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EÇA DE QUEIRÓS Corresponência de Fradique Mendes

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EÇA DE QUEIRÓS

Corresponência de Fradique Mendes

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EÇA DE QUEIRÓS

Ele veio de Póvoa de VarzimEm 1755, um terremoto abalou Lisboa. Mas a velha

metrópole volta a sorrir com o ouro eo diamante das Minas Gerais. Marquês de Pombal transformou riqueza mineral em paisagem urbana.

Mas houve um outro terremoto, incruento, porém muito mais exigente nas suas imposições inovadoras. Chamou-se EÇA DE QUEIRÓS; o menino pobre de Póvoa de Varzim. Com o Crime do Padre Amaro, 1875, ele inicia sua vida de romancista, e comove os alicerces em que repousava a velha e estática cultura lusitana. A dinamite era sua ironia e sua ternura, a revolta e o humor, a sua límpida prosa e o seu amor à autenticidade da vida.

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EÇA DE QUEIRÓS

Suas baterias de energia combativa e contestatória são carregadas nas fontes do Realismo, movimento em efervescência na França. E o centro da irradiação do novo estilo serão as conferências do Cassino Lisbonense, onde Eça, Ramalho Ortigão e outros agridem com tal veemência as instituições conservadoras, que o ministro do reino, Antônio José de Ávila, manda fechar o recinto.

Mas não era para menos. As farpas de Eça tocaram feridas longamente encobertas e resguardadas pelos preconceitos. Ele ferrotoou a consciência adormecida de Portugal.

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EÇA DE QUEIRÓS

Fez ver a todos que, enquanto as outras capitais européias voavam nos ventos modernos da segunda Revolução Industrial, Lisboa dormitava à sombra do seu passado, do bravo peito lusitano celebrado por Camões e transformado em sólido mito pelos românticos.

Portugal era uma vergonhosa estagnação. Não conseguira formar uma elite industrial, econômica e intelectual. Estava, pois, de costas para o futuro. Era um completo vazio ocupado pelo vício e pela degradação sócio-familiar. Pois não é isso que sugere o Primo Basílio?

Eça escreveu muitas obras de significado profundo e transcendente para Portugal de ontem e de hoje. Listemos algumas:

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EÇA DE QUEIRÓS

O CRIME DO PADRE AMARO – Concebido como estudo da influência clerical no estilo de vida da burguesia, além de uma crítica ao celibato.

O PRIMO BASÍLIO – Focaliza a classe média, centrando-se na crítica à constituição da família, segundo os padrões então imperantes.

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EÇA DE QUEIRÓS OS MAIAS – Abrange a vida da alta burguesia, em seus enlaces com a aristocracia fundiária e os literatos a seu serviço. A RELÍQUIA – Romance irônico sobre a natureza da devoção e suas feições, espécies e efeitos.

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EÇA DE QUEIRÓS

A CIDADE E AS SERRAS – Romance de apologia da simplicidade rural.

A ILUSTRE CASA DE RAMIRES – Radiografia da alma portuguesa no passado e no presente.

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EÇA DE QUEIRÓS

Correspondência de Fradique Mendes

Vem colocar em cheque os valores da elite aristocrática Portuguesa. Retoma um poeta-personagem, criado coletivamente na sua juventude, e reconstrói o jogo entre ficção e realidade,na medida em que as cartas de Fradique são dirigidas a personalidades reais,como Ramalho Ortigão, Oliveira Martins ou o próprio Eça de Queiros.Nessa obra, o escritor debocha do eurocentrismo em geral e do aristocratismo provinciano dos portugueses.Fradique é, a um só tempo exemplo e crítico do aristocrata português intelectualizado.

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EÇA DE QUEIRÓS

Assim Eça transcende sua época e marca a literatura até hoje. Aos estudantes que porventura lerem este modesto ensaio, lembro que, em Equador, Miguel Sousa Tavares faz referências a Eça de Queirós, cria personagens que poderiam sair das páginas do autor de O Primo Basílio, coloca sob perspectiva crítica a sociedade portuguesa, levanta uma problemática de natureza política e civilizatória, cujos efeitos vão explodir o peito de Luís Bernardo Valença, na solidão insular de São Tomé e Príncipe.Mas é assim mesmo. O artista é a antena de sua raça. E se ele é verdadeiro como Eça, torna-se a autoconsciência da humanidade.

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EÇA DE QUEIRÓS

A CORRESPONDÊNCIA DE FRADIQUE MENDES

PUBLICAÇÃO: 1900; COMEÇA A SER ESCRITO EM 1888.

CONTEXTO LITERÁRIO: REALISMO PORTUGUÊS

DIVISÃO DA OBRA

PARTE I - MEMÓRIAS E NOTAS – BIOGRAFIA DO PROTAGONISTA CARLOS FRADIQUE MENDES, produzida pelo narrador.

PARTE II - AS CARTAS – PARTE DA CORRESPONDÊNCIA DESTE PROTAGONISTA (17

CARTAS), selecionada pelo narrador.

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EÇA DE QUEIRÓS

A CORRESPONDÊNCIA DE FRADIQUE MENDES

Fradique, Tal como descreve Eça:

“era um aventureiro, atormentado diante das injustiças sociais e da decadência da sociedade lusitana causada pelas constantes transformações sociais, políticas e econômicas;”

“foi um veemente crítico da sociedade lusitana, que não se deixou abater pela força das formas totalitárias;”“um incansável reconstrutor de um Portugal novo.”

Esse ser que Eça disse ter feito com pedaços de seus amigos é um ser plasmado com os anseios e ideais de uma geração de escritores que representava a vanguarda intelectual portuguesa do final do século XIX.

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EÇA DE QUEIRÓS

Momentos da apresentação de Carlos Fradique Mendes. O narrador identifica-se como um "eu“, que pode ser o autor:

em 1867 em Lisboa, pela mão de Vidigal.

em 1871 no Egipto, por acaso numa esplanada.

em 1880 em Paris por acaso num café, tem 50 anos, gera-se uma amizade que dura oito anos até a morte de Fradique em 1888.

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EÇA DE QUEIRÓS

PRIMEIRA PARTE

A apresentação de Fradique funciona como introdução às Cartas (o que restou dele).

Usam-se personagens autênticas no livro, que tiveram existência verdadeira e que testemunham sobre Fradique: J. Teixeira de Azevedo (Batalha Reis), Antero de Quental, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão.

Fica a legítima impressão de que Fradique realmente existiu.

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EÇA DE QUEIRÓS

(1867) Fradique é uma personagem viajada e sofisticada.

Autor das "Lapidárias” (“POEMAS COM ORIGINALIDADE CATIVANTE E BEM-VINDA”), uma revelação literária para o narrador que as leu na Revolução de Setembro (jornal).

O narrador idolatra a figura de Fradique, mas não a conhece.

O narrador divaga sobre literatura. Fradique e Baudelaire são os seus ídolos.

CAPÍTULO I

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EÇA DE QUEIRÓS

Vidigal relata ao narrador a origem de Fradique, o seu meio social, tendo recebido uma herança de uma velha e rica família dos Açores (o que, neste ponto, lembra a pessoa de Antero).

Vidigal se oferece para levar o narrador até Fradique.

CAPÍTULO I

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EÇA DE QUEIRÓS

O Narrador se prepara, comovido, para encontrar Fradique: "A forma de Vossa Excelência é um mármore divino com estremecimentos humanos".

Fradique é descrito fisicamente, com todo o encanto do Narrador:

CAPÍTULO II

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EÇA DE QUEIRÓS

“O que me seduziu logo foi a sua esplêndida solidez, a sã e viril proporção dos seus membros rijos, o aspecto calmo de poderosa estabilidade com que parecia assentar na vida, tão livremente e

tão firmemente como sobre aquele chão de ladrilhos onde pousavam os seus largos sapatos de verniz resplandecendo sob as polainas de linho. (...) Não sei se as mulheres o consideraria belo. Eu achei-o um varão magnífico, dominando sobretudo por

uma graça clara que saía de toda a sua força máscula. Era o seu viço que deslumbrava. Parecia ter emergido, havia momentos,

assim de quinzena preta e barbeado, do fundo vivo da Natureza. (...) eu sentia naquele corpo a robustez tenra e ágil de um efebo, na infância do mundo grego. Só quando sorria ou quando olhava

se surpreendiam nele vinte séculos de literatura.”

CAPÍTULO II

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EÇA DE QUEIRÓS

CAPÍTULO II

Fradique tinha 33 anos.

Conversam sobre Coimbra, sobre Arte e Literatura.

Fradique diverge da opinião do narrador de que Baudelaire é excelente. Fradique defende que a prosa francesa é superior à poesia.

O Narrador acha Fradique pedante.

Fradique parte para Marrocos.

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EÇA DE QUEIRÓS

CAPÍTULO III 1871 no Egipto. No Hotel, Fradique avistado pelo narrador: "estendido numa comprida cadeira de vime, com as mãos por trás da nuca, o times esquecido sobre os joelhos“.

Divagações do Narrador que imagina uma história romanesca com as três pessoas que vê. Imagina um triângulo amoroso entre o Júpiter, a Deusa e Fradique.

Fradique conta pormenorizadamente ao Narrador o seu envolvimento em 1849, no BABISMO: religião messiânica fundada na Pérsia.

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EÇA DE QUEIRÓS

CAPÍTULO IIIFradique faz uma espécie de turismo religioso, aderindo a coisas apenas para as compreender por dentro, não é um idealista mas gosta andar metido em movimentos históricos). O Narrador divaga em seguir Fradique e seguir o Babismo.

Fradique revela outra vez a sua posição essencialmente cética: o Oriente está estragado e que está tão medíocre que o Ocidente.

Despedem-se no ambiente exótico à margem do Nilo.

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EÇA DE QUEIRÓS

CAPÍTULO IV Capítulo preenchido por Notícias e Comentários que o Narrador recebe de Fradique. Trocam cartas. (1875, 1876).

Amigos do Narrador também escrevem impressões positivas a respeito de Fradique.

Reencontram-se em Paris em 1880. Desse encontro, uma amizade profunda nasce entre eles.

“ Determinadamente lhe chamo ‘intelectual’, porque esta intimidade nunca passou além das coisas do espírito.”

O narrador refere-se a ele como Filósofo (passou de Poeta a Filósofo).

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EÇA DE QUEIRÓS

CAPÍTULO V O Narrador continua sua adoração a Fradique:

"O que impressionava logo na inteligência de Fradique, ou antes, na sua maneira de a exercer, era a superior

liberdade junta à suprema audácia.“

O narrador cita cartas de Fradique em que exprime opiniões sobre arte e sociedade: eles.

"O homem do século XIX europeu vive dentro de uma pálida e morna infecção de banalidade“

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EÇA DE QUEIRÓS

CAPÍTULO V

Quase enuncia uma posição próxima à de Rousseau quando diz que é preciso o Homem civilizado de vez em quando ir passear às Pampas ou aos desertos:

“ Para que o europeu lograsse ainda hoje ter algumas ideias novas (...) seria necessário que se internasse no deserto ou

nos pampas; e aí esperasse pacientemente que os spros vivos da Natureza, batendo-lhe a inteligência e dela pouco a pouco varrendo os detritos de vinte séculos de literatura, lhe

refizessem a virgindade.”

Fradique transformava-se em cidadão das cidades que visitava, sustinha que se devia momentâneamente crêr para compreender uma crença.

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EÇA DE QUEIRÓS

CAPÍTULO V“Só portanto me resta ser, através das ideias e dos fatos, um homem que passa, infinitamente curioso e atento. A egoísta ocupação do meu espírito hoje (...) consiste em me acercar

de uma ideia ou de um fato, deslizar suavemente para dentro, percorrê-lo miudamente, explorar-lhe o inédito, gozar

todas as surpresas e emoções intelectuais que ele possa dar, recolher com cuidado o ensino ou a parcela de verdade

que exista nos seus refolhos (partes mais profundas) – e sair, passar a outro fato ou a outra ideia, com vagar e com paz, como se percorresse uma a uma as cidades de um

país de arte e luxo. Assim visitei outrora a Itália, enlevado no esplendor das cores e das formas. Temporal e

espiritualmente fiquei simplesmente um touriste.”

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EÇA DE QUEIRÓS

FRAGMENTO

"Fradique porém ia como a abelha de cada planta pacientemente extraindo o seu mel - quero dizer de cada opinião, recolhendo a sua parcela de verdade" (para nada, pois Fradique não faz uma obra literária,

nem queria publicar as Lapidárias, não escreve livros de filosofia ou de arte que se conheçam, não age

socialmente com nenhum fim, nem tem qualquer ocupação a não ser a de viajante abastado).

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EÇA DE QUEIRÓS

Desde 1880. Fradique viaja menos e apenas se move no eixo Londres-Paris (ou seja no cerne da civilização ocidental da época).

Lisboa só lhe agradava como paisagem. “Falta aqui uma atmosfera intelectual onde a alma respire“.

Fradique é avesso à Política e aos políticos. tendo-lhes um horror intelectual, horror mundano e horror físico ("imaginando que nunca se lavavam e rarissimamente mudavam de meias“.

“A saudade do velho Portugal era nele constante: e considerava que, por ter perdido esse tipo de civilização intensamente original, o mundo ficara diminuído.”

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EÇA DE QUEIRÓS

Fala-se da última visita de Fradique a Lisboa. Fradique amou as mulheres. Fradique é machista. A mulher está ao mesmo nível que um requinte. Para as mulheres Fradique era "um Homem", "uma alma extremamente sensível servida por um corpo extremamente forte".

Surge uma nova faceta de Fradique: piedoso, adoçado pela idade, que pensa nos pobres, passa a ser um esmolista militante, espírito caridoso, fraterno, confortavelmente instalado. Fradique defende que a filantropia deve ser espontânea e não organizada.

CAPÍTULO VI

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EÇA DE QUEIRÓS

Fradique transformava-se em cidadão das cidades que visitava, sustinha que se devia momentâneamente crêr para compreender uma crença.

CAPÍTULO VI

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EÇA DE QUEIRÓS

CAPÍTULO VI

“Só portanto me resta ser, através das ideias e dos fatos, um homem que passa, infinitamente curioso e atento. A egoísta ocupação do meu espírito hoje (...) consiste em me acercar

de uma ideia ou de um fato, deslizar suavemente para dentro, percorrê-lo miudamente, explorar-lhe o inédito, gozar

todas as surpresas e emoções intelectuais que ele possa dar, recolher com cuidado o ensino ou a parcela de verdade

que exista nos seus refolhos (partes mais profundas) – e sair, passar a outro fato ou a outra ideia, com vagar e com paz, como se percorresse uma a uma as cidades de um

país de arte e luxo. Assim visitei outrora a Itália, enlevado no esplendor das cores e das formas. Temporal e

espiritualmente fiquei simplesmente um touriste.”

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EÇA DE QUEIRÓS

Fradique defende que a filantropia deve ser espontânea e não organizada.

CAPÍTULO VI

"O que resta a cada um é reunir um pecúlio e adquirir um revólver, e aos seus semelhantes que lhe baterem à porta

dar, segundo as circunstâncias, ou o pão ou a bala".

Morre (1888) sem sofrimento aparente. Até na morte foi feliz diz o Narrador, (é uma morte parecida com a morte que era idealizada pelos estóicos, sem emoção e sem dor).

No funeral as mais altas personalidades francesas das artes e da ciência comparecem, e fica sepultado não muito longe do jazigo de Balzac.

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EÇA DE QUEIRÓS

"Fradique porém ia como a abelha de cada planta pacientemente extraindo o seu mel - quero dizer de cada opinião, recolhendo a sua parcela de verdade" (para nada, pois Fradique não faz uma obra literária,

nem queria publicar as Lapidárias, não escreve livros de filosofia ou de arte que se conheçam, não age

socialmente com nenhum fim, nem tem qualquer ocupação a não ser a de viajante abastado).

FRAGMENTO

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EÇA DE QUEIRÓS

Desde 1880. Fradique viaja menos e apenas se move no eixo Londres-Paris (ou seja no cerne da civilização ocidental da época).

Lisboa só lhe agradava como paisagem. “Falta aqui uma atmosfera intelectual onde a alma respire“.

Fradique é avesso à Política e aos políticos. tendo-lhes um horror intelectual, horror mundano e horror físico ("imaginando que nunca se lavavam e rarissimamente mudavam de meias“.

“A saudade do velho Portugal era nele constante: e considerava que, por ter perdido esse tipo de civilização intensamente original, o mundo ficara diminuído.”

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EÇA DE QUEIRÓS

Fala-se da última visita de Fradique a Lisboa.

CAPÍTULO VI

Fradique amou as mulheres. Fradique é machista. A mulher está ao mesmo nível que um requinte. Para as mulheres Fradique era "um Homem", "uma alma extremamente sensível servida por um corpo extremamente forte".

Surge uma nova faceta de Fradique: piedoso, adoçado pela idade, que pensa nos pobres, passa a ser um esmolista militante, espírito caridoso, fraterno, confortavelmente instalado.

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EÇA DE QUEIRÓS

CAPÍTULO VII Não resta uma obra impressa. Fradique deixou manuscritos.

Fala-se de um episódio de Fradique na Rússia com uma Madame Lobrinska. (continuando a estratégia de mostrar Fradique como um sujeito que esteve em todo o lado e em todo o lado teve aventuras).

Segundo o Narrador, não faltaram ideias a Fradique, “mas faltou-lhe a certeza de que elas, pelo seu valor definitivo, merecessem ser registradas e perpetuadas; e faltou-lhe ainda a arte paciente, ou o querer forte, para produzir aquela forma que ele concebera em abstrato como a única digna, por belezas especiais e raras, de encarnar as suas ideias.”

“EU NÃO SEI ESCREVER! NINGUÉM SABE ESCREVER!”

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EÇA DE QUEIRÓS

CAPÍTULO VIII Narrador demonstra desejo de publicar algumas cartas de Fradique, mas faz reflexões:

"Se a vida de Fradique foi assim governada por um tão constante e claro propósito de abstenção e silêncio - eu,

publicando as suas Cartas pareço lançar estouvada e traiçoeiramente o meu amigo, depois da sua morte,

nesse ruído de publicidade a que ele sempre se recusou por uma rígida probidade de espírito".

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EÇA DE QUEIRÓS

CAPÍTULO VIIIFradique tinha-lhe dito: "as cartas de um homem sendo o produto quente e vibrante da sua vida, contém mais ensino que a sua filosofia" e que as cartas são palestras escritas.

Considerações finais sobre o papel do Pensamento no desenvolvimento das nações: "Uma nação só vive porque pensa. A força e a riqueza não bastam para provar que uma nação vive de uma vida que mereça ser glorificada na história.“.