ecologia apostila 1

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Ecologia

O CAMPO DE ESTUDO DA ECOLOGIA

A Ecologia (oikos = casa e, por extenso, ambiente; logos - estudo) a cincia que estuda como os seres vivos se relacionam entre si e com o ambiente em que vivem e quais as consequncias dessas relaes. Neste captulo, vamos apresentar alguns conceitos bsicos dessa cincia. 1.Nveis de organizao da vida

A maioria dos organismos pluricelulares formada por grupos especializados de clulas, os tecidos, que se agrupam em rgos. Estes esto integrados em unidades mais amplas, os sistemas, reunidos no organismo . A Ecologia preocupa-se com as relaes que ocorrem em formas de organizao que vo alm do organismo: populaes, comunidades e ecossistemas. As populaes so formadas quando vrios indivduos da mesma espcie passam a viver em uma mesma rea e mantm relaes entre si. No caso da populao humana de uma cidade, da populao de esquilos de uma floresta ou da populao de sapos de uma lagoa. Populaes que habitam a mesma rea mantm entre si vrias relaes e formam um novo nvel de organizao, chamado de comunidade, biocenose, biota ou comunidade bitica . A Ecologia estuda tambm as relaes entre os seres vivos e o meio fsico (ar, luz,temperatura, umidade, tipo de solo, etc.). Esses fatores fsicos e qumicos do ambiente

que interagem com os seres vivos so chamados de abiticos (a - sem; bios = vida), em oposio aos biticos, formados pelos seres vivos. O conjunto dos fatores fsicos e qumicos chamado de bitopo (topos = lugar). A reunio e a interao da comunidade com o ambiente fsico forma um sistema ecolgico ou ecossistema. Uma floresta, com sua vegetao, seus animais, seu tipo de solo e seu clima caracterstico, um ecossistema, assim como um lago, um oceano, um tronco de rvore e um simples aqurio. O conjunto de florestas, campos, desertos e de outros grandes ecossistemas forma a biosfera: conjunto de regies do planeta em condies de sustentar a vida de modo permanente. Ela estende-se de cerca de 8 km acima da superfcie da Terra (do topo de altas montanhas) at cerca de 8 km abaixo da superfcie dos oceanos. 2.Habitat e nicho ecolgico Para a Ecologia, o lugar em que uma espcie encontrada (seu "endereo" na comunidade) chama-se habitat. O conjunto de relaes que a espcie mantm com as outras espcies e com o ambiente fsico recebe o nome de nicho ecolgico ou, simplesmente, nicho. Desse modo, para descobrir o nicho de uma espcie, precisamos saber do que ela se alimenta, onde e em que hora do dia obtm esse alimento, onde se reproduz e se abriga, etc. O nicho corresponde ao modo de vida ou ao papel ecolgico que a espcie desempenha no ecossistema. Por exemplo, o leo e a zebra vivem nas savanas africanas, mas o leo carnvoro e a zebra herbvora. Portanto, embora vivam no mesmo habitat, essas duas espcies tm nichos diferentes.

CADEIAS E TEIAS ALIMENTARES H uma constante passagem de matria e de energia pelos seres vivos de uma comunidade; por exemplo, o capim comido pelo boi e este comido pelo ser humano. A sequncia de seres vivos em que um serve de alimento a outro chamada de cadeia alimentar.

1.Cadeia alimentar

Os organismos autotrficos (plantas e alguns seres unicelulares) produzem substncias orgnicas a partir de gs carbnico, gua e sais minerais. A energia usada no processo pode vir de reaes qumicas (quimiossntese), mas a principal fonte a luz solar (fotossntese). Esses organismos so os produtores ou produtores primrios do ecossistema, pois os compostos orgnicos do seu corpo serviro de alimento a todos os outros seres (os heterotrficos). Para se alimentar, os animais herbvoros dependem diretamente dos vegetais; por isso so chamados de consumidores primrios. Esses animais servem de alimento aos carnvoros, que so os consumidores secundrios. Esses carnvoros tambm podem servir de alimento a outros carnvoros, que so os consumidores tercirios, e assim por diante, formando uma cadeia alimentar . Cada etapa da cadeia alimentar chamada de nvel trfico. Parte da matria orgnica do corpo dos organismos passa para o nvel trfico seguinte. Outra parte, representada por folhas, galhos, fezes, excretas e cadveres, devolvida ao ambiente. No solo ou na gua essa matria orgnica morta transformada em substncias minerais pela atividade dos fungos e das bactrias, os de-compositores (saprbios, saprfagos ou saprfitos). Como essas substncias minerais so utilizadas novamente pelos vegetais na fotossntese, esses seres desempenham um papel fundamental ao promoverem a reciclagem da matria orgnica. Sem eles, a matria mineral necessria fotossntese se esgotaria e a Terra se transformaria em um amontoado de cadveres e detritos orgnicos.

2.Teia alimentar

Muitos animais tm alimentao variada, e outros servem de alimento a mais de uma espcie. H tambm animais que, por se alimentarem de vegetais e de animais, no se prendem a um nico nvel trfico e podem ser consumidores primrios, secundrios ou tercirios. So os animais onvoros (omni = tudo; vorare - devorar), como o ser humano. Portanto, em uma comunidade h um conjunto de cadeias interligadas, que formam uma teia ou rede alimentar . Nos ecossistemas terrestres os principais produtores so os vegetais. Nos aquticos (rios, mares, lagos, etc.), so as algas microscpicas, que formam o fitoplncton (seres autotrficos que flutuam livremente na gua). As algas servem de comida ao zooplncton (conjunto de seres heterotrficos que tambm flutuam nas guas: protozorios, pequenos invertebrados e larvas de moluscos, aneldeos, artrpodes, etc.). Entre os consumidores secundrios h pequenos peixes, que so comidos por peixes maiores, golfinhos e pelo ser humano (consumidores tercirios). Em todos os ecossistemas os decompositores so formados por bactrias e fungos.

Fluxo de matria e de energia

A energia luminosa do Sol transformada em energia qumica e armazenada nos compostos orgnicos produzidos pela fotossntese. Boa parte desses compostos consumida na respirao da planta e eliminada na forma de gs carbnico, gua e outras substncias minerais. Desse modo, a planta consegue a energia para seu metabolismo. Parte dessa energia sai da planta na forma de calor. O restante da matria orgnica passa a fazer parte do corpo do organismo (razes, caules e folhas, no caso dos vegetais superiores). A parte da matria orgnica e da energia que fica retida nos autotrficos compe o alimento disponvel para os consumidores. Uma parte das substncias ingeridas por um animal eliminada nas fezes e na urina. Outra oxidada na respirao para a produo da energia necessria s atividades do organismo. Esses processos se repetem em todos os nveis da cadeia alimentar. Em mdia, apenas 10% da energia de um nvel trfico passa para o seguinte. Por isso uma cadeia alimentar dificilmente tem mais de cinco nveis, pois a quantidade cada vez menor de matria e de energia disponveis ao longo da cadeia permite sustentar uma quantidade cada vez menor de consumidores. Desta maneira, os resduos voltam para a cadeia pela ao dos decompositores e da fotossntese. Assim, a matria de um ecossistema nunca se esgota. No entanto, parte da energia transformada em trabalho celular ou sai do corpo do organismo na forma de calor - e este uma forma de energia que no pode ser usada na fotossntese. Por isso o ecossistema precisa, constantemente, receber energia de fora. Em outras palavras, enquanto a matria do ecossistema est em permanente reciclagem, parte da energia se perde como calor. H um fluxo unidirecional de energia, que vai dos produtores para os consumidores.

Produtividade dos ecossistemas A quantidade de matria orgnica acumulada pelas plantas de um ecossistema em certo intervalo de tempo e por determinada rea ou volume chamada de produtividade primria bruta (PPB). Se descontarmos dessa parte aquela consumida pela prpria planta na respirao (R), a que sobra chamada de produtividade primria lquida (PPL):

PPB - R = PPL.

A produtividade secundria corresponde quantidade de matria orgnica (bruta ou lquida) acumulada pelos consumidores em certo intervalo de tempo e por rea ou por volume. A produtividade pode ser expressa em gramas ou quilogramas de matria orgnica seca (uma vez que queremos medir a matria e no a gua) por metro quadrado por ano (ou por dia). Ela pode ser medida tambm em funo da energia absorvida ou transferida para determinado nvel da cadeia e expressa em quilocaloria-rias por metro quadrado por ano (ou por dia). A produtividade de um ecossistema depende do clima da regio e este varia de acordo com a latitude (distncia em relao ao equador) e a altitude. Em geral, ela diminui medida que os ecossistemas se distanciam do equador ou se situam em altitudes mais altas nas florestas tropicais, que ficam, em geral, prximas ao equador, por causa da maior intensidade de luz, de temperatura e de chuvas, o que favorece a fotossntese e o crescimento rpido das plantas. Diminui um pouco nas florestas temperadas (que existem nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo) e cai mais ainda na floresta de conferas (mais prxima dos polos) e na tundra (ao redor do plo norte). Nos desertos mais ridos, onde a quantidade de chuva muito baixa, ela pode chegar a apenas 3 g/m2 ano. Nas regies costeiras, sobretudo nos esturios (foz do rio onde se misturam gua doce e gua do mar), onde os rios trazem para o mar os sais minerais necessrios fotossntese das algas, a produtividade alta. Mas baixa em alto-mar, uma vez que os sais minerais se depositam no fundo, onde no h luz suficiente para a fotossntese ocorrer.

5.Pirmides ecolgicas Podemos representar os nveis trficos de um ecossistema por meio de retngulos superpostos, que formam uma pirmide ecolgica (os decompositores no so includos nas pirmides). H trs tipos de pirmides: a- Pirmide de nmero -

Na maioria das cadeias alimentares, os predadores de um nvel superior costumam ser maiores que os do nvel inferior. Podemos compreender esse fato se lembrarmos que, em princpio, a captura da presa se torna mais fcil se o predador for maior. Mas o nmero de indivduos por rea ou por volume em um ecossistema diminui da base para o pice da pirmide, pois necessria uma grande quantidade de indivduos de pequeno porte para sustentar um pequeno nmero de indivduos de porte maior. Algumas vezes essa situao pode se inverter. Por exemplo, certos animais, como os lobos, caam em bandos e conseguem capturar presas bem maiores que eles. O mesmo ocorre com os parasitas ou uma rvore grande, que sustenta vrios herbvoros pequenos. Nesses casos, a pirmide invertida: a base menor que o pice.

b- Pirmide de biomassa -

A quantidade de matria orgnica presente no corpo dos seres vivos de determinado nvel trfico chamada de biomassa. Frequentemente, ela expressa em peso seco (para descontar a gua, que no matria orgnica) por unidade de rea (g/m2, por exemplo) ou de volume (g/m3). Por causa da perda de matria de um nvel para outro, em geral ela diminui ao longo da cadeia. O ecologista Eugene Odum calculou que cerca de 8 t de alfafa sustentam 11 de bezerros em um ano e estes alimentam nesse perodo um adolescente de 47 kg . Tambm pode aparecer uma pirmide invertida. c-Pirmide de energia -

Neste caso, representamos em cada nvel trfico a quantidade de energia emitida porunidade de rea ou de volume e por unidade de tempo (kcal/m2 ano). Assim, a

pirmide de energia indica a produtividade de um ecossistema, pois considera o fator tempo; por isso nunca fica invertida. Magnificao trfica Um dos mais srios problemas atuais o constante acmulo no ambiente de subprodutos de indstrias qumicas - como chumbo e mercrio - e de molculas sintticas - como plsticos, detergentes e inseticidas. Esses produtos no podem ser decompostos pelas bactrias e pelos fungos, que no possuem enzimas capazes de destru-los ou oxid-los. Ou seja, esses compostos no so biodegradveis. A matria no biodegradvel no eliminada pelos seres vivos ou eliminada muito lentamente e aos poucos se acumula no ambiente. O acmulo desses produtos no corpo de um ser vivo chamado de bioacumulao. Por causa da reduo da biomassa na passagem de um nvel trfico para outro, a concentrao do produto txico aumenta nos organismos ao longo da cadeia e os seres dos ltimos nveis acabam absorvendo doses altas dessas substncias, prejudiciais sade. Esse fenmeno conhecido como magnificao trfica ou amplificao biolgica. Um caso trgico de intoxicao por mercrio ocorreu em 1932 no Japo, quando uma indstria comeou a despejar mercrio, usado na produo de ma-tria-prima para plsticos, nas guas da baa de Mina-mata. O mercrio foi absorvido pelo plncton e, pela cadeia alimentar, atingiu os peixes e moluscos, que serviam de alimento para a populao local. Na dcada de 1950, comearam a aparecer os problemas por causa do depsito de mercrio no sistema nervoso, no fgado e no rim e cerca de mil pessoas morreram e mais de 2 mil ficaram surdas, paralticas ou cegas, no que foi chamado de "doena de Minamata". J em 1969, houve um decrscimo acentuado da populao de pssaros em torno dos lagos na Sucia central. Foram afetados especialmente os pssaros que se alimentavam de peixes. Seus tecidos continham nveis surpreendentemente altos de mercrio, mas a natureza de sua dieta no indicava que se tivessem envenenado por sementes tratadascom compostos de mercrio. Suspeitou-se, ento, da poluio industrial causada pelas fbricas ao redor do lago, que produziam derivados da polpa da madeira. A princpio suspeitou-se de que os fungicidas com mercrio, adicionados para a preservao da

madeira, teriam sido concentrados ao longo da cadeia alimentar; depois, suspeitou-se do prprio mercrio elementar liberado acidentalmente pela fbrica de soda custica. Assim, a histria seria paralela de Minamata Em certos estados do Brasil, principalmente Amazonas, Par e Mato Grosso, os garimpeiros usam o mercrio para separar o ouro das impurezas, e isso polui os rios da regio. Pela cadeia alimentar, o mercrio pode chegar a uma concentrao perigosa no corpo dos peixes, que, se ingeridos pelas pessoas, pode provocar doenas.

CICLOS BIOGEOQUMICOS 1.Ciclo do carbono

As cadeias de carbono que formam as molculas de acares so fabricadas pelos seres autotrficos por meio da fotossntese, na qual ocorre absoro de gs carbnico do ambiente. Dessa forma, o carbono passa a circular pela cadeia alimentar. Sua volta ao ambiente se d na forma de gs carbnico por meio da respirao de praticamente todos os seres vivos (microrganismos, animais e vegetais), da decomposio de seus corpos aps a morte e da combusto da matria orgnica. Efeito estufa e aquecimento global O gs carbnico forma uma barreira na atmosfera que deixa passar a luz do Sol e retm o calor irradiado pela superfcie terrestre, semelhana do que ocorre em uma estufa de vidro na qual se cultivam plantas. O vidro deixa passar a luz, que absorvida pelo solo e

refletida na forma de calor. As ondas de calor no atravessam bem o vidro, so refletidas e aquecem a estufa. Por essa razo o efeito do aquecimento do planeta chamado de efeito estufa . Tambm colaboram, em menor grau, para esse efeito o vapor de gua na atmosfera, o gs metano (produzido na decomposio da matria orgnica e na fermentao da comida no intestino de cupins e ruminantes), o dixido de nitrognio (produzido na combusto da matria orgnica) e os clorofluorcarbonos (CFCs, que tm algumas aplicaes industriais, como veremos no ciclo do oxignio). O efeito estufa mantm a temperatura mdia da Terra em torno de 15oC. Sem ele, o planeta estaria permanentemente coberto por uma camada de gelo e sua temperatura mdia estaria em torno de -18oC. Com o aumento da produo de gs carbnico, por causa da queima de combustveis fsseis (carvo e petrleo dos motores, das indstrias e usinas) e, em menor grau, pelas queimadas de florestas, a concentrao desse gs vem aumentando gradativamente e h muitas evidncias de que esse fato vem provocando um aumento na temperatura mdia da Terra. Esse fenmeno chamado de aquecimento global. O aumento da temperatura pode provocar a subida do nvel dos mares por causa da expanso trmica da gua (a gua quente ocupa mais volume que a fria) e do degelo de parte das calotas polares. Algumas estimativas indicam aumento de 1,4oC a 5,8oC em 100 anos (o aquecimento global mdio durante o sculo XX foi de pouco mais de 0,5oC), com aumento do nvel do mar de 88 cm no fim desse perodo. Com esse aumento, grandes reas do litoral seriam inundadas, muitas ilhas ficariam submersas e muitas pessoas ficariam desabrigadas. Alm disso, o avano das guas salgadas pode contaminar os reservatrios de gua doce mais prximos das regies costeiras. O aquecimento do planeta tambm poder interferir nos caminhos das correntes de ar e de gua e alterar o regime de chuvas e o clima de vrias regies, prejudicando a agricultura. Outro fator negativo seria a proliferao de insetos (que se reproduzem melhor em climas mais quentes) que transmitem microrganismos patognicos e que atacam plantaes. Alguns estudos indicam que os pases em desenvolvimento sero muito prejudicados pelo aquecimento global, com queda na produo de alimentos de 25% at 2080 (embora algumas culturas possam ser beneficiadas). Finalmente, o aquecimento provocaria tambm a extino de muitas espcies. Pensando nesse problema, os pases tm se reunido e apresentado propostas para reduzir gradativamente a emisso dos gases causadores do efeito estufa. possvel, por exemplo, reduzir o consumo de combustveis fsseis se houver equipamentos mais

eficientes, que queimem menos combustvel. Outra sada investir no aproveitamento de fontes alternativas de energia, que no emitam gs carbnico Nessas discusses, os pases pobres lembram que os ricos, mais industrializados, so em geral os maiores responsveis pelo aquecimento global, pois consomem, proporcionalmente, mais combustveis e energia. Por exemplo, com 5% da populao mundial, os Estados Unidos so responsveis por cerca de 25% da emisso de gases que aumentam o efeito estufa em todo o planeta. Por isso os pases desenvolvidos devem controlar mais a emisso desses gases e o desperdcio de energia. Os Estados Unidos argumentam que essas medidas no podem ser adotadas rapidamente, pois podem provocar desemprego (a economia seria desacelerada), e insistem que os pases pobres devem proteger suas florestas, evitando queimadas e promovendo o reflorestamento. 2.Ciclo do oxignio

O gs oxignio produzido durante a construo de molculas orgnicas pela fotossntese e consumido quando essas molculas so oxidadas na respirao ou na combusto . Na estratosfera (camada da atmosfera entre 10 km e 45 km de altura), parte desse gs transformada em oznio pelos raios ultravioleta com comprimento de onda menor que 200 nm. Esse oznio transformado em oxignio pelos raios ultravioleta com comprimento de onda entre 200 nm e 300 nm. Essas duas reaes (O2 O3) permitem que se mantenha na estratosfera uma camada de oznio em equilbrio, que funciona como um filtro protetor, retendo cerca de 80% de toda a radiao ultravioleta.

Com a destruio dessa camada, mais raios ultravioleta chegam Terra, o que representa srio perigo para o ser humano e o meio ambiente. Destruio da camada de oznio A camada de oznio vem sendo destruda por gases liberados por avies supersnicos (que voam acima de 20 km de altitude) e, principalmente, pelos clorofluorcarbonos (CF2C12 e CFC13), grupo de gases usados na indstria. Sob ao dos raios ultravioleta, os CFCs liberam tomos de cloro, que reagem com ooznio e o transformam em oxignio No fim da reao, os tomos de cloro so regenerados e destroem outras molculas de oznio. O processo de formao de oznio a partir do oxignio no interrompido, mas a sua velocidade inferior de destruio, o que leva a uma reduo da sua concentrao. Na dcada de 1930, os CFCs foram considerados extremamente prticos, pois eram inertes, no inflamveis nem txicos ou corrosivos, e podiam ser utilizados para dar presso em embalagens sprays (aerossis) de inseticidas, desodorantes, etc. Eles tambm foram usados como gs de refrigerao em geladeiras e aparelhos de ar condicionado, na limpeza de circuitos eletrnicos e na fabricao de espuma de plstico e isopor. Quando aqueles aparelhos precisam de conserto ou viram sucata e os produtos so destrudos, esses gases escapam para a atmosfera e formam-se "buracos" na camada de oznio, que correspondem a regies em que essa camada mais fina, pelas quais os raios ultravioleta passam em maior quantidade. O aumento da passagem de radiao ultravioleta pode reduzir a fotossntese comprometendo as colheitas - e mesmo destruir o fitoplncton - provocando desequilbrios nos ecossistemas aquticos. No ser humano, esse tipo de radiao aumenta a incidncia de cncer de pele (por causa do aumento da taxa de mutaes), de catarata (por leses no cristalino) e de prejuzos ao sistema imunolgico. Algumas medies revelaram uma destruio maior do oznio - chegando a 50% - sobre a Antrtida,mas trata-se de um fenmeno cclico. A massa de ar com gases que destroem o oznio permanece estacionria em certas estaes do ano, o que reduz sua concentrao. Com a mudana de estao, o ar renovado e a destruio diminui. Foram feitas vrias reunies internacionais para decidir a reduo da produo de CFCs e sua substituio por gases que no atacam a camada de oznio. Em setembro de 1987, foi assinado o Protocolo de Montreal e, desde que entrou em vigor, as emisses de CFCs

diminuram 97% nos pases industrializados e 84% nos demais. 3.Ciclo da gua

Cerca de 71% da superfcie da Terra coberta por gua em estado lquido. Do total desse volume, aproximadamente 97% esto nos oceanos. Cerca de 2% da gua do planeta est no estado slido, nas grandes massas de gelo nas regies prximas aos plos e no topo de montanhas muito elevadas. A gua doce (com concentrao de sais inferior a 0,5 g/L) e no estado lquido est nos rios, nos lagos e nas represas, infiltrada nos espaos do solo e das rochas, nas nuvens e nos seres vivos, e corresponde a apenas 1% do total de gua do planeta. A energia solar desempenha um papel importante no ciclo da gua. Graas a ela, a gua em estado lquido sofre constante evaporao e penetra na atmosfera. Nas camadas mais altas e mais frias da atmosfera, o vapor de gua se condensa e forma nuvens. As gotas de gua nas nuvens so to pequenas que a turbulncia e as correntes de ar as mantm flutuando. Quando vrias gotas se juntam, elas podem ficar muito pesadas para se manter no ar e se precipitam na forma de chuva, neve ou granizo. Pelo escoamento superficial, a gua pode formar rios e lagos e voltar para o oceano. Pode tambm infiltrar-se no solo e formar os lenis subterrneos ou freticos. Essa gua passa aos poucos para os rios, lagos e mares. Ela pode sair tambm em alguns pontos da superfcie do solo e formar as fontes de gua, ou ser retirada pelas razes das plantas ou dos poos cavados pelo ser humano. Observe na figura acima os dois tipos de ciclo da gua ou hidrolgico:

curto ou pequeno - ocorre pela evaporao da gua dos oceanos, rios, mares e lagos e sua volta superfcie da Terra na forma de chuva e neve; longo ou grande - a gua passa pelo corpo dos seres vivos antes de voltar ao ambiente. Ela retirada do solo pelas razes dos vegetais, utilizada na fotossntese e pode, pela cadeia alimentar, ir para o corpo dos animais. Volta para a atmosfera por meio da transpirao ou da respirao e para o solo na urina, nas fezes ou pela decomposio das folhas e dos cadveres. 4.Ciclo do nitrognio

Apesar de 78% da atmosfera ser constituda de gs nitrognio, a maioria dos seres vivos no pode utiliz-lo diretamente nessa forma. Os vegetais s conseguem us-lo na forma de amnia ou de nitrato. Os animais aproveitam o nitrognio na forma de aminocidos. O ciclo do nitrognio compe-se das seguintes etapas : fixao do nitrognio - processo em que algumas bactrias conseguem utilizar o nitrognio atmosfrico fazendo-o reagir com hidrognio para produzir amnia, que pode ser incorporada s substncias orgnicas (pode combinar-se com o gs carbnico para formar aminocidos). Para isso utilizam uma enzima especial, a nitrogenase. Entre as cianobactrias fixadoras esto a Nostoce a Anabaena; entre outras bactrias, a Azotobacter e a Clostridium. H tambm as bactrias do gnero Rhizobium que vivem nas razes das plantas leguminosas (feijo, soja, ervilhas, amendoim, alfafa, etc.). Nas razes dessas plantas, h pequenos ndulos com milhes de bactrias fixadoras. Uma parte do nitrognio fixado fornecida leguminosa e o excesso liberado no solo na forma de

amnia Portanto, essas bactrias funcionam como adubo vivo, fornecendo nitrognio planta, que lhes fornece alimento (trata-se de um mutualismo). Um pouco do nitrognio atmosfrico transforma-se em xidos de nitrognio pela ao de relmpagos. Na combinao com a gua das chuvas, esses xidos produzem cido ntrico, que, levado para o solo, origina os nitratos; amonificao - processo em que bactrias, fungos e outros decompositores formam amnia por meio da composio de protenas, cidos nucleicos e resduos nitrogenados presentes em cadveres e excretas; nitrificao - transformao da amnia em nitrato, que ocorre em duas etapas:nitrosao, em que a amnia oxidada em nitrito pelas bactrias nitrosas (gneros Nitrosomonas, Nitrosococcus e Nitrosolobus); e nitratao, em que esse nitrito liberado no solo e oxidado a nitratos por bactrias ntricas (do gnero Nitrobacter). Os dois tipos de bactrias usam a energia liberada nessa oxidao para produzir compostos orgnicos (quimiossntese). Os nitratos so absorvidos e utilizados pelas plantas na fabricao de suas protenas e de seus cidos nucleicos Pela cadeia alimentar, passam para o corpo dos animais; desnitrificao - na ausncia de oxignio atmosfrico, bactrias como a Pseudomonas denitrificans usam o nitrato para oxidar compostos orgnicos e produzir energia. Uma parte dos nitratos do solo transformada novamente em gs nitrognio e volta para a atmosfera. Fertilizao do solo Nas culturas agrcolas uma parte dos vegetais colhidos consumida nas cidades; portanto, sai do ecossistema e impede a reciclagem dos sais. Para compensar isso, so fornecidos ao solo nitrognio, fsforo, potssio e outros elementos na forma de adubos ou de fertilizantes sintticos. Os fertilizantes base de nitrognio podem ser produzidos industrialmente por meio de uma fixao artificial, com a transformao do nitrognio do ar em amnia sob condies de alta temperatura e presso. Outra maneira de devolver ao solo os sais de nitrognio a rotao de culturas, prtica agrcola em que se alterna o plantio de arroz, milho, trigo, etc. com plantas leguminosas (estas repem pela fixao os sais de nitrognio

que os outros vegetais retiram do solo). Alm disso, aps a colheita, folhas e ramos das leguminosas podem ser enterrados no solo para servir de adubo natural (enriquecendo o solo com compostos nitrogenados). Isto constitu a adubao verde. 5.Ciclo do Fsforo

Alm da gua, do carbono (C), do nitrognio (N) e do oxignio (O), tambm o fsforo (P) importante para os seres vivos. Este elemento faz parte, por exemplo, do material hereditrio e das molculas energticas de ATP. Em certos aspectos, o ciclo do fsforo mais simples que os ciclos do carbono e do nitrognio, pois, como no h muitos compostos gasosos de fsforo, no h passagem de tomos desse elemento pela atmosfera. Outra razo para a simplicidade do ciclo do fsforo a existncia de apenas um composto de fsforo realmente importante para os seres vivos: o on fosfato (P03-4). As plantas obtm fsforo do ambiente ao absorver fosfates dissolvidos na gua e no solo. Os animais obtm fosfates na gua e no alimento. Os processos de decomposio da matria orgnica devolvem o fsforo ao solo ou gua. Da, parte dele levada pelas chuvas para os lagos e mares, onde acaba se incorporando s rochas. Nesse caso, o fsforo s retorna aos ecossistemas bem mais

tarde, quando essas rochas se elevam em consequncia de processos geolgicos e, na superfcie, so decompostas e transformadas em solo. Assim, no ciclo do fsforo distinguem-se dois aspectos, relacionados a escalas de tempo bem diferentes. Uma parte dos tomos do fsforo reciclada localmente, entre o solo, plantas, consumidores e decom-positores, em um tempo relativamente curto, que podemos chamar de ciclo de tempo ecolgico. Outra parte do fsforo ambiental sedimentada e incorporada s rochas; seu ciclo envolve um tempo muito mais longo; por isso, pode ser chamado de ciclo de tempo geolgico.

Relaes EcolgicasTipos de relao ecolgica Os organismos de uma comunidade biolgica interagem entre si. Essas interaes, denominadas genericamente relaes ecolgicas, costumam ser classificadas pelos bilogos em intra-especficas e interespecficas. Relaes intra-especficas so as que se estabelecem entre indivduos de mesma espcie, enquanto relaes interespecficas so as que se estabelecem entre indivduos de espcies diferentes.

Relaes intra-especficasOrganismos de mesma espcie quase sempre disputam recursos do meio; h situaes, entretanto, em que eles se auxiliam mutuamente, trocando benefcios. No primeiro caso, fala-se em competio intra-especfica e, no segundo, em cooperao intraespecfica. Competio intra-especfica: Competio intra-especfica a disputa, entre indivduos de mesma espcie, por um ou mais recursos do ambiente. Dependendo da espcie, pode ocorre: competio por gua, alimento, minerais, luz, locais para construir os ninhos, parceiros para reproduo etc. Alm da luta fsica por alimento ou por parceiros de reproduo, a competio pode manifestar-se de outras formas. Por exemplo, se um animal muito ativo na procura de alimento, ele tende a levar vantagem competitiva sobre outro mais lento, principalmente se o alimento for escasso. Plantas podem competir por gua e por nutrientes disponveis no

solo, e tambm por locais onde a luminosidade seja mais adequada. Em certas regies desrticas, por exemplo, observa-se uma distribuio espaada dos indivduos de certas populaes de plantas. Isso se deve competio pelo suprimento de gua no solo, que faz as plantas manterem uma distncia entre si, distribuindo-se com certa homogeneidade na rea ocupada pela populao. Cooperao intra-especfica: colnias e sociedades Colnias Uma das formas de cooperao intra-especfica a colnia, em que indivduos de mesma espcie vivem agrupados, interagindo de forma mutuamente vantajosa. Entre os componentes de uma colnia h sempre diviso de trabalho, cujo grau varia de acordo com a espcie. A complexidade das colnias e a maneira pela qual seus componentes dividem as tarefas de sobrevivncia variam. Por exemplo, diversos tipos de bactria formam colnias relativamente simples, em que um conjunto de indivduos semelhantes compartilha uma massa gelatinosa, produzida pela colaborao de todos. Outras colnias so bastante complexas, sendo formadas por indivduos especializados, que repartem funes e podem ser bem diferentes uns dos outros. Quando os indivduos de uma colnia so semelhantes, fala-se em colnia isomorfa (do grego isos, igual, semelhante, e morfio, forma); quando a colnia constituda por indivduos diferentes entre si, fala-se em colnia heteromorfa (do grego heteros, diferente). A alga colonial Volvox, que vive em gua doce, um exemplo de colnia heteromorfa. Colnias dessa alga podem conter mais de 1.000 indivduos unicelulares biflagelados, dispostos lado a lado, formando uma esfera oca. Dentro dessa esfera h indivduos sem flagelos, capazes de originar, assexuadamente, colnias menores que ficam contidas por certo tempo no interior da colnia-me. Outro exemplo de colnia heteromorfa o cnidrio Physalia pelgica, conhecido como caravela-portuguesa. A colnia constituda por indivduos de vrios tipos. Um deles, o indivduo flutuador, uma bolsa cheia de gs, cuja funo manter a colnia flutuando; outros indivduos tm boca e cavidade digestria, sendo responsveis pela alimentao da colnia; outros, ainda, tornaram-se alongados e ricos em clulas urticantes, formando os longos tentculos da caravela, que atuam na captura de presas e na proteo da colnia Nesse cnidrio, os indivduos da colnia apresentam tal especializao e diviso de

funes que praticamente se comportam como um organismo individual. Outro cnidrio que apresenta colnia heteromorfa a Obelia, em que existem indivduos alimentadores, chamados de gastrozides, e indivduos reprodutores, chamados de gonozoides Relembre esses cnidrios no captulo 10 do volume 2 desta coleo. Tambm h cnidrios que apresentam colnias isomorfas. Os corais, por exemplo, constroem um esqueleto calcrio compartilhado por centenas, milhares ou milhes de indivduos muito semelhantes. Na Austrlia, as colnias de corais formam um imenso recife chamado de Grande Barreira de Corais, com mais de 2.000 km de extenso. Sociedades Sociedades so grupos de organismos de mesma espcie em que os indivduos apresentam algum grau de cooperao, comunicao e diviso de trabalho, conservando relativa independncia e mobilidade. Estas ltimas caractersticas distinguem sociedade de colnia, na qual os indivduos so fisicamente unidos. Diversas espcies, inclusive a nossa, vivem em sociedade. Exemplos de sociedades altamente organizadas so encontrados nos insetos sociais das ordens Hymenoptera (abelhas, formigas e vespas) e Isoptera (cupins). A sociedade das abelhas Uma colmeia de abelhas uma sociedade que pode reunir entre 50 e 100 mil indivduos, incapazes de sobreviver seno no grupo social. Em colmeias de abelhas da espcie Apis mellifera, as funes dos indivduos so muito bem definidas, havendo trs castas sociais: rainha, zango e operria. A rainha uma fmea frtil, diploide, cuja funo procriar e originar todos os indivduos da colmeia. Zanges so os machos, de constituio haploide, que no possuem ferro nem estruturas de trabalho, tendo como nica funo a fecundao de rainhas virgens. Operrias so fmeas diploides estreis, que exercem diversas funes, como produzir os favos de cera e o mel, limpar e guardar a colmeia, recolher nctar e plen das flores etc. A rainha, ao se tornar sexualmente madura, voa e acasala-se no ar com diversos zanges, armazenando os espermatozoides de todos eles em seus receptculos seminais. A seguir, ela retorna colnia e comea a pr ovos, depositando cada um dentro de uma clula hexagonal de cera construda pelas operrias. A rainha pode pr dois tipos de ovo: no-fecunda-do e fecundado. Ovos no-fecundados desenvolvem-se por um fenmeno conhecido como partenognese (do grego partens, virgem, no-fecundado, e gnesis, origem), originando machos haploides com

cromossomos exclusivamente maternos. Os ovos fecundados desenvolvem-se em fmeas diploides Estas podem ser operrias ou rainhas, dependendo do tipo de alimentao que recebem na fase larval. Larvas de operrias e de zanges so alimentadas principalmente com mel, enquanto certas larvas, alimentadas com uma substncia especial, a geleia real, transformam-se em rainhas. Ao atingira maturidade sexual, as jovens rainhas abandonam a colmeia, seguidas por um pequeno squito de operrias e zanges, no chamado voo nupcial. Cada rainha fecundada e as operrias acompanhantes podem fundar uma nova colmeia, enquanto os zanges morrem aps a cpula. A sociedade das formigas A ordem Hymenoptera tem cerca de 200.000 espcies descritas, das quais mais de 11.000 so formigas. Um formigueiro pode reunir desde poucas centenas at mais de 100.000 indivduos. Recentemente descobriu-se, na Europa, um formigueiro que se estende por mais de 5.000 km, ao longo do litoral, atravessando as fronteiras da Itlia e de Portugal. Entre as muitas espcies de formigas existentes no Brasil, as savas (gnero Atta) esto entre as mais conhecidas, pelo prejuzo que causam s lavouras. Essas formigas so tambm conhecidas como cortadeiras, porque cortam e picam folhas tenras de plantas. Os pedaos de folhas so transportados at o formigueiro, onde so amontoados e semeados com fungos por formigas "jardineiras". Os fungos nutrem-se da matria orgnica das folhas e servem de alimento aos membros da colnia Essa curiosa atividade de cultivo de fungos ser discutida mais adiante, no item relativo a mutualismo. Na sociedade das savas h vrias castas: as rainhas, popularmente chamadas de is, so fmeas frteis; os reis, ou bitus, so machos frteis; os operrios so indivduos assexuados estreis, que podem se apresentar sob diferentes formas, cada uma especializada no desempenho de uma tarefa no formigueiro; esse fenmeno denominado polimorfismo (do grego poli, muitos, e morfos, forma). Um tipo de operrio o soldado, armado de poderosas mandbulas e responsvel pela defesa do formigueiro. Outro tipo de indivduo a formiga cortadeira-carregadeira, cuja funo cortar e coletar folhas e pequenos gravetos. H ainda savas operrias chamadas de jardineiras, que cuidam dos fungos que alimentam a colnia Na regio Sudeste do Brasil, a reproduo da sava ocorre uma vez por ano, entre outubro e dezembro. As fmeas virgens, aladas, saem do formigueiro juntamente com os machos, tambm alados, e voam para se acasalar no ar. Depois de fecundada, cada fmea funda seu prprio ninho, iniciando a postura dos ovos. Os machos perdem as asas

e no retornam ao formigueiro, morrendo em seguida. A rainha das savas, a i, pode viver at 20 anos; as operrias vivem em torno de l ano. Em um nico acasalamento, uma fmea de sava (rainha) armazena mais de 500 milhes de espermatozoides em seus receptculos seminais. Os espermatozoides permanecem vivos e so utilizados para fecundares vulos, medida que vo sendo produzidos.

Relaes interespecficasAs relaes ecolgicas entre seres de diferentes espcies de uma comunidade biolgica so muito diversificadas; h desde relaes em que os indivduos de uma espcie usam os de outra como alimento, at relaes em que os indivduos de duas espcies trocam benefcios e dependem uns dos outros para sobreviver. Quando analisadas do ponto de vista de ganho ou perda para os indivduos envolvidos, as relaes ecolgicas interespecficas podem ser classificadas em positivas ou negativas. Relaes ecolgicas positivas so aquelas em que um ou ambos os indivduos associados beneficiam-se e no h prejuzo para nenhuma das partes. Relaes ecolgicas negativas so aquelas em que h prejuzo para um dos participantes da relao ou para ambos. a)Protocooperao: Protocooperao, tambm chamada apenas de cooperao ou mutualismo facultativo, um tipo de relao ecolgica em que as espcies associadas trocam benefcios, mas tambm podem viver sozinhas. Um exemplo de protocooperao a relao entre crustceos do gnero Pagurus, conhecidos como caranguejos-eremita, e algumas espcies de anmona-do-mar (filo Cnidaria). Esses animais no vivem necessariamente juntos, mas frequente encontr-los em associao, que vantajosa para ambos. O caranguejo-eremita abriga-se em conchas vazias de caramujos, nas quais protege seu abdome delicado, que, ao contrrio de outros caranguejos, no possui carapaa rgida. Em seus deslocamentos pelo fundo do mar, ele arrasta consigo a concha que lhe serve de casa, abandonando-a apenas ao troc-la por outra maior. Sobre as conchas ocupadas pelo eremita frequente encontrar uma ou vrias anmonas-do-mar, que se beneficiam da associao com o caranguejo por ganhar mobilidade e aproveitar eventuais sobras de comida. O caranguejo-eremita, por sua vez, beneficia-se dos mecanismos de defesa das anmonas-do-mar, cujos tentculos tm

clulas urticantes, capazes de provocar queimaduras em eventuais inimigos. Outro exemplo de protocooperao a relao entre grandes mamferos, como bois, bfalos e rinocerontes, e aves que comem seus carrapatos. H vantagens tanto para o mamfero, que se livra dos incmodos parasitas, quanto para o pssaro, que obtm alimento com facilidade. Crocodilos tambm convivem cooperativamente com aves que entram em sua boca, removendo detritos e sanguessugas de suas gengivas. b)Herbivoria: Herbivoria a relao em que animais herbvoros se alimentam de partes vivas de plantas. Do ponto de vista individual, h prejuzo para as plantas e benefcio para os animais que delas se alimentam. Essa relao, entretanto, uma das mais importantes na natureza: por meio da herbivoria que a energia captada da luz solar pelos produtores pode passar para os demais nveis trficos das cadeias alimentares. c)Predao Predao a relao em que uma espcie animal, predadora, mata e come indivduos de outra espcie animal, que constituem suas presas. Do ponto de vista individual, as espcies predadoras beneficiam-se, enquanto as presas so prejudicadas. Do ponto de vista ecolgico, a predao um mecanismo que regula a densidade populacional, tanto para presas como para predadores. A estreita correlao observada entre as flutuaes no amanho das populaes de predadores e as das presas da maior importncia para a sobrevivncia de ambas . Um exemplo da importncia da predao na regulao das populaes naturais foi observado na dcada de 1900, quando se proibiu a caa ao veado Odocoileus hemionus no Planalto de Kaibab, nos Estados Unidos, ao mesmo tempo que se estimulou a perseguio aos predadores naturais desse animal (pumas, lobos e coiotes). Como consequncia dessas medidas, a populao de veados aumentou rapidamente: em apenas 21 anos passou de 4 mil para 100 mil animais. Os campos de pastagem, porm, no eram capazes de suportar mais que 30 mil animais. Assim, quando essa capacidade de suporte do meio foi ultrapassada, os animais comearam a morrer de fome e a populao de veados diminuiu bruscamente. Quinze anos depois de ter atingido o recorde de 100 mil indivduos, a populao de veados ficou reduzida a menos de 10 mil animais. O pisoteamento do solo e o fato de os veados famintos terem comido as plantas de capim at as razes afetaram a capacidade de recuperao das pastagens; por isso, o capim no voltou a brotar como antes, mesmo depois da reduo drstica da populao.

d)Competio interespecfica Quando duas espcies de uma comunidade disputam os mesmos recursos do ambiente, pode-se dizer que seus nichos ecolgicos se "sobrepem", e ocorre competio interespecfica . Por exemplo, espcies que comem capim, como os gafanhotos e o gado, competem por alimento, ocorrendo sobreposio da parte de seus nichos referentes alimentao. Plantas cujas razes esto na mesma profundidade do solo competem por gua e por nutrientes minerais. Quanto mais os nichos ecolgicos das espcies assemelham-se, ou seja, quanto mais sobrepostos eles forem, mais intensa a competio entre as espcies. A competio interespecfica pode resultar tanto na extino de uma das espcies como lev-la a migrar em busca de uma rea disponvel e sem espcies competidoras. e)Simbiose: O conceito de simbiose Em 1879, o bilogo alemo Heinrich Anton de Bary (1831 -1888) criou o conceito de simbiose (do grego syn, juntos, e bios, vida) para designar a relao ecolgica prxima e interdependente de certas espcies de uma comunidade, com consequncias vantajosas ou desvantajosas para pelo menos uma das partes. Podem-se distinguir quatro tipos de simbiose: inquilinismo, comensalismo, mutualismo e parasitismo. e1)Inquilinismo Inquilinismo a relao em que uma espcie "inquilina" vive sobre ou no interior de uma espcie hospedeira, sem prejudic-la. O recurso principal buscado pelo inquilino, como o prprio nome indica, abrigo e moradia. Por exemplo, as relaes entre orqudeas, bromlias, samambaias e as plantas sobre as quais crescem so exemplos de inquilinismo. Nesses casos, as espcies inquilinas so denominadas epfitas (do grego epi, sobre, e phytos, planta). A vantagem das epfitas em crescer sobre rvores de grande porte obter maior suprimento de luz para a fotossntese, principalmente no ambiente pouco iluminado do interior das florestas. e2)Comensalismo No comensalismo, assim como no inquilinismo, uma das espcies beneficiada pela simbiose, enquanto a outra, aparentemente, no obtm nenhum benefcio com a relao,

embora no sofra prejuzo. O principal recurso buscado pelo comensal, como o prprio nome indica, alimento. Um exemplo clssico de comensalismo a associao entre a rmora (ou peixe-piloto) e o tubaro. A rmora possui uma estrutura dorsal aderente, comparvel a uma ventosa, o apreensrio, com o qual se prende ao corpo de tubares. O tubaro fornece transporte gratuito para a rmora e parece no se importar com a presena desta. As rmoras alimentam-se dos restos das presas caadas pelos tubares, obtendo vantagens com a associao. A relao entre hienas e lees tambm um caso de comensalismo. As hienas acompanham, a distncia, bandos de lees, servindo-se dos restos da caa abandonados por eles. Em certos casos, difcil estabelecer a diferena entre inquilinismo e comensalismo. Por exemplo, diversas espcies de peixe-palhao encontram abrigo e proteo entre os tentculos de certas anmonas-do-mar. Dizemos, portanto, que se trata de uma relao de inquilinismo. Entretanto, se os peixes-palhao aproveitassem restos da alimentao da anmona, alm de utiliz-la como abrigo, seria mais apropriado classificar a relao como comensalismo. e3)Mutualismo Mutualismo, s vezes chamado de mutualismo obrigatrio (para distinguir-se do mutualismo facultativo, utilizado como sinnimo de protocooperao), um tipo de simbiose em que ambas as espcies que interagem obtm benefcios. O mutualismo difere da protocooperao pelo fato de ser permanente e indispensvel sobrevivncia dos indivduos associados; como vimos, na protocooperao os indivduos das espcies participantes da relao podem viver associados ou no. Um exemplo de mutualismo a interao de certas espcies de cupim e microrganismos (bactrias e protozorios) que habitam seu intestino. Os cupins so incapazes de digerir a celulose da madeira que ingerem, o que feito pelos microrganismos que vivem em seu tubo digestrio. Estes dependem igualmente da associao, pois sobrevivem somente no corpo dos cupins. Outro exemplo de mutualismo encontrado nos lquens, que so organismos formados pela associao de certas espcies de fungos e certas algas ou cianobactrias. Realizando fotossntese, a alga (ou a cianobactria) produz matria orgnica, utilizada pelo fungo; este, por sua vez, facilita a absoro de gua e de nutrientes, que as algas aproveitam. As algas e os fungos que constituem os lquens sobrevivem em locais onde nenhuma das duas espcies poderia sobreviver isoladamente.

Um terceiro exemplo de mutualismo a associao entre determinados fungos e as razes de certas plantas, formando as chamadas micorrizas (do grego, mycos, fungo, e rhizos, raiz). Acredita-se que os fungos facilitem a absoro de minerais do solo, o que beneficia as plantas. Por outro lado, os fungos se nutrem de substncias obtidas das clulas das plantas dentro das quais se instalam . e4)Parasitismo Parasitismo o tipo de simbiose em que uma espcie parasita associa-se a outra a espcie hospedeira , causando-lhe prejuzos por se alimentar sua custa. Em geral, espcies parasitas e hospedeiras esto bem adaptadas umas s outras, de modo que a relao causa prejuzos no muito grandes ao organismo parasitado. Basta pensar que, se um parasita matar seu hospedeiro, ele tambm morrer; portanto, a tendncia que a relao parasitria se torne equilibrada ao longo das geraes: o parasita adaptando-se ao hospedeiro e vice-versa, fenmeno denominado co-adaptao. Organismos parasitas podem viver na superfcie externa do hospedeiro, sendo ento chamados de ecto-parasitas (do grego ectos, fora), ou no interior do corpo de hospedeiro, sendo chamados de endoparasitas (do grego endos, dentro). Exemplos de ectoparasitas so piolhos e carrapatos, e de endoparasitas so as lombrigas, solitrias, bactrias, vrus e muitos outros organismos. H animais ectoparasitas de plantas, como os pulges, por exemplo, que sugam seiva elaborada dos caules utilizando suas trombas. H tambm plantas parasitas de outras plantas. O cip-chumbo, por exemplo, uma planta parasita de cor amarela, sem folhas nem clorofila, com aparncia de fios-de-ovos, que cresce sobre outras plantas. O cip-chumbo tem razes especializadas, denominadas haustrios, ou razes sugadoras, capazes de penetrar na planta hospedeira at os vasos liberianos, de onde extrai seiva elaborada rica em substncias orgnicas . Outra planta parasita comumente encontrada sobre rvores a erva-de-passarinho. Ao contrrio do cip-chumbo, ela tem folhas clorofiladas, sendo capaz de produzir sua prpria matria orgnica. A erva-de-passarinho introduz suas razes especializadas no caule da planta hospedeira, retirando dela apenas seiva bruta (gua e sais minerais). Por isso, os botnicos costumam dizer que a erva-de-passarinho uma "hemiparasita" (do grego hemi, metade), pois extrai das plantas hospedeiras apenas substncias inorgnicas. Antibiose ou amensalismo Relao interespecfica desarmnica, na qual uma espcie bloqueia o crescimento ou a reproduo de outra espcie, denominada amensal, atravs da liberao de substncias txicas. Como exemplo, podemos citar o mofo verde, fungo cientificamente conhecido

como Penicillium notatum, que libera a penicilina, antibitico que impede o desenvolvimento de certas bactrias susceptveis a essa substncia . Outro exemplo clssico observado no fenmeno conhecido por mar-vermelha. Nesse caso, em certas condies, ocorre proliferao excessiva de certas algas unicelulares planctnicas (dinoflagelados) que passam a liberar no meio ambiente quantidades significativas de toxinas, provocando a morte de indivduos de inmeras espcies marinhas. A mar-vermelha um fenmeno natural registrado nos mais diversos pases do mundo e desde os tempos dos antigos egpcios. No Brasil, o primeiro caso documentado data de 1944, na cidade de Recife: foi chamado de "febre de Tamandar". O caso mais comentado, porm, ocorreu em maro de 1978 na costa sul do Brasil, quando constatouse a morte de toneladas de peixes, moluscos, crustceos e aves marinhas. Embora o diagnstico do fenmeno tenha sido tardio, ainda foi possvel contar cerca de 60 000 dinoflagelados por litro de gua colhida do mar. O principal resduo txico liberado pelos dinoflagelados a saxitoxina, substncia que provoca srios distrbios nervosos em animais contaminados, inclusive o homem, acarretando-lhes a morte. Resumindo: Relaes Intraespecficas Colnias, Sociedades e Competio intraespecfica Relaes Interespecficas Protocooperao (+ +) Inquilinismo (+ 0) Herbivoria ( + - ) Predao ( + - ) Competio Interespecfica ( - - ) Comensalismo (+ 0) Mutualismo ( + +) Parasitismo ( + -) Antibiose (0 -)