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E por que não? Capítulo.: 35 Pág.: 1

E POR QUE NÃO?

Novela de

Rômulo Guilherme

Criada e escrita por

RÔMULO GUILHERME

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E por que não? Capítulo.: 35 Pág.: 2

Cena 01/Mansão/Sala/Int/Tarde

Continuação da última cena do capítulo anterior. Bia e Cordélia continuam

conversando.

Bia - Como diz aquele ditado: quem nunca comeu

melado, quando come, se lambuza.

Cordélia - Quem prova do doce, não quer mais provar do

amargo, querida. Quero mais dinheiro pra

continuar com as mordomias que estou me

acostumando. Agora sei porque todo mundo quer

ser rico, virar madame. É bom mesmo, viu. E olha

que a mixaria que peço, não é nada comparada a

tudo o que você tem.

Bia - Acho que isso não vai durar pra sempre...

Cordélia - Se eu fosse você não teria tanta certeza disso.

Cena 02/Quarto Bia/Int/Tarde

Bia conversa com Alma.

Alma - Então, o que aquela bruaca queria?

Bia - Adivinha, mamãe? Mais dinheiro!

Alma - É você é claro que não deu, né?

Bia - Dei!

Alma - (revolta) Ficou louca, Bia. Ela não vai parar

enquanto não te tirar até o último tostão.

Bia - Deixa ela achar que está me chantageando,

mamãe. Além do mais eu já sei de um jeito pra

recuperar esse dinheiro, mais fácil do que roubando

doce de criança.

Alma - Se é assim eu também vou passar a te chantagear,

com as coisas que sei, e pagar esse dinheiro fácil

pra eu gastar com o que eu quiser.

Bia - Me poupe, mãe. A senhora já gasta o que tem e

não tem, e eu nunca deixo de bancar suas

extravagâncias.

Alma - Até quando vai seguir com isso?

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E por que não? Capítulo.: 35 Pág.: 3

Bia - É só eu colocar meu plano em ação, que essa

bruxa suburbana vai nos deixar em paz e aprender

que com dinheiro não se brinca.

Alma - E que plano é esse?

Bia - Um plano que vou contar com sua ajuda, mamãe.

Vamos arrumar um garotão, um daqueles do Clube

da Mulheres que eu sei que a senhora freqüenta.

Alma faz cara de surpresa.

Bia - Não vem com essa cara não, pois é verdade. E

não estou recriminando, nem condenando. A

senhora faz o que bem entende de sua vida.

Alma - O que mais tem lá é garotão.

Bia - Tem que ser um bem esperto, inteligente, que vai

depenar aquela galinha, tirando até a última

calcinha que ela comprou com meu dinheiro.

Cena 03/Boate Prazer/Quarto Sheila/Int/Tarde

Sheila está em frente ao espelho, se arrumando. Cidôca, se abanando com seu leque,

aparece.

Cidôca - Cuidado pra não ir com muita cede ao pote.

Sheila - Do que está falando, Sheila?

Cidôca - Não sei o que aquele homem queria com você...

Sheila - (debocha) Não sabe mesmo, Cidôca?!

Cidôca - Não estou falando disso, Sheila. Só vim pra te

dizer que tenha cuidado, viu. O dinheiro se torna

uma venda em nossos olhos, que muitas vezes nos

impede de enxergar o caminho perigo e arriscado

que estamos trilhando. Muitas vezes sem volta!

Sheila - Eu sei me cuidar!

Sheila pega sua bolsa e saí.

Cidôca - Mais uma que vai acabar se ferrando bonito. Se

essas meninas me escutassem mais... Aí, aí, viu.

(T) Como diz aquele ditado: quando não se

aprende pelo amor, se aprende pela dor.

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E por que não? Capítulo.: 35 Pág.: 4

Cena 04/Hospital/CTI/Int/Tarde

Carolina, muito abalada, mesmo tentando ser forte, está ao lado de Guilherme,

segurando sua mão e fazendo cafuné com a outra.

Carolina - Você tem que sair dessa, meu amor. Eu preciso

tanto de você do meu lado. Sinto tanta sua falta. Eu

sei que você está me escutando e tenho certeza que

você vai ficar bom logo pra sair desse hospital e

voltar pra casa.

Lincon aparece.

Carolina - Oi, doutor.

Lincon - Como está nosso amigo?

Lincon pega a ficha médica perto da cama e dá uma olhada.

Carolina - Meu coração está dilacerado vendo o Guilherme

desse jeito.

Lincon - Posso imaginar como você está se sentindo, mas

não perca as esperanças. Tive pouco contato com o

Guilherme. O via mais em festas, ocasiões, antes

dele viajar, mais sei que ele é forte, guerreiro. Vai

sair dessa, pronto pra continuar com seus planos,

objetivos de vida.

Carolina - É o que todos nos queremos.

Carolina olha pra Guilherme.

Carolina - Espero que isso seja o mais rápido possível.

Cena 05/Hospital/Corredor/Int/Tarde

Liz encontra com Lincon.

Lincon - Liz? Aconteceu alguma coisa?

Liz - Podemos conversar, Lincon?

Cena 06/Hospital/Sala Lincon/Int/Tarde

Liz e Lincon frente a frente.

Lincon - Tá me deixando preocupado com essa cara.

Aconteceu alguma coisa?

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E por que não? Capítulo.: 35 Pág.: 5

Liz - Você gosta da Brenda, não gosta?

Lincon fica envergonhado, ao mesmo tempo surpreendido com a pergunta.

Lincon - Por que está me perguntando isso?

Liz - Se realmente gosta dela, não esconda seu amor.

Fale de uma vez, antes que seja tarde.

Lincon - (estranha) Como assim? “Antes que seja tarde”?

Liz levanta.

Liz - Tenho que ir, Lincon.

Liz vai embora, deixando Lincon cheio de questionamentos.

Cena 07/Hospital/Frente/Ext/Tarde

Lincon vem correndo e ainda consegue alcançar Liz.

Lincon - Ei, espera.

Lincon encara Liz.

Lincon - Me explica o que está acontecendo.

Liz - Lute pelo seu amor, pois vai ser isso que vou

fazer.

Liz faz sinal pra um táxi que passa, entra e vai embora.

Cena 08/Carro Reginaldo/Int/Tarde

Reginaldo para o carro. No banco de trás está Gino e no carona Jordânia. Reginaldo

pega um dinheiro e da pra Gino.

Reginaldo - Desce, Gino. (entregando dinheiro) Vai comprar

um picolé.

Gino pega o dinheiro e desce. Jordânia encara Gino do lado de fora. Depois ele corre

pra ir comprar o picolé. Reginaldo encara Jordânia.

Reginaldo - Não esqueci daquele dia em que tentou me dar a

volta, menina.

Jordânia - Não tenho medo de você.

Reginaldo se aproxima mais de Jordânia, lhe encarando nos olhos, pra lhe intimidar.

Reginaldo - Pois devia ter. É bom não brincar comigo, pois se

tentar qualquer gracinha como aquela, eu corto seu

pescoço e do pros cachorros comerem, ta me

entendendo. Não vou ter dó nenhuma sua, já que

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E por que não? Capítulo.: 35 Pág.: 6

ninguém vai sentir sua falta, pois nem mãe você

tem mais...

Jordânia sente fundo as palavras de Reginaldo.

Jordânia - (grita) Tenho mãe sim. E um dia vamos nos

encontrar.

Jordânia abre a porta e saí correndo.

Reginaldo - Volta aqui, piveta!

Cena 09/Favela/Barraco Preta/Int/Tarde

Preta acaba de desenformar um bolo. Salpica um pouco de coco em cima dele. Em

seguida, pega um frasco e joga em cima do bolo.

Preta - Vai ser o suficiente pra apagar a velha e o

menino.

Cena 10/Praça/Ext/Dia

Música: João e Maria – Chico Buarque

Jordânia está sentada no banco, observando uma mãe brincando com sua filha no

balanço, felizes, unidas. Instantes. Jordânia fecha os olhos por um momento. Vemos

Jordânia no balanço, sendo empurrada por uma mulher, que CAM não mostra o rosto.

Importante é detalhar a felicidade no rosto de Jordânia nesse momento.

Gino - (voz) Jordânia...

Jordânia abre os olhos, voltando a si, sendo observada por Gino.

Gino - (entregando o picolé) Comprei um pra você. O

dinheiro deu.

Jordânia pega o picolé.

Gino - Chupa. Ta gostoso. Quem sabe assim você possa

ficar um pouquinho feliz.

Jordânia - Só vou ficar feliz quando eu estiver com minha

mãe.

Gino - Eu quase não lembro mais como é minha mãe.

Jordânia - Tente nunca se esquecer disso, Gino. Um dia

vamos estar com elas, brincando, sendo crianças de

verdade.

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E por que não? Capítulo.: 35 Pág.: 7

Os dois se abraçam. Distante, Reginaldo acaba de desembrulhar um pirulito, colocar na

boca, enquanto observa Gino e Jordânia.

Cena 11/Casa Anacleto/Quarto hospedes/Int/Tarde

Brenda está pensativa, distante. Insert rápido da cena da piscina. Brenda ficou muito

mexida. Ela volta a si, quando André bate na porta.

Brenda - Que você quer?

André - Vim saber como você está?

Brenda - Foi só um susto. Estou bem!

Os dois ficam em silêncio, sem se olharem. Clima estranho. Momento.

André - Então vou nessa...

André vai embora.

Brenda - E agora? O que eu faço?

Cena 12/Favela/Ext/Tarde

Corta para:

Cena 13/Favela/Barraco Cotinha/Int/Tarde

Cotinha abre a porta. É Preta, carregando o bolo.

Preta - Lembra de mim?

Cotinha - Claro. Como vai?

Preta - Vim trazer um bolo pra gente tomar café. Posso

entrar?

Cena 14/Carro Andrew/Int/Tarde

Andrew dirige seu carro.

Andrew - (voz) Preciso me reencontrar com meu passado.

Só quero ver a cara que ele vai me receber...

Cena 15/Iate Tênis Clube/Restaurante/Int/Tarde

Nepomuceno e Bia sentam. Garçom se aproxima.

Bia - Um suco de tomate, com uma pedra de gelo.

Nepomuceno - Dois sucos de tomate.

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E por que não? Capítulo.: 35 Pág.: 8

Garçom anota pedido e vai embora. No meio da conversa o garçom aparece e serve os

dois.

Bia - Já tirou a cisma de que Andrew está planejando

algo?

Nepomuceno - Claro que não. Até parece que tu não conhece seu

marido. Eu é que estranho você não concordar

comigo.

Bia - É como num jogo de xadrez, meu caro. Você

espera um movimento do oponente, pra

movimentar sua peça.

Nepomuceno - Eu não vou esperar nada. Não quero ser

surpreendido. E se eu fosse você não subjugava o

Andrew como estava fazendo. Pra mim ele está

armado algo, pronto pra ser colocado em pratica.

Bia - Uma desconfia me ronda.

Nepomuceno - Sobre?

Bia - (continua) Algo na estreita relação do José com o

Andrew. Aquele motorista está se tornando um

purgante, viu.

Nepomuceno - Já percebi isso e também não entendo.

Bia - Dá vontade de esmagá-lo com minhas próprias

mãos. Nunca fui com a cara dele e agora menos

ainda.

Nepomuceno - Mas vai ser muito difícil saber o que está

acontecendo. Suspeita de alguma coisa?

Bia - Não posso imaginar o que o Andrew está

querendo com um motorista pobretão. Ele que não

ouse atravessar meu caminho, que passo por ele

sem dó e piedade.

Nepomuceno - Confia em mim que vou descobrir isso.

Bia - Posso mesmo confiar?

Nepomuceno - Ainda tem dúvidas?

Bia - Não nasci ontem, meu querido. Já vi e vivi muita

coisa nessa vida, pra saber que não dá pra se

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E por que não? Capítulo.: 35 Pág.: 9

colocar a mão no fogo por ninguém. Mas vamos lá,

vou te dar esse voto de confiança. Nossos

interesses se batem nesse momento e unidos somos

mais fortes.

Bia e Nepomuceno trocam olhares de desconfianças.

Bia - Nunca fui com a cara desse motorista. Pra mim

quem é bonzinho e honesto de mais não presta.

Nepomuceno - E quem é honesto nesse país, minha querida?

Bia - Eu! (risos debochado) Honesta em nunca

esconder que sempre quis em dar bem na vida, a

todo preço, passando por cima de quem for preciso

passar.

Nepomuceno - Lembra-se daquela novela com a Odete Roitman?

Bia - Minha vilã favorita, com quem me identifico

muito.

Nepomuceno - E faço a mesma pergunta que era levantada na

novela. Uma pergunta que mais do que nunca

podemos aplicar a nossa realidade: vale a pena ser

honesto no Brasil?

Cena 16/Orfanato/Sala diretora/Int/Dia

Beto acaba de abraçar a diretora.

Diretora - Que bom te ver, Beto.

Beto - Vim contar uma novidade, já que a senhora é

minha família.

Diretora - Logo você terá uma família de verdade, Beto.

Uma esposa, filhos... (T) Mas me conte a novidade.

Pelo seu sorriso vejo que é algo muito bom.

Beto - Eu passei no concurso de delegado.

Diretora - (abraçando) Parabéns, meu menino.

Beto e diretora se abraçam.

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Cena 17/Favela/Barraco Cotinha/Int/Tarde

Cotinha está apagada no sofá. No outro sofá Davi também está dormindo, devido ao

sonífero que Preta colocou no bolo. Preta encara Davi, mexendo no cabelo delo.

Preta - Agora você é meu. E espero que me renda muito

dinheiro...

Preta pega Davi e saí da casa. Instantes.

Cena 18/Mansão/Sala/Int/Tarde

Marisol está limpando a sala, quando um vento forte entra pela janela, mexendo com as

cortinas e lhe deixando impressionada. Marisol sente um aperto no peito, uma sensação

ruim.

Preta - (voz) Meu... meu... meu

Marisol fica confusa, assustada, tentando entender o que está acontecendo.

Cena 19/Belo Horizonte/Ext/Anoitecendo

O tempo começa a fechar. Nuvens negras tomam conta da cidade e logo começa a

chover.

Cena 20/Santa Tereza/Ext/Noite

Corta para:

Cena 21/Casa Milton/Sala/Int/Noite

José vem da cozinha, com um copo de suco e um sanduíche. Ele senta em frente ao

computador.

José - Se você fosse comigo ia ser perfeito, Gabriela...

Alguém bate na porta.

José - Falando nela...

José acredita ser Gabriela. Quando abre a porta é Sheila, desesperada, assustada (claro,

tudo encenação).

Sheila - Por favor, meu ajuda. Acabei de ser roubada.

Desse momento, corta para:

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FIM DO CAPÍTULO

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