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V I S E M EV I S E M E ADAD E N S A I OE N S A I O

F I N A N Ç A SF I N A N Ç A S

O processo de Internacionalização de Grandes Grupos Empresariais Brasileiros através das Fusões e Aquisições Transacionais

Rodrigo Maimone Pasin Mestrando em Finanças pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade -

Universidade de São Paulo Rua Padre Antônio Link, 113 – apto 42B – Jardim Ferreira – São Paulo/SP

CEP 05524-160. Contato: (11) 9432-3030 ou (11) 3089-6604 e [email protected]

Prof. Dr. Wadico Waldir Bucchi – [email protected] Doutor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade –

Universidade de São Paulo

Gilson de Oliveira Silva Calais – [email protected] Especial da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade –

Universidade de São Paulo

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O processo de Internacionalização de Grandes Grupos Empresariais Brasileiros através das Fusões e Aquisições Transacionais

Resumo

As fusões e aquisições (F&A) são responsáveis por aproximadamente 76% de todos os Investimentos Diretos Estrangeiros e constituem a forma mais rápida de entrada em novos países e indústrias.O processo de internacionalização da economia brasileira foi marcado pela grande quantidade de empresas nacionais adquiridas por estrangeiras: das 2308 transações de fusões e aquisições realizadas na década de 90, 61% envolveram o capital externo. Porém, internacionalização nem sempre significa desnacionalização. Em tese, este processo poderia ter ocorrido também com forte participação das empresas brasileiras no fluxo comercial internacional e na realização de investimentos no exterior.Considerando que não existem artigos publicados nem bancos de dados existentes sobre a ocorrência de aquisições de empresas estrangeiras envolvendo empresas brasileiras, este trabalho objetivou identificar quais grupos empresariais brasileiros estão se internacionalizando através dos processos de F&A, através de um ranking de tais transações, mostrando as F&A realizadas, os países investidos e os valores envolvidos.

Palavras-Chave: Internacionalização, Fusões e Aquisições Transnacionais e Empresas Brasileiras.

1. IntroduçãoOs processos de fusões e aquisições (F&A) entre empresas representam uma oportunidade

rápida de penetração em novos mercados e países, pois o investidor compra uma empresa em operação, com carteira de clientes, marca estabelecida e ativos em pleno funcionamento.

Para Miranda e Martins (2000), a instalação de filiais ou construção de novas plantas no exterior constituíam a forma usual de conquista de mercados nas décadas anteriores, porém, atualmente as fusões e aquisições transfronteiriças constituem o principal instrumento de penetração em novos mercados e de consolidação de market share global das empresas transnacionais.

As Fusões e Aquisições Transnacionais (FATs), de acordo com dados da UNCTAD (2001), foram responsáveis por aproximadamente 76% de todo o Investimento Direto Estrangeiro (IDE) mundial na década de 90, deixando claro que estes processos representaram a principal forma de internacionalização dos maiores grupos empresariais mundiais.

Segundo Agami (2001), o número e o valor das fusões e aquisições entre empresas transnacionais (cross-border mergers and acquisitions) tem aumentado significativamente nos últimos anos como resultado do aumento na competição, crescimento dos mercados globais e rápidas mudanças tecnológicas. De acordo com dados da Thomson Financial Securities Data, empresa especializada em prestar informações sobre F&A, o montante total das fusões e aquisições aumentou de aproximadamente US$ 400 bilhões em 1994 para US$ 2,9 trilhões em 2000 e US$ 1,6 trilhão em 2001.

No Brasil, as F&A foram responsáveis por aproximadamente 80% do fluxo de investimentos diretos no país na década passada e o capital estrangeiro participou de

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aproximadamente 61% das 2308 transações de F&A ocorridas neste período, de acordo com dados da KPMG (2001).

O debate sobre a internacionalização de uma economia traz a tona questões de ordem estrutural, porém uma economia internacionalizada não pode ser confundida com uma economia desnacionalizada. A primeira pode ocorrer através da aquisição de empresas no exterior por empresas nacionais e a segunda significa a aquisição de grande parte das empresas locais por grupos estrangeiros.

2. Objetivos A internacionalização de internacionalização de uma empresa pode ser entendida como

um processo crescente e continuado de atuação desta em outros países que não o de sua origem. Normalmente, o processo de internacionalização de uma empresa começa com a atividade

de exportação, evoluindo para a formação de alianças estratégicas e joint ventures com empresas estrangeiras e finalmente, o estágio mais avançado de internacionalização: a construção de unidades fabris no exterior, a aquisição de empresas em outros países e/ou a realização de fusões com empresas estrangeiras com participação significativa no capital por parte da empresa nacional.

Considerando que grande parte dos investimentos estrangeiros diretos ocorrem através das F&A, e que estas transações são a forma mais rápida de entrada em novos países, este trabalho objetiva identificar os níveis de internacionalização dos grandes grupos empresariais brasileiros através dos processos de fusões e aquisições transnacionais, criando um ranking inédito com as operações que envolvem empresas brasileiras no exterior, os valores envolvidos e a localização dos investimentos.

Como não existe nenhum ranking elaborado no país com tais transações, este trabalho contribuirá na análise do processo de internacionalização das empresas nacionais através de tais transações e na identificação dos grupos mais ativos e adiantados em tais processos.

É importante mencionar que este trabalho não objetiva comparar o nível de internacionalização das empresas americanas, européias ou asiáticas com o das brasileiras; pois o processo de internacionalização das empresas destes países começou muito antes do que para as de países emergentes, contribuindo para que sejam muito maiores que as brasileiras: No ranking das 500 maiores empresas mundiais da Revista Fortune apenas três empresas brasileiras estão listadas, enquanto os Estados Unidos têm 180, a Europa 150 e o Japão 90.

3. Metodologia de Pesquisa Considerando que não existem dados consolidados publicados sobre a ocorrência de tais

operações no exterior, a metodologia utilizada para se levantar tais informações foi a realização de uma extensa pesquisa em jornais, revistas e sites das empresas.

Devido a necessidade de se limitar o número de empresas a serem pesquisadas, este trabalho buscou a ocorrência de fusões e aquisições no exterior realizadas pelas “500 Maiores & Melhores Empresas do Brasil”, da Revista Exame de junho de 2002 ou de empresas com faturamento acima de US$ 100 milhões por ano que os autores não tenham identificado no referido ranking.

Apesar da dificuldade no levantamento de tais dados, as informações obtidas permitiram importantes constatações a respeito da ocorrência das FATS e a criação de um ranking destas transações que auxiliam no entendimento do grau de internacionalização dos grandes grupos empresariais brasileiros.

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É válido destacar ainda que não se pretende que as FATS apresentadas neste artigo sejam entendidas como a totalidade das operações ocorridas, e sim apenas aquelas retratadas pela imprensa especializada que os autores tiveram acesso.

4. Revisão da Literatura4.1 Fusões e Aquisições Transnacionais Do ponto de vista teórico, as fusões e aquisições constituem uma alternativa interessante

para a adequação do porte e da estrutura organizacional das empresas ao mercado e à conjuntura econômica mundial. De acordo com Matias e Pasin (2001), muitos investimentos diretos de empresas estrangeiras dão-se por meio de aquisições, pois a multinacional reduz custos com aprendizado, entrando já com participação de mercado e com ativos em pleno funcionamento.

Em nível internacional, os processos de fusões e aquisições se devem à globalização e à competição internacional, fazendo que as empresas negociem visando ao domínio de mercado e à liderança. Para Matias, Barreto e Gorgatti (1996), as grandes empresas estão atentas a possíveis novas configurações; os concorrentes se unem para somar esforços e maximizar resultados; as empresas estão se internacionalizando, virando “players” globais, que não reconhecem fronteiras e barreiras - precisando apenas de estabilidade política e econômica para investir em um país.

4.1.1 Os Motivos e as Vantagens das Fusões e Aquisições Transnacionais Samuels e Wilkes (1996) enumeraram alguns motivos que podem gerar ganhos para as

empresas e explicar as causas das F&A. Abaixo estão apresentados os motivos, que de forma adaptada podem ser aplicados as FATS. São eles:

economias de escala de produção em termos mundiais – a presença em vários países permite que a empresa escolha aonde produzir seus principais produtos e adquirir seus insumos em função dos custos destes nos diversos países em que está presente;

poder de mercado - a maior participação de mercado pode aumentar o poder da empresa em relação a seus concorrentes internacionais;

diversificação do risco, a atuação em diversos países pode diminuir o impacto das crises locais nas receitas de uma empresa. Além disso, receitas em moedas fortes podem servir como um hedge natural para o endividamento de empresas localizadas em países emergentes;

entrada em novos mercados e novas indústrias - é a forma mais rápida de penetração em novos mercados e indústria, podendo proporcionar o tamanho crítico ou ideal para o entrante e servindo para a compradora como um antídoto contra possíveis tentativas de aquisição ou takeover.

Ferrari (1996), elaborou uma lista com as principais vantagens das transações de F&A. Novamente, abaixo estão apresentadas apenas as que podem ser aplicadas às fusões e aquisições internacionais:

Viabilizar a expansão em prazo mais curto – em vez de construir uma fábrica, adquire-se uma em operação;

reduzir o custo da expansão – normalmente as aquisições possuem custos menores que os start-ups;

conhecer o funcionamento do setor e das especificidades de cada país com a aquisição de uma empresa local. Isto não ocorre quando uma empresa resolve se instalar em outros países construindo fábricas.

obter patente, tecnologia ou licença para fabricar ou comercializar novos produtos;

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remover concorrentes em potencial – a aquisição de empresas locais pode diminuir a concorrência nestes mercados;

aumentar as barreiras de entrada para novos concorrentes – a existência de concorrentes bem posicionados em um país pode diminuir o apetite de novos entrantes;

No caso das empresas brasileiras, pode-se afirmar que a aquisição de empresas em países desenvolvidos é uma forma de se combater ou diminuir o protecionismo comercial de muitos setores, como o siderúrgico e o citrícola. O acesso a empréstimos, captações e financiamentos bancários com custos bem menores pode ser considerado como uma outra vantagem para as empresas nacionais que possuem empresas no exterior.

4.2 As Decisões de Investimentos e o Fluxo de DividendosConsiderando que as empresas não apresentam recursos ilimitados para investirem em

novos projetos e/ou países e que estas procuram as alternativas mais lucrativas e com menores riscos, a decisão sobre a destinação dos investimentos deve ser tomada em função das alternativas estratégicas existentes e da rentabilidade e dos riscos de cada projeto/país.

Segundo Lemes, Rigo e Szabo (2002), a empresa adquirente deve, acima de tudo, verificar o retorno esperado do investimento na aquisição de ativos, porque o desembolso resultante das aquisições deverá proporcionar retornos maiores no futuro.

Sendo assim, a escolha dos melhores projetos podem contribuir para o aumento do fluxo de dividendos para as empresas investidoras, que podem resultar em novas aquisições e no aumento do grau de participação destas companhias nos mercados locais ou internacionais. Sendo assim, as companhias nacionais deveriam ser incentivadas a investir no exterior, principalmente através das F&A, pois assim, poderão adquirir maior competitividade em relação aos seus principais concorrentes mundiais.

4.3 A Internacionalização No que se refere à classificação das empresas internacionalizadas, encontra-se

normalmente na literatura (veja Canals, 1994; Dyment, 1987; dentre outros) os seguintes tipos: Empresa exportadora – Fase inicial do processo de internacionalização, caracteriza-

se pela concentração das atividades em um único país; Empresa multinacional – Pretende explorar as vantagens competitivas importantes

domesticamente diversificando atividades em outros países. O objetivo da empresa multinacional seria a reprodução quase exata da empresa matriz em cada uma das filiais no exterior;

Empresa global – O modelo multinacional demonstrou alguns problemas e no final dos anos 70 houve uma tendência oposta, na qual a empresa adotava estratégias coordenadas com todos os países onde operava, no intuito de adquirir vantagem competitiva. As atividades críticas se concentravam em um ou poucos países.

Empresa transnacional – É a empresa que combina adequadamente uma máxima eficiência econômica, uma máxima capacidade de responder a mercados locais e uma flexibilidade para transmitir as experiências que surgem em alguns países para toda a organização.

Para Johanson e Vahlne em Rodrigues (2002), o modelo de internacionalização apresenta quatro estágios de envolvimento internacional:

Estágio 1 – não existência de atividades regulares de exportação;

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Estágio 2 – exportação feita através de representantes independentes;Estágio 3 – estabelecimento de uma subsidiária de venda no exterior;Estágio 4 – unidades de operações no exterior (produção, por exemplo).

4.4 Internacionalização e DesnacionalizaçãoA internacionalização de uma economia não significa necessariamente a sua

desnacionalização. Para Ferraz e Iootty (2000), no caso de economias onde empresas estrangeiras participam ativamente de F&A, além de aumentar a concentração econômica, estes processos podem ainda acentuar a internacionalização patrimonial de um país.

Se é certo que o capital estrangeiro vem assumindo uma participação cada vez mais relevante na estrutura patrimonial emergente, não é ainda tão conhecida a extensão da contribuição efetiva que o mesmo pode conceder para o desenvolvimento da economia do país. As perspectivas de contribuição do capital estrangeiro são em suma contraditórias.

Ferraz e Iootty (2000) acreditam que as empresas transnacionais facilitam a incorporação de novas tecnologias, especialmente em regimes abertos de comércio e correspondem simultaneamente ao grupo que possui maior capacidade para introduzir novos produtos para o portfolio de exportações do país. Entretanto, por outro lado, estes fatores não garantem a localização de competências duradouras do ponto de vista da competição, principalmente a capacitação tecnológica.

Outro desvantagem da desnacionalização de uma economia advém do fato de que as empresas transnacionais não operam a partir da ótica dos países em que estão presentes, uma vez que as decisões de expansão de capacidade, investimento tecnológico, escolha de produtos, comércio internacional e remessa de lucros são tomadas em consonância com uma lógica global, de acordo com a importância relativa que a subsidiária representa dentro da estratégia competitiva da empresa como um todo.

Embora possa parecer óbvio, Lacerda (2000), ressaltou que a relação entre internacionalização e desnacionalização da economia não é necessária. Trata-se, na verdade, de uma especificidade do processo de internacionalização recente da economia brasileira, assim como de algumas outras economias periféricas.

Para Lacerda (2000), o processo de internacionalização poderia ocorrer, como de fato ocorreu em alguns países asiáticos, com forte participação de empresas de capital nacional na ampliação dos fluxos de comércio e de investimentos externos. A internacionalização das empresas nacionais, através da aquisição de ativos no exterior e/ou de seu maior envolvimento nos fluxos comerciais poderia ter sido uma alternativa à transferência de propriedade, à redução de market share das empresas nacionais no mercado doméstico e global e à desnacionalização da economia.

5. Resultados ObservadosEste trabalho pesquisou a ocorrência de F&A de empresas estrangeiras envolvendo as

“500 Maiores e Melhores Empresas do Brasil” da Revista Exame de junho de 2002 e empresas com faturamento acima de US$ 100 milhões por ano que os autores não identificaram no referido ranking. As pesquisas realizadas identificaram que existem apenas 19 grupos empresariais brasileiros que adquiriram empresas ou plantas industriais no exterior. Os grupos identificados neste trabalho são: Petrobrás, CSN, Gerdau, Ambev, Votorantim, Companhia Vale do Rio Doce, Weg, Sabó, Tigre, Alpargatas Santista, Marcopolo, Busscar, Embraco, Suzano, Cutrale, Citrosuco, Klabin, Usiminas e Duratex.

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5.1 Ranking de F&A de Empresas Brasileiras no Exterior Tabela 1: Ranking das Fusões e Aquisições TransnacionaisEmpresa Nº * Concessões, Fusões e Aquisições Países Ano Valor – US$ milhões Petrobrás 1º 1. 130 contratos de exploração de petróleo em 8 países.

2. Lasmo Oil Colômbia – Petroleira 3. South Australian North Territories Oil Services

(Santos) – Petroleira4. 58,6% da Perez Companc e 47,1% da Petrolera

Companc – 5. Petrolera Santa Fé6. 70% das Refinarias Santa Cruz e Cochabamba7. 34% da Companhia Mega8. Ativos da Repsol YFP –Refinaria Eg3 e 700 postos de

combustível

Diversos

ColômbiaAustrália

Argentina

ArgentinaBolíviaArgentinaArgentina

Vários

19981998

2002

2002-19992001

262

15080

3.364

90N.O.**715500

Gerdau 30º

1. Siderúrgica Laisa2. Courtice Steel3. Indac4. Aza5. Puntana6. 38% da Sipar7. MRM Steel8. 75% da Ameristeel9. Birmingham Southeast10. Co-Steel (Fusão)

UruguaiCanadáChileChileArgentinaArgentinaCanadáE.U.AE.U.AE.U.A

19811989199219951997199819992002 20022002

N.O.N.O.N.O.N.O.N.O.N.O.N.O.262N.O.N.O.

Ambev 4º 1. Cervecería Nacional2. Salus3. 95,3% da Cervecería Paysandú4. Cervecería Internacional5. 37,5% da Quilmes

VenezuelaUruguaiUruguaiParaguaiArgentina

19941999199920012002

N.O.N.O. 89 12 597

Votorantim 18º 1. Blue Circle – St. Marys Cement2. Suwannee - Flórida

Canadá/EUAEUA

20012002

765100

CVRD 17º 1. SEAS – Unidade de Ferro Ligas da Usinor2. California Steel Company3. 50% da GIIC – Gulf Industrial Investment Corporation

FrançaE.U.ABahrain

199519992000

N.O.N.O.183

Weg 125º 1. Morbe2. Intermática4. Fábrica de Motores da ABB

ArgentinaArgentinaMéxico

200020002002

30N.ON.O

Sabó - 1. Todaro2. Kaco

ArgentinaAlemãnha

19921993

N.O.N.O.

Tigre 186º 1. Fanaplas2. Três Empresas não identificadas3. Santorelli

ChileChileArgentina

199719991999

N.O.N.O.10

Alpargatas Santista 247º 1. Grafa

2. MachasaArgentinaChile

19951999

N.O.N.O.

Marcopolo 192º 1. Polomex México 1999 N.O.

Busscar 374º 1. Omnibus Integrales2. Empresa não identificada

MéxicoCuba

20002000

10 8

Embraco 178º 1. Aspera2. Snowflake Electric

ItáliaChina

19941995

N.ON.O

Suzano 123º 1. 30% da Portucel, em parceria com o Grupo Sonae Portugal 2001 30

Cutrale - 1. Duas fábricas na Flórida EUA 1997 N.O.

Citrosuco 213º 1. Uma fábrica na Flórida EUA 1997 N.O.

Klabin 380º 1. Bernai2. Pillar

ArgentinaArgentina

19971997

N.O.N.O.

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Usiminas 32º 1. Participação acionária na Sidor Venezuela 1996 N.O

CSN 28º 1. Heartland Steel EUA 2001 50

Duratex 288º 1. Deca Piazza Argentina 1997 N.O.

Fonte: Os autores. * - Ranking das 500 Maiores Empresas da Revista Exame. ** Não Obtido

5.2 Principais Grupos InvestidoresConforme dados da tabela acima, foi possível identificar os grupos nacionais que mais

realizaram fusões e aquisições com empresas estrangeiras: Petrobrás, Gerdau e Ambev.A Petrobrás, maior empresa estatal do Brasil, é também a empresa que mais investiu no

exterior e que realizou o maior número de aquisições. Foram identificados mais de US$ 5,2 bilhões investidos em terras estrangeiras pela Petrobrás, compreendendo os investimentos na obtenção de concessões de 130 contratos de exploração de petróleo, 7 aquisições e assunção de dívidas das empresas adquiridas.

A Gerdau, maior produtor de aços longos da América Latina, foi a primeira empresa brasileira a iniciar o processo de aquisições no exterior: já na década de 80 a Gerdau realizou 2 aquisições, na década de 90 mais 5 transações e em 2001/2002 outras 3 transações, sendo que uma delas, a fusão com a Co-Steel, contribuiu para fortalecer a presença da Gerdau na América do Norte e transformá-la numa das 20 maiores siderúrgicas do mundo, com faturamento de US$ 4,5 bilhões.

A Ambev, empresa que nasceu da fusão Brahma e Antártica em 1999 com o objetivo de ser uma multinacional brasileira, está sendo bem sucedida em seu projeto de internacionalização: desde sua criação já realizou 4 aquisições, sendo que a última, a aquisição de 37,5% da Quilmes, tornou a cervejaria brasileira a terceira maior indústria de bebidas do mundo, detendo aproximadamente 50% do mercado de bebidas da América Latina.

No Anexo 1, estão detalhados os históricos de fusões e aquisições de todos os grupos nacionais pesquisados.

5.3 Principais Países das Empresas AlvoTabela 2: Destinação dos Investimentos das Empresas Brasileiras em FATS:

Países Nº de Transações América do Sul 30México e América Central 4Estados Unidos e Canadá 11Europa 4Outros países 3Total 52

Conforme os dados da Tabela 2, fica claro que a América do Sul é o principal alvo das empresas brasileiras em transações de FATs: das 52 operações observadas, 30 ou 58% foram para esta região. A Argentina foi o país que mais atraiu as empresas brasileiras em seus projetos de internacionalização com 15 transações, seguida pelo Chile com 7, Uruguai com 3, Venezuela com 2 e Bolívia, Paraguai e Colômbia que atraíram uma transação.

A posição de destaque do Brasil como maior economia regional, a criação do Mercosul, a crise econômica em alguns países vizinhos e a proximidade geográfica destes são os principais motivos que explicam está concentração de investimentos.

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A América do Norte é a segunda região que mais têm atraído as empresas brasileiras, que visando a consolidação de uma posição competitiva mais forte para fazer frente a concorrência mundial e a criação da ALCA (Zona de Livre Comércio das Américas), estão iniciando um processo de aquisições de empresas nesta região. Foram identificadas 14 transações (27% do total) na América do Norte, sendo 11 nos Estados Unidos e Canadá e 3 no México.

5.4 Principais Tipos de TransaçõesAs 52 transações de FATS destacadas neste trabalho podem ser divididas da seguinte

forma: aquisição do controle acionário ou da totalidade das ações – 46 transações realizadas,

mostrando que este tipo de aquisição é o principal mecanismo utilizado pelas empresas nacionais para se tornarem transnacionais.

fusão com empresas estrangeiras: 1 transação - Gerdau/Co-Steel. Esta fusão contribuiu de forma significativa na internacionalização da Gerdau.

aquisição de participação minoritária – 5 transações.

5.5 Principais SetoresDevido a existência de apenas 19 grupos brasileiros que fizeram aquisições no exterior,

fica difícil verificar a existência da concentração destas transações em alguns setores. Porém, pode-se constatar que os setores siderúrgicos (com CSN e Gerdau), o citrícola (com Citrosuco e Cutrale) e o encarroçador de ônibus (com Marcopolo e Busscar) são os únicos que apresentaram duas empresas realizando transações de F&A no exterior.

6. ConclusãoO processo de internacionalização da economia brasileira foi marcado pela grande

quantidade de empresas nacionais adquiridas por estrangeiras: das 2308 transações de F&A realizadas na década de 90, 61% envolveram o capital externo.

Entretanto, pode-se dizer que está forma de internacionalização é característico de algumas economias periféricas, e que em tese, este processo poderia ter ocorrido também com forte participação das empresas brasileiras no fluxo comercial internacional e na realização de investimentos no exterior.

Considerando que grande parte dos investimentos estrangeiros diretos ocorrem através das F&A, e que estas transações são a forma mais rápida de entrada em novos países, este trabalho objetivou identificar os níveis de internacionalização dos grandes grupos empresariais brasileiros através dos processos de fusões e aquisições transnacionais (FATS), mostrando quais são os grupos empresariais brasileiros que estão adquirindo empresas no exterior.

Em suma, este artigo buscou identificar o movimento inverso, o menos usual e o menos pesquisado, pois existem muitos artigos e bancos de dados sobre fusões e aquisições de empresas brasileiras, porém, nenhum trabalho sobre a ocorrência de F&A de empresas estrangeiras envolvendo grupos brasileiros foi encontrado.

A parte prática deste trabalho identificou 52 transações de F&A de empresas e plantas industriais no exterior envolvendo 19 empresas brasileiras. Os Grupos Petrobrás, Gerdau e Ambev foram os mais ativos nestes processos, sendo responsáveis por 22 das 52 transações identificadas.

Quanto a destinação dos investimentos brasileiros, nota-se uma forte presença da América do Sul com 30 transações, seguida pela América do Norte/Central com 15 transações. Estes

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resultados indicam que as empresas brasileiras estão buscando assumir uma posição competitiva mais forte nos dois mais importantes blocos comerciais em que atua/atuará, o Mercosul e a Alca.

Para as aquisições realizadas no primeiro bloco, pode-se afirmar que estas transações contribuíram para manter o Brasil numa posição hegemônica dentro do Mercosul. Já para as do segundo bloco, nota-se uma tentativa das empresas brasileiras de fazer frente às barreiras comerciais, ao protecionismo americano e a busca de um maior grau de competitividade para concorrer com as empresas americanas e canadenses em melhores condições, principalmente em função da possibilidade de implantação da Alca.

Fica como sugestão para novos trabalhos a realização de um estudo comparando os níveis de internacionalização, os mecanismos utilizados para se internacionalizar e os resultados obtidos por um grupo nacional com os dos maiores “players” mundiais do mesmo setor.

7. BibliografiaAGAMI, A. M. - Cross-border mergers among multinational businesses – Multinational Business Review – Detroit; Spring 2001. CANALS, J. La internacionalizacion de la empresa. Madrid: McGraw-Hill, 1994.DYMENT, J. J. Strategies and management controls for global corporations. The journal of business strategy, v.7, n.4, p.20-6, Spring 1987.EXAME. As 500 maiores empresas do Brasil/ Melhores e maiores. São Paulo: julho, 2002. 364 p. Publicação anual.FERRARI, L. F. Aquisições, fusões e incorporações: estudo de uma solução para o desenvolvimento empresarial na Era da Globalização. 89 p. Dissertação de Mestrado - FEA/USP. São Paulo, 1996.FERRAZ, J. F.; IOOTTY, M. - Fusões, Aquisições e Internacionalização Patrimonial no Brasil nos anos 90. 2000. www.ufrj.edu.br/ie JOHANSON, J.; VAHLNE, J. E. The mechanism of internationalization. International Marketing Review, v.7, n.4, p.11-24, 1990. KPMG, Fusões e Aquisições no Brasil – Análise dos anos 90. Artigo disponível no site www.kpmg.com.br. 2001LACERDA, A. C. - Internacionalização e Vulnerabilidade Externa –Desnacionalização: mitos, riscos e desafios. São Paulo: Contexto, 2000.LEMES, A. B.; RIGO, C. M.; SZABO, A. P. M. – Administração Financeira. Curitiba: Campus, 2002.MATIAS, A.B; PASIN, R.M. A geração de sinergias e seus impactos na rentabilidade das empresas nos casos de fusões e aquisições. RAUSP, Vol. 36 Número 1 – janeiro/março 2001.MATIAS, A . B.; BARRETO, A . C.P.M.; GORGATI, R. Fusões e aquisições no brasil atual: possibilidade de ocorrência de uma onda. In: SEMEAD - SEMINÁRIOS DE ADMINISTRAÇÃO DA FEA-USP, 1. São Paulo, 1996.MIRANDA, J. C.; MARTINS, L. - Fusões e Aquisições de Empresas no Brasil – Economia & Sociedade, Campinas (14): 67-88, jun. 2000.RODRIGUES, A.; BUFONI, A. L.; GOMES, N.G.M.; GOMES, J. S. – O controle gerencial de uma empresa estatal brasileira internacionalizada: o caso da petrobrás. XXVI ENANPAD. Salvador, 2002.SAMUELS, J. M. ; WILKES, F.M. Management of company finance. 6ª ed. London, International Thomson Business, 1996.

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THOMSON FINANCIAL SECURITIES DATA - M&A Report 2002. Artigo disponível no site www.tfsd.comUNCTAD, Foreign Direct Investment, 2001. Artigo disponível no site www.unctad.org

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