dze moncorv ;o devo porém dizer que a egreja...

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e da egreja matriz de Moncorvo 1 ; devo porém dizer que a egreja parochial deFreixo de Espada á Cinta, e talvez o templo do Santo Christo de Outeiro, Ihe s3o superiores, o primeiro pela sua vastidao, elegancia e belleza de suas portas ornamentadas no estylo manuelino, e o segundo pela sumptuo- sidade de sua fabrica e pela riqueza da talha dourada, distribuida com muita profusSo por todos os altares e sacristía. Data a egreja matriz de Vimioso dos fins do seculo XVI, no reinado de Fiiippe I, epoclia em que foi trasladada de fóra da villa d'um sitio chamado o Calvario, por estar em ruinas a antiga egreja. Deu o ch3o para o novo edificio o morgado Joao Mendes Antas, que auxiliou a sua construcçào com muitas dadivas, e n'elle mandou fazer a capella dedicada a Senhora da Conceiçào, onde se vêem as armas do fundador. Os seus descendentes ainda habitam no largo em frente da egreja, ao lado da qual está um bom cha- fariz de excellente agua, de que esta villa e sua's visinhanças sào muito abundantes. Além d'este edificio, existe tambem urna egreja da Misericordia e varias capellas publicas e particulares, uns Pacos do Concelho concluidos em 1866, onde estào estabelecidas as repartiçôes publicaste urna casa de escola do conde de Ferreira, que assenta no mesmo local onde existiu desde se- cutas o castello de Vimioso. Este castello, com sua torre, tres bastiôes, casas-mattas e fóssos, foi arrazado em 1762 pelo general Sarria que n'aquella epocha invadiu Traz os Montes. As causas geraes de decadencia, que affectaram os centros e com elles toda esta provincia, tambem se extenderam a Vimioso. Como em Bragança e Miranda, era importante n'esta villa a sericultura, que floresceu muito no meado do seculo passado, sustentando muitos bracos desde o agricultor que fazia da creaçâo do bicho da seda urna industria accessoria da agrícola, até ao commerciante que vinha procurar os tecidos manufacturados a estas povoaçôes para os transportar aos grandes mercados. Hoje nada resta aqui d'esta preciosa industria, porque os novos pro- cessus da creaçâo do sirgo e da fabricaçâo da seda por meios mecánicos muito aperfeiçoados e económicos, e outras causas, fizeram-n'a decahir completamente. A cultura da vinha, que n'esta zona já era importante, tambem tem diminuido muito com a invasâo da phylloxéra. Vimioso acha-se, porém, em condiçôes especiaes de poder ainda pro- gredir e desenvolver-se, pela applicaçâo de suas forças vivas no incremento da agricultura e dos ramos annexos, por serem muito productivos os ter- renos que cercam a villa, e pela proximidade em que se acha dos jazigos 1 Portugal antigo e moderno, Diccionario—palavr'a VIMIOSO.

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Page 1: dze Moncorv ;o devo porém dizer que a egreja parochialbibdigital.rjb.csic.es/Imagenes/P0023_07/P0023_07_030.pdf · Data a egreja matrideVimios z o dofinss do seculo XVI, no reinado

e da egreja matriz de Moncorvo 1 ; devo porém dizer que a egreja parochial deFre ixo de Espada á Cinta, e talvez o templo do Santo Christo de Outeiro, Ihe s3o superiores, o primeiro pela sua vastidao, elegancia e belleza de suas portas ornamentadas no estylo manuelino, e o segundo pela sumptuo-sidade de sua fabrica e pela riqueza da talha dourada, distribuida com muita profusSo por todos os altares e sacristía.

Data a egreja matriz de Vimioso dos fins do seculo XVI , no reinado de Fiiippe I, epoclia em que foi trasladada de fóra da villa d'um sitio chamado o Calvario, por estar em ruinas a antiga egreja. Deu o ch3o para o novo edificio o morgado Joao Mendes Antas, que auxiliou a sua construcçào com muitas dadivas, e n'elle mandou fazer a capella dedicada a Senhora da Conceiçào, onde se vêem as armas do fundador. Os seus descendentes ainda habitam no largo em frente da egreja, ao lado da qual está um bom cha-fariz de excellente agua, de que esta villa e sua's visinhanças sào muito abundantes .

Além d'este edificio, existe tambem urna egreja da Misericordia e varias capellas publicas e particulares, uns Pacos do Concelho concluidos em 1 8 6 6 , onde estào estabelecidas as repartiçôes publ icaste urna casa de escola do conde de Ferre i ra , que assenta no mesmo local onde existiu desde se­cutas o castello de Vimioso. Es te castello, com sua torre , tres bastiôes, casas-mattas e fóssos, foi arrazado em 1 7 6 2 pelo general Sarria que n'aquella epocha invadiu Traz os Montes.

As causas geraes de decadencia, que affectaram os centros e com elles toda esta provincia, tambem se extenderam a Vimioso. Como em Bragança e Miranda, era importante n'esta villa a sericultura, que floresceu muito no meado do seculo passado, sustentando muitos bracos desde o agricultor que fazia da creaçâo do bicho da seda urna industria accessoria da agrícola, até ao commerciante que vinha procurar os tecidos manufacturados a estas povoaçôes para os transportar aos grandes mercados.

Hoje nada resta aqui d'esta preciosa industria, porque os novos pro­cessus da creaçâo do sirgo e da fabricaçâo da seda por meios mecánicos muito aperfeiçoados e económicos, e outras causas, fizeram-n'a decahir completamente.

A cultura da vinha, que n'esta zona já era importante, tambem tem diminuido muito com a invasâo da phylloxéra.

Vimioso acha-se, porém, em condiçôes especiaes de poder ainda p r o -gredir e desenvolver-se, pela applicaçâo de suas forças vivas no incremento da agricultura e dos ramos annexos, por serem muito productivos os t e r ­renos que cercam a villa, e pela proximidade em que se acha dos jazigos

1 Portugal antigo e moderno, Diccionario—palavr'a VIMIOSO.