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NORMAS CONTÁBEIS Instrumentos Financeiros, Derivativos e Contabilidade de Hedge (Hedge accounting) César Ramos ECONOMIA E GESTÃO A Importância da Gestão Financeira para o Alcance de Resultados Flávio Roberto de Souza GESTÃO DE TRIBUTOS O Planejamento Tributário e o Fisco Alberto Higa ANO 7 | JUL-AGO | 2013

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NORMAS CONTÁBEIS

Instrumentos Financeiros, Derivativos e Contabilidade de Hedge (Hedge accounting)César Ramos

ECONOMIA E GESTÃO

A Importância da Gestão Financeira para o Alcance de ResultadosFlávio Roberto de Souza

GESTÃO DE TRIBUTOS

O Planejamento Tributário e o Fisco Alberto Higa

ANO 7 | JUL-AGO | 2013

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CONTABILIDADE & GESTÃOTodos os direitos reservados

Produção Editorial:CETEX – Estudos Técnicos de Excelência

Direitos Autorais:COAD

Autor:Equipe Técnica COAD

Coordenação Editorial:Crystiane Cardoso de Souza

Projeto Gráfico:Cyan Design Estratégicowww.cyan.com.br

Direção de Arte: Fernanda Vasconcelos

Dúvidas, críticas e sugestões:[email protected]

Proibida a reprodução total ou parcial de qualquer matéria sem prévia autorização.Os infratores serão punidos na forma da lei.

Atualização Profissional COAD Ltda.Av. Armando Lombarbi, 155Barra da Tijuca – Rio de JaneiroCep: 22640-020 – Tel.: (21) 2156-5900www.coad.com.br

As opiniões emitidas em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos seus autores e nossa consultoria não responderá questionamentos acerca do que tais matérias dispõem.

EDITORIAL

ANO 7 | JUL-AGO | 2013

Atualmente, o Brasil é visto como um dos países com a mais alta carga tributária. Pesquisa CNI/Ibope, realizada em julho deste ano, aponta que 91% dos brasileiros sentem o peso disso em suas rotinas, com a aquisição de produtos, na con-tratação de serviços privados e públicos, etc. Ao mesmo tempo, o sistema tributário obriga o contribuinte ao cum-primento de diversas obrigações acessórias, exigindo dos profissionais uma atualização quase que diária de todas as modificações nos dispositivos, fator que afeta a população e, principalmente, sociedades empresárias.

Isso faz com que os membros de empresas não só elabo-rem planejamentos tributários para uma gestão adminis-trativa em longo prazo como ainda, tenham em seu grupo profissionais altamente qualificados para acompanhamento contábil e jurídico de tudo o que possa colocar em perigo a organização, minimizando os riscos de autuações desne-cessárias, de arbitrariedades cometidas pelo Fisco, dentre outros acontecimentos que exigem máximo zelo, além de atualização constante. Para tratar sobre o assunto, convida-mos Alberto Higa, que disponibilizou aos leitores excelente artigo.

Na seção Economia e Gestão, Flávio Roberto de Souza traz considerações sobre a importância da gestão financeira para o alcance de resultados. Levi Gimenez discute a Contabili-dade como instrumento de gestão sustentável de pequenas e médias empresas. Em Normas Contábeis, César Ramos apresenta conceitos e classificações elucidativas sobre os instrumentos financeiros, derivativos e a Hedge accoun-ting. Não deixe de conferir ainda as valorosas contribuições de José Carlos de Jesus e Wilson Alberto Zappa Hoog.

Até a próxima edição.

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ATUALIZAÇÃO PROFISSIONAL COAD LTDA.

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DIRETOR GERAL: Márcio William Faria de Souza

SUPERINTENDENTE EXECUTIVO: Humberto Nunes Andrade Silva

DIRETORA TÉCNICA: Crystiane Cardoso de Souza

DIRETOR DE CONSULTORIA E CURSOS: Marcus Vinícius Derito Greco

GERÊNCIAS NACIONAIS: Andréa Dias Soares, Christine Ferreira Portilho, Heloisa Fátima Thomaz de Aquino Mello, Jair de Souza Gomes, João Afonso Vilela Jr., José Luiz Monteiro, Luiz Roberto da Silva Costa

GERÊNCIAS REGIONAIS: RJ/Norte/Centro-Oeste − Rosemere Monzatto Motta, SP − Rita de Cássia Camisotti, MG − Lúcia Marinho, Sul − Fernanda Dias

de Lima Graciano, ES/Nordeste − Sonia Maria Xavier

EQUIPE TÉCNICA DOS PRODUTOS FISCAISCOORDENAÇÃO TÉCNICA: Ana Lucia F. C. Cardoso EDITORA IR/LC: Ana Lucia F. C. Cardoso EDITOR ICMS/IPI: André Luiz Ferreira Guedes EDITORA LTPS: Denise Féres Dias COORDENAÇÃO EDITORIAL: Angela Maria Oliveira

Colaboradores: Adriana Roberto, Alex Sandro Lovato, Amanda Cristina de Assis Rodrigues, Amanda dos Santos Gomes, Amanda Ferreira Marinho Loiola, Carlos Alberto Ribeiro, Carlos Henrique Cartegiani, Claudio Jorge da Silva, Cleverson Santana Langner, Cristiana Duarte de Cerqueira, Cristina Mendonça Costa, Dulcinea Sandes Meurer, Edith Sandra Reis Alves Chaves, Eliezer Marconi, Flaviana Aurora Gabriel, Francisco Eugênio de Paula, Flaviana Aurora Gabriel, Gilmar Raphael, Jaelda Carvalho Rodrigues

dos Santos, Jamile Nascimento, José Ramiro Colonna Guedes, Julio Hermes Pregiliscio, Katia Regina Costa da Silva, Keilyane Teixeira, Kelly Carvalho Rodrigues, Leandro Luiz Farias de Souza, Leonardo José da Silva, Leonardo Menezes Guimarães, Luciana Lopesnziante, Marcia Regina Martins dos Santos, Maria da Luz Ferreira Nunziante, Mariana Carolina Santos Almas, Marilene de Almeida Canedo, Natalie Costa, Priscilla de Freitas Petrone, Ricardo Guterres de Araújo, Ronaldo Zeni, Rosana Falkievecz, Sandra Aparecida da Cruz, Sara Pedrosa Silva da Mata, Symone Alda da Silva, Tatiane Cataldo dos Santos, Teresinha Borges Leal, Tyrone Soares, Vicente Paulo Moreira, Viviane Carneiro Cavalcante, Zilda Ribeiro e Silva.

CENTRAL DE RELACIONAMENTO: (9 às 18h) 0800 026 5878

ASSINATURAS: (9 às 18h)0800 022 7722

ECONOMIA E GESTÃOA Importância da Gestão Financeira para o Alcance de Resultados Flávio Roberto de Souza

Contabilidade como Instrumento de Gestão Sustentável de Pequenas e Médias Empresas Levi Gimenez

GESTÃO DE TRIBUTOSO Planejamento Tributário e o Fisco Alberto Higa

NORMAS CONTÁBEISInstrumentos Financeiros, Derivativos e Contabilidade de Hedge (Hedge accounting) César Ramos

Necessidade de Aplicação das IFRS e a Participação da Receita Federal do Brasil no Processo de Convergência ContábilJosé Carlos de Jesus

PERÍCIA E AUDITORIAA Nulidade da Instalação de uma Perícia Contábil – Art. 431-A do CPC. O Princípio da Pas de Nullité Sans GriefWilson Alberto Zappa Hoog

OLHO VIVO

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ECONOMIA E GESTÃO

5CONTABILIDADE & GESTÃO

A Importância da Gestão Financeira para o Alcance de Resultados

Flávio Roberto de SouzaGraduado em Administração de Empresas e Pós-Graduado em Finanças e Auditoria pela FAI – Consultor Senior da Blue Numbers Consultoria – Empresário e Sócio Proprietário da Finance – Consultor em Planejamento Financeiro

A aplicabilidade de boas prá-ticas de gestão faz com que as empresas criem valor e tenham sustentabilidade em seus negócios como um todo, não importando em qual área se restrinja, ou mesmo, em qual departamento.

É visível que o sucesso dos negócios seja inerente a pro-cessos bem definidos, estra-tégias adequadas, planeja-mentos respeitados e ações concretas. Valores como dis-ciplina, motivação e conhe-cimento são habilidades re-lacionadas a todo e qualquer modelo de gestão.

Na gestão financeira não é diferente. Ela trata do con-junto de instrumentos de natureza pública e privada, que incluem leis, normati-vos expedidos por órgãos reguladores, regulamentos internos das companhias e práticas comerciais, que organizam e comandam a relação, numa economia de mercado, entre os contro-

ladores, administradores e acionistas de uma empresa.

A necessidade de se organi-zar e utilizar modelos de boas práticas de gestão financeira por parte das organizações é decorrente de alguns fenô-menos ocorridos de forma muito dinâmica, onde, como principais, podem-se elencar: o advento da globalização, a abertura do mercado interno para produtos importados, os avanços tecnológicos, a dimi-nuição de margens de lucro e o fim da ciranda financeira, com a estabilização econômi-ca experimentada pelo Brasil ao longo dos últimos anos.

Uma quantidade significativa de empresas nunca se preo-cupou efetivamente em de-senvolver e utilizar tais mode-los com base em informações contábeis e gerenciais para a obtenção dos resultados almejados. Todavia, os em-presários começam a sentir a necessidade de se organi-zarem, de elaborar um fluxo

de informações consistentes, e de agilizar o processo de tomada de decisões, além de buscar alternativas de contro-le e racionalização dos custos de operação.

A busca do resultado econô-mico e financeiro de qualquer empresa é a preocupação atual de praticamente todos os gestores envolvidos nas companhias, apresentando seus indicadores de desempe-nho e criando cada vez mais valor para o negócio.

Os gestores de qualquer en-tidade, tenha ela finalidade lucrativa, filantrópica, religio-sa ou qualquer outra, têm, normalmente, de administrar recursos escassos. Para tanto, faz-se necessário identificar, mensurar e supervisionar o seu consumo. Por outro lado, as ações empreendedoras, igualmente, requerem infor-mações que identifiquem e avaliem os resultados.

Não obstante, qualquer ges-tor eficaz procurará se equi-

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ECONOMIA E GESTÃO

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librar entre a ousadia de arriscar para obter novas oportunidades e a segurança de manter suas conquistas e preservá-las das ameaças de perdas que tanto o ambien-te interno quanto o externo apresentam cotidianamente.

Sendo assim, dentre as várias ferramentas utilizadas no de-senvolvimento das boas práti-cas, podemos destacar: a con-tabilidade gerencial, a análise de investimentos, o planeja-mento orçamentário e final-mente a gestão tributária.

Contabilidade GerencialA contabilidade gerencial está relacionada com o for-necimento de informações financeiras para auxiliarem os administradores nas tomadas de decisões, destacando a empresa perante outras, ge-rando resultados.

Com a contabilidade geren-cial obtém-se um controle gerencial, pois a principal tarefa é gerar informações eficientes e com qualidade, consistentes e reais. Seu ob-jetivo principal está voltado ao desenvolvimento e com-plexidade da economia mo-derna e com a abertura de mercados e, não somente as grandes empresas devem se utilizar desse instrumento, mas também as de pequeno e médio porte, pois tomam decisões onde necessitam de informações que deem o su-porte necessário.

Estamos falando de balanços patrimoniais e demonstrati-vos de receitas e despesas, mesmo que sejam de forma simples e sintética, porém que sirvam para mostrar os caminhos que a empre-sa está percorrendo. E caso haja algum desvio, ela pos-sa, em tempo, tomar deci-sões corretivas.

Análise de InvestimentosÉ importante ainda enten-der que quaisquer decisões acerca de investimentos, seja comprar um equipamento ou veículo, investir em treina-mento, adquirir a própria sede da empresa, enfim, o que for, vários fatores de análise de in-vestimento devem ser assimi-lados para que estes possam assessorar na hora de decidi-rem pelo investimento a ser contratado naquele momento.

Ao tomar suas decisões de in-vestimentos, os investidores, de forma direta ou indireta, são norteados pela relação risco-retorno. Por mais leigo que seja um investidor, esta relação está sempre implícita no seu raciocínio.

As metodologias como TIR (Taxa Interna de Retorno), VPL (Valor Presente Líquido), ou TOR (Teoria das Opções Reais)

(...) Os gestores de qualquer entidade, tenha ela finalidade lucrativa, filantrópica, religiosa ou qualquer outra, têm, normalmente, de administrar recursos escassos. Para tanto, faz-se necessário identificar, mensurar e supervisionar o seu consumo. Por outro lado, as ações empreendedoras, igualmente, requerem informações que identifiquem e avaliem os resultados.”

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ECONOMIA E GESTÃO

7CONTABILIDADE & GESTÃO

(...) As metodologias como TIR (Taxa

Interna de Retorno), VPL (Valor Presente

Líquido), ou TOR (Teoria das

Opções Reais) são algumas opções que

muitos analistas e administradores de

empresas utilizam para desenvolver relações sobre o

risco-retorno e que auxiliam na tomada

de decisão sobre investir de forma mais adequada e

oportuna para a empresa.”

são algumas opções que mui-tos analistas e administradores de empresas utilizam para de-senvolver relações sobre o ris-co-retorno e que auxiliam na tomada de decisão sobre in-vestir de forma mais adequada e oportuna para a empresa.

Planejamento OrçamentárioOutro controle interno re-levante é o planejamento orçamentário. Ele pode ser elaborado pelo regime de competência, levando em consideração o que se pre-tende faturar e gastar nos períodos seguintes. Como se pudéssemos elaborar um demonstrativo de resultados futuros. E também pelo re-gime de caixa, onde as en-tradas e saídas de recursos alimentarão os saldos do que irá acontecer com o fluxo de caixa futuro.

O objetivo principal deste con-trole é ter uma previsão do que irá acontecer, evitando deslizes e mitigando surpresas negativas, pois quando limita-mos o que iremos gastar, esta-mos desenvolvendo uma disci-plina para que se evite gastar mais do que se ganha.

Gestão TributáriaPlanejando o fluxo de caixa, pode-se entender que um desembolso inevitável será a cadeia de impostos.

Neste aspecto é importante verificar qual o melhor regime tributário a se adotar, de acor-do com análises mais profun-das do tipo do negócio que a empresa possui e também do

montante de despesas que ela desembolsa.

Desta forma a empresa pode se utilizar de meios legais para reduzir a carga tributá-ria na realização dos seus ne-gócios, adotando critério de regimes existentes que lhe serão mais favoráveis na hora do desembolso.

Ademais, a gestão tributária é um diferencial, uma vez que a administração eficaz da carga tributária reduz os cus-tos de produção, promove a continuidade, aumentando a lucratividade e competitivi-dade da empresa.

A competitividade dos negó-cios e as constantes mudanças nos diversos ambientes das empresas exigem a maximiza-ção do desempenho e do con-trole empresarial, em busca de resultados. Os chamados controles internos são exigi-dos por todo o corpo executi-vo, cercando a administração de todos os recursos para um correto controle de gestão.

A controladoria é o órgão ca-paz de integrar e pluralizar tais controles, valorizando os in-vestimentos e o negócio como um todo, definindo o progres-so social e maximizando o de-senvolvimento sustentável.

Portanto, o resultado é a pa-lavra de ordem de qualquer organização, pois sem ela não há como sobreviver no mer-cado, buscar seu lugar e per-durar pela sustentabilidade de seus negócios.

Adotar critérios de boas práti-cas é assumir um perfil moti-vador pela vontade de querer fazer as coisas e também um perfil disciplinador de fazer essas coisas de modo correto e adequado.

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ECONOMIA E GESTÃO

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Contabilidade como Instrumento de Gestão Sustentável de Pequenas e Médias Empresas

Levi Gimenez Mestre em Ciências Contábeis e Financeiras – Professor na Pós-Graduação em Contabilidade, Auditoria e Controladoria – Membro-Fundador da Sociedade Brasileira de Finanças – Membro da ABC (Associação Brasileira de Custos) – Sócio-fundador da Ganas Consultoria e Treinamento Ltda

A principal reclamação, em pa-lestras, salas de aula ou fóruns específicos de pequenas e mé-dias empresas, é que os profis-sionais do ensino sempre dão ênfase às grandes empresas.

Esta afirmação não é total-mente verdadeira quando se compreende que estas empre-sas têm os mesmos objetivos que as grandes empresas: ge-rar resultados positivos acima do custo de capital, quitar as obrigações, remunerar seus proprietários ou investidores e crescimento sustentado.

Em um grande número de negócios, mesmo com poten-cial de crescimento, gestores cometem erros, às vezes fa-tais, que podem ser evitados com uma gestão apoiada em instrumentos, a ser realizada pelo empreendedor e o grupo que o apoia.

Observem que não usei o ter-mo gestão mais profissiona-

lizada, com o qual discordo, porque as pequenas empre-sas não podem pagar control-lers, ou profissionais com co-nhecimento de contabilidade e finanças, para cuidar dos seus negócios, mas podem elaborar a contabilidade den-tro dos aspectos qualitativos das demonstrações contá-beis, previsto na “Contabilida-de das PMEs” e constituir um sistema de informações, de-nominado de SIC (Sistema de Informação Contábil) e a par-tir deste tomar decisões com base em eventos que ocorre-ram e que foram devidamen-te mensurados ou valorizados segundo a técnica contábil.

Em nosso livro “Contabilida-de para Gestores”, publicado pela Editora Atlas em 2011, defendemos a necessidade do empresário, empreende-dor ou executivo de PMEs exigir mais do seu contador, ainda que terceirizado, e re-

gistrar os eventos contábeis em consonância com a Conta-bilidade das PMEs, bem como envolvê-lo nas decisões estra-tégicas da empresa.

Em ambiente competitivo, a contabilidade como lingua-gem internacional dos negó-cios é importante instrumento de apoio à gestão. Os gestores das PMEs não podem mais dispor de um contador ape-nas para atender o Governo, ou, calculando os impostos e encaminhando, por e-mail, para a empresa pagar.

Grande número de PMEs con-tinuam com este raciocínio: economizam em contabilidade e tem um custo oculto em não dispor de números confiáveis para decisões como formação de preço, descontos concedidos, prazos a clientes, investimentos, financiamento e retiradas men-sais, normalmente conhecidas como dividendos etc.

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ECONOMIA E GESTÃO

9CONTABILIDADE & GESTÃO

Um sistema de informação confiável evita que erros cras-sos como os destacados abai-xo (citamos apenas três):

• Retirada incompatível com os resultados da empresa;

• Desrespeito ao princípio da entidade;

• Investimentos para atender clientes, ou ampliar o negó-cio sem uma fonte de finan-ciamento com baixo custo de capital e longo prazo.

Retirada incompatível com os resultadosÉ normal, e justo, o empreen-dedor fixar uma remuneração pelo seu trabalho. Quando es-tes ganhos são incompatíveis com os resultados da empresa, ela começa a se financiar com fornecedores, dilatando prazos de vencimento, não pagando nas datas acordadas, não pa-gando os impostos e obtendo financiamentos de curto prazo junto a instituições financeiras.

O não pagamento a fornece-dores, além de problemas fu-turos com o cadastro positivo, ocasiona uma tensão entre as partes (comprador e vende-dor). O fornecedor repassa os riscos aos preços aumentan-do-os e reduz prazos e limites de compras. Esta política indi-retamente aumenta os custos, quando o objetivo de qualquer empresa é reduzi-los.

O atraso no recolhimento dos impostos em dia gera multas e juros. Para o não recolhi-mento, autuações com mul-tas punitivas, juros e atuali-zação monetária. Contando com excelente tecnologia, aliada ao SPED (Sistema Públi-co de Escrituração Digital), é praticamente certo que estes impostos serão cobrados e a possibilidade de decadência, ou seja, o Fisco não cobrar dentro do prazo legal, diminui a cada dia.

A adesão aos parcelamentos é uma saída para reduzir o impacto no fluxo de caixa, mas não uma solução porque é um volume de recursos mensais que compro-metem a saúde financeira e o crescimento sustentado porque são extraídos das atividades ope-racionais do período.

O parcelamento sistemático normalmente conduz a inadim-plência, a impossibilidade de retirar as CNDs (Certidões Ne-gativas de Débito), úteis para a participação em concorrências e licitações, fornecimento de produtos e serviços a grandes empresas, alienação imóveis pertencentes a empresa, fu-sões e incorporações etc.

A decisão de retirada incompa-tível normalmente deve-se à diferença entre as expectativas de retorno e o retorno real. Ali-nha-se expectativa e realidade com dois instrumentos: o pla-nejamento com o orçamento e o real com a contabilidade.

Desrespeito ao princípio da entidadeReza o princípio da entidade que o valor aplicado pelos sócios na entidade a ela per-tence. Assim, os negócios dos sócios não podem confundir com a operação das PMEs.

Não obstante, é comum os sócios quitarem obrigações particulares com o caixa da em-presa, não permitido pela legis-lação fiscal além de incorrer na dificuldade de calcular os re-sultados efetivos da empresa, úteis para tomada de decisão.

Com a adesão à Contabilidade das PMEs, o contador orienta-rá o empreendedor a separar os negócios para evitar riscos e obter números confiáveis sobre a PME.

Investimentos para atender clientes ou ampliar o negócio sem uma fonte de financiamento com baixo custo de capital e longo prazoOutro erro comum é investir para ampliação do negócio, reter clientes ou aumentar a participação no mercado com financiamento de curto prazo e taxas de juros altas. A aquisição de ativos fixos não tem o retorno imediato do capital, enquanto o em-

(...) A decisão de retirada incompatível normalmente deve-se à diferença entre as expectativas de retorno e o retorno real.”

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ECONOMIA E GESTÃO

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préstimo (capital e juros) é exigido periodicamente pelas instituições financeiras.

Este hiato entre a exigência de recursos pelos bancos e o re-torno oriundo das operações vai gradativamente asfixiando o fluxo de caixa e impedindo investimentos sustentáveis.

Empréstimos para financiar déficit de caixa são úteis e necessários quando tempo-rários. Recorrer a emprés-timos, descontos de títulos (duplicatas) e outras linhas de crédito atenta contra a sustentabilidade do negócio no longo prazo porque os juros no Brasil, embora me-nores que em um passado recente, são muito altos.

Utilizar empréstimos para fi-nanciar as vendas, ou imobi-lizações necessárias a presta-ção de serviço, com o capital de terceiros só é possível se a margem do negócio for alta e o ponto de equilíbrio rápido. Situações diferentes das des-critas devem ser evitadas.

Considerações FinaisA opção por uma atividade econômica é uma opção pelo

risco. Contudo o risco não-devidamente calculado pode invalidar negócios excelentes.

Pesquisas feitas por Jim Collins confirmam que a ad-ministração conservadora e eficiente dos recursos finan-ceiros consta entre as princi-pais características das em-presas longevas. Quando uma empresa toma recursos de terceiros ao custo inferior ao retorno do negócio ela está financiando seu crescimento, em contraposição está trans-ferindo recursos da empresa para terceiros.

Desta forma, a decisão de fi-nanciamento deve ser prece-dida de estudos apoiados no planejamento. O orçamento é o instrumento adequado para este fim, e o conhecimento do comportamento dos custos, da rentabilidade dos produtos e serviços vendidos, bem como das despesas para manuten-ção da PME. Neste caso, o ins-trumento é as demonstrações contábeis elaboradas com base na Contabilidade das PMEs

Apoiados nestas informações, com conhecimento do mer-cado, perspectivas futuras, e informações macroeconômi-cas que afetam o negócio, é

possível tomar decisões que adicionarão valor à PME.

Não negamos que quando o assunto é disponibilidade de recursos às pequenas e mé-dias empresas encontram limi-tações porque os investidores e financiadores ao direcionar seus recursos privilegiam ris-cos menores e garantias.

Assim, os instrumentos finan-ceiros para financiar o cresci-mento são limitados e caros, ou seja, com juros incompatíveis com as taxas de crescimento da PME. Às vezes proibitivos.

As garantias são de fato um problema porque a maioria não dispõe. Não obstante os riscos podem ser mitigados com a adoção da Contabili-dade das PMEs uma vez que a adoção desta dá confia-bilidade as demonstrações financeiras, permite a com-parabilidade com outras em-presas, possibilita aos analis-tas melhor analisar a situação econômico-financeira e reduz o custo de capital.

Contabilidade pode não ser um remédio para os males empresariais, mas constitui um tratamento preventivo, quase um antídoto.

(...) Utilizar empréstimos para financiar as vendas, ou imobilizações necessárias a prestação de serviço, com o capital de terceiros só é possível se a margem do negócio for alta e o ponto de equilíbrio rápido. Situações diferentes das descritas devem ser evitadas.”

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GESTÃO DE TRIBUTOS

11CONTABILIDADE & GESTÃO

Alberto HigaDoutorando em Direito do Estado, pela Universidade de São Paulo (USP) – Mestre em Direito do Estado e Especialista em Direito Tributário pela PUC/SP – Especialista em Direito Empresarial e Bacharel em Direito pela Universidade Prebisteriana Mackenzie – Professor Universitário (Graduação e Pós-Graduação) – Autor do livro: Terceiro Setor: da responsabilidade civil do Estado e do agente fomentado, Editora Fórum, 2010

O Planejamento Tributário e o Fisco

É de conhecimento geral a alta carga tributária no país. De acordo com estudos re-centes1, o Brasil tem a segun-da maior carga tributária da América Latina. Em 2010, a receita tributária alcançou, de acordo com a metodo-logia adotada na referida pesquisa, 32,4% do PIB. Le-vando-se em consideração o retorno em serviços públicos, pode-se afirmar que o Estado Brasileiro está entre os paí-

ses com maiores cargas tri-butária no mundo.

Para agravar a situação, o sistema constitucional tribu-tário pátrio é extremamente complexo, impondo ao con-tribuinte um elevado número de obrigações acessórias e um dever diário de acompa-nhamento das alterações na legislação tributária (o que demanda, no mínimo, a con-tratação de mais profissionais

para o cumprimento de tais deveres instrumentais). Tais fatores impactam diretamen-te a sociedade, e, em especial, as sociedades empresárias.

Ocorre que, além da questão do ônus tributário como um obstáculo efetivo para as em-presas expandirem suas ati-vidades e tornarem-se mais competitivas no mercado, estas têm suportado ainda intensa concorrência em vir-

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GESTÃO DE TRIBUTOS

12 ANO 7 | JUL-AGO | 2013

tude do aumento da impor-tação de produtos fabricados em países em que o custo da produção é bem inferior.

Nesse contexto, o planeja-mento tributário, consubstan-ciado na adoção de medidas lícitas que possam reduzir o ônus tributário (comumen-te denominada elisão fiscal), afigura-se indispensável para uma boa gestão empresarial. De acordo com Marco Aurélio Greco2, o “tema do planeja-mento tributário está ligado ao exercício da liberdade indi-vidual de organizar a vida na busca da menor carga tributá-ria admitida pelo ordenamen-to jurídico. Esta organização se dá mediante a celebração de atos ou negócios jurídicos das mais diversas naturezas que, em sua maioria, encon-tram previsão no Código Civil,

seja como contratos típicos, seja quanto aos elementos e requisitos dos negócios jurídi-cos em geral.”

O instituto da elisão fiscal, por seu turno, não se confunde com a evasão ou sonegação fiscal. Esta última, a evasão fiscal, consiste na adoção de meios ilícitos ou fraudulentos com o intuito de reduzir ou suprimir o pagamento de tri-butos. A linha divisória entre a elisão e a evasão fiscal, no entanto, nem sempre é de fá-cil constatação na medida em que, em ambos os institutos, o contribuinte tem como ob-jetivo a economia de tributos. Assim, além dos meios uti-lizados (lícitos ou ilícitos), a doutrina costuma apontar o critério temporal como fator distintivo. Na elisão, os atos visando a redução do tributo são praticados antes da ocor-rência do fato gerador e na evasão praticados depois.

A questão ganhou novas co-res com a introdução do pa-rágrafo único ao art. 116 do Código Tributário Nacional, que assim dispõe: “a autori-dade administrativa poderá desconsiderar atos ou negó-cios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos ele-mentos constitutivos da obri-gação tributária, observados os procedimentos a serem es-tabelecidos em lei ordinária”.

De início, tem-se que, para a desconsideração do negócio jurídico levado a efeito pelo contribuinte, exige a norma geral antielisiva que sejam ob-servados “os procedimentos a serem estabelecidos em lei or-dinária”. Visando alcançar tal propósito, foi editada a Medi-da Provisória nº 66/2002. Os

arts. 13 a 19 estabeleceram os requisitos e o procedimen-to para a desconsideração, fazendo referência à falta de propósito negocial e ao abuso de forma. Todavia, os referi-dos dispositivos legais foram rejeitados quando da conver-são na Lei nº 10.637/2002. Logo, para a aplicação de tal norma, necessária se faz ain-da a edição de lei ordinária.

A par da questão relativa à re-gulamentação, dois fatos po-dem ser ressaltados a partir da edição do referido disposi-tivo legal: (i) o Fisco, mesmo antes da mencionada norma geral, já efetuava o lança-mento de ofício do tributo na hipótese de constatação de dolo, fraude ou simulação (art. 149, VII, do CTN); (ii) o Fisco, a par da rejeição da MP no citado ponto, tem manti-do como referência a “falta de propósito negocial” a fim de caracterizar a simulação ou a dissimulação. Em outras palavras, tem adotado uma interpretação mais ampla no que tange à simulação, em substituição à interpretação anterior, mais restrita (aco-lhimento do negócio jurídico indireto). Transcrevo ementas do Conselho de Contribuin-tes que expressam cada uma dessas duas interpretações. Primeiro, aquelas que ado-tam a interpretação mais restrita quanto ao conceito de simulação:

Ementa: IRPF – GANHOS DE CAPITAL – SIMULAÇÃO - Para que se possa caracte-rizar a simulação, em atos jurídicos, é indispensável que os atos praticados não pudessem ser realizados, fosse por vedação legal ou por qualquer outra razão. Se não existia impedimento para a realização de aumen-tos de capital, a efetivação

(...) O planejamento tributário, consubstanciado na adoção de medidas lícitas que possam reduzir o ônus tributário (comumente denominada elisão fiscal), afigura-se indispensável para uma boa gestão empresarial.”

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GESTÃO DE TRIBUTOS

13CONTABILIDADE & GESTÃO

de incorporação e decisões, tal como realizadas e cada um dos atos praticados não são de natureza diversa da-quele que de fato aparenta, isto é, se de fato e de direito não ocorreram atos diversos dos realizados, não há como qualificar-se a operação de simulada. Os objetivos visa-dos com a prática dos atos não interferem na qualifi-cação dos atos praticados, portanto, se os atos prati-cados eram lícitos, as even-tuais consequências con-trárias ao fisco devem ser qualificadas como casos de elisão fiscal e não de evasão ilícita. IRPF – ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÕES SOCIETÁ-RIAS – DIREITO ADQUIRIDO. Não há incidência de Impos-to de Renda sobre ganhos de capital apurados na aliena-ção de participações socie-tárias ocorridas após 1-1-89, adquiridas até 31-12-83, a teor da alínea “d” do ar-tigo 4º do Decreto-Lei Nº 1.510/76, face ao princípio do direito adquirido. Recur-so provido. (1º CC, Acórdão nº 106-09.343, de 18-9-97).

Ementa: INCORPORAÇÃO ATÍPICA – NEGÓCIO JURÍDI-CO INDIRETO – SIMULAÇÃO RELATIVA. A incorporação de empresa superavitária por outra deficitária, em-bora atípica, não é vedada por lei, representando um negócio jurídico indireto, na medida em que, sub-jacente a uma realidade jurídica, há uma realidade econômica não revelada.

Para que os atos jurídicos produzam efeitos elisivos, além da anterioridade à ocorrência do fato gerador, necessário se faz que re-vistam forma lícita, aí não compreendida hipótese de simulação relativa, configu-rada em face dos dados e fatos que instruíram o pro-cesso. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE – A evidência da intenção dolosa, exigida na lei para agravamento da penalidade aplicada, há que aflorar na instrução proces-sual, devendo ser inconteste e demonstrada de forma cabal. O atendimento a to-das as solicitações do Fisco e observância da legislação societária, com a divulga-ção e registro nos órgãos públicos competentes, in-clusive com o cumprimento das formalidades devidas junto à Receita Federal, en-sejam a intenção de obter economia de impostos, por meios supostamente elisi-vos, mas não evidenciam má-fé, inerente à prática de atos fraudulentos. PENALI-DADE – SUCESSÃO. A incor-poradora, como sucessora, é responsável pelos tributos devidos pela incorporada, até a data do ato de incor-poração, não respondendo por penalidades aplicadas posteriormente a essa data e decorrentes de infrações anteriormente praticadas pela sucedida (CTN, art. 132). (Publicado no D.O.U. DJ-E de 28-11-2002). (1º CC, Acórdão nº 103-21.047, 16-10-2002).

Ementa: IOF – OPERAÇÕES DE AQUISIÇÃO DE TÍTULOS DE DÍVIDA PÚBLICA ESTRAN-GEIRA E POSTERIOR VENDA DELES A EMPRESAS BRASI-LEIRAS, COM PAGAMENTO EM REAIS, SEM REGISTRO NO BANCO CENTRAL DO BRASIL – ALEGAÇÃO DE ILÍ-CITO CAMBIAL – INCOMPE-TÊNCIA DA ADMINISTRA-ÇÃO TRIBUTÁRIA. Compete ao Banco Central do Brasil a verificação do cumprimen-to das normas relativas ao registro de operações que envolvam a entrada e saída de recursos financeiros do país, cabendo à Adminis-tração Tributária somente analizar a ocorrência de fato gerador de tributo e pro-mover o cumprimento das obrigações então surgidas. DESCONSIDERAÇÃO DE NE-GÓCIO JURÍDICO – FALTA DE PRECISÃO LEGAL. Não existindo norma vedando a utilização de mecanismo jurídico menos oneroso ao contribuinte, não pode o Fisco desconsiderar os ne-gócios jurídicos praticados, alegando possuírem con-teúdo econômico de fato gerador de tributo, ante a falta de previsão legal para tanto. Recurso provido. (2º CC, Acórdão nº 201-77174, 9-9-2003).

A seguir, as decisões que, abandonando a interpreta-ção anterior, prestigiam uma interpretação mais ampla no que toca à simulação, fazendo referência à falta de propósi-

(...) O instituto da elisão fiscal, por seu turno, não se confunde com a evasão ou sonegação fiscal. Esta última, a evasão fiscal, consiste na adoção

de meios ilícitos ou fraudulentos com o intuito de reduzir ou suprimir o pagamento de tributos. “

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GESTÃO DE TRIBUTOS

14 ANO 7 | JUL-AGO | 2013

to negocial (para caracterizar a simulação/dissimulação) ou à sua presença para o fim de considerar a elisão fiscal:

EMENTA: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ, ANO-CALENDÁRIO: 2007 - OPERAÇÕES ESTRU-TURADAS – SIMULAÇÃO. Constatada a desconformi-dade, consciente e pactuada entre as partes que realiza-ram determinado negócio jurídico, entre o negócio efe-tivamente praticado e os atos formais de declaração de vontade, resta caracteri-zada a simulação relativa, devendo-se considerar, para fins de verificação da ocor-rência do fato gerador do Imposto de Renda, o negócio jurídico dissimulado. OPE-RAÇÕES ESTRUTURADAS EM SEQUÊNCIA – LEGALIDADE FORMAL – ILEGITIMIDADE MATERIAL. A realização de operações estruturadas em sequência, embora indivi-dualmente ostentem lega-lidade do ponto de vista formal, não garante a legi-timidade material do con-junto de operações, quan-do fica comprovado que os atos praticados tinham objetivo diverso daquele que lhes é próprio. CRIA-ÇÃO DE EMPRESA FICTÍCIA

– AUSÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL ̶ UTILIZAÇÃO DE “EMPRESA VEÍCULO”. Não produz o efeito tributário al-mejado pelo sujeito passivo a criação de pessoa jurídica, sem qualquer finalidade ne-gocial ou societária. Nestes casos, resta caracterizada a utilização da aludida em-presa como mera empresa “veículo” para redução ile-gal da incidência tributá-ria. SIMULAÇÃO – MULTA QUALIFICADA. A prática de simulação com o propósito de dissimular, no todo ou em parte, a ocorrência do fato gerador do imposto ca-racteriza a hipótese de qua-lificação da multa de ofício, nos termos da legislação de regência. (Acórdão nº 1401-000.868 da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária. Sessão de 18-12-2012).

EMENTA: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDI-CA - IRPJ, ANO-CALENDÁRIO: 1997 - CLOSA DE DESPESA DESNECESSÁRIA. Não estan-do provado nos autos que o negócio jurídico foi simula-do ou engendrado com frau-de à lei e, principalmente, estando demonstrada sua causa real e legítimo propó-sito negocial, não prevalece a glosa a título de despesa

desnecessária. EMENTA: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL - ANO-CALENDÁRIO: 1997 - DECORRÊNCIA. Os mesmos fundamentos que embasaram o julgamento relativo ao IRPJ também se aplicam à exigência de CSLL, decorrente da mesma situa-ção fática. (1º CC, Acórdão nº 107-09423, 25-6-2008).

Conclui-se, pois, que não obstante a adoção de um pla-nejamento tributário (elisão fiscal) por uma sociedade em-presária seja imprescíndivel para uma sadia gestão admi-nistrativa, tal procedimento deve ser feito com cautela, mediante acompanhamento conjunto de profissionais das áreas envolvidas, em especial, das áreas contábil e jurídica.

O sólido planejamento tri-butário, baseado em opinião de especialistas nessas áreas, minimiza os riscos relativos a pretensas autuações fiscais, na medida em que apoiado em fundamentos técnicos, poderá ser levado à aprecia-ção do Poder Judiciário, nos casos de eventuais arbitrarie-dades cometidas pelo Fisco.

NOTAS1. Disponível em: http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2012/11/13/carga-tributaria-no-brasil-e-a-2-maior-da-a-merica-latina-atras-de-argentina.htm. Acesso em 6-1-2013.

2. GRECO. Marco Aurélio. Planejamento Tributário. São Paulo: Dialética. 2004. p. 452.

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NORMAS CONTÁBEIS

15CONTABILIDADE & GESTÃO

Instrumentos Financeiros, Derivativos e Contabilidade de Hedge (Hedge accounting)

César RamosBacharel em Economia e Finanças – Mestre em Finanças Corporativas e Mercados Internacionais de Capitais pela Sciences-Po Paris – Mestre em Administração pela Universidade de São Paulo (FEA/USP) – Certificado em IFRS e Certificado em Auditoria Internacional pela Association of Certified Chartered Accountants (ACCA) – Foi instrutor de IFRS na Universidade Corporativa da Ernst & Young e no Ibracon – Sócio-administrador da César Ramos & Cia. (www.cesarramos.com.br)

Instrumentos FinanceirosUm instrumento financeiro é qualquer contrato que dê origem a um ativo financeiro para a entidade e a um passivo financeiro ou instrumento pa-trimonial para outra entidade.

Ativo financeiro

Um ativo financeiro é qual-quer ativo que seja por exemplo: caixa, um instru-mento patrimonial de outra entidade, um direito contra-tual de receber caixa ou um direito contratual de liquidar um instrumento financeiro com outra entidade sob con-dições potencialmente favo-ráveis para a entidade.

Passivo financeiro

Um passivo financeiro é qual-quer passivo que seja por exemplo: uma obrigação con-tratual de entregar caixa ou uma obrigação de liquidar um

instrumento financeiro com outra entidade sob condições que são potencialmente des-favoráveis para a entidade.

Instrumento patrimonial

Um instrumento patrimo-nial é qualquer contrato que evidencie uma participação nos ativos de uma entidade após a dedução de todos os seus passivos.

Classificação dos Instrumentos Financeiros

Reconhecimento inicial

Um instrumento financeiro deve ser reconhecido como ativo financeiro ou passivo fi-nanceiro nas demonstrações financeiras quando, e apenas quando, a entidade se torna parte das disposições contra-tuais do instrumento.

No momento do reconhe-cimento inicial, um instru-

mento financeiro deve ser classificado numa das se-guintes 4 categorias de ati-vos financeiros ou 2 catego-rias de passivos financeiros:

Ativos financeiros:

1. Ativos financeiros mensu-rados ao valor justo por meio do resultado.2. Investimentos mantidos até o vencimento (ativos finan-ceiros com pagamentos fixos ou determináveis com venci-mentos definidos).3. Empréstimos concedi-dos e recebíveis originados pela entidade.4. Ativos financeiros disponí-veis para venda.

Passivos financeiros

5. Passivos financeiros men-surados ao valor justo por meio do resultado.6. Passivos financeiros não classificados como ao valor justo por meio do resultado.

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NORMAS CONTÁBEIS

16 ANO 7 | JUL-AGO | 2013

Instrumentos financeiros registrados ao valor justo por meio do resultado

Os instrumentos financei-ros classificados como ati-vos ou passivos financeiros mensurados ao valor justo por meio do resultado são registrados no balanço pa-trimonial ao valor justo com contrapartida no resultado.

Os instrumentos financeiros classificados nessa categoria são mantidos para negocia-ção quando eles são adqui-ridos ou incorridos principal-mente para a finalidade de venda ou de recompra em prazo muito curto.

Todos os derivativos que não sejam usados em operações de cobertura financeira, cha-madas operações de hedge e cujo objetivo é de proteção dos fluxos de caixa futuros ou do valor justo de ativos ou passivos, devem ser regis-trados como mantidos para a negociação e classificados nessa categoria.

Instrumentos financeiros registrados ao custo amortizado

Os instrumentos financeiros que sejam classificados como “investimentos mantidos até o vencimento”, “empréstimos e recebiveis” originados pela entidade ou “passivos finan-ceiros não classificados como ao valor justo por meio do resultado” devem ser men-surados ao custo amortizado em aplicação do método dos juros efetivos.

O método dos juros efetivos é o método que consiste em calcular o custo amortizado de um ativo financeiro ou de um passivo financeiro e de

alocar a receita ou a despesa de juros no período pela apli-cação da taxa efetiva de juros do instrumento.

A taxa efetiva de juros é a taxa que desconta exatamente os pagamentos ou recebimen-tos de caixa futuros estima-dos durante a vida esperada do instrumento de forma que o valor presente dos fluxos de caixa futuros descontados pela taxa efetiva de juros seja igual ao valor do investimen-to inicial no caso de um ati-vo financeiro ou ao valor do recebimento inicial no caso de um passivo financeiro. Ao calcular a taxa efetiva de ju-ros, a entidade deve estimar os fluxos de caixa consideran-do todos os termos contratu-ais do instrumento financeiro (por exemplo, pagamento antecipado, opções de com-pra e semelhantes), mas não deve considerar perdas de crédito futuras.

O cálculo inclui todas as co-missões e parcelas pagas ou recebidas entre as partes do contrato que são parte inte-grante da taxa efetiva de ju-ros, dos custos de transação e de todos os outros prêmios ou descontos.

Existe um pressuposto de que os fluxos de caixa e a vida esperada de grupo de instrumentos financeiros se-melhantes possam ser esti-mados confiavelmente.

Instrumentos financeiros disponíveis para venda

Os instrumentos financeiros classificados como ativos fi-nanceiros disponíveis para venda devem ser registrados ao valor justo no balanço pa-trimonial da seguinte forma: os juros calculados pela taxa

efetiva de juros devem ser registrados no resultado e o efeito da marcação a merca-do do instrumento deve ser registrado diretamente no pa-trimônio líquido numa reser-va de reavaliação patrimonial chamada “outros resultados abrangentes” (other com-prehensive income).

DerivativosUm derivativo é um instru-mento financeiro ou outro contrato que atende cumula-tivamente as três característi-cas seguintes:

1. O seu valor altera-se em resposta à mudanças de uma variavel subjacente (taxa de câmbio, taxa de juros, preço de uma commodity, preço de um instrumento financeiro, índice de preços, rating de crédito etc.);

2. Não é necessário qualquer desembolso inicial ou o de-sembolso inicial é menor do que seria exigido para outros tipos de contratos onde seria esperada uma resposta seme-lhante às mudanças nos fato-res de mercado; e

3. O instrumento financeiro é liquidado numa data futura.

Os derivativos representam ativos ou passivos financeiros porque representam direitos ou obrigações de liquidar um instrumento financeiro com outra entidade sob condições potencialmente favoráveis (ativo financeiro) ou desfavo-ráveis (passivo financeiro).

Todos os instrumentos finan-ceiros derivativos devem ser registrados no balanço patri-monial ao valor justo, pelo regime de competência, como

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NORMAS CONTÁBEIS

17CONTABILIDADE & GESTÃO

ativos financeiros quando eles representam direitos contratu-ais de receber caixa ou como passivos financeiros quando eles representam obrigações contratuais de entregar caixa.

Os derivativos que são formal-mente designados como ins-trumentos de hedge podem ser contabilizados aplicando as regras específicas de con-tabilidade de hedge (hedge accounting), apresentada mais adiante neste artigo.

Uso dos instrumentos financeiros derivativosOs derivativos podem ser usados com diversos ob-jetivos como especulação, proteção, arbitragem, ala-vancagem de posições, di-versificação de investimentos ou transformação das carac-terísticas de instrumentos fi-nanceiros.

O uso mais comum dos deriva-tivos consiste em realizar ope-rações de proteção, as quais podem ser chamadas opera-ções de cobertura financeira ou operações de hedge.

Nas operações de proteção (hedge), o objetivo da con-tratação de instrumentos fi-nanceiros derivativos consis-te em contratar uma posição simétrica num determinado instrumento derivativo à ex-posição que é objeto de co-bertura financeira (hedge).

A contratação do derivativo tem como objetivo de elimi-nar ou reduzir significativa-mente o risco financeiro de-corrente da volatilidade do preço ou do valor justo do item coberto, que é objeto

de hedge e que está sendo protegido pelo derivativo. Quando o hedge é perfeito, a perda financeira incorrida no item objeto de hedge é compensada integralmente por um ganho financeiro simétrico que é realizado no instrumento derivativo e vice-versa.

Riscos usuais cobertos por derivativosOs instrumentos derivativos são contratados com o objetivo de re-alizar operações de hedge de riscos financeiros variados. Os riscos usuais cobertos por derivativos são os seguintes:

1. Risco cambial;

2. Risco de variação da taxa de juros;

3. Risco de variação do preço de ativos financeiros (ações);

4. Risco de variação de índices de preços (índices de ações);

5. Risco de variação do preço de commodities; e

6. Risco de crédito.

Tipos de derivativosOs derivativos podem ser divididos em quatro grandes famílias que podem ser classificados em duas grandes categorias: os de-rivativos que criam obrigações e os derivativos que criam direi-tos, conforme segue:

Tipo de derivativo

Obrigação para as duas partes

Obrigação apenas

para o emissor

Direito apenas para o detentor

(opção sem obrigação)

Contratos a termo XContratos futuros XSwaps XOpções X X

As três grandes famílias de instrumentos financeiros derivati-vos que criam obrigações são os contratos a termo, os con-tratos futuros e os contratos de troca chamados swaps.

Devido ao fato dos contratos futuros criarem obrigações de entregar caixa para seus detentores, as bolsas de deri-vativos como a Bolsa brasileira de Mercadorias e Futuros (BM&F) exigem das contrapartes o depósito de margens de garantia que garantem a realização das operações.

As opções representam um direito para o detentor (o compra-dor da opção) e uma obrigação para o emissor (o vendedor da opção). As opções mais comuns são a CALL (opção de com-pra), a PUT (opção de venda), a CAP (Teto), a FLOOR (piso) e a COLLAR (túnel).

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NORMAS CONTÁBEIS

18 ANO 7 | JUL-AGO | 2013

O detentor da opção paga um prêmio ao lançador para ter o direito de comprar ou vender um determinado ativo por um determinado preço e por um determinado período de tem-po. Simetricamente o vendedor da opção recebe o prêmio em troca da venda ao detentor da opção de um direito de compra ou de venda de um determina-do ativo por um determinado preço e por um determinado período de tempo. Nesse senti-do as opções funcionam como seguros. As opções são de tipo “americano” podendo ser exer-cidas a qualquer momento e de tipo “europeu” podendo ser exercidas apenas na data de vencimento.

Dependendo da relação entre o preço de exercício das op-ções e o preço do ativo obje-to, as opções podem estar in the money (dentro do dinhei-ro), at the money (no dinhei-ro) ou out of the money (fora do dinheiro). No vencimento, as opções expiram quando não exercidas e o valor do prêmio pago pelo detentor é integralmente perdido.

Contabilização de Instrumentos Derivativos

Contabilização de instrumentos financeiros derivativos mantidos para a negociação

Em aplicação da norma in-ternacional de contabilidade IAS 39 relativa aos instru-mentos financeiros e da nor-ma brasileira CPC 38, todos os instrumentos financeiros derivativos que não sejam designados e documentados formalmente numa relação eficaz de hedge precisam ser

mensurados ao valor justo e registrados no balanço patri-monial por meio do resultado, pelo regime de competência.

A melhor evidência em cada data de reporte do valor justo de um instrumento derivativo consiste na sua cotação num mercado ativo. O valor justo dos derivativos que não são negociados em bolsa e que são chamados de derivativos OTC over the counter por se-rem negociados com bancos no telefone é obtido median-te a aplicação de um proces-so de precificação chamado marcação a mercado (mark to market ou mark to model) que consiste em calcular o valor teórico de compra ou venda de um novo instrumento fi-nanceiro com características idênticas ao instrumento fi-nanceiro avaliado, o qual já foi contratado e para o qual não existe cotação de mercado.

Por exemplo, o valor justo de uma opção é obtido por sua cotação num mercado de de-rivativos ou mediante precifi-cação usando um modelo tal como o modelo de Black and Scholes de precificação das opções europeias ou o modelo binomial de precificação das opções americanas.

A contraparte obrigatória do registro dos ganhos ou perdas decorrentes de instrumentos fi-nanceiros derivativos em aber-to é o resultado financeiro do período. Ou seja, os derivativos são presumidamente mantidos para negociação quando não designados formalmente numa relação de hedge eficaz.

Gestão de riscos financeiros e operações de Hedge

As operações de cobertu-ra financeira consistem em

proteger um determinado item objeto de hedge contra a ocorrência possível de um determinado risco financeiro.

O item objeto de hedge pode ser um ativo ou passivo reco-nhecido no balanço patrimo-nial tal como contas a receber, contas a pagar, empréstimos ou estoques de commodities.

O item objeto de hedge pode ser também um compromisso firme não reconhecido no balanço pa-trimonial tal como um contrato de exportação ou de importação ou um pedido de compra.

O item objeto de hedge pode ser ainda uma transação futu-ra prevista altamente provável tal como uma compra prevista de matérias primas ou uma re-ceita de exportação.

Por fim o item objeto de hedge pode ser também um investi-mento numa unidade opera-cional no exterior. O principal objetivo de um hedge finan-ceiro é de proteger os fluxos de caixa futuros a serem pagos ou recebidos pela entidade ou de proteger o valor de ativos ou passivos da entidade.

Contabilidade de hedge (Hedge Accounting)

As operações de contabilidade de hedge (Hedge Accounting) consistem em aplicar regras especificas e opcionais de con-tabilidade das operações de hedge financeiro que permi-tem eliminar ou reduzir a vo-latilidade dos resultados con-tábeis decorrentes do registro obrigatório dos instrumentos derivativos ao valor justo por meio do resultado.

O principal objetivo da im-plementação de uma con-tabilidade de hedge (hedge accounting) consiste em re-

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NORMAS CONTÁBEIS

19CONTABILIDADE & GESTÃO

gistrar os ganhos ou perdas decorrentes dos instrumen-tos financeiros derivativos nos mesmos períodos contá-beis em que os itens objeto de hedge afetam o resultado contábil da entidade, de for-ma a respeitar o princípio de confronto das receitas e das despesas e reduzir a volati-lidade do resultado contábil criada pelo registro dos deriva-tivos ao valor justo. As opera-ções de contabilidade de hedge são classificadas como hedge de valor justo (fair value hedge), hedge de fluxo de caixa (cash flow hedge) ou hedge de um investimento no exterior.

Por exemplo, em aplicação das regras opcionais de con-tabilidade de hedge de fluxo de caixa os ganhos ou perdas decorrentes das variações dos valores justos de instrumen-tos derivativos designados em operações de hedge são diferidos no patrimônio líqui-do até o momento em que o item objeto de hedge afeta o resultado do período. Por exem-plo, até o momento em que a transação futura altamente pro-vável afeta o resultado.

Geralmente o instrumento fi-nanceiro derivativo é designado em sua totalidade como instru-mento de hedge numa relação de cobertura financeira. Porém é possível designar como instru-mento de hedge apenas um dos componentes da variação total do valor justo do instrumento financeiro derivativo.

Exemplos comuns consistem em separar o valor intrínseco do valor temporal das opções ou

em separar o componente cam-bial e o componente de juros de contratos a termo. A designação de apenas um componente do valor justo do instrumento de-rivativo como instrumento de hedge tem como objetivo de melhorar a eficácia da relação de hedge. No caso de operações de hedge do risco cambial, ins-trumentos financeiros não deri-vativos tais como empréstimos, contas a pagar, caixa ou contas a receber poderão também ser designados como instrumentos de hedge.

Testes de efetividade (hedge accounting)

Para poder aplicar as regras de contabilidade de hedge (Hed-ge Accounting) é necessário que a empresa seja capaz de demonstrar em cada data de fechamento que a eficácia real do hedge foi altamente eficaz durante todo o período.

Em aplicação do CPC 38 e da norma IAS 39, um hedge só é considerado alta-mente eficaz se ambas as condições são satisfeitas: - No início do hedge a efi-cácia esperada do hedge pode ser demonstrada; e - Os resultados reais do hed-ge financeiro estão dentro do intervalo de 80% a 125%. Se os resultados reais do hed-ge estão dentro do intervalo de 80% a 125%, ele é consi-deradao como altamente efi-caz. Fora do intervalo de 80% a 125% a contabilidade de hedge não pode ser aplicada e precisa ser desqualificada prospectivamente a partir da

data em que o hedge deixou de ser eficaz.

Designação e documentação de hedge

O CPC 38 e a norma IAS 39 são bastante exigentes com relação aos critérios de imple-mentação das regras de con-tabilidade de hedge.

Os principais requerimentos de documentação definidos no CPC 38 e no IAS 39 são os seguintes:- A natureza da relação de hedge deve ser formalmente desig-nada e documentada na data do inicio da relação de hedge;- É necessário demonstrar na data da designação da relação de hedge que é esperado que o hedge seja altamente eficiente (demonstração prospectiva);- A eficácia da cobertura deve ser testada e demonstrada du-rante todo o período do hedge (demonstração retrospectiva);- No caso do hedge de uma transação prevista, a demons-tração do caráter altamente provável da transação deve também ser documentada na data da designação do hedge.

Normas IFRS e Normas Brasileiras Correlacionadas Re-lativas a Instrumen-tos Financeiros– Normas internacionais de contabilidade relativas a ins-trumentos financeiros: IAS 32, IAS 39, IFRS 7 e IFRS 9. – Normas brasileiras: Pronun-ciamentos CPC 38, 39 e 40 e Deliberação CVM 604.

BIBLIOGRAFIARAMOS, César. Derivativos, riscos e estratégias de hedge: Implementação, Contabilização e Controle. ISBN 978-85-911432-0-7, 1a edição do autor, São Paulo, 2010.

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NORMAS CONTÁBEIS

20 ANO 7 | JUL-AGO | 2013

Necessidade de Aplicação das IFRS e a Participação da Receita Federal do Brasil no Processo de Convergência Contábil

José Carlos de JesusBacharel em Ciências Contábeis – Faculdade da Serra Gaúcha - Pós-Graduando em Finanças Corporativas – Universidade de Caxias do Sul - Membro do Centro de Estudos Científicos em Contabilidade FSG

Com o crescente impacto da globalização no mercado bra-sileiro, surgiu a necessidade de empresas nacionais bus-carem recursos financeiros internacionais de segmentos similares em todo o mundo (CRC-RS, 2010). Isso tam-bém fez com que, as Normas Brasileiras de Contabilidade convergissem para as Nor-mas Contábeis Internacio-nais. Nesse sentido Marques (2010, p. 46) acredita que:

A globalização dos negó-cios, no que diz respeito ao mercado de capitais e o crescimento dos in-vestimentos diretos es-trangeiros somados à formação de blocos eco-nômicos traz consigo a necessidade de se ter um conjunto de normas contábeis internacionais que viabilizem a com-paração de informações entre companhias de um mesmo grupo ou de gru-pos distintos.

Deste modo, avalia-se que não é possível mercados se expandirem sem uma troca de informações condizentes

com a realidade de cada ins-tituição, ou seja, um patrimô-nio deve ser avaliado no Brasil do mesmo modo com que seria avaliado em outro país, resguardado às suas limita-ções. Afirma-se que ao adotar os IFRS, o principal benefício percebido por uma empresa é que suas demonstrações con-tábeis se tornem confiáveis na percepção dos investido-res e de credores.

Todavia, percebe-se que nos últimos anos, pôde-se acom-panhar na mídia que o Brasil é um país emergente e que está crescendo mais e mais a cada ano. Com isso, investido-res do mundo todo passaram a ter interesse em empresas do nosso país. Esses fatores paralelos outros de ordem econômica, política e social pressionaram para uma mu-danças nas normas contábeis de modo a direcionar o Brasil uma sintonia mais próxima com o resto do mundo.

Vale complementar que “se a empresa tiver de preparar suas demonstrações contá-beis de acordo com diferentes

normas de distintos países para se comunicar com inves-tidores nos vários mercados de capitais em que opera, terá com isso elevados custos e di-ficuldade no processo de co-municação.” (PADOVEZE; BE-NEDICTO e LEITE, p. 9, 2011). Outro fato a discorrer é sobre:

O mercado de capitais dos países que adotam normas contábeis em consonância com as reconhecidas interna-cionalmente, do nosso ponto de vista, tende a estar em vantagem em relação aos demais, vis-to que os investidores estrangeiros necessitam de informações confiá-veis que resguardem a comparabilidade das in-formações no processo de tomada de decisões. (PADOVEZE; BENEDICTO e LEITE, p. 9, 2011).

Diante disso, em 28 de de-zembro de 2007, foi decreta-da pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República do Brasil a Lei 11.638/2007, onde se deu iní-cio ao processo de harmoniza-

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NORMAS CONTÁBEIS

21CONTABILIDADE & GESTÃO

ção da legislação contábil bra-sileira que entrou em vigor em primeiro de janeiro de 2008.

Alterando e revogando dispo-sitivos da Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976 e da Lei nº 6.385 de 7 de dezembro de 1976, estendendo-se às socie-dades de grande porte dispo-sições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Essa Lei então alterou os artigos 176 a 179, 181 a 184, 187, 188, 197, 199, 226 e 248 da Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976. (PLANALTO.GOV.BR, 2007).

Deste modo, é relevante destacar resumidamente as principais alterações sofri-das na contabilidade:

a) Substituição Demonstra-ção das Origens e Aplica-ções de Recursos (Doar), pela Demonstração do Fluxo de Caixa e criação da Demonstração do Va-lor Adicionado, confor-me art. 176.

b) Divisão de dois novos grupos de contas de acor-do com o art 178, ou seja, Ativo Permanente divi-dido em investimentos, imobilizado, intangível e diferido. Enquanto que o Patrimônio Líquido ficou dividido em Capital So-cial, Reservas de Capital, Ajustes de Avaliação Pa-trimonial, Reservas de Lu-cros, Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados.

c) Alteração no critério de avaliação de coligadas, art. 248, descreve que “no balanço patrimonial da companhia, os inves-timentos em coligadas sobre cuja administração tenha influência significa-tiva, ou de que participe com 20% (vinte por cento) ou mais do capital votan-

te, em controladas e em outras sociedades que fa-çam parte de um mesmo grupo ou estejam sob con-trole comum serão avalia-dos pelo método da equi-valência patrimonial...”

d) Criação de Reservas de Incentivos Fiscais, onde a contabilização é realizada diretamente no resultado do exercício conforme art. 195. Um ponto importante a salientar é que antes da criação da Lei 11.638/2007 os benefícios fiscais conce-didos pelo governo eram contabilizados na conta de reserva de capital que são contribuições recebidas dos proprietários ou de terceiros que não repre-sentam receitas ou ganhos e que, portanto não devem transitar por contas de re-sultado exemplos: ágio na emissão de ações, incenti-vos fiscais, correção mone-tária do capital realizado.

e) Introdução do conceito de Ajuste a Valor Presen-te para as operações ati-vas e passivas de longo prazo e para as relevantes de curto prazo, art. 183, VII e art. 184, III.

f) Estabelecimento de no-vas regras para reservas de reavaliação, conforme determinação do art. 6º, onde os saldos existentes nas reservas de reavalia-ção deverão ser mantidos até sua efetiva realização.

Dando continuidade ao pro-cesso de convergência, em 27 de maio de 2009, foi conver-tida a Medida Provisória nº 449/2008 na Lei 11.941/2009 que complementou algumas informações na Lei da S.A’s, como a extinção do ativo dife-rido e do resultado de exercí-cios futuros e outras. (IUDÍCI-BUS et al, 2010).

Houve um ponto relevante nesta alteração no sentido de desvinculação da contabilida-de praticada no Brasil sem a influência de atos de natureza fiscal, ou seja, “foi a formali-zação, agora do ponto de vista tributário, e não societário, da desvinculação entre o Fisco e Contabilidade, com a criação do Regime Transitório de Tri-butação (RTT).” (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 21).

Entretanto, a Lei 11.941/2009 também alterou a Legislação Tributária Federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários, dentre outras modificações. Porém, manteve a maior parte dos dispositivos originalmente previstos na MP 449/2008. (TRENCH, ROSSI e WATANABE ADVOGADOS, 2009).

Nessa fase, pode-se dizer que a grande novidade foi a implantação do RTT. Em re-sumo o RTT trata dos ajustes tributários decorrentes dos novos métodos e critérios con-tábeis introduzidos pela Lei 11.638/2007 e pelos artigos 37 e 38 da Lei 11.941/2009, ou seja, visa neutralizar os efeitos das alterações contábeis intro-duzidas por estas Leis.

Nesse cenário, com o obje-tivo de estudar e preparar a emissão de Pronunciamentos Técnicos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza foi criado em 7 de outubro pela Resolução do CFC Nº 1.055/2005 o CPC. Esse órgão visa à centralização e uniformização do processo de informações contábeis levan-do em conta a convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais. Sendo o único órgão responsável pela emissão dos pronunciamentos contábeis no Brasil. Criado em função das necessidades de:

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NORMAS CONTÁBEIS

22 ANO 7 | JUL-AGO | 2013

a) Convergêcia internacional das normas contábeis (re-dução de custo de elabora-ção de relatórios contábeis, redução de riscos e custo nas análises e decisões, re-dução de custo de capital);

b) Centralização na emissão de normas dessa nature-za (no Brasil, diversas en-tidades o fazem);

c) Representação e processo democráticos na produ-ção dessas informações (produtores da informa-ção contábil, auditor, usu-ário, intermediário, aca-demia, governo).

Vale ressaltar que antes da criação do CPC as normas, pro-cedimentos técnicos, orienta-ções e interpretações contá-beis eram de responsabilidade do Conselho Federal de Con-tabilidade e da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, no caso das companhias abertas.

Salientando também que o Ibracon, o Banco Central, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e a Receita Federal também eram agen-tes legalmente autorizados, cada um na sua respectiva competência.

Deste modo, estabeleceram--se características básicas do CPC como:

a) Autonomia das entidades representadas;

b) Estrutura necessária forne-cida pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC;

c) Composta pelo Abrasca, Apimec Nacional, Boves-pa, Conselho Federal de Contabilidade, Fipecafi e Ibracon;

d) Dos membros do CPC, dois por entidade não au-ferem remuneração.

Além disso, serão sempre convidados em suas reuniões, além de seus membros atu-ais, representantes do Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Secretaria da Receita Federal e da Superintendência de Se-guros Privados (Susep).

Considerando a relevância das informações contábeis no pro-cesso de tomada de decisão, é inevitável dizer que a quali-dade dessas informações re-fletem diretamente na gestão das empresas. Todavia, desta-ca-se que a transparência e a confiabilidade são componen-tes essenciais na análise dos negócios e da realidade das entidades. Assim, na harmoni-zação da contabilidade haverá discussões mais aprofundadas sobre os conceitos utilizados, maior confiabilidade de inves-tidores internos e externos, redução dos custos de ajustes de divergências de critérios contábeis, facilidade de inter-câmbio técnico profissional e facilidade no processo de harmonização com as normas fiscais, dentre outros.

Nesse caso, alega-se que en-tidades que estão disputan-do mercado em alto nível, ou seja, as grandes companhias e as potenciais como as peque-nas e médias empresas, alme-jarão cada vez mais trazer para perto de si recursos necessá-rios para o seu crescimento.

Essa busca poderá ser dada mediante investidores, que por meio das demonstrações contábeis transparentes e in-formações confiáveis farão com que deem credibilidade ao negócio que lhes mais con-vier. Portanto, realça-se que a ascensão econômica do Brasil será consolidada quando o mundo puder olhar para “res-

sonância magnética” financei-ra do país e entendê-la compa-rando-a com as de seu próprio território, reduzindo custos de conversão de demonstrações e reinvestindo este capital em outros negócios.

Em resumo, acredita-se que o Brasil esteja seguindo a ten-dência mundial. Tendo em vista que o padrão IFRS é ado-tado, atualmente, por cerca de 110 países e, aproximada-mente, por 100 milhões de pe-quenas e médias empresas no mundo. (BNDES, S/D). O BN-DES (S/D) ressalta ainda que “a adoção do IFRS para as PMES resultará na migração de uma situação de informalidade para um padrão de transpa-rência contábil de alto nível.”

A Receita Federal do Brasil foi criada em 1968, no qual foi instituída pelo Decreto 63.659/68 em substituição à antiga Direção-Geral da Fa-zenda Nacional. Surgida da necessidade de modernizar o sistema de arrecadação e fiscalização de tributos, bem como promover uma maior integração entre fisco e con-tribuinte. Com isso, houve um aumento da arrecadação no final dos anos 60, enquanto que a participação da carga tributária no PIB, nessa épo-ca, passou de 18% para 24% do PIB. (Secretaria da Receita Federal, s/d)

Porém, nesta década, o Brasil passava por sérias turbulências na economia, podendo ser atri-buída a alguns fatores como:

Os efeitos das medidas de estabilização aplicadas naquele período; o espa-ço de tempo transcorrido antes que os efeitos das reformas institucionais realizadas no sistema fi-nanceiro pudessem ser

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NORMAS CONTÁBEIS

23CONTABILIDADE & GESTÃO

sentidos e antes que os numerosos estudos e planos de expansão da infraestrutura e das in-dústrias pesadas do país pudessem resultar em atividades de construção efetivas; e, finalmente, o intervalo de tempo ne-cessário para convencer os investidores internos e estrangeiros, privados e oficiais, da estabilidade do novo regime e de seu controle sobre a econo-mia. (BAER, p. 96, 2002).

Deste modo, observa-se que a preocupação do Poder Público com a aparência da economia do Brasil, ou de qualquer país, estava demonstrada neste perí-odo, e sempre foi assim, desde o início da civilização mercantil.

Via de regra, acredita-se que um país, assim como uma entidade, está a todo o mo-mento se relacionando com o ambiente externo. De manei-ra que a preocupação com o comportamento da dos prin-cipais agentes que afetam a economia deve ser atividade de constante vigia.

Nesse cenário, surge o ques-tionamento quanto à parti-cipação do Estado, represen-tado pela Receita Federal do Brasil, no que tange ao pro-cesso de Convergência Contá-bil às Normas Internacionais.

Pois reflete-se sobre o gênero dessa participação no sentido de entender se ela é passiva ou ativa, ou se está totalmen-te engajada nesse processo.

Uma vez que este assunto trata--se de matéria de seu interes-se, talvez uma participação de maior evidência trouxesse, de repente, outro foco para algu-mas questões pouco abordadas.

Todavia, sabe-se que para compor a estrutura do Comi-tê de Pronunciamentos Con-tábeis (CPC) são convidados representantes da SRF, Susep, CVM e Bacen, além de outras entidades e especialistas. No entanto, estes “convidados”, segundo Regimento Interno do CPC, terão direito a voz, mas não a voto.

Sendo assim, discute-se o motivo pelo qual, a socieda-de, mais especificamente, os interessados em negócios e contabilidade, se contenta-ram somente com a criação do RTT (Regime Tributário de Transição), que ao que se per-cebe, resumiu a participação da RFB. Salientando a gran-de contribuição e o enorme avanço promovido pela mes-ma, no que tange a inserção da alta tecnologia nos proces-sos de arrecadação e fiscali-zação de tributos nos últimos anos com a criação do Sped, FCONT, NFE, dentre outros.

Sabe-se, porém que, mudan-ça é contábil e não fiscal. Mas alguém já parou para pensar se é realmente isso que ocor-re na prática?

O Brasil já pertence ao gru-po de mais de cem países que adotaram o padrão IFRS. Com a evolução da ciência contábil ao longo dos anos, principalmente nos dias atu-ais, a necessidade de um ór-gão que fiscalize a aplicação dos procedimentos e normas contábeis se torna evidente, a ponto de se tornar gritante. Todavia, existem órgãos fisca-lizadores considerados “infor-mais”, ou seja, aqueles que por determinada situação ou necessidade acabam anali-sando a aplicabilidade destas Normas, como, por exemplo, as auditorias independentes.

Porém, no contraponto, ima-gina-se que se existisse tal ór-gão, o trabalho das auditorias não teria validade nenhuma, uma vez que, estas demons-trações já estariam em con-formidade com a Legislação Contábil, após estarem sub-metidas ao suposto órgão. No entanto, ressalta-se que nem todas as empresas têm obri-gação ou condição de subme-terem suas demonstrações a um processo de auditoria independente, seja pelo seu custo ou desobrigação.

BIBLIOGRAFIABAER, Werner. A Economia Brasileira, 2ª ed., São Paulo: Nobel, 2002.

IUDICIBUS, Sérgio; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Ru-bens. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações: aplicável às demais sociedades. São Paulo: Atlas, 2010.

MARQUES, Wagner Luiz. Contabilidade Geral – Segundo a Lei 11.638/2007 das Sociedades Anônimas, Passo a Passo da Contabilidade, 1ª ed, Paraná: Gráfica Vera Cruz, 2010.

PADOVEZE, Clóvis Luís, BENEDICTO, Gideon Carvalho De, LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. Manual de Contabilidade Internacional, IFRS – US Gaap – BR Gaap, Teoria e Prática, 1ª

ed., São Paulo: Cengage Learning, 2011.

PLANALTO.GOV, Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em 30-7-2013.

RECEITA FEDERAL, Disponível em http://www.receita.fa-zenda.gov.br/. Acesso em 30-7-2013.

SUL, Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul. Princípios de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade, Revista ed., Porto Alegre: 2010.

TRENCH, ROSSI e WATANABE ADVOGADOS, Disponível em, http://www.trenchrossiewatanabe.com.br/alertas/7_AL_Tax_Jun09.pdf. Acesso em 30-7-2013.

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PERÍCIA E AUDITORIA

24 ANO 7 | JUL-AGO | 2013

A Nulidade da Instalação de uma Perícia Contábil – Art. 431-A do CPC.O Princípio da Pas de Nullité Sans Grief

Wilson Alberto Zappa HoogBacharel em Ciências Contábeis - Mestre em Direito - Perito-Contador - Auditor - Consultor Empresarial - Palestrante - Especialista em Avaliação de Sociedades Empresárias - Escritor de várias obras de Contabilidade e Direito - Pesquisador de matéria contábil - Professor-Doutrinador de perícia contábil, Direito Contábil e de empresas em cursos de Pós-Graduação de várias instituições de ensino - Membro da Acin (Associação Científica Internacional Neopatrimonialista) - Membro do Conselho Editorial da Editora Juruá - Site: www.zappahoog.com.br

Resumo:O artigo apresenta de for-ma sucinta a efetivação da nulidade da instalação de uma perícia contábil, fren-te ao princípio da Pas de Nullité Sans Grief .

E com este referente, tra-tamos do sentido e alcance da categoria “ciência” e da importância do art. 431-A do CPC.

Palavras-chave:

Art. 431-A do CPC; ciência; princípio da pas de nullité sans grief; § 1° do art. 249 do CPC.

DesenvolvimentoCom base na lógica é possível visualizar a importância da ob-servação do art. 431-A do CPC quando da instalação da perí-cia contábil, pois a falta da in-timação relativa à “ciência do art. 431-A do CPC”, ou seja, da data, hora e do local da insta-lação da perícia, pode gerar a nulidade processual do ato.

Este fato decorre da inter-pretação do referido artigo que dispõe: As partes te-rão ciência da data e local designados pelo juiz ou in-dicado pelo perito para ter início a produção da prova.

Porém, a nulidade por inobser-vância desse dispositivo deve ser examinada à luz do art. 249, § 1°, do CPC, de modo

que, somente se houver de-monstração da existência de prejuízo, cabe a declaração de nulidade da perícia realizada, sendo determinada a repeti-ção do ato.

Está pacificado o entendi-mento de que a segurança jurídica constitui valor ine-rente ao processo e que visa assegurar o desenvolvimento ordenado de uma relação de atos previamente estabeleci-dos em lei, permitindo às par-tes influírem no resultado do julgamento em decorrência de sua efetiva participação no ato de instalação da perícia contábil, mediante a ciência aos documentos e informa-ções que serão inspecionadas pelo perito do juiz.

Deve-se dizer, inicialmente, que o sentido a ser atribuído

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PERÍCIA E AUDITORIA

25CONTABILIDADE & GESTÃO

(...) Está pacificado o entendimento de

que a segurança jurídica constitui valor inerente ao

processo e que visa assegurar o

desenvolvimento ordenado de

uma relação de atos previamente estabelecidos em lei, permitindo às

partes influírem no resultado

do julgamento em decorrência

de sua efetiva participação no

ato de instalação da perícia contábil, mediante a ciência

aos documentos e informações

que serão inspecionadas pelo

perito do juiz.”

à categoria ciência, (do latim scientia, que pode ser tra-duzido por “conhecimento”) corresponde a qualquer for-ma de dar conhecimento e participação aos litigantes à fase de inspeção, o que não quer dizer que o perito do juiz tem a obrigação de atuar em conjunto com o perito--contador assistente quando da elaboração das respostas aos quesitos, e sim, apresen-tar ou permitir acesso ao as-sistente, quando solicitado, os documentos que compõem a instrução do auto de inspe-ção contábil, o que tornou o trabalho do perito do juiz mais transparente no que diz respeito aos exames e even-tuais diligências; ciência em seu sentido estrito, refere-se ao sistema de adquirir conhe-cimento baseado em método científico de investigação. A ciência é a possibilidade dada a alguém de se esforçar para descobrir a verdade real.

Tal possibilidade de investi-gação é sempre metódica e compulsoriamente realizada de acordo com um método científico, como o do raciocí-nio lógico contábil.

E neste diapasão a ciência é o conhecimento sobre atos e fatos contábeis narrados na inicial e na contestação, que abarca a verdade real obtida e testada através do método científico.

Nestes termos, a ciência en-cerra em si, o corpo sistema-tizado e cronologicamente organizado de todos os atos e fatos contábeis, tidos como premissas, pois está pacifica-do o entendimento de que a ciência, graças aos pré-requi-sitos do método científico, exclui por completo, dela e de suas teorias puras, as convic-

ções putativas, logo as falá-cias e dúvidas.

E por derradeiro, ciência é o saber pelo conhecimento de certas coisas que servem à condução das respostas às dúvidas suscitadas no litígio; se faz necessária, para se re-solver os pontos controverti-dos da demanda.

A ciência é o conhecimento claro e evidente dos atos e fatos contábeis fundamen-tados em método científico, pois se considerar o conjun-to de evidências dos fatos e atos sobre o qual se trabalha durante a inspeção pericial é permitida a dedução1. A pa-lavra ciência, no seu sentido estrito, se opõe às simples opiniões pautadas em dog-mas ou em afirmações de na-tureza arbitrária.

É lógico que a intimação das partes constitui a regra por ser a forma que se tem de assegurar aos demandan-tes conhecimentos do auto de inspeção2, desde o início dos trabalhos.

Busca-se com a ciência do art. 431-A do CPC, evitar, assim, a feitura de provas periciais desprovidas de participação dos litigantes. Pois o direi-to ao acompanhamento da inspeção, desde o primeiro momento, logo, do labor téc-nico desenvolvido pelo perito, confere ampla transparência e lisura ao processo e permite a produção de laudo pericial que retrate os fatos da for-ma mais fidedigna possível, a fim de dar suporte adequa-do ao condutor da demanda. Até porque um ato viciado, ausência da ciência da ins-talação da perícia, maculará todos os atos subsequentes que dele dependam, como os

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PERÍCIA E AUDITORIA

26 ANO 7 | JUL-AGO | 2013

NOTAS1. Dedução na perícia contábil - é a operação mediante a qual se conclui rigorosamente que uma, ou que vá-rias proposições tomadas como pre-missas, são verdadeiras ou são inven-tivas em virtude de regras do método do raciocínio lógico contábil, que ver-te da teoria pura da contabilidade.

2. Auto de inspeção contábil - é a parte dos autos onde se registra a

inspeção física, vistoria e exame re-alizado pelo perito. O auto de inspe-ção funciona como um instrumento de controle da estrutura da prova pericial contábil, é onde se registra tudo aquilo que diz respeito aos ele-mentos probantes, por ser o meio de verificação que visa possibilitar o contato direto do perito com a coisa a ser verificada, a fim de se apurar a verdade real com base no princípio da epiqueia contabilística. O auto de inspeção representa a parte do pro-

cesso onde são avaliadas de formas circunscritas e sistemáticas as pro-vas, identificando a veracidade das alegações e contestações, serve para se avaliar as provas como um todo de maneira sistemática. As conclusões destes autos servirão para motivar a decisão do juiz, ou do árbitro ou do tribunal arbitral. Não se confunde a categoria auto, parte de um processo, com a categoria autos, que é toda a composição de um processo compos-to por vários autos.

pareceres dos assistentes téc-nicos que não acompanharam a instalação da perícia.

O art. 431-A do CPC tem uma relação direta com os princí-pios constitucionais do proces-so: contraditório, ampla defe-sa e devido processo legal.

Haja vista que a efetividade da justiça fica prejudicada em sua essência e em sua finalidade primordial, se não for dado as partes direito e condições de se demons-trar a verdade real em que a justiça deve se amparar. Pois às partes é facultada a

apresentação de quesitos, a indicação de assistentes técnicos, além da ciência da inspeção que será realizada pelo perito oficial.

Neste procedimento, pedido de nulidade da instalação da perícia pela não observação do disposto no art. 431-A do CPC, avulta o princípio da pas de nullité sans grief, ou seja, a necessidade de se demonstrar a existência de prejuízo à parte que não teve ciência do ato.

A tradução restrita do sen-tido e alcance do princípio da pas de nullité sans grief,

significa que “não há nuli-dade sem prejuízo”, ou seja, não poderá declarar nulo o ato processual, quando este não causar prejuízo a uma das partes, ou que a ausên-cia deste ato tenha influído na apuração da verdade real, ou no cerceamento da ampla defesa ou do contraditório.

Este fato, existência irre-futável de prejuízo, deve ser provado, pois dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados, desde que não resulte prejuízo à defesa, por força do parágrafo único do art. 250 do CPC.

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LEGISLAÇÃO

27CONTABILIDADE & GESTÃO

NORMAS CONTÁBEIS

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) aprovou as seguintes Normas Brasileiras de Contabilidade, publica-das nos DO-U de 26-6 e 31-7-2013:

• NORMA BRASILEIRA DE CONTA-BILIDADE - CTG 6 - estabelece os critérios para compilação, elabo-ração e formatação de informa-ções financeiras pro forma que só podem ser apresentadas quando assim forem qualificadas e desde que o propósito seja devidamen-te justificado, como, por exem-plo, em casos de reestruturações societárias, aquisições, vendas, fusões ou cisões de negócios.

• NORMA BRASILEIRA DE CON-TABILIDADE - NBC TG 44 - orienta quanto aos critérios para elabora-ção, às circunstâncias envolvidas e à forma da apresentação de de-monstrações contábeis combina-das de acordo com as práticas con-tábeis adotadas no Brasil, assim como esclarece o seu significado.

• NORMA BRASILEIRA DE CON-TABILIDADE - NBC TO 3.420 - tra-ta dos trabalhos de asseguração executados por auditor indepen-dente para emitir relatório sobre a compilação de informações fi-nanceiras pro forma incluídas em prospecto pela parte responsável.

• NORMA BRASILEIRA DE CON-TABILIDADE - NBC CTA 08 – orien-ta os auditores independentes quanto a emissão do seu relató-rio sobre as demonstrações con-tábeis das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) para os exercícios que se findam em ou após 31-12-2012.

A referida Norma revoga a Reso-lução 1.334 CFC, de 18-3-2011

(Contabilidade & Gestão – Mar-ço/Abril/2011).

• NORMA BRASILEIRA DE CONTA-BILIDADE – NBC CTA 17 – orienta os auditores independentes na emissão do relatório de auditoria sobre as demonstrações contá-beis individuais e consolidadas, elaboradas em conformidade com as práticas contábeis adotadas no Brasil aplicáveis às sociedades supervisionadas pela Superin-tendência de Seguros Privados (SUSEP), e as demonstrações con-tábeis consolidadas, elaboradas em conformidade com as normas internacionais de relatório finan-ceiro (IFRS), emitidas pelo IASB, referentes aos exercícios sociais encerrados a partir de 31-12-2012, em decorrência das alte-rações introduzidas no Teste de Adequação de Passivos (TAP).

• NORMA BRASILEIRA DE CONTA-BILIDADE – NBC CTA 18 – orienta os auditores independentes na emissão do seu relatório de audi-toria (ou de revisão) sobre as de-monstrações contábeis (ou infor-mações intermediárias) e sobre os procedimentos de auditoria (ou de revisão) requeridos quan-do se tratar de reapresentação de demonstrações contábeis ou de informações intermediárias.

A referida Norma revoga o CTA 01, aprovado pela Resolução 1.155 CFC, de 23-1-2009.

As íntegras das referidas Normas Brasileiras de Contabilidade po-dem ser consultadas no Portal COAD, em Contabilidade, Legis-lação, Resolução do CFC ou Nor-mas Brasileiras de Contabilidade.

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JURISPRUDÊNCIA

28 ANO 7 | JUL-AGO | 2013

Segundo entendimento do Superior Tribunal de Jus-tiça, “não incide contribuição previdenciária sobre os valores repassados aos médicos pelas operadoras de plano de saúde” – AgRg no AREsp. 176.420/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Tur-ma, DJ-E de 22-11-2012. “Os limites à compensação tributária – introduzidos pelas Leis nº 9.032/95 e nº 9.129/92, que, sucessivamente, alteraram o dispos-to no artigo 89, § 3º, da Lei nº 8.212/91 – são de observância obrigatória, mercê da inexistência de declaração de inconstitucionalidade – em sede de controle difuso ou concentrado – dos aludidos diplo-mas normativos” – EREsp. nº 919.373/SP, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, DJ-E de 26-4-2011. Recurso Especial conhecido e parcialmente provido para res-tabelecer a sentença.

REsp. 987.342/PR.Fonte: STJReferência para consulta no Portal COAD: 144009.

O depósito na via administrativa, quando bem suce-dida à impugnação ao lançamento tributário, deve ser restituído com correção monetária a partir da data em que foi realizado. Recurso Especial provido.

REsp. 1.374.846/RJ.Fonte: STJReferência para consulta no Portal COAD: 144010.

Ainda que a exequente não seja responsável pelo de-saparecimento dos autos, nas diversas oportunidades que lhe foram facultadas, não providenciou sequer prova indiciária da suposta dívida, a revelar acertada a extinção do feito. Recurso Especial não provido.

REsp. 1.354.793/RJ.Fonte: STJReferência para consulta no Portal COAD: 143946.

CONTRIBUIçãO PREvIDENCIÁRIA NãO INCIDE SOBRE qUANTIAS REPASSADAS AOS MéDICOS CREDENCIADOS PELAS OPERADORAS DE PLANO DE SAúDE

DEPóSITO ADMINISTRATIvO DEvE SER RESTITUíDO COM INCIDêNCIA DE CORREçãO MONETÁRIA

FALTA DE PROvA DO CRéDITO FISCAL NOS AUTOS GERA A ExTINçãO DO PROCESSO

Esta Corte, no julgamento do REsp. 1.089.720/RS, consolidou o entendimento de que regra geral incide Imposto de Renda sobre os juros de mora, a teor do art. 16, caput e parágrafo único, da Lei n° 4.506/64. Hipótese em que se discute a incidência do imposto de renda sobre os juros de mora recebidos em de-corrência do pagamento em atraso de verbas pre-videnciárias. Aplicação da regra geral constante do art. 16 da Lei nº 4.506/64. Recurso Especial provido.

REsp. 1.354.793/RJ.Fonte: STJReferência para consulta no Portal COAD: 144273.

Em caso de dissolução irregular da sociedade, o re-direcionamento será feito contra o sócio-gerente ou o administrador contemporâneo à ocorrência da dis-solução. Orientação adotada pela Seção de Direito Público do STJ, no julgamento dos EAg 1.105.993/RJ. Recurso Especial não provido.

REsp. 1.363.809/RS.Fonte: STJReferência para consulta no Portal COAD: 144282.

IMPOSTO DE RENDA INCIDE SOBRE JUROS DE MORA DECORRENTES DE BENEFíCIO PREvIDENCIÁRIO PAGO EM ATRASO

ExECUçãO FISCAL DEvE SER REDIRECIONADA AOS ATUANTES NO PERíODO EM qUE OCORREU A DISSOLUçãO IRREGULAR DE SOCIEDADE

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JURISPRUDÊNCIA

29CONTABILIDADE & GESTÃO

JUROS INCIDENTES NA DEvOLUçãO DE DEPóSITOS JUDICIAIS E NA REPETIçãO DE INDéBITO TRIBUTÁRIO JUSTIFICAM A TRIBUTAçãO DO IRPJ

Os juros incidentes na devolução dos depósitos ju-diciais possuem natureza remuneratória e não es-capam à tributação pelo IRPJ e pela CSLL, na forma prevista no art. 17, do Decreto-Lei nº 1.598/77, em cuja redação se espelhou o art. 373, do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, e na forma do art. 8º, da Lei nº 8.541/92, como receitas financeiras por excelên-cia. Quanto aos juros incidentes na repetição do indébito tributário, inobstante a constatação de se tratarem de juros moratórios, se encontram den-tro da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, dada a sua natureza de lucros cessantes, compondo o lucro operacional da empresa a teor art. 17, do Decreto--Lei nº 1.598/77, em cuja redação se espelhou o art. 373, do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, assim como o art. 9º, § 2º, do Decreto-Lei nº 1.381/74 e art. 161, IV do RIR/99, estes últimos explícitos quanto à tributação dos juros de mora em relação às empresas individuais. Por ocasião do julgamen-to do REsp. nº 1.089.720 – RS – Primeira Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10-10-2012 – este Superior Tribunal de Justiça de-finiu, especificamente quanto aos juros de mora pagos em decorrência de sentenças judiciais, que, muito embora se tratem de verbas indenizatórias, possuem a natureza jurídica de lucros cessantes, consubstanciando-se em evidente acréscimo patri-monial previsto no art. 43, II, do CTN – acréscimo patrimonial a título de proventos de qualquer na-tureza –, razão pela qual é legítima sua tributação pelo Imposto de Renda, salvo a existência de nor-ma isentiva específica ou a constatação de que a verba principal a que se referem os juros é verba isenta ou fora do campo de incidência do IR – tese em que o acessório segue o principal. Precedente: EDcl no REsp. nº 1.089.720 – RS, Primeira Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 27-2-2013. Conhecida a lição doutrinária de que juros de mora são lucros cessantes: “Quando o

pagamento consiste em dinheiro, a estimação do dano emergente da inexecução já se acha previa-mente estabelecida. Não há que fazer a substitui-ção em dinheiro da prestação devida. Falta avaliar os lucros cessantes. O código os determina pelos juros de mora e pelas custas” – BEVILÁQUA, Clóvis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil Comen-tado, V. 4, Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1917, p. 221. Recurso Especial parcialmente pro-vido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C, do CPC, e da Resolução STJ nº 8/2008.

REsp. 1.138.695/SCFonte: STJReferência para consulta no Portal COAD: 144071.

O acórdão entendeu que a mercadoria importada apresentou características de falsificação ou adultera-ção que impediram sua correta identificação. Assim, mediante a incidência dos artigos 31 e 37 da Lei nº 8.078/90 e 689, incisos VIII e XII, e § 4º do Decreto nº 6.759/2009, restou aplicada a pena de perdimento dos bens importados. Contudo, tais fundamentos restaram inatacados. Incidência analógica do Enunciado nº 284 da Súmula do STF: “É inadmissível o Recurso Extraordinário, quando a deficiência na sua funda-mentação não permitir a exata compreensão da controvérsia”. Não é possível conhecer do recurso com fundamento na alínea “c” do permissivo constitucional, pois há ausência de similitude fática entre o julgado atacado e os acórdãos apontados como paradigmas. Recurso Especial não conhecido.

REsp. 1.255.639/SC.Fonte: STJReferência para consulta no Portal COAD: 143945.

MERCADORIA ChINESA FALSIFICADA E ADULTERADA SOFRE A APLICAçãO DA PENA DE PERDIMENTO

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JURISPRUDÊNCIA

30 ANO 7 | JUL-AGO | 2013

A jurisprudência do STJ se encontra consolidada no sentido de que a determinação da qualidade de con-sumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria finalista, que, numa exegese restritiva do artigo 2º do CDC, considera destinatário final tão so-mente o destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. Pela teoria finalista, fica excluído da proteção do CDC o consu-mo intermediário, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distri-buição, compondo o custo – e, portanto, o preço final – de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado consumidor, para fins de tutela pela Lei nº 8.078/90, aquele que exaure a função econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma definitiva do mercado de consumo. Em situações excepcionais, todavia, esta Corte tem mitigado os rigores da teoria finalista, para autorizar a incidência do CDC nas hi-póteses em que a parte – pessoa física ou jurídica –, embora não seja tecnicamente a destinatária final do produto ou serviço, se apresenta em situação de vulnerabilidade. Na hipótese em análise, percebe-se que, pelo panorama fático delineado pelas instâncias ordinárias e dos fatos incontroversos fixados ao longo do processo, não é possível identificar nenhum tipo de vulnerabilidade da recorrida, de modo que a apli-cação do CDC deve ser afastada, devendo ser preser-vada a aplicação da teoria finalista na relação jurídica estabelecida entre as partes. Recurso Especial conhe-cido e provido.

REsp. 1.358.231/SP.Fonte: STJReferência para consulta no Portal COAD: 144182.

RELAçãO ENTRE PESSOAS JURíDICAS JUSTIFICA A APLICAçãO DA TEORIA FINALISTA

IMPOSTO DE RENDA INCIDE SOBRE JUROS DE MORA DECORRENTES DE BENEFíCIO PREvIDENCIÁRIO PAGO EM ATRASO

Esta Corte, no julgamento do REsp. 1.089.720/RS, consolidou o entendimento de que regra geral incide Imposto de Renda sobre os juros de mora, a teor do art. 16, caput e parágrafo único, da Lei 4.506/64. Hipótese em que se discute a incidência do Imposto de Renda sobre os juros de mora re-cebidos em decorrência do pagamento em atraso de verbas previdenciárias. Aplicação da regra geral constante do art. 16 da Lei nº 4.506/64. Recurso Especial provido.

REsp. 1.354.793/RJ.Fonte: STJReferência para consulta no Portal COAD: 144273.

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JURISPRUDÊNCIA

31CONTABILIDADE & GESTÃO

NOTÍCIAS

COMISSãO APROvA qUALIFICAçãO PROFISSIONAL PELA PREvIDêNCIAA Comissão de Seguridade Social e Família aprovou o Projeto de Lei nº 7.203/2010, que explicita na le-gislação que a Previdência Social deve oferecer ha-bilitação profissional aos dependentes do segurado. Atualmente, conforme ressalta o autor, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), há contradição entre os artigos da Lei nº 8.213/91, que trata dos planos e benefícios previdenciários, sobre o tema.

Enquanto os artigos 89 e 90 falam que a Previdência deve oferecer habilitação e reabilitação aos segura-dos e seus dependentes, o artigo 18, que define os benefícios oferecidos, não menciona os dependentes.

Para o relator, deputado Dr. Rosinha (PT-PR), a medida é importante por deixar claro que é “dever do Estado oferecer oportunidades de educação e qualificação pro-fissionais aos segurados da Previdência Social e seus de-pendentes, de forma a aprimorar sua empregabilidade”.

Tramitação

A proposta, que já foi aprovada pela Comissão de Tra-balho, de Administração e Serviço Público, ainda precisa ser analisada, em caráter conclusivo, pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

MARCA EvOCATIvA GERA A MITIGAçãO DA ExCLUSIvIDADE DECORRENTE DO REGISTRO

Marcas fracas ou evocativas, que constituem ex-pressão de uso comum, de pouca originalidade, atraem a mitigação da regra de exclusividade de-corrente do registro, admitindo-se a sua utilização por terceiros de boa-fé. O monopólio de um nome ou sinal genérico em benefício de um comerciante implicaria uma exclusividade inadmissível, a favo-recer a detenção e o exercício do comércio de for-

ma única, com prejuízo não apenas à concorrência empresarial – impedindo os demais industriais do ramo de divulgarem a fabricação de produtos se-melhantes através de expressões de conhecimento comum, obrigando-os à busca de nomes alternati-vos estranhos ao domínio público – mas, sobretudo ao mercado em geral, que teria dificuldades para identificar produtos similares aos do detentor da marca. A linha que divide as marcas genéricas – não sujeitas a registro – das evocativas é extremamen-te tênue, por vezes imperceptível, fruto da própria evolução ou desenvolvimento do produto ou servi-ço no mercado. Há expressões que, não obstante estejam diretamente associadas a um produto ou serviço, de início não estabelecem com este uma relação de identidade tão próxima ao ponto de se-rem empregadas pelo mercado consumidor como sinônimas. Com o transcorrer do tempo, porém, na medida em que se difunde no mercado, o produ-to ou serviço pode vir a estabelecer forte relação com a expressão, que passa a ser de uso comum, ocasionando sensível redução do seu caráter dis-tintivo. Nesses casos, expressões que, a rigor, não deveriam ser admitidas como marca por força do óbice contido no art. 124, VI, da LPI, acabam sen-do registradas pelo INPI, ficando sujeitas a terem sua exclusividade mitigada. Recurso Especial a que se nega provimento.

REsp. 1.315.621/SP.Fonte: STJReferência para consulta no Portal COAD: 144287.

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NOTÍCIAS

32 ANO 7 | JUL-AGO | 2013

em que há falha ou redução de qualidade do sinal e os limites geográficos da área de tarifação local.

O relator na comissão, deputado César Halum (PSD-TO), defendeu a aprovação da proposta lembrando que as empresas concessionárias e permissionárias dos serviços de telefonia móvel “são campeãs de recla-mação” nas instituições de defesa dos consumidores em todo País.

“Sendo assim, é natural nosso apoio ao projeto, pois vem ao encontro dos interesses dos usuários de te-lefones móveis e atua em defesa dos direitos do con-sumidor brasileiro ao informar mais precisamente quais são as áreas e regiões onde o serviço oferecido é precário ou não funciona”, concluiu.

TramitaçãoO projeto tramita em caráter conclusivo e será ana-lisado pelas Comissões de Ciência e Tecnologia, Co-municação e Informática; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

PROJETO qUE OBRIGA TELEFôNICAS A INFORMAREM SOBRE qUALIDADE DO SINAL é APROvADO NA COMISSãO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

A Comissão de Defesa do Consumidor aprovou o Projeto de Lei nº 3.302/2012, de autoria da ex-de-putada Romanna Remor, que obriga as empresas prestadoras de serviço de telefonia móvel a oferecer informações precisas sobre a área de cobertura de sinal na localidade, com o detalhamento dos locais

PROPOSTA DE EMENDA à CONSTITUIçãO AMPLIA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DE INSTITUIçõES

A Câmara analisa a Proposta de Emenda à Constitui-ção nº 254/2013, de autoria do deputado Ronaldo Fonseca (PR-DF), que busca ampliar os benefícios tri-butários concedidos a igrejas, instituições educacio-nais e de assistência social, entidades sindicais dos trabalhadores e partidos políticos e suas fundações.

A PEC isenta essas instituições do pagamento de impostos que estejam embutidos nos produtos e serviços comprados de terceiros. “A imunidade

tributária dessas instituições, garantida pela Constituição, encontra limite na medida em que grande parte dos tributos suportados pelos empresários é repassada economicamente a tais entidades, no preço dos pro-dutos e serviços que adquirem”, justifica o autor.

A proposta também isenta de contribuição para a seguridade social os templos de qualquer

culto. Hoje, apenas as entidades beneficentes de as-sistência social têm essa isenção.

A PEC será analisada preliminarmente pela Comis-são de Constituição e Justiça e de Cidadania, quanto à admissibilidade. Se aprovada, será discutida por uma Comissão Especial e depois precisa passar pelo Plenário. Para ser aprovada, a proposta tem de re-ceber votos favoráveis de 3/5 dos deputados (308).

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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NOTÍCIAS

33CONTABILIDADE & GESTÃO

A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou proposta que autoriza o fiador ou avalista a inscre-ver a pessoa afiançada ou avalizada em cadastros de proteção ao crédito enquanto não for devidamente reembolsado pela dívida assumida. A medida está prevista no Projeto de Lei nº 3.825/2012, de autoria do deputado Nilson Leitão (PSDB-MT).

INSCRIçãO DE AvALIzADO EM CADASTROS DE PROTEçãO AO CRéDITO é APROvADA NA COMISSãO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMíLIA

O relator, deputado José Chaves (PTB-PE), apre-sentou emenda para prever que, previamente à inscrição, o fiador ou avalista deverá comunicar o afiançado ou avalizado. Essa comunicação dará ao devedor original oportunidade de regular o débito “antes que venha a sofrer as rigorosas consequên-cias da negativação nesses arquivos de proteção ao crédito”, argumenta.

Argumento

O relator concordou com o argumento do autor, se-gundo o qual, quando o avalista satisfaz a dívida do avalizado com o credor original, a dívida original se extingue. Portanto, também se extingue o direito de o credor original inscrever o devedor em bancos de dados e cadastros de proteção ao crédito.

No entanto, conforme avaliação do autor acatada pelo relator surge uma nova dívida, pois, ao satis-fazer o débito de seu afiançado ou avalizado, o fia-dor ou avalista se torna credor deste e, se não for devidamente reembolsado, deve ter o direito de inscrevê-lo em cadastro de pessoas inadimplentes.

TramitaçãoA proposta segue para análise conclusiva da Comis-são de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

O Plenário rejeitou emenda aprovada pela Câmara ao Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 129/2012 que regulamenta a arrecadação e distribuição de direitos autorais. A alteração feita pelos deputados isentaria de cobrança sobre o uso de obras musicais os even-tos filantrópicos ou de utilidade pública.

De acordo com o autor da emenda, deputado Nil-son Leitão (PSDB-MT), “o Ecad impede eventos de igrejas e outras associações enquanto não pagam o

boleto dos direitos autorais”. O relator, Humberto Costa (PT-PE), apresentou o parecer contrário, por considerar o dispositivo inconstitucional.

O relator citou o dispositivo da Constituição segundo o qual “aos autores pertence o direito exclusivo de utili-zação, publicação ou reprodução de suas obras, trans-missível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar”.

Na avaliação do parlamentar, o direito exclusivo que a Constituição concede aos autores não pode ser desconsiderado por força de lei, tal como dis-posto pela emenda.

Com derrubada da modificação feita na Câmara, o projeto segue para sanção presidencial.

Fonte: Agência Senado de Notícias

SENADO REJEITA EMENDA DA CâMARA AO PROJETO qUE ALTERA REGRA DE DIREITO AUTORAL DE MúSICOS

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NOTÍCIAS

34 ANO 7 | JUL-AGO | 2013

A Câmara rejeitou proposta que inclui os consumi-dores intermediários entre aqueles beneficiados pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC – Lei nº 8.078/90). A medida está prevista no Projeto de Lei nº 2.288/2011, de autoria do deputado Carlos Be-zerra (PMDB-MT), segundo o qual deve ser conside-rado consumidor toda pessoa física ou jurídica que adquira ou utilize produto ou serviço. Pela lei atual, só é beneficiado pelo CDC quem adquire o produto ou serviço como destinatário final.

A proposta foi rejeitada pela Comissão de Defesa do Consumidor – o mesmo parecer já havia sido dado pela outra comissão que analisou o seu mé-rito: a de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio. Como tramita em caráter conclusivo, o texto será arquivado, a menos que haja recurso para análise em Plenário.

Destinatário finalO relator do projeto na Comissão de Defesa do Consu-midor, deputado Paulo Wagner (PV-RN), foi contrário

CâMARA REJEITA AMPLIAçãO DO CONCEITO DE CONSUMIDOR EM LEI

REGULAMENTAçãO DO TRABALhO DOMéSTICO é APROvADA E TExTO SEGUE PARA O SENADO

à mudança na legislação. Ele afirmou que tribunais e especialistas em direito têm defendido a ideia de que consumidor é apenas aquele que “retira o bem do mercado ao adquirir ou simplesmente utilizá-lo (des-tinatário final fático) e que coloca um fim na cadeia de produção (destinatário final econômico), e não aque-le que utiliza o bem para continuar a produzir”.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou o parecer do senador Romero Jucá (PMDB-RR) sobre o projeto que regulamenta os di-reitos dos trabalhadores domésticos. A matéria (PLS nº 224/2013 – Complementar) segue agora para análise do Plenário do Senado.

O projeto original, oriundo de comissão mista do Congresso criada para consolidar a legislação federal e regulamentar dispositivo da Constituição, foi alte-rado por oito emendas do próprio Jucá. Ele também acolheu, e a CCJ aprovou, uma emenda da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), uma do senador Aloysio Nu-nes Ferreira (PSDB-SP) e uma do senador José Agri-pino (DEM-RN).

Dentre as mudanças aprovadas, está à inserção de mais uma possibilidade de rescisão do contrato de trabalho, neste caso por culpa do empregador (a chamada “justa causa patronal”): a prática de qual-quer das formas de violência doméstica ou familiar contra mulheres relacionadas na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). A medida foi proposta por Lú-cia Vânia, relatora do projeto que resultou na lei de proteção às mulheres.

É válido frisar que o intervalo para repouso ou alimentação do trabalhador doméstico também

poderá ser estendido por até duas horas. Esta possibilidade foi aberta em uma das cinco novas emendas apresentadas pelo relator retro citados, alterando o texto.

O texto original estabelecia a concessão desse perío-do de descanso por, no mínimo, uma hora. Permitia ainda que, por meio de prévio acordo escrito entre empregador e empregado, sua redução seria de 30 minutos. Outra inovação trazida por Jucá foi deter-minar ao empregador a responsabilidade de arqui-var documentos comprobatórios do cumprimento de obrigações fiscais. O texto anterior restringia essa exigência à documentação trabalhista e previdenciá-ria. As outras três novas emendas tratam de ajustes técnicos no PLS nº 224/2013.

Apesar de a senadora Ana Rita (PT-ES) e o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) terem apresenta-do mais 11 emendas ao projeto, Jucá manteve a de-cisão de acolher apenas uma emenda da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), uma do senador José Agripino (DEMRN) e outra do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). O relator rejeitou, ao final, as dez emendas de Ana Rita, duas de Aloysio e uma de Valadares.

Fonte: Agência Senado de Notícias

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