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Tanto os criaditos que vão aviar recados, como os que estudam nas escolas diurnas e também o das nocturnas e ainda os que trabclham no comércio e na industria - todos morrem por regressar.. Vale muito a pena ler e reflectir esta verdade, pGla não sermos faceis em cobrir de culpas os delitos sociais praticados po1 aquêles que não teewz nem nunca tiveram a sua casa. A causa prin- cipal dêstes desmandos tem aqui a sua origem e daqui nasce que um dos predicados dos chamados criminos9s, costuma vir na noticia dos seus crimes: - sem morada certa. Nao teem casa. Nunca tiveram casa. Um exemplo: Calhou ao nosso Avelino um pobre na rua de tal, mas ao depois considerou-se que era zôna perigosa pora a criança e anulou-se. Mais tarde, soube-se que se tratava de uma família composta de mãe e quatro filhos pequenirzos e que a morada na tal &ôna perigosa ndo era habitaçao mas sim casa de pernoitar. E que casal E que gente pernoitai A casa desta família é a rua. Assim começam os que àmanh<1 paga,,., nos tribunais as culpas e sofrem as penas de não terem morada certa. Vale a pena meditar esias verdades e bater no peito, de arre- pendidos. Temos nas nossas cidades a presença dos primitivos Burgos, que oferecem campo a grandes falatórios e demoradas realiza- Çôf!S. Mas lá chegaremos. Que ninguem o duvide. O passo l{ oa- .......... ·- · .., 15 tle DEZEMBRO de JIN5 1$0(, ') E DESPONTA garoso, mas fim;e. O sol vem a fe4 desde o dia em que os mais despontai. Pois 'a história dos fortes galgaram as muralhas e burgos é a mesma em tôdas as deixaram lá dentro os mais f ra- cidades. O munqo cresceu, re- cos. As catedrais, estao cercadas bentou as muralhas e saltou fora, de imundice'X_ física e moral. As em demanda <!e espaço. Uma- vez casas, são/ ninhos de perversão. fora fjêles,. gieou praças, ergueu Todo o crime ali se aninha. Nin- Pf!lácios; vieram as costumes, as guem se lembra da verdade ter- riquezas, a abundáncia--um q e os seus habitantes são novo a fazer pela viria, e os velhos . nossos Stttr-ne-ssos. São burgos ficavam. Depois, vieram sa ca1 ne e do nosso sangue. as grandt;s como !Ninguem tem o poder de cortar o fora- extgenctas duma sociedade laço que nos prende ·uns aos ou- · 11- cg'J!l'##!lóf : mesma. Hoje, o mundo que de lá que os Burgos doutrnra são hoje · saiu outrora, ndo cabe no s fortale2as humanas, armadas de mundo. Os homemfiltlfNi'êliãma- ideias pervertidas, tão convictas e dos de ciência trocaram por. ela a t<1o per lgosas, que somente a ca- sabedor ia, e sem preparação nem Tidade as pode destruir. A cari- respeito, entretêem-se a brincai dade que folga com a justiça. A com os segredos da natureza, ris- caridade que se dá sem medida. cando os céus de sangue, provo- Nti.o de maneira nenhuma cando cataclismos, semiando catura que terra a morte! E' o progresso!!- "" = i ATENÇÃO é' agora mesmo j)omingo, dia dezasseis. Vou oar um recado 3 a erguer as paredes do eàificio 1 das escolas na "flldeia àos '/(a- i=== pazes". Vamos fazer guerra à desgraça do não saber /eiras. 1 ésperamos que looos escutem e Ideal Rádio - Das 10 às 12,30 - Tel. 5861 Portuense CI ub-Das 12,30 às 1. Tet. 2842 Orsec- Das 15 às 18-Tel. 7786 Electro Mecânico - Das 18 às 21- Tel. 6422 _ _ = ago1a se vai ouvindo qualquer coisinha neste sentido aos Gran- des das Naçôes. Disse dias um Ministro Britanico que nos seus tempos de estudante tivera ocasi<J.o de observar a verdade em certos bairros miseráveis de Londres, e que se sentia contente por ter a oportunida 1e, ministro que era, de fazer alguma coisa em favor dos seus irmãos. Londres também tem os seus bairros de penw ia, mas os que la moram {tfrfle?'lórn!'Smrrrf!Tlreêamrfõ ao seu pardieiro. Seja cá seja lá; quer peçam que1 não; todos os q e precisam sao da comunidade ' SOS Gosto de ouvir a ar ássim os Ministros das Naçoes. Tudo indica que se começa a regressar ao ver- dadeiro comunismo cristão, que por ser tarde é melhor do que nunca. Quando se tem caminhado muito c.epressa e regressar é progredir. Nota-se hoje por tôda a parte uma vontade muito firme de dar a mão. Há de regressar ,' saüdades da vida dos primeiros cristãos. Os bairros imundos, leem desapG1ecido e em seu lugar le- vantam-se casas pequeninas e airosas que f a;/ cobiça lá viver. Começam ospob1esa teresperança. Um exemplo: Um dos rapazes da Obra da Rua actualmente colo- cado em Lisboa, requereu uma casa déstes novos bairros, onde deseja habitar com a sua mulher. Nao está condenado á vida baixa, for.,,ado a viver em casas doentias, tentado a fugir para o café, como dantes n2cessariamente acontecia. Tem na sua mao garantias de trabalho certo, ordenado suficiente, casa munda, amor de família. Pa- rece que vamos entrar na era do camunismo cristão. Eu cá não tenho médo que os nossos rapazes de hoje andem à manhã ao farrapo, por desamparados. O requeri- mento deste meu filho, cuja cópia me veio ter às mãos .. encheu-me de alegria. E' uma certeza. Não se pode ir muito depressa, onde ndo havia nada feito ou se teve de desfazer o que era começado. M que veem de mui onge, nti.o po e cw a depressa, mas curam-se. ios? Um só. Um uni omos todos· ãos. A for.. a somos todos iguais e droga. . .1.. ....

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Page 1: E DESPONTA - CEHR-UCP - Portal de História Religiosaportal.cehr.ft.lisboa.ucp.pt/PadreAmerico/Results/OGaiato/j0047... · ao bom Deus tenha piedade•. 5~ defaa· dos no Castelo

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stas-ara­aixa 'no, sã~ nco or­ara. im-· Vir

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ANO 11-A~o 47

~ ÓDA a gente sabe que nós ,,,,,, temos uma sucursal no

Pôrto com trinta camas feitas, algumas ocupadas e outlas il espera dos que oêem <-hegando das. nossas casas de campo, aptos a pisai as ruas.

E' uma casa muito airosa com . I

6sparoso quintal. Ora muito bem. Os nossos que ali habitam, mora­vam em cidades onde tinham abrigos no~ quarteirôes marcados a esta sorte de gente, mas não moravam nêles. Preferwm....a.ma. Viviam na rua. Hoje, preferem a casa. Procuram a casa. Vivem em sua casa. Nunca foi necessá­rio repreendei nenhum por sair de casa. Trocaram a paixão da rua por·outra mais saüdavel e mais proveitosa,· e tudo isto por um acto espontaneo da sua própria vontade. Tanto os criaditos que vão aviar recados, como os que estudam nas escolas diurnas e também o das nocturnas e ainda os que trabclham no comércio e na industria - todos morrem por regressar.. Vale muito a pena ler e reflectir esta verdade, pGla não sermos f aceis em cobrir de culpas os delitos sociais praticados po1 aquêles que não teewz nem nunca tiveram a sua casa. A causa prin­cipal dêstes desmandos tem aqui a sua origem e daqui nasce que um dos predicados dos chamados criminos9s, costuma vir na noticia dos seus crimes: - sem morada certa. Nao teem casa. Nunca tiveram casa.

Um exemplo: Calhou ao nosso Avelino um pobre na rua de tal, mas ao depois considerou-se que era zôna perigosa pora a criança e anulou-se. Mais tarde, soube-se que se tratava de uma família composta de mãe e quatro filhos pequenirzos e que a morada na tal &ôna perigosa ndo era habitaçao mas sim casa de pernoitar. E que casal E que gente lá pernoitai A casa desta família é a rua. Assim começam os que àmanh<1 paga,,., nos tribunais as culpas e sofrem as penas de não terem morada certa. Vale a pena meditar esias verdades e bater no peito, de arre­pendidos.

Temos nas nossas cidades a presença dos primitivos Burgos, que oferecem campo a grandes falatórios e demoradas realiza­Çôf!S. Mas lá chegaremos. Que ninguem o duvide. O passo l{ oa-

~- .......... ·- · ..,

15 tle DEZEMBRO de JIN5 Pr~ço 1$0(,

')

E DESPONTA garoso, mas fim;e. O sol vem a fe4 desde o dia em que os mais despontai. Pois 'a história dos fortes galgaram as muralhas e burgos é a mesma em tôdas as deixaram lá dentro os mais f ra-cidades. O munqo cresceu, re- cos. As catedrais, estao cercadas bentou as muralhas e saltou fora, de imundice'X_ física e moral. As em demanda <!e espaço. Uma- vez casas, são/ ninhos de perversão. fora fjêles,. gieou praças, ergueu Todo o crime ali se aninha. Nin-Pf!lácios; vieram as costumes, as guem se lembra da verdade ter-riquezas, a abundáncia--um mundo~ivel, q e os seus habitantes são novo a fazer pela viria, e os velhos . nossos ~ Stttr-ne-ssos. São burgos ficavam. Depois, vieram sa ca1 ne e do nosso sangue. as grandt;s ur~ao.isaçôes como lá !Ninguem tem o poder de cortar o fora- extgenctas duma sociedade laço que nos prende ·uns aos ou- · ':~~';{,?ª 11-cg'J!l'##!lóf Prffit/ls~CS,°lflã- {[B:,~tP'JJPáJti(Jl ~W&- ~vi; : mesma. Hoje, o mundo que de lá que os Burgos doutrnra são hoje · saiu outrora, já ndo cabe no s fortale2as humanas, armadas de mundo. Os homemfiltlfNi'êliãma- ideias pervertidas, tão convictas e dos de ciência trocaram por. ela a t<1o per lgosas, que somente a ca-sabedor ia, e sem preparação nem Tidade as pode destruir. A cari-respeito, entretêem-se a brincai dade que folga com a justiça. A com os segredos da natureza, ris- caridade que se dá sem medida. cando os céus de sangue, provo- Nti.o de maneira nenhuma cando cataclismos, semiando ~ catura que terra a morte! E' o progresso!!- ~ ~°fflt'~=l;~~w~~tm~ffr'

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ago1a se vai ouvindo qualquer coisinha neste sentido aos Gran­des das Naçôes. Disse há dias um Ministro Britanico que nos seus tempos de estudante tivera ocasi<J.o de observar a verdade em certos bairros miseráveis de Londres, e que se sentia contente por ter a oportunida 1e, ministro que era, de fazer alguma coisa em favor dos seus irmãos. Londres também tem os seus bairros de penw ia, mas os que la moram {tfrfle?'lórn!'Smrrrf!Tlreêamrfõ ao seu pardieiro. Seja cá seja lá; quer peçam que1 não; todos os q e precisam sao da comunidade '

SOS Gosto de ouvir a ar ássim os

Ministros das Naçoes. Tudo indica que se começa a regressar ao ver­dadeiro comunismo cristão, que por ser tarde é melhor do que nunca. Quando se tem caminhado muito c.epressa e de~vairadamente, regressar é progredir.

Nota-se hoje por tôda a parte uma vontade muito firme de dar a mão. Há desejo~ de regressar,' saüdades da vida dos primeiros cristãos. Os bairros imundos, leem desapG1ecido e em seu lugar le­vantam-se casas pequeninas e airosas que f a;/ cobiça lá viver. Começam ospob1esa teresperança.

Um exemplo: Um dos rapazes da Obra da Rua actualmente colo­cado em Lisboa, requereu uma casa déstes novos bairros, onde deseja habitar com a sua mulher. Nao está condenado á vida baixa, for.,,ado a viver em casas doentias, tentado a fugir para o café, como dantes n2cessariamente acontecia. Tem na sua mao garantias de trabalho certo, ordenado suficiente, casa munda, amor de família. Pa­rece que vamos entrar na era do camunismo cristão. Eu cá já não tenho médo que os nossos rapazes de hoje andem à manhã ao farrapo, por desamparados. O requeri­mento deste meu filho, cuja cópia me veio ter às mãos.. encheu-me de alegria. E' uma certeza. Não se pode ir muito depressa, onde ndo havia nada feito ou se teve de desfazer o que era começado.

M que veem de mui onge, nti.o po e cw a depressa, mas curam-se. ios? Um só. Um uni omos todos· ãos. A for.. a somos todos iguais e droga.

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( ffilHHilT€ D€ 111-­-UI eo1mBRH l

4.º Visitar os enfermos

Por · um tostllo qu~ dei ao barqueiro, oonsegui chegar mais dtprtssa ao Al· megue. Fui levar os recados que o• bons samaritanos me encomendaram. Dezembro ficou pago. Em cima do C<Ji:i;ote que sertie de mesinha, dei:i;ei açúca'I', arroz e maBla para t1aria1· um pouco a mGnotonia do leite. Mai parece-me que o doentlnho não provará mais d.cs ma,1jares dêste mundo. -11M .nde·me um padre que eu. e•tou sem fôrças nenhuma•. Nã-0 agii.ento maio. A oraç(lo é a sul única distra­ção nos breves instantes que as dores aliviam. Tem as contas pnrtidaa de rezar por q1.mn lhe jaz bem. - "Eu lei que me pedem para et' -'1'1Jza9·. Eu rezo. . . m rezo. . • sobretudo pelo nosRo Pai Amá7Íco11.

Almas irmãs no sofrimento, co11ti· tmam a manifestar simpatia por íi•te nosso querido enfermo.

151> «de uma pobrezinha que sofre, ohorc., crê, ama, e muito estima e admira a cbrn do nosso que,·i-io Pai Am~1icoJ . 20~ «pequena lemb1·ança pO'I' alma duma pessoa por quem rogo ao bom D eus tenha piedade•. 5~ defaa· dos no Castelo e 100/S U-azidos do Porto, "pa• a o leite do Auelino11. 20~ '11por uma alma muito q1terida11 e mais 201 de outra.

Aleg'l'am-m~ sem U.úvida estas protias de carinho por um irmão que sofre, mas magoam-me outras dtsgraças que ~o....c..~ ...... Wl~(l.,, JJ nm., rtni1-..1Nlti.1 'lego ao pôr o pé em terra do lado de cá do rio. Se não tiisse nâo acreditava. '() bairro das latas, com todo o seu estendal de misérias, não tem nenhtema umelhante.

. noite precedente tinha sido de invernia Jtiriosa. No Lar, as velhas ;junelas cederam, os vidros partiram·ss a chuva inundou os corredores enquu1,t~ o.~ p'llpilos apavorados proc"'l'U?'ant aposentos mai11 seguros. Pois aquela noite como tôdas as que a prtced~ram de ~á um ano ~ara cá, e as que se •tgnram até ao dia de hoje, pass• u as uma família de st-te pessoas, no tempo­'l'úl aberto, nu e cru.

No verllo, ainda tinham o ~·esguardo imaginário das tábuas mal unidas da ponte; ngo"ra que o rio tiai cheio, rea­ta·lhe como ú tico abrigo, o c lflavial ~ ~m cub.ertor que v ano passado lhes dei. Acett~u ~ a pobre mãe, de joelhos, cheia de la 1rimab: - PtJdre ebta noite t ve um filhinho a murrer de jrio. Já estav~ 9·ôxo. Deita lho pague. Se fôs· sem ct grinus não lhes ja ltaria a clr s •t"ca ur;doi assim pedem ao m~no11 por cle­me11cia uo céu, que lhes seja menos mtll'&to.

Jl!a alt~ra em que passei, estava o m11is t;e~htt •1 a t •m,Lr conta d.os quatro irmâozit11s1 semi-nue, para que não baí .. sem à águri. Que olhar tão supli­ca1.tB o d.nqu~le p•tiz - o:eu queria fr para a Cus1.& do G dato». . , P!. Â11téricG ralh.a comigo por ter

:;a o.lt. qu1irrnta e cinco Guiatus, mas 'eu C'l'cto que qne 111 merece tais censuras são os que tiat:fo j.Jzern pira resolver ,situaçõe8 como t6ta.

( º"!'- ? c1·é.Uto de qttem se compadece de tais it1jel1zes1 vou comprar dtz11sseis metros d~ lona p 1u·a. uma simples tenda. l'onw posso dormir descansado ao abrigo de u rn tectti 11 qiiatro paredes sab1mdo que estes filhos de Dt!.u.s ne~ srque'· term uma telha para se 'l'es· gur. rdtt'l'em 1

, Ainda que ninguá111 me i..credi'te gue 'e&tns lii.hris ao mtnos me airua~ de de&abujo. 8Bm íile, mais me valia

O OAIATO

por Carlos Alberto Fontes

O João Carlos Freitas que foi o secretário d11. nossa Conferência, escre­veu uma carta ao presidente da Con­ferência. Era uma carta tão bem escrita que o senhor Padre Adriano a leu à Missa aos subscritores que alguns até choraram. Dizia assim.

-Caríssimo Irm!lo: Que esta minha cartinha, te encon­

tre de perfeita e feliz saúde e na Paz do Senhor, é êase o meu maior desejo. Tenho tido as notícias da nossa Con­ferência às quais ao lêr fico muito contente. Apenas me vieram as lágri­mns aos olhos quando li da morte do vélhito do Vale Salgueiro, mas ao mesmo tempo alegrei-me porque todos os nossos pobres que já morreram to­dos se confessaram quási no momento de expiarem. Irmão; estarei contente nas fé rias do Na tal em ir dar a nossa pobre esmola aos nossos pobrezinhos. De facto irei contigo visto que me pediste antes da minha saída para o Seminário. Rezai sempre para que Nosso Senhor oonceda sempre o mo­mento de se prepararem para a grande viagem. E nós também temos de podir por nós mesmos visto que somos pobríssimos junto de Deus. Termino qncrido mano; envio muitos abr~oa para todos os que nela estão traba· lhando e sacrificando·se por ela e seua pobres e benfeitores. Um abraço ao que ficou no meu lugar porqae êle dese­java-o muito. :Maia uma vez· queridos Irmãos da Conferência um apertado ~bra~._ Ab!_!l_ço~_pa.!'~- m~!~~-~~da..: muitos parahena por fazer anos no grande 1. de Dezembro. Cumprimen­tos ao senhor Joaquim, senhor Padre Adriano dizendo lhe a minha conta de tudo não a possa mandar tôda janta e qualquer dia o maia breve possível lhe mandarei a conta doa livros. Cum­P"imentos para a s~nhora, para a Co11tureira, e para o Ti Pedro.

Tu querido mano e todos os confra­des da c.,nforência em esp~oial um apertado abraço dêete vosso amigo.

11Peço resposta na volta do correio11. ]oíio Carlos Freitas

Fomos visitar oe nossos pobres. O da~ Miita estav~ deitado na manjedoira e. disse que precisava de maia pomadas e hgadurrs. Está a chegar o dia da Imaculada Conceiçl9. Como ela é a padroeira da nossa conferência resol­vemos levar açúcar aos pobres.

Já entrou maia uma pobrezinha para a Conforêocia. Foi porque ela prPcisava muito e quem pediu foi uma a u b11 cri tora.

Agoora querlamoe faz~r mnia um pedido que era de nos mandarem dinh~iro ou ifôces para levarmos aos doentes do H 1apital doa Lllz11ros em Coimbra. Já o ano passado lá fomos no Natal na e P4scoa e êles fic"&ram muito contentes.

O Secretiírio CarlotJ Alberto _FontetJ

p~tlir a Deus que c6do me levasse dêste mundo ego?-sta.

Com infinita gratid ;;o, registo m11is ttrna pe91J de Jazent/a e dois grand68 retr.ilhos de flanela przra 'l'Ottprrs doe 110Psos gnintos; 1()QIJ da Covilhã 100(!, de Litbna, 4011> de Coimbra; 21M na ru-i, dois al'iueirts de milho 20,'J de z..t,,fozt'nhoa. '

Se alguém soubes8e ilo 'l"emUio pl.lra o frio dos noBBos 45 pe711eriitos que teem os cobertorBB dos 35 do . ano passado ...

O Carequita a· peaar·dt> ser pequeno é o maior saltimbanco. E' capaz de saltar por cima do Sérgio. Qllando anda a aquecer o fôrno desce e sobe pelo cabo lia pá e faz ginástica em cima dela. Alguns chamam-lhe o per­nas de alicate'. Outros dizem que êle roubou as pernas a D. Afonso Henri· ques.

O Vólha no outro dia chegou-ao ao pé da s~nhora e vai assim : - Eu e a senhora pertencemos à mesma con­fraria porque usamos a mesma opa !

- - Então que opa é? - E' o avental da cozinha.

O Humberto diz que o cozinheiro já sabe fazer croquájíos (croquetes).

O Vrlha envelheceu com a derrote. do Belenenses. Já morreu de desgosto.

U ma senhora da Vila deu-nos um vigéssimo para a lotaria do Natal.

Isso é que era bom que nós tivesse­moa a sorte, ji não digo a sorte grande mas, algum dinheiro pe.ra a nossa obra.

O Lefria quando é à noite dorme em tôda a p11rte. Ele é ajudante do cozinheiro. O Velha manda-o ir buécar cabacae e êle traz só uma; estão a rezar o terço e êle vai aninhar-se ao canto do fogão a dormir; está a lavar a loiça começa a dormir com os pratos na mão e deixa-os cair e não se par­tem porque são de esmalte. Durante o dia canta muito. A cantiga dêle "1---- ... ._,,,..._aL._......,. _..,,.._ •

O' minha mãi deixe·me ir Ao bailarico à. teira. Eu vou e torno a vir ! No combóio da Figueirk ! ...

E a cantiga do lflrequita quando anda contente, é assim : ,

Ai 1 Talicutn, Talicum? Ou ela! Ou ! Pagas o vinho ou ficas sem ela ! ... ?

Em primeiro lugar, é o orgãoainho para a nossa capela, de que não temos aiuda sinal. A seguir, vera o Natal o grande dia doa pobres. N 6s temos ~n­f 1ança, porque somos pobres e espera­mos as tuas noticias.

Ddpois, temos a necessidade de agaa1.!hos infuntis. Aqni há dois ano1:1 urna Fábrica de Malhas do Purto' deu~noa nada menos de 50 peças; var1oe tamanhos e core&. F iJa ali para os {;;dos da Boa Vi1ota. Nãn sei o nome da rua nem o número da Porta. Tal­vez os donos venham a ter conheci­mento de11taa ~egras e mandem, na volta, tôdas as 10du.:açiles •.•

Riacados, riscndos; não temos nada. Uma peça de flanda para camisas, vinha em muito boa hora. NJ;i q••ere­moe vestir os nos11oe rapazes de uovo no dia de N atai, e eles andam to lo~ com a roupa no fio.

M iis de Espinho lOOi . .M:'lia ronpaa e dinheiros, de vi~itantes. M iÍS 2 ,Q,J de um Colégio de Coimbra. !\faia hvrva de histórias iufcàntis, of.,rta da autora. Mais o meu. p ' tmeiro orden·1do para essa casa, de um futuro oficial de ourivesaria portuguesa.

M11is duas peças de earj' de lã. Por . mais que miraes", uão füi capaz de

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-15-12-1945-

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·I e r ó " i e a li J ~ ~ ·1 a:=: __ =_=_-1 õa nossa fl V \. • 111111111111111J1> por }o'>é Eduardo ~11111111111111118

Continuamos a socorrer os pobres do Assento, S. Lourenço e Bairros. O do Assento continua doente. Já se levantou da cama. Está tôdas as semanas na cama por causa da febre que nele é muito vulgar. A do Leal continu~ na mesma e anda-me sempre a pedir a roupa para ela e para os filhos porque agôrn está muito frio e êles não teem nada que vestir. O de Bairros continua muito tropego das pernas. O de S. Lourenço na m"sma. Agora que está a chegar o Natal pedia aos amigos leitores se faziam o favor de dar alguns donativos para distribuí r agora por êste tempo. Com isto termino e desejo aos caros leitores umas bôas-festas e um feliz Natal.

Queremos piões porque os nos­sos ropdzes andam agora para remediar a jogar o ténis com um bogalho e uma tábua apanhada ar por um canto. Vamos a ver quem é o primeiro a estriar-se. Ano passado foi o Sr. Carlos Cunha, êste ano vaMos a ver quem é.

.As nossas azeitoneiras que esta· vam com os ramos a pender estão agora direitas por lhes faltar o pre­cioso fruto que lhe foi colhido pelos nossos rapazes. A azeitona foi ap1 oveitadt1 quási tôda para fazer azeite, mas também guardamos al­gumas para comer.

Venda do J ornai Tudo como das mais vezes.

O Rodrigo é formidável! Loao à entrada no eléctrico recebeu de dois senhores duas n'otas de· 50$ com grande espanto dos compa­nheiros: aquilo é qae é I E decla­rou que a senlzora das cuecas lhe vai dar mais duas caixas delas para os de Paço de Som•a .Não sei que encant~s tem êste Rodrigo!

atinar com o nome da terra de onde veio tão preuioija ofert~. ll.iis õ0$ doa émpregadoa da Vacuum. Mais outra vez roupas de Li~boa. J.faie de Cdde roup~ dos meus qu tro rapazes. Era uma OAixa, que veio pelo caminho de ferro, com roupas e calçado. Eu cá acho ·que vem a ser a f1 aquP~a dêstea ·n~ssos. pequenin'ls, que têm a f'ôrça m1b~erto&a. dd sacar das gavetas, para a v1da, co1sae wortae!

Devo decl a.rar aos portugueses, que não tenho m"10 de vestir e calçar ceoi. r llp zes, a. 01\0 ser com o recurso dêa­tea pacotes. Eldd rião trazem que ves­tir. A roupa c.:om que se apresentam, tem de ser queimada. Não é no1So costume pedir eoxov11i~; a q11 c?m ha­víamos dd os pedirn E is porque depen­demos da11 boas donas dd oasa, eebre­tudo se são M:I.ea. Ninguém saba dar como ~s Mãeol

E j4 ago,·a, lembramos chanca.a. Chancas para os nossos maia peqne­ninos. 011 do campo, teem tamanco11. mas êstea, não teern nada. Tisrio friei­ras e foridas de arripi"r, se os nã.t> calçarmos em termos.

Olha que são cem rapazes. D11,Zeotos pésl .

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45-

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obres 1irros. e. Já tôdas sa da ulgar. .ma e ro,upa orque ; não airros _mas. ~sma.

Natal ziam ti vos

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-. 15-12-1945-

·1l CARTA .DA ,. OBRA. DO ARDINA.

~========================~

Lisboa, Calçada da Glória, 39

Não sabemos se chegaremos a tempo <e horas de vir publicada esta carta no próximo número.

Será.,, . o que Deus quiser, mas bem precisámos de gritar que esta­mos sem dinheiro algum e com duas "Casas de Ardina11 ás nossas costas! . • ,

Que queremos levar presentes de roupas, guloseimas, brinquedos, etc. além das consoadas a 250 famílias de ardinas no N atai. Queríamos colchões e cobertores para lhes darmos, e até .hoje, nem com que pagar as contas: .. · Continuamos a não querer sócios, nem subscritores, pois queremos que .1's dádivas mantenham aquêle cunho rle generosidade e caridade, que só a .expontaneidade lhe pode dar! •• ,'i

Mas-precisamos, para continuar em frente, de donativos fixos, sejam .êles grandes ou. • . pequenos.

Precisamos sôbretudo de quem pen­ae fale na 110hra do Ardina11 e traga até nóa a generosidade e renúncia de muitos, muitos! •••

Que não seja só a nossa voz e a do ardina, mas um ucôro de amigoa do :ardinau a pedir para as suas uCasaa., .a compreender o problema do ga~ôto tal como i::le deve ser compreendido.

T emos lutas terríveis com os defei­tos dos ardinas, com os defeitos das

·famílias e do meio eln que vivem, e, até, com as faltas de compreensão que para aí se encontram, em quem nos .devia ajudar e não ajuda •.•

Há quem s~ja capaz de deixar mor­rer á míogoa. do rcouraoa a .. ObrA elo

. A rdina11 e leve o dia a dar esmola aos

. ..,.arôtoe que encontra na rua ••. 0

Ainda há. pouco, tivem9s um desâ· ' f . t ~ nimo grande: 01 novamen e preso,

, por andar a pedir esmola,. o no~~o Manuel Lopes, aquêle pequeomo vàd10

· que os ardinas e nós andávamos oor· rigindo, ..

. Ora o defeito dêle, é não poder , ~pa.nhar um tostão que não o empregue .,m cinema, rebuçados, etc.

A pedir; não custa •ganhar11, e -ainda menos ..• 11gastar•, claro,

Ao vê-lo prêso, revoltámo-nos. Ele andou mal, bem o sabemos, mas só tem 9 anos ••• E quem lhe deu esmola, a quem lhe tem dado esmola, não

· andou ainda pior?. • . Estragou num · minuto, o que nos vio~a . trazendo

hol'as, dias, d~ luta e sacr1Uc10 ••• E concluímos: 11Se fôssemos polfcia,

· prenderíamos não quem recebe esmola, na rua, mas quem a dá na incons­ciência ab3oluta do mal que f11zw! ..•

D11r esmola aos garôtos é, regra geral cultivar vHoe da criança. ou doe pais. A caridade exige o b~m da alma acima do próprio corpo. E quem

· dá e~mola na rua não faz bem ao . corpo, e, muito menos, á · alma ...

Na semana passada., procurou nos um ardina a pedir-nos se o admit(amos

. ôuma. da>1 11Caeae db Ardi.nau. Con­

. vereámos. Ele apre11enta-se~ «A Senhora lembra-se de me ter

. encontrado na Avenida. Duquo de A'vila a pP.dir esmola? Didse·we que ora uma '1Jerg1inha, que viesse falar consigo à "º"ªª do Ardiua11, lem-

. bra-se(, . . , Eles são tnntos, aquêles a qnem

· procuro levrmtar assim, que a memória ti.lhou ••• Mas a do ardms. é q•1e não

· falha. A liç/J.o aerviu, e êl6 continua; 11Tinha muita razão, sab~? Já estou

• há 3 mêses na vendi1o doa j•,roais, ' a ~trabalhar. O trabalho é outra coit1a! E :. até já ando a jirntar para cowprar

na sapatos, Q.!em me guarda o dí-

O OAIATO _:,_

Il~ ~ílMíl f íll A MINHA IDA A ~~TUBlt Entrei na cidade pela mão forte

do Governador Civil e também d o Presidente da Câmara e ainda do Dr. Cabral Adão, senhores êstes meus conhecidos de outros tempos e de outras terras. O fim principal da minha visita à rainha do Sado, era uma conferenciasioha no salão nobre da Câmara, avisa.ia em letras de oiro, para aquêle dia e aquela hora. Houve um acto prévio no Clube Naval, que também é restau­rante, onde nos foi servido um jantar de peixe, por ~ er vianda da terra e dia de abstinência. Dali, stguimos. O edifício da Camara, estava de gala. A luz jorrava. Oru-DCA•

--l:tlnfinho Hos H-apa1es ____;;,..;____

•Como os nossos mais espigados gostam de ler •O Gaiato" é justamente dedicado a êles êste cantinho, para servir de leitura espiritu.sl •.

Sou eu, meus filhos; nenhum de vós tenha mêdo. E' só para vos lem­brar a grande necessidade que cada um tem de aprender tudo quanto os Professores vos ensinam nas escolas e de fazer o exame da 4.11

classe. Este primeiro exame é cflave com a quar tens a.e aonr as portas da vida que te espera.

Sem esta chave não entras em nada que tenha jeito. Não podes ganhar o pão.

Desde que temos a nossa Casa -do Pôrto, são muitos os rapazes da rua que ali vão pedir emprêgo, alguns já quási homens1 muito mis~­

. ráveis. E quando se lhes pregunta por habilitCJções, respondem que

-não sabem lêr. Ora é necessário que tu saibas que é justamente daí

·que vem a miséria. E' preciso que tu arripie.s, quando ouvires dizer que há homens na nossa terra que não sabem lêr e que da mesma forma estremeças com a idéia de

·que poderás vir a ser um dêsses ho.nens. Não queiras ser um alei- . jadinho. Um homem que não sabe letras é um aleijado. Olha e não vê!

Espero que tal não venha a acontecer na nossa obra. Temos escola. Temos professores. Temos horas de estudar. Pois bem; não nos há-de faltar. o rapaz com von­tade de fazer exame e êsse rapaz -és tu.

====//====-nhPiro é o lJ.11muel .Câmara . ..

'f11do foram consol~1ções .•. M·1nuel CiJ.%?.1'a, um· dos nossos, a

merecer deste· mnclo a con'fiança do meio .• ._ l\rdioa! Ddixa-me que te diga que o M ,.,uel Câ n1wa com 13 anQs a penas, é chefe de família, pois o pai está inuttlizado para o trabalho! .•.

N .\o fazemos comentários!· ••. Oh se tu não de~ses esmolas a g-uôtos, e quizesses comp1eender como a recupe­ração social de menores da classe po­bre se pode e deve fazer atravez da profisl!ão de ardina, com o amparo das 11C11sas do Ardina .. , davas-lhes qu'lnto tinhas, o teu triib . lho, o ·teu descanso, o ttlll entusiasmo, como nós .•.

MARIA .L UÍ3A.

.P. S. - E-1peramos que cl)mpreencha · e . • , respondaa1 sabes?. , •

e ·do mais que n1111111111111n11111m111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111m1111111

ali aconteceu WUlllHIUUJl!li!!RllD!JMJlllllllllllllllllllllllllllllllllllllllJllllllJlllllllllllllllllllllU

pos da . melhor sociedade, como diriam os jornais, miravam o conf e­nnte.

Entrei em uma sala, onde fiquei ~ózinho a dar os últimos retcques e daí a nada, sou chamado. O salão estava à cunha. Comecei logo a denúncia do abandono da Creança e acusei os grandes, um trecho de Nuremberg ! Ficou tudo magoado. Alguns choravam de dôr. No final de tudo, declarei a minha identi­dade; mostrei a chapa de mendigo, e aqui é que foi :

A distinta assembleia, não vinh1 preparada. Estão afeitos à clássica conferê!lcia de fraque e colarinhos altos e nunca supuseram que um pobre de pedir tivesse o arrôjo de subir à cátedra drs doutores, daf o ter rec{ bido menos do que era de esperar de uma Roirzha. Mas nllo perdi o tempo; tão pouco a assistência. Quando ari regressar, outro galo cantará!

No dia seguinte, fui dar volta pelas fábricas, que são muitas e muito grandes e muito ricas. Não Cnt"guca a crru o-r 1'm - una"' -.;o"'""" delas, por ter nêsse meio tempo reconhecido o campo que pisava . Ali há gente que não merece os nossos sacrifícios.

Setubal, vive do delírio do peixe: ·ontem chegaram doi~ mil contos de pelxe, dizia-se. ~s riquezas do '?ªr! embriagam a cidade, e não v1 ah nada a favor e para bem dos seus hab:tantes. A creanç~, nasce em

·casebres e vive nas ruas. o~ bairros

da Lota, .são ali populares. Na pon­tinha da Europa há um lindo porto, por onde podem entrar à. vela, mansamentf, doutinas sociais que não veem no Decálcgo ...

E assim perde num instante o seu manto rial, aquela que se tem na conta de raínha.

Est ive no Sanatório de Outão, onde soprei ao micro, ouas palavras de conforto a 400 doentes: Bema­ventuTtidos os que sofrem.

Uma vez que o mundo me quere na galeria dos celtbres, pois faço como eles!

Estive no Castelo de S. Filipe a vêr horizontes. E almocei no Orfa­nato da Câmara. com a malta; era sopa de couve branca e tripas com batatas. Comidinha caseira servida pelos rapazes. O pequenino Orfeon, executou. Um 1apaz muito e~perto, recitou. O Presidente da Câmara, Engenheiro Ataide, estava. Ele tem ali os olhos. lmport~·se. Aflige se. Quere fazer mais e melhor.

Depois do que, acompanhado de dois amigos, vim tomar o barco de Cacilhas e atraquei ao Cais de Sodré, a horas de começu a via dolorosa, naquele venha cá logo· que o Senhor não está.

====//====

Pão dos Pobres

e· um nuro 1Jo -Paareflrôerlco. que iá Dai no 3. º Dolume. alguns éJOS QUfliS em 2. ª eõiCÜD. Ilêie se conto He como noscerom os <:esos iJo 6aiofo, He corno nós iJeixttmos rnlr o Pobre ·e CJe como Ele se lomenta.

ftiJqu!re hoJe o linro . Uen<Je·se nos hinrfirlos Ho Pats

/

Estive uns dias na sucurs11I, retido na cama por necessidade. Tinha no quarto a visita dos pequeninos trabalhadores d~a~ ~ezes por dia. O Adriano, trouxe-me um grande pau de chocolate l1n1ss1mo.

- Oh! '"paz; quem to deu? - E' o meu p11frão! Este trabalha na Camisaria Conliança. Além do mais, tem um sobretudG

cinzento que lhe dá aspecto dl!' filho d' algo - êle, que era de ~ingué~I O lidnio, da CaD1Ísolaodia, enche a boca com o seu pafrao e diz em e.asa às escancras que ningue.m como êle. .

O Bernardino, d~ Casa. Piloto, sai de lá todo enxofrado a pro-te5tar: "P,.,frão o meu, olha"·. E mostra botas e gabardines e camisas, •

O Fernando, tem um p-atrão que lhe dli o almoço, e roupas, e reme· dios e não quere que lhe pouse uma môsca 1

O Julio, foi saber o preço de uma gabardina à casa das ditas e puseram na factura: uPreço da chuvul11 .

Todos os Médicos do Pôrfo assistem os nossos rapazes, segundo as suas especialidadas. Os analistas da mesma sort&. . .

Tôdas as semanas, cai uma moeda de preta das mais pequeninas na cai~a do correio da nossa Casa. B.ubearias hli que cortam o cabelo de graça aos que não ganh~m e fazem um desconto aos que ganham. H .. ja quem sopre as cinzes! Não há homens sem coração!

Mas, mas, mas 1 Q nosso Carlos Alb1uto, empre911do como estava, e tão beml Matriculado como '3sfava na escol" induslri.sl; - o Carlos Alberto, houve de regressar a MJranda e ser entregue às mãos do Sér.giôl. Se êle lôr capaz de compreender e da sentir a feri ~a que me f..1z, tam~em e capaz de

· ~ •• cum do m•I que tem. E •• •••• ••nlimenlo o '"'" m"• n~do.

' ~- - . ........... ·-· .,, ~ • . . - À

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-15-12-1945- O GAIATO

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U MA noticia muito triste. A nossa vaca leiteira, a mellior que tínha­mos, deixou de dar leite por

doença, e estamos em riscos· de ficar sem ela ! Se tal acontece, é a segunda, dentro de poucos meses. Os pequeninos que merendavam leite não se ·queixam, mas andam tristes. • N ASCEU mais um cordeirinho !

- Fui eu o primeiro a saber! - Mas eu é que vi !

- Mas não ; foi o Maximiano 1 E o número de rapazes cresce e as

diecussõei; aumentam e as ameaças fer­vem e muitos narizes. ficam a pingar sangue, por causa do inocente cordei­rinho ! • A PARECEU aqui uma creada de

servir vinda de Lisboa, com o intuito de nos entregar um rapaz, •

cuja história relatou. Espantado do heroísmo da creada de servir, disse-lhe que sim. O rapaz !!presentou-se. Vi. Con· versei. Medi. A creada tinha pintado de pardo a vida do pequeno, talvez pelo desejo de o saber abrigado. Ele são. Alma aberta. Um rapaz bom, desquali­ficado para a nossa obra.

Met1-lhe mêdo. Que o nosso trabalho é pesado. A nossa escola, rigorosa. Que tarde ou nunca iria a Lisboa.

- Queres ficar ou ir embora ? - Como o senhor quiser! - Pensa melhor e dá-me a resposta

amanhã. Deu-a, sim, para dizer o mesmo : como

o senhor quiser. Como visse que nada podia fazer com

o rapaz, escrevi ao Pai a preguntar s~ ~!e fugia de casa, se fumava pontas, se desobedecia, se furtava. Que não.

Segunda carta, a comunicar que o filho não servia, e queria manda-lo pelo mesmo caminho. Vem a resposta do Pai, tilizado. Não posso edu;ar o ;,;u filho. Sou muito pobre. Entrego-lho. ·

• O nosso refeitoreiro colocou hoje a

terrina na mesa, serviu a sopa e foi para· a cozinha buscar o prato.

Comemos o caldo e esperamos, espera­mos e tornamos a esperar. Que teria sido? Levanto-me da mesa e vou indagar. Vejo o prato sObre a mesa da cozinha, guarnecido pela mão dos cozinheiros, prontinho a seguir. O refeitoreiro, êsse estava aninhado no chão, um nadinha longe da mesa, entretido com os gatos, de r6lha de papel na ponta de uma baraça.

-Oh! Elvas? -já vou! ••

ELE há muitá gente a quem espanta as quantias de dinht:iro que se consegue para os negócios da

Obra da Rua. Foi mesmo a grande objeccão que os

entendidos puseram, quando se começou a · falar na Aldeia dos. Rapazes : E o

·dinheiro? Aonde é que éle vai buscar o dinheiro?

Nós recolhemos nas nossas casas sóménte a creança da rua. Não fazemos favores a ninguém com a obra. Não conhecemos compadres. Não temos inte­resses. Não desejamos popularidade. Se não é creança da marca, inútil fazer pedidos. Este é o primeiro 1>onto contra a objecção dos tais entendidos.

Nós não pedimos enxoval nem faze­mos questão de subsídios. Aceitamos humildemente o que nos quizerem ofere­cer. O nada também nos serve e esta é, até, a moeda mais corrente com que nos pagam as admissões.

Nós tratamos os nossos rapazes, sãos como sãos e doentes como doentes, dis· pensando-lhes, neste caso, os cuidados que éles merecem. Este é o nosso forte e a resposta formidável à supercitada e mui douta objecção.

Nós damos preferência aos mais desgraçados. Quando os pedidos são feitos em papel timbrado pela Auto~dade constituída, n.)S não olhamos ao timbre aem ao nome, mas sim sõm~nte à condi­ção da creança. Há dias veio uma carta a dizer: junte aí mais um infeliz que a rua nos trouxe e a sociedade repele. Outra carta, de outra Comarca e também de sêlo branco, dizia a sorte de uma creança abandonada, sem casa que a

= =:s

recolhesse nem subsídio que lhe dessem. Tanto botões, para serem nossos !

Ora aqui estão factos que se publicam, para valer como artigo de fé. E' doutrina certa. Que os meus sucessores a tomem para si e a cumpram. Se êtes vierem um

. dia a fazer cálculos, a procurar heranças, a escolher o garoto, a favorecer amigos, se assim acontecer, começa a ruína da Obra da Rua.

• O ano passado, não 3a/oamos um

único fruto dos nossos deauspi­reiros. Comeram-nos. O Zé Mana,

foi ·o campião. Este ano salvamo-los todos. Ninguém lhes tocou. Se algum fruto caía, vinham-no trazer aqui ao meu quarto : olhe I Pois amor paga-se com amor. Mandei a uma quinta daqui perto comprar todos os frutos das árvores que lá existem, do que se fizeram apetitosas merendas. O Rio Tinto foi lá com dinheiro, saldou, e trouxe o dinheiro todo. Senhora Margaridinha ; até ao ano e muito obrigado,

V IERAM ter agora mesmo ao meu quarto, o António e o Pepe e o Machado e o Carlos e o Amadeu

Elvas e o·Francisco e o Oscar e o Rosas e o Rio Tinto e o Amadeu da Covilhã. Querem uma equipe. Disseram-me que pusesse eu no Gaiato que o grémio de futebol tem muito dinheiro. Federação, creio eu, mas como Grémio é a pala\rra do dia, êles entraram na ordem do dia. O recado, assim como está, é dêles. Agora, o meu. Realmente, uma equipe de futebol com botas e tudo, está fora das nossas posses. Se algum apaixonado 1e lembrar da gente, os nossos exultarão.

• O Amadeu Elvas trouxe-me aqui ao

leito, onde tenho estado, uma chi­cara de café muito apurado.

- Foi o Chegadinho 1 Os rapazes não se fartam de gabar o

Chegadinho, pelo que êle era de rebelde e agora de dócil. Já se lhe prometeu um pôrto de honra, _se êle fizer a 4.ª classe. E cumpre-se.

·~·:~e::::::::::: asuinatura::;~;:::·::·::;:L·::::~·1 MOS DE CONVER~AR•. Ora assim é f/ae ~- Gosto muito deslas convenu. Se .~ toàos os assinantes qaiz•ssem dizer duas pelevriobu no Natal, ea teria • sorte grande • sem arriscar dinheiro/ E bem poàiam laaE-lo. Era pera o edifício da escola. Vem Jogo a seaair ao do b.ospital-enfermeria, o qaal Já está • sabír. Nós queremos tudo a ~· valer. Trata-se de 54/var e lort1licar t1iàas.

Não pode haver meiu tintas neste pá!lina de actividades . Por ser um dom tiio precioso, é objecto do quinto mandamento do decaloao; e é jast•mente por isso <Jue nós l

--- -' • _,._,. _ _ ...J _.___,_._ • ..:Z:Z• .._ -----' -' .Z> ' o- ,_,_ ..... ~"'"' ......... ··-Z.voplc•l1

~ é o corpo. Na escola, abre-.fe • foteliaência. S ão vidas qae eatio em Joao. Só aaora é ~ qae reparo no qae fiz: Peço acima, daas pa/airrinb.as aos usinaotea e afina/, doa-lhas ~ aqui em baixo; tal a febre qae me consome/

················-........... ~··~ ,, ............................ ~ António Leal, Monchique, 50$;

António Manuel da Silva Martins, Olivais, 25$; José do Carmo Vicente, Olivais, 30$; Dr. João Cavaleiro, Setúbal, 30$; José Amorim Sam­paio, Póvoa do Varzim, 40$; Padre Nunes Teixeira, Albergaria-a· -Velha, 25$; Maria da Soledade de Pinho e Sousa, Arrentela, 30$; Adelaide Fernandes, Paio Peres, 30$; Serafim de Almeida Maga­lhães, . Rio Tinto, 20$; Maria Eugé­nia Ferreira Lôbo, Carrazeda de Anciães, 50$; João Barros Fer­reira Leal, 20$; José Lucas de Carvalho, 20$; Fernando Pedro Rosado, 20$; Américo Monteiro, 100$;-todos do Bombarral.

Rosa Maria Pimenta de Figuei­redo Horta Correia, Silves, 20$; Rafael de Freitas, Alvaiáze1e, 30$; Georgina Pires, 30$; Angelo Lobão, 50$; Domingos Silva Martins, 30$; Maria Helena Malheiro Fernandes, 50$;-todos de Matozinhos. Maria do Carmo Rei Seia, l 00$; Alfredo da Silva Neves (1944-45), 100$; Rui dos Santos Henriques, 30$; Maria Ludovina Pimentel Franco, 20$;-todos de Coimbra. Encarna­ção Cruz Andrade, Tocha, 30$; Maria Fialho Barroso, Aldeia Nova de S. Bento, 40$; Ilídio Casal, Oli­veira do Douro, 100$; João Manuel Nunes da Silva, 100$; Tenente Emiliano Vasconcelos, 2'.3$; Irene Oliveira da Silva, 40$; Lucília Roca, 20$; Maria Bellegorde P. Vilar, 20$; Amélia Silva, 20$; Berta Tava­res, 20$; Maria Carolina Costa Campos, 20$; Olga Ribeiro, 40$;­todos da Beira (Africa). Maria José Agrellos, 25$; Rui Monteiro, 50$; Artur Cruz, 50$; - todos de Lou· renço Marques. Manuel Espre·

gueira de Oliveira, Viana do Cas­telo, 50$; João Dias Agudo Cadete, Mação, · 20$; Maria do Espírito Santo Martins, Mogadouro, 30$; Judith Jacquet (para refôrço), Parê­de, 10$; Margarida Pires Gonçal­ves, Mirandela, 50$; Maria Alexan­drina Andrade'!, Mirandela, 20$; Carlos Borges de Pinho, Válega, 20$; P.e António Tavares Martins, Campanhã, 20$; Maria José Sousa Pinto, Foz do Douro, 50$; Rosa Maria Saraiva, Foz do Douro, 70$; Alice Ribeiro Henriques, Caldas da Rainha, 30$; Carolina R. de Sá Seabra, Sebolido, 20$; José Fer­nando Rivera Martins de Carvalho, Estoril, 50$; Amélia Rezende, Sin­fães, 25$; José Augusto Mousinho de Albuquerque, Taveira, 20$; An­tónio Ferreira ~'únior, Ferreira do Zêzere, 50$; António Ferreira de Castro, Bencanta, 20$; Alfredo da Costd Teixeira, 20$; Firmino da Cruz Magalhães Ribeiro, 20$; Rosa­lina Leite. da Silva, 20$;-todos de Braga. Maria Vieira Ferreira, Espo­sende, 20$; Çeleste Guedes da Silva, Caramulo, 25$; P.e Manuel Romero Vila, Vilar do Paraíso, 20$; Dr. António do Canto de Moniz, Vilar do Paraíso, 50$; P.e José Rei Barata, 50$; Júlía Freire Dias Coe­lho, 40$; Josefa Seixas, 20$;-todos de Pinhel. Joaquim Gonçalves da Silva, Lamego, 20$; João do Rio Bizarro Teles, Ilhava, 20$; Maria Isabel Fernandes Gil Botelho de Gusmão, Ponta Delgada, 50$; Maria do Céu M~rais, Sabugal, 35$; Ger­mano Garcia Rodrigues Moreira, Parêdes, 20$; Artur Pinto Brandão, Parêdes, 20$; José Augusto Soares Moutinho, Almendra, 20$; P.c Antó­nio Ramos Ferreira, Almendra, 20$.

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A GORA que os dias são pequenos, ocupamos as horas da noite com e escola. Os dos trabalhos do campo,

teem o seu professor e os mais pequeni­nos, teem os seus professores. E' senta­dos no chão, em pequeninos grupos. O Zé Eduardo, o Avói!inha, o Gari, o Alfredo e o Elvas ensinam, vara na mão, para manter a ordem: - Pelo sinal da santa cruz/ . . . São êles, mestres e alunos, os mesmíssimos que ontem, também em g rupos, davam e tomavam lições na rua. A catequese é coisa tão santa, que ainda hoje, milhares de pagãos, visitam o iúmulo de Francisco Xavier, pelo que êle ensinou aos seus antepassados !

E regosijo-me ao escutar, no meu . cantinho de trabalho, a harmoniosa matinada dos pequeninos grupos : - Paí Nosso que estais no Céu .

Muita gente não gosta destas ninha­rias. A lg~ja já deu o que tinha a dar. Naqueles tempos, sim. Hoje sobretudo­ª I~reja Católica, é simplesmente um precioso ornamento, um ponto de ceri­mónias, um depósito de respeitáveis-· tradições ; e não é mais nada.

E os padres católicos são os tristes propagandistas daquela língua morta, e não são mais coisa nenhuma. Eu esteva, de uma vez, à e.spera do eléctrico para a Alta, em Coimbra, e passa um sacerdote de moto. Do lado dizem : ali oai <> retrocesso a c a o a lo no progresso ! .Milhões pensam assim. E' uma galhofa muito cara. Uma convicção muito triste.

Quando o mundo se fartar das bolotas dos porcos, há-de regressar ã Santa Madre Igreja. Há-de vir pelo seu pé, mevido por uma outra convicção, arrepen­dido de taJ1to galhofar.

Enquanto assim não fõr, a pequenina Obra da Rua vai recebendo em seu seio aqu~les seres humanos que o Progresso rejeita, en,nendo-os a perdoar : Perdoai­-nos, assirrt como nós perdoamos. • O NTEM entraram pela porta do meu

quarto, de escantilhão, o Amadeu Elvas, o Amândio e o Carlos de

Tábua. Não falavam. Era um saltar e berrar fora de tôda a marca .

- Mas que é isso ? - Uma vitelinha 1 A seguir a esta demonstração do

pequenino grupo, ouvem-se vozes alegres pelos campos e arredores: Uma oltelinha! • O Cronista tinha acabado o seu tra-

balho e ficou na cadeira, assim como quem espera alguma coisa ou alguém. - Que queres, Zé Eduardo? - Deixe-me tocar um bocadinho na

gaita! E' um degão-de-bOca que nós cá

temos, e .que eu guardo pare as grandes . ocasiões. • O S nossos grupos de catequese silo·

formados de sete e seis alunos e o professor. Houve ontem grande

desordem no grupo do aoõzinha o qua) se viu em riscos de ser agredido por um dos alunos, o Adriano, de 6 anos de idade, natural do Porto! O caso foi muito comentado. • O Xancaxéque teva o dia a pedir

broa aos refeitoreiros, e a gente não se pode alargar. Muito

embora tenhamos a faca, o queijo está · nas mãos da Intendência e aqui é que . está!

Pois o Xanca.xéque, vindo de comer, vendeu uma fisga que tinha por sete merendas, ao Fernandito Barros!.

• O ChPgadinho é que faz o meu café, e tão bom, que eu preguntei-ltte ontem, antes de ir para Lisboa, o

que é que êle queria da capital. - Traga-me uma bola. • V em aqui a diser na Bola que vem .

pe6esl Foi o Carlos, que estava no refeitório a distribuir o prato, e

deixou ficar os pequeninos serventes de braço estendido e uma comunidade su­spensa, para vir aonde a mim, dar aquela novidade!

- Oh rapaz; vai-te embora. -São os peões! Ele é por bem que nos mandam a

Bola, sim, e todos quantos amam êstes meus filhos, adoçam a minha bOca. E' por bem; mas ninguém calcula o que por cá vai, nos dias em que é esperada. Só viste !

ANO!

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