drenagem urbana no município de são paulo

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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA VANESSA ROCHA SIQUEIRA DRENAGEM URBANA NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O PLANO DA BACIA DO ALTO TIETÊ E O PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO DE SÃO PAULO Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA POLITÉCNICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA

VANESSA ROCHA SIQUEIRA

DRENAGEM URBANA NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O PLANO DA BACIA DO ALTO TIETÊ E O

PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO DE SÃO PAULO

Rio de Janeiro 2009

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VANESSA ROCHA SIQUEIRA

DRENAGEM URBANA NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O PLANO DA BACIA DO ALTO TIETÊ E O

PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO DE SÃO PAULO

Trabalho de Conclusão apresentado ao CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista em Engenharia Urbana.

Rio de Janeiro 2009

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VANESSA ROCHA SIQUEIRA

DRENAGEM URBANA NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO : Análise comparativa entre o Plano da Bacia do Alto Tietê

e o Plano Diretor Estratégico de São Paulo

Rio de Janeiro, 1.° de julho de 2009.

___________________________________ Marcelo Gomes Miguez, D.Sc., UFRJ

___________________________________

Fernando Rodrigues Lima, D. Sc., UFRJ

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3

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Dr. Marcelo Gomes Miguez, pela direção, apoio e compreensão. Aos professores Rosane Martins Alves, Ângela Maria Gabriella Rossi e Fernando Rodrigues Lima, pelo empenho na condução do curso. À amiga Camila Flessati, pela dedicação e ajuda em todos os momentos. Ao amigo Michel Hoog Chauí do Vale, por nossa amizade e viagens semanais para o curso no Rio de Janeiro. À minha família, especialmente minha mãe, Marilucia, pelo apoio incondicional desde o início.

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RESUMO

SIQUEIRA, Vanessa Rocha. Drenagem urbana no município de São Paulo:

Análise Comparativa entre o Plano da Bacia do Alto Tietê e o Plano Diretor

Estratégico de São Paulo. Rio de Janeiro, 2009. Monografia (Especialização em

Engenharia Urbana) - Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Rio de Janeiro, 2009.

Estudo comparativo entre o Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (PBAT),

desenvolvido pelo Comitê da Bacia do Alto Tietê, e o Plano Diretor Estratégico

(PDE) do Município de São Paulo, com enfoque nos pontos relativos à drenagem

urbana. Aborda a formação histórica do município de São Paulo e a importância de

sua localização junto aos rios Tamanduateí e Anhangabaú, a atuação

governamental ao longo da história paulistana no combate as enchentes, os grandes

planos de retificação e canalização dos rios e os investimentos feitos neste setor.

Propõe uma análise do PDE e das ideias incorporadas e desenvolvidas a partir da

evolução introduzida pelo PBAT, bem como da proposta de revisão ao PDE, o PL

671/2007 que, em princípio, pede a revogação do PDE.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 6

1 OS CORPOS HÍDRICOS E A FORMAÇÃO DE SÃO PAULO 8

2 ATUAÇÃO GOVERNAMENTAL HISTÓRICA NA BACIA DO ALTO TIETÊ 13

3 PROJETOS ATUAIS DE DRENAGEM URBANA 24

3.1 Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê 24

3.2 Plano Diretor Estratégico de São Paulo 37

3.2.1 Da Política Ambiental 38

3.2.2 Das Áreas Verdes 39

3.2.3 Dos Recursos Hídricos 39

3.2.4 Do Saneamento Básico 40

3.2.5 Da Drenagem Urbana 41

3.2.6 Da Política de Desenvolvimento Urbano: Da Pavimentação 42

3.2.7 Do Plano Urbanístico-Ambiental 43

3.2.8 Da Gestão Democrática do Sistema de Planejamento Urbano 44

3.3 Revisão do Plano Diretor Estratégico de São Paulo 44

CONCLUSÃO 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51

ANEXOS 54

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INTRODUÇÃO

O presente estudo propõe-se a analisar crítica e comparativamente os pontos

referentes à drenagem urbana abordados no Plano da Bacia Hidrográfica do Alto

Tietê (PBAT), desenvolvido pelo Comitê da Bacia do Alto Tietê, e o Plano Diretor

Estratégico (PDE) do Município de São Paulo, desenvolvido e aprovado durante a

gestão petista da ex-prefeita Marta Suplicy (2001-2004), bem como a revisão ao

PDE proposta pela atual gestão do prefeito Gilberto Kassab, através do Projeto de

Lei 671/2007.

O tema da drenagem urbana para a cidade de São Paulo e sua região

metropolitana tem sua importância na medida em que esta região é permeada por

grandes corpos hídricos e seus afluentes e que se encontra inteiramente localizada

dentro da Bacia do Alto Tietê.

Como a drenagem não foi devidamente tratada na fase inicial de seu

desenvolvimento urbano, São Paulo cresceu atendendo prioritariamente ao

planejamento econômico em detrimento do planejamento urbano e, em decorrência,

o intenso uso do solo urbano, a retificação e canalização dos rios principais e seus

afluentes, e a impermeabilização alteraram o ciclo hidrológico da região o que, no

longo prazo, resultou na superação da capacidade instalada pelo escoamento

superficial, vitimando a população paulistana a frequentes inundações.

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7

A análise dos planos regional (PBAT) e municipal (PDE) justifica-se por

apresentar a importância destas iniciativas em conjugar esforços para superar as

resistências governamentais quanto à utilização de técnicas alternativas de

drenagem urbana e quanto à continuidade de planos e projetos.

O estudo está estruturado em três capítulos. O primeiro trata da formação

histórica do município de São Paulo e a importância de sua localização junto aos rios

Tamanduateí e Anhangabaú, posição estrategicamente escolhida.

O segundo capítulo expõe a atuação governamental ao longo da história

paulistana no combate as enchentes, os grandes planos de retificação e canalização

dos rios, bem como os investimentos feitos neste setor.

O terceiro capítulo expõe o que é o PBAT pormenorizadamente, os novos

conceitos no campo da drenagem urbana introduzidos por ele, as sub-bacias do Alto

Tietê, suas metas, diretrizes e planos de ações. Trata também do PDE e as ideias

incorporadas e desenvolvidas a partir da evolução introduzida pelo PBAT, e da

proposta de revisão ao PDE, o PL 671/2007 que, em princípio, pede a revogação do

PDE.

Na parte conclusiva, procurou-se confrontar criticamente mais uma vez as

ideias desenvolvidas em todos os capítulos e pontuar a importância da drenagem

inserida no planejamento urbano.

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1 OS CORPOS HÍDRICOS E A FORMAÇÃO DE SÃO PAULO

A fundação do Colégio dos Jesuítas em 25 de janeiro de 1554, no topo de

uma colina alta e plana cercada por dois rios, o Tamanduateí e o Anhangabaú, e a

construção das primeiras casas de taipa ao seu redor, marcam o início do que viria a

se tornar o município de São Paulo. A importância de sua localização topográfica

cercada por corpos hídricos como uma estratégia da colonização portuguesa1 foi

esclarecida em meados dos anos 60 do século passado por Reis Filho (1995, p.21):

“As vilas e cidades foram construídas ao longo da costa. As do interior, raras, dispunham-se ao longo dos rios, que eram utilizados como vias de penetração.(...) Na fase inicial, os núcleos urbanos repetiam em seus sítios padrões que só podem ser explicados como culturais. A principal cidade, que era Salvador, e a modesta vila de São Paulo, no Planalto, foram implantadas em sítios extremamente semelhantes. Instaladas sobre colinas, junto às bordas das respectivas encostas, com um pequeno vale à retaguarda e conventos dispostos como pontos de apoio ao sistema de dominação e defesa, tinham partidos urbanísticos extremamente semelhantes.”

Em 1560, o povoado de São Paulo de Piratininga, encerrado pelo triângulo

histórico formado pelos Conventos de São Francisco, de São Bento e do Carmo foi

elevado a Vila, mas devido a sua distância do litoral e solo inadequado às culturas

de exportação, manteve-se isolado e distante do comércio com a metrópole

portuguesa.

1 Antes das publicações dos estudos do arquiteto e sociólogo Nestor Goulart Reis Filho, acreditava-se que, entre as colônias de exploração da América, somente as colônias espanholas eram resultado de um plano maior de sua metrópole e que as vilas e povoados do Brasil foram fundadas sem planejamento por parte da coroa portuguesa. Para um aprofundamento da questão, ver o livro de Nestor Goulart Reis Filho “Contribuição ao estudo da evolução urbana do Brasil: 1500/1720”

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Em 1711, a Vila passou a categoria de Cidade, cuja principal atividade era

servir como base de onde partiam as bandeiras (muitas destas tendo como caminho

os leitos dos rios), as quais foram responsáveis pela ampliação do território brasileiro

a sul e sudoeste e pelo extermínio das nações indígenas.

No início do século XIX, no período da independência do Brasil, a cidade de

São Paulo firmou-se como capital de sua província e como polo de atividades

intelectuais e políticas. No fim daquele século, em razão da expansão da lavoura

cafeeira, da construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí (1867) e do afluxo de

imigrantes europeus, São Paulo passou por grandes transformações sociais e

econômicas, com a expansão da área urbana para além do triângulo histórico, época

em que surgiram também as primeiras linhas de bonde, a iluminação a gás e os

reservatórios de água. Nesta mesma época, já começava a se delinear o parque

industrial paulistano, com os bairros operários do Brás e da Lapa e com a

concentração das indústrias próximas aos trilhos da estrada de ferro, nas várzeas

alagadiças dos rios Tamanduateí e Tietê.

Os primeiros registros das grandes enchentes que atingiram São Paulo por

toda a sua história datam já desta época. Consta que em 1813, os rios

transbordavam e quase transformavam a cidade em uma ilha. Em 1824, uma Ata do

Conselho Geral da Província anotava que a Várzea do Carmo e as suas cheias do

Rio Tamanduateí eram um problema oficial. Em 1929, ocorreu a Grande Cheia que

deixou o Vale do Anhangabaú submerso, como mostrado na Figura 1. As primeiras

grandes intervenções de retificação datam já de meados do século XIX.

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Figura 1 – Inundação do Vale do Anhangabaú – 1929 Fonte: PMSP/SVMA

A riqueza decorrente da lavoura cafeeira financiou a modernização de São

Paulo no século XX. A cidade recebeu vários melhoramentos urbanísticos como

praças, viadutos, parques, calçamentos e os primeiros arranha-céus, iniciando seu

processo de verticalização com a inauguração, em 1934, do Edifício Martinelli, com

seus 26 andares. Ao mesmo tempo, a industrialização acelerada observada após a

Primeira Guerra Mundial de 1914 converteu-se em riqueza para os fazendeiros

investidores, mas não em benefícios para a sua população, que sofria com as

péssimas condições de vida e de trabalho, baixos salários e doenças. Para atender

à demanda habitacional, São Paulo cresceu de forma desordenada em direção a

sua periferia e a região central valorizou-se em decorrência da especulação

imobiliária.

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Os anos 40 são marcados pela intervenção urbanística sem precedentes do

prefeito Prestes Maia, o “Plano de Avenidas”. Este plano, que compreendia altos

investimentos no sistema viário da cidade e construção de vias em fundos de vale,

pretendia atender aos interesses da indústria automobilística que se instalou em São

Paulo em 1956. (TOLEDO, 1996)

Na década de 50, inicia-se o fenômeno de ‘desconcentração’ do parque

industrial de São Paulo que começou a se transferir para outros municípios da

Região Metropolitana (ABCD, Osasco, Guarulhos, Santo Amaro) e do interior do

Estado (Campinas, São José dos Campos, Sorocaba). Esta ‘desindustrialização’

paulistana ocorre dentro do processo de ‘terceirização’, iniciado já na década de 70,

que transforma a cidade num polo de prestação de serviços e de grandes atividades

comerciais. Novas mudanças no sistema viário são empreendidas com a cidade se

espraiando cada vez mais ao longo de suas avenidas marginais e sobre córregos

canalizados em fundos de vale, sem qualquer planejamento urbanístico de longo

prazo, buscando atender apenas às necessidades imediatas de mobilidade e

crescimento. No diagnóstico hidráulico-hidrológico do Plano Diretor de

Macrodrenagem da Bacia Hidrológica do Alto Tietê é descrita a relação entre a

configuração do sistema viário do município e as retificações dos rios paulistanos:

“Ao longo dos anos, o trecho do rio Tietê que atravessa a cidade de São Paulo, sofreu alterações em suas condições de escoamento. Em sua condição natural, o rio Tietê e tributários importantes como por exemplo o Tamanduateí e o Pinheiros apresentavam morfologia caracterizada por meandros, o que indicava as baixíssimas declividades de seus talvegues e portanto, dificuldade para o escoamento das ondas de cheia, criando grandes zonas de inundação, chamados leitos maiores. Através de sucessivas retificações e canalizações procurou-se aumentar as suas pendentes e contê-los em canais mais amplos. Ganhou-se, com isto, espaço para que a urbanização pudesse se aproximar ainda mais dos canais dos rios. Em outros termos: a urbanização, através de

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construções lindeiras, como as vias marginais e edificações, invadiu o denominado leito maior do rio, espaço este que deveria ter sido reservado para suas enchentes periódicas. Seus principais afluentes, quando englobados pela mancha urbana, também sofreram este tipo de alteração, principalmente em decorrência de obras executadas em seus leitos.” (http://www.sigrh.sp.gov.br/sigrh/basecon/macrodrenagem/calhatiete/ arquivos_ct/ Cap2_ct_frame.html. Consultado em 26.04.09).

Atualmente, segundo dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de

Dados (SEADE), a população do município de São Paulo é estimada em 11 milhões

de habitantes e da sua Região Metropolitana em 19,9 milhões de habitantes. A

Região Metropolitana de São Paulo é a segunda maior do mundo (atrás apenas da

de Tóquio) e os seus problemas sociais e urbanos são proporcionais a estes

números. Dentre todos os problemas que podemos citar tais como desemprego,

violência, déficit habitacional, falta de mobilidade etc., o da degradação ambiental e,

particularmente, o da degradação de seus rios, tem sua importância na proporção

em que permeia vários aspectos da vida de seus cidadãos, quais sejam: qualidade

da água, saúde pública, identificação com a paisagem e sentimento de

pertencimento ao lugar, preservação do meio ambiente e diversas possibilidades de

ganhos econômicos, para destacarmos somente alguns aspectos. Neste contexto,

há 3.000 km de rios e riachos paulistanos subterrâneos. Analisar-se-á no próximo

capítulo como a ação governamental ao longo da história da cidade construiu este

cenário.2

2 Todos os dados e datas históricas apresentados neste capítulo, quando não especificados, tomaram como base o texto “A Cidade de São Paulo e Sua História” do site do DPH (Departamento do Patrimônio Histórico) http://www.prodam.sp.gov.br/dph/historia/index.htm, e o livro de Benedito Lima de Toledo, “São Paulo – três cidades em um século”.

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2 ATUAÇÃO GOVERNAMENTAL HISTÓRICA NA BACIA DO ALTO TIETÊ

Desde sua fundação no século XVI, São Paulo convivia com as cheias

regulares dos rios que a circundavam, Anhangabaú e Tamanduateí e, mais ao norte,

o rio Tietê. Estas cheias regulares que ocorriam nos meses de verão transformavam

a colina histórica em uma península, garantindo sua segurança durante este

período. As inundações das várzeas do rio Tamanduateí podem ser observadas nas

Figuras 2 e 3.

Figura 2 – Várzea do Tamanduateí – foto de Militão Augusto de Azevedo, 1862. Fonte: PMSP/DPH

Figura 3 – Inundação da Várzea do Carmo – óleo sobre tela de Benedito Calixto Fonte: Livro Iconografia paulistana no século XIX.

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No século XIX, com a ocupação das encostas e partes baixas ao redor da

colina, os alagamentos do rio Tamanduateí que ocorriam principalmente na Várzea

do Carmo, hoje Parque Dom Pedro II, tornaram-se um problema que passou a

preocupar a administração pública. De fato, no primeiro dia do ano de 1850, uma

forte chuva ocasionou a primeira enchente de São Paulo, a qual causou graves

danos dentro do limite urbanizado da cidade, atingindo principalmente os moradores

mais pobres que habitavam a periferia do planalto. Como várias casas de taipa

foram destruídas por esta enchente, esta catástrofe marcou uma etapa de transição

entre a técnica de taipa e as construções de tijolos e pedra na região.

Já em 1823, o governo expressava em diversas Atas do Conselho Geral da

Província suas preocupações com as enchentes do Tamanduateí, que causavam

problemas relacionados a doenças, poluição, abastecimento de água e limpeza

pública e, dirigindo-se ao Senado da Câmara, afirmavam a necessidade do seu

encanamento. (MELO, 2006)

As primeiras retificações por trecho do rio Tamanduateí datam de 1841; em

1894, iniciou-se a implantação do Projeto Carlos Bresser que propunha toda a sua

retificação e canalização em um novo leito. As obras de retificação foram concluídas

durante o mandato do prefeito Washington Luís (1914-1919), que autorizou o

loteamento e a venda de terrenos onde antes era a várzea do rio. Acerca deste traço

especulativo imobiliário evidente na ação governamental que até então argumentava

que as canalizações dos rios tinham caráter de combate a doenças e

melhoramentos públicos, Delijaicov (1998, p.12) escreve:

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“Aterrados, barragens, diques, eclusas e canais navegáveis constroem essa geografia inventada. Uma ‘Amsterdã’ na Várzea do Carmo. Uma ‘Holanda’ projetada ao longo da orla fluvial da bacia do Alto Tietê. Ideias opostas prevaleceram. Em apenas cem anos, durante o processo acelerado e descontrolado de industrialização e expansão urbana, os leitos maiores dos rios foram aterrados e ocupados pela cidade. Os argumentos sanitários e hidráulicos ‘fundamentaram’ o verdadeiro objetivo que era ‘lotear e vender’ as várzeas.”

Uma das consequências da retificação do Tamanduateí (em tupi,

Tamanduateí significa rio de muitas voltas), perdendo seus sete meandros, e da

ocupação de suas margens foi o aumento das vazões de pico do rio. Em 1894,

segundo a Secretaria Municipal de Verde e Meio Ambiente de São Paulo (SVMA), a

vazão de projeto foi estimada em 60m³/s, passando para 120m³/s em 1930 e

484m³/s em 1977, sendo que este último valor é atualmente objeto de revisão. Nas

figuras 4 e 5 fica evidente a descaracterização que o Tamanduateí sofreu pelas

sucessivas retificações.

Figura 4 – Rio Tamanduateí (em tupi “rio de muitas voltas”) Fonte: Ecosama

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Figura 5 – Retificação do Rio Tamanduateí Fonte: DAEE

Outro importante afluente do rio Tietê que passou por processo de retificação

foi o Anhangabaú, em 1896. Posteriormente, com o Plano de Avenidas do

engenheiro Prestes Maia, prefeito de São Paulo de 1938 a 1945 e de 1961 a 1965,

completou-se sua canalização com a construção das avenidas de fundo de vale

Nove de Julho, 23 de Maio e Tiradentes sobre os rios Saracura, Itororó e

Anhangabaú, respectivamente (Toledo, 1996). Aos poucos, o processo de

impermeabilização do solo comprometeu definitivamente a capacidade natural de

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absorção das águas pluviais e as enchentes passaram a ser uma constante na

região central. As Figuras de 6 a 9 ilustram pontos alagados do Vale do Anhangabaú

em diversas ocasiões.

Figura 6 – Inundação do túnel do Vale do Anhangabaú – 1958 Fonte: PMSP/SVMA

Figura 7 – Inundação do túnel do Vale do Anhangabaú – março/1999 A água atingiu 5m de altura e submergiu 150 carros Fonte: imagem capturada de reportagem exibida pela Rede Globo

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Figura 8 – Inundação do túnel do Vale do Anhangabaú – março/1999 Fonte: imagem capturada de reportagem exibida pela Rede Globo

Figura 9 – Acesso do Metrô Anhangabaú para o Terminal Bandeira – março/2009 Fonte: http://www.globo.com/. Consultado em 27.04.09

O Tietê, principal rio da Bacia, nasce em Salesópolis, interior do Estado de

São Paulo, na Serra do Mar, a 1120m de altitude, a apenas 22 quilômetros do litoral.

Apesar desta proximidade, devido à topografia da serra, ele não deságua no mar,

mas caminha em sentido inverso, rumo ao interior, e atravessa o estado de sudeste

a noroeste. Sua foz é a barragem de Jupiá no rio Paraná. Este rio, tão importante

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não só para a cidade de São Paulo, mas para todo o Estado, foi objeto das primeiras

ações governamentais a partir do fim do século XIX.

Em 1881 teve início projeto de aterramento de suas várzeas e alguns projetos

de retificação em trechos paulistanos. Os primeiros estudos e projetos de retificação

tinham por motivação a necessidade de saneamento das várzeas devido às doenças

e epidemias, como a febre amarela, por exemplo. Este foi o caso dos trabalhos da

Comissão presidida por João Pereira Ferraz que, em 1890, propôs a canalização do

rio Tietê no trecho que compreendia desde a Ponte Grande (atual Ponte das

Bandeiras) até Osasco.

O primeiro estudo contratado pelo governo em que o princípio de intervenção

era o combate às cheias urbanas foi o Plano de Melhoramentos do Rio Tietê,

elaborado por Fonseca Rodrigues, em 1922. Em 1924, um novo estudo é

contratado, de autoria de Saturnino de Brito, que destaca o papel atenuante das

cheias, exercido pelas várzeas e matas de vertentes, e a necessidade de

reservação. Para isto, ele propõe em seu projeto que seja construída uma barragem

logo acima de Mogi das Cruzes e uma sequência de pequenas barragens em

degraus no curso dos afluentes do Tietê, todos na altura de Mogi, a fim de constituir-

se uma grande área de reservação.

Em 1925, é criada a Comissão para a Elaboração do Plano Geral do

Conjunto, da qual participam Prestes Maia e Ulhôa Cintra e a qual dará origem ao

‘Plano de Avenidas’, de 1930. Esta comissão cria planos parciais de extensão,

melhoramentos e embelezamento da cidade de São Paulo.

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No final dos anos 20, o Plano de Melhoramentos do Rio Tietê é retomado, sob

a chefia de Ulhôa Cintra, propondo modificações ao projeto de Saturnino de Brito. As

novas propostas, que abrangem toda a cidade de São Paulo, incluem toda a

urbanização da várzea, o aprofundamento do canal, a construção das avenidas

marginais e o acesso aos bairros da zona norte. Mesmo com algumas intervenções,

até os anos 1930 o rio ainda preservava suas características meândricas; o início de

sua retificação se dá em 1940 e completa-se em 1970.

À primeira vista, todos estes projetos trariam uma série de melhorias como o

fim das inundações, aproveitamento do potencial hidrelétrico e aumento da

oxigenação das águas pelo incremento da velocidade de escoamento mas, o que se

verificou com o tempo, é que nenhum destes objetivos foi atingido, ao contrário, os

problemas existentes há mais de um século só foram agravados.

Atualmente, há cerca de 500 pontos de inundações na RMSP que se repetem

anualmente. Os pontos mais críticos encontram-se nas margens dos principais rios,

Tietê, Tamanduateí e Pinheiros, e próximos a seus afluentes em decorrência tanto

da deficiência de capacidade dos canais principais e seus afluentes como de suas

influências recíprocas. Os principais pontos de inundação na Bacia do Alto Tietê

podem ser observados na Figura 10 a seguir.

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Figura 10 – Bacia do Alto Tietê – Pontos de Inundação (CANHOLI, 2005)

Sobre os impactos e efeitos negativos que o desenvolvimento urbano pode

causar sobre uma bacia, o Quadro 1 a seguir, elaborado por Porto et al (1993),

ilustra bem o que ocorre e que também pode ser aplicado à Bacia do Alto Tietê.

IMPACTOS EFEITOS

Impermeabilização Aumento da vazão de cheia; Aceleração dos picos das cheias; Diminuição da vazão de estiagem.

Redes de drenagem Maiores picos a jusante. Lixo Degradação da qualidade da água;

Entupimento de bueiros e galerias. Redes de esgoto deficientes Degradação da qualidade da água;

Moléstias de veiculação hídrica; Enchentes agravam os efeitos devido à contaminação da várzea de inundação.

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Desmatamento e desenvolvimento indisciplinado

Maiores picos e volumes; Mais erosão; Assoreamento em canais e galerias.

Ocupação das várzeas Maiores prejuízos; Maiores picos; Maiores custos de utilidades públicas.

Quadro 1 – Impactos da urbanização sobre a bacia hidrográfica (PORTO et al, 1993)

Os estudos mais recentes desenvolvidos no campo da macrodrenagem em

São Paulo apontam para projetos de expansão da calha do Tietê, como as

propostas de 1980 e 1986 da empresa de engenharia PROMON, que serviram de

embasamento para o projeto hidráulico de rebaixamento da calha do rio.

Na escala das bacias hidrográficas, o DAEE – Departamento de Águas e

Energia Elétrica do Estado de São Paulo – contratou o Consórcio HIDROPLAN que

desenvolveu entre 1993 e 1996 o Plano Integrado de Aproveitamento e Controle dos

Recursos Hídricos das Bacias do Alto Tietê, Piracicaba e Baixada Santista. Este

plano tinha por objetivos apresentar propostas técnicas para os conflitos entre os

Comitês das 3 Bacias e determinar planos de uso, conservação, proteção e

recuperação de recursos hídricos. Entre as medidas apresentadas pelo

HIDROPLAN, destacam-se a proposta de implementação do Plano de Contingência

para Estados Críticos de Chuvas Excessivas na RMSP, elaborado em 1991, e a

melhoria do sistema de alerta contra inundações.

Foi a partir dos estudos e conclusões apresentados pelo HIDROPLAN que o

DAEE desenvolveu, a partir de 1998, com o apoio do Consórcio ENGER – PROMON

– CKC, o Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê –

PDMAT, para a Região Metropolitana de São Paulo. As premissas básicas para a

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formulação do PDMAT são as apresentadas por seu coordenador Aluísio Pardo

Canholi em seu livro “Drenagem Urbana e Controle de Enchentes” (2005, p.275):

“(1) drenagem é um fenômeno regional – a unidade de gerenciamento é a bacia hidrográfica; (2) drenagem é uma questão de alocação de espaços – a supressão de áreas de inundação, naturais ou não, implicará a sua relocação para áreas a jusante; (3) drenagem é parte integrante da infra-estrutura urbana – o seu planejamento deve ser multidisciplinar e harmonizado com os demais planos e projetos dos demais equipamentos urbanos; (4) drenagem deve ser sustentável – no seu gerenciamento deve-se garantir sustentabilidade institucional, ambiental e econômica.”

O PDMAT incorpora o paradigma da moderna drenagem urbana, o qual

busca trabalhar novos conceitos para o aumento da eficiência hidráulica ou para a

readequação dos sistemas de drenagem, por meio do retardamento dos

escoamentos, da retenção em reservatórios e da melhoria das condições de

infiltração do solo, o que, segundo Canholi (2005, p.16), “significa uma mudança

radical na filosofia das soluções estruturais em drenagem urbana, pois anteriormente

implantavam-se obras de canalização que promovessem a aceleração do

escoamento e o afastamento rápido dos picos de cheias para os corpos d’água de

jusante”.

Algumas das novas ideias e conceitos trazidos pelo PDMAT foram já

apropriados no Plano Diretor Estratégico do município de São Paulo de 2002 que,

assim como o Projeto de Lei 671/2007 – Revisão do Plano Diretor de 2002, serão

discutidos juntamente com o Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (PBAT) no

Capítulo III.

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24

3 PROJETOS ATUAIS DE DRENAGEM URBANA 3.1 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO TIETÊ

A Bacia do Alto Tietê compreende uma extensa área urbanizada e abrange

35 municípios desde a nascente do rio, em Salesópolis, até a Barragem de Rasgão,

totalizando 5.985 km². A intensa urbanização da área no século XX resultou na

produção de regimes hidráulicos e hidrológicos bastante complexos nesta bacia e,

em decorrência, em 1998, o Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê começou a

ser elaborado no âmbito do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê.

O Relatório Final do Plano da Bacia do Alto Tietê (PBAT), formalizado pela

Fundação Universidade de São Paulo (FUSP) em conformidade com a Lei Estadual

7.663/91, a qual estabelece normas de orientação à Política Estadual de Recursos

Hídricos bem como ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos,

foi concluído em setembro de 2002 e aprovado pelo Comitê em janeiro de 2003.

Apresenta como objetivos básicos a recuperação, preservação e conservação dos

recursos hídricos e elabora e propõe diversos programas de ações. As medidas

imediatas apresentadas no PBAT são limitadas a 2004 e as de médio prazo a 2010.

(FUSP, 2002)

O objetivo final do PBAT é “assegurar água de boa qualidade e na quantidade

adequada à toda população, recuperar e conservar a qualidade dos corpos de água

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25

da bacia e implantar sistemas eficientes de drenagem e controle de cheias

utilizando-se de medidas estruturais e não estruturais para tal.” (FUSP, 2002, p. 8)

Tomando por base os pontos principais apresentados neste objetivo final, o

presente estudo propõe-se a destacar e analisar as partes do PBAT que tratam

diretamente dos sistemas de drenagem para o controle de cheias. Este recorte é

feito não por considerar que este aspecto seja mais importante do que o da

qualidade e da quantidade de água ofertadas à população, mas pela situação do

país no que diz respeito às questões de drenagem urbana, como bem destaca

Canholi (2005, p.17):

“Enquanto nos países mais desenvolvidos a ênfase nas questões de drenagem urbana se concentra nos aspectos relativos à qualidade da água coletada, encontrando-se as práticas ligadas ao controle das inundações em geral bastante adiantadas, no Brasil, o controle quantitativo das enchentes ainda é o principal objetivo das ações.”

A abordagem adotada para o desenvolvimento do Plano Diretor de

Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê leva em consideração que as ações

preventivas, quando possível, e as corretivas devem abranger toda a bacia

hidrográfica de maneira integrada e não ocorrer de maneira isolada nos municípios,

principalmente em regiões metropolitanas. (CANHOLI, 2005)

De acordo com os parâmetros adotados para a elaboração do Plano, a Bacia

do Alto Tietê foi dividida em sub-bacias. No primeiro relatório apresentado pela

comissão havia 6 sub-bacias, como apresentado na Figura 11, assim divididas:

Cabeceiras, Cotia-Guarapiranga, Billings-Tamanduateí, Juqueri-Cantareira, Jusante

Pinheiros-Pirapora e Penha Pinheiros.

Page 27: drenagem urbana no município de são paulo

26

Page 28: drenagem urbana no município de são paulo

27

Durante o processo de revisão do Plano, algumas modificações foram

introduzidas a fim de contemplar tanto a lógica hídrica e de divisão topográfica das

sub-bacias quanto a estrutura de gestão do território metropolitano, ainda que seus

elaboradores identifiquem que nem todos os distritos estejam adequadamente

locados em cada sub-bacia. A divisão atual é a representada na Figura 12 e no

Quadro 2 e as principais modificações desta para a anterior são:

“a) incorporação de distritos do Município de São Paulo nas diferentes sub-bacias que contornam a antiga Penha – Pinheiros, que por sua vez incorporava quase todos os distritos paulistanos, mesmo em casos onde visivelmente pertenciam a área de influência de outras sub-bacias;

b) incorporação da sub-bacia do Tamanduateí a jusante do Ribeirão dos Couros e do Córrego dos Meninos à sub-bacia Penha – Pinheiros;

c) desmembramento da sub-bacia Billings Tamanduateí em Billings e Alto Tamanduateí.” (FUSP, 2002, p. 11)

Fig. 12 – Sub-bacias do Alto Tietê – Relatório Final – Versão 2.0 – Set. 2002 (FUSP, 2002)

Page 29: drenagem urbana no município de são paulo

28

SUB-BACIA DISTRITOS ALTO TAMANDUATEÍ DIADEMA (DIA), SANTO ANDRÉ (SAN), SÃO BERNARDO

DO CAMPO (SPC)

BILLINGS JARDIM SANTA LUZIA (RPI), OURO FINO PAULISTA (RPI), RIBEIRÃO PIRES (RPI) RIO GRANDE DA SERRA (RGS), PARANAPIACABA (SAN), RIACHO GRANDE (SPC), GRAJAÚ (SP), PARELHEIROS (SP), PEDREIRA (SP).

CABECEIRAS ARUJÁ (ARU), BIRITIBA-MIRIM (BIR), FERRAZ DE VASCONCELOS (FVA), SANTA MARGARIDA PAULISTA (FVA), SANTO ANTÔNIO PAULISTA (FVA), GUARULHOS (GUA), JARDIM PRESIDENTE DUTRA (GUA), ITAQUAQUECETUBA (ITQ), BIRITIBAUSSU (MCR), BRÁS CUBAS (MCR), CEZAR DE SOUZA (MCR), JUNDIAPEBA (MCR), MOGI DAS CRUZES (MCR), SABAÚNA (MCR), TAIACUPEBA (MCR), CIDADE KEMEL (POA), POÁ (POA), NOSSA SENHORA DO REMÉDIO (SAL), SALESÓPOLIS (SAL), ARTUR ALVIM (SP), CANGAÍBA (SP), CIDADE TIRADENTES (SP), ERMELINO MATARAZZO (SP), GUAINAZES (SP), ITAIM PAULISTA (SP), ITAQUERA (SP), JARDIM HELENA (SP), JOSÉ BONIFÁCIO (SP), LAJEADO (SP), PENHA (SP), PONTE RASA (SP), SÃO MIGUEL (SP), VILA CURUCA (SP), VILA JACUI (SP), BOA VISTA PAULISTA (SUZ), PALMEIRAS DE SÃO PAULO (SUZ), SUZANO (SUZ).

COTIA-GUARAPIRANGA CAUCAIA DO ALTO (COT), COTIA (COT), EMBU (EMB), CIPÓ-GUACU (EMG), EMBU-GUACU (EMG), ITAPECERICA DA SERRA (ITS), SÃO LOURENÇO DA SERRA (ITS), CIDADE DUTRA (SP), JARDIM ANGELA (SP), JARDIM SÃO LUÍS (SP), MARSILAC (SP), SOCORRO (SP), VARGEM GRANDE PAULISTA (VGP).

JUQUERI-CANTAREIRA CAIEIRAS (CAI), CAJAMAR (CAJ), JORDANÉSIA (CAJ), POLVILHO (CAJ), FRANCISCO MORATO (FMO), FRANCO DA ROCHA (FRO), MAIRIPORÃ (MAI), ANHANGUERA (SP), JARAGUÁ (SP), PERUS (SP).

PENHA-PINHEIROS VILA DIRCE (CAR), MAUÁ (MAU), CAPUAVA (SAN), SÃO CAETANO DO SUL (SPC), ÁGUA RASA (SP), ALTO DE PINHEIROS (SP), ARICANDUVA (SP), BARRA FUNDA (SP), BELA VISTA (SP), BELÉM (SP), BOM RETIRO (SP), BRÁS (SP), BRASILÂNDIA (SP), BUTANTÃ (SP), CACHOEIRINHA (SP), CAMBUCI (SP), CAMPO BELO (SP), CAMPO GRANDE (SP), CAMPO LIMPO (SP), CAPÃO REDONDO (SP), CARRÃO (SP), CASA VERDE (SP), CIDADE ADEMAR (SP), CIDADE LÍDER (SP), CONSOLAÇÃO (SP), CURSINO (SP), FREGUESIA DO Ó (SP), IGUATEMI (SP), IPIRANGA (SP), ITAIM BIBI (SP), JABAQUARA (SP), JAÇANÃ (SP), JAGUARÁ (SP), JAGUARÉ (SP), JARDIM PAULISTA (SP), LAPA (SP), LIBERDADE (SP), LIMÃO (SP), MANDAQUI (SP), MOEMA (SP), MOOCA (SP), MORUMBI (SP), PARI (SP), PARQUE DO CARMO (SP), PERDIZES (SP), PINHEIROS (SP), PIRITUBA (SP), RAPOSO TAVARES (SP), REPÚBLICA (SP), RIO PEQUENO (SP), SACOMÃ (SP), SANTA CECILIA (SP), SANTANA (SP), SANTO AMARO (SP), SÃO DOMINGOS (SP), SÃO LUCAS (SP), SÃO MATEUS (SP), SÃO RAFAEL (SP), SAPOPEMBA (SP), SAÚDE (SP), SÉ (SP), TATUAPÉ (SP), TREMEMBÉ (SP), TUCURUVI (SP), VILA ANDRADE (SP), VILA FORMOSA (SP), VILA GUILHERME (SP), VILA

Page 30: drenagem urbana no município de são paulo

29

LEOPOLDINA (SP), VILA MARIA (SP), VILA MARIANA (SP), VILA MATILDE (SP), VILA MEDEIROS (SP), VILA PRUDENTE (SP), VILA SÔNIA (SP), TABOÃO DA SERRA (TSE).

PINHEIROS-PIRAPORA ALDEIA (BAR), BARUERI (BAR), JARDIM BELVAL (BAR), JARDIM SILVEIRA (BAR), ALDEIA DE CARAPICUÍBA (CAR), CARAPICUÍBA (CAR), ITAPEVI (ITA), JANDIRA (JAN), OSASCO (OSA), PIRAPORA DO BOM JESUS (PBJ), SANTANA DE PARNAIBA (SPA).

FORA DA BACIA GUARAREMA (GAR), JUQUITIBA (JUQ), SANTA ISABEL (SIZ).

Quadro 2 – Bacia Hidrográfica do Alto Tietê – Correspondência entre Distritos e Sub-bacias. (FUSP, 2002)

O relatório final do PBAT está estruturado em seis grandes partes. A primeira

trata dos objetivos do Plano e, dentre os objetivos gerais a serem alcançados,

podemos destacar o que determina a implantação de sistemas eficientes de

drenagem e controle de cheias, por meio de medidas estruturais e não-estruturais.

Dentre os objetivos específicos, a conjugação de todos é essencial para a drenagem

urbana, quais sejam:

• “O desenvolvimento das bases de um Sistema de Informações Hídricas para a Bacia;

• A formulação de diretrizes gerais para orientar os Planos Diretores Metropolitanos e Municipais;

• A proposição de um Programa de Investimentos em gestão, obras e serviços de recursos hídricos e saneamento, incluindo os programas de âmbito regional e de desenvolvimento institucional;

• A análise e discussão de leis, regulamentos e instrumentos normativos;

• O desenvolvimento dos fundamentos de sistemas de avaliação e controle.” (FUSP, 2002, p. 1)

A segunda parte trata da problemática dos recursos hídricos na Bacia do Alto

Tietê. Apresenta os principais fatores de estresse na utilização destes recursos,

causados pela intensa urbanização da Bacia (cerca de 37% da sua área) que, a

despeito das taxas de crescimento populacional estarem sofrendo acentuada

diminuição, continua o processo de expansão da mancha urbana. Tais fatores de

Page 31: drenagem urbana no município de são paulo

30

estresse são: escassez de água, comprometimento dos mananciais de superfície,

desorganização da exploração e ameaça ao manancial subterrâneo,

comprometimento da qualidade das águas superficiais, e a impermeabilização do

solo e ocupação indevida das várzeas.

O último fator é, indubitavelmente, o maior responsável pelo agravamento das

cheias urbanas. A impermeabilização do solo e a ocupação das várzeas ocupam os

espaços que os rios, nas épocas de chuvas, precisam para transportar o maior

volume de água. Na Região Metropolitana de São Paulo e, em especial, no

município de São Paulo, as avenidas de fundo de vale determinam uma ocupação

adensada do uso do solo que contribui para o aumento das enchentes e,

concomitantemente, é vulnerável às suas conseqüências. Com isto, fica claro que o

planejamento do uso e ocupação do solo no nível municipal é essencial para o

controle das enchentes.

Contudo, uma vez que a malha urbana já se encontra densamente

consolidada, os gastos com a desocupação de imóveis, terrenos valorizados, etc.,

seriam uma medida corretiva extremamente custosa e, como não foram implantadas

medidas preventivas no devido tempo, uma das saídas adotadas é a de se prover o

espaço necessário através da criação de espaços de detenção/reservação, como os

piscinões, por exemplo. Outra medida essencial é que se contenha a ocupação de

várzeas a montante da Barragem da Penha e que se mantenham as vazões de

restrição preconizadas pelo PDMAT, as quais podem ser vistas no Quadro 3.

Page 32: drenagem urbana no município de são paulo

31

LOCAL ESTACA Trecho Vazão no rio Tietê

(m³/s)

Excesso do Rio Pinheiros

(m³/s)

Vazão total do trecho

(m³/s)

T.R. (anos) 25 50 100 25 50 100 25 50 100

Penha ~2253 - - - - - - - - -

Cabuçu Cima

~2185 1 366 430 498 - - - 366 430 498

Aricanduva ~2100 2 407 482 561 - - - 407 482 561

Tamanduateí ~1650 3 459 547 640 - - - 459 547 640

Cabuçu Baixo

~1385 4 753 871 997 - - - 753 871 997

Pinheiros ~1012 5 791 916 1048 - - - 791 916 1048

Barueri/Cotia ~430 6 815 948 1088 75 85 100 890 1033 1188

E. Souza ~5 7 1005 1165 1334 75 85 100 1080 1250 1434

Quadro 3 – Vazões de Projeto de Ampliação da Calha do Rio Tietê (CANHOLI, 2005)

Ainda na segunda parte do Relatório, o capítulo 5 é dedicado exclusivamente

à macrodrenagem da Bacia e apresenta as principais medidas tomadas pelo Comitê

da Bacia do Alto Tietê para a criação do Plano de Macrodrenagem da Região

Metropolitana de São Paulo (RMSP). Em 1997, em decorrência do agravamento e

da maior freqüência das inundações na Bacia, o Comitê instituiu a Câmara Técnica

de Drenagem e Controle de Inundações para definir as diretrizes do PDMAT. Esta

Câmara é composta por representantes dos municípios da RMSP e dos principais

órgãos e entidades ligados à área de Recursos Hídricos que atuam na região.

O Plano Diretor de Macrodrenagem, desenvolvido a partir de 1998 pelo

Consórcio ENGER-PROMON-CKC, foi elaborado com o intuito de diagnosticar os

problemas existentes ou previstos até o ano de 2020 e determinar, do ponto de vista

técnico-econômico e ambiental, as possíveis soluções estruturais e não estruturais.

Page 33: drenagem urbana no município de são paulo

32

Para o desenvolvimento dos estudos e diagnósticos, o PDMAT introduziu dois

conceitos fundamentais: o de vazão de restrição e o de outorga do direito de

impermeabilização.

O conceito de vazão de restrição estabelece que há um limite físico para a

capacidade hidráulica de escoamento dos principais rios da Bacia, como é o caso do

Tietê e do Tamanduateí e que, uma vez definida esta capacidade máxima dos rios

de receberem contribuições de águas pluviais vindas de montante, esta vazão de

restrição, como mostrado no Quadro 3, não poderá ser ultrapassada e, em função

disto, há que se implementar um conjunto de obras adequadas em cada sub-bacia.

O conceito de outorga onerosa do direito de impermeabilização, que até então

era aplicado apenas no caso de obras que interferissem diretamente nos leitos

fluviais, foi estendido no Plano para todos os casos em que as intervenções no meio

urbano forem de tal dimensão que alterem os coeficientes de escoamento superficial

direto. Desta forma, o Plano possibilita ao Departamento de Águas e Energia Elétrica

do Estado de São Paulo (DAEE), em parceria com os municípios, atuar de maneira

direta numa das causas do agravamento das enchentes que é a impermeabilização

descontrolada do solo.

Além das indicações das medidas e obras a serem postas em prática, o

PDMAT também se propõe a monitorar as cheias nas principais sub-bacias a fim de

calibrar modelos hidráulicos e hidrológicos, e a desenvolver um modelo de

implementação de ações baseado na divisão dos custos e de responsabilidades na

gestão da drenagem urbana.

Page 34: drenagem urbana no município de são paulo

33

A concepção geral do Plano de Macrodrenagem da RMSP propõem o

desenvolvimento de suas atividades em 5 etapas, a saber:

Etapa 1 – coleta de informações básicas de interesse para a drenagem

urbana em todos os municípios da RMSP. Estas informações deram origem a um

banco de dados integrante do Sistema de Informações de Drenagem Urbana da

RMSP que serve de apoio às decisões a serem tomadas na última etapa;

Etapa 2 – diagnóstico da situação atual, em que se processaram as

informações coletadas da primeira etapa e efetuou-se a modelagem hidráulica-

hidrológica do cenário corrente e a análise das obras de drenagem em curso ou

programadas;

Etapa 3 – recomendações de intervenções imediatas, com um prazo máximo

de dois anos para serem levadas a efeito. Estas intervenções indicaram as áreas a

serem protegidas ou reservadas, correções, quando necessárias, nas obras ou

projetos em curso, e sugestões de ordem operacional ou de manutenção;

Etapa 4 – ações prioritárias nas sub-bacias, para um período de planejamento

de cinco anos. Nesta etapa, definiram-se as vazões de restrição e a hierarquização

das medidas estruturais e não estruturais a serem adotadas, com base em estudos

de viabilidade técnica, econômica e ambiental;

Etapa 5 – ações sistemáticas. Elaboração do Manual de Diretrizes Básicas,

do Programa de Controle de Poluição Difusa, do Sistema de Suporte à Decisão

Page 35: drenagem urbana no município de são paulo

34

composto por um Sistema de Informações, pelo Programa de Monitoramento

Hidráulico-Hidrológico e pelo Modelo de Operação do Sistema e, finalmente,

elaboração do Programa de Medidas de Fiscalização e Controle e de um Sistema de

Acompanhamento e Revisão do Plano.

A terceira parte do Relatório trata do plano de ações e dos investimentos

necessários. O plano de ações tem por orientação as metas estaduais e, dentre as

metas de curto prazo (2000-2003) que propõe, a ligada à drenagem estabelece as

ações prioritárias do Plano de Controle de Inundações da Bacia do Alto Tietê, tais

como atendimento a situações críticas, produção de informações e direcionamento

dos investimentos. O plano é dividido em dois tipos de ações: as de gestão dos

recursos hídricos e as voltadas para serviços e obras.

As ações de gestão dos recursos hídricos estabelecem como prioritária a

atualização dos planos de macrodrenagem e como de média prioridade a criação de

um programa voltado para a comunidade que explique a importância da drenagem

urbana.

As ações em serviços e obras compreendem os projetos de macrodrenagem

para controle das cheias, através principalmente de obras na calha do rio Tietê e de

seus principais tributários. No campo da microdrenagem, foram consideradas de alta

prioridade a atualização cadastral e a criação de um banco de dados

georreferenciado de drenagem urbana para São Paulo; como média prioridade, as

obras de melhorias nas galerias pluviais na bacia do rio Pirajussara e nas áreas

Page 36: drenagem urbana no município de são paulo

35

centrais do município de São Paulo. Para a consecução destas obras o Plano previu

um programa de investimentos da ordem de 5,3 bilhões de reais.

A quarta parte em que está dividido o Relatório trata dos aspectos técnicos do

Sistema de Informações, tais como as estruturas das planilhas e dos bancos de

dados adotados.

A quinta parte discute os aspectos legais e institucionais do Plano da Bacia e

estabelece as diretrizes para elaboração de Planos Diretores de Macrodrenagem.

Propõe a integração entre instrumentos da gestão urbana e da gestão dos recursos

hídricos.

A gestão urbana deve ser compartilhada envolvendo todos os municípios para

garantir a sustentabilidade da bacia, a fim de propiciar não somente a proteção aos

mananciais como também o controle de inundações. Para tal, o Plano prevê sete

principais elementos de interação: intervenção no mercado imobiliário e proteção a

mananciais; geração de recursos para as ações de recuperação e proteção

ambiental; articulação entre bases de dados setoriais e formação de um Sistema

Metropolitano de Informações; aperfeiçoamento dos órgãos de fiscalização; controle

de última instância sobre matérias de interesse regional; estrutura administrativa

para aplicação da lei; e controle de impacto da urbanização sobre a macrodrenagem

metropolitana.

Um novo princípio trazido pelo PBAT é o do rateio do custo de obras de

defesa contra cheias para o controle do uso e ocupação do solo em benefício do

Page 37: drenagem urbana no município de são paulo

36

interesse geral; o beneficiário da obra é tanto a vítima potencial de enchente a

jusante quanto o impermeabilizador a montante.

No que diz respeito às condições relacionadas à situação geográfica do

município de São Paulo, ou seja, a gestão de seus recursos hídricos, o ponto mais

crítico de ocorrência de enchentes é o conjunto formado pela várzea do Tietê, a

montante de Barueri até a Barragem da Penha, a várzea do Baixo Tamanduateí e

uma série de áreas baixas conectadas a elas. As áreas de contribuição desta

confluência encontram-se intensamente urbanizada e as soluções adotadas não

poderão aumentar os picos de concentração a jusante. O ponto historicamente mais

crítico da situação apresentada é a sub-bacia do Médio e Alto Tamanduateí.

Ainda na quinta parte do Relatório são analisadas várias propostas que

resultaram em atividades e projetos os quais são listados hierarquicamente por

relações de pertinência determinadas pelo Plano de Investimentos. Por sua

relevância, estas Listas Hierárquicas de Ações para Institucionalização do Plano

foram anexadas a este estudo.

Na sexta e última parte o PBAT trata das conclusões. Toda a problemática

desenvolvida até então explicitou a necessidade da busca de novas abordagens

para garantir a sustentabilidade de uma bacia densamente urbanizada como a do

Alto Tietê, mostrando que as soluções podem ser melhor alcançadas se focadas na

gestão do uso do solo urbano, mais até do que na maneira como se utiliza a água

propriamente.

Page 38: drenagem urbana no município de são paulo

37

A partir disto, a visão que permeia a análise das causas e dos efeitos

apresentados é a da necessidade de integração dos sistemas urbanos e dos

recursos hídricos e, para isto, é premente uma ação conjunta do governo e de

agentes privados a fim de se adotar ações preventivas e corretivas eficazes.

Os principais desafios para o futuro apontados pelo Plano são: a implantação

integral do sistema de gestão, a busca da gestão integrada metropolitana, o

desenvolvimento tecnológico, e a abordagem institucional e técnica. Este último

começou a ser tratado concomitantemente ao PBAT pelo Plano Diretor Estratégico

do Município de São Paulo instituído em setembro de 2002.

3.2 PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO DE SÃO PAULO

O Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo – lei 13.430, de 13 de

setembro de 2002, foi promulgado dentro do novo cenário estabelecido pelo Estatuto

da Cidade (Lei Federal 10.257/2001) que estabeleceu a obrigatoriedade do plano

diretor para cidades com mais de 20 mil habitantes. Está dividido em 5 títulos e a

questão da drenagem urbana é tratada no Capítulo III – “Do meio ambiente e do

desenvolvimento urbano”, dentro do segundo título, o qual aborda as políticas

públicas e seus objetivos, diretrizes e ações estratégicas.

O referido capítulo está dividido em seções e subseções e, mesmo havendo

uma subseção que trata exclusivamente da drenagem urbana, este mesmo assunto

Page 39: drenagem urbana no município de são paulo

38

permeia várias outras. Para melhor discussão e análise dos pontos abordados,

manter-se-ão as divisões.

3.2.1 Da Política Ambiental

O PDE estabelece que a política ambiental municipal constitui-se na

articulação das “políticas públicas de gestão e proteção ambiental, de áreas verdes,

de recursos hídricos, de saneamento básico, de drenagem urbana e de coleta e

destinação de resíduos sólidos.” (PMSP, 2002, Art. 54)

Para a consecução destas políticas, o PDE determina vários objetivos,

diretrizes e ações estratégicas, dentre os quais, aqueles que cristalizam os conceitos

fundamentados pelo Plano da Bacia do Alto Tietê são:

• Objetivos:

“I - implementar as diretrizes contidas na Política Nacional do Meio Ambiente, Política Nacional de Recursos Hídricos, Política Nacional de Saneamento, Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar, Lei Orgânica do Município e demais normas correlatas e regulamentares da legislação federal e da legislação estadual, no que couber; IV - pesquisar, desenvolver e fomentar a aplicação de tecnologias orientadas ao uso racional e à proteção dos recursos naturais.” (PMSP, 2002, Art. 55)

• Diretrizes:

“II - o estabelecimento do zoneamento ambiental compatível com as diretrizes para ocupação do solo; III - o controle do uso e da ocupação de fundos de vale, áreas sujeitas à inundação, mananciais, áreas de alta declividade e cabeceiras de drenagem;

Page 40: drenagem urbana no município de são paulo

39

IV - a ampliação das áreas permeáveis no território do Município.” (PMSP, 2002, Art. 56)

• Ações Estratégicas: “II - implantar parques lineares dotados de equipamentos comunitários de lazer, como forma de uso adequado de fundos de vale, desestimulando invasões e ocupações indevidas.” (PMSP, 2002, Art. 57)

3.2.2 Das Áreas Verdes

Nesta subseção, o PDE assinala importantes medidas de contribuição para a

diminuição do escoamento superficial das águas, tais como o objetivo de melhoria

da relação área verde por habitante no município e ações estratégicas tais como a

instituição da Taxa de Permeabilidade e a implantação de áreas verdes em

cabeceiras de drenagem bem como programas para sua recuperação. (PMSP,

2002)

3.2.3 Dos Recursos Hídricos

No que diz respeito à política pública de recursos hídricos, o PDE está bem

alinhado com o PBAT e estabelece como um de seus objetivos a participação do

Município na gestão da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, ratificado também em uma

de suas diretrizes:

“I - a instituição e o aprimoramento da gestão integrada dos recursos hídricos no Município, contribuindo na formulação, implementação e gerenciamento de políticas, ações e investimentos demandados no âmbito do Sistema de Gestão da Bacia do Alto Tietê.” (PMSP, 2002, Art. 62)

Page 41: drenagem urbana no município de são paulo

40

Como ação estratégica relacionada à drenagem urbana indica a criação de

“instrumento legal que exija dos responsáveis pelas edificações de grande porte e

atividades de grande consumo de água a implantação de instalações para reuso de

água para fins não potáveis” (PMSP, 2002, Art. 63), inclusive a captação de águas

pluviais.

3.2.4 Do Saneamento Básico

O saneamento básico está intrinsecamente ligado à drenagem urbana, pois a

poluição dos corpos d’água e entupimento das redes de esgoto contribuem

diretamente para a ocorrência das enchentes. Por conta disto, o PDE apresenta

vários pontos relativos a esta política que colaboram na questão da drenagem:

• Objetivos:

“V - despoluir cursos d’água, recuperar talvegues e matas ciliares; VI - reduzir a poluição afluente aos corpos d’água através do controle de cargas difusas; VII - criar e manter atualizado cadastro das redes e instalações.” (PMSP, 2002, Art. 64)

• Diretrizes:

“IX - a criação de exigências de controle de geração e tratamento de resíduos para grandes empreendimentos potencialmente geradores de cargas poluidoras, articulado ao controle de vazões de drenagem.” (PMSP, 2002, Art. 65)

• Ações Estratégicas:

“X - priorizar a implementação de sistemas de captação de águas pluviais para utilização em atividades que não impliquem em consumo humano.” (PMSP, 2002, Art. 66)

Page 42: drenagem urbana no município de são paulo

41

3.2.5 Da Drenagem Urbana

Nesta subseção dedicada exclusivamente ao problema da drenagem urbana,

o comprometimento dos elaboradores do PDE com as diretrizes estabelecidas pelo

Plano da Bacia do Alto Tietê fica evidente, uma vez que o próprio Plano Diretor

estabelece correlação direta com o PDMAT. Os objetivos, diretrizes e ações

estratégicas determinados para esta política pública são:

• Objetivos:

“I - equacionar a drenagem e a absorção de águas pluviais combinando elementos naturais e construídos; II - garantir o equilíbrio entre absorção, retenção e escoamento de águas pluviais; III - interromper o processo de impermeabilização do solo; IV - conscientizar a população quanto à importância do escoamento das águas pluviais; V - criar e manter atualizado cadastro da rede e instalações de drenagem em sistema georreferenciado.” (PMSP, 2002, Art. 67)

• Diretrizes:

“I - o disciplinamento da ocupação das cabeceiras e várzeas das bacias do Município, preservando a vegetação existente e visando à sua recuperação; II - a implementação da fiscalização do uso do solo nas faixas sanitárias, várzeas e fundos de vale e nas áreas destinadas à futura construção de reservatórios; III - a definição de mecanismos de fomento para usos do solo compatíveis com áreas de interesse para drenagem, tais como parques lineares, área de recreação e lazer, hortas comunitárias e manutenção da vegetação nativa; IV - o desenvolvimento de projetos de drenagem que considerem, entre outros aspectos, a mobilidade de pedestres e portadores de deficiência física, a paisagem urbana e o uso para atividades de lazer; V - a implantação de medidas não-estruturais de prevenção de inundações, tais como controle de erosão, especialmente em movimentos de terra, controle de transporte e deposição de entulho e lixo, combate ao desmatamento, assentamentos clandestinos e a outros tipos de invasões nas áreas com interesse para drenagem;

Page 43: drenagem urbana no município de são paulo

42

VI - o estabelecimento de programa articulando os diversos níveis de governo para a implementação de cadastro das redes e instalações.” (PMSP, 2002, Art. 68)

• Ações Estratégicas:

“I - elaborar e implantar o Plano Diretor de Drenagem do Município de São Paulo – PDDMSP integrado com o Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê – PDMAT; II - preservar e recuperar as áreas com interesse para drenagem, principalmente às várzeas, faixas sanitárias e fundos de vale; III - implantar sistemas de retenção temporária das águas pluviais (piscinões); IV - desassorear, limpar e manter os cursos d’água, canais e galerias do sistema de drenagem; V - implantar os elementos construídos necessários para complementação do sistema de drenagem na Macrozona de Estruturação Urbana; VI - introduzir o critério de “impacto zero” em drenagem, de forma que as vazões ocorrentes não sejam majoradas; VII - permitir a participação da iniciativa privada na implementação das ações propostas, desde que compatível com o interesse público; VIII - promover campanhas de esclarecimento público e a participação das comunidades no planejamento, implantação e operação das ações contra inundações; IX - regulamentar os sistemas de retenção de águas pluviais nas áreas privadas e públicas controlando os lançamentos de modo a reduzir a sobrecarga no sistema de drenagem urbana; X - revisar e adequar a legislação voltada à proteção da drenagem, estabelecendo parâmetros de tratamento das áreas de interesse para drenagem, tais como faixas sanitárias, várzeas, áreas destinadas à futura construção de reservatórios e fundos de vale; XI - adotar, nos programas de pavimentação de vias locais e passeios de pedestres, pisos drenantes e criar mecanismos legais para que as áreas descobertas sejam pavimentadas com pisos drenantes; XII - elaborar o cadastro de rede e instalações de drenagem.” (PMSP, 2002, Art. 68)

3.2.6 Das Políticas de Desenvolvimento Urbano: Da Pavimentação

Dentre as ações estratégicas do programa de pavimentação, propõe-se a

adoção de pisos que permitam a passagem das águas pluviais para o solo. Aqui vale

destacar que ação similar já foi proposta na Subseção de Drenagem Urbana e que

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43

esta é uma característica recorrente no Plano Diretor em todos os assuntos, qual

seja, a de retomar conceitos e ideias para consolidá-los.

3.2.7 Do Plano Urbanístico-Ambiental

No Título III – Do Plano Urbanístico-Ambiental, no Capítulo I que trata dos

Elementos Estruturadores e Integradores, o PDE identifica a Rede Hídrica como um

Elemento Estruturador e define Elementos Estruturadores como “os eixos que

constituem o arcabouço permanente da Cidade, os quais, com suas características

diferenciadas, permitem alcançar progressivamente maior aderência do tecido

urbano ao sítio natural, melhor coesão e fluidez entre suas partes, bem como maior

equilíbrio entre as áreas construídas e os espaços abertos.” (PMSP, 2002, Art. 101)

A Rede Hídrica Estrutural é constituída pelos cursos d’água e fundos de vale que

estão representados no Anexo – Mapa da Rede Hídrica Estrutural.

O PDE instituiu o Programa de Recuperação Ambiental de Cursos D’Água e

Fundos de Vale que tem como objetivos de drenagem urbana:

“I - ampliar progressiva e continuamente as áreas verdes permeáveis ao longo dos fundos de vales da Cidade, de modo a diminuir os fatores causadores de enchentes e os danos delas decorrentes, aumentando a penetração no solo das águas pluviais e instalando dispositivos para sua retenção, quando necessário; XIV - promover ações de saneamento ambiental dos cursos d'água; XV - implantar sistemas de retenção de águas pluviais; XVI - buscar formas para impedir que as galerias de águas pluviais sejam utilizadas para ligações de esgoto clandestino.” (PMSP, 2002, Art. 107)

Page 45: drenagem urbana no município de são paulo

44

Além disto, propõe a implantação de parques lineares através do instrumento

de Áreas de Intervenção Urbana (AIU) de montante para jusante, preferencialmente.

3.2.8 Da Gestão Democrática do Sistema de Planejamento Urbano

Por fim, no Título IV – Da Gestão Democrática do Sistema de Planejamento

Urbano, o artigo 293 prevê: “O Executivo deverá encaminhar à Câmara Municipal o

projeto de revisão do Plano Diretor Estratégico em 2006, adequando as ações

estratégicas nele previstas e acrescentando áreas passíveis de aplicação dos

instrumentos previstos na Lei Federal nº 10.257/2001 - Estatuto da Cidade.” (PMSP,

2002)

3.3 REVISÃO DO PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO DE SÃO PAULO

O projeto de lei 671/2007, que trata da revisão do Plano Diretor, foi

encaminhado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) à Câmara Municipal de São Paulo

em março deste ano de 2009. Atualmente, existe uma liminar na 10.ª Vara da

Fazenda Pública de São Paulo que suspende parte central da revisão do Plano

Diretor. Segundo a decisão judicial, ao tentar revogar os artigos 1.º a 47.º do PDE

em vigor, os responsáveis pelo projeto de lei tornam a abrangência da revisão maior

do que a atual lei permite.

A liminar foi concedida com base em pedido feito por meio de uma ação civil

pública impetrada pelo Ministério Público Estadual (MPE), em favor do Movimento

Defenda São Paulo e do Instituto Polis. Um dos argumentos para questionar a atual

Page 46: drenagem urbana no município de são paulo

45

“revisão” do Plano apresentado por estas duas e apoiado por outras 184 entidades é

acreditarem que as mudanças extrapolam o PDE, atendendo aos interesses do setor

imobiliário ao permitir o adensamento de regiões onde já há alta concentração de

prédios.

Mesmo com a supressão dos 47 primeiros artigos, foi possível realizar uma

análise comparativa entre o PDE e este PL 671/2007, pois o Plano Diretor de 2002

começa a tratar efetivamente da questão da drenagem urbana a partir do artigo 54.

No entanto, analisando o novo texto, o que se observa é que, no que concerne à

drenagem urbana, ele foi praticamente inalterado ou efetuou-se pequenas

alterações de redação irrelevantes, que resultaram na mesma leitura.

Que os objetivos e diretrizes continuem muito próximos aos anteriores e que

tenham sofrido pequenas atualizações necessárias é uma ideia aceitável e

compreensível. Porém, num período de aproximadamente 7 anos (de 2002 a 2009,

ano em que o PL 671/2007 foi efetivamente apresentado à Câmara), as ações

estratégicas permaneceram praticamente inalteradas, o que demonstra que a

implementação do Plano Diretor não foi efetivada nem mesmo no aspecto que

deveria ser o mais imediato.

Com esta falta de evolução nas ações, pouco há que se analisar, não há

novas propostas uma vez que nem as primeiras foram cumpridas. No entanto,

alguns artigos sofreram mudanças substanciais que, se aprovadas, implicarão em

uma lei mais indulgente em diversas questões, inclusive às relacionadas à drenagem

urbana, de onde pode-se destacar dois pontos.

Page 47: drenagem urbana no município de são paulo

46

No artigo 63, inciso V do PDE o texto diz: “criar instrumento legal que exija

dos responsáveis pelas edificações de grande porte e atividades de grande

consumo de água a implantação de instalações para reuso de água para fins não

potáveis.” (PMSP, 2002) Na revisão proposta pelo PL 671/2007 a redação é mais

permissiva: “incentivar os responsáveis pelas edificações de grande porte e

atividades de grande consumo de água a implantar instalações para o reuso de

água para fins não potáveis.”

Em outra parte, no artigo 33 do PL 671/2007, que trata dos objetivos para o

Sistema de Drenagem Urbana, o inciso III diz: “reverter o processo de

impermeabilização progressiva do solo”, o qual é mais acirrado se comparado ao

inciso correspondente do PDE: “interromper o processo de impermeabilização do

solo”, o que é incoerente pois a nova lei “endurece” no objetivo mas, na mesma

Seção, que trata exclusivamente da Drenagem Urbana, uma ação estratégica

primordial proposta em 2002, continua, assim como as demais, sendo proposta em

2007, que é a elaboração e implantação do Plano Diretor de Drenagem do Município

de São Paulo.

Num primeiro momento, poder-se-ia apontar a descontinuidade política para

justificar a falta quase total de ações desde a aprovação do Plano Diretor em 2002,

uma vez que no Brasil é recorrente que uma gestão política não queira desenvolver

os projetos iniciados por outra que lhe seja opositora, mesmo que este seja o Plano

Diretor do município, o qual deve ser encarado como um projeto de cidade de longo

prazo que extrapola qualquer partidarismo. O PDE foi desenvolvido durante e pela

base do governo petista da ex-prefeita Marta Suplicy no seu mandato de 2001 a

Page 48: drenagem urbana no município de são paulo

47

2004, o qual deixou de ser governo no município de São Paulo em menos de 2 anos

após aprovado o Plano. Desde então, a atual coligação política que tem como

principais partidos PSDB e Democratas já venceu duas eleições municipais (José

Serra do PSDB venceu em 2004 e seu sucessor, Gilberto Kassab do Democratas,

em 2008) e se mantém no governo há 5 anos e ainda possui mais 3 anos até o fim

do atual mandato. Como o PL 671/2007 não é uma revisão do atual PDE, mas sim

uma lei que o revoga e propõe um novo, ainda que igual mas com a supressão de

partes que interferem diretamente no uso e ocupação do solo urbano, não se pode

dizer que ele reflete um outro programa de governo e que, exatamente por conta

disto, não cumpriu os objetivos, diretrizes e ações propostos pelo PDE atual.

Page 49: drenagem urbana no município de são paulo

48

CONCLUSÃO

A necessidade de se prover uma estrutura de drenagem urbana adequada

para a cidade de São Paulo e, posteriormente também para sua região

metropolitana, é sentida desde a sua fundação no século XVI pois, ao mesmo tempo

em que a sua localização entre rios foi estrategicamente pensada visando a

segurança, trouxe também uma situação de cheias periódicas que precisava ser

adequadamente enfrentada.

No entanto, ao longo da história de São Paulo, este enfrentamento ocorreu de

maneira equivocada em diversas épocas, tanto pelos desvios de foco no tratamento

dos corpos hídricos, considerando-os locais de despejo de esgotos a serem levados

para outra parte, como quando os problemas das inundações passaram a ser

tratados com a retificação e canalização dos principais rios paulistanos e seus

afluentes, transferindo-se o problema para jusante.

Somados a esta visão distorcida do lugar dos rios na paisagem urbana,

encontram-se a rápida industrialização da RMSP, o crescimento populacional, o

aumento dos sistemas viário e habitacional que se espraiaram e impermeabilizaram

a região colocando os rios em segundo plano, quando não como obstáculos à

expansão da cidade.

Os problemas tornaram-se de tal monta que atualmente não é necessária

uma chuva com tempo de recorrência maior do que 1 ano para parar a cidade de

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49

São Paulo e transformá-la em um caos nos meses de verão, onde as chuvas são

mais frequentes. Com isto, os governos perceberam que a questão da drenagem

urbana é impossível de ser solucionada dentro de uma unidade administrativa

municipal, que a unidade a ser adotada é a da bacia hidrográfica e que os

problemas das enchentes só poderão ser resolvidos com ações conjuntas.

No início dos anos 1990, com a instituição de uma Política Estadual de

Recursos Hídricos e com a criação do Comitê da Bacia do Alto Tietê composto por

representantes do Estado, Municípios e Sociedade Civil, a elaboração do Plano da

Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e, dentro da abrangência deste, do Plano Diretor de

Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê representaram as primeiras contribuições

para uma discussão em âmbito regional dos problemas da Bacia, propondo

objetivos, diretrizes, programas e planos de ação em todas as áreas referentes aos

recursos hídricos.

O Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, ao absorver e coligar

suas propostas às do PBAT/PDMAT representou um próximo passo no esforço de

se solucionar conjuntamente os obstáculos à drenagem urbana, pois levou para o

âmbito municipal conceitos debatidos na esfera estadual.

No entanto, com o atual Projeto de Lei 671/2007 que propõe a revogação do

PDE e institui outro que não traz avanços, ao contrário, questionável quanto a sua

leniência em diversos pontos, cria-se uma situação de expectativa quanto ao

prosseguimento dos avanços necessários.

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50

Como as discussões sobre este projeto ainda estão em curso (até mesmo sua

aprovação não pode ser dada como certa devido aos questionamentos da sociedade

civil), não há como se afirmar o que decorrerá da aprovação desta lei. O que já se

pode sim afirmar é que o seu texto atual representa senão um retrocesso, uma

estagnação no planejamento da drenagem urbana no município de São Paulo. De

qualquer forma, é necessário um distanciamento temporal da ordem de alguns anos

ao menos para que se possa começar a inferir sobre as consequências do projeto

político atual.

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51

REFERÊNCIAS

CANHOLI, Aluisio Pardo. Drenagem Urbana e Controle de Cheias. São Paulo: Oficina de Textos, 2005. _______. Soluções estruturais não-convencionais em drenagem urbana. 1995 TESE DatDef 20.06.96 DELIJAICOV, Alexandre Carlos. Os rios e o desenho urbano da cidade: proposta de projeto para a orla fluvial da Grande São Paulo. Mestrado, FAU-USP, 1998. FRACALANZA, A. P. Palestra - Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê: ações, alcances e limites na gestão das águas da Região Metropolitana de São Paulo. 2007. (Palestra). Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE. Sistema Seade de Projeções Populacionais. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/>. Acesso em 10.12.2009

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Page 53: drenagem urbana no município de são paulo

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53

TOLEDO, Benedito Lima de. Prestes Maia e as origens do urbanismo moderno em São Paulo. São Paulo: Empresa das Artes, 1996 _______. São Paulo: três cidades em um século. São Paulo: Cosac & Naify, Duas Cidades, 2004. TUCCI, Carlos E.M.; PORTO, R. La Laina; BARROS, M.T. de. Drenagem Urbana. ABRH, 1995. VANNI, Guilherme Siqueira. Controle de Enchentes e Gestão da Drenagem Urbana. Estudo de Caso: Trabalho Final de Curso – URFJ, 2004.

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54

ANEXOS

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ANEXO 1 – LISTAS HIERÁRQUICAS DE AÇÕES PARA INSTITUICIONALIZAÇÃO DO PBAT DI-10 – Desenvolvimento dos Órgãos e Entidades de Gestão de Recursos Hídricos

DI-11 – Institucionalização do CBH-AT e da Agência de Bacia

(a) Criação de Câmara Técnica de Articulação Regional e Urbana no âmbito do CBH-AT, com competência para montar e coordenar o Sistema Integrado de Licenciamento Urbano Ambiental e o Sistema de Certificação de Agentes e Usuários de Recursos Hídricos do Alto Tietê

(b)Criação do Sistema de Gestão de Drenagem Urbana

(c) Conclusão do processo de adesão dos Municípios

(d) Estruturação material da Agência

(e)Treinamento de pessoal (em articulação com componentes DI-30)

(f) Articulação institucional do SIGRH com outros sistemas de gestão pública

(i) Apoio institucional à criação de autoridade metropolitana com poder de articular decisões setoriais em função de objetivos críticos do ponto de vista do interesse regional

(ii) Proposta de vinculação do acesso a todos os fundos públicos à conduta dos agentes públicos em relação a objetivos de sustentabilidade da Bacia

(iii) Regulamentação e revisão conjunta das leis das leis 8510/93 e 9146/95 visando transformar o ICMS ecológico e a compensação financeira aos municípios em instrumentos efetivos de planejamento e gestão da Bacia

DI-20 – Desenvolvimento da Legislação e Instrumentos de Gestão

DI-21 – Licenciamento Urbano e Ambiental e Certificação de Agentes e Usuários de Recursos Hídricos do Alto Tietê

(a) Instrumentos de vinculação do licenciamento urbano e ambiental ao atendimento de parâmetros regionais de restrição de vazões (em toda a bacia) e de aporte de cargas poluidoras (nas APRMs)

(i) Desenvolvimentos de procedimentos para licenciamento, inicialmente de forma centralizada nos órgãos e entidades estaduais, com possibilidade de descentralização em função da capacitação e da conduta de municípios e outros agentes públicos integrantes da Bacia

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56

(ii) Revisão e desenvolvimento de normas paramétricas aplicáveis ao licenciamento, considerando futura articulação com o Código Metropolitano de Posturas Urbanísticas e Edilícias (ver abaixo)

(b)Descentralização do licenciamento dentro de um processo de certificação dos agentes públicos

(i) Definição de níveis de capacitação técnica e de conformidade da conduta dos agentes públicos com os objetivos de gestão dos recursos hídricos

(ii) Definição, em função do nível alcançado pelo agente público, de graus diferenciados de:

1. possibilidade de flexibilização das exigências da regulamentação metropolitana

2. descentralização do licenciamento ambiental e urbano

3. acesso a recursos do FEHIDRO

(iii) Estabelecimento de uma sistemática de avaliação e certificação dos níveis de capacitação técnica e de conformidade da conduta dos agentes públicos

1. definição de objetivos e metas locais e setoriais de gestão dos recursos hídricos

2. registro de legislação, normas e procedimentos dos agentes públicos

3. avaliação de pessoal e condições materiais para execução descentralizada da política de gestão dos recursos hídricos

4. avaliação dos instrumentos de controle da execução da política

5. sistemática de auditorias externas periódicas e independentes, sob a supervisão dos comitês de bacia

(c) Desenvolvimento de um Código Metropolitano de Posturas Urbanísticas e Edilícias voltado à preservação dos mananciais e ao controle das inundações

(i) Desenvolvimento de posturas edilícias ou urbanísticas de âmbito metropolitano

1. Normas paramétricas relativas a:

a. qualidade das águas dos mananciais

b. vazões de restrição do sistema regional de macrodrenagem

2. Posturas urbanísticas e edilícias metropolitanas, de aplicação compulsória, na forma de projetos de leis estaduais, referidas a normas paramétricas, voltadas a:

a. conservação e uso racional de água de abastecimento público

b. limitação das vazões afluentes ao sistema de macrodrenagem da Bacia Hidrográfica

c. melhoria de qualidade das águas afluentes aos sistemas de drenagem de águas pluviais

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57

3. Normas legais de gestão urbana metropolitana concernentes a:

a. transferência de potencial construtivo entre municípios, em operações urbanas interligadas orientadas para objetivos de gestão dos recursos hídricos

b. pagamento de compensações entre municípios ou a fundos regionais e/ou execução de obras mitigadoras em casos

de empreendimentos causadores de impactos regionais sobre a quantidade e qualidade das águas

(ii) Desenvolvimento ou melhoria de posturas edilícias ou urbanísticas municipais voltadas a:

1. Conservação e uso racional de água de abastecimento público

2. Limitação das vazões afluentes aos sistemas de drenagem de águas pluviais

3. Melhoria de qualidade das águas afluentes aos sistemas de drenagem de águas pluviais

4. Adequação dos sistemas de transportes urbanos a objetivos de preservação dos mananciais e controle de inundações

5. Direcionamento da política habitacional com vistas a preservação dos mananciais e controle de inundações

6. Articulação entre sistemas de infra-estrutura com vistas a preservação dos mananciais e controle de inundações

ARTICULAÇÃO – DI-22 – Desenvolvimento de modelo institucional para a gestão das águas subterrâneas

ARTICULAÇÃO – DI-23 – Desenvolvimento de modelo institucional para a gestão da irrigação

DI-24 – Apoio ao desenvolvimento de estudos setoriais e urbanos e projetos de leis visando a adequação de diferentes políticas públicas aos objetivos de gestão dos recursos hídricos

(a) Elaboração das Leis específicas das APRMs de mananciais, conforme previsto na Lei Estadual 9.866/97

(b) Apoio à elaboração dos Planos de Desenvolvimento e Proteção Ambiental (PDPAs) das bacias de Mananciais

(i) Billings

(ii) Tietê/Cabeceiras

(iii) Cantareira

(c) Desenvolvimento ou melhoria de posturas urbanísticas e edilícias de âmbito metropolitano voltadas à preservação dos mananciais e ao controle das inundações, articuladas com a estrutura de um futuro Código Metropolitano de Posturas Edilícias e Urbanísticas

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(d) Planos municipais ou de grupos de municípios voltados à conservação e uso racional da água de abastecimento público

(i) Controle de perdas

(ii) Gestão da demanda

(e) Revisão de normas municipais de drenagem em função de parâmetros da macrodrenagem regional

(i) Detalhamento das vazões de restrição do Plano de Macrodrenagem para as diferentes sub-bacias e municípios da Bacia

(ii) Posturas específicas relativas à obrigação de compensar a impermeabilização provocada por empreendimentos de médio e grande portes (condomínios horizontais e verticais, complexos comerciais, etc.).

(f) Adequação da Legislação de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo aos Planos de Desenvolvimento e Proteção Ambiental e Leis específicas das APRMs

(g)Estudos preliminares visando à elaboração de Planos de Desenvolvimento Urbano Sustentável das sub-bacias críticas definidas no Plano de Macrodrenagem (Montante da Penha, Tamanduateí, Pirajussara) e da Bacia do Pinheiros (interface macrodrenagem / manancial Billings)

ARTICULAÇÃO – DI-25 – Apoio à institucionalização do setor saneamento

ARTICULAÇÃO – DI-30 – Desenvolvimento tecnológico e capacitação de recursos humanos

ARTICULAÇÃO – Desenvolvimento tecnológico voltado para o uso racional (urbano e agrícola) da água, reuso da água e tratamento não convencional de esgotos

ARTICULAÇÃO – DI-40 – Comunicação social e educação ambiental para o uso racional e proteção dos recursos hídricos

ARTICULAÇÃO – DI-41 – Programas de educação ambiental destinados aos usuários de água superficial e subterrânea

PG-40 – Controle e fiscalização dos recursos hídricos

PG-41 – Melhoria da capacidade de fiscalização urbana e ambiental

(a) treinamento de pessoal envolvido com atividades de fiscalização afetas aos recursos hídricos

(b)capacitação material dos órgãos de fiscalização para atuar nas áreas de interesse para a gestão dos recursos hídricos

ARTICULAÇÃO – PG-42 – Fiscalização de outorgas

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59

PG-50 – Sistema de Informações da Bacia

PG-51 – Sistema de Informações Urbanas

(a) aperfeiçoamento das bases de dados técnicos de gestão urbana correlacionados com os recursos hídricos

(b) apoio a projetos de compatibilização entre sistemas de informações de diferentes órgãos públicos envolvidos na gestão dos recursos hídricos

(c) cooperação entre o SIGRH, organizações não-governamentais e o Ministério Público no monitoramento das ações dos órgãos de fiscalização do parcelamento, uso e ocupação do solo e de outros sistemas potencialmente impactantes dos recursos hídricos

(d) implantação de estrutura-piloto de detecção de anúncios de empreendimentos irregulares em meios de comunicação

ARTICULAÇÃO – PG-52 – Sistema de informações em águas subterrâneas

ARTICULAÇÃO – PG-53 – Informações sobre a quantidade e qualidade da água na Bacia

CM-30 – Adequação de Infra-estrutura Urbana para Compensação aos Municípios

CM-31 – Programas de Melhoria da Infra-estrutura para Compensação aos Municípios

(a) obras de consolidação em áreas centrais adensáveis

(i) adequação das redes de abastecimento de água e de coleta de esgotos

(ii) adequação e melhoria do sistema viário

(iii) melhoria na drenagem urbana

(iv) coleta e destinação de resíduos sólidos

(v) co-participação em programas habitacionais de baixa renda

(b) obras de expansão e melhoria da infra-estrutura e dos serviços urbanos em assentamentos precários a consolidar

(i) expansão e melhoria do sistema de abastecimento de água

1. associação a planos locais de conservação e uso racional da água

(ii) expansão e melhoria da rede coletora de esgotos

(iii) adequação e melhoria do sistema viário

(iv) melhoria na drenagem urbana

(v) coleta e destinação de resíduos sólidos

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ANEXO 2 – MAPA DA REDE HÍDRICA ESTRUTURAL

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Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola Politécnica. Curso de Especialização em Engenharia Urbana

Drenagem urbana no município de São Paulo: análise comparativa entre o

Plano da Bacia do Alto Tietê e o Plano Diretor Estratégico de São Paulo / Vanessa Rocha Siqueira – Rio de Janeiro, 2009

60 p. Trabalho de Conclusão – 2009

1. Drenagem. 2. Inundações. 3. Corpos Hídricos. I. Título