economia criativa urbana

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  • 7/25/2019 Economia Criativa Urbana

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULFACULDADE DE CINCIAS ECONMICAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ECONOMIA

    ELIALDO RODRIGUES DE OLIVEIRA

    CIDADE CRIATIVA: PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTOSOCIOECONMICO PARA BOA VISTA(RR)

    Porto Alegre

    2010

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    Livros Grtis

    http://www.livrosgratis.com.br

    Milhares de livros grtis para download.

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    ELIALDO RODRIGUES DE OLIVEIRA

    CIDADE CRIATIVA: PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTOSOCIOECONMICO PARA BOA VISTA(RR)

    Dissertao submetida ao Programa de PsGraduao em Economia da Faculdade de CinciaEconmicas da UFRGS, como quesito parcial parobteno do grau de Mestre em Economiamodalidade Profissionalizante, do curso deMestrado Interinstitucional UFRGS/UniversidadFederal de Roraima.

    Orientador: Prof. Dr. Stfano Florissi

    Porto Alegre

    2010

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    DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAO NA PUBLICAO (CIP)

    Responsvel: Biblioteca Gldis W. do Amaral, Faculdade de Cincias Econmicas

    UFRGS

    O48c Oliveira, Elialdo Rodrigues deCidade criativa : perspectiva de desenvolvimento socioeconmico para

    Boa Vista (RR) / Elialdo Rodrigues de Oliveira. Porto Alegre, 2010.134f.

    Orientador: Stefano Florissi.

    nfase em Desenvolvimento e Integrao Econmica.

    Dissertao (Mestrado profissional interinstitucional em Economia) -Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de CinciasEconmicas, Programa de Ps-Graduao em Economia, Porto Alegre;Universidade Federal de Roraima, 2010.

    1.Economia da cultura. 2. Atividade cultural : Desenvolvimentosustentvel : Boa Vista (RR). I. Florissi, Stefano. II. Universidade Federaldo Rio Grande do Sul. Faculdade de Cincias Econmicas. Programa dePs-Graduao em Economia. III. Universidade Federal de Roraima. IV.Ttulo.

    CDU 316.7:33

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    ELIALDO RODRIGUES DE OLIVEIRA

    CIDADE CRIATIVA: PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTOSOCIOECONMICO PARA BOA VISTA(RR)

    Dissertao submetida ao Programa de PsGraduao em Economia da Faculdade de CinciaEconmicas da UFRGS, como quesito parcial parobteno do grau de Mestre em Economiamodalidade Profissionalizante, do curso de MestradInterinstitucional UFRGS/Universidade Federal dRoraima.

    Orientador: Prof. Dr. Stfano Florissi

    Aprovada em: ____/_____/2010

    BANCA EXAMINADORA

    ________________________________________

    Prof. Dr. Romina Batista de Lucena de Souza (UFRGS/PPGE)

    _________________________________________

    Prof. Dr. Edson Damas da Silveira (NECAR/UFRR)

    _________________________________________

    Prof. Dr. Devair Antnio Fiorotti (UERR/RR)

    Porto Alegre2010

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    minha adorvel me Odete Oliveira;Ao meu inesquecvel pai Itagiba (in memorian);

    Ao meu querido filho Aldo Pedro C. Oliveira

    A minha amada companheira Ana Hilda C. Souza

    Como dedicao especial, a todos as mentes criativa

    presentes na populao de Boa Vista.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo em primeiro lugar a Deus, que nos d condies para entender, acrediviver a partir do ontem e muito alm do hoje;

    Ao Curso de Mestrado em Economia UFRGS/UFRR/NECAR, pela oportunido aperfeioamento profissional;

    Ao professor Drs. Stfano Florissi, pela valiosa orientao e apoio, que tor

    possvel a realizao desse trabalho com xito e qualidade;A minha famlia, em especial, Ana Hilda C. Souza, pelo companheirism

    confiana;

    Aos professores Drs. Haroldo Amoras, Ronald O. Hilbrecht, Alberto M. MartStfano Florissi, Mauro Schmitz, Edson Damas, Jaime Augustinho, Eduardo Fillipi, SandraBuenafonte, Gilberto Hissa, Sabino Porto, Romina Batista, pelos ensinamentos e apoio;

    Aos colegas Daniely, Fred, Valdinei, Joo Henrique, pelo apoio nos gruposestudo, informaes adicionais e amizade;

    Aos demais colegas do Curso de Mestrado, pelo companheirismo, apoio, incenamizade, dedicao e otimismo.

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    ABSTRACT

    The innovative dynamics of the changes socioeconomics and scientific brings perspectives axiological that relate culture with economical efficiency. In that senspromotes diffusion of values common to the people's groups that increase the demanproducts and cultural services. So, some cities knew how to reinvent standing out stafrom the creativity, developing an economy that moves around of intangible and symassets, in the invigoration of traditional sections of the economy. Now, they enjoy sturban growth and high life quality. On the other hand, the complexity of the metropodoes a great challenge of the work of that theme, however it points an enormous opportof socioeconomic development for its population. In this sense, the present reseconfigures itself as an investigation proposal concerning the creative potential of the ci

    Boa Vista, capital of Roraima, front its reality multi and intercultural, looking for to delements of the creative economy as a possibility the more of generation of income, icontribution for its development maintainable socioeconomic, starting from beginnings gfor the creative cities. For the development of this study the descriptive method of restype was used, under the orientation of the economical science. Starting from the observof the urban space of Boa Vista, it was looked for to establish comparison with citieswent by a process of urban (re)invention, betting in the creativity of his/her populathrough the evaluation of creative atmospheres, perception and behavior of his/her popufront to subjects economical, social and cultural. Additionally, some directrix of publicprivate actions are discussed capable to promote conditions for Boa Vista to becomcreative city.

    Key Words: City. Creativity. Socioeconomic development.

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    LISTA DE FOTOS

    FOTO 01 - Parte histrica da cidade ....................................................................................FOTO 02 - Orla Tauman ....................................................................................................FOTO 03 - Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo .............................................................FOTO 04 - Prdio da Prelazia ..............................................................................................FOTO 05 - Casa da 12 Portas ...............................................................................................FOTO 06 - Casa da Cultura ..................................................................................................

    FOTO 07 - Vista area do Centro de Boa Vista ...................................................................FOTO 08 - Monumento dos Garimpeiros ............................................................................FOTO 09 - Cathedral Cristo Redentor ................................................................................ 1FOTO 10 - Palcio da Cultura ............................................................................................. FOTO 11 - Vista Area da Praa das guas ....................................................................... 1FOTO 12 - Fonte na Praa das guas ................................................................................. FOTO 13 - Praa Velia Coutinho ........................................................................................ 1

    FOTO 14 - Centro de Turismo, Artesanato e Gerao de Renda ........................................ 1FOTO 15 - Artesanato Indgena I ........................................................................................ FOTO 16 - Artesanato Indgena II....................................................................................... FOTO 17 - Panelas de barro Macuxi ................................................................................... FOTO 18 - Caixinhas de revistas ........................................................................................ 1FOTO 19 - Espao Caxamb ............................................................................................... 1FOTO 20 - Feira do Passaro .............................................................................................. 1FOTO 21 - Arraial do Parque Anau ................................................................................... FOTO 22 - Show de Msicas ............................................................................................... 1FOTO 23 - Apresentao teatral .......................................................................................... 1FOTO 24 - Vista do Museu ................................................................................................. 1FOTO 25 - Ub indgena ....................................................................................................

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    LISTA DE TABELAS

    TABELA 01 - Ranking do ndice de Criatividades das Cidades de Grande Porte..........57TABELA 02 - Ranking do ndice de Criatividades das Cidades de Mdio Porte.............5TABELA 03 - Ranking do ndice de Criatividades das Cidades de Pequeno Porte.........58

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    SUMRIO

    1 INTRODUO .......................................................................................... 2 CIDADES CRIATIVAS E SUSTENTABILIDADE: UMA NOVAABORDAGEM DE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONMICO ECULTURAL...................................................................................................................172.1 ASPECTOS HISTRICOS E CONCEITUAIS DE CIDADE CRIATIVA .................

    2.2 DA INDSTRIA CULTURAL INDSTRIA CRIATIVA .......................................2.3 CULTURA E DESENVOLVIMENTO NUMA PERSPECTIVA INTEGRADA EINTEGRADORA ................................................................................................................2.3.1 Concepes de cultura numa abordagem econmica ..............................................2.3.2 Cultura e criatividade no espao urbano na era da globalizao ............................2.4 DA ECONOMIA CRIATIVA ECONOMIA DO CONHECIMENTO E ATIVIDADCULTURAL URBANA ......................................................................................................

    2.5 POLTICA PBLICA DE DESENVOLVIMENTO PARA UMA CIDADE CRIATIV2.6 CRIATIVIDADE E SUSTENTABILIDADE URBANA .............................................2.6.1 Cidade criativas culturalmente sustentveis ...........................................................2.6 TURISMO E PATRIMNIO CULTURAL NAS CIDADES CRIATIVAS .................2.6.2 Turismo e turista cultural criativo sustentvel .........................................................

    3 CIDADES CRIATIVAS: EXEMPLOS DE REINVENO URBANAPARA UMA ABORDAGEM COMPARATIVA ..........................................

    3.1 CIDADES COM TENDNCIAS CRIATIVA NO MUNDO .......................................3.1.1 Principais caractersticas de potencialidades que identificam tendncias criatividade no desenvolvimento socioeconmico de algumas cidades europias .......... 3.1.2 Cidades e classes criativas nos Estados Unidos: uma abordagem partirdos estudos de Richard Florida .........................................................................................3.1.3 Potencialidades criativas e desenvolvimento socioeconmico de outras cidades erelao de Cannes .............................................................................................................

    3.1.4 Potencialidades criativas e desenvolvimento socioeconmico de cidades comtendncias no Brasil: principais caractersticas ................................................................

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    3.1.4.1 Cidades brasileiras de Grande Porte com tendncias criativas .................................. 63.1.4.2 Cidades brasileiras de Mdio Porte com tendncias criativas .................................... 3.1.4.3 Cidades brasileiras de Pequeno Porte com tendncias criativas ................................ 7

    4 POTENCIALIDADES PARA A REINVENO URBANA DE BOAVISTA/RR: PERSPECTIVAS PARA UMA CIDADE CRIATIVA ............ 4.1 QUADRO INSTITUCIONAL PARA A CIDADE DE BOA VISTA ..........................4.1.1 Estatuto das Cidades e polticas pblicas criativas de desenvolvimento urbano:Princpios normativos para as cidades brasileiras ............................................................4.1.2 Plano Diretor de Boa Vista e desenvolvimento local: alternativas a uma economi

    criativa ..............................................................................................................................4.2 HISTRICO E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONMICO DA CIDADE DEBOAVISTA ..........................................................................................................................4.3 POTENCILIDADES CRIATIVAS DE BOA VISTA ...................................................4.3.1 Patrimnio histrico-cultural de Boa Vista: caractersticas de um ambiente prpri economia da cultura e atrao e desenvolvimento de talentos .....................................4.3.2 Inovao urbana de Boa Vista e transporte pblico: potencialidades criativas edesenvolvimento socioeconmico sustentvel ................................................................4.3.3 Inovao Urbana e qualidade de vida em Boa Vista: uma possibilidade a mais dedesenvolvimento............................ ...................................................................................4.3.4 Comodidade, belezas naturais e lazer como potencilaidades criativas dedesenvolvimento socioeconmico em Boa Vista .............................................................4.3.5 Aspectos multi e interculturais de Boa Vista: ambiente de diversidade e tolernci...........................................................................................................................................4.3.6 Potencialidades criativas expressa na gastronomia boavistense .............................4.3.7 Cultura e artesanato indgena: criatividade cultural e econmica.......................... 14.3.8 Criatividade urbana na gerao de renda e desenvolvimento socioeconmiconto

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    4.3.9 Criatividade cultural, conhecimento e tecnologia: aspectos da indstria cultural ddesenvolvimento socioeconmico de Boa Vista ..............................................................

    4.3.10 Criatividade cultural: potencialidades para uma economia dacultura............................ ....................................................................................................4.3.11 Museu Integrado de Roraima: potencialidade socioeconmica e cultural ........... 14.4 ALGUNS DELINEAMENTOS DE AES PARA BOA VISTA CRIATIVA ............ 118

    5 CONCLUSO.............................................................................................122 REFERNCIAS.............................................................................................................125

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    1 INTRODUO

    A dinmica inovadora das mudanas socioeconmicas e cientficas traz rptransformaes no campo das comunicaes pessoais e interpessoais, principalmentespao urbano, frente economia globalizada. Desse modo, o mundo se v forado a disnovos temas para a compreenso do desenvolvimento econmico e humano, baseado

    intersees positivas entre as pessoas que habitam um determinado espao. Entre as vproposies, uma diz respeito ao reconhecimento e validade de novas perspectaxiolgicas que relacionam cultura (ALBUQUERQUE, 2006) com eficincia econmdevido difuso de valores comuns ao grupo, que aumentam produo de bens e servio

    Diante deste contexto, algumas cidades souberam se reinventar e se destacaram ccidades criativas, desenvolvendo uma economia que se move ao redor de ativos intangvsimblicos, como a dimenso cultural, no fortalecimento de setores tradicionais da econ

    Neste sentido, Reis e Urani (2009), cita como exemplo a cidade de Barcelona, a partiOlimpadas de 1992; cidade de Londres, a partir de 1997, sob o governo Tony Blair; Bidesde fins da dcada de 1980.

    Tambm nas cidades brasileiras h enorme criatividade, mas as iniciativas nointegram em uma plataforma, em uma estratgia de transformao (ao menos no aiEntretanto, segundo Reis e Urani (2009), algumas cidades tm olhado para essa questodetidamente, como o caso de So Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR) e

    Horizonte (MG). Porm, a vasta maioria das outras cidades ainda est alheia a ediscusses. Algumas cidades de porte mdio (100 a 500 mil habitantes), como o casSanta Maria (RS), esto buscando trilhar esse caminho. Considerando a mdia populacBoa Vista, capital do Estado de Roraima, se fizer uso de seu perfil socioeconmico, poser includa nesse grupo por apresentar potencialidades criativas.

    H de se considerar ainda que, nesse contexto, destacam-se tambm algumas cidde pequeno porte (at 100 mil habitantes), como Guaramiranga (CE), Paraty (RJ), Nativ

    (TO), embora no utilizem esse conceito.

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    A complexidade das metrpoles faz do trabalho desse tema um grande desaentretanto uma enorme oportunidade de desenvolvimento socioeconmico para populao.

    Boa Vista a capital do estado de Roraima, que est localizado no extremo nortBrasil. Seu contingente populacional corresponde a cerca de 65% da populao totaestado (IBGE, 2008). Assim sendo, tornou-se o principal centro urbano do estado a concmigrantes nordestinos, sulistas e indgenas, por se apresentar como centro mais dinmicestado e ofertar bens e servios diversos, incluindo atividades culturais. Este aspevidencia a forte concentrao econmica nesta poro territorial em relao ao restanestado. Isto ocorre devido ao poder de atrao de pessoas e empreendimentos em divreas, com destaque para a rea cultural, expressa pela criatividade e caracterizada poambiente de desenvolvimento e integrao econmica da capital ao restante do estado, acomo com os pases fronteirios.

    Entretanto, segundo o Plano Diretor de Boa Vista (apud BOA VISTA, 2006), mesmocontando com o maior contingente populacional multicultural do estado e concentranmaior parte das atividades econmicas, Boa Vista caracterizada como uma cidade p

    haja vista os graves problemas sociais existentes e as grandes desigualdades socioeconmentre sua populao.

    Partindo dessa problematizao, o presente projeto de pesquisa se configura cuma proposta de investigao acerca do potencial criativo da cidade de Boa Vista, buscdestacar elementos da economia criativa como uma possibilidade a mais de gerao de rsem perder de vista a sustentabilidade social, econmica e humana. Em acordo apressuposto, tem como objeto desenvolver um estudo identificando condies favorv

    uma economia criativa e inovadora na construo de um desenvolvimento sustentado pcapital Boa Vista, a partir de princpios norteadores de cidades criativas.

    Atento ao visto de que se trata de uma situao pouco atendida pelas autoridapblicas, esta pesquisa proposita discutir um tema que ainda se apresenta um tdesconectado da conscincia do coletivo urbano e do interesse e conhecimento de gespblicos, a nvel local e nacional. Destarte, o estudo prope investigar o seguinte problQual o potencial criativo presente na realidade multicultural de Boa Vista e como aproveit

    lo para gerar desenvolvimento socioeconmico sustentado, tendo como parmetros outrcidades de economia criativas?

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    Nesse sentido, a hiptese que norteia a questo parte do pressuposto de que o potecriativo presente na realidade multicultural de Boa Vista poder ser aproveitado na geraum desenvolvimento socioeconmico sustentado, capaz de transform-la numa cicriativa, a exemplo de outras cidades que passaram por um processo de reinveno urbandemonstram indicadores de bem-estar social.

    Dessa forma, a justificativa desta pesquisa est focalizada no princpio de quecidades que utilizam a criatividade como fator para o desenvolvimento urbano sustenconstituem atores decisivos na economia de uma regio. Nesse sentido, entende-se quapostar na criatividade, considerando seu perfil multicultural e moderno, a cidade deVista poder se destacar no quadro da economia do conhecimento, frente s demais capbrasileiras e principalmente da Regio Norte, viabilizando uma melhor qualidade da urbana.

    Ademais, destaca-se ainda como relevante o fato de que ao desenvolver-se a partpremissas de criatividade, Boa Vista poder expressar, em nvel micro e macro, o seu grinteligncia humana, os desejos, as aspiraes, motivaes, imaginao e criatividade dehabitantes. Elementos, que para muitos, dada a conjuntura urbana na atualidade, e

    sobrepondo a concentrao de infraestruturais, acesso ao mercado e localizao de centrdeciso, enquanto recursos urbanos.

    Ainda, esta pesquisa busca orientar e contribuir para a formulao de poltinovadoras, que podero estimular a criatividade daqueles que a habitam e a lideescrevendo no presente seu sucesso no futuro. Sucesso que passar pelo desenvolvimurbano, assim como pela capacidade e diversidade humana de talentos, pela culturorganizao solidificada na identidade local, sobretudo, pelo trabalho em rede entre os

    pblicos e privados, na promoo do desenvolvimento e integrao econmica.Dentre os fatores apresentados que justificaram a realizao deste estudo, encontr

    ainda a inexistncia de trabalhos dessa natureza em Roraima e a escassez de informaesformar base de dados para a regio e para o Brasil, sendo, portanto, um trabalho de relevpara os estudos econmicos regionais.

    Desse modo, o objetivo geral para levar a cabo essa investigao descrever e anao potencial criativo de Boa Vista/RR, identificando condies favorveis a uma econ

    criativa e inovadora para seu desenvolvimento socioeconmico, frente sua realimulticultural

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    Para cumprir com o objetivo geral, outros aspectos substanciais foram desenvolvno decorrer do estudo, compreendendo os objetivos especficos, que so: identificconceito e os principais aspectos tericos e histricos da economia criativa copossibilidade de desenvolvimento urbano; demonstrar as caractersticas das cidades criadescrever o potencial criativo/inovador de Boa Vista/RR enquanto possibilidadedesenvolvimento socioeconmico numa realidade multicultural; analisar formas de utilido potencial criativo de Boa Vista.

    Para o desenvolvimento deste estudo, foi utilizado o mtodo de pesquisa descritiva, pois descreveu o potencial criativo da cidade de Boa Vista, sob a orientacincia econmica, estabelecendo comparao com cidades que passaram por um procesreinveno urbana, apostando na criatividade de sua populao.

    Entretanto, frente aos objetivos e finalidades da investigao, tambm se procedcombinao de pesquisa bibliogrfica, por meio da seleo de livros, revistas, jornadocumentos dos rgos institucionais relacionados com o tema de economia e cidade criProcedeu-se tambm, atravs da pesquisa de campo, a coleta de dados, com a tcnicobservao sistemtica, de ambientes/locais que podem melhor compreender Boa Vista

    potencial para ser caracterizada como cidade criativa.Foi uma pesquisa que se apoiou no mtodo comparativo, partindo de compar

    entre cidades j classificadas como criativas, ou que esto passando por um processreinveno urbana para este fim, destacando Londres, Barcelona, Nantes, Medellin, Toroas cidades americanas dos estudos de Florida, quanto classe criativa. No Brasil, a pestomou como base as cidades classificadas quanto sua populao como grande, mdpequeno porte. Assim procedeu-se comparao com cidades como Rio de Janeiro, So P

    Florianpolis, Belo Horizonte, Santa Maria, Guaramiranga, entre outras.Neste sentido, inicialmente, buscou-se traar, a partir de um estudo terico e emp

    o perfil das cidades criativas pesquisadas, atravs de dados sobre a dinmica que caracteestas cidades como criativa. Posteriormente, identificou-se a dinmica de Boa Vista, atda avaliao de ambientes criativos, percepo e comportamento de sua populao frequestes econmicas, sociais e culturais, para ento descrever caractersticas para Boa se tornar uma cidade criativa.

    Este trabalho est estruturado sistematicamente em 4 captulos. O primeiro constitnesta introduo J o segundo apresenta a fundamentao terica adotada com o props

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    possibilitar o correto tratamento e anlise dos objetivos propostos para este estudo. Para aborda de forma descritiva o tema de cidade criativa e seu desenvolvimento numa perspehistrica, socioeconmica e, sobretudo, cultural.

    O terceiro captulo busca descrever algumas cidades que apresentam algumasexperincias de crescimento de cidades criativas. No sentido de dimensionar o tratamentema, foram abordadas cidades ao redor do mundo, analisando-se como procedeu-desenvolvimento de sua criatividade, enfatizando suas atividades criativas, bem comindicadores econmicos, frente a seu desenvolvimento com esta economia. No rol dcidades, aborda-se o continente europeu, americano e incluindo algumas cidades do Bconsoante a esse tipo de crescimento.

    Com o quarto captulo, pretende-se mostrar o potencial criativo da cidade de Vista. Assim, inicialmente busca tratar do quadro institucional de Boa Vista, frenteEstatuto das Cidades enfatizando o seu Plano Diretor. Em seguida, apresenta-se descrio do atual contexto socioeconmico da cidade de Boa Vista. Neste sentido, uma abordagem de sua trajetria histrica, social e econmica, desde sua criao at osatuais.

    Ainda neste captulo, identifica-se e discutem-se as potencialidades criatirelacionando com exemplos de outras cidades que adotaram para seu desenvolvimentotendncia econmica criativa. Neste sentido, encerra-se, propondo algumas estratgdimensionamento de aes, no sentido de Boa Vista utilizar seu potencial criativo para tose uma cidade com um desenvolvimento sustentvel, social e econmico.

    E, por fim, a concluso, onde tenta-se responder como o potencial criativo de Vista/RR capaz de oferecer condies favorveis a uma economia criativa. Com dedu

    lgicas e uma recapitulao sinttica dos resultados e recomendaes para o aprimoramde trabalhos futuros.

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    2 CIDADES CRIATIVAS E SUSTENTABILDIADE: UMA NOVABORDAGEM DE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONMICO CULTURAL

    Esta parte apresenta o marco terico que foi selecionado com o propsitopossibilitar o correto tratamento e anlise dos dados coletados. Para tanto, foi abordatema da Cidade Criativa e seu desenvolvimento dentro de uma perspectiva socioeconmhistrica, buscando identificar e descrever elementos norteadores de uma propostplanejamento urbano inovado e inovador.

    A teoria mostra que esta abordagem econmica capaz de atrair talencrescimento tecnolgico e desenvolver um esprito tolerante, como base necessrestruturao das cidades criativas, a partir de uma economia criativa, fundada procedimentos industriais criativos. Ademais, procurou-se apresentar elementos histr

    conceitos e ideias dos autores discutidos de maneira clara e lgica, para estabelecer relao adequada entre o marco terico e o eixo investigado.

    2.1 ASPECTOS HISTRICOS E CONCEITUAIS DE CIDADE CRIATIVA

    A cidade uma criao humana. Historicamente seu surgimento marcado necessidade social e econmica de relacionamento e subsistncia humana. De acordo Reis (2008), a primeira cidade de que se tem notcia surgiu na Mesopotmia, cerca de 3anos a.C., como centro de comando e troca de excedentes agrcolas. J no perodo medias pessoas passaram a migrar do campo para as cidades, dando origem formaoindstrias e diviso do trabalho, caracterizando assim a cidade industrial.

    No sculo XX, ocorre o terceiro estgio dessa transformao das cidades, co

    advento da sociedade e economia do conhecimento. Assim tem incio o reconhecimenuma nova forma de capital, o capital humano, entendido em termos sociais e econm

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    Por outro lado, no final da dcada de 80 e incio dos anos 90, surgem as reflexes a cercriatividade no espao urbano, afetado progressivamente pelo avano das novas tecnologo acirramento da globalizao.

    nesse contexto tecnolgico industrial que a economia criativa tem sua gnese1994 na Austrlia, tomando visibilidade concreta no Reino Unido em 1997 e ganhanmundo na primeira dcada do sculo XIX. nesse cenrio que tem origem a tendnccidade criativa. Desse modo, verifica-se que as cidades inglesas tiveram papel determina histria inicial das tendncias de um espao urbano constitudo sob o signo da criativsustentvel, a partir de uma escala gradativa das indstrias criativas economia criativa fim, cidades criativas.

    Nesse sentido, Landry (2000) destaca que o indicativo da cidade, enquanto especonmico criativo, possibilita alternativas criao de condies necessrias para as pepensarem, planejarem e agirem com imaginao na procura de oportunidades ou responda problemas urbanos aparentemente insanveis.

    A partir de tais premissas, percebe-se que os estudos das condies afinadas idecidade criativa, rapidamente deu origem anlise de uma economia criativa, avan

    para os estudos de Richard Florida em 2002. O autor, aborda uma nova classe cria1 emergente das reconfiguraes culturais da segunda metade do sculo XX. Segundo o aesta classe cresce rapidamente, so pessoas altamente qualificadas e bem pagas que ocupsegmento de trabalhadores da tecnologia de entretenimento (MNCH, 1999) , jornalismofinanceiro, de manufatura com finalidade para as, cujos esforos, lucros das empresacrescimento econmico dependem cada vez mais, como aborda Albuquerque (2006). Elepensam em si mesmos, mas, conscientemente, compartilham umethos comum, que valoriza a

    criatividade, individualidade, diferena e mrito.Destarte, ergue-se ento os estudos sobre as cidades criativas como centros

    conhecimento ou globais, que na viso de Florida (2005), transformam-se em conte

    1Lanada, em 2002, sua obra de refernciaThe Rise of the Creative Class. Nesta obra, Richard Flrida,Catedrtico de Poltica Pblica, doutor em Planejamento Urbano e diretor do Lloyd & Delphine MProsperity Institute, em Toronto, Canad, identificava uma nova classe econmica - a "classe criativdeclarava que seria ela a dominar a vida econmica, social e cultural deste sculo, como havia sucedidoclasse trabalhadora ou dos servios. Mesmo sendo menos numerosa, a "classe criativa" - um conceito am

    engloba profissionais que utilizam a criatividade como motor da sua atividade, entre artistas, msicos, cieprofessores, agentes financeiros, empresrios ou advogados - motor do crescimento e da transformaeconomia como um todo.

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    sociais com maior capacidade para atrair os membros da classe criativa e, consequentemos meios com maior competitividade econmica. nessa perspectiva que Reis (2008) aa diversidade no conceito que, enquanto para alguns revela a efervescncia do quproduzido criativamente no espao urbano, para outros um ambiente que gera, capacita,e retm talentos que sustentam a criatividade e os valores econmicos agregados.

    Por assim ser, a importncia de se definir o conceito de cidade criativa passa compreenso de contextos econmico, social e poltico, incluindo a historicidade do lNesse sentido, segundo Packter (2001), h que considerar as categorias de espao, temrelao, que se manifestam perfeitamente nas questes ligadas ao desenvolvimentocapacidade de inovar e criar alternativas existenciais atrativas, na busca da qualidade de vde bem-estar humano social para as pessoas, de formar comunitria.

    Diante do exposto, proposita-se que ainda so poucas as cidades do mundo a dispode potencial e condies favorveis ao desenvolvimento, a partir de uma economiconhecimento e da criatividade, aliada a vocaes regionais como aborda Reis (2007).

    com base nesse pensamento que Landry (2000), a partir de seus estudos analtsobre o tema, apresentou pela primeira vez em 1990 um conceito de cidade criativa. Intr

    pelo fato de que algumas cidades prosperam e outras no, o autor conclui que a cidade cr uma ferramenta para a inovao urbana. Desse modo, concorda com Florida (2002destacar que as cidades podem ser consideradas criativas quando conseguem ser funciem trs reas especficas, chamadas por ele de 3 Ts: talento, tecnologia e tolerncia.

    Landry (2000), destaca ainda que para uma cidade ser criativa preciso dispoindstrias culturais, diversidade tnica e multiculturalismo, inovao arquitetncomunitarismo urbano, vizinhana e identidade. Em outras palavras, como define Reis (

    p.3), cidade criativa entendida como uma cidade capaz de transformar continuamentestrutura socioeconmica, com base na criatividade de seus habitantes e em uma aliana suas singularidades culturais e suas vocaes econmicas. Nessa perspectiva posrelacionar o objeto deste estudo com as ideias expostas, verificando que a cidade de Boa dispe de vrias das qualidades relatadas, alm de uma vocao cidade do conhecimcomo aborda Ferreira (2010), apresentando elementos prprios de uma economia criativa

    Nessa perspectiva, concorda Florida (2005) ao definir cidade criativa como se

    caldeires de criatividade nos quais a energia criativa dos seres humanos pode transformada em novas formas de interao comunitria Desse modo o autor refora a

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    de que a atratividade, elemento fundamental num modelo de cidade criativa, depende dode tecnologia desenvolvido, do talento e da tolerncia do local.

    Ainda de acordo com Florida (2005), no mbito da tolerncia, destaca a importncuma cultura aberta s diferenas para a criao de novas ideias e modelos produtivos. O est certo de que a aposta na cidade criativa se configura na atrao de talentos, na existde uma educao de qualidade, de empresas inovadoras e na prtica da cooperatividade as pessoas. Por assim ser, estende o conceito de cidades criativas como cidades autninformais e vibrantes de uma qualidade de vida excelente. So lugares onde habita a ccriativa, um lugar efervescente, porm tolerante. J Liliana Magalhes, superintendenSantander Cultural, na 1 edio do seminrio internacional Porto Alegre Cidade Cria2,define o conceito de cidade criativa da seguinte forma:

    Entendo a cidade criativa como um espao capaz de mergulhar em utransformao sociocultural e econmica, sempre com olhar voltado para o entredas singularidades e vocaes da cidade. Na convergncia de metas entre agentsetores uma estratgia comum de resultados para o mundo (SANTANDER, 2009

    Nesse sentido pode-se entender que a introduo do conceito de cidade criativa promovendo inovaes na forma como tem sido as abordagens acerca da dinmica

    cidades. Tais modificaes tornam-se mais evidentes quando se trata de quessocioeconmicas que se pem a funcionar como solues competitivas e distintivas para mesmos locais: cidades ou regies, como aborda Correia (2009).

    Por outro lado, autores como Castells (2000), Sassen (2000) e Mosco (1996), os ltimos citados por Ferreira (2010), entendem as cidades criativas como sendo cidglobais. Reconhecendo assim a forma em rede das relaes sociais e econmicas, na prodde servios especializados e financeiros, impulsionados pelas tecnologias de informacomunicao (REIS, 2007).

    Baseado nesse entendimento, ressalta Sessan (2000,apud FERREIRA 2010), aoconceituar cidade criativa como cidade global, que essas cidades so centros estratgicosgerenciamento da economia global e sabem aproveitar suas potencialidades criativas gerar desenvolvimento socioeconmico, caracterizando-se numa economia criativa, a parum processo de gerao de trabalho e renda para a populao local, assim como

    2

    Este seminrio, realizado em setembro de 2009, abre portas para que Porto Alegre, capital do Rio GraSul, participe da Rede de Cidades Criativas, criada pela Unesco em 2004 e que j reconhece 16 cidades ereas diferentes do planeta por sua excelncia no campo das artes.

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    valorizao da cultura local integrada de forma global (MNCH 1999, p.143) para alsimbologismo afetivo, promovendo o evento econmico e social (MATARASSOLANDRY, 1998, p.4) e a qualidade de vida da comunidade.

    2.2 DA INDSTRIA CULTURAL INDSTRIA CRIATIVA

    Uma leitura da histria socioeconmica da indstria criativa mostra sua evolu

    partir da ideia de indstria cultural. Nesse sentido salienta Landry (2000), que uma cidase torna criativa quando dispe de indstrias culturais. Tratando acerca da historicidadtermo indstria cultural, Laurence e Phillips (2009) destacam que ele foi mencionadoprimeira vez em tom crtico negativo, pela escola de Frankfurt, em especial por Ad(1991, apud LAURENCE e PHILLIPS, 2009, p.7)), ao observar que toda a prticaindstria cultural transfere o motivo do lucro desnudo nas formas culturais.

    Nesse sentido, Adorno, demonstra sua preocupao com a produo cultural orien

    pela proposta de gerao de capital. A partir deste entendimento, Laurence e Phillips (2p.8) acrescentam a ideia de indstrias culturais mltiplas que compartilham a ativicomum de produzir cultura, mas que so diferenciveis em aspectos relevantes, tornanconceito mais amplo. Nesse sentido, percebe-se que num primeiro tratamento dado ao temindstria criativa, surge o termo indstria cultural.

    De tal modo que na dcada de 80, oGreater London Council3 comeou a utilizar otermo indstrias culturais para englobar atividades culturais que operavam como ativid

    comerciais, mas que no estavam integradas no sistema de financiamento pblico, simportantes fontes de riqueza e emprego (REIS, 2007). No obstante, uma parte significdos bens e servios que a populao consumia (tais como televiso, rdio, cinema, mconcertos, livros) no se relacionavam com o sistema pblico de financiamento. Desse mcompreende-se que o termo surge objetivando expressar a ligao existente entre aeconomia, consequncia do desenvolvimento das atividades culturais como importfontes de riqueza e trabalho, (EWEN,1988) assim como para designar empresas

    3O Conselho da Grande Londres (GLC) a poltica que rege o corpo de Londres partir de 1965, sucedLondon County Council. A reorganizao da Administrao Local em Londres foi proposto por uma CoR l it l G 1961

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    produzem bens e servios culturais, ou so capazes de reinventar suas formas de gerar a partir dos recursos e/ou potencialidades disponveis.

    Como se pode constatar, somente na dcada de 90, a partir dos avanos tecnolg que o conceito se torna mais abrangente, visando a produo de software e todo o arcabdas tecnologias de informao e comunicao, conforme aborda Reis (2007, p.276). base nesse princpio se pode afirmar que a gnese da indstria criativa est na indcultural, assim como a gnese da cidade criativa est na indstria criativa que proporcuma economia norteada pela criatividade.

    Ademais, como aborda Velloso (2008), Reis (2007) e Miguez (2009) a ideia

    conceito de indstria criativa surge na Austrlia por volta de 1994, ganha relevncia no RUnido ao ser inserido nas polticas definidas pelo Department for Culture, Media and Sport (DCMS) e com a criao doCreative Industries Unit and Task Force, em 1997. Assim deacordo com Miguez (2009, p. 64), noCreative Industries Mapping Document as indstriascriativas so definidas como aquelas que tm a sua origem na criatividade, competnctalento individual, com potencial para a criao de trabalho e riqueza atravs da geraexplorao da propriedade intelectual.

    Entre os vrios elementos importantes, pode-se destacar o aspecto predominantindstria criativa em possibilitar o intercmbio econmico no mercado, que tem sua orna criatividade e cujo valor se mede na rentabilidade dos direitos de propriedade intelectual(MANKIW, 2007; REIS, 2007), que se vendem ou licenciam no mercado, cada vez mercado de exportao de bens e servios voltados ao crescimento econmico. Com nesse pensamento, Mascarell (2006) reconhece a importncia da indstria criativa para da tendncia de uma cidade como criativa, assim como sua capacidade competitiva. Ade

    apresenta como iniciativa importante de governo, a criao de um fundo de capital de para projetos culturais locais.

    Aqui nos parece ser necessrio uma rpida abordagem acerca do tema dos dirautorais ou de propriedade intelectual, com base na legislao brasileira. justo e legal indivduo usufrua de um bem produzido por meio de sua capacidade inventiva. Nesse sedestaca Hanson e Gomes (s.d.) que a Organizao Mundial de Propriedade Intele(OMPI), entende que atualmente o termo propriedade Intelectual se restringe a tipo

    propriedade que resultem da criao humana. Isso significa direito de posse aos resulteconmicos que esse bem possa proporcionar a seu criador.

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    Desse modo, em se tratando acerca do tema da propriedade intelectual, vale destque esta uma das formas que a sociedade criou para valorizar suas criaes. SeguHanson e Gomes (s. d.), a nvel internacional, desde a criao em 1886, o Brasil particiConveno de Berna, a mais antiga conveno internacional sobre o direito autoral. Do de vista nacional, a legislao brasileira sobre o tema a Lei de Direito Autoral, n 9.6119 de fevereiro de 1998.

    Os fundamentos constitucionais dos direitos autorais no Brasil esto expressos no a5, inciso XXVIII da Constituio Brasileira que prev: Aos autores pertence o diexclusivo de utilizao, publicao ou reproduo de suas obras, transmissvel aos herdpelo tempo que a lei fixar. Contrariando tal proposio, como aborda Reis (2007, p.2segundo estimativas da International Intellectual Property Alliance (IIPA), o Brasil gera aquarta maior perda mundial por pirataria para as empresas dos Estados Unidos (US$ 9milhes/ano). Destaca ainda que juntamente com a Itlia o nvel de pirataria concentra-ssoftware.

    J do ponto de vista penal, a Violao do Direito Autoral considerado crime conpropriedade intelectual e de acordo com o Art. 184 do Cdigo Penal Brasileiro, o inf

    estar sujeito s penas de deteno de trs meses a um ano ou multa e, conforme parprimeiro do mesmo artigo, se o infrator visar lucro, a pena se agrava para recluso de quatro anos e multa. Desse modo fica claro que o Direito Autoral protege obras intelecentendidas em seu conjunto como a expresso de pensamentos e no pura e simplesmcomo ideias.

    No obstante, Reis (2007), ao abordar a importncia da criatividade paradesenvolvimento, destaca a necessidade de uma definio clara do direito de propried

    Salienta que, especificando, o crescimento do direito de propriedade intelectual devacompanhado de uma maior e melhor distribuio de renda, propiciada por uma inclsocioeconmica criativa e inovadora que reforce a identidade nacional e valorizdiversidade cultural.

    Todavia, retornando de forma especfica discusso inicial, j de acordo com R(2008), as indstrias criativas abrangem as indstrias da arte, artesanato, indstrias cultuainda os setores econmicos que bebem criatividade e cultura para devolver funcionali

    Destarte, pode-se exemplificar a partir dos seguimentos da moda,design, arquitetura,

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    propaganda,softwaree mdias digitais e nesse sentido concorda com Prestes Filho (20apud HANSON e GOMES, s.d).

    Desse modo, nota-se que aps um momento de euforia, os vrios pases mergulharam nessa questo comearam a definir, individualmente, os seus prprios secriativos, como base de uma estratgia econmica e de desenvolvimento. Com base nprincpio, Reis (2007, p.308) diz que as indstrias criativas constituem apenas uma das no quadro da economia criativa. Por assim ser, a autora entende que a discusso sindstrias criativas evolui para a da economia criativa, que abrange no s as primeiras, tambm seus impactos nos demais setores da economia. Ademais, demonstra, concordcom Pacheco (2008), que as indstrias criativas so sinnimo de vitalidade econmicauma cidade ou pas.

    Diante de tal pressuposto, verifica-se que para ambos as indstrias criativas estocupar um lugar de destaque no crescimento da economia de vrios pases, a partir da gede renda e bem estar humano, enraizados num desenvolvimento socioeconmico pautadosustentabilidade. Ao abordar acerca da indstria criativa como alternativa a uma econcriativa, capaz de conduzir uma cidade a um desenvolvimento socioeconm

    potencializado, Reis (2009, p. 8) destaca o fator da produo cultural como geraemprego e renda.

    Temos assim a moda, que impulsiona toda a cadeia txtil e de confecesarquitetura, que dinamiza a construo civil. Em essncia, a economia criareconhece que embora produtos e servios possam ser copiados, a criatividade npassvel de cpia. Pode-se copiar o que ela cria, mas no sua fonte. E, portantcriatividade poderia estar na base competitiva da economia de uma regio ou pa

    de fato nesse contexto que a atividade cultural urbana centrada na criatividade po

    gerar desenvolvimento econmico que ultrapasse os limites da simples simbologia cultualcance a dimenso da gerao de emprego e renda, proporcionando melhores condivida para as pessoas de uma cidade ou pas. Destarte, elevar a qualidade de vida desenvolvimento humano somente criando e recriando a vida humana que a ideieconomia criativa poder encontrar sua razo de ser na sociedade contempornea do altode escassez e elevado ndice de necessidades, estimulados pela satisfao do desejo de indivduo. Assim tambm se presume para o desenvolvimento de cidades ou comunidhumanas que aprendem a se reinventar a partir de princpios indutores de uma a econinovadora e dinmica.

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    2.3 CULTURA E DESENVOLVIMENTO NUMA PERSPECTIVA INTEGRADAINTEGRADORA

    O grande desafio de governos e sociedade civil na contemporaneidade promovedesenvolvimento socioeconmico de forma integrada a um desenvolvimento culsaudvel. Partindo deste pressuposto, Reis (2007) salienta para a necessidade de integrao das polticas pblicas no sentido de que se possa promover um desenvolvimque abranja todos os seguimentos da existncia humana em uma determinada sociedade, um desenvolvimento garantido por uma sustentabilidade econmica e humana.

    Baseado em tal premissa, entende-se que o desenvolvimento social, econmiccultural responsabilidade da sociedade integrada, isto : pblica, privada e civil. Por lado, perfeitamente perceptvel, principalmente a partir de 1980, com negociaes na rodo Uruguay doGeneral Agreement on Tariffs and Trade(GATT)4, nos acordos de livrecomrcio, a ideia de que a cultura consiste em bens e servios como quaisquer outrospodem ser comercializados sem efeitos colaterais na melhoria da qualidade de vidapessoas (FERREN, 2010). Nesse sentido concorda o entendimento de Landry (200

    Mcguigan, (2003), ao abordarem o tema.

    Desse modo, possvel verificar que analogicamente ao meio ambiental, os recuno so somente para a explorao econmica, mas tambm portam valores que se pervquando s imperam a lgica comercial, como destaca Ferren (2010). Concordando Ferren, James D. Wolfensohn, presidente do Banco Mundial entre 1995 e 20argumentando sobre o potencial econmico e integrador da cultura, destacou que a cultutornou crucial para o investimento.

    Por assim ser, na concepo de Miguez (2009), ela um dos mais relevantes eixosorganizam a agenda econmica contempornea. O autor destaca que seus mltiplos enlasua transversalidade face a outras dimenses sociais tm lhe reservado uma posiindiscutvel centralidade no mundo na atualidade. Nesse contexto, vale destacar queextrapolado o campo da cultura propriamente dito e alcanado os debates da comuniinternacional sobre desenvolvimento, comrcio internacional e propriedade intelectual.

    4

    O Acordo Geral sobre Tarifas e Comrcio (GATT), foi negociado durante a Conferncia das Naes Usobre Comrcio e Emprego e foi o resultado do fracasso das negociaes os governos ao criar a OrganInternacional do Comrcio (ITO). O GATT foi formado em 1949 e durou at 1993, quando foi subsO i M di l d C i 1995 W ld T d O i ti [ 1 ]

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    precisamente nesse sentido que se fala de uma integrao entre culturadesenvolvimento numa perspectiva econmica. Trata-se do uso da cultura como ferrampara gerar renda e qualidade de vida para os indivduos de uma cidade ou outro esqualquer. Com mesma intencionalidade sobre o tema, Reis (2007) destaca a importncsustentabilidade econmica como tarefa dos setores privado e pblico da economia. Deainda a relevncia dos indicadores econmicos e de desenvolvimento, integradoindicadores culturais para responder s necessidades de desenvolvimento na atualidade.

    Todavia, Reis (2007, p. 218), est certa de que para trilhar o caminha de desenvolvimento cultural e econmico integrado, preciso valer-se das potencialidades recursos que ultrapassam os naturais e tecnolgicos. Ademais, preciso navegar sociedade do conhecimento e pela busca da experincia criativa, unindo passado e futuancorando-se na criatividade capaz de concretizar-se em inovaes, que possam tornar vouvida e conhecida uma determinada sociedade, comunidade ou povo.

    2.3.1 Concepes de cultura numa abordagem econmica

    A cultura tem se mostrado como um terreno frtil para a anlise dos fenmeeconmicos, uma vez que, como os demais elementos da sociedade, se presta mesma lde outros setores do capitalismo, sendo mais um reflexo da vigente instrumentalizeconmica das relaes sociais. Por outro lado, como aborda Jeffcultt (2009, p. compreender a economia da cultura fundamental para entender a economia

    conhecimento. Tal raciocnio abre caminho ao que proposita as tendncias criativas dcomportamento econmico.

    Segundo a lgica de Weber (1991), o comportamento econmico est profundamembebido de cultura e crenas, portanto, tomado em seu conjunto, est inteiramente suaos cdigos morais e aos valores. Em cada sociedade, para Weber, os atos econmicos produto de consideraes pessoais, ticas e sociais.

    Neste sentido, a cultura entendida como toda uma forma de vida mater

    intelectual e espiritual, onde se encontram propostas de mudana e resistncia a epropostas e mais as alteraes efetivamente produzidas (BRESCIANI 1996 p 38) e

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    enormes influncias sobre o pensamento econmico e tico. Desse modo, impe cvalores sobre quais atividades e comportamentos devem obter maior suporte e destaconseguindo ento maior importncia econmica e social.

    Destaca-se, aqui, a proposio explicativa do filsofo grego Aristteles, que vivmais de 2.300 a.c, em sua obrarganon, que entende cultura como todo o conjunto daexistncia humana no tempo e no espao, traduzido por sabedoria, que se configura a partrs pontos imprescindveis: existncia tica, poltica e economia (ARISTTELES, 2005

    Por esse principio, porm de modo especfico, Mankiw (20007) destaca que a cieconmica trata do problema da escassez de recursos ante a infinidade de necessidade

    seres humanos. Concordando com essa ideia, Florissi e Waldemar (2007) propositam qeconomia lida com um problema alocativo de bens disponveis que so finitos, e qcomportamento do indivduo o de maximizar o seu grau de bem-estar.

    Assim, diante dessa escassez de recursos, o indivduo se depara com um problemescolha, tendo que optar por uma entre diversas possibilidades de consumo, baseadutilitarismo racional, busca aquela cesta de bens que lhe prov o maior bem-estar posNeste sentido, para uma anlise de economia da cultura, o comportamento racional se to

    foco do pensamento cientfico econmico.De acordo com tais categorias, vale destacar que Florissi e Waldemar (2007) defen

    que bens culturais so aqueles que, alm de expressar a capacidade criativa, envolvem atipo de valor cultural e que tambm geram valor econmico. Diante de tal premissa, a reda cultura com economia emerge como possibilidade de expresso da subjetividade objetividade humana em sua totalidade.

    Com base nesse princpio, mister relatar o pensamento de Miguez (2009, p. 61abordar esta relao:

    As relaes objetivas entre o campo da cultura e outras esferas societrias nonovas, [...] no caso especfico das relaes com a esfera econmica [...] podelocalizada na Europa do seculo XIX, momento em que a submisso do artista escritor aos ditames da lgica mercantil aciona a emergncia de um mercadocultura.

    Todavia, sabe-se que, apesar da relao histrica entre cultura e economia, de accom o autor, no chegou a despertar qualquer interesse especial nos estudiosopesquisadores do campo da economia, ainda que seja possvel registrar, desde muito te

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    observaes pontuais sobre o tema. Somente nas ltimas dcadas que o assunto passavisto como de fato integrado ao processo de desenvolvimento numa abordagem econvisando a maximizao do bem-estar, no apenas como combate a melancolia como destaAdam Smith (apud MIGUEZ, 2009), mas sobretudo econmico. Fazer da cultura uma fode emprego e renda colocar a capacidade criativa humana em funo da qualidade de v

    Destarte, como o indivduo procura maximizar o seu grau de bem-estar, de se espque procure obter a maior utilidade possvel quando faz uso de algum bem cultural. Cdestacar que a discusso aqui gira em torno de que o objetivo da abordagem econmicaenfoque no setor cultural a de procurar obter uma aproximao da disposio a pagum indivduo no que se refere a algum bem que possua ou que possa gerar tanto veconmico como cultural (FLORISSI e WALDEMAR, 2007, p. 13). , sobretudo, valoa criatividade do talento humano na gerao de renda, como viso de capital culturdesenvolvimento, alm da promoo de novos conhecimentos.

    A noo de capital cultural outra questo discutida por Florissi e Waldemar (20ao tratar o tema da abordagem econmica da cultura, a partir da criatividade humana. Trnesse tema de recursos que representam, possuem ou provm tanto valor cultural qu

    econmico. Segundo os autores, um bem cultural pode se apresentar na forma tangveseja, com caractersticas criadas por atividades humanas e sobrevivem por um certo pede tempo. Enquanto que os capitais culturais intangveis so aqueles provenientes de idprticas, crenas e valores compartilhados por um grupo. Essas categorias podem dimcaso no receba manuteno apropriada, assim necessitam de manuteno para se moperante constantemente.

    Neste sentido, a interveno do Estado se torna fundamental, em vista do ca

    cultural como fator de desenvolvimento econmico, onde o fornecimento de bens pbcomo a educao, a qualificao profissional, a cultura, se tornam importantes padesenvolvimento de uma regio. Os bens pblicos ou bens coletivos justificamconceitualmente pelo fato de terem consumo/uso indivisvel, ou seja, o uso por um indivno exclui a utilizao por outro, que ainda por apresentarem caractersticas prprias, fazque o Estado assuma a responsabilidade por seu fornecimento (FLORISSI, 2004).

    Portanto, pelo fato dos bens culturais, mesmo provindo da capacidade criativa hum

    serem escassos, se faz necessrio a criao de um sistema regulatrio que preserve caractersticas para que seu uso possa ser feito adequadamente ao longo do tem

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    favorecendo a eficincia econmica5, atravs de polticas pblicas. Neste mbito, Mankiw(2007, p.10) sublinha um princpio econmico: que os governos podem melhoraresultados de mercado.

    De acordo com esse raciocnio, para os fins dessa discusso, as polticas so apblicas organizadas e sistemticas que tm como objetivo a garantia e a oferta de benquantidade tima, incentivando a cultura local em nvel de capital cultural que gere demanda crescente e qualitativa no desenvolvimento econmico da regio, preservvalores inerentes populao regional.

    nessa perspectiva que Jeffcutt (2009, p. 47), ratifica a ideia de que economia

    cultura numa abordagem econmica est baseada em talento criativo e empreendedorlocal, fornecendo emprego, qualificado e de alto valor agregado. Assim leva compreeda produo cultural em escala industrial, demandando aperfeioamento da capacicriativa dos indivduos e das empresas, consolidando a ideia de indstria criativa.

    2.3.2 Cultura e criatividade no espao urbano na era da globalizao

    Ser visto e ouvido fator fundamental para o desenvolvimento socioeconmiccultural de uma cidade na era da globalizao. A capacidade de gerar estratgias de vpartir da criatividade torna-se dado determinante na superao de obstculos ao crescimprincipalmente o econmico, como aborda Velloso (2008).

    Nesse sentido, uma imagem, uma ideia pode ser algo determinante para o futuro de

    cidade na esfera regional, nacional e internacional. Por outro lado, importante tambmatento, pois como salienta De Masi (2000, p. 146), o ideal aproveitar as oportunidadeexistem para afirmar a prpria subjetividade e no deixar-se carregar pela homogeneizmassificadora da globalizao.

    nesse aspecto que o processo de globalizao tem criado novos posicionamentoeconomia mundial, como: levando as cidades a tomar aes planejadas, ligando economcultura e combinando os aspectos econmicos, culturais, sociais e polticos na produ

    5Segundo Mankiw (2007), uma economia eficiente se esta maximiza o bem-estar da sociedade, entendt i d d t d t i d t i

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    bens e servios, principalmente no espao urbano e gerando desenvolvimento de fointegrada e inovadora.

    Por outro lado, no modelo econmico contemporneo mundializado, uma economino se mover orientada por criatividades de sua populao, conforme o autor citado, cosrio risco de ter sua diversidade cultural achatada. Isso significa obrigao em ser criaDestarte, Miguez (2009, p.60) lembra que o que cultural no capitalismo globalizadoredes o trabalho em geral, que por sua vez, dada a dinmica social e econmiccontemporaneidade, exige um grau cada vez mais acentuado de criatividade na produtiviEsta a arte de fazer cada vez mais com a mesma ou menor quantidade de recudisponveis, com vista aotradeoff 6 entre demanda e escassez.

    Nessa perspectiva que se pode propositar sobre a globalizao como bem-estar sde uma comunidade ou cidade, elevando as potencialidades criativas, tornandconhecidamente mundializadas, principalmente atravs do trabalho intelectual que secriativo. Por esse sentido, aborda De Masi (2000, p.220) que estamos atravessando passagem de poca, da atividade fsica atividade intelectual. O significante da quesque a busca por alternativas tecnolgicas, atravs de investimentos em educao passa

    fundamental para o desenvolvimento socioeconmico e cultural de uma cidade ou regiatualidade. Tal categoria determinante para desvelar e difundir talentos, gerar produtive consolidar desenvolvimento social e econmico.

    Porm, h quem pense a globalizao como algo negativo ao desenvolvimeconmico, social e humano. Por essa concepo, Santos (1998), afirma ser possvel duas leituras diferentes do atual fenmeno da globalizao: uma em sentido economioutra sob a tica humanista. Nesse contexto, o autor destaca:

    Globalizao em sentido economicista, parte de uma concepo neoliberalistasociedade, centrada nos direitos de liberdade dos indivduos para produzireconsumirem atravs de uma economia de mercado, sob a mxima, propriedprivada e economia de mercado livre de controles estatais. Globalizaosentido humanista, prima pela igualdade de valores e direitos entre os sehumanos; respeito diversidade e pluralidade; uso da multiplicidade de sentidmeios de comunicao (SANTOS, 1998, p. 445).

    6Em economia,tradeoff, uma expresso que define uma situao de escolha conflitante, isto , quando ao econmica que visa a resoluo de determinado problema acarreta, inevitavelmente, outro (MAN2007)

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    Ademais, Reis (2007) argumenta que a globalizao se desvelou como dupossibilidade frente a cultura. A primeira ideia destaca a possibilidade de massificacultura, pasteurizando e solapando as culturas locais. Tal pensamento despertou sentimento de proteo cultural entre os pases, incluindo o Brasil; uma bandeira sustepela UNESCO. A segunda ideia era de que a globalizao, associada tecnologia diacabaria com a excluso cultural, permitindo novas formas de criao, produo, divulgdistribuio, consumo e um acesso quase que ilimitado s culturas de forma mundializada

    Ainda de acordo com Reis (2008), entre o otimismo ufanista e o pessimismo dramvingou o otimismo cauteloso. Assim vale destacar que o acesso a novas formas de produconsumo culturais, possibilitou uma maior interseo entre as diferentes culturas diferentes sociedades. Nesse contexto, muitas cidades puderam efetivar-se como cidglobais ou criativas (SESSAN, 2000,apud FERREIRA, 2010), tornando-se centrosestratgicos para gerenciamento da economia, seja regional, nacional ou internacidesfrutando de uma importante dinmica no processo de especializao econmica.

    Desse modo, mister postular que o fenmeno da mundializao das atividahumanas em termos econmicos, sociais, polticos e culturais passam pela capacidade cr

    das cidades que atravs do desenvolvimento de tecnologias, talentos e tolerncia (FLOR2002), promovem intercmbio cultural entre as diferentes sociedades, porm reserva lida singularidade de cada uma delas, que definem sua identidade. a partir dessa propoque as reflexes que se seguem sobre o mundo atual, tendo em vista a identidade culturcontexto urbano globalizado, parece enfrentar uma realidade paradoxal.

    De acordo com Vasconceloset al (2002), medida que os processos contemporneos dglobalizao se intensificam e se alargam, envolvendo poderosssimas dinmicas

    interligao e intercmbio, de comunicao e difuso em termos mundiais, as identidculturais diferenciadas, especficas, fragmentadas, ou mesmo marcadamente particularem vez de se esbaterem ou desintegrarem, parecem tender a proliferar, a multiplicaracentuar-se.

    Nesse contexto, entendida como um processo de integrao internacional, Vel(2008, p. 145), repetindo o bvio, afirma: se o pas negligencia sua insero internaciperde inmeras oportunidades para acelerar seu crescimento e desenvolvimento. Por

    lado, alerta tambm que a insero internacional importante, mas deve incorpor

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    preocupao com evitar as armadilhas da vulnerabilidade externa. Dado que para ser evvai exigir indubitavelmente um sobressalto meritocrtico aportado na capacidade criativa.

    Desse modo, o fato vislumbrado que o atual contexto relacional de urbanidglobalizada conduz a um duplo processo. Todavia, percebe-se tambm, e de forma posque no mbito dos protagonismos sociais, potencia a multiplicao de dinmicas identitque se transformam em potencialidades criativas, que inteligentemente aproveitadas, poviabilizar a qualidade de vida no espao urbano, tornando a cidade ou regio percebatraente econmica e culturalmente.

    Por outro lado, as dinmicas contemporneas de globalizao, profissionaliza

    mercadorizao e mediatizao da cultura, embora acentuem as possibilidades e as tendde consumos culturais em regime privado, domstico e individualizado, parecemacompanhadas por outras, nas quais sobressai, precisamente, a procura crescente de intedireta intensificada, em espaos pblicos de diferentes configuraes e a propsito de divmodalidades de prticas e acontecimentos.

    Nesse sentido visualizar a cultura como principal ambiente criativo e possibilidaddesenvolvimento socioeconmico da cidade na era da globalizao, pressupe estrat

    econmicas de investimentos pblicos e privados, capazes de potencializar crescentemecriatividade e elevar o grau de bem estar social das pessoas. Assim como tambm partrespeitosamente, com o resto do mundo o que h de melhor numa regio ou cidade,perder de vista a identidade local.

    2.4 DA ECONOMIA CRIATIVA ECONOMIA DO CONHECIMENTO E ATIVIDACULTURAL URBANA

    De acordo com o que proposita Howkins (2001,apud HANSON e GOMES, s.d.) asindstrias criativas tangenciam e expandem-se para o interior da chamada economiconhecimento. Por outro lado, ao tratar da economia do conhecimento, Jones (2005,apud HANSON e GOMES, s.d.) menciona que ela se caracteriza pela desmaterializaoeconomia, na medida que a tangibilidade passa a ser apenas um detalhe, ou u

    consequncia. Tal entendimento se deve ao fato de que a economia criativa ex

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    investimento em educao e estmulo pesquisa acadmica, dados que exigem o avanconstruo de novos conhecimentos.

    Argumentando sobre o tema, Jeffcultt (2009, p. 41 e 42) aborda:

    Nas economias do conhecimento, esses processos criativos precisam ser entendcomo transacionais e contextuais. Alm disso, propriedades organizacionais crucdesses processos criativos podem ser resumidas da seguinte forma. Primeiro, esituadas em comunidades e espaos, ambos local e global; segundo, esto ligadarede por meio de transaes densas e relaes de conhecimento cointerdependncias articuladas, sejam comerciais e no comerciais; e terceiro, temporais, no que uma variedade infinita de bens simblicos altamente diferencise justape por ateno em uma interao entre produtor e consumidor por meioriginalidade, identidade e oportunidade de mercado.

    Partindo de tal proposio, possvel constatar que as atividades econmicas de cidade do conhecimento ou cidade inteligente, como definida a cidade criativa, eintimamente ligadas s atividades culturais desenvolvidas pelas pessoas que nela habitamvisitam como turistas. Desse modo, em acordo a Bendassolin e Wood Jr (2009), ao trattema da cidade criativa, preciso compreender a atividade cultural como atividade econe por assim ser, inserida no contexto da economia criativa.

    Nesse sentido, Lala Deheinzelin (apud FERREN, 2010, p.8) argumenta que preciso

    ampliar o conceito da economia criativa a uma Cadeia Integrada da Economia Criativaengloba todas as etapas do processo criativo, entendido por ele como formao, criproduo, distribuio, acesso, gesto de conhecimento e memria.

    Por outro lado, de acordo com Reis (2007, p. 310), a economia criativa funciona, primeiro momento, de forma cclica, englobando bens tangveis (preo) como: ofeproduo, mercado e distribuio, demanda e consumo. J num segundo momento, enbens intangveis (valor) como: formao e capacitao, democracia de acesso, liberdaescolha. Desse modo entende que ela pode ser definida como sendo o ciclo que abrcriao, produo e distribuio de produtos e servios que usam o conhecimentcriatividade e o capital intelectual como principais recursos produtivos. Abrange desdprodutos artesanais at as artes cnicas, artes visuais, os servios audiovisuais, multimindstrias desoftware.

    Destarte, a autora entende ainda que nesse sentido economia criativa significtransformao de smbolos e significados em propriedade intelectual ou faturamlucrativo, que ela considera como o ncleo mesmo da cultura. Dentro deste panoram

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    Ministrio da Cultura do Brasil (MINC., 2006, s/p), ao tratar da relao entre criativicultura e economia como fonte de renda e desenvolvimento socioeconmico de uma regicidade, define economia criativa como sendo:

    [...] parte de um novo conceito mundial, a economia criativa aquela qindependente de ter finalidade cultural, inclui a cultura, a criatividade econhecimento em seu processo de produo. Fazendo parte da Economia Criapor exemplo, o artesanato, as publicaes, a moda, a msica, o audiovisuadesign, a web, o software, a fotografia, as indstrias do lazer e entretenimento indstrias culturais, entre outros.

    Nesse sentido, vale destacar o pensamento de Hartley (2005), ao afirmar que a enquanto cultura uma propriedade pblica, focada em questes de cidadania e liberdad

    outro lado, a arte como negcio de domnio privado, algo orientado ao consumosatisfao de necessidades singularizadas daquele que tende a consumi-la. Assim,necessidade, o desenvolvimento das cidades e regies passam a se estruturar a partplanejamentos orientados por conceitos de criatividade, todavia estreitando as relaes economia e cultura.

    Desse modo, torna-se sensvel a interdependncia entre os aspectos econmiculturais, sociais e tecnolgicos, na produo de bens culturais. Conforme relata P(2002), a economia da cultura constitui-se em um instrumental analtico para resoquestes ligadas aos efeitos econmicos da atividade cultural.

    Destarte, a ateno dada economia global por polticos e organismos internaciotem feito com que a produo e os servios criativos tornem-se cada vez mais vultointeressantes no comrcio internacional, impulsionando economias locais, regionanacionais para uma integrao internacional. Nessa perspectiva destaca Landry (2004) qu

    [...] as cidades bem sucedidas aparentam seguir um padro, dando importnciGenius Locci e no criam barreiras criatividade [...] a renovao da cidadaniaregenerao de uma cidade passa pela criatividade cultural, reforando a coesocial, melhorando a imagem local, reduzindo comportamentos agressivpotencializando a criao de parcerias pblicas e privadas e o desenvolvimentconfiana e da identidade.

    nesse contexto que Afonso (2009, p.2) aborda a importncia das indstrias criapara o desenvolvimento urbano, a partir de uma economia da cultura centrada em propcriativas e inovadoras. Com essa viso concorda com Florida (2008) e Landry (2004

    comungam da ideia de que indstrias criativas e cidades criativas alimentam-se mutuamatravs de uma relao simblica.

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    Verifica-se ento que o modo como tratam a relao entre cultura, economicriatividade ratifica o pensamento expresso por Zukin (1982,apud CORREIA, 2009) aorelatar que a cultura gera uma revitalizao da economia e da cidadania, promovendo nova dinmica urbana.

    2.5 POLTICA PBLICA DE DESENVOLVIMENTO PARA UMA CIDADE CRIATIV

    Os pensadores acerca do tema da cidade criativa esto certos de que necessempenho de formuladores de polticas pblicas que contribuam para o bem-estar sochumano em uma cidade. Nesse sentido mister destacar que as cidades com qualidadvida e bem-estar social so orientadas por organizaes sociais fortes e agentes pbconscientes e comprometidos com o seu papel de liderana e induo da comunidade na de polticas criativas que atendam e doem sustentabilidade cidadania no espao urbano.

    Nessa perspectiva, considerando as teorias de Florida (2004), acerca do talento

    tolerncia e da tecnologia, vale destacar que as polticas pblicas de desenvolvimentcidade criativa devem estar direcionadas para o desenho de um plano que atraia investime criao de condies para a existncia de vrios estilos de vida e amenidades. No mbrasileiro, de boa aceitao os provimentos de poltica pblica social urbana orientadosLei no 10.257, de julho de 2001, denominada Estatuto da Cidade. A Lei estabelece normaordem pblica e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol docoletivo. Porm, esse assunto ser tratado com maior profundidade no quarto captulo

    pesquisa.Por outro lado, Hanson e Gomes (s. d) entendem que a cadeia produtiva muito

    aos estudiosos e definidores de polticas pblicas de desenvolvimento regional na medidque indstrias correlatas podem ser aglomeradas regionalmente (ou no) nos chamarranjos produtivos ouclusters7, que contribuem em conjunto para o desenvolviment

    7

    Os clusters,tambm denominados pela literatura como Arranjos Produtivos Locais (APLs) so aglomeraesde indstrias e instituies que tm ligaes fortes entre si e que necessitam de renda e de riqueza paradinamicamente competitivas. A essncia do desenvolvimento de umcluster est na criao de capacidades

    d ti i li d

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    podendo ser espontneos ou estimulados por polticas de fomento especfico, principalmno que diz respeito ao estmulo criatividade.

    Desse modo, mesmo que o tema das polticas pblicas criativas seja compreencomo polticas de Estado, consolidadas por projetos solidamente planejados, e no apaes de interesse de governos, fundamental destacar o papel e a importncia da socieorganizada como agente fomentador da conscincia de se pensar a cidade e seustatus criativo,como aborda Landry (2000), ao propositar sobre oGenius Locci8 ou esprito criativo dacidade.

    Por outro lado, a autora Ana Carla Fonseca Reis, economista e consultora em econ

    criativa para a ONU (UNCTAD e PNUD), em palestra na 1 edio do semininternacional Porto Alegre Cidade Criativa, tratando acerca de categorias pertinentecontexto constitutivo de uma cidade criativa, considera que:

    Discutir uma cidade [...] exige reunir pessoas capazes de seguir um fio histrunindo pilares do passado, singularidades do presente e vocaes futuras. Reqtambm, revelar as intrincadas e multifacetadas relaes entre formas de percebcidade, entender suas fragilidades e soltar as velas de seus potenci(SANTANDER, 2009).

    Com base nesse pressuposto, percebe-se que ao tratar o tema da poltica pbvoltada para a criatividade no contexto urbano, a autora a define como sendo aes volpara o desenvolvimento de forma integral da cidade, sobretudo no estmulo s atividculturais. Nesse sentido, aborda que o conceito do pblico pertence ao coletivo. Portpoltica pblica deixa de ser sinnimo de poltica governamental. Em outras palavrasentender que a ideia de a poltica pblica de cultura ultrapassa os limites da pasta de cudo governo e envolve o setor privado e a sociedade civil (REIS, 2007).

    Como aborda Pires (2010), essa viso leva construo de um ambiente favorvdesenvolvimento da economia criativa, mola propulsora das cidades sustentveiinteligentes. Destarte, entende que dever moral do Estado proporcionar aos seus o comum. Logo a Poltica Pblica essencial para gerar desenvolvimento e dignidade humcomo bem conceitua Mehedff (2002, p.13):

    Poltica pblica entendida como um processo de deciso, onde se estabelecemprincpios, as prioridades, as diretrizes que organizam programas e servios diversas reas que afetam a qualidade de vida do cidado. A noo de pol

    8O t d l LANDRY Ch lTh ti Cit A t lkit f b i t

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    pblica corresponde a formas de interveno econmico-social - expressa servios, aes e programas com vistas a um projeto de nao. diferente de poltica de governo, que cuida da administrao e gesto do Estado, pois, na polpblica participam do processo de deciso o governo e a sociedade civil organiza

    Da se abstrai a necessidade de conhecer aspectos da realidade como um processcontnuas mudanas a partir de um esprito inovador e criativo, habitante do espao urbprivilegiando, com nfase, no que se refere tecnologia, talento e tolerncia, como abordaFlorida (2002), ao destacar o sucesso de uma cidade a partir de polticas de incentivproduo tecnolgica, ao desenvolvimento de talentos e ao esprito tolerante atraveducao da conscincia das pessoas.

    Por outro lado, evidente que o desafio de elencar uma cidade condio de cidcriativa enorme. Demanda formulao estratgias pautadas a partir de uma econcriativa. Desafio que como bem destaca Landry (2005) de toda a populao constituda cidade e no s de gestores pblicos. Nesse sentido destaca que as pessoas so o conprincipal da cidade criativa. Por assim ser, a criatividade da cidade pode vir de qualquer fisto , de qualquer pessoa capaz de resolver um problema. Porm fundamental destacapacidade de suas redes tanto quanto de sua administrao. Ademais, poltica pblicacidades criativas nada mais que polticas de investimento nas prprias pessoas para melhor qualidade de vida.

    Ademais, as diferentes abordagens sobre cidades criativas (LANDRY, C, 20FLORIDA, R. 2002; KUNZMANN, K., 2006), buscam destacar a importncia da anuma segunda gerao de polticas pblicas ligadas criatividade e inovao urbana. proposta que vise atrao e fixao de talentos, capacidade de desenvolver investige produtos tecnolgicos (universidades e empresas inovadoras) apoiada numa attolerante, que valorize a diversidade social e cultural, assim como o respeito e conservaespao urbano.

    J em acordo ao que dispe Pires (2010) sobre o desafio de formular poltpblicas capazes de instigar o protagonismo social e um ambiente favorvel criatividadinovao, fundamental o incentivo e a induo de projetos inovadores que visem a mcompetitividade regional, ao fortalecimento cultural e ampliao do carter pbliccidade, como polticas de desenvolvimento criativo. Esta poder ser a forma mais objeti

    transformar uma cidade, assim como Boa Vista, numa cidade inteligente, aumentando mais a sua qualidade de vida.

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    Desse modo, estar tambm fortalecendo sua identidade e suas organizaes soe a sustentabilidade da cidade, assim como as questes de cidadania e liberdade, comoaborda Hartley (2005). No obstante, Reis (2007, p. 143), ao abordar a importnciapolticas culturais no sentido de polticas pblicas, afirma a necessidade de definir objecomuns e especficos a todas as pastas de uma administrao. Lembra ainda que no Bexistem cidades criativas planejadas para tal, e outras que enveredaram por esse caminpartir da intuio de alguns empreendedores.

    Como sugesto, salienta que para fomentar tais cidades criativas no Brasil prerecuperar o patrimnio histrico-cultural; levar artistas para reas no ocupadas do esurbano; atrair talentos; identificar a particularidade local que pode alavancar o crescimeconmico; e capacitar os gestores pblicos para planejar os polos criativos.

    Desse modo ser possvel elevar o grau de desenvolvimento socioeconmico de foracional, garantindo a sustentabilidade e o respeito ao ambiente natural, como base nece sustentabilidade humana.

    2.6 CRIATIVIDADE E SUSTENTABILIDADE URBANA

    As cidades so lugares onde as pessoas podem cumprir uma necessidade social qude viver juntas, como acredita Landry (2006 p.2). Desse modo faz entender qustakeholders9 de cada pas devem negociar com os poderes pblicos as polticas e medi

    mais efetivas para garantir a sustentabilidade no s da diversidade cultural, mas tambque poderamos chamar de ecologia social e cultural que interferem na vida urbana.

    Na contemporaneidade est cada vez mais evidente a interseo entre sustentabilidadesenvolvimento econmico e humano, associados capacidade criativa das pessoacidade (REIS, 2007). Com referncia estrutura produtiva de hoje, encontramos qunovas tecnologias so estimuladas pela ampliao dos conhecimentos e da prtica cient

    9Stakenholder em ingls refere-se a todo ator social que tem um interesse (umstake) em qualquer situao, sobre

    tudo em situaes em que polticas pblicas ou aes privadas afetam a sua vida. Por exemplo, se umanuclear decide se estabelecer num bairro, todos os moradores so stakeholders, porque eles vo sofrer,beneficiar, da produo de energia ou poluio radioativa. O processo democrtico aquele em que tot k h ld t t id d d ti i d i f t id

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    Dentro dessa perspectiva, mister destacar a ideia desenvolvida por Mankiw (2007que os ganhos de uma pessoa dependem da oferta e demanda pelo seu trabalho, que povez dependem do talento natural criativo, do capital humano, dos diferenciais compensatda discriminao e assim por diante. Ao apresentar tal raciocnio, o autor deixa evidente desenvolvimento, seja individual ou coletivo urbano, passa pelo potencial criativo e inovdos indivduos enquanto comunidade. Destaca assim a importncia dos fatores como: tatecnologia e tolerncia, abordados por Florida (2002).

    Nesse sentido, desenvolver um perfil sustentvel ponto determinante paratratividade. Na era da criatividade, necessrio despertar o potencial criativo de to(FLORIDA, 2002). Fazendo uma digresso, percebe-se que j em 2002, o autor salientav"as classes criativas querem viver em locais onde podem refletir e reforar a sua identienquanto pessoas criativas. Isso significa no viver passivamente, mas sim como atorlocal onde habitam. Destaca, ainda, que querem gozar a cultura de rua, mistura de capequenas galerias, onde no se traa a linha divisria entre participante e observacriatividade e criadores. Nesse contexto, destaca-se a capacidade criativa das pessoasdesenvolvimento intelectual e sobretudo relacional, principalmente nos aglomerados humno espao urbano, como se apresenta Boa Vista.

    2.6.1 Cidades criativas culturalmente sustentveis

    As cidades criativas se apresentam na contemporaneidade com caractersticas espeque residem na confluncia entre capacidade de gerao tecnolgica, formao de mentalidade aberta e tolerante e atrao de talento. Entretanto, em acordo ao que abRomeiro (2003), ao destacar uma economia para o meio ambiente, pensar uma cisocioeconomicamente sustentvel, exige uma preocupao especial com uma economiaseja tambm criativa em relao s questes ambientais no espao urbano.

    Uma economia que seja inventiva e inovadora o suficiente para uma interseo posentre os 3Ts de Florida e com a poltica dos 3Rs da conservao ambiental. Segundo Rie Filho (2008) os trs erres (R) esto relacionados capacidade criativa de reduzir a pol

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    e a degradao do ambiente natural urbano diminuindo a quantidade de lixo; em reutobjetos que se descartados na natureza poderiam aumentar desnecessariamente o volumlixo urbano. E, por fim, o ltimo R ou capacidade criativa de reciclar, est relacionacapacidade de transformar lixos em objetos reutilizveis.

    Nesse contexto, Reis (2008), deixa claro que uma cidade criativa culturalmsustentvel deve ser entendida como uma cidade capaz de transformar continuamenteestrutura socioeconmica, com base na criatividade de seus habitantes e em uma aliana suas singularidades culturais e suas vocaes econmicas. nessa convergncia de objeentre agentes e setores que se desenha uma estratgia comum, contnua, voltada a resulsociais, culturais e econmicos.

    Uma cidade para ser culturalmente sustentvel deve se preocupar, principalmente, duas dimenses prosseguidas em seu objetivo de desenvolvimento socioeconmico e humA primeira a dimenso da promoo de uma criatividade especial e a segunda relacionada determinao da regio geogrfica. Nesse sentido, vale destacar mais umLandry (2004), que ao abordar o esprito do lugar, deixa claro seu pensamento a respeiimportncia do espao geogrfico na estruturao de uma cidade que consolida seu mod

    governana em polticas criativas.Desse modo, pode-se verificar que a ideia de uma cidade criativa culturalm

    sustentvel tem sua razo de ser a partir da melhoria na qualidade dos servios prestadodiversidade e qualidade dos lugares (WU, 2005,apud VASCONCELOSet. al, 2009), assimcomo na diversidade de suas atividades criativas e dos seus impactos na economiaregenerao urbana, na educao ou na promoo de eventos culturais e comerciais, tudvoltado para a promoo da qualidade de vida e do bem-estar humano (VASCONCELOet.

    al, 2009).Nesse sentido torna-se importante a ideia de que a cultura e a cidade so os vec

    para transmisso daquilo que permanece e que por permanecer dever gerar bem estar sDesse modo, entender a cidade como o lugar do acmulo de culturas e da interao mentre ambas, perceb-la como ferramentas na construo de sentido. No entanto, de accom Brando (2010), os muros que separavam as primeiras cidades do meio natural ftrazidos para dentro, com a formao de guetos, tribos e gangues.

    Partindo dessa premissa pode-se constatar que uma economia cultural voltadadesenvolvimento e sustentabilidade urbana requer mais que medidas e incentivos A a

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    est certa de que a Conveno para a Proteo e Promoo da Diversidade das ExpreCulturais um bom ponto para uma cidade criativa culturalmente sustentvel, pois estabum marco de referncia para legislar medidas especficas voltadas sustentabilidade culgarantindo um desenvolvimento socioeconmico e humano.

    2.7 TURISMO E PATRIMNIO CULTURAL NAS CIDADES CRIATIVAS

    De acordo com o pensamento de Florida (2002), possvel afirmar que o potenturstico de uma cidade est ligado a sua capacidade de atrair pessoas, comeando pela ccriativa. Destarte, entende que as cidades tm que oferecer um ambiente cultural e sorgnico, dinmico e de abertura diversidade, pois essa atmosfera permite que tal evpossa vir a acontecer.

    O termo patrimnio cultural expressa o conjunto das produes naturais e humanasd sentido existncia. Nesse sentido vale lembrar que est intimamente ligado s categ

    de tempo, espao, circunstncia, relao e aos hbitos adquiridos. Partido dessa premVogler (2009), salienta que o patrimnio cultural, apesar de ser histrico, transcendpassado e a prpria produo, remetendo o homem e a natureza criativa humana para o fPor esse sentido proposita que deve ter-se presente que o patrimnio cultural:

    incluy no slo monumentos y manifestaciones del passado, sino las diversamanifestaciones de la cultura, tales como las artesanais y artes populares, laindumentaria, los conocimientos, costumbres y tradiciones, los escritoscaractersticas culturales del grupo11 (VOGLER, 2009, p. 119).

    O aproveitamento das potencialidades criativas de uma cidade ou regio como fturstica, precisa de planejamento srio, com polticas bem definidas que no visem apeobjetivos economicistas, mas principalmente uma sustentabilidade do ambiente natusocial, na busca de uma qualidade de vida duradoura e que v alm da promoodesenvolvimento puramente econmico. O patrimnio cultural, seja ele tangvel ou intan

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    Traduo: inclui no apenas monumentos e manifestaes do passado, mas as diversas manifestacultura, tais como artesanais e arte popular, roupas, conhecimentos, costumes e tradies, os escritcaractersticas culturais do grupo.

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    pode oferecer oportunidades para um desenvolvimento sustentvel de atividades tursticadevem ser sabiamente aproveitadas por uma cidade com tendncia criatividade.

    Nesse sentido Reis (2007, p.257) entende que:

    fundamental planejar o turismo cultural, do mapeamento realizao, de msustentvel e integrado comunidade. O turismo cultural pode representar importante fator de desenvolvimento sustentvel, desde que seus pontencimpactos negativos sejam identificados e controlados. Conforme o turismo se ficomo um dos setores econmicos mais importantes do mundo, a preocupao corespeito aos patrimnios tangveis e intangveis deve receber ateno redobrada.

    Por outro lado, no h dvidas de que a sustentabilidade de alguns projetos de tur

    cultural, pode ser observada no caso de suposta revitalizao de centros histricos da cicomo existem em algumas cidades mesmo no Brasil. Essa uma maneira de cuidapatrimnio cultural histrico urbano, para a promoo do turismo cultural criativo sustencomo ferramenta na gerao de emprego e renda.

    2.7.1 Turismo e turista cultural criativo sustentvel

    A atividade turstica tem um papel destacvel no contexto das relaes intercultuassim como no processo de desenvolvimento socioeconmico e humano de uma ciregio ou pas. Todavia h que reconhecer o desafio em extrair os benefcios econmicoturismo cultural sem que a cultura seja reduzida a uma mercadoria trivial, assim cdeteriorar o patrimnio ou mesmo descaracterizar as manifestaes tradicionais de

    determinado lugar.

    Por assim ser, a definio de turismo cultural pode diferir de pas para pas. Partdeste pressuposto, Reis (2007) destaca que a Organizao Mundial do Turismo (Oentende turismo cultural como um fluxo de pessoas cujo objetivo principal est relacionfestivais, que englobam todo tipo de evento atrativo numa cidade ou regio.

    Por outro lado, a autora destaca que na concepo do Instituto Brasileiro de Turi(EMBRATUR), turismo cultural se d por meio de visitas a monumentos histricorelacionados a obras de arte, relquias, antiguidades, concertos, msicas, museu

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    pinacotecas. Em outras palavras, a busca das pessoas em satisfazer emoes artsticinformaes culturais.

    Com esse fito, o turista cultural ou criativo entendido como aquela pessoa qudesloca do lugar onde viv