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I I DYANA HAZELMAN LIMA O Empreendedorismo na Profissão de Secretariado Executivo: Um Breve Estudo do Termo Intraempreendedorismo e da Profissão de Secretariado Executivo no Atual Mercado de Trabalho – Entrevista com Executivos e Secretárias Executivas da DaimlerChrysler do Brasil Ltda. Unidade Juiz de Fora - MG MONOGRAFIA Universidade Federal de Viçosa Viçosa – MG Brasil 2006

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DYANA HAZELMAN LIMA

O Empreendedorismo na Profissão de Secretariado Executivo: Um

Breve Estudo do Termo Intraempreendedorismo e da Profissão de

Secretariado Executivo no Atual Mercado de Trabalho – Entrevista

com Executivos e Secretárias Executivas da DaimlerChrysler do Brasil

Ltda. Unidade Juiz de Fora - MG

MONOGRAFIA

Universidade Federal de Viçosa

Viçosa – MG Brasil 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE LETRAS SECRETARIADO EXECUTIVO TRILÍNGUE

O Empreendedorismo na Profissão de Secretariado Executivo: Um

Breve Estudo do Termo Intraempreendedorismo e da Profissão de

Secretariado Executivo no Atual Mercado de Trabalho – Entrevista

com Executivos e Secretárias Executivas da DaimlerChrysler do Brasil

Ltda. Unidade Juiz de Fora - MG

Monografia apresentada ao Departamento de Letras e Secretariado da Universidade Federal de Viçosa, como exigência da disciplina LET 499 - Monografia e como requisito para a conclusão do curso de Secretariado Executivo Trilíngüe, tendo como orientadora a Professora Débora Carneiro Zuin.

Dyana Hazelman Lima

Viçosa – MG Brasil 2006

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A monografia intitulada

O Empreendedorismo na Profissão de Secretariado Executivo: Um

Breve Estudo do Termo Intraempreendedorismo e da Profissão de

Secretariado Executivo no Atual Mercado de Trabalho – Entrevista

com Executivos e Secretárias Executivas da DaimlerChrysler do Brasil

Ltda. Unidade Juiz de Fora - MG

elaborada por

Dyana Hazelman Lima

como exigência da disciplina LET 499 – Monografia e requisito para conclusão do

curso de Secretariado Executivo Trilíngüe, foi aprovada por todos os membros da

Banca Examinadora.

Viçosa, 03 de abril de 2006

_____________________________________________

Profª. Débora Carneiro Zuin

Orientadora

_______________________________

Prof. Odemir Vieira Baêta (DLA/UFV)

_____________________________________________

Prof.ª Cíntia Dantas (DLA/UFV)

Nota________

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À minha família, por todo apoio, compreensão e carinho.

Aos meus colegas, amigos e professores do Curso de

Secretariado Executivo Trilíngue da Universidade Federal de

Viçosa, aos amigos da DaimlerChrysler do Brasil e da

Incubadora de Empresas CENTEV/UFV, pela paciência e pelos

ensinamentos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me dar forças para seguir a diante. Aos meus pais, Zenir Hazelman Lima e Renaldo Corrêa Lima, pelo amor, apoio, compreensão e por não medir esforços para me educar. Meus exemplos de vida! À minha irmã, Olga Adriana Hazelman Lima, por estar sempre comigo, mesmo estando longe, por todo incentivo, carinho, compreensão, paciência e amizade. Aos meus irmãos, Alexandre Hazelman Lima e Renaldo Hazelman Lima, por torcerem por mim. Aos meus sobrinhos, Guilherme, Victor e Carol, pelos sorrisos, pelas brincadeiras...Alegrias da minha vida! À Profª. Débora Carneiro Zuin, por tudo que aprendi durante o curso, pela compreensão e paciência durante o desenvolvimento deste trabalho. Ao Prof. Odemir Baêta, pelos ensinamentos, pela amizade. À Profª Cíntia Dantas, que apesar do pouco convívio se mostrou sempre aberta a nos ajudar. Ao Sr. Denílson Duarte por a cada dia me proporcionar um aprendizado. Agradeço pela confiança.

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Ao Sr. Frederico de Abreu, que contribui de forma imensurável não só para o meu crescimento profissional como também pessoal. Agradeço pala paciência e pela amizade. Ao Sr. Sérgio Munhoz pela entrevista e pelos ensinamentos maravilhosos. Ao Sr. Renato Rochini, pelos ensinamentos e pelo artigo que escreveu para abrilhantar este trabalho. Às Secretárias Executivas da DaimlerChrysler, por todo apoio, não só durante as entrevistas, mas a todo momento em que precisei. Às minhas amigas, Lílian, Priscila, Mariana e Lidiane, pela amizade e pelos momentos que passamos em Viçosa. Aos amigos da DaimlerChrysler que nunca mediram esforços para me ajudar no desenvolvimento das atividades. Obrigada a todos que preenchem a cada dia um pedacinho da minha vida e moldam a minha história!

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EPÍGRAFE

PORTAS

Se você encontrar uma porta à sua frente, você pode abri-la ou não; Se você abrir a porta, você pode, ou não, entrar em uma nova sala. Para entrar, você vai ter que vencer a dúvida, o titubeio ou o medo. Se você venceu, você dá um grande passo: nesta sala vive-se. Mas, tem um preço: são inúmeras outras portas que você descobre. O grande segredo é saber quando e qual porta deve ser aberta. A vida não é rigorosa: ela propicia erros e acertos. Os erros podem ser transformados em acertos quando com eles se aprende. Não existe a segurança do acerto eterno. A vida é humilde: se a vida já comprovou o que é ruim, para que repeti-lo? A humildade dá a sabedoria de aprender e crescer também com os erros alheios. A vida é generosa: a cada sala em que se vive, descobrem-se outras tantas portas. A vida enriquece a quem se arrisca a abrir novas portas. Ela privilegia quem descobre seus segredos e generosamente oferece afortunadas portas. Mas a vida pode ser também dura e severa. Não ultrapassando a porta, você terá sempre essa mesma porta pela frente. É a cinzenta monotonia perante o arco-íris. É a repetição perante a criação. É a estagnação da vida. Para a vida, as portas não são obstáculos, mas diferentes passagens...

(TIBA, Içami apud SOUZA, 2001)

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................1

2. JUSTIFICATIVA..................................................................................................3

3. OBJETIVOS..........................................................................................................4

4. METODOLOGIA..................................................................................................5

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................................6

5.1. O Significado dos Termos Empreendedorismo e Intraempreendedorismo...6

5.2. O Perfil Empreendedor e Intraempreendedor...............................................11

5.2.1. Características e Perfil Empreendedor..............................................11

5.2.2. Características e Perfil Intraempreendedor........................................19

5.3. Empreendedorismo Corporativo...................................................................22

5.4. O Empreendedorismo no Brasil...................................................................24

5.5. O Ensino de Empreendedorismo no Brasil...................................................26

5.6. O Profissional de Secretariado Executivo....................................................28

5.6.1. Análise Histórica da Profissão de Secretariado no Brasil.................28

5.6.2. O Perfil Atual do Secretariado Executivo – Empreendedor..............30

6. ENTREVISTAS REALIZADAS COM EXECUTIVOS E SECRETÁRIAS

EXECUTIVAS DA DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL LTDA. UNIDADE

JUIZ DE FORA...................................................................................................35

6.1. OBJETIVOS DA ENTREVISTA................................................................35

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6.2. PÚBLICO ALVO.........................................................................................36

6.3. APLICAÇÃO DAS ENTREVISTAS..........................................................36

6.4. LIMITAÇÕES E CONSIDERAÇÕES........................................................36

7. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS.......................................................................51

8. CONCLUSÃO.....................................................................................................53

9. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.....................................................................55

10. BIBLIOGRAFIA.................................................................................................58

11. ANEXOS.............................................................................................................59

ANEXO 1 – Lei 7.377/85....................................................................................60

ANEXO 2 – Código de Ética do Profissional de Secretariado............................63

ANEXO 3 – Lei 9.261/96....................................................................................67

ANEXO 4 – O Secretariado, as secretárias e o empreendedorismo....................70

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Pirâmide das Necessidades de Maslow..........................................................13

Figura 2 – Ciclo do Comportamento Empreendedor.......................................................14

Figura 3 – Questões fundamentais para a inovação........................................................21

Figura 4 – Tipos de Empreendedorismo Corporativo.....................................................23

Figura 5 – Proporção de Empreendedores Segundo Escolaridade e Grupos de Países por

Renda per Capita – 2004.................................................................................................25

Figura 6 – Competências que devem ser desenvolvidas para o Secretariado

Executivo.........................................................................................................................33

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Características Comportamentais do Perfil empreendedor..........................12

Quadro 2 – Principais Necessidades dos Empreendedores.............................................13

Quadro 3 – Características dos empreendedores de sucesso...........................................16

Quadro 4 – Fatores de sucesso segundo o empreendedor...............................................18

Quadro 5 – Pontos Fundamentais para a Inovação.........................................................20

Quadro 6 – Ensino Tradicional e Aprendizado Empreendedor.......................................27

Quadro 7 – Secretárias de ontem e de hoje.....................................................................32

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1. INTRODUÇÃO

No atual cenário, via de regra altamente competitivo, que a maioria das grandes

empresas se coloca e no qual se verificam mudanças consistentes nas áreas sociais,

culturais e econômicas, há uma necessidade cada vez maior de se buscar novas formas

de enfrentar o mercado.

Neste contexto, a busca por profissionais empreendedores vem ganhando destaque. Segundo URIARTE (2000),

a “era do conhecimento” proporciona acesso a um número de informações muito maior do que podemos absorver, e, ao mesmo tempo nunca se teve tanta incerteza sobre o futuro profissional. Os jovens perguntam-se se devem seguir as carreiras tradicionais ou entrar na corrida da indústria da informação, abrindo seu próprio negócio. A maioria das pessoas empregadas está insatisfeita com seu trabalho, salário e rumo de suas carreiras. De acordo com artigo publicado no site carreiras.empregos (2005), a exigência do mercado de trabalho por pessoas ativas e arrojadas tem colocado em pauta como os profissionais podem desenvolver esse perfil empreendedor e conquistar mais espaço nas organizações.

Mas, o que seria então o empreendedorismo? Segundo FILLION apud

DOLABELA (1999),

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o termo “empreendedorismo”, que deriva-se do termo em inglês entrepreneurship, tem conotação prática, mas também implica atitudes e idéias. Significa fazer coisas novas, ou desenvolver maneiras novas e diferentes de fazer as coisas. A preparação para a prática empreendedora, que pode ser aplicada a qualquer campo da atividade humana, envolve tanto o desenvolvimento da autoconsciência como do know-how.

Numa leitura mais profunda do termo “empreendedorismo”, considerando o cenário empresarial, chegamos ao termo “intraempreendedor”, que segundo URIARTE (2000),

(...) foi cunhado por Gifford Pinchot para designar “empreendedor interno”, pessoa que à partir de uma idéia e recebendo a liberdade, incentivo e recursos da empresa onde trabalham, dedica-se entusiasticamente em transformá-la em um produto de sucesso. Não há a necessidade de deixar a empresa, como faria o empreendedor, para vivenciar as emoções, riscos e gratificações de uma idéia transformada em realidade.

Assim, pode-se partir para a análise da postura do Profissional de Secretariado

Executivo no atual mercado de trabalho. DOLABELA apud MICHELETTI (2005), diz

que esse profissional possui um leque muito grande de percepção e pode usar todo o

conhecimento e contatos que possui na empresa para ir além, rompendo com o conceito

tradicional de que este é apenas uma extensão do chefe.

Frente ao exposto acima, o objetivo deste trabalho é fazer um breve estudo sobre

o empreendedorismo/intraempreendedorismo e verificar se o profissional de

Secretariado Executivo é ou pode ser um profissional empreendedor.

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2. JUSTIFICATIVA

No contexto atual do mercado de trabalho, o tema em questão é de extrema

importância, pois, considerando a demanda por profissionais inovadores, criativos, far-

se-á uma análise da importância do empreendedorismo na profissão de Secretariado

Executivo e como este novo perfil profissional é visto dentro de uma grande

organização.

A escolha do tema deu-se a partir do momento em que a autora pôde vivenciar o

empreendedorismo na prática, através de um estágio desenvolvido na Incubadora de

Empresas CENTEV/UFV (Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de

Viçosa), órgão disseminador da cultura empreendedora em Viçosa e região. Observou-

se uma demanda por profissionais criativos, inovadores e capazes de transformar uma

simples idéia em realidade.

O estágio obrigatório do curso, o qual a autora desenvolve em uma empresa de

grande porte, também foi fator chave para a escolha do tema. A todo momento vê-se a

necessidade de superar os limites e fazer de tudo para que a empresa seja um sucesso, e

isso se dá através de colaboradores altamente capazes de inovar e transformar os

obstáculos em caminhos que tornem a empresa cada vez mais competitiva no mercado.

Pretende-se com este trabalho, fornecer dados para o crescimento e

desenvolvimento da profissão.

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3. OBJETIVOS

Geral

O presente trabalho tem como propósito buscar informações sobre a atuação do

profissional de Secretariado Executivo frente à demanda do mercado de trabalho por

profissionais empreendedores.

Específicos

• Mostrar como o profissional de Secretariado Executivo pode e deve ser

um profissional empreendedor dentro da empresa.

• Verificar a visão das secretárias e de executivos em relação ao novo

perfil deste profissional.

• Apresentar a visão da empresa em relação ao papel das universidades

brasileiras na formação de profissionais de Secretariado Executivo

empreendedores.

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4. METODOLOGIA

A metodologia escolhida para a realização deste estudo foi:

• Levantamento da bibliografia referente ao Empreendedorismo,

Intraempreendedorismo e Secretariado Executivo em livros, revistas

e internet.

• Revisão da literatura.

• Elaboração do texto da fundamentação teórica durante a leitura do

material.

• Entrevista com dois Executivos, sendo estes o Gerente da área de

Recursos Humanos e o Gerente da área de Logística e Compras, e

com as sete Secretárias Executivas efetivas da DaimlerChrysler do

Brasil Ltda., Unidade Juiz de Fora. O tempo das secretárias no

exercício da função varia de um a oito anos.

• Análise qualitativa das entrevistas.

• Conclusão do trabalho relacionando a teoria pesquisada com as

opiniões obtidas nas entrevistas.

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5 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5.1 – O SIGNIFICADO DOS TERMOS EMPREENDEDORISMO E INTRAEMPREENDEDORISMO

Para DAVID (2004), “o interesse pelo empreendedorismo ocorre em um período

de transição global no qual encontramos mudanças estruturais nos setores cultural,

educacional, tecnológico, econômico e político”. No contexto brasileiro, o movimento

empreendedor, considerado o gerador do desenvolvimento, iniciou-se nos anos 90,

apesar de ser estudado há várias décadas em outros países.

A palavra empreendedor origina-se da palavra francesa entrepreneur e significa

aquele que assume riscos e inicia algo novo. Segundo DOLABELA (1999) o termo

empreendedorismo é uma livre tradução da palavra inglesa entrepreneurship. Além da

criação de empresas o empreendedorismo trata de outros assuntos tais quais: geração do

auto-emprego, empreendedorismo comunitário, intraempreendedorismo (dentro das

organizações), políticas públicas (para o setor).

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DOLABELA (1999) cita exemplos do que seja um empreendedor

- indivíduo que cria uma empresa, qualquer que seja; - pessoa que compra uma empresa e introduz inovações, assumindo riscos, seja na forma de administrar, vender, fabricar, distribuir, seja na forma de fazer propaganda dos seus produtos e/ou serviços, agregando novos valores; - empregado que introduz inovações em uma organização, provocando o surgimento de valores adicionais. - Contudo, não se considera empreendedor uma pessoa que, por exemplo, adquira uma empresa e não introduza nenhuma inovação (quer na forma de vender, de produzir, quer na maneira de tratar os clientes), mas somente gerencie o negócio.

De acordo com FRIEDLAENDER (2004),

(...) os homens primitivos quando descobriram os primeiros utensílios de cerâmica, a ação empreendedora possibilitou intervir, transformar e dominar o meio ambiente, criando, inovando, avançando sempre na busca de novos patamares de produção, de melhores níveis de qualidade de vida.

Essa ação empreendedora contribuiu sobremaneira para o crescimento da

humanidade. Hoje, o mundo necessita de pessoas empreendedoras para continuar

criando, transformando, fazendo descobertas e satisfazendo as necessidades da

comunidade como um todo.

São muitas as definições para o termo empreendedorismo, mas a seguir são

apresentadas as mais utilizadas e aceitas.

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Segundo CUNHA e NETO (2004),

A concepção inicial do termo empreendedorismo data da segunda metade do século XVIII e do início do século XIX com os economistas Richard Cantillon e Jean-Baptiste Say, cujas preocupações com economia, geração de novos empreendimentos e gerenciamento de novos negócios permitiam definir os empreendedores como pessoas que corriam riscos, pois investiam seu próprio dinheiro.

A partir da publicação da “Teoria de Desenvolvimento Econômico” do

economista austríaco Joseph A. Schumpeter o conceito de empreendedorismo ganha

novo significado. De acordo com DAVID (2004), Schumpeter

abordou o empreendedor e o seu impacto sobre a economia, estabelecendo os conceitos de destruição criadora e de empresário empreendedor, desta forma, diferenciando os conceitos de empresário e empreendedor: “O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais” (SCHUMPETER, 1942, 1949). Foi Schumpeter quem associou definitivamente o termo empreendedor à inovação, colocando o empresário empreendedor como o agente básico do processo de destruição criadora: “é ele que desafia o mercado, aciona e mantém em marcha o motor capitalista” (SCHUMPETER, 1942).

Segundo CUNHA E NETO (2004),

Schumpeter define a essência do empreendedorismo como a percepção e aprimoramento de novas oportunidades no âmbito dos negócios, possuindo conexões com criações de novas formas de utilização de recursos nacionais deslocados do emprego tradicional e sujeitos a novas combinações.

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Para DRUCKER apud FRIEDLAENDER (2004),

Os empreendedores são eminentemente pessoas que inovam. A inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente. Empreendedorismo não é nem ciência, nem arte. É uma prática.

Para FILLION apud CUNHA e NETO (2004),

(...) empreendedorismo é o resultado tangível ou intangível de uma pessoa com habilidades criativas; sendo uma complexa função de experiências de vida, oportunidades e capacidades individuais que durante seu exercício está inerente à variável risco, tanto na vida quanto na carreira do empreendedor. (...) o empreendedor é tido como um indivíduo criativo, marcado pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos, possuindo um alto nível de consciência do contexto de referência para detectar oportunidades de negócios, buscando uma aprendizagem continuada a respeito de oportunidades de negócios e revelando um processo de tomada de decisões com risco moderado visando à inovação.

DOLABELA (1999) concorda com a definição de Fillion que diz que o

“empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. Ser visionário

implica em enxergar o que ninguém viu, é imaginar cenários futuros, é perceber uma

oportunidade – idéia vinculada a um produto ou serviço que agrega valor ao

consumidor, através da inovação ou da diferenciação - quando os outros enxergam

somente o caos.

De acordo com FRIEDLAENDER (2004),

O empreendedor sente necessidade de vencer obstáculos, romper rotinas, definir e alcançar seus objetivos, quebrar paradigmas. O empreendedor continua a aprender a respeito de possíveis oportunidades e a tomar decisões moderadamente arriscadas que objetivam a inovação. Ele também é flexível para se adaptar às repentinas mudanças da comunidade, da sociedade e do mercado, aprendendo com suas próprias experiências. O empreendedor é distinguido das outras pessoas pela maneira como percebe a mudança e lida com as oportunidades.

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No contexto atual, de acirrada concorrência, o perfil empreendedor faz a

diferença.

De acordo com FRIEDLAENDER (2004), “a necessidade da inovação, da

criatividade e do desenvolvimento de novas tecnologias faz com que as pessoas

percebam que mudar é um fator primordial para a sobrevivência”. Não só as pessoas,

mas as organizações também perceberam que mudar é necessário. A velocidade das

mudanças tecnológicas, a instabilidade econômica, o aumento das exigências dos

mercados estão criando um ambiente no qual a vantagem competitiva que fará a

diferença será a capacidade de gerar novas vantagens competitivas de forma sistemática

e contínua, e isso só se dá através da inovação, da transformação, da visão de futuro. É

nesse contexto que as empresas buscam profissionais empreendedores, que nesse caso

recebem a denominação de intraempreendedores. Mas o que significa o termo

intraempreendedorismo?

Segundo URIARTE (2000) o termo intraempreendedorismo é uma tradução do

termo inglês intrapreneurship1, cunhado pelo consultor americano Gifford Pinchot para

designar o “o empreendedor interno”, aqueles profissionais que têm iniciativa, que são

visionários, que não têm medo de tentar e que aprendem com os erros; determinados,

ousados e capazes de mobilizar recursos e implementar novos negócios dentro de

ambientes já consolidados; profissionais que têm um olhar diferente sobre o processo e

que conseguem transforma-lo de forma a alcançar melhores resultados.

Para FRIEDLAENDER (2004), o intraempreendedorismo torna-se necessário

diante do fato de que é possível, e importante, a presença de empreendedores dentro das

organizações para que ocorra o desenvolvimento das mesmas.

URIARTE (2000) diz que,

(...) as empresas bem sucedidas são aquelas que iniciaram mudanças em tecnologia, marketing ou organização e conseguiram manter uma liderança em mudanças em relação aos concorrentes. Portanto, os empreendedores são necessários não somente para iniciar novos empreendimentos em pequena escala, mas também para dar vida às empresas existentes, em especial as grandes.

1 Uriarte, L.R. Identificação do Perfil Intraempreendedor. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000, p. XLVIII-XLIX.

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E complementa, “a inovação quase nunca ocorre em uma organização sem que

haja um indivíduo ou um pequeno grupo apaixonadamente dedicado a fazê-lo

acontecer”.

Segundo PINCHOT apud URIARTE (2000), “os intraempreendedores são todos

os “sonhadores que realizam”, aqueles que assumem a responsabilidade pela criação de

inovações de qualquer espécie dentro de uma organização”.

5.2 – O PERFIL EMPREENDEDOR E INTRAEMPREENDEDOR 5.2.1 – CARACTERÍSTICAS E PERFIL EMPREENDEDOR

Segundo DAVID (2004),

Os economistas relacionaram o empreendedor à inovação e ao desenvolvimento econômico, mas fazia-se necessária uma análise mais aprofundada do comportamento do empreendedor para responder às seguintes questões: Quem é o empreendedor? Como reconhecê-lo? Nascem prontos? Como formá-los? Eu posso vir a ser um empreendedor de sucesso? O que pode ser observado é que o empreendedor possui características que as outras pessoas não possuem. Algumas podem ser inatas, mas, e outras, podem ser adquiridas? Neste aspecto, o empreendedorismo passou a ser de interesse também para os estudiosos do comportamento humano.

Estudos buscando a identificação do perfil empreendedor são cada vez mais

importantes. Segundo CUNHA e NETO (2004), “diversos autores (Pylro, 2002;

Schumpeter, 1978; Fillion, 1999) ilustram a dificuldade de definir as características do

empreendedor”. Para DOLABELA (1999), o estudo do perfil empreendedor é de suma

importância para que se possa aprender a agir adotando atitudes e comportamentos

adequados.

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E complementa:

É importante termos consciência, entretanto, de que ainda não se pode estabelecer uma relação de causa e efeito. Ou seja, não se pode afirmar que uma pessoa dotada de tais características irá necessariamente alcançar o sucesso como empreendedor. O que se pode dizer é que, se determinada pessoa apresenta as características e aptidões mais comumente encontradas nos empreendedores, mais chances terá de ser bem-sucedida.

As pesquisas na área do empreendedorismo estão focadas nos comportamentos

que podem levar ao sucesso. O know-how tecnológico e o domínio de ferramentas

gerenciais são de extrema importância, sendo uma conseqüência do processo de

aprendizagem daqueles que buscam novos cenários. No quadro abaixo são apresentadas

algumas características comportamentais dos empreendedores de sucesso.

Quadro 1 – Características Comportamentais do Perfil empreendedor

1 – Inovação 11 – Habilidade para conduzir situações 2 – Otimismo 12 – Criatividade 3 – Liderança 13 – Necessidade de realização 4 – Iniciativa 14 – Sensibilidade a outros 5 – Flexibilidade 15 – Autoconsciência 6 – Independência 16 – Agressividade 7 – Tolerância à ambigüidade e à incerteza 17 – Confiança 8 – Orientação para resultado 18 – Originalidade 9 – Tendência a risco 19 – Envolvimento em longo prazo 10 – Capacidade de aprendizagem 20 – Dinheiro como medida de desempenho

Fonte: Fillion apud CUNHA e NETO (2004)

De acordo com URIARTE (2000),

ser empreendedor significa ter, acima de tudo, a necessidade de realizar coisas novas, pôr em prática idéias próprias, característica de personalidade e comportamento que nem sempre é fácil de se encontrar. O empreendedor, por definição, tem de assumir riscos, e seu sucesso está em sua capacidade de conviver com eles e sobreviver a eles. Os riscos fazem parte de qualquer atividade e é preciso aprender a administrá-los. O empreendedor não é mal-sucedido nos seus negócios porque sofre revezes, mas porque não sabe superá-los.

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Para GERBER apud URIARTE (2000), o empreendedor é um grande

estrategista, inovador, criador de novos métodos, é criativo, lida com o desconhecido,

imagina o futuro, transforma possibilidades em probabilidades, caos em harmonia.

Segundo DAVID (2004), a chave do sucesso do empreendedor está relacionada

à busca constante da satisfação de necessidades.

URIARTE (2000) cita a pirâmide das necessidades de Maslow, pois esta tem

características situacionais, dependendo da situação uma das cinco características torna-

se mais relevante.

Figura 1 – Pirâmide das Necessidades de Maslow

Baseados nas necessidades apresentadas por Maslow, BIRKEY e WESTHEAD

apud DAVID (2004), analisaram as necessidades mais latentes nos empreendedores e

apresentaram como sendo basicamente de cinco tipos:

Quadro 2 – Principais necessidades dos empreendedores

1 - Necessidade de aprovação Ser admirado pelos outros, ter status 2 - Necessidade de independência Horário de trabalho flexível, liberdade

para iniciativa 3 - Necessidade de desenvolvimento pessoal

Busca constante de novos conhecimentos e habilidades

4 - Necessidade de segurança Proteger-se de perigos físicos ou psicológicos, reais ou imaginários

5 - Necessidade de auto-realização Realizar seus sonhos, resolver situações que são verdadeiros desafios à sua capacidade

Fonte: BIRKEY e WESTHEAD apud DAVID (2004)

Fonte: URIARTE (2000)

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COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR

Necessidades - Realização, poder,

afiliação. - Fisiológicas,

segurança, sociais, estima.

Motivação Impulso para ação

De acordo com DAVID (2004), ao longo da vida de um empreendedor suas

necessidades vão se modificando. À medida que uma necessidade é satisfeita outra

surge em seu lugar. “Suas necessidades geram impulsos para suas ações e suas ações

definem o seu comportamento, que por sua vez gera novas necessidades”.

Figura 2 – Ciclo do Comportamento Empreendedor

Fonte: DAVID (2004)

Os empreendedores também possuem algumas habilidades essenciais para o seu

desenvolvimento. KATZ apud DAVID (2004), apresenta três habilidades básicas,

técnicas, humanas e conceituais. As habilidades técnicas estão relacionadas com a

compreensão e a proficiência em determinada atividade, saber utilizar métodos, técnicas

e equipamentos necessários para realizar de maneira satisfatória um determinado

trabalho; as humanas referem-se à facilidade para trabalhar como membro de um grupo

e em equipe, saber se comunicar e ser flexível e as conceituais à forma de compreender

e reagir aos objetivos e políticas da organização.

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URIARTE (2000) desdobra as habilidades básicas apresentadas anteriormente da seguinte forma:

- O empreendedor identifica novas oportunidades. Esta habilidade relaciona-se

ao que Dolabela chama de processo visionário. Identificar uma oportunidade é enxergar

além, ver o futuro.

- O empreendedor pensa de maneira criativa. Para obter sucesso, o

empreendedor deve ser criativo e ao mesmo tempo crítico para avaliar a oportunidade e

constatar se esta é falsa ou não.

- O empreendedor é comunicativo: Ele tem a habilidade de convencer os outros

a respeito de sua idéia. Precisam convencer amigos, parentes, patrocinadores, etc.

- O empreendedor sabe negociar. Esta habilidade adquire-se através da

experiência, em muitos ela é nata.

- O empreendedor sabe escutar e adquirir informações. Em um ambiente

instável, estar informado é questão chave para o desempenho geral da empresa.

- O empreendedor sabe resolver problemas. Ele tem habilidade para enfrentar os

desafios e superar obstáculos. Em um empreendimento existe um conjunto de

problemas, desafios e crises, e o empreendedor deve procurar o melhor caminho para

gerar soluções inovadoras.

- O empreendedor mantém uma rede de contatos. Um bom relacionamento com

as pessoas pode gerar diversas oportunidades de negócios.

LEZANA apud DAVID, 2004, diz que no tocante aos conhecimentos

fundamentais para o empreendedor de sucesso destacam-se:

- Os aspectos técnicos relacionados com o negócio. O empreendedor deve ter

total domínio técnico do que se propõe a fazer. Deve ter conhecimento do produto que

pretende produzir e/ou do serviço que pretende prestar.

- A experiência na área comercial. Refere-se ao enfoque empresarial destinado

ao atendimento das necessidades do cliente. Entre as funções da área comercial, pode-se

incluir: distribuição do produto, publicidade/marketing, pesquisa de mercado e

definição de novos produtos.

- A escolaridade. É um fator extremamente importante, pois se refere aos

conhecimentos adquiridos no sistema formal de ensino. O empreendedor deve possuir

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um nível mínimo de escolaridade que lhe possibilite lidar de modo satisfatório com as

pessoas.

- A formação complementar. Relaciona-se com a aquisição de conhecimentos

novos ou com a atualização dos que já possui.

- a experiência em empresas e a vivência de novas situações. A experiência pode

ajudar na resolução de problemas emergentes.

Muitos autores como DAVID (2004) apresentam os valores, aspectos

fundamentais para o desenvolvimento das características individuais. “Os valores são

compostos pelas crenças, preferências, aversões, predisposições internas e julgamentos

que caracterizam a visão de mundo do indivíduo”. Para EMPINOTTI apud DAVID

(2004), os valores podem ser, existenciais, relacionados à vida em geral – saúde,

alimentação, lazer, trabalho, entre outros; estéticos, ligados à sensibilidade e aos cinco

sentidos – música, pintura, teatro; intelectuais, relacionados à inteligência; morais,

referentes ao conjunto de doutrinas, princípios, crenças e normas que orientam o

comportamento ético e religiosos, ligados aos sentimentos religiosos.

De acordo com os aspectos citados acima, DORNELAS (2001) apresenta um

quadro com as características dos empreendedores de sucesso, a saber:

Quadro 3 – Características dos empreendedores de sucesso

São visionários Eles têm a visão de como será o futuro para seu negócio e sua vida e, o mais importante: têm a habilidade de implementar seus sonhos.

Sabem tomar decisões Não se sentem inseguros, sabem tomar as decisões corretas na hora certa, principalmente nos momentos de adversidade, sendo isso um fator chave para o seu sucesso. Além de tomar decisões, implementam suas ações rapidamente.

São indivíduos que fazem a diferença Os empreendedores transformam algo de difícil definição, uma idéia abstrata em algo concreto, que funciona, transformando o que é possível em realidade. Sabem agregar valor aos serviços e produtos que colocam no mercado.

Sabem explorar ao máximo as oportunidades Para a maioria das pessoas, as boas idéias são daqueles que a vêem primeiro, por sorte ou acaso. Para os visionários (os empreendedores), as boas idéias são geradas daquilo que todos conseguem ver, mas não identificaram algo prático para transformá-las em oportunidade, por meio de dados e informação. Para Schumpeter

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(1949), o empreendedor é aquele que quebra a ordem corrente e inova, criando mercado com uma oportunidade identificada. Para Kirzner (1973), o empreendedor é aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na ordem presente. Porém, ambos são enfáticos em afirmar que o empreendedor é um exímio identificador de oportunidades, sendo um indivíduo curioso e atento a informações, pois sabe que suas chances melhoram quando seu conhecimento aumenta.

São determinados e dinâmicos Implementam suas ações com total comprometimento. Mantêm-se sempre dinâmicos e cultivam um certo inconformismo diante da rotina.

São dedicados Se dedicam 24 horas por dia, 7 dias por semana, ao seu negócio. São trabalhadores exemplares, encontrando energia para continuar, mesmo quando encontram problemas pela frente.

São otimistas e apaixonados pelo que fazem Adoram o trabalho que realizam. E é esse amor ao que fazem o principal combustível que os mantém cada vez mais animados e autodeterminados. O otimismo faz com que sempre enxerguem o sucesso, em vez de imaginar o fracasso.

São independentes e constroem o próprio destino

Querem estar à frente das mudanças e ser donos do próprio destino.

Ficam ricos Ficar rico não é o principal objetivo dos empreendedores. Acreditam que o dinheiro é conseqüência do sucesso dos negócios.

São líderes e formadores de equipes Têm um senso de liderança incomum. São respeitados e adorados por seus funcionários, pois sabem valoriza-los, estimula-los e recompensa-los, formando um time em torno de si.

São bem relacionados (networking) Sabem construir uma rede de contatos que os auxiliam no ambiente externo da empresa, junto a clientes, fornecedores e entidades de classe.

São organizados Sabem obter e alocar os recursos materiais, humanos, tecnológicos e financeiros, de forma racional, procurando o melhor desempenho para o negócio.

Planejam Planejam cada passo de seu negócio, desde o primeiro rascunho do plano de negócios.

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Possuem conhecimento São sedentos pelo saber e aprendem continuamente. Esse conhecimento pode vir da experiência prática, de informações obtidas em publicações especializadas, em cursos, etc.

Assumem riscos calculados Avalia as reais chances de sucesso. Assumir riscos tem relação com desafio e, quanto maior o desafio, mais estimulante será a jornada empreendedora.

Criam valor para a sociedade Através da geração de empregos, dinamizando a economia e inovando, sempre usando sua criatividade em busca de soluções para melhorar a vida das pessoas.

DOLABELA (1999) diz que não se pode afirmar que uma pessoa que apresenta

todas as características descritas anteriormente irá necessariamente ser bem sucedida

como empreendedor. A análise dessas características vem contribuindo para a

identificação e para a compreensão de comportamentos que podem levar o

empreendedor ao sucesso e vem também servindo de base para o ensino na área.

O autor supracitado apresenta, segundo Timmons (1994), os fatores de sucesso

segundo o próprio empreendedor:

Quadro 4 – Fatores de sucesso segundo o empreendedor

Faça o que lhe dá energia

Faça coisas de forma diferente

Imagine como fazer funcionar algo

Não assuma riscos desnecessários, e sim um risco calculado, se for a oportunidade certa

Diga, “posso fazer”, ao invés de “não posso” ou “talvez”

Os negócios fracassam, os empreendedores de sucesso aprendem. Mas, tente manter o custo baixo

Tenacidade e criatividade irão triunfar

Faça da oportunidade e dos resultados a sua obsessão

Qualquer coisa é possível se você acredita que pode fazê-la

Seja insatisfeito com o jeito que as coisas estão e procure melhorá-las

Se você não sabe se não pode ser feito, vá em frente e faça

Tenha orgulho das suas realizações, isso é contagiante

Veja o copo metade cheio, e não metade vazio

É mais fácil implorar por perdão do que pedir permissão

Fonte: DORNELAS (2001)

Fonte: DOLABELA (1999)

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5.2.2 – CARACTERÍSTICAS E PERFIL INTRAEMPREENDEDOR

Os intraempreendedores são aquelas pessoas que, segundo URIARTE (2000),

(...) a partir de uma idéia, e recebendo a liberdade, incentivo e recursos da empresa onde trabalham, dedicam-se entusiasticamente em transformá-la em um produto de sucesso. Não é necessário deixar a empresa onde trabalha, como faria o empreendedor, para vivenciar as emoções, riscos e gratificações de uma idéia transformada em realidade.

De acordo com PINCHOT apud DAVID (2004),

Examinando inovações bem sucedidas em grandes empresas, foram identificados comportamentos empreendedores em alguns empregados. Estes “empregados” atuavam como agentes de mudanças em suas organizações, melhorando processos e criando novas oportunidades de negócio, sendo que Pinchot os denominou de empreendedores intracorporativos, definindo-os como “todos os sonhadores que realizam. Aqueles que assumem a responsabilidade pela criação de inovações de qualquer espécie dentro de uma organização” (PINCHOT, 1989, p.ix).

Considerando o contexto atual, marcado pelo grande fluxo de informações, pelo

mercado cada vez mais exigente, pela superação dos obstáculos e pela busca de

melhores resultados, busca-se profissionais com iniciativa e com idéias inovadoras

(intraempreendedores/empreendedores), para que agreguem valor ao produto da

empresa e para que a mesma se torne mais competitiva no mercado.

De acordo com DORNELAS apud DAVID 2004, as organizações devem

identificar e aproveitar o potencial empreendedor de seus colaboradores, uma vez que

os desafios proporcionados pela abertura mundial demandam um certo grau de

criatividade e inovação.

BOM ÂNGELO apud DAVID (2004), aponta três características que mostram a

vocação empreendedora, vontade e habilidade para criar algo inédito e que possa

melhorar as condições de vida da família, da empresa, da sociedade em geral;

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capacidade de encontrar novas utilidades para idéias velhas; talento para melhorar a

eficiência de um sistema, processo ou produto, de forma a torná-lo mais econômico,

acessível e tecnicamente superior.

O intraempreendedor tem grande conhecimento da empresa e sabe explorá-lo de

forma a encontrar todos os meios necessários para a concretização de sua idéia. O

intraempreendedor não é necessariamente aquele que traz inovações e melhorias para o

(s) produto (s), mas também aquele que consegue implantar pequenas mudanças na

rotina da empresa, que a conduzam a um patamar mais elevado. Saber lidar com as

informações e utiliza-las em prol do desenvolvimento das atividades, é o ponto chave

para estar à frente no mercado.

A inovação, como no empreendedorismo, também é a palavra chave para o

intraempreendedorismo. DRUCKER apud DAVID (2004), “defende que todas as

organizações – e não apenas as de negócios – necessitam de uma competência

fundamental: a inovação, e que estas podem ser de qualquer tipo”.

PINCHOT e PELLMAN apud DAVID (2004), apontam cinco pontos

fundamentais para que a inovação aconteça:

Quadro 5 – Pontos fundamentais para a inovação

Idéias das pessoas Deve-se ter na organização um ambiente que estimule a criatividade e a geração de idéias

Intraempreendedores Pessoas que transformarão as idéias em realidade

Time intraempreendedor Grupo de pessoas, normalmente recrutadas pelo intraempreendedor, para trabalharem na inovação

Clima organizacional Deve existir um clima organizacional que estimule e aceite inovações

Patrocinadores Pessoas da própria organização que apóiam os intraempreendedores – pode ser um chefe imediato ou o presidente da empresa

Fonte: PINCHOT e PELLMAN apud DAVID (2004)

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A figura 3 mostra a relação entre os cinco pontos citados anteriormente e algumas inovações que podem acontecer nas organizações.

Figura 3 – Questões fundamentais para a inovação

Fonte: Adaptado de PINCHOT e PELLMAN apud DAVID (2004).

DAVID (2004) complementa dizendo que no Brasil o termo

intraempreendedorismo é um termo novo para a maior parte dos profissionais, mas,

Com a alta competitividade, informações em tempo real e outros desafios empresariais modernos, o intraempreendedorismo oferece uma maneira para acelerar as inovações de qualquer espécie dentro das organizações através do melhor emprego dos seus talentos humanos. Bom Ângelo (2003) pontua que bons gerentes sabem organizar, disciplinar, dinamizar e otimizar, e bons inovadores sabem desenvolver idéias, modificar padrões, aperfeiçoar modelos e descobrir novos usos para antigos materiais e equipamentos. E o responsável pelas inovações dentro das organizações é um funcionário todo especial que apresenta características pessoais marcantes, como responsabilidade, iniciativa própria, vontade para fazer negócios, vocação para assumir riscos.

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São poucas as diferenças entre empreendedores e intraempreendedores. Estes

assumem menores riscos em relação aos empreendedores, que sentem a necessidade de

deixar a empresa para iniciar um negócio próprio.

Considerando o contexto brasileiro, para DAVID (2004), as empresas ainda não

oferecem um ambiente propício para o desenvolvimento de intraempreendedores. A

estrutura ainda é muito burocrática. Em empresas de outros países encontra-se uma

abertura maior ao empreendedor.

Segundo LEITE apud URIARTE (2000),

Fugir do convencional; sonhar alto e transformar sonhos em realidade; identificar com clareza seus desejos, habilidades, temperamentos e atividades; criar um produto; desenvolver um “business plan” – o plano de negócios de sua carreira; fazer o que gosta; investir no desenvolvimento contínuo; conciliar a vida profissional com a vida pessoal e familiar; cuidar de sua saúde física, mental e emocional; seguir as vozes internas são passos para sobreviver no mundo moderno.

5.3 – EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO

Frente às mudanças trazidas pela globalização, as empresas enfrentam desafios

constantes. Sendo assim, devem explorar o potencial empreendedor de seus

funcionários para irem além.

Para DORNELAS apud DAVID (2004),

A implantação de uma cultura empreendedora tem uma razão de ser: “é o pano de fundo para o fomento da inovação, da busca e identificação de oportunidades, do trabalho criativo, para a organização do trabalho e dos processos empresariais de forma mais integrada, para a eliminação de barreiras internas de comunicação, entre outros.”

DORNELAS apud DAVID (2004) considera o empreendedorismo corporativo/

empreendedorismo interno/ intraempreendedorismo não como uma versão adaptada do

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empreendedorismo, mas uma expansão do mesmo, sendo aplicado em outras áreas sem

perda conceitual.

O empreendedorismo corporativo pode ser definido como o processo através do

qual um indivíduo ou um grupo de indivíduos, cria ou promove a renovação dentro de

uma organização.

De acordo com DAVID (2004), “Covin e Miles apud Dess et al. (2003) definem

quatro tipos de Empreendedorismo Corporativo: (1) renovação estratégica; (2)

redefinição de domínio, (3) rejuvenescimento organizacional e (4) regeneração

sustentada”. A figura 4 ilustra os quatro tipos de empreendedorismo corporativo citados

acima.

Figura 4 – Tipos de Empreendedorismo Corporativo

Fonte: adaptado de Dess et al. apud DAVID (2004)

A renovação estratégica significa repensar as estratégias da organização de

acordo com o ambiente externo, explorando de maneira mais eficiente novos produtos e

mercados. A redefinição de domínio ocorre quando a empresa tem necessidade de

identificar um novo mercado para um novo produto. O rejuvenescimento organizacional

está ligado ao processo de inovação relacionado à melhoria dos processos internos,

rotinas. A regeneração sustentada acontece quando a organização desenvolve novas

culturas, processos e estruturas com o intuito de apoiar inovações de produtos ou

processos.

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Para estar à frente no mercado, as empresas devem aprender a aprender e

proporcionar um ambiente adequado para potencializar o desenvolvimento de uma

cultura empreendedora. Inovar, renovar, para fazer acontecer e obter os melhores

resultados.

5.4 – O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

O empreendedorismo no Brasil ganhou força a partir da década de 90, apesar de

nos países mais desenvolvidos ser um processo de longa data.

De acordo com o GEM (Global Entrepreneurship Monitor 2004), o país

encontra-se na sétima posição num ranking de 34 países mais empreendedores, com

aproximadamente 15 milhões de empreendedores. O GEM (2004) destaca que o

“empreendedorismo é de extrema importância para o país, sendo uma alternativa para a

superação de graves problemas que assolam a nação brasileira, em especial no tocante à

geração de emprego e renda”. A pesquisa constatou que o mesmo ocorre tanto pelo fato

de as pessoas se sentirem motivadas a aproveitar uma oportunidade quanto pela

necessidade de sobrevivência. O empreendedorismo por necessidade – pessoas que

perderam o emprego, eram subempregadas ou não tinham emprego - teve um aumento

em relação ao que ocorre por oportunidade. “Em países desenvolvidos, a ação

empreendedora está mais ligada a uma real oportunidade de negócio”.

A ação empreendedora no Brasil supera a média mundial (9,2%) na faixa dos 18

aos 24 anos (12,6%), e está muito superior à média dos países desenvolvidos (6%),

indicando que “o jovem brasileiro pode estar sendo induzido a empreender em

detrimento de sua formação educacional”. Esse aspecto caracteriza também a

dificuldade que o jovem encontra de engressar no mercado formal de trabalho,

buscando outras alternativas para garantir sua sobrevivência.

Considerando o item educação, apenas 14% dos empreendedores brasileiros têm

educação superior, sendo esta completa ou incompleta, ficando muito abaixo da média

dos países de baixa renda per capita – 23%. Quando comparado com países de renda per

capita alta, a diferença é ainda mais acentuada – 58%.

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O GEM (2004) complementa:

Frisa-se, ainda, que no Brasil aproximadamente 30% dos empreendedores não passaram sequer cinco anos pelos bancos escolares, estando longe, portanto de completar o ensino fundamental. Esta situação denota a fragilidade do sistema educacional brasileiro e, por conseqüência, as altas taxas de empreendedorismo por necessidade.

De acordo com a figura abaixo, percebe-se que quanto maior o nível de

escolaridade de um país, maior será a proporção de empreendedorismo por

oportunidade.

Figura 5 – Proporção de Empreendedores Segundo Escolaridade e Grupos de Países por Renda per Capita - 2004

Fonte: GEM (2004)

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5.5 – O ENSINO DE EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

Segundo DOLABELA (1999), “o ensino universitário brasileiro sempre foi

voltado para a formação de empregados”. Na formação de empreendedores, o ponto

principal é preparar as pessoas para aprender a agir e pensar por si mesmas, de maneira

criativa, visionária – enxergar o que ninguém viu -, com liderança, para inovar e

conseguir um espaço no mercado.

De acordo com FRIEDLAENDER (2004), “as pessoas são influenciadas a se

prepararem para um emprego seguro, mas, considerando o cenário atual, nenhum

emprego é seguro, a manutenção deste depende exclusivamente do desempenho

profissional”.

DOLABELA (1999) cita algumas razões para o ensino do empreendedorismo,

dentre elas a alta taxa de mortalidade infantil das empresas, a maioria fracassa por falta

de conhecimento, suporte; mudanças nas relações de trabalho, as empresas precisam de

profissionais que tenham uma visão global do processo, que saibam identificar e

satisfazer as necessidades dos clientes, a formação de empregados não é compatível

com a organização atual da economia mundial; exige-se hoje um alto grau de

empreendedorismo; as instituições de ensino estão distanciadas dos “sistemas de

suporte”, as relações universidade-empresa ainda são incipientes no Brasil; o

empreendedor deve comprometer-se com o meio ambiente e com a comunidade,

desenvolvendo uma forte consciência social – a sala de aula é o lugar mais indicado

para o debate desses temas; entre outras.

Em complemento ao exposto acima, DOLABELA apud AIUB (2002) mostra no

quadro a seguir, a relação entre o ensino tradicional e o ensino de empreendedorismo

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Quadro 6 – Ensino Tradicional e Aprendizado Empreendedor

Ensino Tradicional Aprendizado Empreendedor

Ênfase no conteúdo Ênfase no processo: aprender a aprender

Conduzido e dominado pelo instrutor

Apropriação do aprendizado pelo participante

Aquisição de informações corretas de uma vez por todas

O que se sabe pode mudar

Currículo e sessões programados

Sessões flexíveis e voltadas a necessidades

Objetivos do ensino impostos

Objetivos da aprendizagem negociados

Prioridade para o desempenho

Prioridade para a auto-imagem geradora de desempenho

Rejeição ao desenvolvimento de conjecturas e pensamento divergente

Conjecturas e pensamento divergente como parte do processo criativo

Ênfase no pensamento analítico e linear Envolvimento de todo o cérebro

Conhecimento teórico e abstrato Conhecimento teórico Complementado por experimentos

Resistência à influência da comunidade Encorajamento à influência da comunidade

Educação encarada como necessidade social

Educação vista como processo para a vida

Ênfase no mundo exterior Experiência interior, sentimentos incorporado à ação

Erros não aceitos Experiência interior, sentimentos incorporado à ação

O conhecimento é o elo entre aluno e O professor

Relacionamento humano entre professores e alunos é fundamental

Fonte: DOLABELA apud AIUB (2002)

Segundo FRIEDLAENDER (2004), a educação é um dos fatores primordiais

para o desenvolvimento de um país. A transformação do modelo social só é propiciada

através da educação, “uma vez que a difusão do novo paradigma produtivo requer boa

educação em todos os níveis, ou seja, educar para a cidadania, oferecendo uma boa

formação acadêmica, abrangente, multidisciplinar e generalista”. E complementa

dizendo que a educação é o meio pelo qual uma nação inter-relaciona-se com outras e

com suas economias eficientemente.

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Uma das habilidades mais importantes dos empreendedores é aprender a

aprender. Não podem estacionar no tempo, o domínio da informação para saber tomar

uma decisão correta no momento certo depende única e exclusivamente da vontade

incessante de saber, de conhecer.

Para FRIEDLAENDER (2004), “deve-se educar para progredir e fornecer as

ferramentas necessárias para a descoberta de novas habilidades, propiciando

experiências que auxiliarão no desenvolvimento pessoal e profissional”.

Considerando o mercado de trabalho atual, as empresas querem em seus quadros

profissionais que dominem aquilo que se propõem a fazer e que também tenham um

conhecimento holístico da empresa, que sejam flexíveis e que tragam novas idéias, que

reciclem e implementem processos, tornando esta cada vez mais competitiva. E neste

cenário, o papel das Universidades na formação de profissionais empreendedores é

fundamental.

5.6 – O PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

5.6.1 – ANÁLISE HISTÓRICA DA PROFISSÃO DE SECRETARIADO NO

BRASIL

O Secretariado no Brasil aparece com mais força no mercado de trabalho a

partir da década de 50 com a chegada das multinacionais automobilísticas. A profissão

até então é exercida por mulheres.

De acordo com NATALENSE (1998), nos anos 50 as secretárias eram vistas

como “salvadoras da pátria”, “braço direito” e suas atividades eram basicamente a

datilografia, taquigrafia, arquivo de documentos e atendimento telefônico.

Na década de 60 começam os treinamentos gerenciais e com ele iniciam-se as

mudanças no perfil dos administradores e gerentes. A secretária torna-se um símbolo de

status nas empresas brasileiras, o cartão de visita. Todo gerente possuía uma. Surgem,

nesta época, alguns cursos voltados para o secretariado, que englobavam taquigrafia,

português comercial e organização de arquivos, mas nada além disso. De acordo com

SABINO e ROCHA (2004), em 1969 foi criado o primeiro curso de Bacharelado em

Secretariado no Brasil, na Universidade Federal da Bahia, mas só foi reconhecido em

1998.

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Nos anos 70, mudanças relevantes começam a acontecer na profissão. Alguns

gerentes já enxergam a secretária como um membro ativo da equipe. Começam os

treinamentos para secretária com foco no ambiente empresarial. Em 1978, na

Universidade Federal de Pernambuco, surge o primeiro curso superior reconhecido no

Brasil. A lei, número 6.556, que fez com que a profissão fosse reconhecida, também foi

aprovada nesta época, em 05/09/1978.

Nos anos 80, ocorrem profundas mudanças no Brasil. Os computadores são

inseridos nas empresas e a secretária é uma das pioneiras na utilização deste recurso. A

administração participativa é o foco nesta década. Secretária e gerente formam um time

e começam a atuar em parceria. O movimento de classe se fortalece com o surgimento

dos sindicatos de secretárias. Em 1985, a profissão foi regulamentada com a publicação

da lei número 7.377 (ANEXO 1). Quatro anos após a publicação da lei n° 7377, o

Código de ética da profissão foi publicado (ANEXO 2).

N a década de 90 a imagem da secretária sem capacidade de decisão, cumpridora

de ordens e cartão de visita da empresa é desfeita. Ela deixou de ser executora de

pequenas tarefas e começou a enfrentar grandes desafios nas organizações. Começou a

exercer funções criativas e os treinamentos passam a ter ênfase na gestão da qualidade,

produtividade, marketing, trabalho em equipe, entre outros.

Em 1996, a lei 9.261 (ANEXO 3), altera a lei 7.377 e ocorre a divisão entre

técnico em secretariado e secretariado executivo.

Com a globalização e todas as conseqüências por ela trazidas, o mercado passa a

exigir profissionais com diferencial, empreendedores, arrojados, que não têm medo de

mudanças e que se adaptem ao inesperado. Percebe-se hoje que a secretária é detentora

de grande responsabilidade e formadora de opinião.

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5.6.2 – O PERFIL ATUAL DO SECRETARIADO EXECUTIVO –

EMPREENDEDOR

Os secretários não deixaram de fazer suas atividades de rotina. Ainda atendem

telefones, mantêm o arquivo organizado, organizam reuniões e cuidam da

correspondência. Mas, com o passar do tempo, o perfil profissional foi sofrendo

mudanças e se adequando às exigências do mercado. Este profissional passou a ser um

assessor e não mais um simples executor de tarefas.

MAEKER apud MICHELETTI (2005) diz que “o grande diferencial atual é

oferecer algo a mais que o cliente espera; achar outras soluções para problemas

antigos”.

De acordo com LIMA apud CARVALHO (2002),

(...) a secretária executiva é hoje uma assessora executiva e administradora de informações que auxilia o executivo na organização e processamento da informação. Possui prática das rotinas de escritórios, habilidade para assumir responsabilidades sem supervisão direta, iniciativa, autonomia para tomar decisões e solucionar problemas. Atualmente a profissional Secretária Executiva acompanha as mudanças, resistências, expectativas, programas de qualidade e humanização nas empresas.

As exigências são cada vez maiores. MAEKER apud MICHELETTI (2005), diz

que “sobreviver nas organizações dependerá da capacidade de se relacionar, vender

idéias e impor respeito”. E complementa dizendo que “ninguém mais fala em dominar

as técnicas de digitação e atendimento ao telefone. O que está em alta hoje são as

competências intelectuais e comportamentais”.

Para o secretariado executivo, além de ter o domínio de no mínimo dois idiomas,

ter boas noções de informática, economia, política, cultura mundial, deve saber manter

um bom relacionamento com os colegas de trabalho, saber trabalhar em equipe, ter

criatividade, bom humor e saber lidar com o inesperado sem perder o controle.

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Para ROCHINI (2006), Anexo 4,

(...) a secretária precisa ser empreendedora, ou seja, ter a visão do negócio da sua área, empreender, buscar soluções, alternativas, contornar crises, suportar a área e seus executivos de modo que as coisas fluam e o mais importante, que benefícios e ganhos possam ser agregados ao processo como um todo.

Para DOLABELA apud MICHELETTI (2005), tendo as secretárias um “leque

muito grande de percepção, elas podem usar todo o conhecimento que têm na empresa

para ir além, rompendo com o conceito tradicional de que a secretária é uma extensão

do chefe”. E complementa,

Já que ela não tem a carga de ter que tomar decisões que competem ao executivo, pode usar esse distanciamento crítico para pensar o que pode fazer a mais pela empresa. Como começar? - Perceber que ela é uma entidade diferente do chefe - Usar o seu potencial para inovar - Aprimorar-se e buscar uma formação diferente. É fundamental conhecer as estratégias empresariais e entender muito bem do business da empresa.

O conceito do secretariado executivo mudou sobremaneira com o passar dos

anos. A seguir, pode-se observar as principais características dos secretários de alguns

anos atrás e os de hoje.

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Quadro 7 – Secretárias de ontem e de hoje

ONTEM HOJE

Trabalha para pessoas

Interage com chefes

Trabalha isolada

Evita riscos

Direciona a sua ação para garantir

o seu emprego

Motivada por símbolos de poder

Centralizadora

Desculpa-se pelos erros

Faz as coisas bem feitas

Economiza os recursos

Cumpre o seu dever

Trabalha em função da sua

pessoa e personalidade

Trabalha para a empresa

Interage com clientes, fornecedores,

parceiros

Trabalha em equipe

Assume riscos moderados, investe

Não tem medo de ser demitida

Motivada por metas

Cria alternativas para o trabalho em

equipe, desenvolvendo pessoas

Faz dos seus erros uma forma de

aprendizado e segue em frente

Faz as coisas certas nos momentos

certos

Maximiza a utilização dos recursos

Obtém resultados

Trabalha para alcançar objetivos,

produzindo resultados e auto-realização

Fonte: NATALENSE (1998)

No contexto atual, ao secretariado executivo são fundamentais algumas

características, como: saber tomar decisões, ser adaptável e flexível, ser criativo, ser

discreto, ter capacidade de liderança, ser estável, deve gostar do que faz (deve ser

apaixonado pelo seu trabalho), ser inovador, fazer diferente e agregar valor.

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De acordo com ROCHINI (2006), anexo 4,

Para esta reconfiguração, um novo perfil é automaticamente requerido, já que o isolamento da posição anteriormente designada da secretária deixa de existir sendo substituída por uma posição de “linha de frente”, de defesa, de gerenciamento de informações, de controle de prazos e atividades, de preparação de cenários e trato de informações para o corpo executivo. Empreender requer preparo, e especialmente nesta posição, tão próximo do ambiente decisório e de informações sigilosas e estratégicas para o negócio, requer um preparo especial.

ROCHINI (2006), diz que algumas áreas de competências específicas devem ser

trabalhadas visando um desenvolvimento sólido do empreendedorismo na função, pois

o secretariado hoje, como dito anteriormente, agrega valor para a empresa e gera

resultados. Essas competências são descritas abaixo.

Figura 6 – Competências que devem ser desenvolvidas para o Secretariado Executivo

Fonte: Adaptado de ROCHINI (2006)

De acordo com o exposto acima, percebe-se uma mudança radical no perfil do

secretariado executivo, desde os anos 50 até os dias atuais. Como tudo está em

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constante transformação, acredita-se que este perfil ainda sofra muitas alterações.

Temos hoje o secretariado como peça chave para o desenvolvimento da organização.

Por isso o secretariado deve tentar, inventar, fazer diferente para fazer acontecer.

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6 – ENTREVISTAS REALIZADAS COM EXECUTIVOS E SECRETÁRIAS

EXECUTIVAS DA DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL UNIDADE JUIZ DE

FORA

6.1.OBJETIVOS DA ENTREVISTA

Este trabalho tem como propósito geral diagnosticar o empreendedorismo na

profissão de secretariado executivo, tendo como referência o contexto de uma empresa

de grande porte.

Os objetivos específicos do estudo são os de:

1. Mostrar o perfil do profissional de secretariado executivo no início da fábrica.

2. Mostrar o perfil atual do secretariado executivo e as exigências para este

profissional.

3. Mostrar que o profissional de secretariado é e deve ser um profissional

empreendedor.

4. Apresentar a visão dos executivos a respeito da profissão.

5. Mostrar que o profissional de secretariado pode assumir uma posição mais

estratégica na empresa

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6.2. PÚBLICO ALVO

A pesquisa foi destinada às secretárias executivas efetivas da DaimlerChrysler

do Brasil, unidade Juiz de Fora, num total de sete e a dois executivos. Das sete

secretárias, apenas uma tem formação superior em secretariado, as demais são formadas

em Administração de Empresas, Educação Física, por exemplo. Quatro responderam à

entrevista, uma preferiu não opinar e duas não se encontravam na fábrica.

Devido à impossibilidade de entrevista com todos os executivos da fábrica,

optou-se por entrevistar dois executivos, os quais foram o Gerente de Recursos

Humanos, por ser a área responsável pela análise do perfil, seleção e acompanhamento

de pessoal e o Gerente de Logística e Compras, por já ter trabalhado com várias

secretárias, tendo desta forma uma visão mais abrangente do secretariado, e por ser um

dos executivos mais jovens da fábrica.

6.3. APLICAÇÃO DAS ENTREVISTAS

As entrevistas foram realizadas na própria empresa no período de 25 de janeiro a

24 de fevereiro de 2006.

6.4. LIMITAÇÕES E CONSIDERAÇÕES

As limitações da pesquisa identificadas pela autora foram:

• Por se tratar de uma entrevista, optou-se por transcrevê-las na íntegra, no corpo

do trabalho, para evitar a perda de informações relevantes para a pesquisa.

• Por se tratar de uma pesquisa qualitativa ficou difícil transformar os dados em

percentuais, pois não apresentaria todo o conteúdo das respostas.

• Os entrevistados se mostraram abertos para a discussão do tema, sugerindo

algumas ações para um melhor direcionamento dos cursos de secretariado e da

profissão.

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ENTREVISTA 1 - Gerência

1 – Para você, o que é o empreendedorismo?

R: O empreendedorismo está ligado a uma série de vibrações estruturadas de forma

harmoniosa na busca de excelência nos resultados. Devemos fazer do tempo um prazer

de viver e não um martírio.

2 – Qual o perfil das secretárias no início da fábrica?

R: No início da fábrica as secretárias eram mais executoras, hoje elas têm um

posicionamento mais estratégico. Deixou de ser “a fera” para ser parceira na

comunicação.

3 – Como esse perfil foi sendo mudado com o passar dos anos? Citar atividades que eram desenvolvidas pelas secretárias e que hoje não são mais. R: A 10, 15 anos atrás, cada supervisor era detentor de uma secretária. Com o aumento

das facilidades trazidas pela tecnologia, o chefe passou a não precisar tanto da secretária

como auxiliar, abrindo espaço para que ela desenvolvesse outras atividades. Cada vez

mais tem-se nas estruturas menos secretárias e as que se tem, têm mais poder.

4 – Você acha que esse profissional é/deve ser empreendedor? Como? Qual a importância do empreendedorismo na profissão de secretariado? R: Sim. O profissional de secretariado não deve ter receio de propor mudanças, de ousar

com inteligência, de compartilhar. A secretária assume um papel novo, o de visionária

de antecipação de fatos, uma vez que ela tem uma visão sistêmica do todo; é uma

pessoa catalisadora de informações e que as trabalha e as transforma em resultados; é

uma formadora de opiniões, transformadora de valores. O grande papel da secretária é o

de fornecer à gestão informações sólidas, uma vez que trabalha na sinergia entre o líder

e a equipe.

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5 – Quais as competências e habilidades exigidas para este profissional hoje na empresa?

R: Podemos dizer que o primeiro pilar de sustentação é o domínio de, no mínimo, dois

idiomas, seguido de um sólido conhecimento em informática, equilíbrio emocional

ligado a valores como ética, respeito, discrição, entre outros.

6 – Deseja acrescentar algum comentário?

R: Existe uma frase do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) que diz “O

atirador talentoso acerta o alvo que os outros não conseguem. O atirador genial acerta o

alvo que os outros não vêem!”. O talento deve estar de mãos dadas com a criatividade,

com o profissionalismo, com a ética e com o conhecimento científico e tecnológico.

ENTREVISTA 2 - Secretariado

Tempo no secretariado: 07 anos.

1 – Para você, o que é o empreendedorismo?

R: O empreendedorismo acontece quando você tem a liberdade de poder criar novas

metodologias, de melhorar a cada momento sua função dentro da empresa.

2 – Como você o vê dentro das organizações?

R: No Brasil ainda como uma coisa muito restrita, difícil. Quando você chega com

idéias para mudar uma estrutura que já está consolidada, tem-se uma certa dificuldade.

Algumas empresas dão liberdade para o desenvolvimento do empreendedorismo, outras

não dão a liberdade necessária.

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3 – Como você vê a profissão de Secretariado frente ao mercado de trabalho atual,

considerando que as exigências são maiores a cada dia?

R: Uma função ainda não tão valorizada quanto deveria. O nível salarial ainda é muito

baixo. Uma das poucas empresas que ainda mantêm a nomenclatura Secretária

Executiva é a Daimler.

4 – Para você, quais as características essenciais para o profissional de

Secretariado Executivo no atual mercado de trabalho?

R: A principal característica, que vem da própria palavra secretariado – secreto. É uma

função de muita confiança e discrição. O profissional precisa estar consciente de tudo o

que se passa no mundo, deve sempre buscar informações nos meios de comunicação

para agregar valor. Muitas Secretárias não sabem o porquê das coisas, estão ali só para

atender ao telefone e pronto. A Secretária deve buscar informações todos os dias.

5 – Você já implementou alguma idéia ou modificou algum processo em sua área

para o melhor desenvolvimento das atividades?

R: Faço o controle dos custos, de telefonia, material de escritório, entre outros. Muitas

pessoas acham que esse controle não tem muita importância, mas se ele não é feito,

temos, no somatório, um gasto muito maior e que poderia ter sido reduzido. Me

considero uma boa multiplicadora, já treinei várias pessoas que passaram aqui na área.

6 – Cite algumas atividades que você desenvolvia e que agora não desenvolve mais.

R: Posso dizer que ainda sou uma secretária à moda antiga. Cuido tanto de assuntos

particulares quanto de assuntos relacionados à área. A secretária é como um pára-raio da

área, ela deve conhecer todo o processo para saber filtrar as informações e direcionar os

assuntos. A secretária é o centro da área e deve estar em alerta com todos. Se existe um

problema de família com um funcionário, ela deve saber; se existe um problema de

integração em algum time, a secretária deve saber. Muitas vezes a secretária está mais

em contato com a área do que o executivo, então ela deve ajudar na gestão.

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7 – Você acha que o profissional de Secretariado é/pode ser empreendedor? Como?

Qual a importância do empreendedorismo para a profissão de Secretariado

Executivo?

R: Sim. Ser empreendedor hoje é fundamental, não só para a profissão de secretariado,

mas para todas as profissões. A Secretária faz parte do processo e deve estar disposta a

dar idéias para agregar valor para a empresa. A Secretária é muito importante na

Daimler, ela é o ponto de comunicação da área.

8 – Considerando o contexto educacional, você acha que as universidades estão

preparadas para formar profissionais empreendedores?

R: Não. A universidade prepara o aluno para trabalhar, mas não para ser empreendedor.

Já tivemos estagiárias que davam idéias, sugeriam alguma melhoria, e outras que nem

questionavam. O questionamento é muito importante para o desenvolvimento

profissional. Os cursos hoje não são dinâmicos, são muito parados e a maioria não dá

espaço para que o aluno dê idéias, opine sobre determinado assunto.

9 – Quais as principais diferenças entre as secretárias no início da fábrica e as de

hoje?

R: As secretárias sempre trabalharam com as áreas. Hoje a diferença é que eu atuo junto

com o Diretor. Com o passar do tempo, as secretárias assumiram outras funções, como,

controlo do Budget da área, controle da produção. No início da fábrica tínhamos 15

secretárias, hoje temos 8, contando com as estagiárias. No início eu assessorava 30/40

alemães, minha área tinha 600 pessoas, entrava às 06:00 e saía às 18:00 h. O volume de

trabalho era muito grande.

11 – Deseja acrescentar algum comentário?

R: Gosto muito da função de secretariado, é uma função dinâmica, desafiadora. Tenho

um futuro objetivo que é o de ser assessora - organizar assuntos para determinada

reunião, elaborar apresentações, etc. O networking é fundamental para o secretariado.

Saber onde buscar a informação é o ponto chave para evitar delongas e concluir as

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atividades num tempo ideal. Outro ponto fundamental para o secretariado é manter o

bom humor, considero 50%, se você atende mal, isso repercurtirá em seu trabalho, no

trabalho da área como um todo.

Considero válida a mudança da nomenclatura de secretária, muito carregada de

preconceitos, para assessora, que mostra o que é a secretária hoje. Suas

responsabilidades vão muito além de atender ao telefone e manter a agenda do chefe

organizada.

ENTREVISTA 3 - Secretariado

Tempo no secretariado: 03 anos.

1 – Para você, o que é o empreendedorismo?

R: O empreendedorismo compreende se capacitar em outras atividades/funções, se

expandir, abrir o leque. O empreendedorismo hoje se encaixa e é fundamental em

qualquer função, devendo o profissional se aprimorar a todo momento.

2 – Como você o vê dentro das organizações?

R: O profissional precisa ser empreendedor para sobreviver dentro das organizações. É

fundamental não só para a empresa, mas para o crescimento da pessoa. Os profissionais

devem ter flexibilidade em relação às mudanças.

3 – Como você vê a profissão de Secretariado frente ao mercado de trabalho atual,

considerando que as exigências são maiores a cada dia?

R: Hoje o secretariado trabalha mais com o lado comportamental do que com a técnica.

O secretariado é o mediador entre a equipe e a chefia maior da área. Anteriormente,

muitas secretárias não sabiam se relacionar, tinham o domínio da técnica, mas o

relacionamento interpessoal era deficitário. O treinamento considerando a parte

comportamental é fundamental para o secretariado hoje.

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4 – Para você, quais as características essenciais para o profissional de

Secretariado Executivo no atual mercado de trabalho?

R: Primeiramente tem que ser uma pessoa comunicativa. Tem que saber ouvir e saber

separar o que está entre a sua mesa e a chefia e a sua mesa e a equipe. Tem que ser pró-

ativa. Todos vão até a secretária para saber uma informação. Tem que ter uma postura

diferenciada. Tem que saber filtrar as informações, saber como responder às questões

propostas no dia-a-dia. Deve ter paciência e deve saber trabalhar as informações.

5 – Você já implementou alguma idéia ou modificou algum processo em sua área

para o melhor desenvolvimento das atividades?

R: Tenho liberdade para dar sugestões e fazer críticas em determinados assuntos.

Participo em projetos, opino sobre as atividades da área. A cada dia fazemos coisas para

o melhor desenvolvimento das atividades, por menores que sejam. Quando trabalhava

no secretariado da pintura, fazia o controle do Budget, então tive que implementar um

sistema para esse controle, por meio de planilhas, gráficos, etc.

6 – Cite algumas atividades que você desenvolvia e que agora não desenvolve mais.

R: A liberdade para o desenvolvimento de determinadas atividades depende muito do

perfil de cada chefia. Já trabalhei com um chefe que não dava abertura para trabalhar

com a área. Hoje tenho muito contato com a equipe da área e desenvolvo trabalhos em

conjunto. Hoje me envolvo muito mais com o trabalho da área.

7 – Você acha que o profissional de Secretariado é/pode ser empreendedor? Como?

Qual a importância do empreendedorismo para a profissão de Secretariado

Executivo?

R: É e deve. Primeiramente ser empreendedor vem muito da pessoa e da oportunidade

que a área, a chefia te dão para poder se desenvolver. Envolvendo-se com a área você

pode fazer mais e ser cada vez mais empreendedor. Hoje se fala mais em assistente do

que secretária, e como tal, tem mais oportunidade de participar de projetos, de

atividades diferentes. A secretária tem que buscar soluções e resultados.

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8 – Considerando o contexto educacional, você acha que as universidades estão

preparadas para formar profissionais empreendedores?

R: Não. As universidades não preparam para o mercado empreendedor. Os cursos de

secretariado deveriam focar mais no aspecto comportamental, deveriam possibilitar a

descoberta de coisas novas, tendo o aluno uma participação mais ativa.

9 – Quais as principais diferenças entre as secretárias no início da fábrica e as de

hoje?

R: As secretárias não tinham a formação em secretariado. O foco estava na questão do

idioma. No início a empresa estava preocupada em contratar quem falasse alemão, pois

muitos executivos vieram da Alemanha. Muitas tinham o domínio da técnica, mas

pecavam na parte do relacionamento interpessoal. Hoje há uma preocupação da empresa

e dos gestores mais voltada para o comportamental.

10 – Para o futuro, o que você acredita que ainda possa ser modificado no perfil do

Secretariado Executivo?

R: Muitas empresas preocupam-se com este lado comportamental, mas muitas ainda

vêm a secretária como “super braço direito”. Ajudar, quebrar o galho, é diferente de ter

obrigação. Deve ser o braço direito, sim, para coisas relacionadas à empresa. Muitas

empresas não dão oportunidade para que a secretária desenvolva o lado empreendedor,

isso ainda é uma falha.

11 – Deseja acrescentar algum comentário?

R: É muito importante mostrar que a secretária é mais do que cuidar da agenda e do

telefone. Por que não convida-la para participar de um projeto? As universidades

precisam mudar o foco para o novo perfil profissional.

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ENTREVISTA 4 - Secretariado

Tempo no secretariado: 1 ano e 06 meses, mas sempre esteve em contato com a

função de Secretariado.

1 – Para você, o que é o empreendedorismo?

R: O empreendedorismo acontece quando uma pessoa assume desafios e

consequentemente riscos, está preparada para tomar decisões, tem iniciativa e sem

dúvida inova, propõe mudanças e cria.

2 – Como você o vê dentro das organizações?

R: Com a globalização, as organizações estão cada vez mais exigentes, e esta exigência

é bem visível na função do secretariado, em que o perfil que se procura hoje está

relacionado a ser flexível, inovador e ter iniciativa.

3 – Como você vê a profissão de Secretariado frente ao mercado de trabalho atual,

considerando que as exigências são maiores a cada dia?

R: A profissão de secretariado é muito importante, pois este profissional assume

grandes responsabilidades como, fazer o filtro das informações e até mesmo ajudar na

gestão.

4 – Para você, quais as características essenciais para o profissional de

Secretariado Executivo no atual mercado de trabalho?

R: Como mencionado anteriormente, ser inovador, flexível e ter iniciativa.

5 – Você já implementou alguma idéia ou modificou algum processo em sua área

para o melhor desenvolvimento das atividades?

R: Quando entrei na área administrativa criei um quadro de indicadores da área, o que

facilitou o esclarecimento de muitas metas que ficavam de fora.

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6 – Cite algumas atividades que você desenvolvia e que agora não desenvolve mais.

R: Todas as atividades que desenvolvia continuo desenvolvendo, mas com o passar do

tempo o volume de atividades aumentou e a responsabilidade também.

7 – Você acha que o profissional de Secretariado é/pode ser empreendedor? Como?

Qual a importância do empreendedorismo para a profissão de Secretariado

Executivo?

R: Sim. No mercado de trabalho atual e para o desenvolvimento da profissão os

profissionais de secretariado têm que ser empreendedores. A figura da secretária como

simples executora já foi por terra, hoje ela é dinâmica, sugere e desenvolve atividades

em conjunto com a equipe. O empreendedorismo é de fundamental importância para o

desenvolvimento da profissão.

8 – Considerando o contexto educacional, você acha que as universidades estão

preparadas para formar profissionais empreendedores?

R: Não. Ainda têm muito que melhorar e buscar novas alternativas para oferecer aos

alunos uma visão da realidade do mercado.

9 – Quais as principais diferenças entre as secretárias no início da fábrica e as de

hoje?

R: As secretárias hoje são mais flexíveis, receptivas e criativas. No início elas eram

muito fechadas.

10 – Para o futuro, o que você acredita que ainda possa ser modificado no perfil do

Secretariado Executivo?

R: O relacionamento interpessoal e assumir um pacote maior de responsabilidades. As

empresas já estão bem abertas em relação ao novo perfil do secretariado, mas acredito

que possa ainda ser melhorado.

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ENTREVISTA 5 - Gerência

1 – Para você, o que é o empreendedorimo?

R: É tudo aquilo a que você se aplica para ter um resultado. É enxergar potenciais de

negócios, de melhorias. Ser empreendedor é ser um profissional que investe no seu

crescimento.

2 – Como você o vê dentro das organizações?

R: Muitas empresas no Brasil ainda não enxergam o empreendedorismo, enxergam

somente o hoje. O empreendedorismo implica em ter visão do futuro, planejar. Nosso

país deixa de investir em campos que geram resultados rápidos para ele.

3 – Qual o perfil das Secretárias no início da fábrica?

R: A secretária era única e exclusivamente secretária. Como no início haviam muitos

alemães na fábrica, o que contava no currículo era o fator falar alemão. O trabalho era

voltado mais para tradução.

4 – Como esse perfil foi sendo modificado com o passar dos anos?

R: A primeira mudança foi a dos gestores, estes mais jovens, que começaram a enxergar

a secretaria não mais com secretária e sim como assessora. A secretária deixou de fazer

a função de babá do chefe e passou a ver dentro da área a oportunidade do

empreendedorismo. Além das atividades básicas, começa a desenvolver atividades de

conhecimento macro da área em que atua, passa a ser na área uma pessoa de

conhecimentos gerais, direcionadora de assuntos e prioridades.

5 – Você acha que esse profissional é/deve ser empreendedor? Como?

R: Acho que deve ser empreendedor. O fato de ser empreendedor ou não vai depender

do perfil da pessoa e da área em que estará atuando. Existem muitas pessoas que não

são empreendedoras, que são transformadas devido à situação. O profissional

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empreendedor é insaciável. O gestor tem um papel muito importante de buscar neste

profissional o ser empreendedor, devendo este estar aberto a aceitar.

6 – Qual a importância do empreendedorismo na profissão de secretariado?

R: Para complementar atividades dentro das organizações. A parte organizacional deve

tomar apenas 20% do tempo, os outros 80% deve ser direcionado a atividades que

agreguem valor.

7 – Quais as competências e habilidades exigidas para este profissional hoje?

R: Primeiramente deve ser uma pessoa de mente aberta, pró-ativa, preparada para

receber pressão, já que não trabalha somente com o gestor e para o gestor, mas também

com a área. Tem que dominar no mínimo um idioma, deve ter um preparo forte em

informática e ser criativa.

8 – Considerando o contexto educacional, você acha que as universidades

brasileiras estão preparadas para formar profissionais empreendedores?

R: Não. O que falta nas universidades é levar as pessoas para o campo prático.

Desenvolvem muito a teoria, devem buscar profissionais da área para mostrar o que é

real. Ex.: Muitas secretárias não sabem que vão conviver com 150/180 pessoas e que

terão que saber administrar conflitos, gerenciar processos, minimizar custos, maximizar

o tempo, etc. Hoje as empresas procuram simplicidade, objetividade e muitos cursos

ainda não têm essa visão.

9 – Para o futuro, o que você acredita que possa ser mudado no perfil do

profissional de secretariado executivo?

R: O que deveria mudar em primeiro lugar é o nome da função, de secretária executiva

para assessora. Deve-se também, fazer uma análise do papel do secretariado hoje e

como este pode ser aperfeiçoado para ser um assessor.

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10 – Deseja acrescentar algum comentário?

R: Sugiro um fórum in loco para bate com executivos de várias empresas sobre o real

papel do secretariado nas organizações e as mudanças necessárias para o

desenvolvimento da profissão.

ENTREVISTA 6 - Secretariado Tempo no secretariado: 08 anos

1 – Para você, o que é o empreendedorismo?

R: O empreendedorismo significa renovar, modificar, implementar, ter persistência. A

pessoa empreendedora é aquela criativa, arrojada, inovadora, que aceita riscos. A

finalidade do empreendedor é gerar riqueza e agregar valor.

2 – Como você o vê dentro das organizações?

R: O empreendedorismo é muito importante hoje dentro das organizações, pois faz com

que as mesmas tenham um melhor desenvolvimento.As organizações que buscam o

empreendedorismo devem implementar programas internos com foco no

desenvolvimento dos funcionários e indicar um novo perfil de talentos, aliado a uma

cultura corporativa, a um formato organizacional e a um estilo diferenciado de gestão.

O empreendedorismo abre caminhos para a diversificação dos produtos e serviços.

3 – Como você vê a profissão de Secretariado frente ao mercado de trabalho atual,

considerando que as exigências são maiores a cada dia?

R: Hoje a secretária tem um campo de atuação maior, é multifuncional, assessora,

gerenciadora de informações, de serviços e pessoas. Assumiu maiores

responsabilidades, ela é o ponto de referência da área e suporte na tomada de decisão.

Na minha opinião, toda secretária deveria ter curso superior.

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4 – Para você, quais as características essenciais para o profissional de

Secretariado Executivo no atual mercado de trabalho?

R: No mercado atual, o profissional deve ser criativo, inovador, aceitar riscos, ser

flexível e aprender sempre.

5 – Você já implementou alguma idéia ou modificou algum processo em sua área

para o melhor desenvolvimento das atividades?

R: Sugestões de como otimizar/facilitar um processo. Sugestão de melhorias no sistema,

principalmente nos mais utilizados pelo secretariado, como sistema para emissão de

documentos de viagens.

6 – Cite algumas atividades que você desenvolvia e que agora não desenvolve mais.

R: Hoje o secretariado executivo na fábrica assumiu mais responsabilidades. Antes o

trabalho era voltado mais para os gerentes, hoje trabalhamos com a área em si, damos

apoio à equipe. As secretárias passaram a conhecer mais o sistema dentro da área.

Ampliei meus conhecimentos e tenho uma visão geral de como funciona a área.

7 – Você acha que o profissional de Secretariado é/pode ser empreendedor? Como?

Qual a importância do empreendedorismo para a profissão de Secretariado

Executivo?

R: Sim. Buscando conhecimento contínuo, qualificação, auto-suficiência. Com o

avanço da tecnologia, com a globalização, as organizações estão trabalhando mais

enxutas, assim o profissional deve atingir excelência: descubra o que você faz muito

bem feito e aprimore-se.

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8 – Considerando o contexto educacional, você acha que as universidades estão

preparadas para formar profissionais empreendedores?

R: O problema está no que a universidade ensina e no que encontramos no mercado. O

aluno tem que ter vontade e a universidade deve dar o espaço para o desenvolvimento

do empreendedorismo, para que haja um ensino de qualidade compatível com as

demandas do mercado de trabalho.

9 – Quais as principais diferenças entre as secretárias no início da fábrica e as de

hoje?

R: No início o trabalho do secretariado era muito limitado. Hoje as secretárias têm um

know-how maior, assumiram maiores responsabilidades e desafios.

10 – Para o futuro, o que você acredita que ainda possa ser modificado no perfil do

Secretariado Executivo?

R: As empresas e os gestores têm que ter a visão da secretária como assessora, para a

partir daí, pensar um futuro para este profissional.

Com o crescimento acelerado da tecnologia e globalização, os profissionais precisam

desenvolver a capacidade de integrar, flexibilizar, atender às demandas do mercado

cada vez mais exigente em termos de qualidade e rapidez de atendimento. O

profissional deve ter uma visão do funcionamento geral da empresa em que atua.

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7 – ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

Através das respostas dos entrevistados, tem-se que o Secretariado Executivo

assumiu novas responsabilidades e “ganhou” um novo pacote de atividades. Este

profissional deixou de ser um simples executor de tarefas para assumir um

posicionamento mais estratégico na empresa. No início, a DCBR preocupou-se em

contratar profissionais que tivessem o domínio do idioma alemão, independente de sua

formação acadêmica, pois grande parte do corpo executivo era composta por alemães.

As atividades do secretariado se limitavam à tradução e ao atendimento exclusivo do

executivo. Hoje, o domínio da técnica está entrelaçado com questões comportamentais -

como a secretária se relaciona com a equipe, como ela gerencia a informação. A

secretária pode transformar o fantástico em catastrófico. No contexto atual da fábrica,

as Secretárias, além de auxiliar o chefe maior da área, também desenvolvem trabalhos

em parceria com a equipe, participam de Kaizens, onde dão sugestões que, ma maioria

das vezes são aceitas e implementadas.

Para que a empresa mantenha sua liderança no mercado, ela precisa contar com

profissionais empreendedores, visionários, capazes de sugerir e implementar idéias para

gerar resultados e agregar valor a seus produtos e serviços. O profissional de

Secretariado Executivo é parte fundamental deste processo, pois suas ações estão

voltadas hoje para a obtenção de resultados e requerem planejamento e organização

como em qualquer outra atividade. A visão dos executivos em relação ao secretariado

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também mudou muito. Houve uma mudança em relação aos gestores, os mais antigos

deram lugar aos mais jovens. Por terem uma visão mais abrangente e atual, os

executivos mais jovens entenderam que as secretárias poderiam desenvolver atividades

além das rotineiras. A empresa entende hoje que o secretário é um profissional

agregador de valores e gerador de resultados.

Para alguns entrevistados, em muitas empresas o empreendedorismo ainda é

incipiente. As empresas de grande porte, na maioria das vezes multinacionais, já

perceberam que investir em potenciais empreendedores é de suma importância.

Considerando o contexto educacional, de acordo com os entrevistados e alguns

autores pesquisados, percebe-se uma dicotomia entre a teoria e a prática. Os alunos

estão sendo preparados para serem empregados, não empreendedores. No tocante aos

cursos de secretariado, os mesmos deveriam levar às salas de aula profissionais da área

para mostrar o que é real e o que não é. As universidades precisam incentivar a cultura

empreendedora, dar espaço aos alunos para inovar, criar, modificar. No contexto atual,

ser empreendedor está ligado a qualquer campo de atuação, interferindo até mesmo no

sucesso da vida particular de cada um.

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8 – CONCLUSÃO

O propósito deste trabalho vem ao encontro da necessidade de buscar

informações a respeito da atuação do profissional de Secretariado Executivo,

considerando o novo perfil exigido pelo mercado – empreendedor. De acordo com a

literatura pesquisada e com as informações obtidas através das entrevistas, conclui-se

que o perfil do profissional de secretariado hoje mudou sobremaneira em relação ao de

alguns anos atrás e que este profissional é e deve ser empreendedor. Com o passar do

tempo seu perfil foi sendo modelado e hoje ele é um assessor, pois recebeu maiores

responsabilidades e abriu seu leque de atuação. Exímio conhecedor da área na qual

trabalha, está apto para propor soluções, ajudar na tomada de decisão e manter o bom

relacionamento entre a equipe. Um dos aspectos fundamentais é se manter informado e

saber trabalhar as informações, pois o secretariado é o elo entre a área e o executivo,

entre a empresa e seus clientes, fornecedores, parceiros, e, dependendo de sua atuação,

pode ser o elo entre o sucesso e o fracasso.

As empresas, para obterem bons resultados no mercado, precisam aprender

continuamente, proporcionando a seus funcionários um ambiente no qual possam

expandir sua capacidade de criar, de propor melhorias para os produtos e processos.

Não adianta ter um perfil empreendedor onde não há espaço para desenvolvê-lo.

Felizmente, tem-se uma preocupação maior por parte das empresas, principalmente as

de grande porte, em relação a esta questão.

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Conclui-se também, que ser empreendedor não está relacionado somente com a

abertura de um novo negócio, mas sim com a capacidade de vislumbrar o futuro e

sugerir novas idéias em todos os campos. Hoje o domínio da técnica não basta. Os

profissionais devem se preocupar com aspectos comportamentais, com seus valores,

crenças e objetivos. Planejar, analisar e organizar são ações fundamentais para o

desenvolvimento de qualquer atividade.

O profissional de Secretariado, sendo empreendedor e agindo com ética,

responsabilidade e competência, conquistará muito mais espaço e terá o reconhecimento

tão almejado.

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9 – REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

AIUB, J. W. Inteligência Empreendedora: Uma Proposta para a Capacitação de

Multiplicadores da Cultura empreendedora. Dissertação (Mestrado em Engenharia

de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

CARVALHO, A. P.; GRISSON, D. Manual do Secretariado Executivo. São Paulo,

D’Livros Editora, 2002.

CUNHA, R.A.N.; NETO. P.J.S. O ensino universitário na formação de

empreendedores: a percepção prática dos alunos de graduação do Curso de

Administração e Ciências Contábeis. XXIII de Gestão da Inovação Tecnológica.

Curitiba, 2004.

DAVID, D. E. H. Intraempreendedorismo Social: Perspectivas para o

desenvolvimento social nas organizações. Tese (Doutorado em Engenharia de

Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

DOLABELA, F. O Segredo de Luísa. São Paulo: Cultura, 1999.

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DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: Transformando Idéias em Negócios. Rio

de Janeiro: Elsevier, 2001.

FRIEDLAENDER, G. M. S. Metodologia de Ensino-Aprendizagem Visando o

Comportamento Empreendedor. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção),

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR. GEM 2004. Disponível em:

http://www2.rn.sebrae.com.br/uploads/pesquisa_gem_2004.pdf. Acesso em 10 out.

2005.

MICHELETTI, C. As atuais expectativas e exigências do mercado de trabalho para

as secretárias. Disponível em:

http://www.carreiras.empregos.com.br/carreira/administracao. Acesso em: 24 mai.

2005.

MICHELETTI, C. Empreendedorismo é cada vez mais valorizado nas empresas.

Disponível em: http://www.carreiras.empregos.com.br/carreira/administracao. Acesso

em: 28 abr. 2005.

MICHELETTI, C. Desenvolvimento Social e Empreendedorismo. Duiponível em:

http://www.carreiras.empregos.com.br/carreira/administracao/noticias Acesso em: 11

abr. 2005.

MICHELETTI, C. Novas Práticas Empreendedoras: Criando Organizações dentro de

Organizações. Disponível em:

http://www.carreiras.empregos.com.br/carreira/administracao/noticias. Acesso em: 11 abr.

2005.

NATALENSE, L. A Secretária do Futuro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998.

ROCHINI, R. O Secretariado, as secretárias e o empreendedorismo. Arquivo DCBR,

2006.

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SABINO, R.F.; ROCHA, F.G. SECRETARIADO do escriba ao web writer. Rio de

Janeiro: Brasport, 2004.

SOUZA, C.G. Empreendedorismo e Capacitação Docente: Uma sintonia Possível.

Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa

Catarina, Florianópolis, 2001.

URIARTE, L. R. Identificação do Perfil Intraempreendedor. Dissertação (Mestrado

em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,

2001.

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10 – BIBLIOGRAFIA

ARMOND, A. Empreendedorismo Corporativo: por que isso interessa às

empresas? Disponível em: http://www.boucinhasconti.com.br/noticias. Acesso em: 21

fev. 2005.

CARVALHO, M. M. J. Qual será o futuro dos cursos de Secretariado Executivo?.

Revista Acadêmica de Secretariado Executivo – UCSal. Salvador, 2005.

DOLABELA, F. Oficina do Empreendedor. São Paulo: Cultura, 1999.

HASHIMOTO, M. Intraempreendedorismo, que bicho é esse?. Você S/A. Abril, São

Paulo, 21 ago. 2003. Disponível em:

http://www.vocesa.abril.uol.com.br/aberto/colunistas. Acesso em: 21 fev. 2005.

HASHIMOTO, M. Empreendedorismo Corporativo. Você s/a, São Paulo, 23 jun.

2004. Disponível em: http://www.vocesa.abril.uol.com.br/aberto/colunistas. Acesso em:

21 fev. 2005.

VASCONCELOS, J. B. A Profissão do Secretário Executivo. Disponível em:

http://www.secretariado.micnet.com.br. Acesso em: 10 mai. 2004.

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11. ANEXOS

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ANEXO 1

Lei 7.377/85

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LEI Nº 7.377, DE 30 DE SETEMBRO DE 1985. Dispõe sobre o exercício da profissão de

Secretário e dá outras providências. O P R E S I D E N T E D A R E P Ú B L I C A Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º - O exercício da profissão de Secretário é regulamentado pela presente Lei. Art. 2º - Para efeitos desta Lei, é considerado: I - Secretário Executivo o profissional diplomado no Brasil por curso superior de Secretário, reconhecido na forma da Lei, ou diplomado no exterior por curso superior de secretariado, cujo diploma seja revalidado no Brasil, na forma da Lei. II - Técnico em Secretariado o profissional portador de certificado de conclusão de curso de secretariado, em nível de 2º grau. Art. 3º - Fica assegurado o direito ao exercício da profissão aos que, embora não habilitados nos termos do artigo anterior, contém, pelo menos, 5(cinco) anos ininterruptos, ou 10 intercalados, de exercício em atividades próprias de secretária, na data de início de vigência desta Lei, e sejam portadores de diplomas ou certificados de alguma graduação de nível superior ou de nível médio. Art. 4º - São atribuições do Secretário Executivo:

I - planejamento, organização e direção de serviços de secretaria; II - assistência e assessoramento direto a executivos; III - coleta de informações para a consecução de objetivos e metas de

empresas; IV - redação de textos profissionais especializados, inclusive em idioma

estrangeiro; V - interpretação e sintetização de textos e documentos; VI - taquigrafia de ditados, discursos, conferências, palestras de

explanações, inclusive em idioma estrangeiro; VII - versão e tradução em idioma estrangeiro, para atender às

necessidades de comunicação da empresa; VIII - registro e distribuição de expedientes e outras tarefas correlatas; IX - orientação da avaliação e seleção da correspondência para fins de

encaminhamento à chefia; X - conhecimentos protocolares. Art. 5º - São atribuições do Técnico em Secretariado:

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I - organização e manutenção dos arquivos de secretaria;

II - classificação, registro e distribuição de correspondência; III - redação e datilografia de correspondência ou documento de rotina, inclusive em idioma estrangeiro; IV - execução de serviços típicos de escritório, tais como recepção, registro de compromissos, informações e atendimento telefônico.

Art. 6º - O exercício da profissão de Secretário requer prévio registro na

Delegacia Regional do Trabalho do Ministério do Trabalho e far-se-á mediante a apresentação de documento comprobatório de conclusão dos cursos previstos nos incisos I e II do art. 2º desta Lei e da Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS.

Parágrafo Único - No caso dos profissionais incluídos no art. 3º desta

Lei, a prova de atuação será feita por meio das anotações da Carteira de Trabalho e Previdência Social ou por qualquer outro meio permitido em Direito. Art. 7º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 8º - Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, em 30 de setembro de 1985; 164º da Independência e 97º da República. JOSÉ SARNEY Almir Pazzionotto

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ANEXO 2

Código de Ética do profissional de Secretariado Executivo

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Código de Ética Publicado no Diário Oficial da União de 7 de julho de 1989. Capítulo I Dos Princípios Fundamentais Art.1º. - Considera-se Secretário ou Secretária, com direito ao exercício da profissão, a pessoa legalmente credenciada nos termos da lei em vigor. Art.2º. - O presente Código de Ética Profissional tem por objetivo fixar normas de procedimentos dos Profissionais quando no exercício de sua profissão, regulando-lhes as relações com a própria categoria, com os poderes públicos e com a sociedade. Art.3º. - Cabe ao profissional zelar pelo prestígio e responsabilidade de sua profissão, tratando-a sempre como um dos bens mais nobres, contribuindo, através do exemplo de seus atos, para elevar a categoria, obedecendo aos preceitos morais e legais. Capítulo II Dos Direitos Art.4º. - Constituem-se direitos dos Secretários e Secretárias: a) garantir e defender as atribuições estabelecidas na Lei de Regulamentação; b) participar de entidades representativas da categoria; c) participar de atividades públicas ou não, que visem defender os direitos da categoria; d) defender a integridade moral e social da profissão, denunciando às entidades da categoria qualquer tipo de alusão desmoralizadora; e) receber remuneração equiparada à dos profissionais de seu nível de escolaridade; f) ter acesso a cursos de treinamento e a outros eventos cuja finalidade seja o aprimoramento profissional; g) jornada de trabalho compatível com a legislação trabalhista em vigor. Capítulo III Dos Deveres Fundamentais Art.5º. - Constituem-se deveres fundamentais das Secretárias e Secretários: a) considerar a profissão como um fim para a realização profissional; b) direcionar seu comportamento profissional, sempre a bem da verdade, da moral e da ética; c) respeitar sua profissão e exercer suas atividades, sempre procurando aperfeiçoamento; d) operacionalizar e canalizar adequadamente o processo de comunicação com o público; e) ser positivo em seus pronunciamentos e tomadas de decisões, sabendo colocar e expressar suas atividades; f) procurar informar-se de todos os assuntos a respeito de sua profissão e dos avanços tecnológicos, que poderão facilitar o desempenho de suas atividades; g) lutar pelo progresso da profissão; h) combater o exercício ilegal da profissão; i)

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colaborar com as instituições que ministram cursos específicos, oferecendo-lhes subsídios e orientações. Capítulo IV Do Sigilo Profissional Art.6º. - A Secretária e o Secretário, no exercício de sua profissão, deve guardar absoluto sigilo sobre assuntos e documentos que lhe são confiados. Art.7º. - É vedado ao Profissional assinar documentos que possam resultar no comprometimento da dignidade profissional da categoria. Capítulo V Das Relações entre Profissionais Secretários Art.8º. - Compete às Secretárias e Secretários: a) manter entre si a solidariedade e o intercâmbio, como forma de fortalecimento da categoria; b) estabelecer e manter um clima profissional cortês, no ambiente de trabalho, não alimentando discórdia e desentendimento profissionais; c) respeitar a capacidade e as limitações individuais, sem preconceito de cor, religião, cunho político ou posição social; d) estabelecer um clima de respeito à hierarquia com liderança e competência. Art.9º. - É vedado aos profissionais: a) usar de amizades, posição e influências obtidas no exercício de sua função, para conseguir qualquer tipo de favoritismo pessoal ou facilidades, em detrimento de outros profissionais; b) prejudicar deliberadamente a reputação profissional de outro secretário; c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro, contravenção penal ou infração a este Código de Ética. Capítulo VI Das Relações com a Empresa Art.10º. - Compete ao Profissional, no pleno exercício de suas atividades: a) identificar-se com a filosofia empresarial, sendo um agente facilitador e colaborador na implantação de mudanças administrativas e políticas; b) agir como elemento facilitador das relações interpessoais na sua área de atuação; c) atuar como figura-chave no fluxo de informações desenvolvendo e mantendo de forma dinâmica e contínua os sistemas de comunicação. Art.11º. - É vedado aos Profissionais: a) utilizar-se da proximidade com o superior imediato para obter favores pessoais ou estabelecer uma rotina de trabalho diferenciada em relação aos demais; b) prejudicar deliberadamente outros profissionais, no ambiente de trabalho. Capítulo VII

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Das Relações com as Entidades da Categoria Art.12º. - A Secretária e o Secretário devem participar ativamente de suas entidades representativas, colaborando e apoiando os movimentos que tenham por finalidade defender os direitos profissionais. Art.13º. - Acatar as resoluções aprovadas pelas entidades de classe. Art.14º. - Quando no desempenho de qualquer cargo diretivo, em entidades da categoria, não se utilizar dessa posição em proveito próprio. Art.15º. - Participar dos movimentos sociais e/ou estudos que se relacionem com o seu campo de atividade profissional. Art.16º. - As Secretárias e Secretários deverão cumprir suas obrigações, tais como mensalidades e taxas, legalmente estabelecidas, junto às entidades de classes a que pertencem. Capítulo VIII Da Obediência, Aplicação e Vigência do Código de Ética Art.17º. - Cumprir e fazer cumprir este Código é dever de todo Secretário. Art.18º. - Cabe aos Secretários docentes informar, esclarecer e orientar os estudantes, quanto aos princípios e normas contidas neste Código. Art.19º. - As infrações deste Código de Ética Profissional acarretarão penalidades, desde a advertência à cassação do Registro Profissional na forma dos dispositivos legais e/ou regimentais, através da Federação Nacional das Secretárias e Secretários. Art.20º. - Constituem infrações: a) transgredir preceitos deste Código; b) exercer a profissão sem que esteja devidamente habilitado nos termos da legislação específica; c) utilizar o nome da Categoria Profissional das Secretárias e/ou Secretários para quaisquer fins, sem o endosso dos Sindicatos de Classe, em nível Estadual e da Federação Nacional nas localidades inorganizadas em Sindicatos e/ou em nível Nacional.

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ANEXO 3

Lei 9.261/96

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LEI Nº 9.261, DE 10 DE JANEIRO DE 1996. Altera a redação dos Incisos I e II do art. 2º,

o caput do art. 3º, o Inciso VI do art. 4º e o parágrafo único do art. 6º da Lei nº 7.377, de 30 de setembro de 1985.

O P R E S I D E N T E D A R E P Ú B L I C A Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º - A Lei nº 7.377, de 30 de setembro de 1985, passa a vigorar com a seguinte redação para os Incisos I e II do art. 2º, para o art. 3º, para o Inciso VI do art. 4º e para o parágrafo único do art. 6º: “Art.2º .............................................................................................. I - Secretário Executivo: a) o profissional diplomado no Brasil por curso superior de Secretariado, legalmente reconhecido, ou diplomado no exterior por curso superior de Secretariado, cujo diploma seja revalidado na forma da lei; b) portador de qualquer diploma de nível superior que, na data de início da vigência desta Lei, houver comprovado, através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante pelo menos trinta e seis meses, das atribuições mencionadas no art. 4º desta Lei; II - Técnico em Secretariado: a) o profissional portador de certificado de conclusão de curso de Secretariado, em nível de 2º grau; b) o portador de certificado de conclusão do 2º grau que, na data da vigência desta Lei, houver comprovado, através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante pelo menos trinta e seis meses, das atribuições mencionadas no art. 5º desta Lei.

Art. 3º - É assegurado o direito ao exercício da profissão aos que, embora não

habilitados nos termos do artigo anterior, contem pelo menos cinco anos ininterruptos ou dez anos intercalados de exercício de atividades próprias de secretaria, na data da vigência desta Lei.

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Art.4º............................................................................. VI - (VETADO) .............................................................................................. Art.6º............................................................................. Parágrafo Único - No caso dos profissionais incluídos no art. 3º, a prova da atuação será feita por meio de anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social e através de declarações das empresas nas quais os profissionais tenham desenvolvido suas respectivas atividades, discriminando as atribuições a serem confrontadas com os elencos especificados nos arts. 4º e 5º. Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, 10 de janeiro de 1996; 175º da Independência e 108º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Paiva

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ANEXO 4

O Secretariado, as secretárias e o empreendedorismo