do setor sade, e vai para alm de um estilo de vida saudvel.

    As aes de promoo da sade objetivam reduzir as dierenas no estado de

    Conra os artigos, disponveis na bi-blioteca virtual, sobre o tema:

    Evoluodapesquisaepidemiolgi-ca em atividade sica no Brasil: revisosistemtica (HALLAL et al., 2007).Atitudes de idosos frente prtica

    de atividades sicas (OKUMA; MIRAN-DA; VELARDI, 2007).

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    sade da populao e assegurar oportunidades e recursos igualitrios para ca-

    pacitar todas as pessoas a realizar completamente seu potencial de sade. Isto

    inclui ambientes avorveis, acesso inormao, a experincias e habilidades

    na vida, bem como oportunidades que permitam azer escolhas por uma vida

    mais sadia. A promoo da sade concebida, cada vez mais, como a soma das

    aes da populao, dos servios de sade, das autoridades sanitrias e ou-

    tros setores sociais e produtivos, voltados para o desenvolvimento de melhores

    condies de sade individual e coletiva. Dessa orma, a promoo da sade sai

    dos centros de sade e se estende para as comunidades, os ambientes, as esco-

    las; acrescentando como campo de atuao, o reoro comunitrio, que contm

    um componente educativo, que o desenvolvimento de habilidades sociais.

    Apesar das evidncias relacionadas aos benecios advindos da prtica de

    atividade sica, um nmero elevado de idosos no pratica atividade sica su-

    ciente para obter tais benecios. Neste contexto deve-se ressaltar que diversos

    atores podem ser determinantes para dicultar ou impedir a prtica regularde atividade sica, como por exemplo, problemas de sade, ambiente sico,

    alta de conhecimento, atores psicolgicos, cognitivos, emocionais, alm dos

    atores culturais e sociais.

    As iniciativas no devem se restringir apenas transmisso de inormaes,

    mas incentivar a criao de dierentes estratgias que aumentem o nvel de

    conhecimento e que melhorem as condies para que os idosos escolham mo-

    dos de vida saudveis. Assim, h necessidade de intervenes educativas com

    abordagem ao indivduo, amlia e comunidade, que promovam novas apren-

    dizagens, que levem os idosos a refetirem sobre si e sobre a importncia da

    prtica regular de atividade sica, valorizando a sua prtica. Deve-se atribuirsignicados ao novo conhecimento para que ele seja incorporado e aplicado na

    vida diria. Para reorar esse entendimento, voc certamente ir se lembrar das

    discusses desenvolvidas no mdulo 4 da unidade didtica I, prticas educati-

    vas em ateno bsica sade (VASCONCELOS; GRILLO; SOARES, 2009).

    Para provocar mudanas no comportamento e possibilitar que os idosos possam

    azer uma transio de um perl sedentrio para sicamente ativo, o que ne-

    cessrio na sua opinio?

    Vamos discutir no Frum!

    Atividade 2

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    Capacidade uncional

    Considerando o novo paradigma social do envelhecimento e seus refexos

    na dimenso da sade, tem-se utilizado o conceito de capacidade uncional

    para denir, instrumentalizar e operacionalizar sade no idoso.

    Neste sentido, a capacidade uncional diz respeito habilidade que um in-

    divduo tem de realizar de orma autnoma aquelas atividades consideradasundamentais a sua sobrevivncia, bem como a manuteno das suas relaes

    sociais.

    Estudos apontam a limitao uncional como um importante preditor de

    morbimortalidade, tanto isoladamente, como associada a comportamentos

    relacionados ao estilo de vida, doenas crnico no transmissveis (DCNT), dis-

    unes neuropsquicas e atores sociodemogrcos.

    Muitos idosos tm vrias doenas simultaneamente, que variam em severi-

    dade e provocam dierentes impactos na vida cotidiana, refetindo diretamente

    sobre o autocuidado e azendo com que, a mdio e longo prazo, surja a neces-

    sidade de cuidados de longa permanncia, geralmente com altos custos. Sendo

    assim, a avaliao da capacidade uncional vem se tornando um instrumento

    particularmente til para avaliar o estado de sade dos idosos. Sua prevalncia

    geralmente mensurada atravs da incapacidade de realizar as atividades da

    vida diria (AVDs) e atividades instrumentais da vida diria (AIVDs). As atividades

    da vida diria (AVDs) so aquelas relacionadas ao autocuidado, j as atividades

    instrumentais da vida diria (AIVDs) so aquelas relacionadas participao do

    idoso em seu entorno social e indicam a capacidade de um indivduo em levar

    uma vida independente dentro da comunidade. Exemplos dessas atividades

    podem ser visualizados no quadro abaixo.

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    alimentar-se;

    banhar-se;vestir-se;

    mobilizar-se;

    deambular;

    iraobanheiroe;

    mantercontrolesobresuas

    necessidadessiolgicas.

    Atividades da vida diria Atividades instrumentais davida diria

    utilizarmeiosdetransporte;

    manipularmedicamentos;realizarcompras;

    realizartarefasdomsticaslevese

    pesadas;utilizarotelefone;

    prepararrefeiese;

    cuidardasprpriasnanas.

    Lembrete

    Envelhecimento ativo o processo de otimizao de oportunidades para a sade,participao e segurana com o objetivo de aumentar a qualidade de vida quandoas pessoas envelhecem. um termo utilizado para transmitir uma mensagem maisabrangente do que o envelhecimento saudvel e reconhecer outros atores, almde cuidados de sade, que aetam o modo como os indivduos e as populaes en-velhecem (OMS, 2005).

    A perspectiva de curso de vida para o envelhecimento ativo reconhece que

    os mais velhos no constituem um grupo homogneo e que a diversidade en-

    tre os indivduos tende a aumentar com a idade. As intervenes que criam

    ambientes de apoio e promovem opes saudveis so importantes em todosos estgios da vida (gura 1). A capacidade uncional atinge seu mximo nos

    primeiros anos da vida adulta, entrando em declnio em seguida. A velocidade

    do declnio, no entanto, ortemente determinada por atores relacionados ao

    estilo de vida na vida adulta, como por exemplo, tabagismo, consumo de l-

    cool, prtica regular ou no de atividade sica e dieta alimentar, assim como

    por atores externos e ambientais. O declnio pode ser to acentuado que re-

    sulte em uma deficincia prematura. Contudo, a acelerao no declnio pode

    sorer infuncias e ser reversvel em qualquer idade atravs de medidas indi-

    viduais e pblicas (OMS, 2005).

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    Figura 1: Manuteno da capacidade funcional durante o curso da vida

    * Mudanas no ambiente podem diminuir o limiar da deficincia e, assim, reduzir o nmero de pessoas com incapacidades emuma comunidade.

    O processo incapacitante corresponde evoluo de uma condio crnica

    que envolve atores de risco, como por exemplo, demogrcos, sociais, psi-

    colgicos, ambientais, estilo de vida, comportamentos e caractersticas biolgi-

    cas dos indivduos (gura 2).

    Figura 2: Estruturao do processo incapacitante

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    Dentre as conseqncias do processo incapacitante destacam-se a hospi-

    talizao e a institucionalizao, que infuenciam diretamente a qualidade de

    vida das pessoas idosas.

    Quando se discute o processo incapacitante, trs conceitos apresentam-se

    interligados e interdependentes, so eles: autonomia, independncia e de-

    pendncia.

    Muitas pessoas mantm sua autonomia (capacidade de deciso), embora

    sejam dependentes (incapacidade sica para executar uma determinada ao).

    muito reqente observar que, na vigncia de situaes de dependncia, a

    autonomia da pessoa idosa tende a no ser considerada. Por isso, a condio

    de dependncia a que mais amedronta os idosos. No signica que se o idoso

    no consegue executar uma ao de orma total ou parcial, que ele tambm

    no seja capaz de decidir sobre a mesma.

    Neste contexto, a capacidade uncional surge como um novo paradigma

    de sade e passa a ser resultante da interao multidimensional entre sadesica, sade mental, independncia na vida diria, integrao social, suporte

    amiliar e independncia econmica. Qualquer uma dessas dimenses, se com-

    prometida, pode aetar a capacidade uncional do idoso.

    Na medida em que a idade cronolgica aumentada o indivduo, natural-

    mente, tende a se tornar menos ativo, suas capacidades sicas so reduzidas e

    com isso alteraes psicolgicas (sentimento de velhice, estresse e depresso),

    a convivncia e as limitaes sociais se evidenciam. As doenas crnicas e a

    reduo do nvel de atividade sica tendem a acelerar este processo, azendo

    com que os idosos constituam o grupo mais suscetvel incapacidade uncio-

    nal.Foi inserido no levantamento suplementar de sade da Pesquisa Nacional

    por Amostra de Domiclios (PNAD) em 2008 um bloco de perguntas buscando

    mensurar, com base em uma escala progressiva, o grau de diculdade com que

    uma pessoa exerce, normalmente, determinada tarea, possibilitando conhecer

    e analisar o estgio de limitao sica de sade em que se encontra. Respon-

    deram este conjunto de perguntas pessoas de 14 anos ou mais de idade.

    Segundo os dados da PNAD 2008 (IBGE, 2008), a proporo da populao

    com 60 anos ou mais de idade que tinha alguma diculdade na realizao de

    tareas como alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro sem ajuda chegou a

    15,2%. Em tareas como empurrar uma mesa ou realizar consertos domsticos

    o percentual aumentou para 46,9%. Foram consideradas tambm as atividades

    de abaixar-se, ajoelhar-se ou curvar-se, onde 53,9% dos idosos armaram apre-

    sentar diculdade e andar 100 metros, onde 27,0% dos idosos armaram ter

    diculdade.

    Autonomia: a habilidade de ctrolar, lidar e tomar decises psoais sobre como se deve viver damente, de acordo com suas prpregras e preerncias.

    Independncia: signica ser cade realizar as atividades sem ajde outra pessoa. De maneira similaOMS, entende como a capacidadeviver independentemente na comnidade sem ou com pouca ajudaoutra pessoa.

    Dependncia: signica no ser paz de realizar as atividades cotanas sem a ajuda de outra pessoa

    Glossrio

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    A ateno sade dos idosos primordial para preservar a sua autonomia

    e independncia pelo maior tempo possvel. A avaliao uncional determinar

    o grau de dependncia da pessoa idosa e os tipos de cuidados que vo ser

    necessrios, alm de como e por quem os mesmos podero ser mais apropria-

    damente realizados.

    Vamos conhecer agora duas escalas para avaliao das atividades

    da vida diria (AVD) e das atividades instrumentais da vida diria

    (AIVD)

    A primeira escala desenvolvida para avaliao das Atividades da Vida Diria

    (AVD) e que nos dias de hoje ainda muito utilizada a Escala de Katz (Anexo

    1). Esta escala avalia a independncia no desempenho de seis unes (banho,

    vestir-se, ir ao banheiro, transerncia, continncia e alimentao) classicando

    as pessoas idosas como independentes ou dependentes.Posteriormente, Lawton e Brody (1969) propuseram outro instrumento para

    avaliar as Atividades Instrumentais de Vida Diria (AIVD) (Anexo 2), considera-

    das mais complexas e cuja independncia para desempenho est diretamente

    relacionada com a capacidade de vida comunitria independente. Esta escala

    avalia a independncia no desempenho de nove unes (usar o teleone, ir

    a locais distantes utilizando algum transporte, azer compras, preparar suas

    prprias reeies, arrumar a casa, azer trabalhos manuais domsticos, lavar e

    passar sua roupa, tomar remdios na dose e horrios corretos e cuidar de suas

    nanas) classicando as pessoas idosas como independentes ou dependen-

    tes.Alm dos questionrios propostos por Katz et. al (1963) e Lawton e Brody

    (1969), os testes sicos tambm so utilizados como erramentas importantes

    para determinao do perl uncional do idoso, tendo em vista que o desem-

    penho nas atividades do cotidiano determinado pela integrao de diversas

    capacidades e habilidades sicas. Os testes sicos permitem a predio de

    possveis alteraes longitudinais da capacidade uncional, alm de serem uti-

    lizados para a avaliao do eeito de intervenes baseadas em programas de

    exerccios.

    Voc ter contato agora com alguns testes para mensurar a capa-

    cidade funcional

    Diante das diversas possibilidades de testes que podem compor a avaliao

    da capacidade uncional, sero apresentados a seguir alguns dos testes mais

    Veja o artigo sobre o tema, disponvelna biblioteca virtual:Capacidadefuncionaldoidoso:for -mas de avaliao e tendncias (CA-MARA et al., 2008).

    http://www.nescon.medicina.ufmg.br/bibliotecahttp://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca
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    utilizados e citados na literatura nacional e internacional.

    Os testes de caminhada so vistos como uma alternativa rpida e de baixo

    custo para avaliar o comprometimento da capacidade uncional, j que podem

    refetir o potencial de realizao das atividades da vida diria. Dentre as alter-

    nativas dos testes de caminhada, pode-se destacar o teste de caminhada de

    6 minutos (Six-Minute Walk Test 6MWT). Ele consiste em percorrer a maior

    distncia possvel no intervalo de 6 minutos. O teste deve ser executado em ter-

    reno plano de aproximadamente 30 metros e com marcaes, de preerncia,

    de metro em metro. O indivduo orientado a caminhar to rpido quanto pos-

    svel sem correr ou trotar. Se houver necessidade, o indivduo poder descansar,

    porm o tempo continuar sendo cronometrado.

    A mobilidade tambm se estabelece como ponto undamental da avalia-

    o uncional, pois se relaciona intimamente com a probabilidade de quedas,

    o que representa impacto negativo sobre a capacidade uncional. Um teste de

    mobilidade que tem sido amplamente utilizado para avaliao da capacidadeuncional do idoso Timed Up and Go (TUG). Esse teste baseia-se em avaliar

    a velocidade de execuo em levantar de uma cadeira com braos, caminhar

    trs metros rente, virar, caminhar de volta e sentar na cadeira, caracterizando,

    assim, um conjunto de aes tipicamente rotineiras, undamentais para mobili-

    dade independente (gura 3).

    A capacidade de manuteno do equilbrio esttico e dinmico um ponto

    crucial para a manuteno da independncia uncional, para reduzir o risco de

    quedas, morbidade e mortalidade na velhice. Mensuraes do equilbrio em

    posio ortosttica, portanto, tornam-se preeminentes, pois essa ao est

    presente em atividades uncionais comuns, refete a estabilidade postural do

    indivduo, podendo assim identicar aqueles que apresentam maiores riscos

    Figura 3: Desenho esquemtico do Timed Up and Go(TUG)

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    de queda. Um teste de equilbrio esttico muito utilizado na literatura o teste

    de apoio unipodal. Esse teste consiste em mensurar o tempo que o avaliado

    consegue sustentar-se em p, com apoio de apenas um dos membros ineri-

    ores, enquanto mantm o outro p a aproximadamente a 10 centmetros do

    solo (gura 4).

    Figura 4: Desenho esquemtico doteste de apoio unipodal

    Alm do equilbrio esttico, a avaliao do equilbrio dinmico extrema-

    mente importante, pois decresce muito antes do equilbrio esttico e capa-

    cidade undamental, por exemplo, para a marcha e para levantar-se de uma

    cadeira. Um teste simples para a determinao do equilbrio dinmico muito

    utilizado o teste de alcance uncional. Esse teste consiste em mensurar a

    mxima distncia que um indivduo consegue alcanar, projetando o tronco

    rente com o brao estendido, sem mover os calcanhares do cho (gura 5). A

    distncia medida a partir de uma escala colocada numa parede, na altura noombro do avaliado, considerando-se a melhor de trs tentativas.

    Figura 5: Desenho esquemtico doteste de alcance funcional

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    A ora muscular uma capacidade sica muito presente nas atividades roti-

    neiras, pois se relaciona, por exemplo, com a velocidade da marcha, habilidade

    de subir degraus, levantar-se da cadeira, vestir-se e alimentar-se. Um teste que

    exige da ora e potncia muscular dos membros ineriores e tem sido utilizado

    em diversas abordagens o teste de levantar-se de uma cadeira.O teste consiste em realizar o movimento de levantar-se da cadeira at car

    na postura ereta e voltar posio sentada (gura 6). mensurada a quanti-

    dade de repeties realizadas em 30 segundos. Os braos devem estar cruza-

    dos junto ao trax.

    Figura 6: Desenho esquemtico do teste de levantar-se de uma cadeira

    Embora a avaliao dos membros ineriores parea ser mais importante por

    relacionar-se com aes uncionais mais globais e com outras variveis como

    equilbrio (dinmico e esttico), velocidade da marcha e caminhada, tambm

    proposta a avaliao da ora dos membros superiores. Para tanto, o teste de

    fexo de cotovelo reqentemente utilizado. O teste consiste em realizar o

    maior nmero de repeties de fexo unilateral de cotovelo com halteres, na

    posio sentada, por 30 segundos (gura 7).

    Figura 7: Desenho esquemtico do teste de flexo de cotovelo

    Os testes uncionais tm comojetivo identicar disunes e blemas da capacidade sica, quedem indicar as necessidades a secontempladas no programa de adades sicas/prticas corporais o idoso. Alm disso, por meio testes, voc pode ser capaz de inerncias sobre as condiessade dos idosos e utiliz-los o controle e acompanhamento dierentes tipos de programassade. Considerando essa argumtao, o Prossional de EducaFsica deve estar apto a avaliahabilidades uncionais, uma vez as mesmas so consideradas opreditoras de declnio uncional.

    Por se tratar de um aspecto relevante no contexto da prescrio de ativi-

    dade sica, uma abordagem crtica sobre a importncia da avaliao sica ser

    apresentada na seo 4, parte 2.

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    Quedas

    Fonte: http://recursostic.educacion.es/bancoimagenes/web/ - Banco de imgenes y sonidos

    O envelhecimento populacional e o aumento da ocorrncia de doenas

    crnicas no transmissveis provocam a necessidade da preparao e adequa-

    o dos servios de sade, incluindo a ormao e capacitao de prossionais

    para o atendimento desta nova demanda. Neste contexto, emerge a discusso

    acerca de eventos incapacitantes que atingem essa aixa etria, dentre os quais

    se destacam a ocorrncia de quedas e suas conseqncias. Esta temtica de

    grande relevncia, pois aeta o indivduo sica e psicologicamente. Alm de

    possveis raturas, do risco de morte, do medo de cair, da restrio de atividades,

    as quedas repercutem tambm no aumento do risco de institucionalizao.

    Nesta perspectiva, as quedas de idosos so atualmente uma das mais im-

    portantes preocupaes, pois constituem um dos principais problemas clnicos

    e de sade pblica devido a sua alta inc