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Page 1: E-Book Competitividade DOM Strategy Partners 2010
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Competitividade | Melhores Análises, Melhores Insights                                                            2  

Índice  

Porter Já Dizia.04 

Inovação – Compra Antecipada de Posição Vantajosa no Futuro.07 

Inteligência Competitiva Eficiente: Um Mapa Com Atalhos.09 

Intangíveis: o Verdadeiro Oceano Azul das Empresas.11 

Timing para Uniqueness.13 

Tecnologias da Inovação Conceitual.15 

Diferenciação de Ofertas: Estratégia de Negócio e Competitividade.17 

Conhecimento: Essência Fundamental de Competitividade das Empresas.20 

Escolas Estratégicas e seu Papel na Competitividade Atual.22 

Aprendendo com os Erros Estratégicos da Toyota.29 

 

 

 

 

 

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Competitividade | Melhores Análises, Melhores Insights                                                            3  

 

A DOM/SP é primeira consultoria 100% nacional focada em estratégia corporativa. Ela foi planejada desde seu nascimento para: 

• Entregar mais por menos,  

• Ser mais rápida que a concorrência internacional,  

• Aplicar rigor intelectual, domínio de melhores práticas, domínio de metodologias internacionais e profundidade de conhecimento setorial,  

• E ainda sim ser criativa, ágil, comercialmente flexível e deter profundo entendimento dos mercados e da realidade das empresas brasileiras. 

• Ela foi planejada desde seu nascimento para: 

Linha de Ofertas 

 

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Competitividade | Melhores Análises, Melhores Insights                                                            4  

 

Porter Já Dizia 

Compreender  as  alavancas de  lucratividade existentes em  cada  setor  – ou  como  se ganha  dinheiro  através  do  business  as  usual  (BAU)  –  e  as  futuras  oportunidades  e ameaças derivadas da movimentação dos stakeholders é essencial para a definição de qualquer estratégia de crescimento.  

Porém, quando falamos de movimentação dos stakeholders, estamos tratando de uma visão  integrada,  das  correlações  entre  o  movimento  de  um  novo  entrante,  por exemplo, e seus impactos na concorrência, fornecedores e clientes. E, como no fundo, este é um exercício especulativo de construção de cenários com base na probabilidade de possíveis movimentos e reações derivadas, o arranjo competitivo  futuro pode ser tão diverso quanto se queira. 

Saindo do campo conceitual e indo para o prático, tomemos como base o Modelo de 5 Forças  de  Porter  –  que  abordamos  no  artigo  Escolas  Estratégicas  e  seu  Papel  na Competitividade Atual. 

Em  entrevista  de  Junho  de  2008  para  a  Harvard  Business  Review, Michael  Porter contextualiza  (e  revalida!)  a  aplicação  de  seu  clássico  framework  de  análise competitiva  (as  5  Forças  de  Porter,  desenvolvido  há  quase  três  décadas)  para  a realidade dos mercados atuais e suas novas implicações, trazendo uma visão de lições aprendidas durante este longo período. 

Um  dos  principais  insights  de  Porter  na  entrevista  trata  da  aplicação  prática  do framework  das  5  Forças.  Como  coloca,  o  modelo  é  uma  ferramenta  para  a compreensão  da  dinâmica  de  um  setor  e  construção  (reshape)  de  sua  arquitetura futura e, portanto, não pode ser estático. 

Pois bem, considerando as 5 Forças / 5 Stakeholders do modelo: 

• Concorrentes Diretos 

• Entrantes Potenciais ou Sucedâneos (Players Oferta Semelhantes) 

• Substitutos (Players com Ofertas Substitutas) 

• Fornecedores 

• Compradores/Clientes 

 

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Competitividade | Melhores Análises, Melhores Insights                                                            5  

 

E avaliando sua dinâmica e correlação, propomos o seguinte modelo de aplicação em visão matricial: 

Neste  modelo,  considerando  uma  determinada  variável  de  análise,  o  movimento esperado  de  cada  um  dos  stakeholders  impacta  os  demais  (em  intensidade  e criticidade diferentes) e vice e versa. 

Por exemplo, se adotarmos o “Uso de Internet com Foco Transacional” como variável de  análise,  a  criação de uma operação de  E‐Commerce por parte dos Concorrentes Diretos poderá, eventualmente: 

• Inviabilizar a estratégia dos Entrantes Potenciais, 

• Competir diretamente com Substitutos (em seus respectivos mercados), 

• Criar novos modelos de supply chain com Fornecedores ou 

• Migrar clientes dos canais tradicionais para o canal digital. 

Para  trazer maior aplicabilidade ao modelo proposto, o  ideal é “dar nome aos bois”, avaliando o movimento  e  impacto para  cada  empresa  ‐  inclusive dentro do próprio stakeholder (células cinzas) incluindo sua própria empresa ‐ ou perfil de cliente. 

A definição das variáveis de análise deriva das mudanças do macro e micro ambientes, em  relação  aos  aspectos  econômico,  tecnológico,  social,  político,  regulamentar  ou qualquer  outra  variável  que  mude  a  dinâmica  de  interação  entre  cada  um  dos envolvidos na competitividade do setor. 

No  contexto de  transição de uma  recente  crise econômica para uma nova dinâmica competitiva em grande parte dos setores e mercados, a avaliação de impacto se dá em um  nível  profundo,  estrutural  e,  portanto,  mais  aberto  à  criação,  adequação, experimentação  e  inovação  em  modelos  de  negócio,  core  business,  objetivos estratégicos, etc.  

 

 

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Competitividade | Melhores Análises, Melhores Insights                                                            6  

 

Inicialmente, a precisão na construção de cenários  futuros é baixa. Porém, conforme os sucessos e insucessos acontecem e a nova dinâmica se estabelece, em um ambiente comparativamente mais estável, torna‐se menor a chance de erro (processo iterativo). 

Uma vez  realizado o exercício, para quantas variáveis  forem  relevantes, o  raciocínio seguinte segue na linha de:  

“Ok, visualizei como o mercado irá se comportar nos próximos ciclos (em função das mudanças no ambiente competitivo) e identifiquei os próximos movimentos dos  stakeholders  envolvidos.  Mas  como  deverá  ser  minha  estratégia  de crescimento?  Como  ampliar  mercado,  ganhar  market  share,  melhorar  meu posicionamento, conquistar novos clientes?” 

A  resposta  não  é  simples,  mas  uma  vez  que  identificamos  a  futura  dinâmica competitiva de um determinado mercado e os possíveis movimentos dos stakeholders envolvidos,  encontramos  tanto  os  novos  espaços  competitivos  a  serem  ocupados (nova dinâmica), quanto os espaços recém desocupados (pode‐se  lançar dos modelos de  inovação  de  novo  mercado  e  de  baixo  mercado  de  Clayton  Christensen,  por exemplo).  

Rumar para cada um deles (ou eventualmente manter a posição) é a decisão derivada para  construção  de  uma  estratégia  de  crescimento  com  sólido  embasamento metodológico.  30  anos  de  Modelo  de  Porter  estão  aí  para  comprovar  e  sua longevidade futura depende do quão bem for aplicado.  

Mas  como  nada  é  estático,  sua  customização  –  com  a  inclusão  de  outras  forças eventuais, como poder das comunidades online e rupturas tecnológicas – pode e deve ser pensada em função da natureza, setor, core business, conjuntura e estratégias da empresa em questão.  

 

 

 

 

 

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Inovação – Compra Antecipada de Posição Vantajosa no Futuro 

De  acordo  com  Peter Drucker  "a melhor maneira  de  prever  o  futuro  é  inventá‐lo". Inovação  significa novidade ou  renovação. Ou ainda, novidade em ação. A palavra é derivada do termo  latino  inovativos e se refere a uma  idéia, método ou objeto que é criado e que, geralmente, pouco se parece com padrões anteriores. 

A  inovação, dentro do contexto de negócios, possui uma ampla gama de aplicações. Qualquer processo, produto,  serviço, metodologia,  tecnologia, etc que  seja  realizada de  forma  não  convencional,  que  “quebre”  os modelos  de  negócio  ou  padrões  pré‐estabelecidos, convencionados ou  convencionais pode  se  traduzir em uma  forma de inovar. 

Percebemos  que  a  inovação  não  se  restringe  somente  aos  produtos  e  serviços  que chegam aos consumidores, ou seja, que são visíveis e tangíveis à grande maioria das pessoas.  Muitas  vezes,  os  grandes  benefícios  diretos  aos  clientes  e  consumidores derivam,  na  verdade,  de  grandes  inovações  ou  processos  inovativos  que  ocorrem dentro  das  quatro  paredes  de  empresas  e  que,  em  tese,  são  silenciosos  e transparentes. 

A inovação, quando gera aumento de competitividade, consiste de em um importante diferencial,  uma  vez  que  o  ativo  ou  atributo  diferenciador  geralmente  é  único  e singular, pelo menos por um período de tempo. 

Para que se passe do estágio de uma boa idéia para a concretização de uma inovação de fato é preciso que as empresas tenham algumas características que propiciem um ambiente  favorável  ao  surgimento  de  idéias  (serendipity),  assim  como  forneçam suporte  e  apoio  adequados  de  áreas,  recursos  financeiros  e  recursos  humanos disponíveis, para que as melhores idéias possam passar por um criterioso processo de investigação,  testes,  amadurecimento  e  afunilamento,  até  que  a  inovação  potencial mais evidente possa  ser  colocada em prática e os  resultados esperados possam  ser obtidos. 

Inovação  não  é  uma  iniciativa  isolada.  Para  que  surja  com  resultados  positivos,  o processo de inovar necessita de estruturação e gestão contínua, a fim de que a visão e o direcionamento estratégico embutidos possibilitem o  surgimento de novas  formas de criação de valor, diferenciação e aumento de competitividade por caminhos ainda não percorridos. 

 

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Competitividade | Melhores Análises, Melhores Insights                                                            8  

 

A  gestão  da  inovação,  sem  o  direcionamento  para  a  aplicação  prática  com metodologias,  processos  e  ferramentas  que  realizem  a  captação,  originação, tratamento e análise das informações de forma compartilhada e disseminada, termina por  construir  um monte  de  idéias  (que  irão  para  o  cemitério  das  boas  idéias)  que gastarão preciosos recursos, sem que haja uma contrapartida tangível. 

Prever  uma  tendência  de  mercado,  enxergar  novas  formas  de  fazer,  comunicar, marketear, novas maneiras de entregar ou ainda alternativas e modelos de negócio diferenciados são caminhos de se buscar a  inovação. Este processo de  inovação deve articular, organizar e entregar não somente a conversão das oportunidades conhecidas em  realidade, mas  também a  capacidade de mudar o mind‐set vigente em  favor de novos produtos ou serviços. 

Para se ter sucesso em processos sistêmicos de  inovação que gerem resultados reais no final do dia, Rowan Gibson, em seu último  livro “Innovation to the Core”, sugere a utilização das chamadas “4 Lentes da Inovação”, a saber: 

Desafiar  profundamente  as  ortodoxias  sobre  quem  são  os  clientes, como  a  empresa  interage  com  eles,  como  estes  definem  os  seus produtos ou serviços, como configuram a cadeia de valor, etc; 

Acompanhar  as  tendências  emergentes  e  descontinuidades  para modificar substancialmente o modo como as coisas são feitas no setor de negócios da empresa; 

Alavancar,  de  novas  maneiras,  as  competências  essenciais  e  ativos estratégicos da empresa para gerar crescimento; 

Compreender e focar as necessidades não satisfeitas dos clientes. 

Como  principal  ganho  para  as  empresas  que  focam  em  inovação,  destacamos  o alongamento  de  seu  ciclo  competitivo,  pois,  ao  criar,  inventar  e  inovar,  estas corporações  acabam  marcando  posição  e  “fazendo  o  mercado”,  ou  seja,  chegam primeiro  a  um  patamar mais  atraente  e  recompensador  e  criam  uma  diferenciação fora do modus operandi que seus competidores estão acostumados.  

O que ganham com isso? Um fôlego extra e uma posição mais privilegiada no cenário competitivo por um bom tempo. Não isso tudo que se pode querer? 

 

 

 

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Inteligência Competitiva Eficiente: Um Mapa Com Atalhos 

Cada  vez mais  as  relações  corporativas  vêm  aumentando em  intensidade e  volume, seja nos relacionamentos comerciais com clientes e fornecedores, seja na estruturação de  alianças  e  parcerias  ou mesmo  na  competição  pelos  recursos  necessários  à  sua sobrevivência, conquista de clientes e obtenção de lucros superiores. 

De maneira evolutiva, tivemos, inicialmente, como grande foco das ações corporativas os produtos; depois os serviços e, atualmente, vivemos um momento de transição da Era  da  Informação  para  a  Era  do  Conhecimento. Neste  cenário,  torna‐se  premente saber selecionar, priorizar e obter subsídios  informacionais adequados para a tomada de  decisão  rápida,  certeira  e  eficaz.  Encontrar  os  melhores  atalhos  e  economizar etapas,  energia  e  recursos  são  uma  vantagem  almejada  por  10  entre  10  empresas potencialmente vencedoras em seus mercados. 

Na Era do Conhecimento, em que produtos e serviços são cada vez mais nivelados e comoditizados,  o  valor  agregado  pela  empresa  reside  na  aplicação  prática  do conhecimento  dominado  como  diferencial  competitivo.  Dominar  o  conhecimento  e conseguir utilizá‐lo de maneira diferenciada é tremendo atrator competitivo. Para tal, sistemas de  informação  cada vez mais eficientes  são desenvolvidos para prover, em tempo real e com grande acurácia, aos executivos, uma maior agilidade, quantidade, qualidade e acesso às informações concernentes à sobrevivência de suas empresas.  

Diante  desse  contexto,  podemos  estabelecer  o  escopo  fundamental  e  a missão  da prática de  Inteligência Competitiva  como  sendo o  conjunto de princípios, diretrizes, processos,  sistemas  e modelos  de  captura,  tratamento,  análise  e  disseminação  da informação de mercado de caráter estratégico, relevante para a competitividade das empresas,  avaliadas  quanto  a  sua  veracidade,  utilidade  e  relevância,  distribuídas  a quem de direito, a fim de maximizar as chances de sucesso nas decisões mais críticas da  corporação no que  tange às 3 dimensões da  Inteligência Competitiva, de acordo com a Metodologia Proprietária da DOM Strategy Partners IC3: 

Inteligência  de  Mercado:  questões  macro‐econômicas,  setoriais, políticas, tecnológicas, etc 

Inteligência  Concorrencial:  questões  de  concorrência  direta,  indireta, substituta, cadeia de valor, parceiros, alianças, canais, etc 

Inteligência do Cliente: questões ligadas aos clientes, prospects, etc 

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A qualidade e a disponibilidade das informações geradas pela Inteligência Competitiva são  diretamente  proporcionais  ao  aumento  da  probabilidade  de  uma  decisão executiva se verificar efetivamente acertada. 

Toda decisão corporativa é um exercício de previsão. Projetamos resultados com base em  informações  disponíveis,  aplicamos  discernimento,  alocamos  experiências pregressas,  aportamos  nosso  conhecimento  sobre  o  assunto  e  então  agimos. Desta forma,  podemos  dizer  que  a  Inteligência  Competitiva  é  uma  prática  que  objetiva  a ação, ou seja, análises, pesquisas,  investigações, etc devem ser balizados pelo amplo entendimento, tanto da situação atual quanto projetada (tendências) pela empresa e para  a  empresa  em  seu  ecossistema,  monitorando  concorrentes,  fornecedores, parceiros, tecnologias aplicáveis, governo, inovações, novas metodologias, etc. 

O  fator  mais  importante  no  trabalho  da  Inteligência  Competitiva  reside  na identificação  e  no  estabelecimento  das  inter‐relações  entre  os  acontecimentos, informações e dados  coletados e a geração de conhecimento prático  ready‐to‐use a partir  daí.  O  substrato  desta  atividade  é  que  será  capaz  de  fornecer  os  insumos necessários  para  que  se  possa  antecipar,  prever  e  projetar  uma  possível  realidade futura ou cenários prováveis.  

De  forma  concisa,  a  Inteligência  Competitiva  deve  fornecer  o  subsídio  para  a implementação  de  estratégias  que  foquem  no  aumento  de  competitividade  da empresa em seu mercado de atuação e em sua cadeia de valor. 

Outro  ponto  fundamental  está  no  direcionamento  e  no  entendimento  que  os profissionais  de  Inteligência  Competitiva  têm  a  respeito  da  empresa. Missão,  core‐business,  setor econômico, mercados de atuação, estratégias adotadas e  conjuntura de momento  podem  gerar  focos  de  análises  diferenciados,  tanto  em  relação  a  sua amplitude,  profundidade  e  alcance,  quanto  em  relação  à  natureza,  relevância  e aplicabilidade dos fatores a serem ponderados na análise. 

Em  suma,  definir  qual  o  foco  principal  de  atuação  da  empresa  endereça  seu posicionamento atual e  futuro,  impactando em  todas as ações e atividades a  serem desenvolvidas  e  implementadas.  Assim,  ter  em mãos  os  dados  e  informações mais relevantes  para  o  negócio,  sem  dúvida,  ajuda  a  compor  um  mapa  com  atalhos importantes  na  difícil  rota  competitiva  das  empresas  neste  cenário  de  concorrência aguda que enfrentam. 

 

 

 

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Intangíveis: o Verdadeiro Oceano Azul das Empresas 

Esse ano foi o ano do tal “oceano azul”. Oceano azul... Para nós, um livro requentado de conceitos tradicionais dos negócios, como diferenciação, nichos, inovação. Moda é mesmo irracional. Por isso que é moda. 

Nas  inúmeras reuniões, discussões e até projetos que  temos participado nos últimos meses, percebo os executivos em posição de decisão cada vez mais angustiados com sua  obrigação  de  continuar  gerando  valor  aos  seus  acionistas  a  partir  de margens históricas performadas em um mundo que não existe mais. 

Isso pode parecer estranho, uma vez que é exatamente para isso que executivos estão onde estão, fazendo o que fazem. Mas convenhamos... mesmos modelos X variáveis diferentes = conta que não fecha.  

Uma  coisa  é  gerar  valor  ao  acionista  dominando  um  negócio,  um  projeto,  uma empreitada. Outra  coisa  é  ter  que  decidir,  na  velocidade  da  luz,  sem  informações completas e experiências pregressas, a partir de uma miríade ímpar de opções, qual o melhor  caminho, a melhor estratégia para uma empresa, para um  investimento. E isso  tudo  sob  a  faca  afiada de pressões da  concorrência, dos  clientes, da  sociedade organizada, dos colaboradores, do modismo dos negócios que mais atrapalha do que agrega. 

Qualidade de decisão gerando mais acertos. Esse é o fiel da balança. Competitividade é sobre  tomar  mais  decisões  certas  que  erradas,  quando  comparado  com  seus concorrentes. É igual vestibular. E esse é o vestibular cada vez mais difícil dos C*Os.  

Esse ano foi o ano do tal “oceano azul”. Oceano azul... Para nós, um livro requentado de conceitos tradicionais dos negócios, como diferenciação, nichos, inovação. Moda é mesmo irracional. Por isso que é moda. 

O que os autores do livro – e os vários executivos que encontramos em nosso dia a dia – aparentemente deixaram em segundo plano é a ciência que está por trás da decisão de  se  optar  por  uma  estratégia  de  diferenciação  rumo  ao  oceano  azul  e  as decorrências  que  essa  decisão  implica  no  curto, médio  e  longo  prazos  para  toda  a organização.  

Nesta ciência, o primeiro passo é compreender que diferenciação é o caminho mais comprovado para a evolução das empresas e que deve ser, portanto, o cerne das  

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Competitividade | Melhores Análises, Melhores Insights                                                            12  

 

estratégias  corporativas.  Diferenciação  não  quer  dizer  necessariamente  inovação, idéias  brilhantes  ou  oportunismos  espetaculares. Diferenciação,  na  grande maioria dos casos, pode significar  fazer diferente,  fazer mais,  fazer melhor,  fazer mais certo, fazer menos... depende do caso, da empresa, do produto/serviço, do cliente. 

O segundo passo é definir qual a capacidade da empresa em se diferenciar a partir da comparação realista de suas competências, seu mercado, seu negócio, sua oferta com a de seus concorrentes diretos e indiretos, sob a ótica dos clientes e prospects, de seus desejos e necessidades presentes e futuras. Daí o tal conceito de proposta de valor, de unique  selling proposition.  Isso porque diferenciação  tem a  ver  com posição única, proposta única, com posicionamento eficaz e consistente.  

A  questão  central  aqui  é  que  boa  parte  das  empresas  que  analisamos  trata  essa questão  com  premissas  erradas.  Por  que?  Bem,  diferenciação  de  curto  prazo, pressionada  pelas  metas  do  próximo  quarter,  não  é  diferenciação  sustentável;  é oportunidade mercadológica pontual. E isso não é oceano azul. 

O verdadeiro epicentro da diferenciação competitiva, aquela que alavanca o negócio das  empresas  garantindo  que  estas  consigam  alcançar  as  margens  históricas demandadas  por  seus  acionistas  é  um  conjunto  de  vetores  estratégicos  que chamamos de Ativos Intangíveis.  

É  na marca,  no  conhecimento,  no modelo  de  negócios,  no  chassis  tecnológico,  no capital  intelectual, na  rede de  relacionamentos e em  tantos outros ativos de caráter intangível que a estratégia de médio‐longo prazo das empresas deve se ancorar, a fim de possibilitar que a empresa navegue com mais chances de sucesso rumo ao desejado oceano azul. Ou seja, competitividade a partir de vantagens sustentáveis, de real valor percebido pelos  clientes  e demais  stakeholders. Por  isso,  as  empresas precisam de planejamento estratégico E execução operacional excelentes. No final do mês, isso se traduz em ser capaz de aplicar a equação abaixo melhor que os concorrentes: 

Crescimento  com  Manutenção  de  Margens  Históricas  =  Resultados  Superiores  X Vantagens Sustentáveis.  

No mais, é pura  retórica de  livro. E  tomemos  cuidado  com  isso, porque não existe oceano azul feito de resultados vermelhos. 

 

 

 

 

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Timing para Uniqueness A  diferenciação  é  um  dos  principais  elementos  da  competitividade  e  sucesso  de qualquer  estratégia  de  negócio.  Sua  gênese  é  o  resultado  sublime  de  um  processo iterativo  de  tese,  antítese  e  síntese  frente  aos  desafios  exógenos  (no  caso  dos negócios, quando derivados da  competitividade e da  influência dos  stakeholders da empresa)  e  endógenos  (no  contexto  interno  do  modelo  de  negócio,  gestão  e organização).  Vale  para  a  Biologia,  através  da  seleção  natural  e  sobrevivência  das espécies mais adaptáveis, vale para os negócios e sucesso das empresas mais flexíveis e capazes de se diferenciar das demais. 

Tal  capacidade  de  diferenciação  e  flexibilidade  estão  diretamente  relacionadas  ao conceito  de  uniqueness.  Para  se  destacar  dentro  do  mainstream  massivo  de possibilidades,  alternativas,  informações,  conteúdos,  etc,  que  se  apresentam ininterruptamente, dividindo o attention time dos tomadores de decisão em múltiplas partes, uma mensagem, produto ou serviço precisa ser efetivamente única. Não basta ser inovadora, criativa ou diferente, necessita ser única. 

Porém,  determinar  se uma  estratégia  possui  diferenciação  suficiente para  se  tornar única é um exercício tão próximo ao guessing quanto se queira, pois a categorização só pode ser feita à posterior, em função do grau de impacto, disruptura e resultados reais que a tal estratégia gerou. 

Assim  como  certos  acontecimentos  passam  a  fazer  parte  da  historia  humana  como sendo  inesquecíveis,  marcos  ou  históricos  ‐  pelas  mudanças  que  desencadearam, estratégias de negócios diferenciadas e únicas revolucionam o comportamento de seus mercados, renovando a dinâmica de interação entre os envolvidos, eliminando os elos fracos e potencializando os fortes. 

A aplicação desta lei da seleção natural nos negócios acontece de forma cíclica, em um equilíbrio dinâmico de alternância entre status quo e caos, o que significa dizer que os “mercados EXIGEM”, de  tempos em  tempos, estratégias diferenciadas e únicas  com potencial  de  disruptura  para  que  dessa  forma  evoluam  e  contemplem  novas  forças competitivas. 

A derivada prática deste efeito  se dá na proporção de que quanto mais próximo do momento de  ruptura, as  tais  forças  competitivas  (ou oportunidades de mercado)  se tornam mais evidentes e óbvias, até o ponto em que não é necessário nenhum tipo de brilhantismo ou análise sofisticada para identificá‐las.  

 

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Dessa  forma,  diferenciação  e  uniqueness  se  resumem  a  timing  estratégico,  à capacidade  de  compreender  com  antecipação  tanto  o  elemento  de  ruptura  com  o novo cenário decorrente e ser capaz de desenvolver a solução estratégica adequada a este conjunto de contextos, que poderá se tornar única ou não. Nesse caso, apenas os analistas do futuro poderão dizer. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Tecnologias da Inovação Conceitual  Ao  longo das últimas décadas, a palavra  inovação se  tornou sinônimo de  tecnologia, dado o ritmo vertiginoso de evoluções e disrupturas que as chamadas TICs trouxeram para as empresas de todo e qualquer setor, seja diretamente em seu core business ou de forma periférica em suas atividades de suporte.  

Porém,  a  inovação  não  é  simplesmente  tecnológica. De  forma  genérica,  a  vertente tecnológica da  inovação é  resultado de uma mudança  significativa no mind‐set e na cultura  corporativa,  ocasionada  pela  compreensão  e  assimilação  de  conceitos  de negócio mais  avançados.  Em  linhas  gerais,  a  inovação  tangível  (tecnologia,  prática, processo,  etc)  deriva  da  inovação  intangível  (conceito,  valor,  modelo,  premissas, diretrizes, etc). 

Não é a  toa que os processos de Recursos Humanos,  relacionados ao  recrutamento, capacitação  e  reciclagem  de  executivos  acabam  se  tornando  estratégicos  para  a inovação  corporativa,  pois  permitem  a  oxigenação  dos  valores  corporativos  e validação/substituição/evolução dos mesmos. Quanto mais  aberta  a empresa  for  ao seu ambiente de negócios  ‐ e mais  trocas realizar com os agentes que o compõem  ‐ maior será o seu coeficiente potencial de inovação. 

Em  pesquisa  da  consultoria  McKinsey  “How  companies  approach  innovation:  A McKinsey Global Survey”, a inovação e o surgimento de novas idéias acontece em sua maioria de forma exógena, a partir da  interação com pares, parceiros e fornecedores (75%) ou com clientes e consumidores (67%). 

 

  

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 Para exemplificar este conceito, a adoção de tecnologias de gestão do relacionamento com  clientes  (CRM)  como  softwares  de  gestão  de  informações  e  inteligência,  infra‐estrutura associada e processos de suporte a coleta de informação e disseminação do conhecimento do cliente em cada momento da verdade e ponto de contato nascem a partir da decisão da evolução de um determinado modelo de negócio para um novo patamar competitivo, no caso um patamar que contemple a inserção direta do cliente na dinâmica de negócio e cultura da empresa. 

A eventual  inovação e  incremento de uma  solução de CRM,  seja pela habilitação de devices  móveis  para  acesso  aos  relatórios  do  sistema  por  parte  de consultores/vendedores  de  campo,  seja  pela  inserção  de  práticas  analíticas  como redes  neurais  para  criação  de  segmentos  e  clusters  de  clientes mais  precisos  e  de maior  valor,  deriva  da  saturação  da  competitividade  (apontada  pelos mais  diversos indicadores de resultados, mas principalmente pelos financeiros) de uma empresa. 

Competitividade, diferenciação e  inovação são palavras  irmãs e que caminham  juntas no processo de sobrevivência de uma empresa. Habilitar o comportamento  inovador de  forma  sistêmica,  através da dissolução das  fronteiras  corporativas  e  abertura  ao diálogo  de  novos  conceitos  competitivos  é  condição  crucial  de  competitividade  no médio‐longo prazo para a grande maioria das empresas em seus mercados cada vez mais comoditizados. Mas antes de pensar em tecnologia, pense estrategicamente para onde a cultura e o mind‐set corporativo, de seu setor e de seus clientes devem rumar. 

 

 

 

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Diferenciação de Ofertas: Estratégia de Negócio e Competitividade 

Empresas que atuam em mercados de concorrência  intensiva em produtos e serviços (e na combinação de ambos) necessitam de flexibilidade e agilidade para compor suas ofertas de acordo com as demandas de seus clientes e consumidores e das tendências de seus mercados de atuação. 

A  proposta  de  valor  corporativa,  traduzida  essencialmente  por  seu  portfólio  de produtos  e  serviços,  deve  cada  vez mais  ter  um  caráter mutável,  uma  abordagem próxima do taylor made passível de ser produzido e entregue em larga escala. 

Mesmo em mercados que demandem escala e ofertas menos customizadas  ‐ com o objetivo de aumentar o alcance em termos de mercados e  finalidades, porém com o trade off de  resultados menos precisos ou qualitativamente  inferiores em  relação  à soluções específicas – a visão de formatação de novas ofertas, seja, 

• Através  da  formação  de  combos  ou  “kits  de  ofertas”  pelo  simples empacotamento / somatória de duas ou mais ofertas 

• Ou  pela  criação  de  novas  ofertas  diferenciadas  com  base  na  sinergia  ou aproveitamento de elementos diferenciais de ofertas existentes – modelo de encapsulamento e/ou particionamento de atributos e elementos de valor dita a tônica da competitividade em cenários com excesso de soluções e ofertantes, realidade  presente  da  grande  maioria  das  empresas  que  ainda  não encontraram seu próprio oceano azul ou seu oásis singular de valor. 

Para  compreender  as  necessidades  dos  diversos  mercados  de  atuação,  perfis  de clientes e portfólios de concorrentes e desenvolver um caminho crítico para a criação de novas ofertas, um processo de  Inteligência Competitiva  certamente é necessário para prover a conexão das estruturas corporativas com as tendências do mercado. 

Porém, a adoção de um caminho metodológico é essencial para garantir a eficácia do processo  e  a  obtenção  dos  resultados  esperados.  Dessa  forma,  a  DOM  Strategy Partners desenvolveu a metodologia Estratégia de Diferenciação de Ofertas (EDO) com o objetivo de gerar competitividade no curto‐médio prazo para conquista de market‐share e ampliação de base de clientes. 

Em uma visão ampla, a diferenciação e criação de novas ofertas se dá por um processo composto por 7 etapas centrais. São elas: 

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1. Análise da Empresa em seus Mercados de Atuação (Características e Tendências x Perfil Corporativo) 

Etapa que consiste na avaliação do chassis competitivo interno da empresa e a forma como suas áreas se organizam internamente (arquitetura corporativa e funcional) para atender às demandas do mercado. As características do portfólio de produtos e serviços representam o chassis competitivo, e vice‐versa. 

2. Análise e Aprofundamento nos Diversos Perfis de Cliente da Empresa – Atual e Tendência 

A  compreensão  dos  diversos  perfis  de  cliente  é  atividade primordial para a formatação de novas ofertas, uma vez que suas demandas, desejos e necessidades  são o principal  insumo para sua composição 

3. Análise do Perfil de Consumo de Cluster  (Mercados x Públicos) – Atual e Tendência 

Além  da  própria  oferta  em  si  (produto/serviço),  o  perfil  de consumo, tangibilizado pelo Consumer Life Cycle, que contempla desde  o  processo  de  aquisição  e  utilização  até  a  pós‐venda  e descarte/retorno  do  produto.  A  compreensão  do  ciclo  de consumo e de suas derivadas de negócio trazem os elementos de realidade  necessários  para  a  formatação  da  abordagem comercial e do processo de aquisição 

   4. Análise Criteriosa do Portfólio de Ofertas da Empresa 

A  4ª  etapa,  com  o  detalhamento  da  estrutura  presente  de ofertas  da  empresa,  avaliando  seus  pontos  fortes  e  fracos, compõe o momento  inicial da diferenciação efetiva da oferta. A partir  desta  análise,  a  empresa  passa  a  contar  com  os direcionadores do que enfatizar e o que descartar para sua nova proposta de valor. 

   5. Análise Externa do Portfólio de Ofertas dos Concorrentes 

Combinada  com  a  análise  interna  da  oferta,  a  análise  do portfólio  dos  concorrentes  (bem  como  dos  benchmarks  e 

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melhores práticas relacionadas) serve de baliza para a concepção do modelo otimizado. 

   6. Matriz Analítica para Identificação de Oportunidades de Diferenciação 

A  partir  dos  insumos  coletados  e  de  sua  análise  crítica, identificamos as oportunidades de diferenciação mais atrativas, com  maior  probabilidade  de  sucesso  e  com  fit  adequado  à estratégia comercial e corporativa da empresa. 

7.  Estratégia  de  Diferenciação  e  Reposicionamento  de  Ofertas  (Mercado, Marca e Comunicação) 

Uma  vez  definido  o  caminho  a  ser  seguido,  a  última  etapa  do roadmap da Estratégia de Diferenciação de Ofertas (EDO) passa por  estruturar  a  nova  oferta,  tanto  em  termos  táticos  e operacionais  ‐  com  revisão  de  processos,  práticas  e  estruturas internas  –  como  estratégicos  –  no  reposicionamento  e comunicação da oferta 

Uma  vez  cumprido  o  ciclo  de  diferenciação,  a  empresa  poderá  contar  com  um diferencial  competitivo  sustentável  no  curto‐médio  prazo,  trazendo  benefícios tangíveis e intangíveis para a empresa e seus clientes. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Conhecimento: Essência Fundamental de Competitividade das Empresas 

 “Intangibilize‐se ou morra”. A frase é do jornalista e futurólogo americano Alvin Toffle, autor de Riqueza Revolucionária. Para ele, não é possível afirmar se estamos  lidando bem ou mal com os elementos intangíveis, ou se as empresas estão os protegendo ou não. Mas  fato é que nunca  antes houve  algo parecido na história do  capitalismo.  E nada desafia tão profundamente o conceito de propriedade. “À medida que a base da propriedade  se  torna  intangível  e,  portanto, mais  inesgotável,  uma  parte  cada  vez maior disso  se  torna não‐rival. Os produtos do conhecimento podem  ser explorados por milhões de pessoas ao mesmo tempo sem que isso deprecie ou diminua seu valor. Um bom exemplo é o que acontece com as músicas oferecidas para download gratuito – embora muitas pessoas escutem e salvem melodias em seus computadores e iPods, elas não consomem nem diminuem o valor das notas musicais ao fazê‐lo”, diz ele.  

Quanto às relações de mercado, no velho paradigma, a venda de um bem significava a transferência de  sua posse, que  se  tornava propriedade única de quem o  comprou. Agora,  quando  se  vende  conhecimento,  como  um  software,  por  exemplo,  pode‐se perder  a  propriedade,  mas  o  conhecimento  que  possibilitou  a  confecção  desse software permanece. A  lógica da depreciação com o uso é  inversa à dos  tradicionais bens tangíveis. Para os ativos  intangíveis como o conhecimento, quanto mais se usa, dissipa, dissemina e partilha, mais se agrega, mais se valoriza. 

 Não é de hoje que o conhecimento desempenha papel fundamental na história. Sua aquisição e aplicação sempre representaram estímulo para as conquistas de inúmeras civilizações. No  entanto  apenas  “saber muito”  sobre  alguma  coisa não proporciona, por  si  só,  maior  poder  de  competição  para  uma  organização.  É  quando  alia‐se  o conhecimento à gestão eficiente que ele faz a diferença.  

 Termos  como  “capital  intelectual”,  “capital  humano”  e  “capacidade  inovadora”  já estão  difundidos  pelo  mundo.  O  conceito  de  Gestão  do  Conhecimento  parte  da premissa de que todo o conhecimento existente na empresa, na cabeça das pessoas, nas  veias  dos  processos  e  no  coração  dos  departamentos,  pertence  também  à organização.  

Por  isso,  a  capacidade  de  captar,  gerar,  criar,  analisar,  traduzir  e  disseminar  a informação,  enfim,  o  Conhecimento  Competitivo,  representa  para  muitos,  seu principal ativo. É a geração e difusão do conhecimento que irá promover mudanças  

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nos setores mais competitivos e dinâmicos da produção, os quais afetam a sociedade e a economia como um todo.  

 Assim, o conhecimento passa a ser atividade econômica. E o capital humano, que gera e provê esse conhecimento, sua força motriz. 

A Apple, por exemplo, possui seu maior ativo na pessoa de seu principal executivo. Se Steve  Jobs,  considerado  sua  principal  força  criativa,  deixasse  a  empresa,  as  ações cairiam 25%, arrebatando mais de 20 bilhões de dólares de seu valor de mercado. Para o  Grupo  Virgin  do  britânico  Richard  Branson,  que  polariza  em  sua  persona  todo  o espírito e prática do marketing e branding das diversas empresas do grupo – a marca Virgin  está  presente  em  360  companhias  no  mundo  todo  nos  mais  diferentes segmentos como aviação civil, telefonia e gravadora de discos ‐ os cenários são ainda mais pessimistas. Em terra tupiniquim, basta pensarmos o que pode acontecer com o SBT sem Silvio Santos. 

Em caso correlato, a General Electric viu  seus números  subirem ano após ano  sob o comando de  Jack Welch, enquanto que a Westinghouse, que  já havia sido uma séria concorrente,  contratou  cinco  presidentes  errados  seguidos  e  finalmente  se desintegrou. Em uma célebre  frase de Welch, “We spend all our time on people. The day we screw up the people thing, this company is over” (Gastamos todo nosso tempo com  pessoas. No  dia  em  que  “perdermos”  nosso  foco  nas  pessoas,  nossa  empresa estará acabada). Com isso, ele deixa claro reconhecer a força de uma boa equipe. 

A consultoria de capital humano Watson Wyatt estudou 405 empresas americanas e canadenses de  variados  segmentos e  identificou que uma equipe bem administrada pode  acrescentar  até  30%  ao  valor  de mercado  de  uma  empresa.  O  estudo  “The Human Capital  Índex –  Linking Human Capital and Shareholder Value”,  coloca  como trunfos para isso a excelência no recrutamento, regras claras de premiação, integração da comunicação, e uso prudente dos recursos disponíveis. Ou seja, a liderança de uma grande  corporação,  o  presidente  e  a  equipe  que  ele monta  podem  fornecer  uma vantagem  invisível  porque  tem  um  grande  impacto  no  desempenho  e  potencial  da companhia.  

Porém, esse ativo ainda não é contabilizado. Pesquisa da CFO Magazine, de abril de 1999  (em matéria  “It’s  the  Intellectual  Capital,  Stupid!”),  diz  que  embora  72%  dos investidores elejam o capital intelectual como muito importante na decisão de escolha, apenas 8% das empresas o relacionam em seus relatórios anuais. 

 

 

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Escolas Estratégicas e seu Papel na Competitividade Atual 

As empresas, como qualquer agrupamento humano, justificam a união dos indivíduos que a compõem, pelo interesse comum partilhado. Porém, mais do que consensar em relação aos fins, uma empresa só justifica sua existência, se o caminho definido para atingir os objetivos comuns for claro para seus integrantes e se estiver formalizado em sua estratégia corporativa. 

Em momentos de crise, quando os caminhos se tornam nebulosos e tortos, a reflexão sobre os erros e acertos do passado é necessária para se evoluir para um novo patamar de valores e práticas, rever premissas, paradigmas e a forma como se pensa e se executa a estratégia corporativa. Isso é fundamental para que a empresa esteja preparada para construir os caminhos e superar os desafios que o novo contexto de atuação irá exigir. 

Dessa forma, revisitamos, neste artigo, algumas das principais escolas de estratégia, nascidas da capacidade e experiência de pensadores do mundo dos negócios – pensadores e analistas que formaram, influenciaram e ainda influenciam gerações de executivos e suas corporações na concepção das melhores estratégias corporativas. 

Assim, temos Michael Porter e suas Estratégias Genéricas e Forças Competitivas; Henry Mintzberg e sua visão e hipóteses sobre Estruturas Corporativas; Jim Collins e suas constatações sobre as empresas Feitas para Durar e Clayton Christensen com as estratégias associadas aos Modelos de Inovação. 

Michael Porter 

Michael Porter, professor da Harvard Business School, é considerado um dos mais célebres na escola da estratégia. A tese de Porter é que a vantagem competitiva está no âmago de qualquer estratégia e para obtê‐la é preciso que uma empresa faça uma escolha (trade off) dentre 3 grupos centrais de estratégias genéricas: custo, diferenciação e enfoque. 

A essência do posicionamento estratégico consiste em escolher atividades diferentes daquelas dos concorrentes e obter performance superior na estratégia definida, o que permite que empresas competidoras coexistam em um mesmo setor, atendendo a um grupo maior de clientes com necessidades distintas, porém relacionadas a produtos e serviços similares. 

 

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Se os mesmos conjuntos de atividades fossem os melhores a satisfazerem a todas as necessidades dos clientes, as empresas de um determinado setor entrariam em embate direto, com propostas de valor semelhantes que levariam a atitudes como guerra de preços e vantagem competitiva derivada essencialmente da eficácia operacional. 

Para ilustrar a forma como enxerga a dinâmica competitiva dentro de um setor, Porter analisou as bases de sua competição e definiu as cinco forças competitivas no famoso diagrama de Forças Competitivas da Indústria: 

 

   

Os modelos de competitividade definidos por Porter datam da década de 80. Porém, ainda  exercem  grande  influência  na  forma  como  as  empresas  enxergam  seus concorrentes.  Com  o  advento  da  Internet  e  a  evolução  das  tecnologias  de comunicação, os segmentos e cadeias de valor cada vez mais se parecem com  redes e os papéis que os diversos stakeholders assumem dependem não mais da rede em si, mas sim da relação. 

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Em  outras  palavras,  uma  empresa  da  mesma  indústria  pode  ser  considerada,  ao mesmo tempo, concorrente, quando trata da relação com um determinado segmento de cliente, ou parceira, quando se trata de outro segmento. 

Henry Mintzberg 

Segundo  Henry  Mintzberg  “estratégia  representa  uma  adaptação  entre  um  meio ambiente dinâmico e um sistema de operações estável. Estratégia é uma concepção de organização,  de  como  esta  se  adapta  continuamente  ao  ambiente  em  que  está inserida.” 

Em outras palavras, Mintzberg associa a estratégia de uma empresa à sua arquitetura organizacional, à forma como se estrutura para atender um determinado mercado. As Estruturas  de Mintzberg,  como  ficaram  conhecidas,  representam  um  framework  de estruturas organizacionais que analisa os  inter‐relacionamentos e os mecanismos de coordenação  entre  os  componentes  básicos  da  organização,  definindo  desde  os aspectos mais  tradicionais, como a amplitude de controle e o grau de centralização, até a formalização e os sistemas de planejamento e de tomada de decisão. 

Segundo Mintzberg, as organizações  são  constituídas por  seis  componentes básicos, cada um dos quais com funções específicas: 

1. Vértice Estratégico: é constituído pelos gestores de alto escalão (conselhos de administração, conselhos gerenciais, etc) e pelo pessoal de apoio (staff) 

2. Núcleo  Operacional:  é  constituído  pelos  funcionários  que  executam  as atividades básicas (core) da empresa 

3. Linha  Hierárquica  Média:  é  constituída  pelos  gestores  intermediários  e diretores funcionais, que fazem a ligação entre o vértice estratégico e o núcleo operacional 

4. Tecnoestrutura:  é  constituída  pelos  analistas,  engenheiros,  contabilistas, responsáveis pelo planejamento, organização e métodos, os quais desenham os sistemas de trabalho dos restantes membros da organização; 

5. Logística: é constituída pelo pessoal que tem a seu cargo as funções de apoio (serviços  jurídicos,  relações  públicas,  investigação  &  desenvolvimento, expediente, etc.) 

6. Ideologia  (ou  cultura):  inclui  os  valores,  as  crenças  e  as  tradições,  a personalidade da organização que a distingue de todas as outras e dá “vida” à própria organização 

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A partir do relacionamento e interação entre estes 6 componentes básicos, Mintzberg formula diversas hipóteses para se compreender as arquiteturas corporativas. Dentre elas, destacamos: 

Idade e Tamanho da Organização 

Quanto mais antiga, mais formalizado é o comportamento dos  integrantes da organização. 

Quanto  maior  a  organização,  mais  elaborada  é  sua  estrutura  (mais especializadas  suas  tarefas,  mais  diferenciadas  suas  unidades  e  mais desenvolvido seu componente administrativo). 

Operações 

Quanto mais  regular  for  o  sistema  operacional, mais  formalizado  será  o trabalho, e mais burocrática a estrutura do núcleo operacional. 

A  automação  do  núcleo  operacional  transforma  uma  estrutura administrativa burocrática em uma estrutura orgânica. 

Ambiente 

Quanto mais dinâmico o ambiente, mais orgânica será a estrutura. 

Quanto mais complexo o ambiente, mais descentralizada será a estrutura. 

Quanto mais  diversificados  forem  os mercados  da  organização, maior  a propensão de dividir‐se em unidades baseadas no mercado. 

A  hostilidade  extrema  em  seu  ambiente  leva  qualquer  organização  a centralizar temporariamente sua estrutura. 

Poder 

Quanto maior  for o  controle externo da organização, mais  centralizada e formalizada será sua cultura. 

As  necessidades  de  poder  dos membros  da  organização  tendem  a  gerar estruturas excessivamente centralizadas. 

Em  determinadas  vezes,  a  moda  induz  e  favorece  a  criação  de  uma estrutura e uma cultura “do momento”, mesmo que não seja apropriada à organização. 

 

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As múltiplas possibilidades e combinações dentre os elementos centrais definidos por Mintzberg geram uma  infinidade de opções de vantagens e diferenciais competitivos. Explorar a melhor combinação depende do grau de instabilidade do setor e do modelo de  negócio  definido,  que,  por  imposição  da  conjuntura  atual  de  crise  e  do  aspecto sistêmico da globalização, deve ser o mais flexível e descentralizado possível. 

Acesse a oferta de Transformação Competitiva da DOM Strategy Partners e conheça nossa abordagem metodológica. 

Jim Collins 

Jim  Collins  é  considerado  uma  referência  quando  se  trata  do  tema  perenidade corporativa,  tendo  dedicado  sua  carreira  profissional  a  compreender  como  as empresas  crescem,  obtêm  performance  superior  e  como  se  tornam  empresas excelentes e destinadas a sobreviver por diversos ciclos. 

Em  seu  clássico da estratégia  “Feitas para Durar”, ele  analisa profundamente o que chamou  de  empresas  visionárias  ‐  instituições  líderes  em  seus  setores  e  que prosperaram durante muitos anos, ao  longo dos  ciclos de vida de vários produtos e durante várias gerações de líderes – com o objetivo de identificar as características que possuem em comuns. Dentre elas destacamos: 

Dar as Ferramentas, Não Impor Soluções 

Um  dos  principais  pilares  das  conclusões  do  livro  parte  da  constatação  de  que  os criadores  de  empresas  visionárias  tendem  a  dar  as  ferramentas,  não  impor  as soluções. Seu objetivo principal é erguer uma organização. E, em vez de se concentrar em  adquirir  traços  de  personalidade  de  um  líder  visionário,  eles  assumem  uma abordagem  arquitetural  e  se  concentram  em  definir  os  traços  organizacionais  de empresas visionárias. 

Abaixo a tirania do OU. Viva a genialidade do E! 

Empresas visionárias são aquelas que venceram uma aparente contradição entre seus propósitos  perenes  fundamentais  (e  de  longo  prazo)  e  conseguiram  se  adaptar  às condições  de mercado  e  necessidades  de  curto  prazo.  Empresas  que  prosperaram resolveram dicotomias como: 

 

 

 

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De um Lado  Forma Mas por Outro 

Objetivo além do lucro  E  Busca pragmática do lucro 

Ideologia central relativamente definida 

E  Mudança e movimentos contínuos 

Conservadorismo com respeito ao núcleo 

E Ações audaciosas, comprometedoras e arriscadas 

Visão clara e senso de direção  E  Tentativas contínuas e experiência 

Seleção de gerentes "criados em casa" 

E Seleção de gerentes que induzem a mudanças 

Cultura extremamente rigorosa 

E Capacidade de mudar, progredir e se adaptar 

Organização segue uma ideologia central 

E Organização se adapta ao seu ambiente 

Em  outras  palavras,  as  empresas  que  souberam  criar  um  caminho  criativo  para conciliar paradigmas  (estratégia do E) ao  invés de eliminá‐los por escolha  (estratégia do Ou) podem ser consideradas, à primeira vista, aberrações conceituais ou modelos híbridos  destinados  ao  fracasso  (a  exemplo  de  Accenture  e  Zara), mas  que,  com  o tempo, provam sua superioridade através dos resultados. 

Clayton Christensen 

Professor  da  Universidade  Harvard,  ph.D.  em  Economia  e  uma  das  maiores autoridades  mundiais  em  uma  das  questões‐chave  para  o  sucesso  dos  negócios atualmente,  a  inovação,  Clayton  Christensen  criou  conceitos  que  revolucionaram  o modo de se pensar a estratégia corporativa contemporânea. 

Em seu livro “O Dilema do Inovador”, Christensen sustenta que, na era da globalização, as grandes companhias precisam explorar novos mercados e desenvolver produtos e serviços  inovadores,  sob  o  risco  de  serem  retiradas  do mercado  por  inovações  que futuramente definirão a natureza da competitividade de seus mercados, as chamadas inovações de ruptura. 

Segundo Christensen, há dois tipos de estratégias relacionadas às inovação de ruptura: 

1. A primeira é o das empresas entrantes no mercado, que optam por  focar uma  pequena  parcela  dele,  atendendo  clientes  que  já  são  servidos  pelos concorrentes estabelecidos. Neste caso, o entrante concorre com  

2. Uma  estratégia  de  baixo  custo  (ou  baixo mercado)  e,  por  algum  tempo, conseguirá concorrer e obter lucros. 

 

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3. A segunda é a ruptura de novo mercado, na qual se concorre com o não‐consumo,  isto é, oferecendo o produto a pessoas que até então não eram consumidores,  muitas  vezes  a  uma  qualidade  inferior,  mas  a  um  preço acessível. 

No  princípio,  as  tecnologias  que  revolucionam  os mercados  surgem  em  empresas pequenas  e  trazem  um  retorno  financeiro  menor  que  os  produtos  das  grandes companhias, que são  líderes de mercado. Nenhuma empresa  investe numa  inovação que  não  trará  resultados  financeiros  tão  atraentes  quanto  seus  produtos  atuais. Porém, tais inovações são essenciais para que as empresas dominem os mercados no futuro. 

Para as empresas de maior porte, não há alternativa senão criar unidades de negócio separadas de  suas operações atuais para que desenvolvam produtos  inovadores em uma estrutura de investimentos, despesas e custos adequadas. 

Conclusão 

Definir  a melhor  combinação entre  Estratégias Competitivas e de Mercado  (Porter), Arquiteturas  Organizacionais  (Mintzberg),  Práticas  Feitas  para  Durar  (Collins)  e Modelos de  Inovação  (Christensen) representa um desafio complexo, mas  inerente à competitividade atual. 

Apesar de o mindset estratégico das empresas ainda não estar totalmente formatado para  lidar  com  as  variáveis  e  premissas  atuais,  sabemos  que  os  ensinamentos  e diretrizes destas principais escolas de estratégia  certamente deverão  fazer parte do exercício de sua definição e gestão cotidiana. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Aprendendo com os Erros Estratégicos da Toyota 

“O presidente da montadora  japonesa  Toyota, Akio  Toyoda, se  desculpou  publicamente  pelo megarecall  que  a  empresa anunciou e atingiu cerca de 8,1 milhões de veículos  ‐‐ mais do que as vendas totais do grupo no ano passado. (...) A empresa informou ontem que o custo do megarecall pode chegar a US$ 1,98  bilhão,  sendo  US$  880  milhões  somente  em  vendas perdidas.” (Fonte: Folha Online 05/02/2010 ‐ 10h58). 

A pergunta básica que emerge do trecho acima é: Como uma empresa, referência em qualidade  e  confiabilidade  e  reconhecida  por  seu  modelo  de  gestão  acabou enfrentando  uma  situação  como  esta?A  resposta  está  em  um  trecho  extraído  do próprio website da empresa, conforme imagem abaixo: 

 

Aumentar o Market Share poderia destruir valor? 

Um dos principais objetivos de toda e qualquer empresa é o aumento das vendas, pois através dele a empresa é  capaz de viabilizar projetos de expansão, gerar  valor para acionistas,  fazer  investimentos  e  gerar  mais  empregos.  Sendo  assim,  seria contraproducente e paradoxal criticar uma empresa por estabelecer como estratégia (ou parte relevante dela) o aumento da participação de mercado. 

Mas,  poderia  um  direcionamento  estratégico  que  prevê  aumentar  a participação de mercado causar a destruição de valor? 

Que lições podem ser extraídas dos recalls da Toyota? 

O objetivo desse  artigo é  tentar  vislumbrar os erros estratégicos que  recentemente abalaram uma das maiores empresas do mundo. A seguir os três principais erros. 

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Erro 1: Foco Excessivo, Desatenção & Trade‐Offs

O conceito de Trade‐Off nos ensina que a escolha de algo implica, necessariamente, na abdicação de outra(s) coisa(s). Afinal de contas, os recursos – pessoas, dinheiro, tempo e tecnologia ‐ são escassos e não é possível ser ou obter tudo ao mesmo tempo. 

Ao decidir‐se que seu objetivo primário era  (é) o aumento das vendas, a Toyota implicitamente concordou em não dar atenção devida a outras áreas importantes. 

Ao  focar  seus  recursos no aumento de vendas, a empresa teve  que  dedicar  menos  recursos  a  ‘outras  questões estratégicas e operacionais  importantes’. Esse é um dilema 

inerente a qualquer decisão. 

O  problema  com  a  Toyota  foi  que  as  ‘outras  questões  estratégicas  e  operacionais importantes’  referem‐se  a  seus  ativos  intangíveis  mais  valiosos,  como:  Marca, Confiabilidade e Transparência  (3 elementos centrais que constroem a Reputação de uma  empresa).  Este  foco  estratégico  estreito  resultou  em  “pouca  atenção”  e “descuido”  com  esses  ativos  causando  a destruição de  valor da  empresa,  conforme pode ser visto no gráfico abaixo. 

As  ações  da  empresa  se  desvalorizaram  em  15%  enquanto  que  o  índice  S&P  500 valorizou‐se, no mesmo período,20%

.

lustração 1 Cotação: Toyota Motors X S&P 500 (Maio de 2009 a Maio de 2010) ‐ Anúncio recall em Agosto de 2009 

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Na DOM Strategy Partners, defendemos que os ativos intangíveis são habilitadores de competitividade de longo prazo e, portanto, devem ser considerados na definição dos objetivos estratégicos. 

A partir do artigo “Os 10 Mandamentos da Gestão de Intangíveis” é possível apreender lições que permitem evitar erros como esse: 

Reconheça que os ativos intangíveis existem e compreenda sua natureza; 

Reconheça a relevância estratégica de seus ativos intangíveis e; 

Contextualize‐os em sua estratégia corporativa (objetivos, metas, orçamentos, etc). 

Erro 2: Ajuste da Execução & Visão de Curto Prazo  

 Ao não considerar eventuais consequências indesejadas oriundas da opção pelo crescimento desenfreado, a Toyota deu um exemplo de como não se realizar um planejamento e execução adequados. 

Como a empresa pôde deixar isso foi acontecer? 

Como  sabemos,  associadas  à  execução  da  estratégia  existem diversas  outras  atividades,  tais  como:  definição  de  metas, 

alocação de  recursos, monitoramento e definição de políticas de  remuneração.  Tais atividades devem auxiliar o alcance dos objetivos da empresa. 

A  questão  com  a  Toyota  é  que  o  primeiro  erro  (foco  excessivo)  foi  amplificado  no momento de execução da estratégia. A empresa parece ter estruturado o conjunto de atividades  definido  acima  excessivamente  orientado  ao  aumento  das  vendas  e, portanto, negligenciou as tais outras questões importantes. 

Reportagens e análises da imprensa especializada apontam que a empresa deixou para 2º. plano questões como: Atendimento Pós‐Venda e  Inspeções de Qualidade – áreas na qual a empresa sempre foi tradicionalmente reconhecida. A razão disso é simples: ao  serem  avaliados  e  recompensados  exclusivamente  sobre  vendas,  os  esforços  da empresa sempre recairão sobre essa área. 

[A mesma  razão  tem  sido apontada  como uma das principais  causas da última  crise econômica. Sistemas de remuneração baseados exclusivamente em métricas de curto prazo podem causar problemas indesejados no futuro]. 

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Desse  fato,  somos  capazes  de  apreender  mais  uma  lição.  O  9º  Mandamento Planejamento  Estratégico Corporativo  (PEC) define  a  importância de  Selecionar KPIs alinhados  ao Modelo  de  Gestão.  O modelo  da  Toyota  é  claramente  assentado  na equação: Eficiência + Qualidade = Clientes Satisfeitos.   Nesse caso, parece‐nos que o desdobramento do planejamento na execução minimizou essa equação. 

Erro 3: Miopia e Surdez 

De acordo com o jornal LA Times, desde 2005 a empresa já estava ciente do aumento expressivo do número de reclamações nas concessionárias norte‐americanas sobre os aceleradores. Em 2007, o mesmo problema apareceu na Europa. 

Normalmente, esses teriam sido prenúncios suficientemente claros de que algo maior estava  para  acontecer.  Consumidores  alegaram  que  a  Montadora  e  suas Concessionárias simplesmente  ignoraram a questão. Teria a montadora se repousado sobre os louros e “estacionado” sobre sua “zona de conforto”? Acreditamos que não. 

A  análise  dos  relatos  dos  executivos  da  Toyota  aponta  para  falhas  no  sistema  de comunicação e no monitoramento do consumidor. De qualquer maneira, os executivos ignoraram  por  muito  tempo  o  problema  e  foram  lentos  ao  (re)agir.  Uma  equipe qualificada deveria  ter  se debruçado  sobre os dados para  compreender a  causa‐raiz dos problemas e prever as futuras conseqüências e ações mitigantes. 

Aqui, a partir do artigo “Os 10 Trabalhos do CEO Moderno“ é possível se extrair algumas lições que permitem aos executivos resolver problemas como esses: 

• Priorize o Cliente tanto quanto o Acionista; 

• Compreenda e monitore obsessivamente seu Entorno Competitivo; 

• Gerencie o Curto e Longo Prazo racionalmente e em equilíbrio  

Conclusão: 

Na década de 2000, a Toyota iniciou uma corrida para se tornar a maior montadora do mundo. Em 1999 a empresa fabricou 4,8 milhões de veículos (carros e caminhões). Em 2008, quase o dobro ‐ 8,5 milhões. 

Os  indícios  são  claros.  A  empresa  tornou‐se  obcecada  com  seu  crescimento  e  se esqueceu de sua cultura corporativa, seus valores e seus clientes. No entanto, como não somos “profetas do acontecido”, segue o restante da tradução do depoimento do próprio CEO da empresa, Sr. Akio Toyoda, ao Senado dos EUA, em fevereiro de 2010:

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Competitividade | Melhores Análises, Melhores Insights                                                            33  

“Gostaria  de  salientar  aqui  que  a  prioridade  da  Toyota  tem sido  tradicionalmente  a  seguinte:  primeiro,  a  segurança,  em segundo  lugar, a qualidade e em terceiro  lugar, volume. Essas prioridades  se  confundiram  e  não  fomos  capazes  de  parar, pensar e fazer melhorias, tanto quanto pudemos antes e nossa capacidade  de  escutar  as  vozes  dos  clientes  para  criar melhores produtos enfraqueceu um pouco.  

Perseguimos  o  crescimento  acima  da  velocidade  em  que fomos capazes de desenvolver os nossos funcionários e nossa organização  e  estamos  conscientes  disso.  “Lamento  que  isto tenha resultados nos problemas de segurança que enfrentamos hoje  e  estou  profundamente  arrependido  por  quaisquer acidentes que os condutores Toyota tenham experimentado.” 

As  conseqüências  de  um mau  planejamento  estratégico  são  severas  para  todos  os stakeholders  da  empresa.  Pior  ainda  quando  é  bem  executado.  Consumidores experimentam produtos de baixa qualidade, acionistas e parceiros perdem dinheiro e reputações de marca e de executivos são comprometidas. Boas empresas consertam seus erros. Ótimas empresas aprendem com eles. 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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