ecoslops - sines transforma resíduos em betume e combustível

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News & Politics


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Page 1: ECOSLOPS - Sines transforma resíduos em betume e combustível

Tiragem: 27000

País: Portugal

Period.: Semanal

Âmbito: Informação Geral

Pág: 58

Cores: Cor

Área: 23,30 x 28,60 cm²

Corte: 1 de 1ID: 66998711 19-11-2016

Empresa tem o exclusivo da recolha de resíduos em Sines

SINES TRANSFORMA RESIDUOS EM BETUME E COMBUSTÍVEL Sónia Peres Pinto sonia.pintoOsol.pt

A fábrica instalada no Porto de Sines aprovei-ta os resíduos petrolíferos para produzir com-bustível e betume. Já assinou um memorando com a francesa Total para replicar modelo. A Ecoslops, que implementou em Sines, em junho de 2015, um mo-delo de produção único no mun-do, que aproveita os resíduos pe-trolíferos dos navios para produ-zir combustível e betume quer exportar esta tecnologia para qualquer porto marítimo espe-cialmente os que têm «grande movimento». A garantia foi dada ao SOL pelo diretor executivo da empresa de Sines, Pedro Simões.

Para já, foi assinado um memo-rando de entendimento com a To-tal para o porto de Marselha. «A Ecoslops estabeleceu tuna par-ceria com a francesa Total para replicar em Marselha a tecno-logia que, até agora, fazia de Si-nes um caso único no mundo. Foi assinado um memorando de entendimento que visa uma parceria para a instalação de uma micro refinaria na zona de La Mède, perto de Marselha. A decisão final será tomada em 2017». revela.

Neste momento a Total está a tratar das licenças e não há nada em contrário que possa impedir o projeto de avançar no mercado francès já no próximo ano. «O único entrave que poderia sur-

gir seria o Governo francês não autorizar, mas isso é um condicionalismo que não está no horizonte», salientou o res-ponsável.

Mas a ideia não é ficar por aqui. Também em cima da mesa estão possíveis parcerias em portos como Antuérpia, Roterdão, Ham-burgo, Le Havre, Oman ou na Ará-bia Saudita e em Singapura. A fór-mula é simples: replicar o que é feito na fábrica de Sines. «Trata--se de um tecnologia que pode ser replicada em qualquer por-to marítimo », salienta.

E os números falam por si: todos os anos são gerados cerca de 100 mi-lhões de toneladas em todo o mun-do destes resíduos oleosos - água e hidrocarbonetos - resultantes das transportadoras marítimas. Ainda assim. Pedro Simões acre-

Fábrica represen-tou um investimen-to de 18 milhões, dos quais 6,2 foram subsidiados

dita que o projeto no Porto de An-tuérpia é o que tem maiores con-dições para avançar também em 2017. «Em Antuérpia está a ser feito um estudo de viabilidade muito sério e estão estão a ser estabelecidos contatos com as autoridades belgas», afirmou.

Mas como é que esta tecnologia funciona? O processo da Ecoslops permite aproveitar os resíduos petrolíferos dos navios, geralmen-te acumulados ou separados da água e enviados para incineração, dando-lhes nova utilização, com a criação de novos produtos, como combustível e betume.

No fundo acaba por funcionar como uma verdadeira revolução para tratar estes resíduos. Isto porque até à década de 70 estes re-síduos eram, na esmagadora maioria, libertados no mar. A par-tir de 1980. com a entrada em vi-gor de legislação mais restritiva e com uma crescente fiscalização marítima a nível mundial contri-buíram para que estes resíduos passassem a ser descarregados nos portos marítimos. Atualmen-te, esses resíduos são descarrega-dos em terra, desidratados e inci-nerados.

«As autoridades portuárias são obrigadas a ter meios dis-poníveis para recolher esse tipo de resíduos, são milhões de toneladas que são recolhi-das ao longo do ano, mas tipica-

mente o que acontece é que es-ses resíduos são secos e enca-minhados para incinerar em indústrias que precisam de muita energia barata, como as cimenteiras e as siderurgias», explica.

Nos primeiros nove meses do ano, a Ecoslops tratou mais de 22 mil toneladas de slops (resí-duos oleosos das transportado-ras marítimas), mas desde o iní-cio da sua atividade já tratou mais de 45 mil toneladas de slops, o que equivale à produção de 15 mil toneladas de combustí-veis e betume. «Temos capaci-dade para produzir cerca de 30 mil toneladas de combustí-veis por ano, o que equivale, no mínimo, a tratar 60 mil to-neladas de slops e estamos já neste momento a trabalhar com toda a nossa capacidade», diz Pedro Simões.

Para já, não está previsto au-mentar mais a sua capacidade de produção, uma vez que isso iria implicar um novo investimento para a alargar a atual fábrica. Também em termos de vendas, as metas são otimistas: a empresa prevê vender todo o produto pro-duzido nos próximos seis meses.

Utlibação A Ecoslops faz o tratamento dos slops através de tecnologias de destilação e transforma-os em

dois subprodutos: combustível e betume. E essa transformação apresenta «benefícios ambien-tais e económicos», garante a empresa. A partir daí, estes dois novos produtos podem ser utiliza-dos em diferentes indústrias. «No caso do combustível, este pode ser transformado em fuelóleo de baixo teor de enxofre, gasó-leo pesado para combustível marítimo e combustível ligei-ro (equiparado a gasolina)». Já o betume pode ser usado para fa-zer asfalto ou como material de construção. E dá como exemplo, os clientes que tem nesta área e que apostam no setor da imper-meabilização. A empresa admite que a queda do preço do petróleo fez com que os combustíveis obtidos a partir de slops deixassem de ter tanto va-lor no mercado face aos combus-tíveis tradicionais. Mas ainda as-sim deixa uma garantia: «São produzidos combustíveis de qualidade equiparável à das re-finarias, o que permite obter uma valorização superior dos seus produtos».

A Ecoslops, que conta com o ex-clusivo da recolha de slops no Por-to de Sines, representou um inves-timento de 18 milhões de euros, dos quais 6,2 milhões provêm de fundos comunitários e do Estado português. Emprega atualmente 50 trabalhadores.