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1 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

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Page 1: ECEME/IMM/PPGCM 2017 1 Marcelo Malagutti · cibernética para nações não agressivas, considerando: A Teoria da Dissuasão Estratégias nacionais de defesa cibernética publicadas

1 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

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2 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

IV Simpósio de CTI da MB

São Paulo, 31 de outubro de 2017

Marcelo Malagutti

[email protected]

Alternativas de Dissuasão Cibernética

para Nações Não Agressivas

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3 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

Motivação

1984: Graduação na UnB (em Software)

2010: ESG/TAAz, Siemens e Stuxnet

2013: Snowden

Objetivo Geral

Analisar criticamente as possibilidades de dissuasão cibernética para nações não agressivas, considerando:

A Teoria da Dissuasão

Estratégias nacionais de defesa cibernética publicadas por diferentes nações

Ameaças presentes e potenciais à soberania nacional

Motivação e Objetivos

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4 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

Conceito não pacificado

Cercado de certa “mística”

Primeiramente, se supôs esmaecer as fronteiras

Rapidamente tornou-se mais uma ferramenta de “estadismo” (statecraft)

Ciberespaço, enquanto espaço, objeto da geopolítica

“estudo da espacialização da política internacional por poderes centrais e estados hegemônicos”

“produção de conhecimento para auxiliar a prática do estadismo e promover o poder do estado” (O‟TUATHAIL; AGNEW, 1992).

Possível instrumento de coerção

Cyber Power

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5 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

Supercomputadores são importantes

Prestígio internacional

Capacidades avançadas de processamento

Elevadas barreiras de entrada

Demanda bens de capital especializados

Objeto de controle de exportação

Intel x TaihuLight (2015)

“Santos Dumont”

Comoditizado nos níveis mais baixos

Cyber Power – Hardware (HW)

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6 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

Grande maioria dos ataques é por SW

Malware, vírus, botnets, ramsonware...

Envio de dados ou aplicações para danificar redes, sistemas ou dispositivos

Software sempre controla o Hardware

Software substitui Hardware

Desligamento ou reversão por hardware é presencial

Software pode ser manipulado remotamente

Combinação de HW comoditizado

GCHQ (Hadoop)

NSA (Accummulo)

Berkeley Univ. (SETI@home – BOINC)

Difícil controlar a comercialização

Barreiras menores à entrada

Cyber Power – Software (SW)

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7 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

Definição

Ferramentas de Software usadas em nome de um estado para negar, degradar, interromper, destruir ou defender redes de computadores, dispositivos a elas conectados, e sistemas de informação ou dados ali residentes.

Características

Congrega definições da UE para CNO como CNE, CNA e CND

Inclui dispositivos, sistemas e dados além de redes

Limita a ações de estados (Libicki/RAND)

Exclui PsyOps ou Guerra de Informações

Exclui Guerra Eletrônica

Software Power

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8 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

Contexto da Guerra Fria

Estudo da Coerção

“Aplicação real ou potencial de força para influenciar a ação de um agente voluntário” (Freedman, 1999)

Compelimento (Compellence)

Dissuasão (Deterrence)

Função de Credibilidade e Capacidade

Credibilidade definida por Schelling como “face”

“country's reputation for action, the expectation other countries have about its behavior”

Teoria da Dissuasão

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9 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

Dissuasão pelo Medo (DpM)

Ameaça de Punição

O mais forte instila medo no mais fraco

Punir o atacante antes do ataque

Interromper um ataque em andamento

Punir o atacante após o ataque

Pensamento do mainstream até Jan/2017

Dissuasão pela Negação (DpN)

Persuadir o oponente de que seu ataque não atingirá os resultados desejados

Defesa = Negação + Resiliência (Snyder, 1961)

Dissuadir + Bloquear + Recuperar

Dissuasão pela Futilidade (DpF)

Competir é fútil

Conceito econômico de „Utilidade‟ (ROI)

Teoria da Dissuasão

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Brasil não é um país Pacífico – é Não-Agressivo

Agressão segundo a ONU

A invasão ou ataque, qualquer ocupação militar, ainda que temporária, qualquer anexação, bombardeio ou bloqueio de portos, ou o envio de bandos, grupos, irregulares ou mercenários armados, por ou em nome de um Estado contra outro Estado.

Legitimação apenas quando autorizada

Pela ONU

Por Organização Multilateral englobando todos os envolvidos

Nações Não-Agressivas

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Coleta de „Inteligência‟ (Informações)

Espionagem

Vigilância

Militares

Negação de Área

Projeção de Poder

Stuxnet & Prykarpattyaoblenergo (Crash Override)

Interrupção (Disruption) & Multiplicador de Força

Operation Orchard (Síria, 2007)

Coerção

Sabotagem

Ato de Guerra

Ganho Financeiro

SWIFT

Ameaças - Motivações

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Assimetria em relação a armamentos convencionais

Disparidade de poder entre os oponentes

Disparidade de „opções de ataque‟ (grau de dependência do ciberespaço)

Disparidade de Custos

Dificuldade de atribuição Negação Plausível

Vantagem ofensiva decorrente da dificuldade de defesa

Dificuldade de Dissuasão

Ameaças - Operações

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13 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

Perfil

Hackers

„Ideologia da Violação‟

Superpatriotas

Recrutamento

Universidades

Congressos (ex. Black Hat)

Escolas Secundárias

Treinamento

Cursos e Universidades Certificadas

On-the-Job

Ameaças - Guerreiros

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Todas são softwares (Software Power!)

Todas devem ser previamente implantadas

Backdoors

Wargames (1983) – Joshua (WOPR)

Huawei & ZTE (2012)

Juniper Networks (2015) & Cisco (2016)

Efêmeras Ataques baseados em vulnerabilidades

Uma combinação particular de versões

OS + Direcionadores (drivers) + Antivírus + IDS + Aplicação

Propagação incontrolável e imprevisível

Onde encontrem as condições programadas

Propagação = ƒ(Agressividade)

Ameaças - Armas

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15 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

O problema da Atribuição

A necessidade de alvos de valor sob risco

O baixo custo dos ataques

Tentação da Assimetria

A necessidade de repetibilidade

A dificuldade de se estabelecer “red lines”

A ausência de normas internacionais

A necessidade de ao menos desarmar o oponente

O risco de escalada

Implantes podem ser descobertos

Provocar punição

Serem neutralizados

Ciber DpM – Desafios

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Snyder: Defesa = Dissuasão + Resiliência

Dissuadir + Bloquear + Recuperar

Defesas são Caras

Deterrence by denial is practiced every day in cyberspace via cyber security mechanisms and practices, including the regular installation of security patches, the use of strong methods for authentication, and the application of firewalls, black and white lists, intrusion prevention systems, antivirus tools, encryption, and so forth. (Denning, 2015)

Não existem defesas invulneráveis

Visão antiquada de segurança nas fronteiras (Linha Maginot)

Defesas devem envolver o setor privado

Passado apenas bloqueios ou bombardeios

Ciber DpN – Desafios

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Si vis pacem para bellum (Vegetius)

Depois de Snowden, Stuxnet e Prykarpattyaoblenergo

Quem vai argumentar que capacidades defensivas cibernéticas não são importantes?

Schelling: capacidades defensivas importam

Forcibly a country can repel and expel, penetrate and occupy, seize, exterminate, disarm and disable, confine, deny access, and directly frustrate intrusion or attack.

It can, that is, if it has enough strength.

'Enough' depends on how much the opponent has.

Ciber DpF – Desafios

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18 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

DpM vai contra os Valores dos Não Agressivos

Implica em armamento ofensivo

Arcabouço legal (desenvolvimento e uso)

Não terão “face” para instilar medo

O risco da descoberta de implantes

Legitimar a ação dos Agressivos

Deslegitimar a ação dos Não Agressivos

DpF depende dos oponentes entenderem que o custo do ataque não justifica os resultados

Necessário “subir a barra” dos custos

DpN dependerá de:

Capacidade de detecção e neutralização de ataques

Capacidades de resiliência

Negar benefícios ao atacante

Ciber DpN Prós

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19 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

It’s the economy, stupid!

A economia é a base do bem estar nacional

Desde Aristóteles!!!

Parte importante da Teoria da Dissuasão

A fundamentação da DpM contra a DpN é o custo

A fundamentação da DpF é a utilidade (ROI)

Espionagem econômica patrocinada por estados

SIVAN (We spy because you cheat!)

Snowden

Lockheed Martin

Ciber DpN – Economia Digital

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20 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

Redução de custos e perdas

Propriedade Intelectual

Estimativas internacionais de perdas entre US$ 400-500bi ao ano

Risco de flanqueamento em negociações estratégicas

O caso SIVAM (Thomson X Raytheon/NSA)

Aumento de receitas

Mercado de produtos de defesa é significativo

Mercado de segurança cibernética é grande, e crescente

EUA investiram US$ 75bi em 2015

Entre 2017 e 2021 deve ser de US$ 1tri (1.000 bi)

Ciber DpN – Economia Digital

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21 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

Mercado de produtos de defesa

Reduzido pelas restrições de segurança

Vendedores restringem a venda

Compradores restringem a compra

Em Ciber, defesa é defesa, ataque é ataque! Ainda assim, se eu vender um produto de defesa

para a um possível inimigo meu, ele poderá defender-se de mim!

Se eu comprar defesa de um possível inimigo meu, ele poderá utilizar-se de backdoors contra mim!

Mas e se eu sou uma Nação Não Agressiva?

Como não vou atacar ninguém, então...

Ciber DpN – Economia Digital

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Questões

É o poder cibernético uma ferramenta efetiva de Geopolítica?

Existe um espaço conceitual para uma “Geopolítica Cibernética”?

Podem nações não-agressivas desenvolverem Dissuasão Cibernética efetiva?

Será o Software Power uma alternativa viável de Dissuasão Cibernética sem o suporte de Hardware Power de supercomputadores?

Como podem as nações desenvolver seu Software Power?

Dissuasão por Negação é realmente menos economicamente viável que a Dissuasão por Medo?

O que constitui um “perímetro seguro” ou uma “fronteira cibernética” para Dissuasão Cibernética?

Será o Software Power dependente do poder econômico de uma nação ou um potencial impulsionador desse poder?

Questões para Investigação

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23 ECEME/IMM/PPGCM 2017 Marcelo Malagutti

Obrigado!

Marcelo A. O. Malagutti

[email protected]