economix impresso nº 63

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informativo empresarial | junho de 2015 | edição 63 pág. 04 pág. 02 pág. 03 CENÁRIO ADMINISTRAÇÃO NEGÓCIO A Lei de Responsabilidade Fiscal precisa ser aperfeiçoada Brasil é o país mais empreendedor do mundo FecomercioSP vê agravamento da crise Quem aplicou recursos no Ibovespa no fim de janeiro ganhou, entre fevereiro e abril, 20% de retorno. Quem ficou no CDI obteve ganho de 3%. O problema desse tipo de aná- lise é que ela parte do princípio de que todos sabem quando o Ibovespa está na mínima e pressupõe também que saberá quando ven- der na máxima. Ou seja, olhar para o passa- do (para o que já ocorreu), fica muito mais fácil. Mas o analista tem de olhar para fren- te e tentar antecipar alguns movimentos. O gráfico mostra que, em uma pers- pectiva mais longa, as aplicações em renda fixa continuam a ser muito atrativas. Em uma análise dos últimos meses, é possível ver que o Ibovespa, a rigor, “patina” desde 2009/2010 entre 45 mil e 55 mil pon- tos – o que faz com que essa recente recupe- ração em dois ou três meses não possa ser considerada definitiva (nem descartada). APESAR DA MELHORA, APOSTA EM AÇÕES AINDA É ARRISCADA melhor opção é a renda fixa, pois oferece rendimento acima da inflação, liquidez imediata e baixo risco, bem como não requer acompanhamento constante do aplicador O que ocorre é que, com a Selic a 13,25% e propensa a se elevar ainda mais, a tendên- cia é que muita gente volte a realizar os lu- cros (ou a redução de perdas) recentes na Bolsa e aplique em renda fixa. Mais ainda: com a inflação próxima a 8% ou a 9% neste ano, títulos que rendam IPCA mais 6% tam- bém se tornam muito atrativos. [ ] cdi ibovespa 94 0 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 95 97 98 99 02 03 05 06 07 09 10 11 13 14 01

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Leia também, nessa edição, a atual crise é a pior desde o governo Collor

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Page 1: EconoMix Impresso Nº 63

i n f o r m a t i v o e m p r e s a r i a l | j u n h o d e 2 0 1 5 | e d i ç ã o n º 6 3

pág.04pág.02 pág.03CENÁRIOADMINISTR AÇ ÃO NEGÓCIO

A Lei de Responsabilidade Fiscal precisa ser aperfeiçoada

Brasil é o país mais empreendedor do mundo

FecomercioSP vê agravamento da crise

Quem aplicou recursos no Ibovespa no fim de janeiro ganhou, entre fevereiro e abril, 20% de retorno. Quem ficou no CDI obteve ganho de 3%. O problema desse tipo de aná-lise é que ela parte do princípio de que todos sabem quando o Ibovespa está na mínima e pressupõe também que saberá quando ven-der na máxima. Ou seja, olhar para o passa-do (para o que já ocorreu), fica muito mais fácil. Mas o analista tem de olhar para fren-te e tentar antecipar alguns movimentos.

O gráfico mostra que, em uma pers-pectiva mais longa, as aplicações em renda fixa continuam a ser muito atrativas.

Em uma análise dos últimos meses, é possível ver que o Ibovespa, a rigor, “patina” desde 2009/2010 entre 45 mil e 55 mil pon-tos – o que faz com que essa recente recupe-ração em dois ou três meses não possa ser considerada definitiva (nem descartada).

APESAR DA MELHORA, APOSTA EM AÇÕES AINDA É ARRISCADAmelhor opção é a renda fixa, pois oferece rendimento acima da inflação, liquidez imediata e baixo risco, bem como não requer acompanhamento constante do aplicador

O que ocorre é que, com a Selic a 13,25% e propensa a se elevar ainda mais, a tendên-cia é que muita gente volte a realizar os lu-cros (ou a redução de perdas) recentes na

Bolsa e aplique em renda fixa. Mais ainda: com a inflação próxima a 8% ou a 9% neste ano, títulos que rendam IPCA mais 6% tam-bém se tornam muito atrativos. [ ]

cdi ibovespa

94

0

4000

3500

3000

2500

2000

1500

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95 97 98 99 02 03 05 06 07 09 10 11 13 1401

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realizados pelo conselho de gestão fiscal, constituído por representantes de todos os Poderes e esferas de governo, do Ministério Público e de entidades técnicas representa-tivas da sociedade.

Assim, como prevê a lei, o conselho de gestão fiscal, com suas atribuições, visará:I - harmonização e coordenação entre os en-tes da Federação;II – disseminação de práticas que resultem em maior eficiência na alocação e execu-ção do gasto público, na arrecadação de re-ceitas, no controle do endividamento e na transparência da gestão fiscal;III – adoção de normas de consolidação das contas públicas, padronização das presta-ções de contas e dos relatórios e demons-trativos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, normas e padrões mais simples para os pequenos municípios, bem como outros, necessários ao controle social;IV – a divulgação de análises, de estudos e de diagnósticos. [ ]

o principal é regulamentar o artigo 67 da lei, que dispõe sobre o acompanhamento e a avaliação de um conselho de gestão fiscal

Há exatamente 15 anos, surgiam novas luzes para avanços na administração pú-blica. Em meio à longa história que envol-vem má gestão e desrespeito com recursos públicos, consciência e persistência foram requisitos fundamentais para a criação de uma nova ordem no País, fiscal e orça-mentária. Surgia a Lei de Responsabilida-de Fiscal (LRF).

Com a aprovação da LRF, após um qua-dro fiscal em deterioração, houve notáveis progressos, pois foram criadas regras de conduta, transparência foi imposta, limi-tes foram previstos e fiscalização na gestão pública foi estabelecida, chamando à res-ponsabilidade administradores e governos. Contudo, apesar dos propósitos e das con-quistas proporcionadas pela lei, é forçoso reconhecer que seu papel, no tempo, perdeu eficácia – seja pela manutenção de certas brechas, seja pela predominância de inte-resses econômicos e políticos.

Vale admitir, portanto, que a LRF tam-bém tem limites e desafios, basta observar, por exemplo, a sua estreita relação com questão das mais complexas: a guerra fis-cal, perpetuada em função de disparidades e desequilíbrios entre os Estados e entre as regiões do País, algo, aliás, a explicar as ten-tativas e os esforços do governo federal em defesa de um Pacto Federativo.

Com o retrocesso que marcou o País nos últimos anos, além da perda de importan-tes conquistas sociais e econômicas e o com-prometimento de sua imagem, volta à cena a necessidade de correção de rumos, traba-lho com origem obrigatória no ajuste fiscal. Algo inadiável e urgente, diante do quadro econômico em evidente deterioração e de seus riscos, como destacam os analistas e alerta o ministro da Fazenda, ciente dos en-traves políticos que o governo enfrenta e das dificuldades para implementá-lo.

Por isso, o momento pede muita reflexão e conscientização, sobretudo da classe políti-ca, na medida em que reside exatamente no setor público – por deformidades e ineficiên-

cia – o maior dos gargalos para um país mo-derno que trilhe o caminho da produtividade e da modernidade, sem o qual não se supor-tam as bases para o crescimento sustentado.

O País não pode mais viver entre avan-ços e retrocessos, como agora se assiste, e um passo fundamental rumo à estabili-dade o leva necessariamente à reorganiza-ção da máquina pública, sempre sujeita a injunções políticas. Daí a necessidade de se buscar o maior rigor da Lei de Responsabili-dade Fiscal, que requer correções e, mais do que isso, ações que conduzam a sua maior eficácia, pois o Governo Federal não conse-guiu evitar práticas danosas, como a conta-bilidade criativa, e, muito menos, a eleva-ção da dívida pública.

Como providência principal, nesse pro-pósito, urge regulamentar o artigo 67 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que dispõe sobre o acompanhamento e a avaliação, de forma permanente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal, a serem

A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL REQUER REPAROS

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pesquisa mostra que a taxa de empreendedorismo no brasil é de 34,5%, maior do que a china (26,7%) e eua (20%)

BRASIL É O PAÍS MAIS EMPREENDEDOR DO MUNDO

Recentemente foi divulgada a pesquisa Glo-bal Entrepreneurship Monitor (GEM), reali-zada pelo SEBRAE e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP). Os dados mostram que, em 2014, o Brasil al-cançou a maior taxa de empreendedorismo dos últimos anos, ou seja, passou de 23% em 2004 para 34,5% em 2014.A análise reúne informações de cem paí-ses, e o Brasil, nesta edição, ficou em pri-meiro lugar ao registrar o maior número de empreendedores. Comparado a outros países, tem-se o seguinte cenário: China (26,7%), Estados Unidos (20%), Reino Uni-

do (17%), Japão (10,5%), Índia (10,2%), África do Sul (9,6%), Itália (8,6%), Rússia (8,6%) e França (8,1%). Apesar de ainda encontrar dificuldades para conseguir se manter no mercado, os pequenos negócios alcançaram, nos últimos anos, grandes avanços. A Lei Geral da Micro-empresa e da Empresa de Pequeno Porte é um exemplo de tal evolução. A própria Constituição Federal dispõe em seu art. 146, que deve ser dado tratamento diferenciado e favorecido às micro e pequenas empresas. A colocação do Brasil como o país mais empreendedor dentre as economias pes-

quisadas pode ser atribuída ao aumento no número de formalizações de empresas, principalmente após a legislação que criou a categoria do Microempreendedor Individual (MEI). Além disso, neste ano, foi ampliado o Simples Nacional para mais de 140 atividades. O estudo GEM aponta também que o nú-mero de pessoas que pretendem abrir o próprio negócio (32%) é maior do que as que desejam continuar a trabalhar em em-presas (16%). As pessoas encontram na ati-vidade empreendedora a realização de um grande sonho. [ ]

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A FecomercioSP há quase dois anos alerta empresários, consumidores e o Poder Públi-co sobre os riscos de uma política macroe-conômica em desequilíbrio, que privilegiou o consumo e alguns setores industriais em detrimento de arcar com o peso de propor reformas estruturantes. Tais correções, necessárias, seriam o caminho para o au-mento da eficiência via produtividade e, por consequência, aumentariam a com-petitividade. Dentro dessas reformas, es-taria a semente para a flexibilização das relações entre trabalho e capital, e certa-mente seria também o embrião de mais e melhores empregos que viriam ao longo do tempo como fruto dessas mudanças.

Alguns países optaram pelo caminho fácil e populista, como Argentina, Venezue-la, Bolívia e Equador. Nenhuma dessas ex-periências tem se mostrado exitosa. Outras economias optaram pelo livre-mercado, pelo estímulo à competitividade via ga-nhos de produtividade, como Colômbia, Chile, Paraguai e mesmo os Estados Unidos, e se encontram adiantadas e deixam de fato a crise sistêmica e global de 2008 para trás. O Brasil está ao lado daqueles que es-colheram um caminho menos trabalhoso, porém, de baixos resultados e que agora se mostra mais custoso do que benéfico.

Os dados de emprego e renda mais re-centes já apontam para quedas recordes no rendimento médio e na geração de postos de trabalho. A demissão está subindo, com isso reverte rapidamente aquela curva po-sitiva de anos passados. Com menos vagas e menos renda, a tendência natural é de que a confiança de consumidores e empresários continue baixa e ainda em queda. Também é razoável acreditar que a inadimplên-

cia se eleve e que os bancos venham cada vez mais tornar os financiamentos muito mais seletivos e caros. O cenário não é bom também para a indústria, que continua a amargar péssimos resultados.

Os primeiros meses de 2015 já mostra-ram que a FecomercioSP estava à frente quando alertava para o esgotamento do modelo de consumo. A Páscoa foi fraca, com sobra de estoques, e os dados de vendas são desalentadores em quase todos os segmen-tos, até mesmo sob a óptica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que costuma ter uma tendência de sobre--estimar os resultados do varejo.

A FecomercioSP não apenas analisava a conjuntura e os dados macroeconômicos em desequilíbrio para alertar da forma incisiva como fazia e fez, usando os próprios indica-dores. O gráfico abaixo mostra que, em São Paulo (e o mesmo vale para todo Brasil), a confiança de consumidores (ICC) e de empre-sários (ICEC) está nos patamares mais baixos da história. A Intenção de Consumo das Famí-lias (ICF) também atinge o menor nível.

Por outro lado, o endividamento das famílias tem caído desde o fim do ano pas-sado – como efeito da restrição bancária e

os riscos de uma instabilidade de proporções muito severas, com ondas mais fortes de desemprego e de retração de vendas e de produção, são muito grandes

A ATUAL CRISE É A PIOR DESDE O GOVERNO COLLOR

do receio de clientes em assumirem dívidas em um cenário de incertezas –, mas voltou a subir. A entidade interpreta essa subida do endividamento neste momento como involuntária por parte do comprador. Ou seja, ele não quer, mas com o orçamento cada vez mais apertado pela inflação e o aumento do desemprego, se vê obrigado a contrair dívidas. Isso é um processo arris-cado e que pode redundar em problemas mais sérios em breve.

Tudo isso indica que 2015 terá uma que-da de PIB que pode chegar até a 2%, o pior resultado desde o Governo Collor. Os riscos de uma crise de proporções muito severas, com ondas mais fortes dispensa de funcio-nários e de retração nas vendas e produção são muito grandes. As pessoas mais jovens não têm memória de uma crise como a que estão prestes a presenciar, segundo a Federaçã0. Os resultados das vendas do Dia das Mães também confirmaram essas projeções nada animadoras, que já anun-cia que este será um ano para marcar ne-gativamente a história econômica do Bra-sil. Desta vez, a FecomercioSP prefere estar errada e se justificar ao fim do ano, mas as probabilidades são baixas. [ ]

2011

160

180

140

120

100

80

60

2012 2013 2014 2015

101,6100,192,784,9

126,3

108,1

150,3

170,2

icc icf sp icec sp endividamento

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