ebeji informativo 52 setembro 2013

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http://www.ebeji.com.br – Informativo de Jurisprudência Nº 52 – Setembro/2013 Este informativo é uma cortesia da Escola Brasileira de Ensino Jurídico na Internet - EBEJI. 1 Estudando para a AGU? Não deixe de conhecer o Curso Preparatório para as carreiras da Advocacia-Geral da União (AGU) Totalmente online e com todos os pontos do edital! www.ebeji.com.br Selecionado a partir dos informativos 710 a 713 do STF CIVIL E PROCESSO CIVIL 01. Tempestividade: RE interposto antes de ED: A 1ª Turma, por maioria, proveu agravo regimental interposto de decisão que não conheceu de recurso extraordinário por intempestividade. No caso, a decisão agravada afirmara que a jurisprudência desta Corte seria pacífica no sentido de ser extemporâneo o recurso extraordinário interposto antes do julgamento proferido nos embargos de declaração, mesmo que os embargos tivessem sido opostos pela parte contrária. Reputou-se que a parte poderia, no primeiro dia do prazo para a interposição do extraordinário, protocolizar este recurso, independentemente da interposição dos embargos declaratórios pela parte contrária. Afirmou-se ser desnecessária a ratificação do apelo extremo. Concluiu-se pela tempestividade do extraordinário (RE 680371 AgR/SP / i-710). 02. HC N. 101.952-SP / REDATORA P/ O ACÓRDÃO: MIN. ROSA WEBER / HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DO RECURSO CONSTITUCIONAL. PROCESSO PENAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. CONVOCAÇÃO PARA JUÍZES ATUAREM EM TRIBUNAIS. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. WRIT DENEGADO. 1. O habeas corpus tem uma rica história, constituindo garantia fundamental do cidadão. Ação constitucional que é, não pode ser amesquinhado, mas também não é passível de vulgarização, sob pena de restar descaracterizado como remédio heroico. Contra a denegação de habeas corpus por Tribunal Superior prevê a Constituição Federal remédio jurídico expresso, o recurso ordinário. Diante da dicção do art. 102, II, a, da Constituição da República, a impetração de novo habeas corpus em caráter substitutivo escamoteia o instituto recursal próprio, em manifesta burla ao preceito constitucional. Precedente da Primeira Turma desta Suprema Corte. 2. Não viola o postulado constitucional do juiz natural o julgamento de apelação por órgão composto majoritariamente por juízes convocados, autorizado no âmbito da Justiça Federal pela Lei 9.788/1999. Precedentes. 3. Em processo, especificamente em matéria de nulidades, vigora o princípio maior de que, sem prejuízo, não se reconhece nulidade (art. 566 do CPP). A falta de demonstração na impetração de que a convocação, sujeita a regras de mera organização judiciária, teria afetado substancialmente o julgado acarreta, por si só, a conservação do ato. 4. Habeas corpus extinto sem resolução do mérito (i-710). 03. Execução de multa aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente político municipal e legitimidade: O estado- membro não tem legitimidade para promover execução judicial para cobrança de multa imposta por Tribunal de Contas estadual à autoridade municipal, uma vez que a titularidade do crédito é do próprio ente público prejudicado, a quem compete a cobrança, por meio de seus representantes judiciais. Com base nessa orientação, a 1ª Turma negou provimento a agravo regimental em recurso extraordinário, no qual se discutia a legitimidade ad causam de município para execução de multa que lhe fora aplicada. O Min. Dias Toffoli destacou que, na omissão da municipalidade nessa execução, o Ministério Público poderia atuar (RE 580943 AgR/AC / i-711). 04. EMB. DECL. NO AG. REG. NO RE N. 346.736-DF / RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI / EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. NATUREZA REVISIONAL. TÉCNICA DE JULGAMENTO. DEMANDA COM MAIS DE UM FUNDAMENTO. ACOLHIMENTO DO RECURSO PARA AFASTAR UM DELES. INDISPENSABILIDADE DE APRECIAÇÃO DOS DEMAIS. SÚMULA 456/STF. 1. Em nosso sistema processual, o recurso extraordinário tem natureza revisional, e não de cassação, a significar que “o Supremo Tribunal Federal, conhecendo o recurso extraordinário, julgará a causa, aplicando o direito à espécie” (Súmula 456). Conhecer, na linguagem da Súmula, significa não apenas superar positivamente os requisitos extrínsecos e intrínsecos de admissibilidade, mas também afirmar a existência de violação, pelo acórdão recorrido, da norma constitucional invocada pelo recorrente. 2. Sendo assim, o julgamento do recurso do extraordinário comporta, a rigor, três etapas sucessivas, cada uma delas subordinada à superação positiva da que lhe antecede: (a) a do juízo de admissibilidade, semelhante à dos recursos ordinários; (b) a do juízo sobre a alegação de ofensa a direito constitucional (que na terminologia da Súmula 456/STF também compõe o juízo de Dr. George Felício, advogado do Banco do Nordeste do Brasil S/A. Informativo de Jurisprudência Supremo Tribunal Federal

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  • http://www.ebeji.com.br Informativo de Jurisprudncia N 52 Setembro/2013

    Este informativo uma cortesia da Escola Brasileira de Ensino Jurdico na Internet - EBEJI. 1

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    Selecionado a partir dos informativos 710 a 713 do STF

    CIVIL E PROCESSO CIVIL 01. Tempestividade: RE interposto antes de ED: A 1 Turma, por maioria, proveu agravo regimental interposto de deciso que no conheceu de recurso extraordinrio por intempestividade. No caso, a deciso agravada afirmara que a jurisprudncia desta Corte seria pacfica no sentido de ser extemporneo o recurso extraordinrio interposto antes do julgamento proferido nos embargos de declarao, mesmo que os embargos tivessem sido opostos pela parte contrria. Reputou-se que a parte poderia, no primeiro dia do prazo para a interposio do extraordinrio, protocolizar este recurso, independentemente da interposio dos embargos declaratrios pela parte contrria. Afirmou-se ser desnecessria a ratificao do apelo extremo. Concluiu-se pela tempestividade do extraordinrio (RE

    680371 AgR/SP / i-710). 02. HC N. 101.952-SP / REDATORA P/ O ACRDO: MIN. ROSA WEBER / HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DO RECURSO CONSTITUCIONAL. PROCESSO PENAL. INADEQUAO DA VIA ELEITA. CONVOCAO PARA JUZES ATUAREM EM TRIBUNAIS. INEXISTNCIA DE VIOLAO DO PRINCPIO DO JUIZ NATURAL. WRIT DENEGADO. 1. O habeas corpus tem uma rica histria, constituindo garantia fundamental do cidado. Ao constitucional que , no pode ser amesquinhado, mas tambm no passvel de vulgarizao, sob pena de restar descaracterizado como remdio heroico. Contra a denegao de habeas corpus por Tribunal Superior prev a Constituio Federal remdio jurdico expresso, o recurso ordinrio. Diante da dico do art. 102, II, a, da Constituio da Repblica, a impetrao de novo habeas corpus em carter substitutivo escamoteia o instituto recursal prprio, em manifesta burla ao preceito constitucional. Precedente da Primeira Turma desta Suprema Corte. 2. No viola o postulado constitucional do juiz natural o julgamento de apelao por rgo composto majoritariamente por juzes convocados, autorizado no mbito da Justia Federal pela Lei 9.788/1999. Precedentes. 3. Em processo,

    especificamente em matria de nulidades, vigora o princpio maior de que, sem prejuzo, no se reconhece nulidade (art.

    566 do CPP). A falta de demonstrao na impetrao de que a convocao, sujeita a regras de mera organizao judiciria, teria afetado substancialmente o julgado acarreta, por si s, a conservao do ato. 4. Habeas corpus extinto sem resoluo do mrito (i-710). 03. Execuo de multa aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente poltico municipal e legitimidade: O estado-membro no tem legitimidade para promover execuo judicial para cobrana de multa imposta por Tribunal de Contas estadual autoridade municipal, uma vez que a titularidade do crdito do prprio ente pblico prejudicado, a quem compete a cobrana, por meio de seus representantes judiciais. Com base nessa orientao,

    a 1 Turma negou provimento a agravo regimental em recurso extraordinrio, no qual se discutia a legitimidade ad causam de municpio para execuo de multa que lhe fora aplicada. O Min. Dias Toffoli destacou que, na omisso da

    municipalidade nessa execuo, o Ministrio Pblico poderia atuar (RE 580943 AgR/AC / i-711).

    04. EMB. DECL. NO AG. REG. NO RE N.

    346.736-DF / RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI / EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINRIO. NATUREZA REVISIONAL. TCNICA DE JULGAMENTO. DEMANDA COM MAIS DE UM FUNDAMENTO. ACOLHIMENTO DO RECURSO PARA AFASTAR UM DELES. INDISPENSABILIDADE DE

    APRECIAO DOS DEMAIS. SMULA 456/STF. 1. Em nosso sistema

    processual, o recurso extraordinrio tem natureza revisional, e no de cassao, a

    significar que o Supremo Tribunal Federal, conhecendo o recurso extraordinrio, julgar a

    causa, aplicando o direito espcie (Smula 456). Conhecer, na linguagem da Smula, significa no apenas superar positivamente os requisitos extrnsecos e intrnsecos de admissibilidade, mas tambm afirmar a existncia de violao, pelo acrdo recorrido, da norma constitucional invocada pelo recorrente. 2. Sendo assim, o julgamento do recurso do extraordinrio comporta, a rigor, trs etapas sucessivas, cada uma delas subordinada superao positiva da que lhe antecede: (a) a do juzo de admissibilidade, semelhante dos recursos ordinrios; (b) a do juzo sobre a alegao de ofensa a direito constitucional (que na terminologia da Smula 456/STF tambm compe o juzo de

    Dr. George Felcio, advogado do Banco do Nordeste do Brasil S/A.

    Informativo de Jurisprudncia

    Supremo Tribunal Federal

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    conhecimento); e, finalmente, se for o caso, (c) a do julgamento da causa, aplicando o direito espcie. 3. Esse julgamento da causa consiste na apreciao de outros fundamentos que, invocados nas instncias ordinrias, no compuseram o objeto do recurso extraordinrio, mas que, conhecido o recurso (vale dizer, acolhido o fundamento constitucional nele invocado pelo recorrente), passam a constituir matria de apreciao inafastvel, sob pena de no ficar completa a prestao jurisdicional. Nada impede que, em casos assim, o STF, ao invs de ele prprio desde logo julgar a causa, aplicando o direito espcie, opte por remeter esse julgamento ao juzo recorrido, como frequentemente o faz. 4. No caso, a parte demandada invocou, em

    contestao, dois fundamentos aptos, cada um deles, a levar a um juzo de improcedncia: (a) a inexistncia do direito afirmado na inicial e (b) a prescrio da ao. Nas instncias ordinrias, a improcedncia foi reconhecida pelo primeiro fundamento, tornando desnecessrio o exame do segundo. Todavia, em recurso extraordinrio, o Tribunal afastou o fundamento adotado pelo acrdo recorrido, razo pela qual se impunha que, nos termos da Smula 456, enfrentasse a questo prescricional, ou, pelo menos, que remetesse o respectivo exame ao tribunal recorrido. A falta dessa providncia, que deixou inconclusa a prestao jurisdicional, importou omisso, sanvel por embargos declaratrios. 5. Embargos de declarao acolhidos (i-711). 05. AG. REG. NO RE N. 401.482-PR / RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI / EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINRIO. AO CIVIL PBLICA. DEFESA DE INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGNEOS DISPONVEIS. LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTRIO PBLICO. PRECEDENTES. 1. O Ministrio Pblico possui legitimidade para propor ao civil coletiva em defesa de interesses individuais homogneos de relevante carter social, ainda que o objeto da demanda seja referente a direitos disponveis

    (RE 500.879-AgR, rel. Min. Crmen Lcia, Primeira Turma, DJe de 26-05-2011; RE 472.489-AgR, rel. Min. Celso De Mello, Segunda Turma, DJe de 29-08-2008). 2. Agravo regimental a que se nega provimento (i-711). 06. EMB. DECL. NA RvC N. 5.428-PE / RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI / EMENTA: Embargos de declarao na reviso criminal. No cabimento contra deciso

    monocrtica. Converso dos embargos declaratrios em agravo regimental. Matria criminal. Repetio dos mesmos fundamentos deduzidos em ao anterior. Inadmissibilidade. Recurso no provido. 1. Embargos de declarao recebidos como agravo regimental. 2. A jurisprudncia do Supremo Tribunal firme no sentido do no cabimento de embargos de declarao opostos contra deciso monocrtica. 3. O Supremo Tribunal Federal no admite a

    repetio de pedido anterior com as mesmas razes e os mesmos fundamentos desse, sem nenhuma inovao. Precedentes. 4. Agravo regimental no provido (i-712).

    CONSTITUCIONAL

    01. RE N. 583.050-RS / REDATOR P/ O ACRDO: MIN. DIAS TOFFOLI / EMENTA: Recurso extraordinrio Direito Previdencirio e Processual Civil Repercusso geral reconhecida Competncia para o processamento de ao ajuizada contra entidade de previdncia privada e com o fito de obter complementao de aposentadoria Afirmao da autonomia do Direito Previdencirio em relao ao Direito do Trabalho Litgio de natureza eminentemente constitucional, cuja soluo deve buscar trazer maior efetividade e racionalidade ao sistema Competncia da Justia comum para o processamento do feito Recurso no provido. 1. A competncia para o processamento de aes ajuizadas contra entidades privadas de previdncia complementar da Justia comum, dada a autonomia do Direito Previdencirio em relao ao Direito do Trabalho.

    Inteligncia do art. 202, 2, da Constituio Federal a excepcionar, na anlise desse tipo de matria, a norma do art. 114, inciso IX, da Magna Carta. 2. O intrprete diante de controvrsia em que h fundamentos constitucionais para se adotar mais de uma soluo possvel deve optar por aquela que efetivamente trar maior efetividade e racionalidade ao sistema. 3. Recurso extraordinrio no provido (i-710). 02. MS: projeto de lei e criao de novos partidos: Em concluso, o Plenrio, por maioria, denegou mandado de segurana preventivo em que senador alegava ofensa ao devido processo legislativo na tramitao do Projeto de Lei - PL 4.470/2012 (Cmara dos Deputados), convertido, no Senado, no Projeto de Lei da Cmara - PLC 14/2013, que estabelece novas regras para a distribuio de recursos do fundo partidrio e de horrio de propaganda eleitoral no rdio e na televiso, nas hipteses de migrao partidria v. Informativos 709 e 710. Preliminarmente, por votao majoritria, conheceu-se do writ, vencidos os Ministros Marco Aurlio e Crmen Lcia. Estes consideravam que o objetivo da impetrao seria controle prvio de constitucionalidade de lei, por suposta ofensa a princpios constitucionais, o que seria inadmissvel, consoante jurisprudncia da Corte. No que se refere a processo legislativo ordinrio, acresciam que os projetos de lei apenas seriam impugnveis, na via eleita, quando e se verificada inobservncia a dispositivos reguladores desse procedimento. Ademais, essa forma de controle tambm seria admissvel na hiptese de emenda constitucional atentatria a clusula ptrea (CF, art. 60, 4). No ponto, a Min. Crmen Lcia destacava que, se houvesse projeto de lei a contrariar essas clusulas, o controle judicial em mandado de segurana tambm seria cabvel, embora no fosse o caso. No mrito, prevaleceu o voto do Min. Teori Zavascki. Considerou que as eventuais inconstitucionalidades do texto impugnado poderiam ser resolvidas se e quando o projeto se transformasse em lei. Ademais, a discusso sobre a legitimidade do controle constitucional preventivo de proposta legislativa teria consequncias transcendentais, com reflexos para alm do caso em pauta, pois tocaria o cerne da autonomia dos Poderes. Reputou que o sistema constitucional ptrio no autorizaria o controle de constitucionalidade prvio de atos normativos, e que a jurisprudncia da Corte estaria consolidada no sentido de, em regra, deverem ser rechaadas as demandas judiciais com essa finalidade. Delimitou haver duas excees a essa regra: a) proposta de emenda

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    Constituio manifestamente ofensiva a clusula ptrea; e b) projeto de lei ou de emenda em cuja tramitao se verificasse manifesta afronta a clusula constitucional que disciplinasse o correspondente processo legislativo. Aduziu que, em ambas as hipteses, a justificativa para excepcionar a regra estaria claramente definida na jurisprudncia do STF. O vcio de inconstitucionalidade estaria diretamente relacionado aos aspectos formais e procedimentais da atuao legislativa. Nessas circunstncias, a impetrao de segurana seria admissvel porque buscaria corrigir vcio efetivamente concretizado, antes e independentemente da final aprovao da norma. Assinalou que o caso em exame no

    se enquadraria em qualquer dessas duas excepcionais situaes, pois sustentado apenas que o projeto de lei teria contedo incompatvel com os artigos 1, V; e 17, caput, ambos da CF. Ressaltou que a mais notria consequncia de eventual concesso da ordem seria a universalizao do controle preventivo de constitucionalidade, em descompasso com a Constituio e com a jurisprudncia j consolidada. Destacou a existncia de modelo exclusivo de controle de normas, exercido pelos rgos e instituies arrolados no art. 103 da CF, mediante ao prpria. Admitir-se-ia, se prevalecente entendimento diverso, controle jurisdicional por ao da constitucionalidade material de projeto de norma, a ser exercido exclusivamente por parlamentar. Esse modelo de controle prvio no teria similar no direito comparado e ultrapassaria os limites constitucionais da interveno do Judicirio no processo de formao das leis. Asseverou que as discusses polticas, nesse mbito, pertenceriam ao Legislativo e no ao Judicirio. Sublinhou o distanciamento que as Cortes constitucionais deveriam ter dos processos polticos, inclusive pela sua inaptido para resolver, por via de ao, os conflitos carregados de paixes dessa natureza. Salientou no fazer sentido, ademais, atribuir a parlamentar, a quem a Constituio no habilitaria para provocar o controle abstrato de constitucionalidade normativa, prerrogativa muito mais abrangente e eficiente de provocar esse controle sobre os prprios projetos legislativos. Alm disso, subtrair-se-ia dos outros Poderes a prerrogativa de exercerem o controle constitucional preventivo de leis. O Min. Luiz Fux exemplificou que, caso se considerasse que o PLC 14/2013 deveria ser arquivado, a mdio e longo prazo haveria uma srie de demandas da mesma espcie perante a Corte. Nesse sentido, o STF atuaria como uma espcie de terceiro participante das rodadas parlamentares, e exerceria papel tpico do Legislativo. O controle repressivo de constitucionalidade cederia espao, ento, ao controle preventivo. O Min. Marco Aurlio afastou a tese de que o legislador estaria vinculado aos efeitos da deciso proferida na ADI 4430/DF (acrdo pendente de publicao, v. Informativo 672), o que viabilizaria a tramitao do projeto de lei questionado, embora pudesse ter, em tese, contedo desafiador de interpretao anterior do STF. Assinalou que a celeridade na tramitao do texto no afrontaria o devido processo legislativo. Apontou que a superinterpretao do

    texto constitucional, forma de interpretao ilegtima ou de ativismo judicial distorcido, teria como exemplo as interferncias na tramitao de matria legislativa. Arrematou que os atores do devido processo legislativo no seriam os juzes, mas os representantes do povo. Vencidos os Ministros Gilmar Mendes, relator, Dias Toffoli e Celso de Mello, que concediam parcialmente a segurana, para declarar a inconstitucionalidade da deliberao legislativa sobre o PLC 14/2013, se aprovado para reger as eleies que ocorrero em 2014. O relator assentava a possibilidade de mandado de segurana ser impetrado para suspender a tramitao de projeto de lei alegadamente violador de clusula ptrea. Registrava que o projeto de lei em comento seria ofensivo isonomia, igualdade de chances, proporcionalidade, segurana jurdica e liberdade de criao de partidos. Rememorava que pretender-se-ia impor interpretao constitucional diametralmente oposta exarada no julgamento da ADI 4430/DF. O Min. Dias Toffoli sublinhava o carter casustico do projeto, porquanto grupos majoritrios no Parlamento pretenderiam atingir a essncia da disputa democrtica por meio de importantes instrumentos do debate

    poltico e eleitoral, que seriam acesso a rdio e televiso gratuitamente, seja pelo programa partidrio ou

    fundo partidrio, disciplinados pela Lei 9.096/95, seja pelas normas para eleio contidas na Lei

    9.504/97. O Min. Celso de Mello consignava a possibilidade jurdico-constitucional de fiscalizao de determinados atos emanados do Executivo ou do Legislativo, quando alegadamente eivados de vcio de inconstitucionalidade formal ou material, sem vulnerar a separao de Poderes. Afirmava que, mesmo que em seu prprio domnio institucional, nenhum rgo estatal

    poderia pretender-se superior ou supor-se fora do alcance da autoridade da

    Constituio. Nesse sentido, a separao de Poderes jamais poderia ser invocada como

    princpio destinado a frustrar a resistncia jurdica a qualquer ato de represso estatal ou a qualquer ensaio de

    abuso de poder e desrespeito a clusula ptrea. Frisava jurisprudncia da Corte no sentido da possibilidade de controle jurisdicional de atos polticos. Por fim, o Tribunal cassou a deciso liminar anteriormente deferida (MS 32033/DF / i-711). 03. AG. REG. NA Rcl N. 3.760-PA / RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI / EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. MINISTRIO PBLICO DO TRABALHO. ATUAO DIRETA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. FUNO DA PROCURADORIA-GERAL DA REPBLICA, CONFORME DISPOSTO NO ART. 46 DA LC 75/1993. 1. Segundo a jurisprudncia firmada no Supremo Tribunal Federal, incumbe ao Procurador-Geral da Repblica exercer as funes do Ministrio Pblico junto ao Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 46 da Lei Complementar 75/93, sendo que o exerccio das atribuies do Ministrio Pblico do Trabalho se circunscreve aos rgos da Justia do Trabalho, consoante

    se infere dos arts. 83, 90, 107 e 110 da Lei Complementar 75/93 (Rcl 4453, Pleno, Min. Ellen Gracie, DJe de 27/03/2009). 2. Agravo no conhecido (i-711).

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    04. AG. REG. NA Rcl N. 13.508-DF / RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI / EMENTA: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINRIO. DECISO DENEGATRIA DE SEGUIMENTO. AUSNCIA DE REPERCUSSO GERAL DA MATRIA RECONHECIDA. NO CABIMENTO DE RECURSO OU RECLAMAO PARA O STF. 1. O Plenrio desta Corte firmou o entendimento de que no cabe recurso ou reclamao ao Supremo Tribunal Federal para rever deciso do Tribunal de origem que aplica a sistemtica da repercusso geral, a menos que haja negativa motivada do juiz em se retratar para seguir a deciso da Suprema Corte. Precedentes. 2.

    Agravo regimental a que se nega provimento (i-711). 05. Detentor de mandato eletivo e efeitos da condenao: O Plenrio, por maioria, no conheceu de embargos de declarao e reconheceu o imediato trnsito em julgado independentemente da publicao do acrdo de deciso condenatria proferida contra ento ex-deputado federal, pela prtica dos crimes de formao de quadrilha e peculato, em que imposta a pena de 13 anos, 4 meses e 10 dias de recluso, alm de 66 dias-multa no valor de um salrio mnimo vigente poca do fato. Determinou-se o lanamento do nome do ru no rol dos culpados e a expedio imediata do mandado de priso. Preliminarmente, por deciso majoritria, resolveu-se questo de ordem para estabelecer-se que tanto a suspenso quanto a perda do cargo seriam medidas decorrentes da condenao criminal e imediatamente exequveis aps seu trnsito em julgado, sendo irrelevante se o ru exercia ou no cargo eletivo ao tempo do julgamento. Assim, rejeitou-se a

    alegao da defesa de que o embargante, em razo de haver sido eleito e diplomado, novamente, deputado federal, aps a condenao, teria direito s prerrogativas dos artigos 53, 2 ( 2 Desde a expedio do diploma, os membros do Congresso Nacional no podero ser presos, salvo em flagrante de crime inafianvel. Nesse caso, os autos sero remetidos dentro de vinte e quatro horas Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a priso); e 55, 2 ( 2 Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato ser decidida pela Cmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocao da respectiva Mesa ou de partido poltico representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa), ambos da CF. Esses preceitos, segundo a defesa, prevaleceriam sobre a regra do art. 15, III, da CF (Art. 15. vedada a cassao de direitos polticos, cuja perda ou suspenso s se dar nos casos de: ... III - condenao criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos). Registrou-se que o ru teria sido condenado pelos crimes de peculato e quadrilha, com a determinao de que fossem suspensos seus direitos polticos, com fulcro no art. 15, III, da CF. Destacou-se que essa suspenso seria incua se o exerccio de novo mandato parlamentar impedisse a perda ou suspenso dos direitos polticos. Nesse sentido, a perda do mandato parlamentar derivaria logicamente do preceito constitucional a impor a limitao dos direitos polticos, que poderia efetivar-se com a suspenso ou perda do mandato. Ressaltou-se que, alm dos casos em que a condenao criminal transitada em julgado levasse perda do mandato em razo de o

    tipo penal prever que a improbidade administrativa estaria contida no crime , haveria hipteses em que a pena privativa de liberdade seria superior a quatro anos, situaes em que aplicvel o art. 92 do CP. Portanto, a condenao tambm poderia gerar a perda do mandato, pois a conduta seria incompatvel com o cargo. Ressalvadas essas duas hipteses, em que a perda do mandato poderia ser decretada pelo Judicirio, observar-se-ia, nos demais casos, a reserva do Parlamento.

    Poderia, ento, a casa legislativa interessada proceder na forma prevista no art. 55, 2, da CF. Reputou-se que, na linha jurisprudencial da Corte, a sano concernente aos direitos polticos imposta a condenado por crime contra a Administrao Pblica bastaria para determinar a suspenso ou perda do cargo, e seria irrelevante o fato de ter sido determinada a condenao sem que o ru estivesse no exerccio de mandato parlamentar, com sua posterior diplomao no cargo de deputado federal, antes do trnsito em julgado da deciso. O Min. Teori Zavascki acrescentou que no procederia a alegao de ofensa ao art. 53, 2, da CF. Afirmou que o dispositivo preservaria, no que diz respeito s imunidades reconhecidas aos parlamentares federais, a regra segundo a qual, no mbito das prises cautelares, somente se admitiria a modalidade de priso em flagrante, decorrente de crime inafianvel. Afirmou que nesse preceito no se compreenderia a priso resultante de sentena condenatria transitada em julgado. Destacou que a incoercibilidade pessoal dos congressistas configuraria garantia de natureza relativa. Assim, ainda que pendente a deliberao, pela casa legislativa correspondente, sobre a perda de mandato parlamentar do condenado por sentena com trnsito em julgado (CF, art. 55, 2), no haveria empecilho a que o Judicirio promovesse a execuo da pena privativa de liberdade imposta. No caso, aduziu a impertinncia dessa questo no que foi acompanhado pelos Ministros Ricardo Lewandowski e Rosa Weber , pois no se poderia atrelar a suspenso dos direitos polticos com a perda do mandato. Assentou que a manuteno ou no do mandato, nas hipteses de condenao definitiva, deveria ser resolvida pelo Congresso. Consignou, ainda, que o regime constitucional conferido ao tema quanto ao Presidente da Repblica tambm no salvaguardaria o embargante, pois mesmo o Chefe do Executivo estaria sujeito priso decorrente de condenao transitada em julgado. Desse modo, o fato superveniente citado no alteraria a condenao imposta, sequer inibiria a execuo penal. Vencido o Min. Marco Aurlio, que reiterava a incompetncia do STF para julgar o feito, tendo em vista a renncia do parlamentar ao cargo que ocupava antes da deciso condenatria. No mrito, anotou-se que os embargos seriam protelatrios, visto que pretenderiam rediscutir temas j suscitados e debatidos, de maneira a viabilizar indevido reexame da causa. Ressaltou-se incabvel a excepcional ocorrncia de efeitos modificativos nesse recurso, ou mesmo eventual concesso de habeas corpus de ofcio. Destacou-se que a superveniente diplomao do embargante para o cargo de deputado federal j teria sido enfrentada na questo de ordem e, ainda que no houvesse sido analisada, estaria preclusa, porque no suscitada nos primeiros embargos, embora a diplomao tivesse ocorrido antes de sua oposio. O Min. Luiz Fux repisou no tocante tese aventada no sentido de que a investigao que culminara na denncia padeceria de vcios

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    que no se permitiria a nulidade de ao penal em decorrncia desses supostos defeitos preliminares, caso a prpria ao penal obedecesse aos princpios constitucionais. Consignou, ainda, que a casa legislativa a que vinculado o parlamentar no teria o condo de sustar o andamento da ao penal na hiptese de crime ocorrido antes da diplomao. Vencido o Min. Marco Aurlio, que admitia os embargos (AP 396 QO/RO e AP 396 ED-ED/RO / i-712). 06. AG. REG. NA Rcl N. 9.327-RJ / RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI / EMENTA: Agravo regimental na reclamao. Legitimidade ativa autnoma do Ministrio Pblico estadual para propor reclamao perante a Suprema Corte. Precedente. Alegado descumprimento das Smulas Vinculantes ns 9 e 10/STF. Feito ajuizado em razo de ato judicial acobertado pelo trnsito em julgado. No cabimento. Incidncia da Smula n 734/STF. Precedentes. Regimental no provido. 1. da jurisprudncia contempornea da Corte o entendimento de que o Ministrio Pbico estadual detm legitimidade ativa autnoma para propor reclamao constitucional perante o Supremo Tribunal Federal (RCL n 7.358/SP, Tribunal Pleno, Relatora a

    Ministra Ellen Gracie, DJe de 3/6/11). 2. Impropriedade do uso da reclamao em face da coisa julgada incidente sobre o ato reclamado, a teor do enunciado da Smula n 734/STF. 3. Agravo regimental a que se nega provimento (i-713).

    ELEITORAL 01. Propaganda partidria e legitimidade do Ministrio Pblico para representao: O Ministrio Pblico tem legitimidade para representar contra propagandas partidrias irregulares. Com base nesse

    entendimento, o Plenrio, por maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em ao direta de inconstitucionalidade proposta contra a expresso que somente poder ser oferecida por partido poltico, constante do art. 45, 3, da Lei 9.096/95, com a redao conferida pela Lei 12.034/2009 (A representao, que somente poder ser oferecida por partido poltico, ser julgada pelo Tribunal Superior Eleitoral quando se tratar de programa em bloco ou inseres nacionais e pelos Tribunais Regionais Eleitorais quando se tratar de programas em bloco ou inseres transmitidos nos Estados correspondentes) para dar interpretao conforme a Constituio de modo a garantir a atuao do Ministrio Pblico. Esclareceu-se que a representao de que trata este artigo versaria apenas sobre a propaganda partidria irregular. Explicitou-se que a propaganda, no Direito Eleitoral, se dividiria em: a) intrapartidria ou pr-eleitoral, que visaria promoo do pretenso candidato perante os demais filiados agremiao partidria; b) eleitoral stricto sensu, que teria por fito a captao de votos perante o eleitorado; c) institucional, que possuiria contedo educativo, informativo ou de orientao social, promovida pelos rgos pblicos, nos termos do art. 37, 1, da CF; e d) partidria. Aduziu-se que a propaganda partidria, alvo da discusso travada nesta ADI, seria aquela organizada pelos partidos polticos, no af de difundir suas

    ideias e propostas, o que serviria para cooptar filiados para as agremiaes, bem como para enraizar suas plataformas e opinies na conscincia da comunidade. Derivaria do chamado direito de antena, assegurado aos partidos polticos pelo art. 17, 3, da Constituio. Ressaltou-se que o art. 45, 1, da Lei Orgnica dos Partidos Polticos vedaria, na propaganda partidria, a participao de pessoa filiada a partido que no o responsvel pelo programa e a divulgao de propaganda de candidatos a cargos eletivos. Alm disso, impediria a defesa de interesses pessoais ou de outros partidos, e a utilizao de imagens ou cenas incorretas ou incompletas, efeitos ou quaisquer outros recursos que pudessem distorcer ou falsear os fatos ou a sua comunicao. Apontou-se que essas proibies resguardariam princpios caros ao Direito Eleitoral, como a igualdade de chances entre os partidos polticos, a moralidade eleitoral, a defesa das minorias e, em ltima anlise, a democracia. Consignou-se que a Constituio atribuiria ao parquet a defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais indisponveis, por isso mesmo no lhe poderia tolher a legitimidade para representar

    contra propagandas partidrias irregulares. Sublinhou-se que a expresso impugnada, ao dispor que a

    representao somente poder ser oferecida por partido poltico, vulneraria de forma

    substancial o papel constitucional do Ministrio Pblico na defesa das instituies democrticas. Vencido o Min. Teori Zavascki, que tambm julgava parcialmente procedente o pedido, mas reputava que o vcio da inconstitucionalidade se resolveria com reduo de texto, ou seja, com a excluso da palavra somente (ADI 4617/DF / i-

    711).

    INTERNACIONAL

    01. Ext N. 1.252-REINO DA ESPANHA / RELATORA: MIN. CRMEN LCIA / EMENTA: EXTRADIO. PEDIDO FORMULADO COM BASE NO TRATADO DE EXTRADIO BRASIL-ESPANHA. CRIME DE TRFICO INTERNACIONAL DE PESSOA PARA FIM DE EXPLORAO SEXUAL E CRIME DE FAVORECIMENTO DA PROSTITUIO: DUPLA TIPICIDADE ATENDIDA. PRESCRIO: NO-OCORRNCIA. EXTRADITANDO COM CNJUGE E FILHAS NO BRASIL: APLICAO DA SMULA 421 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. EXTRADIO DEFERIDA. 1. O pedido formulado pelo Reino da Espanha atende aos pressupostos necessrios ao seu deferimento, nos termos da Lei n. 6.815/80 e do Tratado de Extradio especfico. 2. Satisfeito est o requisito da dupla tipicidade, previsto no art. 77, inc. II, da Lei n. 6.815/80. Os fatos delituosos imputados ao Extraditando corresponde, no Brasil, ao crime de trfico internacional de pessoa para fim de explorao sexual, previsto no art. 231 do Cdigo Penal, e ao crime de favorecimento da prostituio ou outra forma de explorao sexual, previsto no art. 228, 2, do Cdigo Penal. 3. Em atendimento ao disposto no art. 77, inc. VI, da Lei n. 6.815/80 e no art. VI, alnea c, do Tratado especfico, observa-se no ter ocorrido a prescrio da pena, sob a

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    anlise da legislao de ambos os Estados. 4. Extraditando tem esposa e filhas brasileiras: irrelevncia: aplicao da Smula n. 421, deste Supremo Tribunal Federal: no impede a extradio a circunstncia de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro. 5. A jurisprudncia deste Supremo Tribunal firme no sentido de que mesmo em ocorrendo concurso de jurisdies penais entre o Brasil e o Estado requerente, torna-se lcito deferir a extradio naquelas hipteses em que o fato delituoso, ainda que pertencendo, cumulativamente, ao domnio das leis brasileiras, no haja originado procedimento penal-persecutrio, contra o extraditando, perante rgos competentes do Estado brasileiro.

    Precedentes. 6. O Reino da Espanha dever assegurar a detrao do tempo em que o Extraditando tenha permanecido preso no Brasil, por fora do pedido formulado: aplicao da regra prevista no art. VI 1, do Tratado especfico: a extradio no ser concedida sem que o Estado requerente d garantias de que ser computado o tempo da priso que tiver sido imposta ao reclamado no estado requerido, por fora da extradio. 7. Extradio deferida (i-710).

    PENAL E PROCESSO PENAL 01. Lei 10.792/2003: entrevista e audincia de instruo: Em concluso, ante a inadequao da via eleita, a 1 Turma julgou extinto habeas corpus substitutivo de recurso constitucional em que se pretendia fosse declarada a nulidade de processo-crime a partir da audincia para oitiva de testemunha, sob o argumento de no concesso, naquela oportunidade, de entrevista reservada entre o acusado e o defensor pblico v. informativo 672. Pontuou-se no haver obrigatoriedade de assegurar-se defesa, j anteriormente constituda, fosse ela pblica ou privada, a realizao de entrevista prvia ao ru antes do incio de audincia para inquirio de testemunhas. Asseverou-se ser diversa a situao caso se tratasse de interrogatrio do paciente, ocasio em que se poderia cogitar de eventual necessidade de prvio aconselhamento do ru com seu advogado, para subsidi-lo com elementos tcnicos para a produo da defesa pessoal do acusado (CPP, art. 185, 5). Ademais, rejeitou-se, por maioria,

    proposta formulada pelo Min. Marco Aurlio no sentido de concesso da ordem, de ofcio. O Min. Luiz Fux, relator, reajustou o voto (HC 112225/DF / i-711). 2. ADI N. 4.414-AL / RELATOR: MIN. LUIZ FUX / EMENTA: DIREITO PROCESSUAL PENAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CRIAO, POR LEI ESTADUAL, DE VARAS ESPECIALIZADAS EM DELITOS PRATICADOS POR ORGANIZAES CRIMINOSAS. PREVISO DE CONCEITO DE CRIME ORGANIZADO NO DIPLOMA ESTADUAL. ALEGAO DE VIOLAO COMPETNCIA DA UNIO PARA LEGISLAR SOBRE MATRIA PENAL E PROCESSUAL PENAL. ENTENDIMENTO DO EGRGIO PLENRIO PELA PROCEDNCIA DO PEDIDO DE DECLARAO DE

    INCONSTITUCIONALIDADE. INCLUSO DOS ATOS CONEXOS AOS CONSIDERADOS COMO CRIME ORGANIZADO NA COMPETNCIA DA VARA ESPECIALIZADA. REGRA DE PREVALNCIA ENTRE JUZOS INSERIDA EM LEI ESTADUAL. INCONSTITUCIONALIDADE. VIOLAO DA COMPETNCIA DA UNIO PARA TRATAR SOBRE DIREITO PROCESSUAL PENAL (ART. 22, I, CRFB). AUSNCIA DE

    RESSALVA COMPETNCIA CONSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DO JRI. VIOLAO AO ART. 5, XXXVIII, CRFB. AFRONTA COMPETNCIA DA UNIO PARA LEGISLAR SOBRE PROCESSO (ART. 22, I, CRFB). CRIAO DE RGO COLEGIADO EM PRIMEIRO GRAU POR MEIO DE LEI ESTADUAL. APLICABILIDADE DO ART. 24, XI, DA CARTA MAGNA, QUE PREV A COMPETNCIA CONCORRENTE PARA LEGISLAR SOBRE

    PROCEDIMENTOS EM MATRIA PROCESSUAL. COLEGIALIDADE COMO FATOR DE REFORO DA INDEPENDNCIA JUDICIAL. OMISSO DA LEGISLAO FEDERAL. COMPETNCIA ESTADUAL PARA SUPRIR A LACUNA (ART. 24, 3, CRFB). CONSTITUCIONALIDADE DE TODOS OS DISPOSITIVOS QUE FAZEM REFERNCIA VARA ESPECIALIZADA COMO RGO COLEGIADO. DISPOSITIVOS QUE VERSAM SOBRE PROTOCOLO E DISTRIBUIO. CONSTITUCIONALIDADE. COMPETNCIA CONCORRENTE PARA TRATAR DE PROCEDIMENTOS EM MATRIA PROCESSUAL (ART. 24, XI, DA CRFB). ATIVIDADES DA VARA CRIMINAL ANTERIORES OU CONCOMITANTES INSTRUO PRVIA. ALEGAO DE MALFERIMENTO AO SISTEMA ACUSATRIO DE PROCESSO PENAL. INTERPRETAO CONFORME CONSTITUIO. ATUAO DO JUDICIRIO NA FASE INVESTIGATIVA PRELIMINAR APENAS NA FUNO DE JUIZ DE GARANTIAS. POSSIBILIDADE, AINDA, DE APRECIAO DE REMDIOS CONSTITUCIONAIS DESTINADOS A

    COMBATER EXPEDIENTES INVESTIGATIVOS ILEGAIS. ATRIBUIO, VARA ESPECIALIZADA, DE COMPETNCIA TERRITORIAL QUE ABRANGE TODO O TERRITRIO DO ESTADO-MEMBRO. SUSCITAO DE OFENSA AO PRINCPIO DA TERRITORIALIDADE. IMPROCEDNCIA. MATRIA INSERIDA NA DISCRICIONARIEDADE DO LEGISLADOR ESTADUAL PARA TRATAR DE

    ORGANIZAO JUDICIRIA (ART. 125 DA CRFB). COMANDO DA LEI ESTADUAL QUE DETERMINA A REDISTRIBUIO DOS INQURITOS

    POLICIAIS EM CURSO PARA A NOVA VARA. INEXISTNCIA DE AFRONTA PERPETUATIO JURISDICTIONIS. APLICAO DAS EXCEES CONTIDAS NO ART. 87 DO CPC. ENTENDIMENTO DO PLENO DESTE PRETRIO EXCELSO. PREVISO, NA LEI ATACADA, DE NO REDISTRIBUIO DOS PROCESSOS EM ANDAMENTO. CONSTITUCIONALIDADE. MATRIA QUE ATINE TANTO AO DIREITO PROCESSUAL QUANTO ORGANIZAO JUDICIRIA. TEORIA DOS PODERES IMPLCITOS. COMPETNCIA DOS ESTADOS PARA DISPOR, MEDIANTE LEI, SOBRE A REDISTRIBUIO DOS FEITOS EM CURSO. EXEGESE DO ART. 125 DA CRFB. POSSIBILIDADE DE DELEGAO DISCRICIONRIA DOS ATOS DE INSTRUO OU EXECUO A OUTRO

    JUZO. MATRIA PROCESSUAL. PERMISSO PARA QUALQUER JUIZ, ALEGANDO ESTAR SOFRENDO AMEAAS, SOLICITAR A ATUAO DA VARA ESPECIALIZADA. VCIO FORMAL, POR INVADIR COMPETNCIA PRIVATIVA DA UNIO PARA TRATAR DE PROCESSO (ART. 22, I, CRFB). INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL, POR VIOLAR O PRINCPIO DO JUIZ NATURAL E A VEDAO DE CRIAO DE TRIBUNAIS DE EXCEO (ART. 5, LIII E XXXVII, CRFB). ATRIBUIO, VARA ESPECIALIZADA, DE COMPETNCIA PARA PROCESSAR A EXECUO PENAL. INEXISTNCIA DE AFRONTA CARTA MAGNA. TEMA DE ORGANIZAO JUDICIRIA (ART. 125 CRFB). PERMISSO LEGAL PARA JULGAR CASOS URGENTES NO INSERIDOS NA COMPETNCIA DA VARA ESPECIALIZADA. INTERPRETAO CONFORME CONSTITUIO (ART. 5, XXXV, LIII, LIV, LXV, LXI E LXII, CRFB). PERMISSO QUE SE RESTRINGE S HIPTESES DE RELAXAMENTO DE PRISES ILEGAIS, SALVANTE AS HIPTESES DE M-F OU ERRO MANIFESTO. TRANSLATIO IUDICII NO PROCESSO PENAL, CUJA APLICABILIDADE REQUER HAJA DVIDA OBJETIVA ACERCA DA COMPETNCIA PARA APRECIAR A CAUSA. PREVISO GENRICA DE SEGREDO DE JUSTIA A TODOS OS INQURITOS E PROCESSOS. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO PLENRIO. INDICAO E NOMEAO DE MAGISTRADO PARA

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    INTEGRAR A VARA ESPECIALIZADA REALIZADA POLITICAMENTE PELO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIA. INCONSTITUCIONALIDADE. VIOLAO AOS CRITRIOS PARA REMOO E PROMOO DE JUZES PREVISTOS NA CARTA MAGNA (ART. 93, II E VIII-A). GARANTIAS DE INDEPENDNCIA DA MAGISTRATURA E DE QUALIDADE DA PRESTAO

    JURISDICIONAL. ESTABELECIMENTO DE MANDATO DE DOIS ANOS PARA A OCUPAO DA TITULARIDADE DA VARA ESPECIALIZADA. DESIGNAO POLTICA TAMBM DO JUIZ SUBSTITUTO, ANTE O AFASTAMENTO DO TITULAR. INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO INDIRETO DA REGRA DA IDENTIDADE FSICA DO JUIZ (ART. 399, 2, CPP). PRINCPIO DA ORALIDADE. MATRIA PROCESSUAL, QUE DEVE SER TRATADA EM LEI NACIONAL (ART. 22, I, CRFB). AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. MODULAO DOS EFEITOS TEMPORAIS DA DECISO. 1. Os delitos cometidos por organizaes criminosas podem submeter-se ao juzo especializado criado por lei estadual, porquanto o tema de organizao judiciria, prevista em lei editada no mbito da competncia dos Estados-membros (art. 125

    da CRFB). Precedentes (ADI 1218, Relator(a): Min. MAURCIO CORRA, Tribunal Pleno, julgado em 05/09/2002, DJ 08-11-2002; HC 96104, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 16/06/2010, Dje-145; HC 94146, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 21/10/2008, Dje-211; HC 85060, Relator(a): Min. EROS GRAU, Primeira Turma, julgado em 23/09/2008, Dje-030; HC 91024, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 05/08/2008, Dje-157). Doutrina (TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Cdigo de Processo Penal Comentado, 12 ed. So Paulo: Saraiva, 2009. p. 278-279). 2. O conceito de crime organizado matria reservada competncia legislativa da Unio, tema interditado lei estadual, luz da repartio constitucional (art. 22, I, CRFB). 3. Lei estadual no lcito, a pretexto de definir a competncia da Vara especializada, imiscuir-se na esfera privativa da Unio para legislar sobre regras de prevalncia entre juzos (arts. 78 e 79 do CPP), matria de carter processual (art. 22, I, CRFB). 4. A competncia constitucional do Tribunal do Jri (art. 5, XXXVIII) no pode ser afastada por Lei estadual, nem usurpada por Vara criminal especializada, sendo vedada, ainda, a alterao da forma de sua composio, que deve ser definida em Lei nacional. Precedentes do Pleno deste

    Pretrio Excelso (ADI 1218/RO, rel. Min. MAURCIO CORRA, julg. 05/09/2002, Tribunal Pleno). 5. A composio do rgo jurisdicional se insere na competncia legislativa concorrente para versar sobre procedimentos em matria processual, merc da caracterizao do procedimento como a exteriorizao da relao jurdica em desenvolvimento, a englobar o modo de produo dos atos decisrios do Estado-juiz, se com a chancela de um ou de vrios magistrados (Machado Guimares. Estudos de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro - So Paulo: Jurdica e Universitria, 1969. p. 68). 6. A independncia do juiz nos casos relativos a organizaes criminosas, injuno constitucional, na forma do art. 5, XXXVII e LIII, da CRFB, no est adequadamente preservada pela legislao federal, constituindo lacuna a ser

    preenchida pelos Estados-membros, no exerccio da competncia prevista no art. 24, 3, da Carta Magna. 7. Os Estados-membros podem dispor, mediante Lei, sobre protocolo e distribuio de processos, no mbito de sua competncia para editar normas especficas sobre procedimentos em matria processual (art. 24, XI, CRFB). 8. A separao entre as funes de acusar defender e julgar o signo essencial do sistema acusatrio de processo penal (Art. 129, I, CRFB), tornando a atuao do Judicirio na fase pr-processual somente admissvel com o propsito de proteger as garantias fundamentais dos investigados (FERRAJOLI, Luigi. Derecho y Razn Teora del Garantismo Penal. 3 ed., Madrid: Trotta, 1998. p. 567). 9. Os procedimentos investigativos pr-processuais no previstos no ordenamento positivo so ilegais, a exemplo das VPIs, sindicncias e acautelamentos, sendo possvel recorrer ao Judicirio para fazer cessar a ilicitude, mantida a incolumidade do sistema acusatrio (HAMILTON, Sergio Demoro. A Ilegalidade das VPIS, das Sindicncias, dos Acautelamentos e Quejandos. In: Processo Penal Reflexes. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002). 10. O princpio do juiz

    natural no resta violado na hiptese em que Lei estadual atribui a Vara especializada

    competncia territorial abrangente de todo o territrio da unidade federada, com

    fundamento no art. 125 da Constituio, porquanto o tema gravita em torno da organizao judiciria, inexistindo afronta aos princpios da territorialidade e do Juiz natural. 11. A

    perpetuatio jurisdictionis excepcionada nas hipteses de modificao da competncia ratione materiae do rgo,

    motivo pelo qual lcita a redistribuio dos inquritos policiais para a nova Vara

    Criminal, consoante o art. 87, in fine, do CPC. Precedentes (HC 88.660-4, Rel. Min.

    Crmen Lcia, Tribunal Pleno, julg. 15.05.2008; HC 85.060, Rel. Min. Eros Grau, Primeira Turma,

    julg. 23.09.2008; HC 76.510/SP Rel. Min. Carlos Velloso, Segunda Turma, julg. 31.03.1998). Doutrina (CARNELUTTI, Francesco. Sistema di Diritto Processuale Civile. V. III. Padova: CEDAM, 1939. p. 480; MARQUES, Jos Frederico. Enciclopdia Saraiva do Direito. Vol. 46. p. 446; TORNAGHI, Tornaghi. Instituio de Processo Penal. Vol. I. 2 ed. So Paulo: Saraiva, 1977. p. 174). 12. A Lei estadual que cria Vara especializada em razo da matria pode, de forma objetiva e abstrata, impedir a redistribuio dos processos em curso, atravs de norma procedimental (art. 24, XI, CRFB), que se afigura necessria para preservar a racionalidade da prestao jurisdicional e uma eficiente organizao judiciria (art. 125 CRFB) (GRECO, Leonardo. Instituies de Processo Civil. V. I. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 174-175; DINAMARCO, Cndido Rangel. Instituies de Direito Processual Civil. V. I. 6 ed. So Paulo: Malheiros, 2009. p. 365-366). 13. O princpio do Juiz natural (art. 5, XXXVII e LIII, CRFB) incompatvel com disposio que permita a delegao de atos de instruo ou execuo a outro juzo, sem justificativa calcada na competncia territorial ou funcional dos rgos envolvidos, ante a proibio dos poderes de comisso (possibilidade de criao de rgo jurisdicional ex post facto) e de avocao (possibilidade de

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    modificao da competncia por critrios discricionrios), sendo certo que a ciso funcional de competncia no se insere na esfera legislativa dos Estados-membros (art. 22, I, CRFB) (FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razo: teoria do garantismo penal. 2 ed. So Paulo: RT, 2006. p. 544; SCHWAB, Karl Heinz. Diviso de funes e o juiz natural. Revista de Processo,vol 12 n 48 p 124 a 131 out/dez 1987). 14. A criao, no curso do processo, de rgo julgador composto pelo magistrado que se julga ameaado no exerccio de suas funes e pelos demais integrantes da Vara especializada em crime organizado inconstitucional, por afronta aos incisos LIII e XXXVII do artigo 5 da Carta Magna, que vedam, conforme mencionado alhures, o poder de comisso, dizer, a criao de rgo jurisdicional ex post facto, havendo, ainda, vcio formal, por se tratar de matria processual, de competncia da Unio (art. 22, I, CRFB). 15. A Lei estadual pode definir que um mesmo juzo disponha de competncia para atuar na fase de conhecimento e na fase executria do processo penal, mxime em razo do

    disposto no art. 65 da Lei Federal n 7.210/84 (Lei de Execuo Penal), verbis: A execuo penal competir ao Juiz indicado na lei local de organizao judiciria e, na sua ausncia, ao da sentena. 16. O juzo incompetente pode, salvante os casos de erro grosseiro e manifesta m-f, em hipteses de urgncia e desde que haja dvida razovel a respeito do rgo que deve processar a causa, determinar o relaxamento de priso ilegal, remetendo o caso, em seguida, ao juiz natural, configurando hiptese de translatio iudicii inferida do art. 5, LXV, da Carta Magna, o qual no exige a competncia da autoridade judiciria responsvel pelo relaxamento, sendo certo que a complexidade dos critrios de diviso da competncia jurisdicional no podem obstaculizar o acesso justia (art. 5, XXXV, CRFB). Jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal admitindo a ratificao de atos prolatados por juiz incompetente inclusive em desfavor do ru (HC 83.006/SP, rel. Min. Ellen Gracie, Plenrio, DJ de 29.8.2003; HC 88.262/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado em 18/12/2006, DJ 30-03-2007). Doutrina (GRECO, Leonardo. Translatio iudicii e reassuno do processo. RePro, ano 33, n 166. So Paulo: RT, 2008; BODART, Bruno e ARAJO, Jos Aurlio de. Alguns apontamentos sobre a Reforma Processual Civil Italiana Sugestes de Direito Comparado para o Anteprojeto do Novo CPC Brasileiro. In: O novo processo civil brasileiro Direito em expectativa. Coord. Luiz Fux. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 27-28). 17. vedado Lei Estadual estabelecer o sigilo do inqurito policial, aplicando-se as normas da legislao federal sobre a matria. 18. A publicidade assegurada constitucionalmente

    (art. 5, LX, e 93, IX, da CRFB) alcana os autos do processo, e no somente as sesses e audincias, razo pela qual padece de inconstitucionalidade disposio normativa que determine abstratamente segredo de justia em todos os processos em curso perante Vara Criminal. Doutrina (GRECO, Leonardo. Instituies de Processo Civil. Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 558; TUCCI, Rogrio Lauria. Direitos e garantias individuais no processo penal brasileiro. 3 ed. So Paulo: RT, 2009. p. 184; TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 11 ed. So Paulo: 2009. p. 20; CAPPELLETTI, Mauro. Fundamental guarantees of the parties in civil litigation. Milano: A. Giuffre,

    1973. p. 756-758). 19. Os juzes integrantes de Vara especializada criada por Lei estadual devem ser designados com observncia dos parmetros constitucionais de antiguidade e merecimento previstos no art. 93, II e VIII-A, da Constituio da Repblica, sendo inconstitucional, em vista da necessidade de preservao da independncia do julgador, previso normativa segundo a qual a indicao e nomeao dos magistrados que ocuparo a referida Vara ser feita pelo Presidente do Tribunal de Justia, com a aprovao do Tribunal. Doutrina (FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razo:

    teoria do garantismo penal. 2 ed. So Paulo: RT, 2006. p. 534; GARAPON, Antoine. O juiz e a democracia. Trad. Maria Luiza de Carvalho. Rio de Janeiro: Revan, 1999. p. 60; CARNELUTTI, Francesco. Sistema di Diritto Processuale Civile. V. I. Padova: CEDAM, 1936. p. 647-651; Idem. Lezioni di Diritto Processuale Civile. V. Terzo. Padova: CEDAM, 1986. p. 114; GUIMARES, Mrio. O Juiz e a Funo Jurisdicional. Rio de Janeiro: Forense, 1958. p. 117). 20. O mandato de dois anos para a ocupao da titularidade da Vara especializada em crimes organizados, a par de afrontar a garantia da inamovibilidade, viola a regra da identidade fsica do juiz, componente fundamental do princpio da oralidade, prevista no art. 399, 2, do CPP (O juiz que presidiu a instruo dever proferir a sentena), impedindo, por via oblqua, a aplicao dessa norma cogente prevista em Lei nacional, em desfavor do Ru, usurpando a competncia privativa da Unio (art. 22, I, CRFB). Doutrina (CHIOVENDA, Giuseppe. A oralidade e a prova. In: Processo Oral. 1 srie. Rio de Janeiro: Forense, 1940. p. 137). 21. O princpio do Juiz natural obsta qualquer escolha do juiz ou colegiado a que as causas so confiadas, de modo a se afastar o perigo de prejudiciais condicionamentos dos processos atravs da designao hierrquica dos magistrados competentes para apreci-los (FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razo: teoria do garantismo penal. 2 ed. So Paulo: RT, 2006. p. 545), devendo-se condicionar a nomeao do juiz substituto, nos casos de afastamento do titular, por designao do Presidente do Tribunal de Justia, observncia de critrios impessoais, objetivos e apriorsticos. Doutrina (LLOBREGAT, Jos Garber. Constitucin y Derecho Procesal Los fundamentos constitucionales del Derecho Procesal. Navarra: Civitas/Thomson Reuters, 2009. p. 65-66). 22. Improcedente o pleito de inconstitucionalidade por arrastamento, permanecendo vlidas todas as disposies da Lei questionada que no sofreram declarao de nulidade. 23. Ao Direta de Inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente pelo Plenrio para declarar a nulidade, com reduo de texto, dos seguintes dispositivos e termos da Lei estadual de Alagoas n 6.806 de 2007: (a) as palavras todos indicados e nomeados pelo Presidente do Tribunal de Justia do Estado de Alagoas, com aprovao do Pleno, para um perodo de dois (02) anos, podendo, a critrio do Tribunal, ser renovado, no art. 2; (b) o art. 5, caput e seu pargrafo nico; (c) o art. 7 e o art. 12, que violam o princpio do juiz natural ao permitir os poderes de avocao e de comisso; (d) o art. 8; (e) o art. 9, pargrafo nico e respectivos incisos, bem como a expresso crime organizado, desde que cometido por mais de dois agentes, estabelecida a diviso de tarefas, ainda que incipiente, com perpetrao caracterizada pela vinculao com os poderes constitudos, ou por posio de mando de um agente sobre os demais (hierarquia),

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    praticados atravs do uso da violncia fsica ou psquica, fraude, extorso, com resultados que traduzem significante impacto junto comunidade local ou regional, nacional ou internacional; (f) o art. 10; (g) os pargrafos 1, 2 e 3 do art. 11, preservado o seu caput; (h) a expresso e procedimentos prvios, no art. 13. 24. Ao Direta de Inconstitucionalidade parcialmente procedente, ainda, para o fim de conferir interpretao conforme Constituio: (a) ao art. 1, de modo a estabelecer que os crimes de competncia da 17 Vara Criminal da Capital so aqueles praticados na forma do art. 1 da Lei n 9.034/95, com a redao dada pela Lei n 10.217/01; (b) ao art. 3, com o fito de impor a observncia, pelo Presidente do Tribunal, na designao de juiz substituto, de critrios objetivos, apriorsticos e impessoais, nos termos do quanto decidido pela Corte nos autos do MS n 27.958/DF; (c) ao art. 9, inciso I, para excluir da competncia da Vara especializada o processo e julgamento de crimes dolosos contra a vida. 25. Modulao dos efeitos temporais da deciso, na forma do art. 27 da Lei 9.868/99, para que os dispositivos objurgados no produzam efeitos sobre os processos com sentenas j proferidas e sobre os atos processuais j praticados, ressalvados os recursos e habeas corpus pendentes que tenham como fundamento a inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei Estadual ora em exame, ressaltando-se, ainda, que os processos pendentes sem prolao de sentena devem ser assumidos por juzes designados com a observncia dos critrios constitucionais, nos termos do presente aresto, fixado o prazo de noventa dias para o provimento dos cargos de juzes da 17 Vara Criminal da Capital. 03. Peculato de uso e tipicidade: atpica a conduta de peculato de uso. Com base nesse

    entendimento, a 1 Turma deu provimento a agravo regimental para conceder a ordem de ofcio. Observou-se que tramitaria no Parlamento projeto de lei para criminalizar essa conduta (HC 108433 AgR/MG / i-712). 04. Princpio da insignificncia e bem de concessionria de servio pblico: inaplicvel o princpio da insignificncia quando a leso produzida pelo paciente atingir bem de grande relevncia para a populao. Com base nesse

    entendimento, a 2 Turma denegou habeas corpus em que requerida a incidncia do mencionado princpio em favor de acusado pela suposta prtica do crime de dano qualificado (CP, art. 163, pargrafo nico, III). Na espcie, o paciente danificara protetor de fibra de aparelho telefnico pblico pertencente concessionria de servio pblico, cujo prejuzo fora avaliado em R$ 137,00. Salientou-se a necessidade de se analisar o caso perante o contexto jurdico, examinados os elementos caracterizadores da insignificncia, na medida em que o valor da coisa danificada seria somente um dos pressupostos para escorreita aplicao do postulado. Asseverou-se que, em face da coisa pblica atingida, no haveria como reconhecer a mnima ofensividade da conduta, tampouco o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. Destacou-se que as

    consequncias do ato perpetrado transcenderiam a esfera patrimonial, em face da privao da coletividade, impossibilitada de se valer de um telefone pblico (HC 115383/RS / i-712). 05. RHC N. 116.169-MT / RELATOR: MIN. GILMAR MENDES / Recurso ordinrio em habeas corpus. 2. Recorrente condenado pena de 7 anos de recluso, em regime inicial fechado, pela prtica do delito previsto no art. 213 do Cdigo Penal. 3. Denegada a ordem em writ impetrado no STJ, que objetivava a fixao de regime prisional semiaberto. 4. A hediondez ou a gravidade abstrata do delito no obriga por si s o regime prisional mais gravoso, pois o juzo, em ateno aos princpios constitucionais da individualizao da pena e da obrigatoriedade de fundamentao das decises judiciais, deve motivar o regime prisional imposto observando a singularidade do caso concreto. Precedentes. 5. De outro lado, a fixao do regime prisional no obedece a critrios matemticos. Em suma,

    no a quantidade de circunstncias favorveis ou desfavorveis que determina o regime

    prisional a ser aplicado, pois h circunstncias preponderantes sobre as

    demais. 6. A culpabilidade circunstncia primordial na determinao do regime de cumprimento de pena, por servir de termmetro da intensidade do dolo delitivo. 7. No caso concreto, diante de dolo intenso ainda que o recorrente tenha em seu favor personalidade,

    antecedentes e conduta social favorvel , desarrazoada a fixao de regime

    semiaberto, uma vez que elevada culpabilidade do delito premeditado soma-

    se a gravidade das consequncias do crime porque, alm do trauma inerente ao tipo penal de

    estupro, a vtima relata a necessidade de tratamento psicolgico. 8. Recurso ao qual se nega provimento (i-713).

    PREVIDENCIRIO 01. AG. REG. NO AI N. 760.595-GO / RELATORA: MIN. ROSA WEBER / EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PBLICO. LICENA-PRMIO NO USUFRUDA. PERODO ANTERIOR VIGNCIA DA EC 20/98. APOSENTADORIA. CONTAGEM DE TEMPO EM DOBRO. POSSIBILIDADE. DIREITO ADQUIRIDO. ART. 5, XXXVI, DA LEI MAIOR. JURISPRUDNCIA PACFICA. ACRDO RECORRIDO PUBLICADO EM 08.10.2008. A jurisprudncia desta Corte firmou-se no sentido de que o servidor pblico que completou os requisitos para usufruir da licena-prmio em data anterior EC 20/1998, e no a utilizou, tem direito ao cmputo em dobro do tempo de servio prestado nesse perodo para fins de aquisio de aposentadoria. Agravo regimental conhecido e no provido

    (i-712).

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    TRIBUTRIO 01. AG. REG. NO AI N. 797.034-SP / RELATOR: MIN. MARCO AURLIO / IMUNIDADE RECPROCA INFRAERO PRESTAO DE SERVIO PBLICO ARTIGO 150, INCISO VI, ALNEA A, DA CONSTITUIO FEDERAL. O Tribunal reafirmou o entendimento jurisprudencial e concluiu pela possibilidade de extenso da imunidade tributria recproca Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroporturia INFRAERO, na qualidade de empresa pblica prestadora de servio pblico (i-710).

    02. Art. 150, VI, d, da CF: imunidade tributria e Finsocial: A contribuio para o Finsocial, incidente sobre o faturamento das empresas, no est abrangida pela imunidade objetiva prevista no art. 150, VI, d, da CF/88,

    anterior art. 19, III, d, da Carta de 1967/69 (Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: ... VI - instituir impostos sobre: ... d) livros, jornais, peridicos e o papel destinado a sua impresso). Com base nessa orientao, o Plenrio, por maioria, negou provimento a recurso extraordinrio em que se discutia a extenso da aludida imunidade tributria a fatos geradores ocorridos anteriormente e posteriormente CF/88. Reafirmou-se jurisprudncia da Corte no sentido de que a contribuio para o Finsocial possuiria natureza tributria de imposto (de competncia residual da Unio), incidente sobre o faturamento das empresas. Caracterizar-se-ia como tributo pessoal e, desse modo, no levaria em considerao a capacidade contributiva do comprador de livros, mas sim a do vendedor. Assim, aduziu-se que a imunidade recairia sobre o livro (objeto tributado) e no sobre o livreiro ou sobre a editora. Vencido o Min. Marco

    Aurlio, que dava provimento ao recurso. Ao conferir interpretao mais ampla ao dispositivo constitucional, reputava que o Finsocial estaria alcanado pela imunidade, porquanto se trataria de imposto incidente sobre a renda bruta (RE 628122/SP / i-711). 03. IPTU: majorao da base de clculo e decreto: inconstitucional a majorao, sem edio de lei em sentido formal, do valor venal de imveis para efeito de cobrana do IPTU, acima dos ndices oficiais de correo monetria. Com base nessa orientao, o Plenrio negou

    provimento a recurso extraordinrio em que se discutia a legitimidade da majorao, por decreto, da base de clculo acima de ndice inflacionrio, em razo de a lei municipal prever critrios gerais que seriam aplicados quando da avaliao dos imveis. Ressaltou-se que o aumento do valor venal dos imveis no prescindiria da edio de lei, em sentido formal. Consignou-se que, salvo as excees expressamente previstas no texto constitucional, a definio dos critrios que compem a regra tributria e, especificamente, a base de clculo, seria matria restrita atuao do legislador. Deste modo, no poderia o Poder Executivo imiscuir-se nessa seara, seja para definir, seja para modificar qualquer dos elementos da relao tributria. Aduziu-se que os municpios no poderiam alterar ou majorar, por decreto, a base de clculo do IPTU. Afirmou-se que eles poderiam apenas atualizar, anualmente, o valor dos imveis, com base nos ndices anuais de

    inflao, haja vista no constituir aumento de tributo (CTN, art. 97, 1) e, portanto, no se submeter reserva legal imposta pelo art. 150, I, da CF. O Min. Roberto

    Barroso, embora tivesse acompanhado a concluso do relator no tocante ao desprovimento do recurso, fez ressalva quanto generalizao da tese adotada pela Corte. Salientou que o caso concreto no envolveria questo de reserva de lei, mas de preferncia de lei, haja vista a existncia da referida espcie normativa a tratar da matria, que no poderia ser modificada por decreto (RE 648245/MG / i-713). 04. AG. REG. NO AI N. 772.064-SP / RELATORA: MIN. ROSA WEBER / EMENTA: DIREITO TRIBUTRIO. IPTU. INSTITUIO DE ALQUOTAS DIFERENCIADAS. IMVEL NO EDIFICADO. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. ACRDO RECORRIDO PUBLICADO EM 24.11.2008. A jurisprudncia deste Supremo Tribunal Federal firme no sentido de que a instituio de alquotas diferenciadas em razo de estar ou no edificado o imvel urbano no se confunde com o instituto da progressividade, razo pela qual no se divisa a alegada ofensa Constituio Federal. Agravo regimental conhecido e no provido (i-713).

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    objetivas, peas, pareceres e dissertaes

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    Selecionado a partir dos informativos 522 e 523 do STJ

    ADMINISTRATIVO 01. Direito administrativo. Ao de indenizao pelo arrendatrio diretamente contra a unio no caso de desapropriao para reforma agrria: A Unio parte legtima para figurar no polo passivo de ao em que o arrendatrio objetive ser indenizado pelos prejuzos decorrentes da desapropriao, por interesse social para a reforma agrria, do imvel arrendado. Isso porque o direito indenizao do arrendatrio no se sub-roga no preo do imvel objeto de desapropriao por interesse social para a reforma agrria, pois a relao entre arrendante (expropriado) e arrendatrio de direito pessoal. Assim, no se aplica, nessa hiptese, o disposto no art. 31 do Decreto-Lei 3.365/1941, pois a sub-rogao no preo ocorre apenas quanto aos direitos reais constitudos sobre o bem expropriado (REsp 1.130.124-PR / i-522).

    02. Direito administrativo. Desnecessidade de intimao do interessado aps o relatrio final de PAD: No obrigatria a intimao do interessado para apresentar alegaes finais aps o relatrio final de processo administrativo disciplinar. Isso porque no existe previso legal nesse sentido

    (MS 18.090-DF / i-523). 03. Direito administrativo. Irrelevncia do valor auferido para a aplicao da pena de demisso decorrente da obteno de proveito econmico indevido: Deve ser aplicada a penalidade de demisso ao servidor pblico federal que obtiver proveito econmico indevido em razo do cargo, independentemente do valor auferido. Isso porque no incide, na esfera administrativa - ao contrrio do que se tem na esfera penal -, o princpio da insignificncia quando constatada falta disciplinar prevista no art. 132 da Lei 8.112/1990. Dessa forma, o

    proveito econmico recebido pelo servidor irrelevante para a aplicao da penalidade administrativa de demisso, razo pela qual despiciendo falar, nessa hiptese, em falta de razoabilidade ou proporcionalidade da pena. Conclui-se, ento, que o ato de demisso vinculado, cabendo unicamente ao administrador aplicar a penalidade prevista (MS 18.090-DF / i-523).

    04. Direito administrativo. Indisponibilidade de bens na hiptese de ato de improbidade que atente contra os princpios da administrao pblica: No caso de improbidade administrativa, admite-se a decretao da indisponibilidade de bens tambm na hiptese em que a conduta tida como mproba se subsuma apenas ao disposto no art. 11 da Lei 8.429/1992, que trata dos atos que atentam contra os princpios da administrao pblica (AgRg no REsp 1.299.936-RJ / i-523).

    05. Direito administrativo. Inaplicabilidade da aposentadoria compulsria por idade a servidor pblico ocupante exclusivamente de cargo em comisso: No aplicvel a regra da aposentadoria compulsria por idade na hiptese de servidor pblico que ocupe exclusivamente cargo em comisso. Com efeito, a regra prevista no art. 40,

    1, II, da CF, cujo teor prev a aposentadoria compulsria do septuagenrio, destina-se a

    disciplinar o regime jurdico dos servidores efetivos, no se aplicando aos servidores em

    geral. Assim, ao que ocupa exclusivamente cargo em comisso, aplica-se, conforme determina o 13 do art. 40 da CF, o regime geral de previdncia social, no qual no prevista a aposentadoria compulsria por idade (RMS 36.950-RO / i-523).

    06. Direito administrativo. Imprescritibilidade da pretenso de

    indenizao por dano moral decorrente de atos de tortura: imprescritvel a pretenso

    de recebimento de indenizao por dano moral decorrente de atos de tortura ocorridos

    durante o regime militar de exceo (REsp 1.374.376-CE /

    i-523).

    CIVIL E PROCESSO CIVIL 01. Direito processual civil. Intimao por carta com aviso de recebimento do representante da fazenda pblica nacional. Recurso repetitivo (Art. 543-C do CPC e Res. 8/2008-STJ): vlida a intimao do representante judicial da Fazenda Pblica Nacional por carta com aviso de recebimento quando o respectivo rgo no possuir sede na comarca em que tramita o feito. O STJ uniformizou o entendimento

    de que a Fazenda Pblica Nacional, em regra, possui a prerrogativa da intimao pessoal. Entretanto, no caso de

    Dr. George Felcio, advogado do Banco do Nordeste do Brasil S/A.

    Informativo de Jurisprudncia

    Superior Tribunal de Justia

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    inexistncia de rgo de representao judicial na comarca em que tramita o feito, admite-se a intimao pelos Correios, luz do art. 237, II, do CPC, aplicvel subsidiariamente s execues fiscais. Ademais, o prprio legislador adotou a mesma soluo nos casos de intimaes a serem concretizadas fora da sede do juzo (art. 6, 2, da Lei 9.028/1995) (REsp 1.352.882-MS / i-522). 02. Direito processual civil. Nomeao de bens penhora em execuo fiscal. Recurso repetitivo (Art. 543-C do CPC e Res. 8/2008-STJ): Na execuo fiscal, o executado no tem direito subjetivo aceitao do bem por ele nomeado penhora em desacordo com a ordem estabelecida no art. 11 da Lei 6.830/1980 e art. 655 do CPC na hiptese em que no tenha apresentado elementos concretos que justifiquem a incidncia do princpio da menor onerosidade (art. 620 do CPC). Em

    princpio, nos termos do art. 9, III, da Lei 6.830/1980, cumpre ao executado nomear bens penhora, observada a ordem do art. 11 do mesmo diploma legal. do devedor o nus de comprovar a imperiosa necessidade de afastar a ordem legal dos bens penhorveis e, para que essa providncia seja adotada, insuficiente a mera invocao genrica do art. 620 do CPC. Exige-se, para a superao da ordem legal estabelecida, que estejam presentes circunstncias fticas especiais que justifiquem a prevalncia do princpio da menor onerosidade para o devedor no caso concreto (REsp 1.337.790-PR / i-522). 03. Direito processual civil. Existncia de conflito de competncia entre um rgo jurisdicional do estado e uma cmara arbitral: possvel a existncia de conflito de competncia entre juzo estatal e cmara arbitral. Isso porque a atividade desenvolvida no mbito da arbitragem tem natureza jurisdicional (CC 111.230-DF / i-522).

    04. Direito processual civil. Conhecimento de conflito de competncia suscitado aps o oferecimento de exceo de incompetncia: O anterior oferecimento de exceo de incompetncia no obsta o conhecimento de conflito de competncia quando o objeto deste for absolutamente distinto do objeto daquela. Isso porque no se pode interpretar a regra processual contida no art. 117 do CPC - segundo o qual no pode suscitar conflito a parte que, no processo, ofereceu exceo de incompetncia - de modo a gerar uma situao de impasse, subtraindo da parte meios de se insurgir contra uma situao que repute injusta, haja vista que o direito processual deve, na mxima medida possvel, estar a servio do direito material, como um instrumento para a sua realizao (CC

    111.230-DF / i-522). 05. Direito processual civil. Competncia do juzo arbitral para o julgamento de medida cautelar de arrolamento de bens: Na hiptese em que juzo arbitral tenha sido designado por contrato firmado entre as partes para apreciar a causa principal, ser este - e no juzo estatal - competente para o julgamento de medida cautelar de arrolamento de bens, dependente da ao principal, que tenha por objeto inventrio e declarao de indisponibilidade de bens. De

    fato, em observncia aos requisitos fixados pelo art. 857 do CPC para o deferimento da medida cautelar de arrolamento

    de bens - demonstrao do direito aos bens e dos fatos em que funda o receio de extravio ou de dissipao dos bens -, nota-se que no se trata de medida que, para ser deferida, demande cognio apenas sobre o receio de reduo patrimonial do devedor. Na verdade, trata-se de medida cujo deferimento demanda, tambm, que esteja o juzo convencido da aparncia de direito obteno desses bens, o que nada mais do que uma anlise ligada ao mrito da controvrsia, a qual, por sua vez, de competncia do juzo arbitral na hiptese em que exista disposio contratual nesse sentido. Ademais, importante ressaltar que o receio de dissipao do patrimnio no fica desprotegido com a manuteno exclusiva da competncia da corte arbitral para o julgamento da medida de arrolamento, pois os rbitros, sendo especialistas na matria de mrito objeto da lide, provavelmente tero melhores condies de avaliar a necessidade da medida. Alm disso, o indispensvel fortalecimento da arbitragem, que vem sendo levado a efeito desde a promulgao da Lei 9.307/1996, torna indispensvel que se preserve, na maior medida possvel, a autoridade do rbitro como juiz de fato e de direito para o julgamento de questes ligadas ao mrito da causa. Isso porque negar essa providncia esvaziaria o contedo da Lei de Arbitragem, permitindo que, simultaneamente, o mesmo direito seja apreciado, ainda que em cognio perfunctria, pelo juzo estatal e pelo juzo arbitral, muitas vezes com srias possibilidades de interpretaes conflitantes para os mesmos fatos (CC 111.230-DF / i-522). 06. Direito previdencirio e processual civil. Concesso de benefcio previdencirio diverso do requerido na inicial: O juiz pode conceder ao autor benefcio previdencirio diverso do requerido na inicial, desde que preenchidos os requisitos legais atinentes ao benefcio concedido. Isso porque, tratando-se de matria previdenciria, deve-se proceder, de forma menos rgida, anlise do pedido.

    Assim, nesse contexto, a deciso proferida no pode ser considerada como extra petita ou ultra petita (AgRg no REsp

    1.367.825-RS / i-522). 07. Direito civil. Inexistncia de responsabilidade civil do cmplice de relacionamento extraconjugal no caso de ocultao de paternidade biolgica: O cmplice em relacionamento extraconjugal no tem o dever de reparar por danos morais o marido trado na hiptese em que a adltera tenha ocultado deste o fato de que a criana nascida durante o matrimnio e criada pelo casal seria filha biolgica sua e do seu cmplice, e no do seu esposo, que, at a revelao do fato, pensava ser o pai biolgico da criana. Isso porque, em que pese o alto grau de reprovabilidade da conduta daquele que se envolve com pessoa casada, o cmplice da esposa infiel no solidariamente responsvel quanto a eventual indenizao ao marido trado, pois esse fato no constitui ilcito civil ou penal, diante da falta de contrato ou lei obrigando terceiro estranho relao conjugal a zelar pela incolumidade do casamento alheio ou a revelar a quem quer que seja a existncia de relao extraconjugal firmada com sua amante (REsp 922.462-SP / i-522).

    08. Direito civil. Alimentos na hiptese de formao de vnculo socioafetivo: A esposa infiel no tem o dever de

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    restituir ao marido trado os alimentos pagos por ele em favor de filho criado com estreitos laos de afeto pelo casal, ainda que a adltera tenha ocultado do marido o fato de que a referida criana seria filha biolgica sua e de seu cmplice. Isso porque, se o marido, ainda que enganado por sua esposa, cria como seu o filho biolgico de outrem, tem-se por configurada verdadeira relao de paternidade socioafetiva, a qual, por si mesma, impede a repetio da verba alimentar, haja vista que, a fim de preservar o elo da afetividade, deve-se considerar secundria a verdade biolgica, porquanto a CF e o prprio CC garantem a igualdade absoluta dos filhos de qualquer origem (biolgica ou no biolgica). Alm do mais, o dever de fidelidade recproca dos cnjuges, atributo bsico do casamento, em nada se comunica com a relao paternal gerada, mostrando-se desarrazoado transferir o nus por suposto insucesso da relao criana alimentada. Ademais, o STJ j firmou o

    entendimento de que a mulher no est obrigada a restituir ao marido o valor dos alimentos pagos por ele em favor da criana que, depois se soube, era filha de outro homem (REsp 412.684-SP, Quarta Turma, DJ 25/11/2002). De mais a mais, quaisquer valores que sejam porventura apurados em favor do alimentante estaro cobertos pelo princpio da irrepetibilidade dos alimentos j pagos, justificado pelo dever de solidariedade entre os seres humanos, uma vez que, em ltima anlise, os alimentos garantem a prpria existncia do alimentando (REsp 922.462-SP / i-522). 09. Direito civil. Danos morais pela ocultao da verdade quanto paternidade biolgica: A esposa infiel tem o dever de reparar por danos morais o marido trado na hiptese em que tenha ocultado dele, at alguns anos aps a separao, o fato de que criana nascida durante o matrimnio e criada como filha biolgica do casal seria, na verdade, filha sua e de seu cmplice. De fato, a violao dos deveres impostos por lei tanto no casamento (art. 1.566 do CC/2002) como na unio estvel (art. 1.724 do CC/2002) no constitui, por si s, ofensa honra e dignidade do consorte, apta a ensejar a obrigao de indenizar. Nesse contexto, perde importncia, inclusive, a identificao do culpado pelo fim da relao afetiva, porquanto deixar de amar o cnjuge ou companheiro circunstncia de cunho estritamente pessoal, no configurando o desamor, por si s, um ato ilcito (arts 186 e 927 do CC/2002) que enseje indenizao. Todavia, no possvel ignorar que a vida em comum impe restries que devem ser observadas, entre as quais se destaca o dever de fidelidade nas relaes conjugais (art. 231, I, do CC/1916 e art. 1.566, I, do CC/2002), o qual pode, efetivamente, acarretar danos morais. Isso porque o dever de fidelidade um atributo de quem cumpre aquilo a que se obriga, condio imprescindvel para a boa harmonia e estabilidade da vida conjugal. Ademais, a imposio desse dever to significativa que o CP j considerou o adultrio como crime. Alm disso, representa quebra do

    dever de confiana a descoberta, pelo esposo trado, de que a criana nascida durante o matrimnio e criada por ele no seria sua filha biolgica. O STF, alis, j sinalizou acerca do direito constitucional felicidade, verdadeiro postulado constitucional implcito, que se qualifica como expresso de uma ideia-fora que deriva do princpio da essencial dignidade da pessoa humana (RE 477.554 AgR-

    MG, Segunda Turma, DJe 26/8/2011). Sendo assim, a leso dignidade humana desafia reparao (arts. 1, III, e 5, V e X, da CF), sendo justamente nas relaes familiares que se impe a necessidade de sua proteo, j que a famlia o centro de preservao da pessoa e base mestra da sociedade (art. 226 CF). Dessa forma, o abalo emocional gerado pela traio da ento esposa, ainda com a cientificao de no ser o genitor de criana gerada durante a relao matrimonial, representa efetivo dano moral, o que impe o dever de reparao dos danos acarretados ao lesado a fim de restabelecer o equilbrio pessoal e social buscado pelo direito, luz do conhecido ditame neminem laedere. Assim, devida a indenizao por danos morais, que, na hiptese, manifesta-se in re ipsa (REsp 922.462-SP /

    i-522).

    10. Direito processual civil. Requisitos necessrios caracterizao do documento

    novo a que se refere o art. 485, VII, do CPC: No possvel a resciso de sentena com fundamento no inciso VII do art. 485 do CPC na hiptese em que, alm de no existir comprovao acerca dos fatos que justifiquem a ausncia de apresentao do documento em modo e tempo oportunos, este se refira a fato que no tenha sido

    alegado pelas partes e analisado pelo juzo no curso do processo em que se formara a

    coisa julgada. Ressalte-se, inicialmente, que doutrina e jurisprudncia entendem que o

    documento novo a que se refere o inciso VII do art. 485 do CPC deve ser: a) contemporneo

    prolao da deciso rescindenda; b) ignorado pela parte que o aproveitaria ou estar ela impossibilitada de utiliz-lo no momento oportuno; c) apto a, por si s, sustentar julgamento favorvel postulante; e d) estreitamente relacionado com o fato alegado no processo em que se formou a coisa julgada que se pretende desconstituir, representando, dessa forma, prova que se refira a fato aventado pelas partes e analisado pelo juzo no curso do processo em que se formara a coisa julgada. Nesse

    contexto, para que se faa presente o requisito da impossibilidade de apresentao do documento no momento oportuno, tem-se por indispensvel a comprovao dos fatos que corroborem a escusa de no se ter apresentado o documento em modo e tempo corretos. Alm do mais, a inteno do legislador em inscrever o "documento novo" no rol das hipteses no fora a de premiar aquele que exercera mal seu direito de defesa, mas sim a de dar a chance de afastar a injustia que decorreria da impossibilidade de a parte utilizar prova de fato por ela efetivamente alegado no curso da ao da qual adveio a coisa julgada. Trata-se, nessa conjuntura, de requisito cujo objetivo evitar que causas de pedir ou argumentos defensrios no alegados e encobertos pela eficcia preclusiva da coisa julgada (art. 474 do CPC)

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    venham a colocar em xeque o instituto da ao rescisria, que, por sua primaz importncia, no pode ser fragilizado por argumentos que sequer tenham sido submetidos anlise jurisdicional (REsp 1.293.837-DF / i-522). 11. Direito processual civil. No configurao de litisconsrcio passivo necessrio no caso de ao em que se objetive a restituio de parcelas pagas a plano de previdncia privada: Na ao em que se objetive a restituio de parcelas pagas a plano de previdncia privada, no h litisconsrcio passivo necessrio entre a entidade administradora e os participantes, beneficirios ou patrocinadores do plano. Com efeito, no caso em que

    existam diversos titulares de direitos que derivem do mesmo ttulo ou do mesmo fato jurdico e que estejam em jogo direitos patrimoniais, cabendo a cada titular uma parcela do todo divisvel, ser, em regra, eficaz o provimento concedido a algum deles, mesmo sem a presena dos demais. Isso porque a prpria lei confere carter de excepcionalidade ao litisconsrcio necessrio, impondo-o apenas nas hipteses previstas em lei ou pela natureza da relao jurdica (art. 47 do CPC). Sendo assim, como no se trata de hiptese em que o litisconsrcio necessrio seja imposto por lei, tampouco se cuida de uma nica relao jurdica indivisvel, no h como falar, nesses casos, na configurao de litisconsrcio passivo necessrio (REsp 1.104.377-SP / i-522). 12. Direito processual civil. Degravao de depoimento de testemunha inquirida no juzo deprecado por meio audiovisual: No mbito do processo civil, no do juzo deprecado o encargo de providenciar a degravao de depoimento de testemunha por ele inquirida pelo mtodo audiovisual. A princpio, vale ressaltar que o tema em

    discusso no possui regra especfica na legislao processual civil capaz de elucidar a controvrsia. Diante dessa lacuna, revela-se conveniente observar a Res. 105/2010 do CNJ, a qual veio dispor, no mbito do processo penal, sobre a documentao dos depoimentos por meio de sistema audiovisual e realizao de interrogatrio e inquirio de testemunha por videoconferncia, no havendo bice, por certo, para a aplicao dessa mesma regra no processo civil. Extrai-se da citada resoluo que caracteriza ofensa independncia funcional do juiz de primeiro grau a determinao, por magistrado integrante de tribunal, da transcrio de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual. Nesse contexto, a situao em anlise revela

    maior grau de constrangimento, na medida em que a determinao de haver degravao procede de um magistrado de primeiro grau (deprecante) para outro de idntica hierarquia (deprecado). De outra parte, no se pode olvidar a advertncia existente na parte inicial da referida resoluo no sentido de que, para cada minuto de gravao, leva-se, no mnimo, dez minutos para a sua degravao, a denotar grandes dificuldades, sobretudo de tempo e de esforo laboral, que permeiam o ato de transcrio de depoimentos colhidos na forma audiovisual. Dessa forma, o art. 2 da citada resoluo estabeleceu que os depoimentos documentados por meio audiovisual no precisam de transcrio, e o pargrafo nico desse artigo instituiu regra segundo a qual o magistrado, quando for de sua preferncia pessoal, poder determinar que os servidores afetos a seu gabinete ou secretaria procedam degravao (CC 126.770-

    RS / i-523). 13. Direito processual civil. Inaplicabilidade do pargrafo nico do art. 298 do CPC ao procedimento sumrio: Nas causas submetidas ao procedimento sumrio, a desistncia da ao em relao a corru no citado no altera o prazo para o comparecimento dos demais rus audincia de conciliao. Isso porque no pode ser

    aplicado ao procedimento sumrio o pargrafo nico do art. 298 do CPC, segundo o qual, se o autor desistir da ao quanto a algum ru ainda no citado, o prazo para a resposta correr da intimao do despacho que deferir a desistncia. De fato, embora o legislador tenha previsto a aplicao subsidiria das regras do procedimento ordinrio ao sumrio (parte final do pargrafo nico do art. 272), tambm se previu que o procedimento sumrio rege-se "pelas disposies que lhe so prprias" (parte inicial do pargrafo nico do art. 272). Nesse sentido, pela busca de rapidez e simplificao das formas procedimentais, vige, no procedimento sumrio, o princpio da concentrao dos atos processuais, razo pela qual a audincia preliminar, conquanto seja formada por duas fases diversas e excludentes - a primeira, referente ao comparecimento do ru audincia de conciliao (ou o de seu advogado, munido de mandato com poderes para transigir) com vistas eventual composio do litgio, e a segunda, relativa ao oferecimento da resposta (quando frustrada a conciliao), sob pena de revelia -, materializa-se em um nico ato processual. Sendo assim, mostra-se invivel a aplicao subsidiria das regras do procedimento ordinrio ao sumrio nesses casos, diante da existncia de regras especficas no mbito do procedimento sumrio sobre o momento de conciliao e apresentao da resposta (EAREsp 25.641-RJ / i-523). 14. Direito processual civil. Interesse de agir em ao na qual se busque a responsabilizao civil do estado por fraude ocorrida em cartrio de registro de imveis: Deve ser extinto o processo, sem resoluo do mrito, na hiptese de ao em que se pretenda obter do Estado, antes de declarada a nulidade do registro imobilirio, indenizao por dano decorrente de alegada fraude ocorrida em Cartrio de Registro de Imveis. Nessa situao, falta interesse de agir, pois, antes de reconhecida a nulidade do registro, no possvel atribuir ao Estado a responsabilidade civil pela fraude alegada. Isso porque, segundo o art. 252 da Lei 6.015/1973, o registro, enquanto no cancelado, produz todos os efeitos legais, ainda que, por outra maneira, prove-se que o ttulo est desfeito, anulado, extinto ou rescindido (REsp 1.366.587-MS / i-523).

    15. Direito processual civil. Oferecimento de lano por depositrio do bem penhorado: O depositrio de bem penhorado, na condio de representante de outra pessoa jurdica do mesmo grupo empresarial da executada, no pode, em leilo, fazer lano para a aquisio desse bem. Isso porque, ainda que aquele no

    esteja entre os elencados no rol previsto nos incisos I a III do art. 690-A do CPC - que estabelece os impedidos de lanar -, deve-se observar que o referido artigo permite ao aplicador do direito interpretao e adequao, o que afasta sua taxatividade (REsp 1.368.249-RN / i-523).

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    16. Direito processual civil. Excesso de execuo alegado aps a oposio dos embargos execuo: No possvel ao juiz conhecer de suposto excesso de execuo alegado pelo executado somente aps a oposio dos embargos execuo. Isso porque eventual excesso de

    execuo tpica matria de defesa, e no de ordem pblica, devendo ser arguida pelo executado por meio de embargos execuo, sob pena de precluso (AgRg no AREsp 150.035-DF / i-523). 17. Direito processual civil. Ausncia de citao para a audincia de justificao em reintegrao de posse: No gera nulidade absoluta a ausncia de citao do ru, na hiptese do art. 928 do CPC, para comparecer audincia de justificao prvia em ao de reintegrao de posse. O termo citao utilizado de forma imprpria no art. 928 do CPC, na medida em que, nessa hiptese, o ru no chamado para se defender, mas sim para, querendo, comparecer e participar da audincia de justificao. Nessa audincia a prova exclusiva do autor, cabendo ao ru, caso comparea, fazer perguntas. Somente aps a referida audincia que comear a correr o prazo para contestar, conforme previso do pargrafo nico do art. 930 (REsp 1.232.904-SP / i-523). 18. Direito processual civil. Penhorabilidade de valores aplicados em fundo de investimento: possvel a penhora de valores que, apesar de recebidos pelo devedor em decorrncia de resciso de contrato de trabalho, tenham sido posteriormente transferidos para fundo de investimento.

    Destaque-se, inicialmente, que a soluo da controvrsia exige uma anlise sistemtica do art. 649 do CPC, notadamente dos incisos que fixam a impenhorabilidade de verbas de natureza alimentar e de depsitos em caderneta de poupana at o limite de 40 salrios mnimos. Segundo o inciso IV do artigo, so absolutamente impenhorveis os vencimentos, subsdios, soldos, salrios, remuneraes, proventos de aposentadoria, penses, peclios e montepios, alm das quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua famlia, os ganhos de trabalhador autnomo e os honorrios de profissional liberal. Por sua vez, o inciso X do mesmo artigo dispe ser absolutamente impenhorvel, at o limite de 40 (quarenta) salrios mnimos, a quantia depositada em caderneta de poupana. Deve-se notar que, apesar de o inciso que cuida da impenhorabilidade das verbas alimentares no dispor expressamente at que ponto elas permanecero sob a proteo desse benefcio legal, infere-se de sua redao, bem como de seu prprio esprito norteador, que somente mantero essa condio enquanto destinadas ao sustento do devedor e sua famlia. Em outras palavras, na hiptese de qualquer provento de ndole salarial se mostrar, ao final do perodo - isto , at o recebimento de novo provento de igual natureza -, superior ao custo necessrio ao sustento do titular e de seus familiares, essa sobra perde o carter alimentcio e passa a ser uma reserva ou economia, tornando-se, em princpio, penhorvel. Por isso, no razovel, como regra,

    admitir que verbas alimentares no utilizadas no perodo para a prpria subsistncia sejam transformadas em aplicaes ou investimentos financeiros e continuem a gozar do benefcio da impenhorabilidade. At porque, em

    geral, grande parte do capital acumulado pelas pessoas fruto de seu prprio trabalho. Assim, se as verbas salariais no utilizadas pelo titular para subsistncia mantivessem sua natureza alimentar, teramos por impenhorvel todo o patrimnio construdo pelo devedor a partir desses recursos. O legislador, porm, criou uma exceo regra, prevendo expressamente que so igualmente impenhorveis valores at o limite de 40 salrios mnimos aplicados em caderneta de poupana. Estabeleceu-se, assim, uma presuno de que os valores depositados em caderneta de poupana at aquele limite assumem funo de segurana alimentcia pessoal e familiar. Trata-se, pois, de benefcio que visa proteo do pequeno investimento, da poupana modesta, voltada garantia do titular e de sua famlia contra imprevistos, como desemprego ou doena. preciso

    destacar que a poupana constitui investimento de baixo risco e retorno, contando com proteo do Fundo

    Garantidor de Crdito e iseno do imposto de renda, tendo sido con