É hora de adotar o jeito 'pamonha' de ser

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BOM DIA BAURU - DOMINGO / 27 DE MAIO DE 2012 8 dia a dia EDITORIA l + Família Real começou esta tradição A festa tornou-se popular com a chegada da família Real ao Brasil. Em meados de 1850, a Corte fez da quadrilha a dança da moda na época. E o povo queria imitar a Corte. Desde então, os sons de junho tomam conta das ruas no início do inverno, com a cadência da sanfona e os comandos “afrancesados” das dancinhas de São João. dia a dia FESTAS DE JUNHO É hora de adotar o ‘jeito pamonha’ de ser Festas Juninas começam no próximo fim de semana por todo o estado. Mas como essa tradição consegue ser cada vez mais forte? Maria Clara Lima Agência BOM DIA “Simplicidade e inocência”. É assim que o especialista em cultura popular Toninho Mace- do explica o motivo pelo o qual as Festas Juninas sobreviveram à tecnologia e os novos tempos sem demonstrar sinais de fra- queza. Na verdade, elas cres- cem cada vez mais. Todos os anos, famílias, co- munidades, estudantes e cida- des inteiras se mobilizam ao re- dor da fogueira, dançam quadri- lha, penduram bandeirinhas, se entregam às tradicionais brinca- deiras e assistem shows. Para Toninho, diretor da or- ganização cultural Abaçaí, um dos principais órgãos do setor no estado, a sobrevivência des- sa tradição está ligada ao modo como ela é celebrada. “Nã o precisa de muito para fazer uma Festa Junina. Você fecha uma rua, reúne a família e pronto.” Marcelo Zanluchi , organiza- dor de uma famosa Festa Junina de uma universidade do inte- rior paulista, afirma que “o jeito pamonha de ser” é o que atrai até hoje pessoas de diversas idades, inclusive os adolescen- tes da “geração Facebook”. Para ele, o mês de junho re- presenta uma fuga ao comum. “É quando o rapaz se presta a colocar um bigode falso, pintar o dente e usar uma calça rasga- Arquivo/ Agência BOM DIA BOM E BARATO “Não precisa de muito para fazer uma festa dessas. Você fecha uma rua, reúne a família e pronto” _Toninho Macedo Diretor da Abaçaí Organização Social de Cultura de São Paulo da”. Segundo Zanluchi, os va- lores culturais e familiares transmitidos neste tipo de evento são importantes, mas é válido lembrar que o diálogo entre o passado e o presente também é essencial. A receita para o sucesso está na maneira como a festa muda com o passar dos anos, mas sem perder a essência. Nas grandes Festas Juninas, duplas caipiras dividem o palco com grandes cantores, as quadrilhas ficam cada vez mais arrojadas e a comida sempre é farta. Mas mesmo com todas essas necessárias e bem-vindas adaptações, a raiz nunca é es- quecida. “É comum ver artistas como Michel Teló cantando música de Tonico e Tinoco nes- tas festas”, diz Zanluchi. “A grife junina atrai grandes festas, mas se esses eventos não respeitarem os elementos caipiras, a tradição poderá morrer”, conclui. Viu? É hora de adotar o “jeito pamonha” de ser. Evento entra para o calendário oficial das cidades n São 16 dias de festa, 19 atra- ções musicais, queima de fogos, sorteio de carro e muita comida. A cidade de Votorantim, que dis- puta o título de “maior Festa Ju- nina do estado de São Paulo”, é um exemplo de como esse even- to está se tornando o grande “Carnaval do Interior”. Artistas consagrados e os su- cessos do momento dividem o palco na praça de ventos Lecy de Campos. Entre eles, Sérgio Reis, Padre Fábio de Melo, Gusttavo Lima e a banda de rock CPM 22. Toda essa grandiosidade cus- tará ao público apenas R$ 2 de entrada ou R$ 10 para os shows dos mais famosos: Fernando e Sorocaba, Michel Teló e Zeca Pa- godinho. A prefeitura da cidade espera receber em torno de 350 mil pessoas entre os dias 9 e 24 de junho. Em Jandira, a prefeitura se pre- para para realizar a 31º edição de outra Festa Junina de destaque no estado paulista. Serão 12 noites com diversas apresentações e shows de artis- tas como o Grupo Sensação, a dupla Ricardo e Eduardo e Gabriel Reis. A entrada custa R$ 2 e a festa acontece de 17 de junho a 10 de julho, sempre às sextas, sábados e domingos, a partir das 18h. DE MÃE PARA FILHA Vestidos estampados, camisas remendadas, chapéu de palha e maquiagem exagerada são elementos dessa cultura que encanta todas as gerações

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Festas de junho garantem a tradição caipira

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BOM DIA BAU R U - DOMINGO / 27 DE MAIO DE 20128dia a dia E DI TOR IA

l+Família Real começouesta tradiçãoA festa tornou-se popularcom a chegada da famíliaReal ao Brasil. Em meadosde 1850, a Corte fez daquadrilha a dança da modana época. E o povo queriaimitar a Corte. Desdeentão, os sons de junhotomam conta das ruas noinício do inverno, com acadência da sanfona e oscomandos “a fra n ce s a d os ”das dancinhas de São João.

dia a dia FESTAS DE JUNHO

É hora de adotar o‘jeito pamonha’ de serFestas Juninas começam no próximo fim de semana por todo oestado. Mas como essa tradição consegue ser cada vez mais forte?

Maria Clara LimaAgência BOM DIA

“Simplicidade e inocência”. Éassim que o especialista emcultura popular Toninho Mace-do explica o motivo pelo o qualas Festas Juninas sobreviveramà tecnologia e os novos tempossem demonstrar sinais de fra-queza. Na verdade, elas cres-cem cada vez mais.

Todos os anos, famílias, co-munidades, estudantes e cida-des inteiras se mobilizam ao re-dor da fogueira, dançam quadri-lha, penduram bandeirinhas, seentregam às tradicionais brinca-deiras e assistem shows.

Para Toninho, diretor da or-ganização cultural Abaçaí, umdos principais órgãos do setorno estado, a sobrevivência des-sa tradição está ligada ao modocomo ela é celebrada. “Nã oprecisa de muito para fazer umaFesta Junina. Você fecha umarua, reúne a família e pronto.”

Marcelo Zanluchi , organiza-

dor de uma famosa Festa Juninade uma universidade do inte-rior paulista, afirma que “o jeitopamonha de ser” é o que atraiaté hoje pessoas de diversasidades, inclusive os adolescen-tes da “geração Facebook”.

Para ele, o mês de junho re-presenta uma fuga ao comum.“É quando o rapaz se presta acolocar um bigode falso, pintaro dente e usar uma calça rasga-

Arquivo/ Agência BOM

DIA

BOM E BARATO

“Não precisa demuito para fazeruma festa dessas.Você fecha uma rua,reúne a família epronto ”

_Toninho MacedoDiretor da AbaçaíOrganização Social deCultura de São Paulo

da ”. Segundo Zanluchi, os va-lores culturais e familiarestransmitidos neste tipo deevento são importantes, mas éválido lembrar que o diálogoentre o passado e o presentetambém é essencial.

A receita para o sucesso estána maneira como a festa mudacom o passar dos anos, massem perder a essência. Nasgrandes Festas Juninas, duplascaipiras dividem o palco comgrandes cantores, as quadrilhasficam cada vez mais arrojadas ea comida sempre é farta.

Mas mesmo com todas essasnecessárias e bem-vindasadaptações, a raiz nunca é es-quecida. “É comum ver artistascomo Michel Teló cantandomúsica de Tonico e Tinoco nes-tas festas”, diz Zanluchi. “A grifejunina atrai grandes festas, masse esses eventos não respeitaremos elementos caipiras, a tradiçãopoderá morrer”, conclui.

Viu? É hora de adotar o “j eitopamonha ” de ser.

Evento entra parao calendário oficialdas cidades

n São 16 dias de festa, 19 atra-ções musicais, queima de fogos,sorteio de carro e muita comida.A cidade de Votorantim, que dis-puta o título de “maior Festa Ju-nina do estado de São Paulo”, éum exemplo de como esse even-to está se tornando o grande“Carnaval do Interior”.

Artistas consagrados e os su-cessos do momento dividem opalco na praça de ventos Lecy deCampos. Entre eles, Sérgio Reis,Padre Fábio de Melo, GusttavoLima e a banda de rock CPM 22.

Toda essa grandiosidade cus-tará ao público apenas R$ 2 deentrada ou R$ 10 para os showsdos mais famosos: Fernando eSorocaba, Michel Teló e Zeca Pa-godinho. A prefeitura da cidadeespera receber em torno de 350mil pessoas entre os dias 9 e 24de junho.

Em Jandira, a prefeitura se pre-para para realizar a 31º edição deoutra Festa Junina de destaqueno estado paulista.

Serão 12 noites com diversasapresentações e shows de artis-tas como o Grupo Sensação, adupla Ricardo e Eduardo e GabrielRe i s .

A entrada custa R$ 2 e a festaacontece de 17 de junho a 10 dejulho, sempre às sextas, sábadose domingos, a partir das 18h.

DE MÃE PARA FILHAVestidos estampados,camisas remendadas,chapéu de palha emaquiagem exagerada sãoelementos dessa cultura queencanta todas as gerações