drumond, adriana rocha souza ,2012

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS UnilesteMG Programa de Pós-Graduação em Engenharia Industrial ADRIANA ROCHA DE SOUZA DRUMOND USO DO MÉTODO “MOSS BAG” COM Sphagnum capillifolium PARA O BIOMONITORAMENTO DE METAIS DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA EM IPATINGA, MINAS GERAIS. Coronel Fabriciano 2012

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  • CENTRO UNIVERSITRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS UnilesteMG

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Industrial

    ADRIANA ROCHA DE SOUZA DRUMOND

    USO DO MTODO MOSS BAG COM Sphagnum capillifolium PARA O BIOMONITORAMENTO DE METAIS DA POLUIO ATMOSFRICA EM

    IPATINGA, MINAS GERAIS.

    Coronel Fabriciano

    2012

  • ADRIANA ROCHA DE SOUZA DRUMOND

    USO DO MTODO MOSS BAG COM Sphagnum capillifolium PARA O BIOMONITORAMENTO DE METAIS DA POLUIO ATMOSFRICA EM

    IPATINGA, MINAS GERAIS.

    Dissertao apresentada ao Programa de

    Ps-Graduao em Engenharia Industrial do

    Centro Universitrio do Leste de Minas

    Gerais, como requisito parcial para

    obteno do ttulo de Mestre em Engenharia

    Industrial.

    Orientadora: Profa. Dra. Maria Adelaide

    Rabelo Vasconcelos Veado

    Coronel Fabriciano

    2012

  • ADRIANA ROCHA DE SOUZA DRUMOND

    USO DO MTODO MOSS BAG COM Sphagnum capillifolium PARA O BIOMONITORAMENTO DE METAIS DA POLUIO ATMOSFRICA EM

    IPATINGA, MINAS GERAIS

    Dissertao de Mestrado submetida banca

    examinadora designada pelo conselho de

    Curso do Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia, Mestrado em Engenharia

    Industrial, do Centro Universitrio do Leste

    de Minas Gerais, como parte dos requisitos

    necessrios obteno do grau de Mestre

    em Engenharia Industrial.

    Aprovada em 06 de Dezembro de 2012 por

    __________________________________

    Maria Adelaide Rabelo Vasconcelos Veado, Dra.

    Profa. PPGE / Mestrado em Construo Civil/ rea de Concentrao Meio Ambiente

    Universidade FUMEC- Orientador.

    ______________________________________

    Gabriela von Rckert Heleno, Dra.

    Profa. PPGE / Mestrado em Engenharia Industrial/ Unileste MG

    __________________________________

    Arno Heeren de Oliveira, Dr.

    Prof. PCTN / Programa de Ps-Graduao em Cincias e Tcnicas Nucleares

    UFMG

  • Dedico esta pesquisa a Deus, aos meus

    familiares e a todos os ipatinguenses que

    lutam por uma melhor qualidade de

    vida.

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, o Autor e consumador da minha f, por seu amor incondicional, pelas vezes em

    que eu estava a fraquejar e Ele sempre esteve com as suas mos estendidas a me sustentar.

    Pela direo, as muralhas vencidas e as portas abertas em todas as etapas deste projeto.

    ... Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque Dele so a sabedoria

    e a fora; E Ele muda os tempos e as estaes; Ele remove os reis e estabelece os reis; Ele

    d sabedoria aos sbios e conhecimento aos entendidos. Ele revela o profundo e o

    escondido; conhece o que est em trevas, e com ele mora a luz. Daniel 2: 20-22.

    Ao meu esposo Jos Alves Drumond, pela sua presena, companheirismo, cumplicidade,

    seu amor, apoio e compreenso nas situaes mais adversas desta pesquisa.

    Aos meus pais, exemplos de simplicidade, pelo amor dedicado e formao. Meu pai Flvio

    Matias incentivou com entusiasmo e torceu pelo meu sucesso e minha me e amiga

    Rosngela Rocha, pelas oraes incessantes nas madrugadas todas foram ouvidas e hoje

    somos vitoriosos.

    Aos meus amados irmos, Andria e Andr, ao meu lindo sobrinho Joo Matheus, s

    minhas cunhadas Cida e Elizngela, minha amada sogra D. Maria, os quais sempre

    torceram pela minha vitria. E aos demais familiares, pelo apoio e carinho dedicados

    durante toda a minha vida.

    Profa. Dra. Maria Adelaide Rabelo Vasconcelos Veado, minha orientadora, pela

    amizade, pacincia e apoio, suas discusses, sugestes e crticas durante a pesquisa.

    Profa. Dra. Isabela Crespo, pela amizade e orientaes to importantes na rea da

    botnica e por suas observaes e inferncias no Projeto de Pesquisa.

    Profa. Dra.Gabriela von Rckert Heleno, pela sua amizade, por suas preciosas aulas e

    dicas durante toda a execuo do projeto, principalmente no tratamento estatstico dos

    dados. Pelas palavras de encorajamento e por aceitar fazer parte da banca avaliadora.

    Ao Prof. Dr. Arno Heeren de Oliveira, por aceitar fazer parte da banca avaliadora.

    Ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Industrial do Centro Universitrio do

    Leste de Minas Gerais, pela oportunidade e especialmente ao Prof. Dr. Roselito de

    Albuquerque (Coordenador do Mestrado) pela amizade, pelos inmeros atendimentos em

    sua sala, pelo auxlio na soluo dos diversos problemas encontrados durante a realizao

    da pesquisa.

    Ao Departamento de Meio Ambiente e Qualidade (DEMAQ) da Fbrica de Celulose Nipo

    Brasileira (CENIBRA S.A.) na pessoa do coordenador de monitoramento ambiental,

  • Leandro Coelho Dalvi, e ao supervisor Humberto Lopes dos Santos, pela realizao das

    anlises atravs da tcnica de anlise por Espectrometria de Emisso ptica em Plasma

    com Acoplamento Indutivo (ICP-OES) e a disponibilizao de todos os insumos

    necessrios.

    Ao Msc. Jos Mrcio Quinto, pela amizade e momentos agradveis durante o curso e por

    realizar as anlises no ICP-OES.

    Ao Centro de Microscopia da Universidade Federal de Minas Gerais

    (http://www.microscopia.ufmg.br) por prestar apoio tcnico e equipamentos para o

    experimento envolvendo microscopia eletrnica. Em especial, Prof. Dra. Virgnia

    Sampaio Teixeira Ciminelli, ao Sr. Breno Barbosa e ao Prof. Dr. Kinulpe Honorato

    Sampaio pela ateno e orientaes fundamentais quanto s anlises no Microscpio

    Eletrnico de Varredura (MEV).

    Aos pesquisadores Profa. Dra. Josandia Lima (Laviet-UFBA), Profa. Dra. Jutta Gutberlet

    (Universidade de Victoria-Canad/USP), Prof. Dr. Nivaldo Lemes da Silva Fialho

    (UNISO/Sorocaba-SP), Dra. Sheila de Oliveira Rancura (Analista Ambiental do Instituto

    Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade) pela ajuda, sugestes e apoio, cujas

    informaes foram valiosssimas no incio do nosso projeto, as orientaes na

    metodologia, na escolha da espcie de musgo e onde encontr-lo.

    Sra. Aida Almeida Silva, tradicional manejadora de musgos em Canania (Sul de So

    de Paulo) por coletar os musgos e envi-los sem dificuldades.

    Ao Sr. Marcelo dos Reis Gomes (Madeireira Par, Ipatinga-MG) pela doao das madeiras

    para confeco das bases das Estaes de Monitoramento moss bag.

    Ao Luciano, Ruiter e toda a equipe da carpintaria da SEMOP (Secretaria de Obras da

    Prefeitura Municipal de Ipatinga) pela confeco das cruzetas usadas como base para a

    exposio moss bag.

    Profa. Dra. Olga Yano do Instituto de Botnica de So Paulo (IBOT-SP) por gentilmente

    fazer identificao da espcie de Sphagnum que foi usado neste projeto.

    Secretaria de Servios Urbanos de Ipatinga (SESUMA) pela permisso das instalaes

    das Estaes de Biomonitoramento moss bag em diversos pontos na cidade de Ipatinga.

    Em especial ao Sr. Amantino Onsimo de Freitas, Engenheiro Sanitrio Ambiental,

    Assessor tcnico da SESUMA que apoiou desde o incio do projeto, sempre nos atendendo

    com entusiasmo, disponibilidade e desejo de fazer algo em prol de Ipatinga/MG.

  • s pessoas que nos ajudaram na instalao e logstica das estaes moss bag:

    ao Sr. Fernando do SEMOC e ao Sr. Franklin da Associao Amigos de Ipatinga (AMIP-),

    no Bairro Vila Celeste, com seu jeito alegre e altrusta, no mediu esforos em nos atender.

    A todos que disponibilizaram seus espaos fsicos para a instalao da estao de

    monitoramento biolgico: - Sr. Jaime e funcionrios (Pizzaria do Jaime, Bairro Jardim

    Panorama); - Sr. Jos Pereira Amorim e seu caseiro Paulo Roberto Pinheiro (Stio

    Amorim, Bairro Bom Jardim); - Sr. Vicente Paula e Sra. Joana (Bairro Bethnia); - Sr. Jos

    Maria dos Santos (Horta Comunitria, Bairro Limoeiro); - Sr. Leonardo R. S. Veloso

    (Analista Meio Ambiente Snior- USIMINAS, Estao da Rede de Monitoramento

    Contnuo, Bairro Veneza); - Sr. Telmo Bianchini e Sr. Plnio Verosa Perucci

    (SENAI/FIEMG, Bairro Veneza); - Sr. Davi Fiusa Fialho (Diretor Financeiro, responsvel

    pelo Patrimnio e Logstica da Operadora de celulares da OI; (Bairro Novo Cruzeiro); - Sr.

    Hadias Martins Teixeira e esposa (Bairro Iguau); - Sr. Mauro Raimundo e esposa (Bairro

    Cariru); - Sr. Milton Torres e Sr. Artur Teixeira Ervilha (Praa do Bairro das guas) e Sra.

    Cssia representante da Associao de Moradores de Bairro e esposo (Bairro Horto); - Sr.

    Andr Luiz Arajo e Sra. Viviane Macedo (Bairro Ideal). No me esquecerei das

    experincias trocadas, da simpatia e do carinho, ao me receberem nas visitas mensais, dos

    lanches, da curiosidade e da expectativa quanto aos resultados.

    Ao Sr. Walter Freitas de Moraes Jnior (Promotor de Justia de Defesa do Meio Ambiente

    de Ipatinga), por disponibilizar materiais e informaes sobre as estaes da Rede de

    Monitoramento Automtica de Ipatinga e o seu incentivo aos trabalhos acadmicos na

    regio do Vale do Ao.

    s pessoas que nos auxiliaram na contagem de carros no bairro Caula: Bruno Henrique,

    Maria Aparecida, Maria Alves, Jos Alves, Pmela, rica, Elan, Samantha, Romrio,

    Viviane Arajo, Josiany Gabriela, Karla e Daniela.

    Ao Prof. Dr. Andr Maurcio de Oliveira (Coordenador do Curso Tcnico em Qumica)

    por permitir o uso da estufa do laboratrio de qumica do Centro Federal de Educao

    Tecnolgica (CEFET/MG) em Timteo.

    Luana Dias Lacerda Guerra, Responsvel Tcnica pelo Laboratrio de Qumica,

    do Centro Federal de Educao Tecnolgica (CEFET-MG) pela convivncia agradvel e

    pela amizade.

    Aos pesquisadores, colegas e a Sandra Oliver, tcnica do Laboratrio de Pesquisa

    Ambiental (LPA) do UnilesteMG.

  • Ao Sr. Jos Augusto de Moraes, por dedicar sua vida ao resgate da histria de nossa

    cidade, A memria e trajetria de um povo.

    Secretaria de Estado de Educao de Minas Gerais (SEE/MG), pela autorizao especial

    para afastamento do meu servio para frequncia no curso de Mestrado em Engenharia

    Industrial. Na pessoa da Supervisora Maria Vanete Andr Sperber da Secretaria Regional

    de Educao, pelas orientaes e apoio ao projeto.

    Maria Geralda, Maria Glria Zanetti, Alexandre Chaves pela liberao das atividades

    profissionais em alguns perodos necessrios durante o curso, pela compreenso e

    incentivo.

    Aos colegas Marcus Mansur, Alice Arantes, Ana Flvia, Renata Gama, Raquel Ribeiro,

    Kvia Carolina, Felipe de Brito, Maria Jos, Yuji Miyabara, Profa. Dra. Cladia, Sabrina e

    Prof. Dr. Fabrcio pela amizade, convvio e experincias trocadas durante todo o curso.

    Karla Oliveira, Samara Mendes, Nariella, Flaviane Gomes, Glacia Emanuelly pelo

    auxlio na preparao do material vegetal para a digesto qumica.

    Marisa Gandra pela amizade, incentivo, sugestes e o apoio na troca dos moss bags.

    Josiany Gabriela pela verdadeira amizade e o apoio durante vrias etapas do

    biomonitoramento. A sua companhia fez destes dois anos uma agradvel experincia de

    crescimento profissional e pessoal. Estar sempre no meu corao e na memria.

    amiga Viviane Macedo, pelo carinho, cumplicidade, colaborao que foram fundamentais e

    reconheo que o seu apoio e estmulo foram imprescindveis na concluso deste projeto. ...

    mas h um amigo mais chegado do que um irmo. Provrbios 18:24.

    amiga rica Gonalves que, com certeza, foi uma das muitas pessoas despertadas por

    Deus para me auxiliar em vrias etapas durante esta minha trajetria.

    s bibliotecrias, Elizabeth Aparecida Lopes e Ilma Maria da Silva, pela ateno e

    disponibilidade em tirar as minha dvidas.

    Aos meus amados irmos da Igreja Crist Maranata (Cana III).

    A todas as pessoas que colaboraram para a realizao desta pesquisa, ajudando a

    conquistar mais maturidade e experincia acadmica, meus sinceros agradecimentos.

  • Porque desde a antiguidade no se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os

    olhos se viu um Deus alm de ti que

    trabalha para aquele que nele espera. Isaas 64:4

  • RESUMO

    Atualmente a indstria o setor mais relevante da economia ipatinguense. O

    desenvolvimento econmico acelerou a produo industrial, o crescimento populacional, o

    setor da construo civil e a demanda da frota de veculos, gerando a emisso de uma srie

    de poluentes atmosfricos que tm causado impactos negativos sobre o meio ambiente e a

    sade das pessoas. Os metais gerados em decorrncia das atividades antrpicas so nocivos

    sade mesmo em nveis muito baixos porque se encontram agregados em partculas em

    suspenso, compostos orgnicos ou na forma de vapor, os quais podem penetrar no trato

    respiratrio. No presente estudo, objetivou-se identificar e quantificar os metais presentes

    no ar do municpio de Ipatinga, Minas Gerais, atravs da tcnica de biomonitoramento

    ativo, moss bag, utilizando a espcie Sphagnum capillifolium. No perodo de Julho a

    Novembro de 2010, realizaram-se trs exposies mensais do biomonitor em quinze

    pontos amostrais distribudos pela rea em estudo, dividida em duas regies (norte e sul).

    As tcnicas de anlises utilizadas foram ICP-OES (Espectrometria de Emisso ptica com

    Plasma Acoplado Indutivamente) para medir o teor dos metais (Al, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe,

    In, Li, Mg, Mn, Ni, Pb, Sn, Sr, Tl e Zn) e MEV/EDS (Microscopia Eletrnica de Varredura

    (MEV)/Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios X) que detectaram a presena de

    outros metais (Ti, V e Hg), acrescentando mais informaes sobre a capacidade de soro

    de metais do musgo Sphagnum capillifolium. Os resultados mostraram maiores

    concentraes de metais na regio sul de Ipatinga, localizada na direo predominante dos

    ventos. Na concluso do trabalho, ficou evidenciado que, no municpio de Ipatinga, existe

    uma presena considervel de metais no ar, os quais podem estar mais associados s fontes

    antropognicas do que s fontes naturais.

    Palavras chaves: Poluio Atmosfrica. Biomonitoramento Ativo. Sphagnum capillifolium.

    Metais.

  • ABSTRACT

    Currently the industry is the most important sector of the ipatinguense economy. The

    economic growth sped up the industrial production, the population growth, the civil

    construction sector and the demand of the fleet of vehicles, generating the emission of a

    series of atmospheric pollutants that have caused negative impacts on the environment and

    peoples health. The generated metals in result of the of human activities are harmful to

    health even in very low levels because they are found aggregated in particles in

    suspension, organic composites or in the vapor form, which can penetrate in the respiratory

    treatment. The present study was objectified in identifying and quantifying present metals

    in the air of Ipatinga city, Minas Gerais, through the technique of active biomonitoring,

    moss bag, using the Sphagnum capillifolium species. In the period from July to November

    of 2010, three monthly expositions of the biomonitor in fifteen points had been fulfilled

    show distributed by the area in study, divided in two regions (north and south). The

    techniques of used analyses had been ICP-OES (Inductively Coupled Plasma Optical

    Emission Spectrometry) to measure the text of metals (Al, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, In, Li,

    Mg, Mn, Ni, Pb, Sn, Sr, Tl and Zn) and MEV/EDS (Scanning Electron Microscopy (SEM)

    / Dispersive Energy Spectroscopy X-ray) that detected the presence of other metals (Ti, V

    and Hg), adding more information on the capacity of sorption of metals of Sphagnum

    capillifolium moss . The results had shown bigger metal concentrations in the south region

    of Ipatinga city, located in the predominant direction of the winds. In the conclusion of the

    work it was evidenced that in Ipatinga city there is a considerable metal presence in the

    air, which can be more associated to anthropogenic sources than to natural sources.

    Keywords: Air Pollution. Active biomonitoring. Sphagnum capillifolium. Metals.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Frota de veculos e crescimento populacional de Ipatinga. .............................. 26

    Figura 2 - Estratificao trmica da Atmosfera .................................................................. 28

    Figura 3 - Faixas tpicas para vrios tamanhos de partculas. ........................................... 30

    Figura 4 - Poluio do ar, fontes, transporte, transformaes, remoo e efeitos. ........... 31

    Figura 5 - Sphagnum capillifolium ........................................................................................ 67

    Figura 6 - Estratificao do relevo no municpio de Ipatinga/MG. ................................... 71

    Figura 7 - Localizao dos pontos e das regies norte e sul do biomonitoramento moss

    bag no municpio de Ipatinga - MG. ..................................................................................... 73

    Figura 8 - Temperaturas mdias, mximas e mnimas e precipitao pluviomtrica

    durante a no perodo de amostragem de bimonitoramento moss bag em Ipatinga/MG,

    2010. ......................................................................................................................................... 74

    Figura 9 - Mdias aritmticas dirias da umidade relativa do ar e temperatura no

    perodo de amostragem de bimonitoramento moss bag em Ipatinga/MG, 2010. ............. 75

    Figura 10 - Direo e velocidade de vento (m.s-1

    ) nos meses de amostragem (a) agosto,

    (b) setembro, (c) outubro e (d) novembro, ........................................................................... 76

    Figura 11 - Ortofoto da Ilha de Canania com a localizao das reas de coleta das

    brifitas mapeadas no estudo de Sheila Rancura. ............................................................... 81

    Figura 12 - Imagem TM Landsat 5 com a localizao das reas de coleta das brifitas

    mapeadas no estudo de Sheila Rancura. .............................................................................. 82

    Figura 13 - Exemplos do gnero Sphagnum, conhecido popularmente como veludo. . 83

    Figura 14 - Etapas da atividade de coleta das Brifitas: (a) secagem, (b) limpeza, (c)

    acondicionamento nas embalagens (d, e), (f) resduo aps a limpeza do Sphagnum. ....... 84

    Figura 15 - a) Modelo do suporte estao de medio moss bag P15 (BR), ................... 85

    Figura 16 - Etapas da preparao das amostras de moss bag: (a) triagem, (b)

    padronizao, (c) e (d) hidratao......................................................................................... 88

    Figura 17- (a) Retirada e troca dos moss bags no Ponto P04 (CA), (b) identificao e

    forma de transporte. ............................................................................................................... 89

    Figura 18 - Estufa usada na secagem dos musgos aps exposio moss bag ..................... 90

    Figura 19 - Etapas da digesto qumica: (a) pesagem, (b) soluo cida, (c) autoclave, . 92

    Figura 20 - (a) Sphagnum capillifolium nos stubs de alumnio (b) MEV Quanta 200

    FEG (FEI Company, Holanda) (c) imagens combinadas com microanlise EDS. ........... 96

  • Figura 21- Concentrao de acumulao (g.g-1) dos elementos: Al, Ca, Cd, Co nos

    perodos SECO e CHUVOSO no municpio de Ipatinga/MG, em 2010. ......................... 101

    Figura 22- Concentrao de acumulao (g.g-1) dos elementos: Cr, Co, Fe, In nos

    perodos SECO e CHUVOSO no municpio de Ipatinga/MG, em 2010. ......................... 102

    Figura 23 - Concentrao de acumulao (g.g-1) dos elementos: Li, Mg, Mn, Ni nos

    perodos SECO e CHUVOSO no municpio de Ipatinga/MG, em 2010. ......................... 103

    Figura 24 - Concentrao de acumulao (g.g-1) dos elementos: Pb, Sn, Sr, Tl, Zn

    nos perodos SECO e CHUVOSO no municpio de Ipatinga/MG, em 2010. .................. 104

    Figura 25 - Ocorrncia de diferena significativa (Teste de Wilcoxon) dos elementos

    qumicos entre os pontos de biomonitoramento e suas respectivas concentraes

    mdias (g.g-1): Al (a, b), Ca (c, d) , Cd (e, f). .................................................................... 107

    Figura 26 - Ocorrncia de diferena significativa (Teste de Wilcoxon) dos elementos

    qumicos entre os pontos de biomonitoramento e suas respectivas concentraes

    mdias (g.g-1): Co (a, b), Cu (c, d), Fe (e, f). ..................................................................... 108

    Figura 27 - Ocorrncia de diferena significativa (Teste de Wilcoxon) dos elementos

    qumicos entre os pontos de biomonitoramento e suas respectivas concentraes

    mdias (g.g-1): Sr (a, b), Mn (c, d), Zn (e, f). .................................................................... 109

    Figura 28 - Fotomicrografias do Sphagnum capillifolium, exposto por 36 dias

    (setembro/outubro) no ponto 06 (VN) na escala de (a) 200m, (b) 20m, (c) 10m e

    (d) elementos qumicos identificados. ................................................................................. 121

    Figura 29- Fotomicrografias d Sphagnum capillifolium nos pontos de

    biomonitoramento da regio norte (a,b) PC, (c, d) 01/BE. ............................................... 122

    Figura 30 - Fotomicrografias de Sphagnum capillifolium nos pontos de

    biomonitoramento da regio norte (a, b) 08/BJ, (c, d) 04/CA. ......................................... 123

    Figura 31 - Fotomicrografias de Sphagnum capillifolium nos pontos de

    biomonitoramento da regio norte (a, b) 03/CN e (c, d) 02/LI. ........................................ 124

    Figura 32 - Fotomicrografias de Sphagnum capillifolium nos pontos de

    biomonitoramento da regio sul (a,b) 10/CE, (c,d) 09/NC................................................ 125

    Figura 33 - Fotomicrografias de Sphagnum capillifolium nos pontos de

    biomonitoramento da regio sul (a,b) 12/CR e (c,d)15/BR. .............................................. 126

    Figura 34 - Dados metereolgicos da regio em estudo nos meses de (a) Julho,

    (b)Agosto, (c)Setembro, (d) Outubro e (e) Novembro,2010. ............................................. 149

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Nveis Mnimos de Risco (MRLs) ........................................................................ 58

    Tabela 2 - Limites mximos de concentraes de contaminantes no ar. ........................... 59

    Tabela 3 - Perodos em dias das exposies moss bag em Ipatinga, MG, 2010. ................ 86

    Tabela 4 - Resultados obtidos dos parmetros medidos na gua utilizada para

    hidratao do Sphagnum para os trs perodos de exposio moss bag ............................ 88

    Tabela 5 - Parmetros experimentais do ICPE 9000 SHIMADZU ................................... 95

    Tabela 6 - Concentrao de acumulao (g.g-1) dos elementos qumicos nos perodos

    SECO e CHUVOSO no municpio de Ipatinga/MG, em 2010. ........................................ 100

    Tabela 7 - Concentrao mdia de acumulao (g.g-1) ................................................... 105

    Tabela 8 - Coeficiente de Correlao de Spearman () entre as concentraes dos

    metais nas amostras vegetais, em Ipatinga/MG, 2010. ...................................................... 119

    Tabela 9 - Concentraes mdias (g.g-1) dos metais identificados por ICP-OES, no

    perodo SECO em Ipatinga/MG, em 2010.......................................................................... 145

    Tabela 10 - Concentraes mdias em g.g-1 dos metais identificados por ICP-OES,

    no perodo CHUVOSO em Ipatinga/MG, em 2010. .......................................................... 146

    Tabela 11 - Concentraes mdias em g.g-1 dos metais identificados por ICP-OES,

    no municpio de Ipatinga/MG, em 2010. ............................................................................ 147

    Tabela 12 - Ocorrncia de diferena significativa em relao altura entre os metais

    no municpio de Ipatinga/MG, 2010. .................................................................................. 148

    Tabela 13 - Emisses atmosfricas das vias de trfego urbanas e empresas de Ipatinga

    (RTC08045) ........................................................................................................................... 150

    Tabela 14 - Emisses atmosfricas por rea/processo industrial da USIMINAS

    (RTC08045) ........................................................................................................................... 151

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1- Componentes das cinzas em amostras de carvo mineral ............................... 33

    Quadro 2 - Emisso de metais por veculos automotores ................................................... 34

    Quadro 3 - Ligas de cobalto, composio e utilizao industrial ....................................... 39

    Quadro 4 - Funo txica e biolgica de elementos traos importantes ........................... 55

    Quadro 5 - Fontes e caractersticas dos principais poluentes na atmosfera. .................... 56

    Quadro 6 - Classificao das plantas bioindicadoras .......................................................... 62

    Quadro 7 - Biomonitoramento ativo com Sphagnum em vrios pases. ............................ 63

    Quadro 8 - Posio taxonmica do biomonitor ................................................................... 67

    Quadro 9 - Regies do Biomonitoramento moss bag, em Ipatinga/MG, 2010. ................. 72

    Quadro 10 - Caracterizao dos pontos (01-05) de biomonitoramento moss bag

    Ipatinga MG, 2010. .............................................................................................................. 77

    Quadro 11 - Caracterizao dos pontos (06- 10) de biomonitoramento moss bag,

    Ipatinga MG, 2010. .............................................................................................................. 78

    Quadro 12 - Caracterizao dos pontos (11 - 15) de biomonitoramento moss bag,

    Ipatinga MG, 2010. .............................................................................................................. 79

    Quadro 13 - Ocorrncia de diferena significativa em relao altura ........................... 98

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ATSDR- Agency for Toxic Substances and Disease Registry

    CEFET- Centro Federal de Educao Tecnolgica

    CENIBRA - Celulose Nipo Brasileira

    CETESB- Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Bsico e de Controle de

    Poluio das guas (SP)

    CONAMA- Conselho Nacional do Meio Ambiente (Brasil)

    DEMAQ- Departamento de Meio Ambiente e Qualidade

    DENATRAN - Departamento Nacional de Trnsito

    IARC- International Agency for Research on Cancer

    IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis

    IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    ICP-OES Inductively Coupled Plasma Optical Emission Spectrometry

    INMET- Instituto Nacional de Meteorologia

    INPE- Instituto de Pesquisas Espaciais

    LPA Laboratrio de Pesquisas Ambientais do Unileste/MG

    MEV Microscpio Eletrnico de Varredura

    MP- Material Particulado

    MRL- Minimal Risk Level

    OSHA- Occupational Safety and Health Administration

    PI- Partculas Inalveis

    PTS- Partculas Totais em Suspenso

    RAMQAM- Rede Automtica de Monitoramento da Qualidade do Ar e Meteorologia

    RMVA - Regio Metropolitana do Vale do Ao

    SESUMA- Secretaria de Servios Urbanos de Ipatinga.

    SINDA- Sistema Nacional de Dados Ambientais

    USEPA- United States Environmental Protection Agency

    USIMINAS- Usina Siderrgica de Minas Gerais

    WHO- World Health Organization

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ................................................................................................. 20

    2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 22

    2.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 22

    2.2 Objetivos especficos .......................................................................................... 22

    3 REVISO BIBLIOGRFICA ......................................................................... 23

    3.1 Breve panorama histrico de Ipatinga ............................................................ 23

    3.2 Poluio do ar .................................................................................................... 27

    3.2.1 Fontes de poluio do ar, os principais poluentes e seus efeitos. ...................... 29

    3.2.2 A problemtica dos metais na atmosfera ............................................................ 32

    3.2.3 Os elementos qumicos essenciais que constituem o tecido vegetal ................... 54

    3.2.4 Qualidade do Ar ................................................................................................... 54

    3.3 Monitoramento Ambiental ............................................................................... 60

    3.3.1 Biomonitoramento do ar ..................................................................................... 61

    3.3.2 Biomonitoramento passivo e ativo ...................................................................... 63

    3.4 Princpio do Mtodo moss bag .......................................................................... 64

    3.4.1 Consideraes sobre o biomonitor ...................................................................... 66

    3.4.2 Entrada de poluentes no Sphagnum ................................................................... 68

    3.4.3 Vantagens do uso dos musgos como bioindicadores .......................................... 69

    4 MATERIAIS E MTODOS ............................................................................. 70

    4.1 rea de estudo .................................................................................................... 70

    4.2 Condies Meteorolgicas ................................................................................. 74

    4.3 Caracterizao dos pontos de biomonitoramento .......................................... 75

    4.4 Biomonitor a coleta, preparo e exposio ..................................................... 80

    4.4.1 Forma de Obteno do biomonitor ativo Sphagnum capillifolium ................... 80

    4.4.2 Caracterizao da cidade de Canania, So Paulo ............................................ 82

    4.4.3 A extrao do musgo Sphagnum ........................................................................ 84

    4.4.4 Fixao das estaes de biomonitoramento moss bag ....................................... 85

    4.4.5 Perodos de exposies do biomonitoramento moss bag .................................... 86

    4.4.6 Metodologia de preparo das amostras para a exposio moss bag ................... 87

    4.4.7 Metodologia de retirada e troca dos bags ........................................................... 89

    4.5 Metodologia da digesto qumica do tecido vegetal ....................................... 89

    4.5.1 Preparo das amostras .......................................................................................... 90

    4.5.2 Anlise qumica para o ICP-OES ....................................................................... 91

    4.5.3 O uso da autoclave na digesto qumica do material vegetal ............................ 91

    4.6 Procedimentos Analticos .................................................................................. 93

    4.6.1 Espectrometria de emisso ptica em plasma com acoplamento indutivo ........ 93

    4.6.2 Microscpio Eletrnico de Varredura ................................................................ 95

    4.7 Anlises estatsticas ........................................................................................... 97

  • 5 RESULTADOS E DISCUSSO ...................................................................... 98

    5.1 Altura de exposio entre as amostras ............................................................ 98

    5.2 Perodo seco e chuvoso no municpio de Ipatinga/MG .................................. 99

    5.3 Os metais e os locais de biomonitoramento ................................................... 105

    5.3.1 Alumnio ............................................................................................................. 110

    5.3.1 Clcio ................................................................................................................. 110

    5.3.2 Cdmio ............................................................................................................... 111

    5.3.3 Cobalto ............................................................................................................... 112

    5.3.4 Cobre .................................................................................................................. 113

    5.3.5 Ferro ................................................................................................................... 114

    5.3.6 Mangans ........................................................................................................... 115

    5.3.7 Estrncio ............................................................................................................ 116

    5.3.8 Zinco ................................................................................................................... 117

    5.4 Correlao de Spearman () ........................................................................... 118

    5.5 Fotomicrografias do Sphagnum Capillifolium .............................................. 121

    6 CONCLUSES E RECOMENDAES ..................................................... 129

    6.1 Concluses ........................................................................................................ 129

    6.2 Recomendaes ................................................................................................ 131

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .......................................................................... 133

    APNDICE ...................................................................................................................... 145

    ANEXOS .......................................................................................................................... 150

  • 20

    1 INTRODUO

    Atualmente a poluio atmosfrica no ambiente urbano industrial constitui um

    problema que tem se agravado cada vez mais. Ocasionado, principalmente, pela queima de

    combustveis fsseis e descargas industriais, seus efeitos se caracterizam tanto pela

    alterao de condies consideradas normais como pelo aumento de problemas j

    existentes.

    O crescimento econmico do municpio de Ipatinga-MG nas ltimas dcadas

    acarretou uma exploso demogrfica, um crescimento da produo industrial e da frota de

    veculos, o que tem gerado uma srie de impactos negativos decorrentes das emisses de

    poluentes atmosfricos prejudiciais sade das populaes e ao meio ambiente.

    Os metais gerados por essas atividades antrpicas so nocivos sade mesmo

    em quantidades muito pequenas, pois se encontram agregados s partculas em suspenso,

    compostos orgnicos ou na forma de vapor e sofrem disperso com os ventos, atingindo

    reas onde a gerao desses poluentes muito baixa.

    O ar atmosfrico um sistema dinmico, com seus constituintes gasosos

    interligados com a hidrosfera, litosfera e biosfera. Portanto, se h degradao do mesmo,

    percebe-se o comprometimento dos processos fotossintticos atravs da diminuio da

    intensidade da luz, prejudicando a vegetao terrestre e aqutica. H alteraes nos ciclos

    do nitrognio, oxignio e carbono ocasionando mudanas climticas. A gua e o solo

    mostram-se afetados, prejudicando a sade dos homens e dos animais.

    Pode-se estimar o risco de uma populao exposta s substncias txicas por

    intermdio dos programas de monitoramento. As concentraes de poluentes podem ser

    podem ser determinadas por diversos mtodos de anlises ou por mtodos alternativos de

    bioindicao ou bioacumulao. A tcnica de bioacumulao presta-se quantificao da

    distribuio de cargas atmosfricas no espao e no tempo. Neste grupo de mtodos, usam-

    se organismos naturais para a acumulao de substncias do meio em anlise. Por meio de

    anlises qumicas, determinam-se as concentraes das substncias especficas de

    interesse.

    O biomonitoramento pode ser passivo quando as espcies j se encontram no

    ecossistema em estudo, ou ativo quando os indicadores biolgicos so introduzidos no

    ecossistema na forma padronizada. A vegetao um indicador muito eficaz do impacto da

    poluio atmosfrica devido capacidade de acumular poluentes em nveis muito mais

    elevados do que os nveis presentes no ar.

  • 21

    Atravs do biomonitoramento possvel quantificar a concentrao dos

    elementos qumicos presentes na atmosfera de Ipatinga por intermdio da medio dos

    mesmos quando acumulados pela deposio seca e mida, bem como identificar sua

    distribuio no espao e no tempo para fornecer uma prova segura da dimenso e

    distribuio da contaminao ambiental nessa regio.

    O presente trabalho refere-se ao biomonitoramento ativo moss bag da

    qualidade do ar de Ipatinga MG, utilizando Sphagnum capillifolium, um musgo

    mundialmente reconhecido pela sua capacidade de acumular metais. Com exposies

    mensais moss bag do Sphagnum capillifolium (Julho a Novembro de 2010), as anlises do

    material vegetal ocorreram atravs das tcnicas ICP-OES (Espectrometria de Emisso

    ptica com Plasma Acoplado Indutivamente) para a determinao do teor dos metais, e do

    MEV/EDS (Microscpio Eletrnico de Varredura/ Espectroscopia de Energia Dispersa de

    raios-X) para acrescentar informaes sobre a forma e a eficincia da acumulao dos

    poluentes no musgo.

  • 22

    2 OBJETIVOS

    2.1 Objetivo geral

    Determinar os teores de poluentes no ar do municpio de Ipatinga, Minas

    Gerais, utilizando o mtodo de biomonitoramento ativo (moss bag) atravs do musgo

    Sphagnum capillifolium em quinze pontos diferentes da cidade.

    2.2 Objetivos especficos

    Na utilizao do mtodo moss bag, com Sphagnum capillifolium, objetivou-se

    analisar a capacidade de acumulao dos metais no musgo;

    relacionar os metais encontrados com as principais fontes de emisses industriais e/ou

    veiculares que impactam os locais monitorados do municpio de Ipatinga (MG) .

  • 23

    3 REVISO BIBLIOGRFICA

    3.1 Breve panorama histrico de Ipatinga

    As informaes histricas contidas nesta seo foram baseadas na Coleo

    Ipatinga Cidade Jardim, de Jos Augusto de Moraes (MORAES, 2009).

    O municpio de Ipatinga composto por sua Sede e pelo distrito de Barra

    Alegre, estando localizado na Bacia Hidrogrfica do Rio Doce, na Regio Metropolitana

    do Vale do Ao a Leste do Estado de Minas Gerais.

    Os povoados de Barra Alegre e Ipatinga pertenceram a quatro outros

    municpios: Itabira, Ferros, Antnio Dias e Coronel Fabriciano. Os primeiros habitantes da

    regio foram os ndios botocudos, assim chamados por causa dos adornos de madeira

    (botoque ou batoque) em forma arredondada, que usavam abaixo do lbio inferior e nos

    lbulos das orelhas. Os botocudos pertenciam nao J, a mesma famlia dos Aimors,

    Maxacalis, Krenaks, Patachs, Nanukes etc.

    Barra Alegre (gua Limpa) originou-se de cinquenta alqueires de terra que o

    arcebispo de Mariana doou s famlias daquela regio. Em 1920, na regio havia umas

    vinte casas, uma escola e uma igreja e somente, em 1964, que Barra Alegre foi incorporada

    a Ipatinga, na qualidade de distrito.

    A verso tradicional relata que o nome de Ipatinga nasceu de um arranjo

    formado por uma aglutinao de palavras, aproveitando os radicais Ipa (de Ipanema) e

    tinga (de Caratinga), de acordo com a verso do Engenheiro Pedro Nolasco. Entretanto,

    segundo os estudos lingusticos, a palavra Ipatinga tem legtima formao tupi e significa

    Pouso de gua Limpa (I + PA+ TINGA).

    Ipatinga era o nome de uma pequena estao intermediria, que ligava Itabira a

    Vitria, inaugurada em 1922, e instalada s margens do Rio Piracicaba entre os atuais

    bairros Cariru e Castelo. Em 1930, esse trajeto foi mudado para mais perto do povoado,

    onde hoje a Estao Memria.

    As sucessivas tentativas fracassadas das primeiras expedies portuguesas para

    a extrao de riquezas minerais na Regio do Vale do Rio Doce so fatos que podem

    contribuir para explicar a ocupao tardia e o recente surgimento da povoao no local que

    deu origem cidade de Ipatinga. As causas principais podem ter sido as doenas, os

    Botocudos e a dificuldade em encontrar ouro e pedras preciosas.

  • 24

    Declarada a guerra contra os proprietrios naturais da Terra, D. Joo VI

    autoriza a dizimao dos ndios atravs da assinatura da carta Rgia, em 13 de maio de

    1808, instituindo a Guerra Justa, iniciando ento um novo vaticnio sobre o Vazio Verde.

    O processo de imigrao na regio efetivou-se nesse perodo, incio do sculo

    XIX, com a vinda de Guido Thomas Marlire que instalaria os quartis militares que

    serviam de cobertura aos colonos.

    Em 1930, ocorreu o primeiro desmatamento da regio, quando Jos Fabrcio

    Gomes apossou-se de uma rea de terra em matas virgens, para fazer uma plantao e ficar

    mais perto da estrada de ferro. Decorridos dois anos, cedeu a posse para Jos Cndido de

    Meira, que instalaria um grande servio de extrao de madeira. Mais tarde, passam-se

    essas terras ao Sr. Alberto Giovanini.

    Para aumentar a sua produo de carvo vegetal, que iria abastecer as usinas de

    Joo Monlevade e Sabar, a Companhia Belgo Mineira adquiriu, em1934, a rea de terra

    que continha grandes matas do Sr. Alberto Giovanini e foi iniciada a produo de carvo,

    com grande nmero de operrios.

    Com a montagem das carvoarias que alimentavam as siderurgias, que se

    instalavam no Vale do Piracicaba, o lugarejo comeou a crescer. Em 12 de dezembro de

    1953, Ipatinga passou a ser distrito do municpio de Coronel Fabriciano sendo traada, no

    ano seguinte, a sua delimitao urbana e suburbana.

    O grande desenvolvimento da regio comeou na dcada de 50, com o incio

    das obras de construo da Usina Siderrgica de Minas Gerais S/A, a USIMINAS, que

    seria inaugurada em 26 de outubro de 1962.

    Quando comearam as obras de construo da USIMINAS, Ipatinga era um

    pequeno vilarejo com cerca de 300 habitantes, sem nenhuma infraestrutura urbana

    adequada. Para suprir a falta de mo-de-obra, cerca de 10.000 pessoas migraram para a

    regio para trabalhar na construo da siderrgica (BRANDT, 2005 apud PULINO, 2006).

    Com o crescimento muito rpido do distrito, seus lderes comunitrios

    comearam a reivindicar do governo estadual a emancipao e, aps muito esforo e

    diversas idas e vindas capital do Estado, Ipatinga foi emancipada, exatamente a 29 de

    abril de 1964.

    O Engenheiro Rafael Hardy desenvolveu o plano de urbanizao para garantir

    a expanso do ncleo urbano e assegurar a oferta de servios de sade, educao, lazer,

    transportes e comunicao. Exprimindo um conceito urbanstico de cidade aberta, para um

    movimento constante de pessoas, quando o dinamismo da indstria siderrgica inseria a

  • 25

    aldeia no mundo e vice-versa. Em 1970, j haviam sido construdas trs mil duzentas e

    setenta e duas moradias.

    O projeto Hardy tambm estabelecia um Centro Comunal destinado s

    atividades diversificadas como comrcio, hotis e penses destinados aos funcionrios e

    operrios solteiros e populao de flutuantes como compradores, vendedores e visitantes.

    Foi exatamente no entorno e a partir deste Centro Comunal, o atual centro,

    cortado pela Avenida 28 de abril, antiga Rua do Comrcio, que a cidade comeou a crescer

    desordenadamente e sem qualquer planejamento, num contraste ao planejamento e

    programa urbanisticamente inicial.

    Com as obras de expanso da USIMINAS na dcada de 70, Ipatinga

    experimenta um novo estgio de desenvolvimento scio-econmico chegando a quase 50

    mil habitantes (BRANDT, 2005 apud PULINO, 2006).

    A partir da rea central, surgem, em Ipatinga, vrios empreendimentos

    imobilirios e loteamentos que se expandem em direo ao seu ncleo original, o distrito

    de Barra Alegre. Alm de novos ncleos habitacionais, conformam-se novos centros de

    compras, diversificando as atividades econmicas sociais. Em 1975, o municpio de

    Ipatinga elaborou seu plano diretor para o sistema virio urbano.

    Na dcada de 80, Ipatinga totaliza uma populao de 150.322 mil habitantes.

    Com o aumento do nmero de veculos e as prprias necessidades impostas pelo

    desenvolvimento econmico, como o escoamento da produo, exigem-se melhorias no

    sistema virio e uma redefinio da malha de transporte.

    A populao economicamente ativa de Ipatinga est vinculada principalmente

    indstria e ao comrcio. A maior parte da arrecadao municipal provm das atividades

    industriais. O setor de servios tambm importante para a economia local, que vem

    buscando alternativas para diminuir a dependncia da indstria (MADEIRA, 2004).

    De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica -IBGE (2011), a

    populao atual estimada em 241539 habitantes. O bairro de maior extenso territorial

    o Ipaneminha, com 50,4 km, seguido por Tribuna, com 29,2 km, e Pedra Branca, com

    13,4 km. Dos 35 bairros oficiais que constituem o municpio, o mais populoso o bairro

    Cana com 28.510 habitantes, seguido por Betnia, com 27.970, e Veneza, com 20.785

    (TANCREDO, 2011).

    O municpio possui fcil acesso s principais rodovias do pas, atravs da BR

    458, BR 381 e BR 116, que do acesso a Belo Horizonte, ao Esprito Santo, Rio de Janeiro

  • 26

    e a estados do nordeste brasileiro, um dos fatores favorveis ao constante crescimento de

    Ipatinga.

    A expanso das cidades brasileiras ocorrida principalmente, a partir da dcada

    de 70, tem colocado em risco a qualidade de vida da populao e do meio ambiente, uma

    vez que se deu sem um adequado planejamento urbano e ambiental. Em Ipatinga, os

    principais fatores podem ser traduzidos pelo aumento da produo industrial, crescimento

    da frota de veculos, uma intensificao no setor habitacional contribuindo para o aumento

    da gerao de resduos de construo civil (TANCREDO, 2009; FREITAS, 2009).

    Comparando a populao atual com dados de 2000, constata-se um crescimento

    de 13,67%, enquanto a frota de veculos aumentou 105,22%. Os dados do crescimento

    populacional experimentado por Ipatinga, nos ltimos anos, e o crescimento da frota de

    veculos so mostrados, na FIG. 1, de acordo com dados do Departamento Nacional de

    Trnsito- DENATRAN, BRASIL (2012) e do IBGE (2011).

    Figura 1 - Frota de veculos e crescimento populacional de Ipatinga.

    Fonte: Autora, 2012.

    Segundo Arajo (2011), Ipatinga atualmente passa por um processo de

    diversificao econmica, com a implantao de um distrito industrial que vem

    estimulando o empreendedorismo e a abertura de novas e diferentes plantas industriais.

    0

    50000

    100000

    150000

    200000

    250000

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Cre

    scim

    ento

    An

    ual

    Ano

    Frota de veculos Populao

  • 27

    Para Moraes (2009), o municpio sobressai-se como a cidade polo de uma

    regio em pleno desenvolvimento, sendo respeitada nacional e internacionalmente pela sua

    histria e pelo que representa hoje. A histria do municpio de Ipatinga confunde-se com

    a construo de uma empresa siderrgica.

    Como um exemplo tpico de localidade que, ao se desenvolver ao redor de um

    empreendimento industrial de grande porte, Ipatinga trouxe consigo um registro histrico

    de reclamaes da populao em relao poluio atmosfrica, sobretudo nos bairros

    vizinhos Usina (BRANDT, 2005 apud PULINO, 2006).

    3.2 Poluio do ar

    Segundo Tolentino et al. (2004), a atmosfera est entre os fatores fundamentais

    tanto para o surgimento quanto para a manuteno da vida no planeta, pois, ao envolver a

    Terra, ela cria as condies de temperatura que viabilizam a vida. Um sistema altamente

    dinmico, com seus constituintes gasosos constantemente interligados com a vegetao, os

    oceanos e os organismos vivos. um verdadeiro reservatrio de elementos essenciais aos

    processos biolgicos ligados vida na Terra, um manto trmico e protetor.

    A FIG. 2 ilustra a estrutura da atmosfera, mostrando aproximadamente as

    altitudes e espessuras dessas regies.

    Os limites inferiores da atmosfera encontram-se na superfcie da crosta

    terrestre e na superfcie dos oceanos. A classificao das regies baseada em suas

    propriedades fsico-qumicas e altitudes. A variao da temperatura , em geral, o critrio

    adotado pelos geofsicos para definir as diversas regies da atmosfera, sendo o mais

    adequado do ponto de vista ambiental (TOLENTINO et al., 2004; BRAGA et al., 2007).

    O perfil de temperatura que caracteriza a atmosfera resultado da

    estratificao dos gases que se encontram presentes em cada camada, da incidncia de

    radiao solar no planeta e da disperso dessa radiao de volta para o espao

    (BRAGA et al., 2007).

    Na troposfera, desenvolvem-se todos os processos climticos que regem a vida

    na Terra e onde ocorre a maioria dos fenmenos relacionados poluio do ar. Na

    estratosfera, ocorrem as reaes importantes para o desenvolvimento das espcies vivas do

    planeta, em razo da presena do oznio (BRAGA et al., 2007).

  • 28

    Figura 2 - Estratificao trmica da Atmosfera

    Fonte: Braga et al. , 2007.

    Para Tolentino et al. (2004), uma vez que as condies do manto gasoso, que

    envolve o planeta, sofrem alteraes conforme a altitude, h a composio da atmosfera

    pode variar bastante. O problema complica-se ainda mais quando se leva em conta a

    entrada para a atmosfera de componentes estranhos, provenientes de atividades naturais

    do nosso planeta ou resultantes de processos vitais ou tecnolgicos implantados na

    superfcie.

    Quando o meio ambiente sofre alteraes que podem causar prejuzos aos seres

    vivos, considera-se que ele est poludo. Segundo o Conselho Nacional de Meio Ambiente

    (CONAMA), poluente atmosfrico qualquer forma de matria ou energia com

    intensidade e em quantidade, concentrao, tempo ou caractersticas em desacordo com os

    nveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar imprprio, nocivo ou ofensivo

    sade; inconveniente ao bem-estar pblico; danoso aos materiais, fauna e flora,

    prejudicial segurana, ao uso e gozo da propriedade e s atividades normais da

    comunidade (CONAMA, 1999).

  • 29

    3.2.1 Fontes de poluio do ar, os principais poluentes e seus efeitos.

    As fontes antropognicas possuem mais poluentes associados do que as fontes

    naturais. Os poluentes atmosfricos, com relao a sua origem, so classificados em

    primrios e secundrios. Poluentes primrios so aqueles emitidos diretamente pelas fontes

    de emisso e os secundrios so aqueles formados na atmosfera atravs da reao qumica

    entre poluentes e/ou constituintes naturais na atmosfera (CETESB, 2012d).

    As concentraes dos poluentes dependem do clima, da topografia, da

    densidade populacional, do nvel e do tipo de atividades das indstrias locais

    (BRAGA et al., 2007).

    Para Phillipi Jnior e Pellicioni (2005), durante o transporte dos poluentes,

    pode haver disperso, deposio seca ou mida. E eles ainda podem sofrer reaes

    qumicas, passar por aes fotoqumicas ou transformaes nas nuvens (descargas

    eltricas), gerando poluentes secundrios. Os poluentes atmosfricos em forma de matria

    so classificados em funo do estado fsico em material particulado e gases:

    o material particulado pode ser classificado, segundo o mtodo de

    formao em POEIRAS (poeira de cimento, poeira de amianto, poeira de algodo, poeira

    de rua), FUMOS (fumos de chumbo, fumos de zinco, fumos de alumnio, fumos de cloreto

    de amnio), FUMAA (partculas de combusto de combustveis fsseis) e NVOAS que

    so as partculas lquidas.

    os gases so poluentes na forma molecular, sendo gases permanentes

    (o dixido de enxofre, o monxido de carbono, o oznio, os xidos nitrosos)

    ou na forma transitria de vapor, como os orgnicos em geral.

    O material particulado o grupo de substncias finas de slidos ou lquidos

    que se encontram suspensas no ar, sendo que numa dada massa de ar no so todas do

    mesmo tamanho ou forma, no apresentando a mesma composio qumica

    (BAIRD, 2007).

    As partculas em suspenso, dependendo do dimetro mdio, causam

    perturbao porque permanecem por longos perodos na atmosfera antes de serem

    removidas por mecanismos de depurao e por apresentarem espcies qumicas txicas em

    sua superfcie, como metais e diversos compostos orgnicos (MAGALHES et al.,2010) .

    Muitos dos efeitos sobre a sade humana so decorrentes da inalao de

    material particulado de diferentes tamanhos contendo metais em sua composio.

    Alm do tamanho das partculas, as concentraes dos metais nas mesmas, suas

  • 30

    caractersticas fsico-qumicas, solubilidade nos fluidos biolgicos, o tempo total da

    exposio humana e o estado de sade da populao influenciam no efeito das partculas

    suspensas no ar, consequentemente, na qualidade de vida numa regio.

    Esses efeitos da poluio atmosfrica sobre a sade humana vm sendo estudados pelos

    especialistas da rea de Sade Pblica, com diversas publicaes sobre o assunto

    (MAGALHES et al.,2010; DUCHIADE, 1992).

    As faixas de tamanho para os tipos de partculas mais comuns do material

    particulado esto ilustradas na FIG. 3.

    Figura 3 - Faixas tpicas para vrios tamanhos de partculas.

    Fonte: BAIRD, 2007.

    Os metais fazem parte do grupo dos poluentes persistentes. Os poluentes

    persistentes no so alterados pela ao de luz, gua, ar ou microrganismos, durante

    perodos longos de tempo. Os metais so lanados atmosfera por processos naturais como

    eroso natural de minerais ou por atividades antrpicas (BAIRD, 2007).

    Os metais encontram-se agregados ao material particulado, compostos

    orgnicos ou na forma de vapor (Ex. Hg) e sofrem disperso com os ventos atingindo reas

    onde a gerao desses poluentes muito baixa. Isso provoca o repasse dos mesmos por

  • 31

    deposio seca ou pela precipitao com a chuva aos demais compartimentos abiticos e

    cadeia trfica (PROCHNOW, 2005).

    Os metais so os elementos qumicos mais estudados do ponto de vista

    toxicolgico, pois reagem com ligantes difusores, com macromolculas e com ligantes

    presentes em membranas o que, muitas vezes, lhes conferem as propriedades de

    bioacumulao, biomagnificao na cadeia trfica, persistncia no ambiente e distrbios

    nos processos metablicos dos seres vivos (TAVARES, 1992).

    As bioacumulaes e biomagnificaes se encarregam de transformar

    concentraes consideradas normais em concentraes txicas para diferentes espcies da

    biota e para o homem. A persistncia garante efeitos ao longo do tempo ou de longo prazo,

    mesmo depois de interrompidas as emisses (TAVARES, 1992).

    As interaes entre as fontes e os processos atmosfricos de transporte,

    remoo e transformao dos poluentes (diluio e/ou reaes qumicas) fornecem o nvel

    de qualidade do ar (CETESB, 2012d).

    Os danos ou efeitos dos poluentes so os mais diversos e abrangentes,

    atingindo todo o ecossistema. A FIG. 4 ilustra o transporte e/ou as transformaes como

    podem ocorrer com os poluentes na atmosfera, os tipos de fontes e os efeitos no ambiente

    em geral.

    Figura 4 - Poluio do ar, fontes, transporte, transformaes, remoo e efeitos.

    Fonte: USEPA, 1999.

  • 32

    Concentraes elevadas de poluentes atmosfricos representam um risco para a

    sade humana, danificam flora e fauna e destroem monumentos histricos e construes

    modernas. Tais efeitos ocorrem com alta frequncia em aglomeraes urbanas,

    considerando que uma grande quantidade dos mais diversos poluentes est sendo emitida

    em rea relativamente limitada e muitos indivduos esto sendo afetados, devido alta

    densidade populacional (KLUMPP et al., 2001).

    3.2.2 A problemtica dos metais na atmosfera

    Conforme Gutberlet (1996) e WHO (2007) o aumento cada vez maior das

    fontes emissoras provoca o aumento tambm das concentraes de metais na atmosfera,

    nas precipitaes (incluindo neblina) e nos horizontes superficiais do solo. Por meio das

    circulaes atmosfricas, os metais so transportados dos emissores a distncias de

    centenas de quilmetros, antes que sejam retirados da atmosfera por sedimentao ou

    lavagem.

    Devido baixa presso de vapor, os elementos qumicos persistentes como os

    metais aparecem na atmosfera na forma de aerossis de diferentes classes de tamanho. Os

    metais, durante o transporte, passam por transformaes qumicas at formarem ligaes

    mais estveis, o que um fator determinante para o seu tempo de permanncia no ar e a

    medida do efeito degradante sobre o meio ambiente (GUTBERLET, 1996).

    Alm dos prejuzos diretos devido acumulao nos tecidos das plantas por

    poluentes atmosfricos, o aparecimento de efeitos colaterais de grande importncia para

    o equilbrio ecolgico. A acumulao e o consequente aumento das concentraes dos

    poluentes atmosfricos, chegando a nveis txicos ou letais em todo o ecossistema, podem

    ter graves consequncias tambm ao ser humano (GUTBERLET, 1996).

    Pela acumulao na cadeia alimentar, por inalao ou absoro cutnea de

    metais e compostos metlicos, as emisses antrpicas prejudicam a prpria sade humana.

    Ao contrrio de outros produtos qumicos, muitos metais so vitais para o metabolismo do

    ser humano, porm, na concentrao errada podem levar a diversos efeitos negativos sobre

    a sade (GUTBERLET, 1996; SIQUEIRA, 2005).

    Arajo (2011) afirma que, em Ipatinga, destacam-se as fontes antropognicas

    de elementos qumicos agregados ao material particulado: a siderurgia, combustveis

    fsseis e trfego de veculos.

  • 33

    Na indstria siderrgica integrada a coque para a produo do ao, o material

    particulado emitido para a atmosfera em praticamente todas as suas unidades de processo

    de produo (ARAJO, 2011).

    De acordo com Rizzo (2006), conforme o comportamento durante as reaes

    qumicas de refino inerentes ao processo de elaborao dos aos, os elementos qumicos

    dividem-se em quatro grupos:

    elementos que so incorporados escria: Ca, Mg, Si, Al, Zr, Ti, B.

    elementos que se dividem entre o ao e a escria: C, Mn, P, S, Cr, Nb, V.

    elementos que so incorporados pelo ao: Cu, Ni, Sn, Sb, Mo, Co, As, W.

    elementos que se vaporizam e deixam o forno na forma de gases: Zn, Cd, Pb.

    Segundo Moraes Jnior (2010), o carbono o principal responsvel pelo

    processo de combusto, est presente no carvo mineral tanto na matria carbonosa, quanto

    nos minerais carbonatados das cinzas. A quantidade total de carbono resultante do

    somatrio dos teores de carbono fixo e de carbono presente nas matrias volteis.

    Os elementos avaliados na anlise elementar so aqueles que podem sofrer

    gaseificao, bem como liberar ou absorver calor durante as etapas das reaes de

    combusto. Os diversos minerais encontrados esto divididos conforme sua participao

    percentual em elementos principais e elementos traos. No QUADRO 01, so apresentados

    os componentes qumicos das cinzas minerais:

    Quadro 1- Componentes das cinzas em amostras de carvo mineral

    PRINCIPAIS

    ELEMENTOS

    xido de Silcio (SiO2); xido de Ferro (Fe2O3); xido de Alumnio (Al2O3); xido de

    Titnio (TiO2); xido de Clcio (CaO); xido de Magnsio (MgO); xido de Fsforo

    (P2O5); xido de Sdio (Na2O); xido de Potssio (K2O); e xidos de Enxofre (SO2 e

    SO3).

    ELEMENTOS

    TRAOS

    Mn, Li, Sc,V, Cr, Co, Ni, Cu, Zn, Ga, Sr, Y, Zr, Nb, Mo, Cd, Sn , Sb, Ba, La, W, Pb, As.

    Fonte: Adaptado de Moraes Jnior, 2010.

    Segundo Moraes Jnior (2010), a importncia da exposio ambiental pode ser

    exemplificada no caso do Municpio de Ipatinga/MG, onde as coquerias da empresa

    USIMINAS esto situadas a cerca de 170 metros do Frum, a 230 metros da Prefeitura e a

    310 metros da Cmara Municipal, prximas s reas residenciais e comerciais, em face das

    caractersticas da cidade, projetada e construda como cidade operria, no entorno de uma

    grande siderrgica.

  • 34

    Do mesmo modo, as emisses veiculares no devem ser menosprezadas no

    municpio de Ipatinga, uma vez que, na ltima dcada, houve um grande aumento da sua

    frota de veculos (FIG.1).

    O petrleo bruto, devido ao seu processo de formao, tambm pode conter

    elementos metlicos, que permanecem em seus subprodutos, como na gasolina e no diesel.

    No estudo realizado por Silva (2007), acerca da emisso de metais por veculos

    automotores e efeitos sade pblica, experimentalmente foram caracterizadas as fraes

    finas de grossas de partculas (MP10) e os metais que compem as partculas de exausto

    desses veculos. No QUADRO 02, h um levantamento de informaes deste estudo acerca

    dos metais comumente emitidos pelos veculos automotores.

    Quadro 2 - Emisso de metais por veculos automotores FONTE ELEMENTOS QUMICOS

    DIESEL Al, Ca, Fe, Mn, e Si representam cerca de 80% do metal existente no diesel.

    A porcentagem restante distribui-se entre os teores de Ag, Ba, Cd, Co, Cr, Cu,

    Mn, Mo, Ni, Pb, Sb, Sr, Ti, V e Zn.

    GASOLINA Al, Si, K, Ca, Cr, Mn, Fe, Ni, Cu, Zn, Pt e Pb presentes nas fraes fina e grossa

    de partculas (MP10) emitidas na combusto.

    LCOOL Metais como Zn, Cu, Pb e Cd originam-se na produo, armazenamento e

    transporte, constituindo uma contaminao inorgnica.

    LEO DO MOTOR Zn, P, S, Pb, Fe, Al, Si, Cl e Br podem ser encontrados no leo do motor devido

    presena de outros aditivos ou contaminao por desgaste.

    CONVERSOR

    CATALTICO

    Pt, Pd, Rh, Ru, Ir, Os

    Fonte: Adaptado de Silva, 2007.

    Silva (2007) cita alguns metais como sdio, potssio, clcio e magnsio que

    devido ao seu processo de fabricao, podem estar presentes em amostras de biodiesel.

    importante a anlise quantitativa desses elementos nos combustveis porque os mesmos

    podem causar corroso e entupimentos dos motores, alm de causar risco sade humana.

    Os efeitos fisiolgicos, ecolgicos e toxicolgicos de um elemento qumico

    geralmente so especficos da estrutura do organismo sobre o qual esto agindo.

    Dependendo da toxicidade do elemento qumico ou de seus compostos, as consequncias

    alcanam desde leves disfunes at efeitos mutagnicos, cancergenos e teratognicos

    (GUTBERLET, 1996; WHO, 2004; KAMPA; CASTANAS, 2008).

  • 35

    A seguir sero fornecidas as formas de ocorrncia de alguns metais, seus

    principais usos e os seus efeitos negativos sobre os seres vivos e ecossistema em geral.

    Alumnio (Al)

    O alumnio encontra-se combinado com outros elementos mais comumente

    com oxignio, silcio e flor. Geralmente o alumnio encontrado em compostos presentes

    no solo, minerais e argilas, sendo a bauxita o principal minrio (ATSDR, 2008a).

    No ar, normalmente, encontrado sob forma de aluminossilicatos associados

    ao material particulado (SILVA, 2007).

    O alumnio presente em material particulado atmosfrico essencialmente

    derivado do solo e de processos industriais atravs dos quais os materiais da crosta terrestre

    (por exemplo, minerais) so processados. O alumnio encontrado como silicatos, xidos e

    hidrxidos nessas partculas. Compostos de alumnio no podem ser oxidados e as

    transformaes atmosfricas no seriam esperadas para ocorrer durante o transporte. Se

    partculas de alumnio metlico so liberadas no ar durante o processamento do metal, so

    rapidamente oxidadas (ATSDR, 2008a).

    As emisses antrpicas de alumnio originam-se tanto de processos de

    combusto quanto das indstrias qumica e siderrgica. Comprovadamente, emisses

    elevadas de alumnio podem ter em plantas efeitos txicos que se manifestam na forma de

    retardamento do crescimento, descolorao de tronco e folhas e por leses no sistema

    radicular (GUTBERLET,1996).

    As vias de entrada desse elemento qumico no organismo humano so por

    inalao, ingesto ou contato com a pele. Pessoas que respiram grandes quantidades de

    poeiras de alumnio podem apresentar efeitos neurolgicos como alteraes da funo

    congnita, disfuno motora e neuropatia perifrica. Indivduos que apresentam problemas

    renais podem armazenar grande quantidade de alumnio no corpo devido diminuio da

    taxa de eliminao do mesmo pela urina (ATSDR, 2008; SILVA,2007).

    Tambm pode ocorrer outro distrbio respiratrio associado ao material

    particulado e a fumos contendo alumnio. Trata-se da doena pulmonar obstrutiva, que leva

    a uma forma de persistente de asma (ODONNEL, 1989 apud SILVA, 2007).

    Em casos extremos, a acumulao de alumnio pode causar ainda uma

    aglomerao das microfibrilas celulares e assim originar uma incapacidade funcional

    nervosa. Cientistas suspeitam que taxas elevadas de alumnio no corpo humano podem

  • 36

    causar leses graves no sistema nervoso central como a degradao da medula ssea com

    paralisia muscular espsmica. Concentraes elevadas de alumnio no crebro so

    encontradas principalmente em trabalhadores de fundies de alumnio

    (GUTBERLET, 1996).

    Como um elemento, o alumnio no pode ser degradado no meio ambiente,

    mas pode sofrer precipitao ou vrias reaes de troca de ligante. O alumnio em

    compostos tem apenas um estado de oxidao (+3), e no sofre reaes de oxidorreduo

    em condies ambientais. O alumnio pode ser complexado por ligantes diferentes

    presentes no ambiente (por exemplo, flvicos e cidos hmicos). A solubilidade do

    alumnio, no meio ambiente, depender da presena e tipos de ligantes e do pH (ATSDR,

    2008a).

    Nveis de alumnio no ar geralmente variam 0,005-0,18 mg.m-3

    , dependendo da

    localizao, condies climticas, tipo e nvel de atividade industrial na rea. A maior parte

    do alumnio no ar na forma de pequenas partculas em suspenso de solo (poeira). Nveis

    de alumnio, em zonas urbanas e industriais, podem ser maiores e pode variar de

    0,4-8,0 mg.m-3

    (ATSDR, 2008a).

    Clcio (Ca)

    De acordo com Vaitsman, Afonso e Dutra (2001), o clcio um metal alcalino

    terroso, muito reativo, abundante na crosta terrestre. Trata-se de um elemento qumico que

    aparece na natureza como carbonato, sulfato, fluorita e fosfatos, que possuem grandes

    aplicaes na indstria qumica e outras reas.

    O clcio usado como agente redutor na obteno de outros metais,

    desoxidante, dessulfurizante e descarburizador para metais no ferrosos. Tambm um

    metal componente de ligas com alumnio, berlio, cobre, chumbo e magnsio e ingrediente

    bsico do cimento (tipo Portland).

    O clcio desempenha funes vitais na atividade cardaca, na coagulao

    sangunea, na contrao muscular e na transmisso nervosa. Entretanto, a ingesto elevada

    de clcio pode levar calcificao excessiva dos ossos e de tecidos moles como os rins,

    obesidade abdominal, trtaro dentrio, assaduras, brotoejas e bursite (VAITSMAN;

    AFONSO; DUTRA, 2001; SANTOS, 2009).

  • 37

    Cdmio (Cd)

    O cdmio um metal encontrado na crosta terrestre, associado com o zinco,

    chumbo e minrio de cobre. A produo comercial de minrio de cdmio depende da

    extrao de zinco. O cdmio comercialmente disponvel como um xido, cloreto, ou

    sulfureto (ATSDR, 2008b).

    O cdmio emitido para o solo, gua e ar pela minerao, refino, produo e

    incinerao de metais no ferrosos, aplicao de fertilizantes fosfatados, queima de

    combustveis fsseis e a eliminao de resduos. O cdmio pode acumular em organismos

    aquticos e nas culturas agrcolas (ATSDR, 2008b).

    As fontes mais importantes de cdmio no ar so as fundies. Outras fontes de

    cdmio no ar incluem queima de combustveis fsseis como o carvo ou petrleo,

    incinerao de resduos urbanos tais como plsticos (quando usado como estabilizante) e

    baterias de nquel-cdmio (que pode ser depositado como resduo slido), e de indstrias

    de produo de ferro e ao (GUTBERLET, 1996; ATSDR, 2008b).

    O cdmio est presente no ar na forma de partculas (como xido, cloreto,

    sulfato) ou vapores (a partir de processos de alta temperatura). Ele pode ser transportado a

    longas distncias na atmosfera, quando haver deposio mida ou seca para solos e para

    guas superficiais (ATSDR, 2008b).

    A mobilidade do cdmio e seus compostos no solo depende do pH e da

    quantidade de matria orgnica. Geralmente, o cdmio liga-se fortemente matria

    orgnica, ser imvel no solo e mvel nas plantas e assim entrar na cadeia alimentar

    (ATSDR, 2008b).

    O cdmio uma espcie no essencial, txica e que tende a se acumular nos

    rins e fgado. Seu efeito txico est ligado a uma possvel competio com o zinco, em

    processos enzimticos e inibio da absoro de cobre

    (VAITSMAN; AFONSO; DUTRA, 2001).

    A cada dose de cdmio inalada, os pulmes absorvem cerca de 10% a 50%,

    dependendo do tamanho das partculas, a solubilidade do composto especfico de cdmio

    inalado e a durao da exposio. A absoro do cdmio menor, quando o mesmo est

    agregado em partculas maiores (>10 m) e partculas insolveis em gua, e bem maior

    para as partculas menores (

  • 38

    De acordo com Cardoso (2001), a exposio ao cdmio afeta o sistema

    respiratrio, cardiovascular, hematolgico, esqueltico, heptico e renal.

    Chumbo (Pb)

    O chumbo reconhecido pela Organizao Mundial da Sade (OMS) como um

    dos elementos qumicos mais perigosos para a sade humana. Em muitos pases, o chumbo

    o nico metal cuja presena no ar controlada por legislao

    (VANZ; MIRLEAN; BAISCH, 2003).

    Os sais de chumbo, por exemplo, causam intoxicao que se manifestam por

    convulses, nuseas, vmitos, paralisia, psicose, anemia, afetando a medula ssea,

    esqueleto, e o sistema nervoso central. Um efeito rpido a inibio da produo de

    protena (VAITSMAN; AFONSO; DUTRA, 2001).

    O chumbo pode ser encontrado em todas as partes do nosso ambiente. As

    fontes antrpicas incluem a queima de combustveis fsseis, minerao e manufatura. Os

    usos do chumbo so diversos: produo de baterias, munies, produtos de metal (solda e

    tubos) e dispositivos para proteo dos raios-X (ATSDR, 2007b).

    Por causa de preocupaes com a sade, o uso do chumbo na gasolina, em

    tintas e produtos cermicos, em calafetagem e tubos soldados, foi reduzido drasticamente

    nos ltimos anos (ATSDR, 2007b).

    Cobalto (Co)

    Segundo o perfil toxicolgico elaborado pela Agncia de Substncias Txicas e

    Registro de Doenas - ATSDR (2004a), o cobalto um elemento de ocorrncia natural que

    tem propriedades semelhantes ao ferro e ao nquel. Existe apenas um istopo estvel de

    cobalto, que tem um nmero de massa atmica de 59. No entanto, h muitos istopos

    instveis ou radioativos, dois dos quais so comercialmente importantes, cobalto-60 e

    cobalto-57. Todos os istopos de cobalto tm o mesmo comportamento qumico no

    ambiente e no organismo humano.

    A presena do cobalto 59 no ambiente ocorre por fontes naturais (solo, rocha,

    ar, gua, plantas e animais) ou atividades humanas. O transporte do cobalto pelo ar e a

    gua, pela ressuspenso da poeira do solo, aerossol de gua do mar, erupes vulcnicas,

    incndios florestais e ainda atravs de guas superficiais de escoamento ou da lixiviao do

  • 39

    solo e rocha que contm cobalto. Nos solos prximos a depsitos de minrio, rochas de

    fosfato, instalaes de fundio e solos contaminados por trfego do aeroporto, trfego de

    rodovia ou a poluio industrial podem conter altas concentraes de cobalto.

    Pequenas quantidades de cobalto podem ser liberadas na atmosfera a partir de

    usinas de carvo e incineradores, escapamento de veculos, atividades industriais

    relacionadas com a minerao e processamento de cobalto contendo minrios, e a

    produo e uso de ligas de cobalto e produtos qumicos.

    O cobalto benfico para os seres humanos porque parte de vitamina B12,

    essencial para manter a sade humana, e tem sido utilizado no tratamento para a anemia,

    incluindo em mulheres grvidas. A exposio de seres humanos e animais em nveis de

    cobalto normalmente encontrados no meio ambiente no prejudicial. Normalmente, o ar

    contm quantidades muito pequenas de cobalto, menos de 2 ng.m-3

    , uma quantidade muito

    menor do que a consumida em alimentos e gua.

    De acordo com Alves e Rosa (2003), o cobalto produzido principalmente

    como subproduto da minerao de cobre e nquel, que usualmente contm Co em

    proporo menor que 1%. As propriedades das ligas de cobalto (alto ponto de fuso,

    dureza e resistncia oxidao) dependem de sua composio, como indica o

    QUADRO 03.

    Quadro 3 - Ligas de cobalto, composio e utilizao industrial

    Tipo de liga Composio Utilizao

    superligas resistentes

    corroso

    cobalto, cromo, nquel, tungstnio,

    tntalo, alumnio, titnio e zircnio

    lminas de corte

    ligas magnticas cobalto, nquel, alumnio,

    cobre e titnio

    indstria eletroeletrnica

    aos de alta resistncia cromo e cobalto (25-65%) peas de equipamentos que

    necessitam de ao altamente

    resistente ao calor, tais como

    turbinas de avies

    aos com

    propriedades especiais

    cromo, nquel, molibdnio e

    65% de cobalto

    implantes cirrgicos

    ao metal duro produzido por

    processo de

    sinterizao*

    p de cobalto, ligante na produo

    de ligas com o carbeto de

    tungstnio e/ou titnio, tntalo,

    nibio e molibdnio

    lminas de corte, brocas e discos

    para polimento de diamantes

    *Sinterizao: um processo de preparao de ligas metlicas, no qual a mistura de seus componentes

    prensada e submetida a temperatura abaixo do seu ponto de fuso.

    FONTE: ALVES E ROSA, 2003.

  • 40

    Trabalhadores que inalam ar contendo 0,038 mg.m-3

    de cobalto (cerca de

    100.000 vezes a concentrao normalmente encontrada em ar ambiente) por 6 horas,

    apresentam dificuldade para respirar. Graves efeitos sobre os pulmes, incluindo asma,

    pneumonia e wheezing foram encontrados em pessoas expostas a 0,005 mg.m-3

    enquanto

    trabalhavam com metal duro, de cobalto-tungstnio liga de carboneto.

    Pessoas expostas a 0,007 mg .m-3

    , no trabalho tambm desenvolveram alergias

    ao cobalto o que resulta em asma e erupes cutneas. O pblico em geral, no entanto, no

    susceptvel de ser exposto ao mesmo tipo ou quantidade de p de cobalto que causou

    esses efeitos em trabalhadores.

    Exposies a cobalto radioativo podem causar danos genticos nas clulas,

    cncer e at.

    Cromo (Cr)

    O cromo um elemento encontrado naturalmente em rochas, animais, plantas,

    solo e na poeira vulcnica e gases. Vrias so as suas formas de ocorrncia no ambiente.

    As mais comuns so cromo (0), cromo (III) e cromo (VI). O cromo metal na forma (0)

    usado para fazer ao, cromo (VI) e cromo (III) so utilizados nas cromaes

    (galvanoplastias), corantes e pigmentos, curtimento de couro e na preservao da madeira

    (ATSDR, 2007a).

    Todos os compostos do elemento qumico cromo so considerados muito

    txicos e agentes poluentes. O cromo dependendo da valncia do elemento pode ser

    benfico ou malfico ao ser humano (VAITSMAN; AFONSO; DUTRA, 2001).

    De acordo com a ficha de informao toxicolgica da Companhia Ambiental

    do Estado de So Paulo - CETESB (2012b), cerca de 40% do cromo est disponvel na

    forma hexavalente e a maior parte advm das atividades humanas. A populao geral pode

    estar exposta ao cromo por alimentao ou contato com produtos fabricados com o metal.

    A toxicidade do cromo depende de seu estado de oxidao, sendo o cromo (VI) mais

    txico que o (III).

    A exposio ocupacional ocorre por inalao de ar contaminado com partculas

    de poeira contendo as formas tri e hexavalente, principalmente em atividades de

    minerao, soldagem, galvanizao e fabricao de cimento. O cromo, especialmente na

    forma de cromato, um importante agente causador de dermatites de contato em

  • 41

    trabalhadores. Por ser corrosivo, pode causar ulceraes crnicas na pele e perfuraes no

    septo nasal.

    A ingesto acidental de altas doses de compostos de cromo hexavalente pode

    causar falncia renal aguda caracterizada por perda de protenas e de sangue na urina. A

    forma trivalente do metal um nutriente essencial para o ser humano, atuando na

    manuteno do metabolismo da glicose, lipdeos e protenas. J a deficincia do ction

    acarreta prejuzo na ao da insulina.

    O cromo metlico e os compostos de cromo (III) so classificados pela

    Agncia Internacional de Pesquisa em Cncer (IARC) no Grupo 3 : no classificvel

    quanto carcinogenicidade. Os compostos de cromo (VI) so classificados pela mesma

    agncia como cancergenos para o ser humano.

    Cobre (Cu)

    O cobre um metal que ocorre naturalmente em rochas, solo, gua e ar. Trata-

    se de um elemento essencial ao nvel de traos (micronutriente) em plantas e animais

    (incluindo humanos). Participa da sntese da hemoglobina, elastina e colgeno. No

    organismo humano tende a se acumular no fgado, causando nuseas e vmitos (doena de

    Wilson) e, dependendo do caso, problemas cardiorrespiratrios (VAITSMAN; AFONSO;

    DUTRA, 2001).

    O cobre usado para fazer ligas e vrios tipos diferentes de produtos como

    fios, tubos de canalizao e de chapa. Compostos de cobre so comumente utilizados na

    agricultura para o tratamento de doenas de plantas como mofo, para tratamento de gua e

    como conservantes de madeira, couro e tecidos (ATSDR, 2004b).

    Segundo informaes da CETESB (2012a), o cobre elementar no se degrada

    no ambiente. As principais fontes antropognicas do metal incluem minerao, fundio,

    queima de carvo como fonte de energia e incinerao de resduos municipais. As

    emisses por uso como agente antiaderente em pinturas e na agricultura, excreo de

    animais e lanamento de esgotos so menos relevantes.

    No ar, o cobre geralmente encontrado na forma de xidos, sulfatos e

    carbonatos. As partculas, dependendo do tamanho, sofrem deposio seca ou so

    arrastadas pela gua da chuva. Pequenas partculas contendo xidos de cobre, cobre

    elementar e cobre adsorvido so produzidas na combusto e podem permanecer na

    troposfera por at 30 dias.

  • 42

    A populao geral pode ser exposta ao cobre por inalao, ingesto de

    alimentos e gua ou contato drmico, porm a principal via de exposio no ocupacional

    a oral. A ingesto de sais de cobre causa vmito, letargia, anemia hemoltica aguda, dano

    renal e heptico e, em alguns casos, morte.

    Trabalhadores expostos a fumos e poeiras de cobre podem apresentar irritao

    no nariz, boca e olhos, cefalia, nusea, vertigem e diarria.

    Estanho (Sn)

    O estanho um elemento natural na crosta terrestre, amplamente utilizado na

    indstria pelo baixo ponto de fuso, formao de ligas, resistncia corroso e oxidao

    (AZEVEDO, 2009).

    O minrio bsico do estanho a cassiterita ( SnO2) cuja abundncia na crosta

    terrestre 0,001%. O uso mais comum do estanho no revestimento do ferro para a

    fabricao de folhas de flandres (lata). Est presente em ligas tais como lato (Fe-Sn),

    bronze (Cu-Sn), peltre e em alguns materiais de solda (Pb-Sn). utilizado na fabricao de

    vidros foscos, de esmaltados, papis laminados etc (VAITSMAN;AFONSO; DUTRA,

    2001; AZEVEDO, 2009).

    Segundo o estudo realizado por Azevedo (2009), os compostos inorgnicos de

    Sn so encontrados em pequenas quantidades na crosta terrestre e utilizados como

    pigmento para tintas, em pasta dental, perfume, sabo, aditivos de alimentos e tinturas. As

    principais aplicaes comerciais dos compostos orgnicos ocorrem em estabilizadores de

    cloreto de polivinila (PVC), pesticidas de uso agrcola, agentes conservantes (de madeira,

    algodo e papel), na indstria de vidros e agente antiincrustante para uso nutico.

    A exposio ao Sn e a seus compostos pode produzir diversos efeitos tais como

    neurolgicos, hematolgicos e imunolgicos. Os estanhos inorgnicos podem causar

    pneumoconiose no fibrognica e efeitos gastrointestinais enquanto os orgnicos podem

    tambm ser genotxicos. Causam, ainda, irritao severa e queimao na pele, quando

    absorvidos por essa via. Outros efeitos implicam danos renais e hepticos.

    Geralmente, as concentraes de estanho inorgnico na gua, solo e ar so

    baixas, exceto em reas com elevados nveis desse metal e no entorno de indstrias que

    processam o estanho. Em geral, os compostos orgnicos de estanho so provenientes de

    fontes antropognicas e no ocorrem naturalmente no ambiente.

  • 43

    Pouca informao tem sido publicada com respeito aos efeitos de compostos

    inalados de estanho orgnico ou inorgnico sobre a sade humana. Relatos de exposies

    ocupacionais, frequentemente, envolvem mltiplas substncias qumicas e faltam detalhes

    sobre as concentraes e condies reais de exposio.

    A exposio, por um longo perodo, poeira e a fumos de estanho resulta na

    acumulao das partculas de compostos de estanho nos tecidos pulmonares uma vez que

    esse elemento pouco absorvido. O estanho inorgnico se deposita nos pulmes devido

    sua insolubilidade e deficincia na absoro. Dessa forma, os pulmes so os rgos alvo

    para partculas oriundas da poeira de estanho. A maior parte do metal permanece extra

    celularmente na forma de SnO2 (dixido de estanho) nos macrfagos.

    Os seres humanos tambm podem ser expostos ao estanho orgnico por

    inalao. Os dados limitados sugerem que a absoro do Sn orgnico, por inalao,

    possvel como, por exemplo, nos casos de sujeitos que exibiram srios efeitos neurolgicos

    aps exposio acidental a vapores de trimetilestanho. Exposio drmica tambm pode ter

    ocorrido nesses casos (AZEVEDO, 2009; ATSDR, 2005b).

    Estrncio (Sr)

    Segundo a ATSDR (2004c), o estrncio um elemento qumico que ocorre

    naturalmente em rochas, solo, poeira, carvo e petrleo. Compostos de estrncio so

    utilizados na fabricao de cermica e produtos de vidro, pirotecnia, pigmentos de tintas,

    lmpadas fluorescentes, e medicamentos.

    As aplicaes comerciais so similares s do clcio e do brio, mas mais

    caro. A mobilidade do estrncio no ambiente ocorre atravs do ar, como a poeira, o que

    eventualmente cai sobre os solos e lenis dgua. Alguns compostos de estrncio

    dissolvem diretamente na gua e outros presentes no solo podem se dissolver na gua e

    mover-se mais profundamente no solo para a gua subterrnea.

    Elevados nveis de estrncio radioativo podem danificar a medula ssea, causar

    anemia e impedir a coagulao do sangue de forma adequada. Apenas o composto de

    estrncio estvel que pode causar o cncer cromato de estrncio, mas isso devido ao

    cromo e no ao estrncio.

  • 44

    Ferro (Fe)

    No meio ambiente, o ferro o metal mais abundante depois do alumnio e

    aparece em diferentes concentraes dependendo das condies naturais do solo e da

    litosfera. Nos solos desprovidos de vegetao, o ferro facilmente liberado

    (GUTBERLET, 1996).

    Na atmosfera, o ferro aparece na forma de xido de ferro (FeO, Fe2O3). A

    produo de ferro e ao e a indstria de transformao do ferro liberam altas concentraes

    de partculas finas desse elemento (GUTBERLET, 1996).

    O ferro um elemento essencial vida vegetal e animal, micronutriente que

    atua principalmente na formao da hemoglobina, de enzimas envolvidas na produo de

    energia (ATP- Adenosina Trifosfato). metabolizado na presena de cobre. O ferro e seus

    compostos no so considerados txicos. Mas, a intoxicao grave por excesso de ferro

    provoca dor abdominal, diarreia ou vmitos, palidez ou cianose, cansao, a sonolncia e o

    colapso cardiovascular (VAITSMAN; AFONSO; DUTRA, 2001).

    Em uma reviso de literatura, Fernandez et al. (2007) sugerem a participao

    do ferro no estresse oxidativo do sistema nervoso central e suas implicaes nas doenas

    neurodegenerativas com especial destaque para Demncia de Alzheimer e Doena de

    Parkinson.

    ndio (In)

    De acordo com a pesquisa realizada por Ferreira (2003), o elemento qumico

    ndio um metal que na temperatura ambiente estvel ao ar seco. menos voltil do que

    o zinco e o cdmio, entretanto sublima, quando aquecido com hidrognio ou a vcuo. O

    ndio cuja abundncia de cerca de 0,1 g.g-1 encontra-se disseminado em pequenas

    quantidades em muitos minerais na crosta terrestre.

    O Brasil possui grandes reservas estanferas e a ocorrncia de ndio tem sido

    investigada nesses depsitos, pois o ndio associa-se intimamente mineralizao de

    estanho. Da mesma forma, o ndio, principalmente recuperado como subproduto do

    processamento de zinco.

    Quimicamente, o ndio assemelha-se ao zinco em alguns aspectos e ao

    alumnio, ferro e estanho em outros. O ndio forma amlgama com mercrio e ligas com

    ouro, prata, paldio platina, cobre e chumbo, entre outros metais.

  • 45

    Quanto sua utilizao e consumo mundial, 45% so utilizados em filmes

    contendo xido de ndio ou xido de ndio e estanho para revestimentos sobre vidros. No

    setor eletrnico, esses filmes so usados em visores de cristal lquido (LCD's) de relgios,

    telas de televiso, monitores de vdeo e computadores portteis. So usados tambm como

    refletores de raios infravermelhos sobre vidro comum.

    O uso em ligas e soldas corresponde por 35%. A adio de ndio a ligas

    contendo bismuto, chumbo, estanho e cdmio diminui seu ponto de fuso, sendo utilizada,

    entre outras aplicaes, em dispositivos de segurana contra incndio e reguladores de

    temperatura.

    Mancais para servios pesad