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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA EM EXERCÍCIOS PROFESSOR HÉLIO SOCOLIK www.pontodosconcursos.com.br CURSO DE ECONOMIA EM EXERCÍCIOS - APRESENTAÇÃO Meu nome é Hélio Socolik. Formei-me em Economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro e fiz o curso de Mestrado na Fundação Getúlio Vargas. Comecei a dar aulas quando o dono de um curso preparatório para concursos, no final da década de 70, convidou-me a dar aulas de Estatística. Eu gostava muito de números e senti-me bem na matéria. Ocorre que eu também gostava muito e queria dar aulas de Economia, mas o curso já tinha um professor. Eu, algumas vezes, assistia às suas aulas e procurava aprender com ele. Mas vejam como é o destino. Um dia, o professor, que era meu colega da Receita Federal, transferiu-se de Brasília e eu me ofereci para dar aulas em seu lugar. Até hoje dou aulas de vários ramos da Economia, embora tenha também dado aulas de Matemática Financeira. Mais tarde passei a lecionar em faculdades, onde o ambiente é mais calmo. Tive muitas alegrias nesse período, e me recordo de muitas homenagens que recebi por ocasião das formaturas dos alunos, até que voltei a dar aulas em preparação para concursos. Uma das gratificações que se ganha nesse caso é tomar conhecimento de ex-alunos que ingressam em determinado órgão público. Na própria Receita Federal verifiquei isso em grande número, e a vinculação com eles se torna mais estreita. Como os exercícios são partes integrante dos cursos, e senti uma carência de disponibilidade de questões para complementar os textos, resolvi colecionar as muitas provas de concursos, atividade em que fui bastante ajudado por colegas e alunos. Publiquei dois livros, cada um com questões de Macro e de Microeconomia. Atualmente estou preparando livros com questões comentadas. Sou professor de Micro e Macroconomia e já lecionei Economia do Setor Público, tendo, como já mencionei, lecionado anteriormente Estatística e Matemática Financeira em faculdades e em cursos preparatórios para concursos. Auditor-Fiscal da Receita Federal aposentado, gosto de escrever artigos na área econômica e colaboro regularmente para publicações de órgãos de classe. Neste curso sou responsável pela área de Macroeconomia. Pretendo basicamente colocar questões, de concursos anteriores e de minha autoria, cujo teor mais se aproximem do que a ESAF costuma exigir para aferição dos candidatos. Com base nas questões, procurarei colocar um texto teórico, revisando os assuntos em que se baseia a questão. A Economia é considerada por alguns autores como uma ciência “lúgubre” (muitos jovens hoje ignoram essa palavra, pois é pouco usada), porque trata de assuntos áridos, como o conflito entre a escassez de recursos e a quantidade ilimitada de necessidades e desejos. E muitos alunos dizem não gostar de Economia. Muitos dizem que têm dificuldade com números e gráficos. Outros salientam que ela é muito teórica e pouco prática. Uma aluna me disse certa vez, e até hoje acho uma observação muito interessante: “A Economia obriga a pensar!”. E é isso mesmo. Raciocina-se muito em Economia. E com o auxílio da Matemática, vamos descobrindo suas leis e os princípios que a tornam a ciência básica da vida, pois trata justamente de nossa sobrevivência física. Bem, passemos à aula demonstrativa de Macroeconomia.

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA EM EXERCÍCIOS PROFESSOR HÉLIO SOCOLIK

www.pontodosconcursos.com.br

CURSO DE ECONOMIA EM EXERCÍCIOS - APRESENTAÇÃO

Meu nome é Hélio Socolik. Formei-me em Economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro e fiz o curso de Mestrado na Fundação Getúlio Vargas. Comecei a dar aulas quando o dono de um curso preparatório para concursos, no final da década de 70, convidou-me a dar aulas de Estatística. Eu gostava muito de números e senti-me bem na matéria. Ocorre que eu também gostava muito e queria dar aulas de Economia, mas o curso já tinha um professor. Eu, algumas vezes, assistia às suas aulas e procurava aprender com ele. Mas vejam como é o destino. Um dia, o professor, que era meu colega da Receita Federal, transferiu-se de Brasília e eu me ofereci para dar aulas em seu lugar. Até hoje dou aulas de vários ramos da Economia, embora tenha também dado aulas de Matemática Financeira. Mais tarde passei a lecionar em faculdades, onde o ambiente é mais calmo. Tive muitas alegrias nesse período, e me recordo de muitas homenagens que recebi por ocasião das formaturas dos alunos, até que voltei a dar aulas em preparação para concursos. Uma das gratificações que se ganha nesse caso é tomar conhecimento de ex-alunos que ingressam em determinado órgão público. Na própria Receita Federal verifiquei isso em grande número, e a vinculação com eles se torna mais estreita.

Como os exercícios são partes integrante dos cursos, e senti uma carência de disponibilidade de questões para complementar os textos, resolvi colecionar as muitas provas de concursos, atividade em que fui bastante ajudado por colegas e alunos. Publiquei dois livros, cada um com questões de Macro e de Microeconomia. Atualmente estou preparando livros com questões comentadas.

Sou professor de Micro e Macroconomia e já lecionei Economia do Setor Público, tendo, como já mencionei, lecionado anteriormente Estatística e Matemática Financeira em faculdades e em cursos preparatórios para concursos. Auditor-Fiscal da Receita Federal aposentado, gosto de escrever artigos na área econômica e colaboro regularmente para publicações de órgãos de classe. Neste curso sou responsável pela área de Macroeconomia. Pretendo basicamente colocar questões, de concursos anteriores e de minha autoria, cujo teor mais se aproximem do que a ESAF costuma exigir para aferição dos candidatos. Com base nas questões, procurarei colocar um texto teórico, revisando os assuntos em que se baseia a questão. A Economia é considerada por alguns autores como uma ciência “lúgubre” (muitos jovens hoje ignoram essa palavra, pois é pouco usada), porque trata de assuntos áridos, como o conflito entre a escassez de recursos e a quantidade ilimitada de necessidades e desejos. E muitos alunos dizem não gostar de Economia. Muitos dizem que têm dificuldade com números e gráficos. Outros salientam que ela é muito teórica e pouco prática. Uma aluna me disse certa vez, e até hoje acho uma observação muito interessante: “A Economia obriga a pensar!”. E é isso mesmo. Raciocina-se muito em Economia. E com o auxílio da Matemática, vamos descobrindo suas leis e os princípios que a tornam a ciência básica da vida, pois trata justamente de nossa sobrevivência física.

Bem, passemos à aula demonstrativa de Macroeconomia.

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AULA DEMONSTRATIVA

1. Introdução à Macroeconomia. Conceitos macroeconômicos básicos. Formas de mensuração do Produto e da Renda nacional. Produto nominal e produto real. 1.1. Introdução Para se estudar a teoria macroeconômica com melhor aproveitamento é necessário antes conhecer-se os conceitos básicos a respeito dos tópicos que dominam essa teoria, como o Produto Interno Bruto, o nível geral de preços e a inflação, o desemprego, o que é taxa de juros, o investimento e a poupança, a diferença entre capital e investimento, a diferença entre o PIB nominal e o PIB real, o que são variáveis estoque e variáveis fluxo, e a diferença entre produto efetivo e produto potencial. Antes de falar propriamente na Macroeconomia, devemos falar de Economia, a ciência mãe. Vejamos o seguinte conceito: “A Economia é a ciência que estuda as formas do comportamento humano, resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos.” Esse conceito, devido a Lionel Robbins, mostra-nos que existe um conflito natural entre as necessidades, ilimitadas, e os recursos, limitados, ao qual os economistas dão o nome de “lei da escassez”.

Agora podemos introduzir a Macroeconomia. A teoria econômica pode ser dividida em dois grandes ramos: a Microeconomia e a Macroeconomia. A etmologia dessas palavras já ajudam a perceber a diferença básica entre as suas áreas de atuação: enquanto a Microeconomia estuda as partes (“micro quer dizer pequeno), a Macroeconomia estuda o todo (“macro” quer dizer grande). A Macroeconomia é aplicada no estudo das relações entre os chamados agregados econômicos, como a renda, o emprego, os níveis gerais de preços, o déficit público, a produção nacional. Ela se ocupa com a economia como um todo, buscando respostas para a determinação de cada uma dessas variáveis globais.

Se a Microeconomia estuda a determinação do preço de determinada mercadoria ou a remuneração de determinado fator de produção, a Macroeconomia estuda o índice geral de preços e a determinação da renda nacional. Enquanto a Microeconomia considera dadas certas variáveis, como o produto nacional, a Macroeconomia estuda as causas que fazem variar esse produto; enquanto a Macroeconomia considera como dado o nível de distribuição da renda, a Microeconomia estuda as causas e as variações nessa distribuição; enquanto a Microeconomia considera dada a quantidade de recursos da economia e ocupa-se com a sua melhor alocação, a Macroeconomia ocupa-se com o estudo de como é gerado e como pode aumentar o nível global de recursos da economia.

Qual dos dois ramos é mais importante? Certamente que ambos são igualmente muito importantes, pois ao enfocarem a economia de ângulos diferentes, complementam-se e ajudam estudiosos e pesquisadores a entenderem melhor a complexidade do mundo econômico. A figura, a seguir, ajuda a apresentar os principais agregados da economia:

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Remuneração dos fatores (Renda) Serviços dos fatores de produção FAMÍLIAS EMPRESAS Produção dos bens (Produto) Pagamentos pelos bens (Despesa) A figura mostra os fluxos físicos (ou reais) e financeiros (ou monetários) entre as unidades familiares e as unidades produtoras. Temos dois circuitos: o interno mostra os fluxos reais de fornecimento dos serviços dos fatores, como trabalho, capital e tecnologia, e a produção dos bens; e o circuito externo mostra os fluxos financeiros da remuneração dos fatores e dos pagamentos pelos bens, ou entre a Renda e a Despesa.

PRODUTO = RENDA = DESPESA Vejamos a seguinte questão: (Economista da CODEVASF, 2003) Os enunciados abaixo são formas de se caracterizar a macroeconomia em sentido amplo, exceto a que informa que a (na) macroeconomia: a) trata do comportamento da economia como um todo; b) abrange o comportamento econômico e as políticas que afetam o consumo e o investimento; c) abrange o câmbio, a balança comercial e as políticas fiscal e monetária; d) lida com o comportamento de unidades econômicas individuais, tais como famílias e firmas; e) o nível agregado de renda ou dos gastos está entre as variáveis-chave a serem estudadas. Comentário: como se pode observar, os itens a, b, c e e tratam de variáveis agregadas, isto é, que abrangem a economia como um todo, e por isso são estudadas na Macroeconomia, como são o consumo, o investimento, o câmbio, a balança comercial e as políticas fiscal e monetária. Enquanto isso, cabe à Microeconomia o estudo individual das famílias e das firmas. Gabarito: d. 1.2. O Produto Interno Bruto O primeiro agregado importante é o Produto Interno Bruto - PIB, definido como o valor de todos os bens (mercadorias e serviços) finais produzidos em um país, em um determinado período, geralmente um ano.

A Macroeconomia estuda a determinação do PIB e os fatores que explicam o seu nível e o ritmo de crescimento. Por exemplo, o Brasil, em 2004, apresentou um PIB de cerca

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de R$ 1.716 bilhões, com um crescimento real de 4,9% em relação ao ano anterior. Nos últimos anos o nosso país tem apresentado períodos de crescimento ora mais e ora menos rápidos, como se observa abaixo:

Crescimento real do PIB Período Variação do PIB

(%) Período Variação do PIB

(%) 1963 0,36 1997 3,27 1964 3,58 1998 0,13

1968 a 1973 11,0 1999 0,79 1974 a 1979 6,8 2000 4,36 1980 a 1993 1,6 2001 1,31

1994 5,85 2002 1,93 1995 4,22 2003 0,54 1996 2,66 2004 4,90

Fonte: IBGE

O que explica tamanha variação nos índices de crescimento do PIB? Este é um dos principais assuntos da Macroeconomia. O PIB é considerado a melhor medida de desempenho de uma economia, pois mostra o esforço e a capacidade que possui um país de oferecer uma certa quantidade de bens à sua população. A comparação entre os PIB de diversos países permite classificá-los em mais e menos desenvolvidos. Mas deve-se ficar atento para alguns problemas que envolvem essa medição. Vamos examiná-los: a) sendo o PIB um valor, e portanto influenciado pelos preços dos bens, estes têm que estar equilibrados, no sentido de não sofrerem distorções, como estar artificialmente altos, em virtude da existência de setores oligopolizados, remunerações controladas pelo Governo e entidades sindicais e tarifas controladas; b) o PIB não considera o aspecto qualitativo da produção, isto é, o que e quanto é produzido. Por exemplo, a produção bélica pode valer mais do que a produção de tratores; a produção de remédios superar a produção de legumes; c) o PIB é subestimado quando existem produtos não transacionados no mercado, como a produção e o consumo dentro de uma fazenda, o trabalho das donas de casa, o aluguel das casas ocupadas pelos próprios donos; d) fazem parte do PIB produtos que geram custos sociais nem sempre considerados, como a poluição do ar, o ruído, a contaminação das águas etc. Esses produtos superestimam o valor do PIB, porque de seu valor deveriam ser deduzidos os respectivos custos sociais. Vejamos agora uma questão de concurso abaixo: (Analista de Finanças e Controle Federal, 1994) O produto nacional bruto é o valor de mercado de a) Todas as transações em uma economia durante o período de um ano. b) Todos os bens e serviços transacionados em uma economia durante o período de um ano.

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c) Todos os bens finais e serviços produzidos em uma economia durante o período de um ano. d) Todos os bens finais e serviços produzidos e transformados em uma economia durante o período de um ano. Comentário: é preciso atenção, inicialmente, para o fato de que a questão menciona o produto nacional bruto (PNB), e não o produto interno bruto (PIB). Existe uma diferença entre eles, que é estudada no item do programa a seguir, embora tenham aspectos comuns. Nessa questão a diferença não é levada em consideração. a) Não fazem parte do PIB “todas as transações” ocorridas em uma economia durante o ano, pois a palavra transação pode englobar operações econômicas e não econômicas. b) Não fazem parte do PIB “todos os bens e serviços transacionados”, pois muitas transações referem-se apenas a troca de ativos, como compra e venda de imóveis, de ações, etc., que nada acrescentam de riqueza, apenas mudam a sua propriedade, bem como empréstimos e doações. c) Fazem parte do PIB somente os bens finais, isto é, aqueles produzidos e colocados à disposição da sociedade, como o extrato de tomate, de cujo valor são deduzidos os custos das matérias primas. Os tomates que foram utilizados na fabricação do extrato não são considerados bens finais, pois foram transformados e a sua inclusão redundaria na chamada “dupla contagem”. É incluída a produção do tomate e outros insumos colocados à disposição do consumidor nos supermercados e nas feiras livres, bem como aqueles que a fábrica de extrato não utilizou e conservou em seus estoques. d) Não fazem parte do PIB os bens “transformados” justamente porque estes já são incluídos nos bens finais. Gabarito: c. Vejamos agora esta questão: Assinale a alternativa incorreta: a) O valor do Produto Interno Bruto é muitas vezes superestimado, se admitirmos que muitos bens são produzidos sem ser considerado o custo social envolvido em sua produção. b) O valor do Produto Interno Bruto é muitas vezes subestimado ao não considerar as transações fora do mercado e não monetárias. c) Se duas economias possuem a mesma renda real per capita, o nível de bem estar é maior naquela em que o nível de preços é menor. d) A avaliação do bem estar econômico da população de um país deve levar em conta o valor de sua renda per capita associado ao seu nível de concentração de renda. e) A renda per capita é calculada dividindo-se o valor do Produto Nacional Bruto pela população economicamente ativa. Comentário:

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a) Já foi abordado no texto que os chamados custos sociais da produção, tais como a poluição do ar e a contaminação dos rios pelas atividades produtivas, se não consideradas no seu cálculo, tendem a superestimar o valor do PIB. b) Muitas transações econômicas são realizadas fora do mercado e, portanto, sem serem registradas, como as trocas e o autoconsumo, mas podem ser estimadas. Mesmo assim, se se considerar que boa parte delas escapa de seu registro, há realmente uma subestimação do PIB. c) O PIB per capita é uma medida de bem estar de um país, resultante da divisão do PIB pela sua população total. É como se o valor do PIB fosse igualmente dividido pela população, mas esse indicador esconde o grau de desigualdade de renda. Mesmo assim, pode-se comparar o bem estar entre países diferentes através da comparação desses valores. No caso de igualdade, deve-se recorrer a outros indicadores, como o custo de vida. d) Como a renda per capita não revela por si só o grau de concentração da renda, pode-se agregar àqueles valores algum índice que meça a desigualdade. e) Como já salientado no item c, a renda per capita é resultante da divisão do PIB pela sua população total. A população economicamente ativa é apenas uma parte de população total. Gabarito: e. 1.3. O Nível Geral de Preços Em vez de se preocupar com os preços de cada produto ou remuneração de fator, a Macroeconomia estuda o comportamento geral dos preços da economia. O Índice Geral de Preços mede o nível médio dos preços, em comparação com um determinado período base. O crescimento de preços de um período para outro denomina-se taxa de inflação. As causas e as conseqüências da inflação são estudadas pela teoria macroeconômica. Considere-se a seguinte tabela:

Período Taxa de Inflação Índice de preços 1 - 100 2 5% 105 3 8% 113,4

O Brasil tem na inflação um dos seus problemas mais importantes, que somente foi minimizado com o Plano Real de 1994. Eis algumas taxas verificadas nos últimos anos, segundo o Índice Geral de Preços - IGP:

Inflação no Brasil Ano Inflação (%) Ano Inflação (%) 1963 81,3 1995 14,78 1964 91,9 1997 7,48 1967 24,3 1998 1,70

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1973 15,5 1999 4,86 1980 110,24 2000 5,97 1985 235,11 2001 7,67 1988 1.037,56 2002 12,53 1990 1.476,71 2003 9,30 1993 2.708,17 2004 7,60

Fonte: Fundação Getúlio Vargas

No Brasil, há diversos índices de inflação, conforme o órgão que os apura e os critérios de cálculo:

Índice Órgão Nº de

salários-mínimos

Período de abrangência

(dias do mês)

Região de abrangência

IGP-DI FGV 1 a 33 1 a 30 12 RM IGP-M FGV 1 a 33 22 a 21 Rio e São

Paulo IPC FIPE 1 a 20 1 a 30 São Paulo INPC IBGE 1 a 8 1 a 30 11 RM IPCA IBGE 1 a 40 1 a 30 11 RM IPCA-E IBGE 1 a 40 21 a 20 11 RM ICV DIEESE sem limite 1 a 30 São Paulo ICVM Ordem dos

Economistas de São Paulo

6 a 33 1 a 30 São Paulo

O IGP- Índice geral de Preços é resultante da média ponderada de três índices: IPA (Índice de Preços no Atacado), com peso de 60%, IPC (Índice de Preços ao Consumidor), com peso de 30%, e INCC (Índice Nacional da Construção Civil), com 10%.

(Economista da Petrobrás, 2001) Julgue o item a seguir. - As variações observadas nos índices de preço ao consumidor tendem a superestimar a inflação não somente porque as melhorias na qualidade dos produtos são subestimadas, mas também pelo fato de esses índices não considerarem o efeito substituição. Comentário: o índice de preço reflete as variações de preços dos produtos, mas podem ocorrer situações em que os índices não refletem variações efetivas de preços. Uma delas é que a evolução de preços de um produto nem sempre leva em consideração as alterações em sua qualidade. Se a qualidade, por exemplo, aumenta, pode ocorrer um aumento de preço que não significa necessariamente inflação. Outra situação é que o consumidor, ao se deparar com um aumento de preço de um determinado produto, exerce seu direito de substituí-lo por outro agora relativamente mais barato, fenômeno conhecido como efeito substituição. Esses dois fatores fazem com que o índice de inflação seja superestimado, isto é, torna-se maior do que é efetivamente. Gabarito: Verdadeiro. (Consultor Legislativo do Senado Federal, 2002) Julgue o item seguinte:

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“Os aumentos dos preços dos produtos importados, quando geram redução do consumo dessas mercadorias, contribuem para aumentar o viés de substituição associado à mensuração dos índices de custo de vida.” Comentário: segundo a teoria microeconômica, uma variação no preço de um bem provoca os efeitos renda e substituição. O efeito renda faz o consumidor tornar-se mais rico ou mais pobre. O efeito substituição é responsável pela substituição dos bens cujos preços aumentaram pelos agora relativamente mais baratos. Nesse caso, a participação dos produtos mais caros diminui e se essa quantidade consumida menor não for considerada, os índices de custo de vida ficarão superestimados. Gabarito: Verdadeiro. Esse aspecto de substituição dos bens mais caros pelos mais baratos também foi objeto da questão abaixo: (Analista Legislativo da Câmara dos Deputados, 2002) Julgue o item seguinte: “O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) tende a superestimar o impacto da desvalorização do real sobre a alta do custo de vida porque esse índice não leva em conta o fato de que os consumidores substituem os produtos importados, cujos preços aumentaram, por produtos domésticos, relativamente mais baratos.” Gabarito: verdadeiro. 1.4. O desemprego O desemprego constitui-se hoje no maior problema macroeconômico. A taxa de desemprego é definida como a relação entre a população desempregada e a população economicamente ativa. Taxa de desemprego = População desempregada / População economicamente ativa Vejamos alguns conceitos: - População Produtiva (ou em idade ativa, aquela em idade de trabalhar): abrange as pessoas entre os 14 e os 65 anos de idade. - População Dependente (aquela fora da idade de trabalho): abrange as pessoas de menos de 14 e de mais de 65 anos. - População Economicamente Ativa (é a que está voltada para o mercado de trabalho): abrange a população produtiva, menos os estudantes e os domésticos não remunerados, como as donas de casa, os deficientes e os que cumprem pena. - População Ocupada (a que está efetivamente empregada): abrange a população economicamente ativa, menos os desempregados. - Parcela de Ocupação: é a relação percentual entre a população ocupada e a população total. A figura, abaixo, mostra cada uma das partes da população de um país, definidas acima.

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população dependente estudantes e domésticos desempregados população ocupada Os economistas consideram que há uma relação inversa entre o desemprego e o crescimento do produto. Assim, se a produção cresce, o desemprego cai e se a produção cai, o desemprego aumenta. Existe a chamada lei de OKUN (devida ao economista Arthur Okun), pela qual cada 3 pontos percentuais de crescimento do PIB, acima de um piso natural de 4%, resultaria em diminuição de 1% na taxa de desemprego. Aproveitando um exemplo numérico apresentado por Dornbusch, suponhamos que uma economia tenha uma meta de diminuir sua taxa de desemprego de 7,5 para 5%, num período de 4 anos. Sabendo-se que essa economia necessita crescer anualmente no mínimo 4%, qual a taxa de crescimento requerida do PIB em cada um dos próximos 4 anos?

Cálculo: 4% + (7,5% - 5%) .3 = 5,88% 4

As estatísticas sobre desemprego, no Brasil, são divergentes. Elas são medidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos- DIEESE. A razão da divergência está na diferença de metodologia de pesquisa empregada. Dentre as principais diferenças, tem-se: a) O IBGE, por recomendações da Organização Internacional do Trabalho- OIT, mede apenas o desemprego aberto, que abrange as pessoas sem ocupação e sem rendimento, que procuraram trabalho efetivamente nos trinta dias anteriores à pesquisa, e não tenham trabalhado nos últimos sete dias. A pesquisa abrange as regiões metropolitanas de São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador; b) O DIEESE amplia para 12 meses o período de procura de trabalho e incorpora aqueles que estão procurando emprego mas exercem alguma atividade irregular e com baixa jornada de trabalho (“trabalho precário”); c) O DIEESE incorpora aqueles que não procuraram emprego nos últimos 30 dias mas o fizeram no último ano (desemprego oculto por desalento). Para o IBGE essas pessoas são enquadradas como inativas e excluídas da população economicamente ativa; d) As pessoas que exercem atividades não remuneradas em organizações beneficentes e que não procuram trabalho são consideradas ocupadas pelo IBGE e inativas pelo DIEESE;

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e) As crianças de 10 a 14 anos são incluídas na População em Idade Ativa pelo DIEESE, e não incluídas pelo IBGE. Observe a questão a seguir: 1- (Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental do MPOG, 2002) A relação entre crescimento e variações na taxa de desemprego é conhecida como: a) Lei de Wagner b) Lei de Okun c) Lei de Walras d) Lei de Say e) Lei de Gresham Comentário: A teoria econômica incorpora uma série de princípios descobertos pela pesquisa e revelados pela observação, que são denominados de leis pela sua importância. A lei de Wagner é estudada em Finanças Públicas, e está associada à observação de que o crescimento da renda de um país provoca crescimento mais do que proporcional nas despesas públicas, fenômeno causado pela demanda crescente de serviços públicos pela população. A Lei de Okun, que se refere ao desemprego, é resultado da constatação de que uma redução de 1% na taxa de desemprego estaria associada a um aumento na produção de cerca de 3%. A lei de Walras é estudada em Microeconomia e diz respeito às condições e ao mecanismo que leva ao equilíbrio geral de uma economia, quando os agentes consumidores e produtores, depois de encontrarem seus níveis de equilíbrio específico, tendem a encontrar um nível de equilíbrio simultaneamente nos dois mercados. A lei de Say é um enunciado macroeconômico clássico que garante que a oferta gera sua própria procura, fato que explicaria a situação de inexistência de desemprego no longo prazo. A lei de Gresham é um princípio estudado em Teoria Monetária, e diz que a moeda má, ou seja, a considerada de menor valor, expulsa a moeda boa de circulação, pois os detentores preferem reter a moeda de maior valor e utilizar somente a má para as transações. Gabarito: b. O estudo do desemprego está associado aos conceitos de produto efetivo e produto potencial. Produto potencial é o valor do produto que resultaria da utilização de todos os recursos de que uma economia dispõe. Esses recursos são a sua população economicamente ativa, o estoque de todo seu capital, os recursos naturais etc. Produto efetivo é o valor do produto que resulta da efetiva utilização de recursos da economia, que pode ser realizada no todo ou em parte.

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O gráfico ao lado mostra a curva de possibilidades de produção da economia. Y A curva determina o máximo que pode ser produzido de dois bens, X e Y. No ponto A, por exemplo, são produzidas as quantidades Y1 A X1 e Y1, dada a limitação de recursos disponíveis. Esse é o produto potencial. Se a economia, no entanto, está produzindo Y2 B no ponto B, com as quantidades X2 e Y2, ela não utiliza todos os recursos de que dispõe. Esse é o produto efetivo da economia. 0 X2 X1 X A diferença entre o produto potencial e o produto efetivo denomina-se hiato de produto. Esse hiato corresponde a desemprego de recursos. Hiato de produto = produto potencial – produto efetivo Por que o produto efetivo é normalmente menor do que o produto potencial? A macroeconomia estuda as causas dessa diferença. O gráfico ao lado mostra como evoluem o produto potencial (PP) e o produto efetivo (PE) ao longo do tempo. Ambos tendem a crescer, PP mas de forma diferente. O produto potencial PE evolui como uma linha reta, e o seu crescimento depende do crescimento da população, do estoque de capital e da tecnologia. Enquanto isso, o produto efetivo, embora também tenda a crescer ao longo do tempo, o faz de modo menos regular. 0 t Enquanto a evolução do produto potencial está ligado a fatores estruturais da economia, e portanto sujeito a modificações que ocorrem a um prazo mais longo, o produto efetivo é determinado por fatores conjunturais, que ocorrem no curto prazo. Quando a produção efetiva é menor do que a potencial, diz-se que há capacidade produtiva ociosa. A tendência normal de um país é de crescer de acordo com a sua capacidade produtiva, isto é, conforme crescem a sua população, o estoque de capital e a tecnologia. O produto efetivo, no entanto, está sujeito a instabilidades, causadas principalmente por: a) política econômica do governo; b) estímulos positivos ou negativos dos agentes econômicos (situação política, expectativas otimistas ou positivas etc); c) eventos fortuitos (clima, guerras, convulsões sociais etc).

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A conjuntura econômica determina a maior ou menor expansão do produto, e inclusive a sua diminuição. Os estudiosos do comportamento do produto costumam dizer que a economia atua em ciclos, os chamados ciclos econômicos, que apresentam uma certa regularidade, e as seguintes etapas: a) recessão: diminuição mais suave da produção e do emprego. Costuma-se identificar uma recessão quando o produto cai por dois trimestres consecutivos. b) depressão: aprofundamento da recessão, isto é, a queda da atividade diminui a níveis bem mais baixos. c) recuperação: retomada do aumento da atividade. Há um crescimento em relação aos níveis imediatamente anteriores. d) prosperidade: aumento das taxas de crescimento do produto e do emprego. A economia sempre apresenta problemas. Se a recessão e a depressão vêm acompanhadas de desemprego, a recuperação e a prosperidade trazem consigo os aumentos de preços, isto é, a inflação. Esses problemas são estudados através da teoria macroeconômica. Outras questões: 2- (Provão, 1999) O hiato de produto, que é a diferença entre o produto potencial e o efetivo, é negativo quando a economia: a) está em recessão. b) está em depressão. c) inicia seu processo de recuperação. d) atinge o pleno emprego. e) supera o produto de pleno emprego. Comentário: o produto potencial de uma economia é o valor dos bens e serviços que essa economia pode produzir em cada ano se utilizar todos os recursos de que dispõe sob a forma de trabalho, capital e recursos naturais. Esse conceito leva em conta que existe uma certa taxa de desemprego, denominada “natural” ou estrutural, que define um produto considerado de pleno emprego. Enquanto isso, o produto efetivo é o valor produzido de acordo com as decisões das empresas produtoras, e que depende de fatores como a demanda agregada. A diferença entre o produto potencial e o produto efetivo, denominado hiato de produto, se positivo, representa uma perda de produto e uma não utilização de todos os recursos de que a economia dispõe. Esse hiato também pode ser negativo, pois uma economia pode ultrapassar o seu potencial quando a taxa de desemprego fica momentaneamente abaixo de seu nível natural, em razão de situações de demanda que pressionam a oferta agregada da economia. Gabarito e. 3- (Consultor Legislativo do Senado Federal, 2002) Julgue os itens a seguir: a) A taxa natural de desemprego é aquela que prevalece quando a economia está produzindo ao nível de seu produto potencial.

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Comentário: cada economia tem a sua taxa natural de desemprego, definida como aquela que prevalece a longo prazo em razão de fatores estruturais de sua economia, embora possa variar para mais ou para menos no curto prazo. Essa taxa corresponde ao produto potencial da economia, mesmo que seja uma taxa diferente de zero. A explicação para essa taxa natural está em quarto fatores: o desemprego friccional, constituído pela parcela da força de trabalho que está saindo de um emprego e se dirigindo a um outro; a legislação salarial, que pode fixar níveis mínimos de salários que inibam uma maior procura de trabalhadores por parte das empresas; os níveis de seguro desemprego, que podem desestimular a maior oferta de trabalho por parte dos trabalhadores; e os encargos salariais, que oneram a folha de pagamento das empresas. Gabarito: Verdadeiro. b) De acordo com a Lei de OKUN, se a taxa de desemprego aumentar em 4%, o produto nacional bruto (PNB), em termos reais, será reduzido na mesma proporção. Comentário: a Lei de Okun é uma relação aritmética entre variação no desemprego e variação no PIB. Parte-se do suposto que quando um país cresce, aumentando a produção, certamente que o número de trabalhadores desocupados cai e essa lei é o resultado do trabalho estatístico que chegou à relação entre essas taxas. No livro do prof. Dornbusch, essa relação é de 3 por 1, isto é, para cada diminuição no emprego de 1% a economia tem de crescer 3%. No livro do prof. Mankiw, a variação do PIB real é igual à expressão: 3% - 2 x taxa de desemprego. Um exemplo: para uma diminuição de 1% na taxa de desemprego, tem-se que a variação necessária do PIB real é de: 3% - 2 x (-1) = 5%. Isto é, para o desemprego cair em 1%, a economia tem que crescer 5%. Gabarito: Falso. 4- (Analista de Orçamento Federal, 1997) Quando uma economia não está trabalhando na sua curva de possibilidades de produção a) há perfeita flexibilidade dos preços; b) o progresso tecnológico é neutro; c) o custo de oportunidade de aumentar a produção é nulo; d) a oferta de fatores de produção é inelástica; e) deve fechar-se ao comércio exterior. Comentário: A curva de possibilidades de produção é uma representação gráfica das limitações de uma economia em termos de quantidade de recursos de que dispõe para produzir. Observe o gráfico da curva, que mostramos anteriormente. Se uma economia produz sobre a curva, como no ponto A, produz em seu potencial, ou seja, para produzir mais do bem X tem de produzir menos do bem Y, e vice-versa. Qualquer aumento de produção gera, portanto, um custo de oportunidade, definido como a perca de produção correspondente à utilização dos recursos em outra atividade. Mas se a economia não está sobre a curva, como no ponto B, qualquer aumento de produção pode ser realizado sem o sacrifício do outro bem, pois há recursos ociosos. Nesse caso, diz-se que o custo de oportunidade é nulo. Gabarito c. 5- (Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas do DF, 2002) A escolha em situação de escassez, as interações entre o governo e os mercados privados, bem como

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as questões ligadas ao meio ambiente, são pontos relevantes para a análise dos fenômenos econômicos. A esse respeito, julgue o item a seguir. “Políticas de incentivos fiscais que estimulam o crescimento da poupança contribuem para deslocar, para cima e para a direita, a fronteira de possibilidades de produção da economia. .” Comentário: a fronteira de possibilidades de produção é, como o nome diz, o potencial produtivo de uma economia, ou seja, o máximo que uma economia pode produzir dada a quantidade de recursos disponíveis. Esses recursos são físicos e não financeiros, ou seja, constitui-se da quantidade de trabalho, recursos naturais, capital, tecnologia e a capacidade empresarial do país. Certamente que o crescimento da poupança pode concorrer para uma expansão da capacidade produtiva, na medida em que esses recursos desviados do consumo forem aplicados, por exemplo, em produção de novos equipamentos, inovações tecnológicas e aperfeiçoamento da mão de obra. Gabarito: Verdadeiro. Y O crescimento da poupança faz deslocar a curva de possibilidades de produção para a direita. X 1.5. PIB Nominal e PIB Real O PIB é uma medida do desempenho e do bem-estar econômico de uma nação. Ele é igual ao somatório dos valores de todos os bens produzidos em determinado período. Denomina-se PIB nominal, o valor do PIB a preços correntes, isto é, do próprio ano, e PIB real, o valor do PIB aos preços relativos a outro ano. O PIB real é também definido como o PIB a preços constantes, pois é utilizado para se fazer uma comparação de desempenho, sem a influência da variação de preços ocorrida entre os anos. Vamos a um exemplo:

Quantidade (ton) Preços (R$/kg) Ano carne feijão carne feijão

1 20 30 1,00 0,50 2 25 32 1,20 0,70

Cálculos dos PIB nominais (em R$1.000,00):

Ano 1 = Σ p1.q1 = 20 x 1,00 + 30 x 0,50 = 20 + 15 = 35 Ano 2 = Σ p2.q2 = 25 x 1,20 + 32 x 0,70 = 30 + 22,4 = 52,4

Considerando-se o ano 1 como base, o índice do PIB nominal do ano 2 é igual a Σ p2.q2 / Σ p1.q1 = 52,4 / 35 = 1,4971

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Variação do PIB nominal: ( Σ p2.q2 / Σ p1.q1 ) – 1 = (52,4 / 35) –1 = 0,4971 = 49,71%.

Como se pode observar, o crescimento nominal considera as variações das quantidades e dos preços. Para medir a variação do bem-estar econômico do ano 1 para o ano 2, devemos ignorar a evolução dos preços. Calculemos, então, o PIB de cada ano considerando os preços constantes do ano 1, ou seja, os PIB reais.

Cálculos dos PIB reais (em R$1.000,00): Ano 1 = Σ p1.q1 = 35 Ano 2 = Σ p1.q2 = 25 x 1,00 + 32 x 0,50 = 25 + 16 = 41

Considerando-se o ano 1 como base, o índice do PIB real do ano 2 é igual a Σ p1.q2 / Σ p1.q1 = 41 / 35 = 1,1714 Esse índice é conhecido como índice de quantidade de LASPEYRES. Variação do PIB real: ( Σ p1.q2 / Σ p1.q1 ) – 1 = (41 / 35) – 1 = 0,1714 = 17,14%. Tem-se que: Índice nominal = Índice real x Índice de preços Daí que: Índice de preços = Índice nominal / Índice real Então, o índice de preços é igual a: 1,4971 / 1,1714 = 1,2780 E a variação de preços é: 1,2780 – 1 = 0,2780 ou 27,8% Esse índice de preços também é denominado de Deflator Implícito de Preços, e corresponde ao índice de preços de PAASCHE.

PIB Deflator do PIB Ano

nominal Real Índice variação (%) 1 35 35 1,00 - 2 52,4 41 1,278 27,8

Voltando à igualdade ”Índice nominal = Índice real x Índice de preços“, tem-se que Índice real = Índice nominal / Índice de preços, isto é, pode-se calcular a variação real ou de quantidade da economia, dividindo-se o índice nominal pelo índice de preços. Isso significa deflacionar-se um valor. Consideremos a seguinte tabela:

Variação dos preços (%)

PIB real Anos PIB nominal

Variação Nominal

(%) Anual acumulada

Índice de preços

acumulado valor ∆ (%)1 150 - - - 1,00 150 - 2 165 10 8 8 1,08 152,8 1,9 3 198 20 22 31,76 1,3176 150,3 - 1,6 4 227,7 15 12 47,57 1,4757 154,3 2,7 5 239,08 5 10 62,33 1,6233 147,3 - 4,5

Observações:

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a) O cálculo da coluna de “Variação Nominal” resulta da variação do PIB nominal de cada ano em relação ao ano anterior. Por exemplo, a variação nominal de 1996 em relação a 1995 é igual a (198 / 165 ) – 1 = 0,20 ou 20%. b) A coluna do PIB real é obtida dividindo-se o PIB nominal de cada ano pelo respectivo índice acumulado de preços. Nesse caso, deflaciona-se cada valor do PIB nominal a fim de que os preços permaneçam constantes ao ano de 1994. Por exemplo, o PIB real referente a 1998 é igual a 239,08 / 1,6233 = 147,3. c) A coluna de variação do PIB real deve ser comparada com a do PIB nominal. Nesse caso, verifica-se, por exemplo, que nos anos 3 e 5, apesar de crescimentos nominais positivos, os crescimentos reais foram negativos. A explicação para essa diferença está nas variações de preços, que foram superiores às variações do PIB nominal em cada um desses anos. Algumas questões: 1- ( Economista da Petrobrás Distribuidora, 1997) Considere uma economia com apenas dois produtos finais A e B e analise as informações de vendas em bilhões de reais e preços para estes produtos, para dois anos, que estão no quadro abaixo:

Ano Quantidade do bem A

Preço do bem A Quantidade do bem B

Preço do bem B

1 200 10 1.000 6 2 1.500 2 1.500 10

Sendo assim, a variação percentual do PIB real, entre os anos 1 e 2, utilizando o ano 1 como base, é de: a) 115% b) 125% c) 200% d) 225% e) 300% Comentário: Pode-se calcular a variação do PIB em termos nominais ou reais. A variação nominal é a preços correntes, enquanto que a variação real considera os preços constantes para que se conheça a variação da produção em termos físicos, que dá a efetiva dimensão do esforço realizado no ano. O PIB é igual ao somatório dos valores dos bens produzidos em cada ano. Assim, tem-se:

Cálculo do PIB nominal de cada ano: ano 1: Σ p1.q1 = 200 x 10 + 1.000 x 6 = 8.000; ano 2: Σ p2.q2 = 1.500 x 2 + 1.500 x 10 = 18.000. A variação em termos nominais é igual a : (18.000 / 8.000) = 2,25 ou 125%. Cálculo do PIB real de cada ano (consideramos constantes os preços do ano1): ano 1: Σ p1.q1 = 200 x 10 + 1.000 x 6 = 8.000; ano 2: Σ p1.q2 = 1.500 x 10 + 1.500 x 6 = 24.000; a variação em termos reais é igual a : (24.000 / 8.000) = 3,00 ou 200%. Gabarito: c. 2- (Auditor-Fiscal da Receita Federal, 2000) Considere uma economia hipotética que produza apenas 3 bens finais: arroz, feijão e carne, cujos preços (em unidades monetárias) e quantidades (em unidades físicas), para os períodos 1 e 2, encontram-se na tabela a seguir:

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período arroz feijão carne preços quant. preços quant. preços quant. 1 2,20 10 3,00 13 8,00 13 2 2,30 11 3,50 14 15,00 8

Considerando que a inflação utilizada para o cálculo do produto real agregado dessa economia foi de 59,79% entre os dois períodos, podemos afirmar que a) o produto nominal cresceu 17,76%, enquanto o produto real cresceu apenas 2,26%. b) o produto nominal cresceu 12,32%, ao passo que não houve alteração no produto real. c) o produto nominal cresceu 17,76%, enquanto o produto real caiu 26,26%. d) o produto nominal cresceu 15,15%, enquanto o produto real caiu 42,03%. e) o produto nominal cresceu 15,15%, enquanto o produto real caiu 59,79%. Comentário: o produto nominal é igual à soma dos valores da produção de cada um dos itens (arroz, feijão e carne) do ano, aos preços correntes, isto é, do mesmo ano. Assim, tem-se que o produto no período 1 é igual a: Σ p1.q1 = 2,20 x 10 + 3,00 x 13 + 8,00 x 13 = 165; e o produto nominal do período 2 é igual a: Σ p2.q2 = 2,30 x 11 + 3,50 x 14 + 15,00 x 8 = 194,30. Assim, o crescimento nominal é igual a 194,30 / 165 = 1,1776 ou 17,76%. Enquanto isso, vimos acima na teoria que o índice de variação nominal é igual ao índice da quantidade (ou real) vezes o índice de preços. Substituindo-se, tem-se: 1,1776 = índice real x 1,5979, donde índice real = 0,7370, ou seja, uma queda real de 26,30%. Gabarito: c. 3- (Auditor-Fiscal da Receita Federal, 2002) Suponha uma economia hipotética que produza apenas 2 bens finais A e B. Considere a tabela a seguir:

Ano Bem A Bem B preço quantidade preço quantidade 1 2,00 10 3,50 15 2 2,50 12 4,83 10

Com base nessas informações e utilizando-se do índice de preços de Laspeyres, é correto afirmar que, entre os períodos 1 e 2, a) o produto nominal apresentou uma variação positiva de 8% e o produto real não apresentou variação. b) o produto nominal apresentou uma variação positiva de 12% e o produto real uma variação negativa de 19,65%, aproximadamente. c) o produto nominal apresentou uma variação positiva de 8% e o produto real uma variação negativa de 8,33%, aproximadamente. . d) o produto nominal apresentou uma variação positiva de 8% e o produto real uma variação positiva de 2,5%. e) o produto nominal apresentou uma variação positiva de 8% e o produto real uma variação negativa de 19,65%, aproximadamente.

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Comentário: o produto nominal, em cada ano, é calculado somando-se os valores produzidos de cada produto, A e B, multiplicando-se preços e quantidades. Assim, o produto nominal em cada um dos anos é igual a: ano 1 = Σ p1.q1 = 2,00 x 10 + 3,50 x 15 = 72,50; ano 2 = Σ p2.q2 = 2,50 x 12 + 4,83 x 10 = 78,30. A variação nominal é igual a (78,30 / 72,50) – 1 = 8%. Para se calcular a variação do produto real, determina-se o produto real do ano 2, mantendo-se os preços do ano 1, conforme o índice de preços de Laspeyres: 2,00 x 12 + 3,50 x 10 = 59. O produto real do ano 2 foi, portanto, inferior ao produto nominal do ano 2, o que significa ter havido uma queda real no produto, que é igual a (59 / 72,50) – 1 = - 19,62%. Opção e. 1.6. O produto ou renda per capita

Quanto maior o valor do produto, maior deve ser o desempenho de uma economia e, portanto, maior deve ser o seu bem-estar. Mas a população normalmente também está crescendo, de tal maneira que é preciso verificar se está havendo um aumento efetivo de bem-estar para cada um dos componentes da sociedade. Nesse caso, utiliza-se como indicador o produto (ou renda) per capita.

PIB per capita = PIB real / População Vejamos a seguinte tabela:

PIB real População PIB per capita Ano

$ milhões variação

Mil habit.

variação

$ variação

1 150 - 200 - 750 - 2 162 8% 210 5% 771,4 2,9% 3 167 3% 220,5 5% 757,4 -1,8%

O quadro mostra que, apesar de a economia ter crescido em termos reais de 8% no ano 2, o crescimento da renda per capita foi de apenas 2,9%, em virtude de o crescimento populacional ter sido de 5%. Já no ano 3 a renda per capita cai, pois o PIB real aumentou menos (3%) do que a população. A renda per capita é o padrão mais usado para medir o desenvolvimento econômico de uma nação. Mas assim como a mensuração do PIB tem aspectos que devem ser considerados, a renda per capita deve servir com as mesmas precauções, dentre as quais destacam-se:

- o grau de desigualdade na distribuição da renda; - a taxa de analfabetismo; - a expectativa de vida; - o grau médio de instrução. O PIB no Brasil em 2004 foi calculado em cerca de R$ R$ 1.716 bilhões. Dada a população de 190 milhões de habitantes, a renda per capita foi de cerca de R$ 9.031. 1.7. Estoques e fluxos

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Denomina-se variável “fluxo” aquela que é medida por período de tempo. Como exemplos, tem-se a produção de aço por ano, a produção de batata por mês, o número de automóveis que estacionam em um shopping por hora, a vazão de um rio por minuto etc. Enquanto isso, denomina-se variável estoque aquela que é medida num ponto do tempo. Como exemplos, tem-se o estoque de soja nos armazéns governamentais, as reservas de divisas de um país, o número de carros estacionados em determinado momento em um shopping, o número de alunos que está neste momento assistindo a uma aula etc. Existem relações importantes entre diversos fluxos e estoques na economia. Vamos a alguns exemplos:

- Investimento e Capital: a despesa de investimentos é um fluxo que concorre para o aumento do estoque de capital. A despesa com novas máquinas, a construção de novos prédios, fábricas e estradas fazem com que o estoque ou o patrimônio de um país aumente. Fazendo K o estoque atual de capital e I o fluxo de investimento em determinado período, tem-se:

K = K –1 + I

onde K –1 é o estoque de capital do período anterior. A expressão indica que o estoque

de capital do período corrente é igual a de capital do período anterior, mais o fluxo de

investimento corrente. Como o capital sofre um processo de desgaste ou obsolescência,

conhecido como depreciação (d), tem-se que:

K = K –1 + I – d

onde I é o investimento bruto e I – d o investimento líquido.

Pode-se fazer: K - K –1 = I – d

onde a variação do estoque de capital é igual ao investimento líquido.

- Patrimônio e poupança: W – W –1 = S

onde a variação do estoque patrimonial ou patrimônio (W) é igual ao fluxo de

poupança (S).

- Reservas Internacionais e saldo do balanço de pagamentos: RI – RI –1 = SBP, onde a variação dos estoques ou das reservas internacionais do país (RI) é igual ao saldo do balanço de pagamentos (SBP).

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- Dívida e déficit público: DIV PUB – DIV PUB –1 = DEF PUB onde a variação da dívida pública (DIV PUB) é igual ao déficit público (DEF PUB).

Algumas questões:

1- (Analista do Banco Central do Brasil, 1998) Na teoria econômica, muitas vezes é oportuno classificar as variáveis como sendo do tipo “estoque“ ou “fluxo”. Tomando como caso os conceitos de dívida e déficit público, pode-se dizer que a) A dívida pública pode ser considerada como uma variável do tipo “fluxo”, enquanto o déficit público pode ser considerado como uma variável do tipo “estoque“. b) A dívida pública pode ser considerada como uma variável do tipo “estoque“, enquanto o déficit público pode ser considerado como uma variável do tipo “fluxo”. c) Tanto a dívida pública quanto o déficit público são variáveis “fluxo”.

d) Tanto a dívida pública quanto o déficit público são variáveis “estoque“. e) Dependendo do enfoque, tanto o déficit quanto a dívida pública podem ser

considerados variáveis “estoque“ ou variáveis “fluxo”. Comentário: as variáveis econômicas são do tipo "estoque", quando medidas num ponto do tempo, ou do tipo "fluxo", quando medidas em um período de tempo. Por exemplo, o número de trabalhadores em uma empresa, a quantidade de máquinas, a dívida de empréstimos perante os bancos, o valor dos ativos em geral, são variáveis "estoque". Enquanto isso, o número de trabalhadores que ingressaram em uma empresa em uma determinada semana, o valor dos equipamentos depreciados em um mês, os lucros gerados em um semestre etc., são variáveis "fluxo". Nesse sentido, como o déficit público é medido em um período de tempo é do tipo "fluxo" e a dívida pública, avaliada em determinado momento do tempo e resultante da acumulação desses déficits, é do tipo "estoque". Gabarito: b. 2- (Auditor-Fiscal da Receita Federal, 2000) Pode-se dividir as variáveis macroeconômicas em duas categorias: variáveis “estoque” e variáveis “fluxo”. Assim, podemos afirmar que a) a renda agregada, o investimento agregado, o consumo agregado e o déficit orçamentário são variáveis “fluxo”, ao passo que a dívida do governo e a quantidade de capital na economia são variáveis “estoque”. b) a renda agregada, o investimento agregado, o consumo agregado e o déficit orçamentário são variáveis “estoque”, ao passo que a dívida do governo e a quantidade de capital na economia são variáveis “fluxo”. c) a renda agregada, o investimento agregado, o consumo agregado e a dívida pública são variáveis “fluxo”, ao passo que o déficit orçamentário e a quantidade de capital na economia são variáveis “estoque”. d) o investimento agregado, o consumo agregado e a dívida pública são variáveis “fluxo”, ao passo que a renda agregada, o déficit orçamentário e a quantidade de capital na economia são variáveis “estoque”. e) a renda agregada e o déficit orçamentário são variáveis “fluxo”, ao passo que o consumo agregado, o investimento agregado, a dívida pública e a quantidade de capital na economia são variáveis “estoque”.

Comentário: as variáveis econômicas podem ser classificadas em variáveis fluxo (quando são medidas em um período de tempo) e em variáveis estoque (quando são

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medidas em determinado ponto do tempo. A renda, o investimento, o consumo e o déficit são medidos em um determinado período, por exemplo um mês (variáveis fluxo). Enquanto isso, a dívida do governo e a quantidade de capital são medidas em determinado ponto do tempo (variáveis estoque).

Gabarito a. Bons estudos.