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CEUNSP Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio Itu e Salto/SP APOSTILA PARCIAL DA DISCIPLINA "GESTÃO "GESTÃO AMBIENTAL" AMBIENTAL" PROF. Adv. JOSÉ CARLOS CLEMENTINO VISITE O SITE: www.clementino.zip.net

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CEUNSPCentro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio

Itu e Salto/SP

APOSTILA PARCIAL DA DISCIPLINA

"GESTÃO"GESTÃO AMBIENTAL" AMBIENTAL"

PROF. Adv. JOSÉ CARLOS CLEMENTINO

VISITE O SITE: www.clementino.zip.net

2Gestão Ambiental – Prof.Adv. José Carlos Clementino

SUMÁRIO__________________________________________________________________________________

1. GESTÃO AMBIENTAL .........................................................................................................................41.1 A Importância do estudo da Gestão Ambiental..................................................................41.2 Profissões Ambientais.........................................................................................................4

2. MEIO AMBIENTE..................................................................................................................................5

3. DIREITO AMBIENTAL DO TRABALHO................................................................................................7

4. A LEGISLAÇÃO E O MEIO AMBIENTE DE TRABALHO.....................................................................7

5. DEFINIÇÕES IMPORTANTES PARA O ENTENDIMENTO DA MATÉRIA..........................................8

6. CONSUMO, DESENVOLVIMENTO E SOCIEDADE SUSTENTÁVEL...............................................10

7. QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAIS................................................................................................12

8. QUESTÕES AMBIENTAIS NACIONAIS............................................................................................13

9. OS GRANDES ACIDENTES AMBIENTAIS.......................................................................................14

10. POLUIÇÃO DOS MARES.................................................................................................................15

11. DANO AMBIENTAL – Formas de reparação....................................................................................1511.1 Como denunciar causas de agressão ao meio ambiente..........................................1711.2 Órgãos Públicos recebem denúncia de agressões ambientais.................................18

12. IMPACTO AMBIENTAL....................................................................................................................18

13. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL........................................................................................2013.1 Política Nacional de Educação Ambiental.................................................................23

14. A QUESTÃO AMBIENTAL NA EMPRESA.......................................................................................2614.1 Gestão Ambiental.......................................................................................................2614.2 A Série ISO 14000 – Sistema de Gestão Ambiental (SGA).......................................28

14.2.1 Política Ambiental............................................................................................2814.2.2 Planejamento...................................................................................................2814.2.3 Implementação e operação..............................................................................2914.2.4 Verificação e ação corretiva.............................................................................2914.2.5 Conclusão........................................................................................................29

15. DESAFIO AMBIENTAL.....................................................................................................................3015.1 Passos para enfrentar o desafio ambiental..............................................................3015.2 Benefícios que poderão ser alcançados..................................................................31

16. DESEMPENHO AMBIENTAL NA EMPRESA.................................................................................31

17. AUDITORIA AMBIENTAL..............................................................................................................3217.1 Formas de auditorias ambientais............................................................................3317.2 vantagens das auditorias ambientais.......................................................................3317.3 Aplicação da auditoria.............................................................................................34

3Gestão Ambiental – Prof.Adv. José Carlos Clementino

SUMÁRIO__________________________________________________________________________________

18. LICENÇAS AMBIENTAIS.............................................................................................................3418.1 Licença prévia..........................................................................................................3518.2 Licença de instalação...............................................................................................3618.3 Licença de operação...............................................................................................3618.4 Órgãos Públicos Ambientais..................................................................................3618.5 Órgãos ambientais responsáveis pela licença.........................................................3718.6 Documentação ambiental básica............................................................................37

19. PERÍCIA AMBIENTAL..................................................................................................................3719.1 Confecção do Laudo do Dano Ambiental................................................................38

20. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL .......................................................................................................39

21. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O MEIO AMBIENTE................................................................4121.1 Referências constitucionais ao meio ambiente........................................................42

22. PRINCÍPÍOS DO DIREITO AMBIENTAL.....................................................................................44

23. AGENDA 21 .................................................................................................................................46

24. AGENDA 21 BRASILEIRA............................................................................................................47

25. CRIMES AMBIENTAIS.................................................................................................................48 25.1 Lei de crimes ambientais........................................................................................4825.2 Sanções e aplicação de pena.................................................................................51

26. AÇÃO CIVIL PÚBLICA...............................................................................................................5226.1 Direito de respirar ar puro......................................................................................5326.2 Exemplo de Ação Civil Pública..............................................................................53

BIBLIOGRAFIA BÁSICA...................................................................................................................55

4Gestão Ambiental – Prof.Adv. José Carlos Clementino

1. GESTÃO AMBIENTALEntende-se por gestão ambiental as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, querem reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam.

A gestão ambiental (GA) é uma prática muito recente, que vem ganhando espaço nas instituições públicas e privadas. Através dela é possível a mobilização das organizações para se adequar à promoção de um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Seu objetivo é a busca de melhoria constante dos produtos, serviços e ambiente de trabalho, em toda organização, levando-se em conta o fator ambiental. Atualmente ela começa a ser encarada como um assunto estratégico, porque além de estimular a qualidade ambiental também possibilita a redução de custos diretos (redução de desperdícios com água, energia e matérias-primas) e indiretos (por exemplo, indenizações por danos ambientais).

À medida que a sociedade vai se conscientizando da necessidade de se preservar o meio ambiente, a opinião pública começa a pressionar o meio empresarial a buscar meios de desenvolver suas atividades econômicas de maneira mais racional. O próprio mercado consumidor passa a selecionar os produtos que consome em função da responsabilidade social das empresas que os produzem. Desta forma, surgiram várias certificações, tais como as da família ISO14000, que atestam que uma determinada empresa executa suas atividades com base nos preceitos da gestão ambiental.

Em paralelo, o aumento da procura pelas empresas de profissionais especializados em técnicas de gestão ambiental motivou o surgimento de cursos superiores voltados para a formação desses profissionais, tais como os de Tecnólogo em gestão ambiental , de Engenharia Ambiental , Bacharelado em Gestão Ambiental e Tecnologia do Meio Ambiente.

No caso do setor público, a Gestão Ambiental apresenta algumas características diferenciadas. O governo tem papel fundamental na consolidação do desenvolvimento sustentável, porque ele é o responsável pelo estabelecimento das leis e normas que estabelecem os critérios ambientais que devem ser seguidos por todos, em especial o setor privado que, em seus processos de produção de bens e serviços, se utiliza dos recursos naturais e produz resíduos poluentes. Por isso mesmo, além de definir as leis e fiscalizar seu cumprimento, o poder público precisa ter uma atitude coerente, responsabilizando-se também por ajustar seu comportamento ao princípio da sustentabilidade, tornando-se exemplo de mudança de padrões de consumo e produção, adequando suas ações à ética socioambiental.

1.1 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE GESTÃO AMBIENTAL

A expansão da consciência coletiva em relação ao meio ambiente e a complexidade das atuais demandas ambientais que a sociedade repassa às organizações induzem um novo posicionamento por parte das organizações diante de tais questões. Tal posicionamento, por sua vez, exige gestores empresariais preparados para fazer frente a tais demandas ambientais, que saibam conciliar as questões ambientais com os objetivos econômicos de suas organizações empresarias.

Fica evidente que a formação de recursos humanos, dentre eles a do profissional generalista ou aquele especializado, ambos graduados, por escolas de administração ou outros cursos , é requerida em todas as direções e níveis nos quais se processa o novo padrão da gestão ambiental em suas dimensões de conteúdo, forma e sustentação.

A formação de profissionais qualificados deve ser tratada com altíssima prioridade porque, além de possibilitar que os órgãos governamentais e empresas, contem com pessoal qualificado para sua respectiva missão, também tem o papel de deflagrar uma nova mentalidade que proporcione mudanças, inclusive das próprias instituições formadoras de recursos humanos.

1.2 PROFISSÕES AMBIENTAIS

Aqui estão elencadas algumas profissões ligadas ao meio ambiente. a) Advogado Ambiental: podendo advogar tanto na defesa de supostos transgressores das leis ambientais, bem como fornecer Assessoria para a prevenção de futuras punições;

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b) Auditor Ambiental: realiza a avaliação das medidas exigidas concernentes à preservação do meio ambiente, para a obtenção das certificações ambientais, como por exemplo da série ISO 14.000; c) Biólogo: dentre as inúmeras atividades que podem ser exercidas por um biólogo, ressaltam-se levantamento de fauna e flora, elaboração de EIA-RIMA (o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA refletirá as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental - EIA), consultoria para reservas naturais, responder tecnicamente em projetos e programas sobre assuntos afetos à sua área de formação técnica etc.;d) Cientista Ambiental: possui o conhecimento genérico da ciência, propondo medidas que visem melhoria da qualidade de vida; e) Consultor Ambiental: prepara os relatórios referentes ao impacto ambiental, estabelecendo certos parâmetros como o ruído, contaminação de solo etc.; f) Contador Ambiental: contabiliza os benefícios e malefícios que determinado produto poderá trazer ao meio ambiente; g) Ecólogo: possui inúmeras funções, destacando-se a busca de modos para a diminuição do impacto ambiental, utilização correta dos recursos naturais etc. h) Educador Ambiental: conscientiza crianças, empresas e a comunidade de um modo geral da necessidade de mudança de certos atos, para que se conserve e preserve o meio ambiente; i) Engenharia Ambiental: fiscaliza e monitora as indústrias no sentido de preservação do meio ambiente; j) Geólogo: pesquisas para a proteção e planejamento, envolvendo o meio da superfície terrestre; k) Gestor Ambiental: supervisiona ou administra os setores ou departamentos de meio ambiente das empresas. É conhecido também como gerente de meio ambiente.l) Monitor de ecoturismo: trabalha como guia de turistas, explicando sobre os animais, reservas etc.

2. MEIO AMBIENTE

O meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Estão incluídos nesta definição:a) fatores fisiográficos como solo, água, floresta, relevo, geologia e paisagem; b) fatores psicossociais inerentes à natureza humana como comportamento, bem-estar, estado de espírito, trabalho, saúde, alimentação, etc. e c) fatores sociológicos, como cultura, civilidade, convivência, o respeito, a paz, etc.

É necessário que se perceba que o respeito ao meio ambiente é uma necessidade para a preservação do ser humano, enquanto espécie, portanto, em primeiro lugar o respeito ao meio ambiente é uma questão de sobrevivência. Em segundo lugar é necessário que se verifique onde este respeito é necessário e, portanto, cobrado de cada um. Esta localização parte da análise de que cada um deve cuidar de seu ambiente próximo o que, concomitantemente, propiciará a preservação do meio ambiente como um todo.

O Direito contribui com o meio ambiente atuando, principalmente, da seguinte forma:a) de forma preventiva preserva-se o meio ambiente;b) em sede de litígio defende-se o ofendido; ec) define a extensão da responsabilidade do ofensor do meio ambiente.

No âmbito do Direito Constitucional, o artigo 225 da Constituição Federal expressamente consigna: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade para o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” Dada a importância deste artigo da nossa “Lei Maior”, vamos destacar a significação geral dos enunciados:a) Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado – pertence a todos, incluindo aí as gerações presentes e as futuras, sejam brasileiros ou estrangeiros; b) Meio ambiente é bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida – é um bem que não está na disponibilidade particular de ninguém, nem de pessoa privada, nem de pessoa pública; c) Poder Público - é a expressão genérica que se refere a todas as entidades territoriais públicas; d) Dever de defender o meio ambiente e preservá – lo – é imputado ao Poder Público e à coletividade.

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Esta disposição constitucional faz com que o Direito Ambiental adquira uma dimensão infinita em todas as áreas do Direito, qual seja a partir da previsão expressa constitucionalmente em seus parágrafos e incisos o meio ambiente ganha relevância e proteção do Estado.

Com o objetivo de buscar uma maior identificação com a atividade que agride o meio ambiente e o bem jurídico agredido podemos destacar quatro aspectos contidos na classificação de meio ambiente:a) Meio ambiente natural (ou físico) - É constituído pelo solo, pela água, pelo ar atmosférico, pela flora e pela fauna. Quando é lançado em qualquer corrente de água um produto tóxico, que provoca a morte dos seres vivos daquele habitat, temos um exemplo de agressão ao meio ambiente físico.

b) Meio ambiente cultural (construído pelo homem, enquanto expressão de sua cultura) - É constituído pelo patrimônio histórico, artístico, científico, arqueológico, paisagístico, turístico. Quando, após ter sido declarado como patrimônio histórico, um determinado imóvel é demolido na "calada da noite" por seu proprietário, que considera uma invasão em seu direito de propriedade esta limitação imposta pelo Poder Público, ou, quando se estabelece que só será permitido o ensino da religião católica nas escolas públicas, temos aí exemplos de agressões ao meio ambiente cultural de nosso povo.

c) Meio ambiente artificial - É constituído pelo espaço urbano construído (conjunto de edificações e equipamentos públicos colocados à disposição da coletividade como ruas, praças, áreas verdes...), observando-se que neste conceito não se exclui o meio ambiente rural, uma vez que se refere a todos os espaços habitáveis, no tocante ao pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantia do bem-estar de seus habitantes. Quando o seu vizinho do andar superior não se preocupa em sanar um defeito contido na edificação, que provoca o vazamento de água, de forma perene, em seu imóvel, ou, quando alguém depreda sistematicamente todos os orelhões do bairro, temos aí exemplos de agressões ao meio ambiente artificial de uma determinada pessoa, no primeiro exemplo, e de pessoas indeterminadas, no segundo exemplo.

d) Meio ambiente do trabalho - É constituído pelo ambiente onde o ser humano desenvolve sua atividade produtiva, objetivando sua sobrevivência enquanto homem-indivíduo. Tutela-se neste aspecto a saúde e a segurança do trabalhador e, por conseqüência, punir-se-á todas as formas de degradação e poluição do meio ambiente onde o homem exerce sua atividade, mantendo-se a sua qualidade de vida.

Quando o ordenamento jurídico estabelece a obrigatoriedade da elaboração de um laudo de impacto ambiental, esta determinação tem um objetivo preventivo, no sentido de se evitar a agressão ao meio ambiente em qualquer um de seus aspectos, ou seja, verificada a possibilidade de agressão ao meio ambiente buscar-se-á o saneamento desta possibilidade e, em caso de verificação da impossibilidade deste saneamento, a empresa não terá autorização para exercer aquela atividade agressora ao meio ambiente. Verifica-se, portanto, que o empresário cauteloso, preventivamente, terá em seu poder um laudo de impacto ambiental, evitando, problemas futuros. Portanto, meio ambiente do trabalho consiste na proteção da integridade do trabalhador no meio ou lugar destinado à atividade laboral, na medida dos padrões de saúde e qualidade de vida legalmente estabelecidos. 

Vamos verificar os diversos significados de meio ambiente, na acepção conceitual:

Em sentido genérico: a) o meio ambiente é um conceito interdependente que realça a interação homem-natureza;  b) o meio ambiente envolve um caráter interdisciplinar ou transdisciplinar; e  c) o meio ambiente deve ser embasado em uma visão antropocêntrica alargada mais atual, que admite a inclusão de outros elementos e valores. Esta concepção faz parte integrante do sistema jurídico brasileiro. Assim, entende-se que o meio ambiente deve ser protegido com vistas ao aproveitamento do homem, mas também com o intuito de preservar o sistema ecológico em si mesmo.    Em sentido jurídico: a) a lei brasileira adotou um conceito amplo de meio ambiente, que envolve a vida em todas as suas formas. O meio ambiente envolve os elementos naturais, artificiais e culturais e do trabalho;  

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b) o meio ambiente, ecologicamente equilibrado, é um macrobem unitário e integrado. Considerando-o macrobem, tem-se que é um bem incorpóreo e imaterial, com uma configuração também de microbem;  c) o meio ambiente é um bem de uso comum do povo. Trata-se de um bem jurídico autônomo de interesse público; e

d) o meio ambiente é um direito fundamental do homem, considerado de quarta geração, necessitando, para sua consecução, da participação e responsabilidade partilhada do Estado e da coletividade. Trata-se, de fato, de um direito fundamental intergeracional, intercomunitário, incluindo a adoção de uma política de solidariedade.

3. DIREITO AMBIENTAL DO TRABALHO

Vimos que de forma didática o meio ambiente foi pormenorizado em quatro categorias: 1) Meio ambiente natural; 2) meio ambiente cultural; 3) meio ambiente artificial; e 4) meio ambiente do trabalho. Este último, de tão relevante está sendo estudado de forma independente abrindo espaço para um novo ramo do direito.

O meio ambiente do trabalho está relacionado com a saúde do trabalhador. A busca de garantia de um meio ambiente que proporcione bem-estar ao invés de riscos a saúde gerou o novo ramo do direito: Direito Ambiental do Trabalho. Este novo ramo já ocupa espaço de relevância quando trata da qualidade de vida no trabalho. A busca de proteção jurídica vai desde a qualidade do ambiente físico interno e externo do local de trabalho, até as relações interpessoais e a saúde física e mental do trabalhador.

A constante mudança do cenário social e das relações traz novas demandas de litígios e de bens a serem tutelados pelo direito. Daí o surgimento de "novos direitos", dentre eles, o direito ambiental do trabalho.

São inúmeras as possibilidades de doenças ocupacionais e patologias do trabalho e dos vários tipos de riscos aos quais um trabalhador pode ser exposto, o direito ambiental irá tutelar todas elas partindo, principalmente, do principio da prevenção.

4. A LEGISLAÇÃO E O MEIO AMBIENTE DE TRABALHO

Tutelar a saúde do trabalhador garantindo um meio ambiente que proporciona bem-estar ao trabalhador ao invés de riscos a sua saúde é uma tarefa difícil face às constantes mudanças das atividades produtivas, bem como ao avanço tecnológico que insiste em expor o trabalhador a imprevistos riscos.

Historicamente, observa-se que a industrialização, surgida inicialmente na Inglaterra no Século XVIII, alterou significativamente os ambientes de trabalho, principalmente com a utilização das máquinas e a intensificação do ritmo de trabalho.

A partir de então houve a nítida separação entre local de trabalho e de moradia, tratando-se, portanto, de dois ambientes diferentes.

Quanto a qualidade de vida e bem estar, há quem sustente que a Revolução Industrial não significou melhoria imediata e substancial no nível de vida da classe trabalhadora britânica, principalmente durante seus primeiros passos.

Diante da ausência de boas condições de trabalho e de vida, houve a necessidade de movimentos grevistas e protestos por parte dos trabalhadores que renderam gradual aumento do nível salarial e do poder aquisitivo, bem como estabelecimento de direitos sociais.

Nesse sentido, cumpre ressaltar o surgimento, ainda embrionário, de legislações provindas do poder público, consagradas pelas leis e regulamentos; por outro lado, surgiu o direito advindo das negociações entre empregados e empregadores. Como resultado, abriu-se um campo alternativo para a determinação de condições de trabalho e proteção a saúde dos trabalhadores. É muito recente a preocupação do legislador com as questões referentes ao meio ambiente.

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Devemos considerar que os ambientes de trabalho têm atravessado profundas modificações, repercutindo na forma e tipo de proteção legal estabelecida pelo poder público. Após a constitucionalização dos direitos sociais, observa-se progressivamente, surgimento de normas de saúde ocupacional e segurança industrial, em resposta as mudanças nos processos produtivos e aprimoramento das relações de trabalho.

O artigo 1º, caput, da Constituição de 1988 prevê, como um dos fundamentos da República, a dignidade da pessoa humana. O artigo 5º, caput, fala do direito à vida e segurança, e o artigo 6º, caput, qualifica como direito social o trabalho, o lazer e a segurança. No artigo 225, caput, ela garante a todos um meio ambiente ecologicamente equilibrado e, no inciso V, incumbe ao Poder Público o dever de controlar a produção, comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.

Extrai-se, da análise sistemática de todos esses dispositivos da Carta Federal, que o Estado não tolerará atividade que ponha em risco a vida, a integridade física e a segurança dos indivíduos.

Partindo de uma tutela constitucional, tem-se respaldo para proteger o trabalhador dos mais variados elementos que ameacem comprometer o seu meio ambiente do trabalho e, por conseguinte, sua saúde. No entanto, a Carta Magna é genérica e a função de regulamentar tudo isso restou ao legislador infraconstitucional e atualmente ao Direito Ambiental do Trabalho.

Por outro lado, a CLT discorre nos artigos 189 a 197, sobre os adicionais de insalubridade e periculosidade, regulamentando sua existência, sua fiscalização e sua eliminação. O artigo 189 define atividades insalubres como aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. O artigo 192 diz que o exercício de atividade insalubre, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do trabalho, garante o recebimento de adicional de 40%, 20% e 10% do salário mínimo, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. A mesma CLT, no artigo 193, define periculosidade como contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado e que o trabalho nessas condições assegura a percepção de um adicional de 30% sobre o salário. O meio ambiente de trabalho seguro e adequado é um direito fundamental do trabalhador.

5. DEFINIÇÕES IMPORTANTES QUE AJUDARÃO NA CONTINUIDADE DO ENTENDIMENTO DA MATÉRIA

Área de Proteção Ambiental (APA): Aquela que é declarada com o objetivo de assegurar o bem-estar das populações e conservar ou melhorar as condições ecológicas locais; área de preservação ambiental. Dentro dos princípios constitucionais que regem o exercício da propriedade, o poder público estabelecerá normas limitando ou proibindo: a) implantação e funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais; b) realização de obras de terraplanagem e abertura de canais, quando estas iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais; c) exercício de atividades capazes de provocar acelerada erosão das terras e/ou acentuado assoreamento das coleções hídricas; d) exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as espécies raras da biota nacional

Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE): Área que tem características extraordinárias e abriga exemplares raros da biota regional e exige cuidados especiais de proteção por parte do poder público. O poder público — federal, estadual ou municipal — declara área de relevante interesse ecológico aquela que, além dos requisitos estipulados por lei, tiver extensão inferior a 5 mil ha e pequena ou nenhuma ocupação humana. Sua proteção tem por finalidade manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível das mesmas.

Área Especial de Interesse Turístico: Trecho de território, inclusive águas territoriais, instituídas por decreto do Poder Executivo, a ser preservado e valorizado no sentido cultural e natural, destinado a promover o desenvolvimento turístico e receber projetos de turismo.

Biodegradável: Diz-se da substância que se decompõe facilmente reintegrando-se à natureza. Dejetos humanos são biodegradáveis, pois sofrem este processo natural de reintegração. Muitos

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produtos industriais não o são, como os plásticos. Indústrias vêm trabalhando para desenvolver produtos biodegradáveis, por exemplo, um tipo de plástico biodegradável.

Biodiversidade: Conjunto de plantas, animais, microrganismos e ecossistemas que sobrevivem na natureza em processos evolutivos de mais de 4 bilhões de anos, que constituem uma variedade biológica de mais de 30 milhões de organismos vivos.

Biota: Conjunto de seres animais e vegetais de uma região.

Contabilidade ambiental: Avaliação matemática do custo do desgaste que o meio ambiente sofre em função do desenvolvimento econômico e que traduz em cifras o peso do meio ambiente no processo de crescimento de um país.

Controle ambiental: Ação pública, oficial ou privada, destinada a orientar, corrigir e fiscalizar atividades que afetam ou possam afetar o meio ambiente.

Crime ambiental: é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o meio ambiente, protegidos pela legislação. Com a entrada em vigor da Lei dos Crimes Ambientais, Lei nº 9.605, de 13/02/98, o Brasil deu um grande passo legal na proteção do meio ambiente, pois na nova legislação traz inovações modernas e surpreendentes na repreensão a destruição ambiental, revogando muitos dispositivos, bem como apresentando novas penalidades, reforçando outras existentes e impondo mais agilidade ao julgamento dos crimes.

Cobrança pelo uso da água - Prevista na Lei de Recursos Hídricos (Lei Federal 9433/97), parte do princípio de que a água é um bem econômico e seu uso deve ser racionalizado. Pode haver a cobrança de todos usos sujeitos à outorga, como captação de água, lançamento de esgotos, ou produção de energia. Pela lei, os valores arrecadados devem ser aplicados prioritariamente em obras, estudos e programas na própria área da bacia hidrográfica onde se fez a cobrança. (Fonte: Lei Federal 9433/97)

Conservação ambiental - Manejo dos recursos do ambiente, ar, água, solo, minerais e espécies vivas, incluindo o Homem, de modo a conseguir a mais alta qualidade de vida humana com o menor impacto ambiental possível. Ou seja, busca compatibilizar os elementos e formas de ação sobre a natureza, garantindo a sobrevivência e qualidade de vida de forma sustentável.

Dano ambiental: qualquer ato ou atividade considerada lesivos ao meio ambiente que sujeitarão os autores e/ou responsáveis a sanções penais, independentemente de terem de reparar os danos causados. Hoje existe a lei de crimes ambientais 9605/98.

Desenvolvimento sustentável: modelo desenvolvimentista baseado na obtenção de uma taxa mínima de crescimento, combinada com a aplicação de estratégias para proteção do meio ambiente.

Fauna: Conjunto de espécie animal de determinada região em um período.

Interesse difuso: interesse juridicamente reconhecido, de uma pluralidade indeterminada ou indeterminável de sujeitos que, potencialmente, pode incluir todos os participantes da comunidade geral de referência, o ordenamento geral cuja normativa protege tal tipo de interesse. O interesse difuso é o interesse que cada indivíduo possui pelo fato de pertencer à pluralidade de sujeitos a que se refere a norma. Podemos apontar como típicos interesses difusos o direito à informação, o direito ao ambiente natural, o respeito das belezas monumentais ou arquitetônicas, o direito à saúde e segurança social, o direito a um harmonioso desenvolvimento urbanístico. Mas os campos mais salientes dos interesses difusos estão na tutela dos direitos dos consumidores e do direito ao ambiente sadio. Não podemos confundir interesse difuso com interesse coletivo. Este último corresponde a grupo determinado de pessoas como membros de associação de classe, acionistas de uma mesma sociedade, estudantes da mesma escola, sindicato condôminos, etc. enquanto que o difuso, como vimos, são pessoas indeterminadas.

Ecossistema: I. Conjunto de plantas e animais dentro de um espaço comum; a unidade ecológica no mais profundo sentido. II. Nível de organização da natureza: uma gota de água, um monte de folhas, um tronco, uma região natural, um bosque, um pântano, etc. (O mesmo que sistema ecológico.) Estudo de Impacto Ambiental (EIA): Estudo realizado por determinação da legislação, composto de mapas, gráficos, explicações e conclusões técnicas, destinado a avaliar as modificações que se

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operarão no meio ambiente ao se construir uma obra. O EIA gera o RIMA – relatório de Impacto do Meio Ambiente.

Gestão Ambiental: é a forma pela qual uma empresa se mobiliza, interna e externamente, na conquista da qualidade ambiental desejada. Para atingir a meta ao menor custo. O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é a estratégia indicada.

Manancial: Reserva de água, de superfície ou subterrânea, utilizada para abastecimento humano, animal, industrial ou para irrigação.

Mata Atlântica: Floresta semelhante à Amazônia, que ocorre no litoral leste do Brasil, nas encostas orientais e atlânticas da serra do Mar; floresta atlântica, mata costeira, mata litorânea, mata oriental. Muito densa, a Mata Atlântica apresenta condições fisiográficas peculuares e alta diversidade. Originalmente abrangia um milhão de quilômetros quadrados, ia do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, correspondendo a 12% do território nacional. Devido ao desmatamento e ocupação sem planejamento, ela ocupa hoje apenas 25 mil quilômetros quadrados, cerca de 0,3% do território brasileiro.

Monóxido de carbono: Gás incolor e inodoro, que apesar de ser combustível não mantém uma combustão; óxido de carbono. O monóxido de carbono é extremamente venenoso e pesa menos que o ar. Forma-se em todas as fumaças e no gás de escapamento de motores. Seu caráter venenoso reside em sua forte vinculação com a hemoglobina, podendo causar a morte. É um dos maiores fatores de poluição atmosférica.

Queimada: Prática agrícola de limpeza do solo com a queima de produtos da roçada (mato, galhos, cipós, etc), o que reduz o custo e a mão-de-obra. A queimada contribui, entretanto, para a gradual esterilização do solo, acidificando-o e destruindo grande parte de sua microvida. As queimadas são as responsáveis pela maioria dos incêndios florais.

Reciclagem: é toda prática que regenere ou reprocesse um produto proveniente de outro processo, para que se obtenha um produto útil ou para reutilização (reuso).

Recurso natural não-renovável: Qualquer dos recursos básicos naturais que compõem a natureza e que não se reproduzem e deixarão de existir se forem explorados à exaustão: petróleo, mineral, etc.

Recurso natural renovável: Qualquer dos recursos básicos naturais que compõem a natureza e que poderão reproduzir-se: os animais, as plantas.

Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA): contém o balanço dos pontos negativos e positivos do impacto ambiental causado por determinada obra, numa região. O Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente, é baseado na Constituição Federal e foi regulamentado por lei em janeiro de 1986 e pela resolução nº 1/86 do Conselho Nacional de Meio Ambiente. Inclui o RIMA as medidas, que são sugeridas pelos técnicos para a prevenção e/ou redução dos efeitos negativos da obra e para o incremento dos efeitos positivos.

Sociedade sustentável: Aquela que atende às suas necessidades atuais sem pôr em risco as perspectivas das gerações futuras. Seve para as empresas o fato de conciliar o crescimento econômico com estratégias para a proteção ao meio ambiente. O tema deve ser analisado em conjunto com o “consumo sustentável” e “sociedade sustentável”.

Voçoroca: Processo erosivo subterrâneo causado por infiltração de águas pluviais, através de desmoronamento e que se manifesta por grandes fendas na superfície do terreno afetado, especialmente quando este é de encosta e carece de cobertura vegetal.

Xaxim: pseudocaule de feto arborescente que é usado para vasos de plantas, prática extrativista que está levando o vegetal à extinção.

6. CONSUMO, DESENVOLVIMENTO E SOCIEDADE SUSTENTÁVEL

Consumo sustentável significa "satisfazer as necessidades e aspirações da geração atual, sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas". No Brasil, até pela abundância de recursos naturais existente, não nos acostumamos a nos preocupar com a possibilidade de seu esgotamento.

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A pergunta que se coloca, então, é: como crescer e se desenvolver sem esgotar essas fontes e, portanto, sem deixar um novo problema para as próximas gerações? Em poucas palavras: como promover um consumo sustentável? E indo mais a fundo: o que eu posso fazer para satisfazer as minhas necessidades sem comprometer a satisfação dos meus filhos e netos?

O consumo de energia elétrica vem aumentando a cada ano no Brasil. O comércio, além de ganhar novos estabelecimentos com alto padrão de consumo (shopping centers, por exemplo), está ampliando o horário de funcionamento. No segmento residencial, o consumo aumentou com a incorporação de novos eletrodomésticos, como o forno de microondas.

Além da preservação da água e da economia de energia, outro fator importante para o consumo sustentável é não poluir o ambiente. Por isso, dar um destino adequado ao lixo é um dos grandes desafios da administração pública em todo o mundo.

Muito do que deve ser feito para promover um consumo sustentável depende dos governos e das empresas, mas os consumidores também podem colaborar, e muito, nesse sentido, adotando pequenas atitudes começando pela mudança de alguns hábitos cotidianos em relação a água e energia por exemplo.

O Consumo sustentável prega a necessidade de mudanças de hábitos cotidianos da pessoa. Pequenas atitudes são importantes para o equilíbrio do binômio pessoa/natureza.

Em relação ao desenvolvimento sustentável devemos analisar o seguinte: o modelo de crescimento econômico gerou enormes desequilíbrios. Se, por um lado, nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam dia a dia. Diante dessa constatação, surge a idéia do desenvolvimento sustentável, buscando conciliar o desenvolvimento econômico à preservação ambiental e, ainda, ao fim da pobreza no mundo.

A prática do desenvolvimento sustentável é muito importante principalmente para as empresas. Estas, precisam de gestores que saibam conciliar crescimento econômico com estratégias para a proteção ao meio ambiente.

Num sentido amplo fortalece-se a percepção de que é imperativo desenvolver, sim, mas sempre em harmonia com as limitações ecológicas, ou seja, sem destruir o ambiente, para que as gerações futuras tenham chance de existir e viver bem, de acordo com as suas necessidades (melhoria da qualidade de vida e das condições de sobrevivência). As metas gerais do desenvolvimento sustentável são:√ A satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer, etc.).√ A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo que elas tenham chance de viver).√ A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal).√ A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, etc).√ A elaboração de um sistema social, garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas, como,por exemplo, os índios).√ A efetivação dos programas educativos.

A educação ambiental é parte vital e indispensável na tentativa de se chegar ao desenvolvimento sustentável, pois é a maneira mais direta e funcional de se atingir pelo menos uma de suas metas: a participação da população.

Uma forma de despertar a consciência dos alunos de forma geral é, por exemplo, estabelecer um projeto já aplicado em algumas escolas chamado de Educação para a Vida Sustentável que envolve uma pedagogia que coloca a compreensão da vida com seu ponto central. O educando experimenta um aprendizado no mundo real que supera nossa alienação da natureza, o que reacende um sentido de pertinência e desenvolve um currículo que ensina às nossas crianças os princípios básicos da ecologia, tais como:-aquilo que uma espécie desperdiça é a comida da outra espécie e a matéria circula continuamente pela da teia da vida;-a energia que guia os ciclos ecológicos emana do sol;-a diversidade assegura a resiliência;

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-que a vida, desde o seu início, há mais de três bilhões de anos, não tomou o planeta por combate, mas por atuar em rede.

Essa pedagogia sugere o planejamento de um currículo integrado, enfatizando o conhecimento contextual, no qual os vários assuntos são entendidos como recursos a serviço de um foco central. Uma maneira ideal de alcançar a integração é aproximar-se da chamada “aprendizagem por projetos”, que consiste em facilitar as experiências de aprendizagem ao envolver alunos em projetos complexos e contemporâneos, através dos quais eles desenvolvam e apliquem habilidades e conhecimentos.

Uma das formas de levar a educação ambiental à comunidade é pela ação direta do professor na sala de aula e em atividades extracurriculares. Por meio de atividades como leitura, trabalhos escolares, pesquisas e debates, os alunos poderão entender os problemas que afetam a comunidade onde vivem, a refletir e criticar as ações que desrespeitem e, muitas vezes, destroem um patrimônio que é de todos.

Os professores são peças fundamentais no processo de conscientização da sociedade dos problemas ambientais, pois buscarão desenvolver, em seus alunos, hábitos e atitudes sadios de conservação ambiental e respeito à natureza transformando-os em cidadãos conscientes e comprometidos com o futuro do país. Além disso, desenvolvimento sustentável introduz uma dimensão ética e política que considera o desenvolvimento como um processo de mudança social, com conseqüente democratização do acesso aos recursos naturais e distribuição eqüitativa dos custos e benefícios do desenvolvimento.

Vamos elencar a seguir alguns princípios da vida sustentável:

1) Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos: é quase que um princípio ético, pois não precisamos e não devemos destruir as outras espécies. 2) Melhorar a qualidade de vida humana: é este o principal objetivo do desenvolvimento sustentável, permitir que as pessoas realizem o seu potencial e vivam com dignidade. 3) Conservar a vitalidade e a diversidade do planeta Terra: pois é nele que vivemos.4) Assegurar o uso sustentável dos recursos renováveis e minimizar o esgotamento de recursos não renováveis. 5) Permanecer nos limites da capacidade de suporte do planeta Terra: isso deve ser analisado em separado nas diferentes regiões, como, por exemplo, não podemos querer encher as florestas de pessoas morando. 6) Modificar atitudes e práticas pessoais: a sociedade deve promover valores que apóiem a ética, desencorajando aqueles que são incompatíveis com um modo de vida sustentável. Deve-se incentivar disciplinas de direito ambiental desde a pré-escola. 7) Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio meio ambiente: as comunidades e grupos locais tendem a expressarem as suas preocupações e acharem soluções mais rápidas se estiverem vivenciando o problema. 8) Gerar uma estrutura nacional para a integração de desenvolvimento e conservação: toda sociedade precisa de leis e de estrutura para proteger o seu patrimônio; tentar prever os problemas e evitar danos maiores. 9) Constituir uma aliança global: é de extrema importância, pois a falta de cuidado de um interfere na vida de outrem. Entretanto, não devemos nos contentar com palavras e sem buscar ações. 10) As empresas devem conciliar o crescimento econômico com estratégias para a proteção ao meio ambiente.

A análise feita até agora referente ao consumo sustentável e ao desenvolvimento sustentável deixa clara a importância da questão ambiental em qualquer discussão e também dentro dos debates da sociedade, no sentido de enfatizar a consciência de preservação do meio e a evolução para a gestão da sustentabilidade, porque, a cada dia, ficam evidentes as conseqüências das agressões que o homem comete contra a natureza.

Na verdade, precisamos do esforço geral da sociedade na busca do equilíbrio pessoa/natureza e com isso contribuir para as futuras gerações (ver art. 225, da CF/88).

7. QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAISOs grandes problemas ambientais ultrapassam as fronteiras nacionais e são tratados de forma global, pois afetam a vida de todos no planeta. Isto explica, em parte, por que os

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países mais desenvolvidos colocam barreiras à importação de produtos resultantes de processos prejudiciais ao meio ambiente.

A atividade industrial, principalmente, é responsável por expressiva parcela dos problemas globais incidentes no meio ambiente.

Você vai conhecer, a seguir, quais são as ameaças com que a humanidade se defronta.Entenda melhor, também, o esforço das nações e da sociedade em geral para reverter o processo acelerado de degradação dos recursos naturais no mundo, que também tem como causas a explosão demográfica e as precárias condições de vida de grande parte da população, especialmente as do terceiro mundo.

Existem questões ambientais de suma importância para a Humanidade, que se caracterizam como impactos ambientais negativos.Algumas dessas questões são descritas a seguir:• o aumento da temperatura da Terra;• a diminuição das quantidades de espécies vivas (conhecida como perda da biodiversidade);• a contaminação ou exploração excessiva dos recursos dos oceanos;• a escassez, mau uso e poluição das águas;• a superpopulação mundial;• a utilização/desperdício dos recursos naturais não renováveis (petróleo, carvão mineral, minérios);• o uso e a ocupação inadequados e a degradação dos solos agricultáveis;• a destinação final dos resíduos (lixo);• a gravidade do aumento das doenças ambientais, produzidas pelo desequilíbrio da estabilidade planetária; e• a busca de novos paradigmas de produção e consumo.

8. QUESTÕES AMBIENTAIS NACIONAIS

O Brasil é um país que apresenta características próprias por ter dimensões continentais, grandes variações em latitude e longitude, um mosaico de classes de solo, relevo diversificado, climas variando de úmido a semi-árido, grandes ecossistemas distintos e um sem-número de formas de uso e ocupação do espaço, vinculadas à heterogeneidade cultural do seu povo.

Nosso país tem ocupado posição de destaque nas preocupações ambientais do mundo inteiro, principalmente por abrigar 60% (sessenta por cento) da Amazônia Internacional, a grande reserva da biodiversidade no planeta.Podemos destacar as seguintes preocupações nacionais:• as alterações climáticas;• os riscos à biodiversidade e a extinção das espécies;• a poluição dos mares e ecossistemas contíguos à costa brasileira;• redução da Mata Atlântica, além de outros dois grandes biomas, o Cerrado e a Caatinga.

Como em qualquer outro país do mundo, o Brasil também sofre as conseqüências do chamado efeito estufa, que provoca o aumento da temperatura terrestre. As causas estão relacionadas ao lançamento de gases na atmosfera, principalmente o dióxido de carbono, o metano, os óxidos de nitrogênio e os hidrocarbonetos halogenados.

Nesse tópico, o Brasil deve direcionar suas preocupações para as seguintes questões:• Como as mudanças da cobertura vegetal na Amazônia, em particular o desmatamento, podem alterar o equilíbrio climático na região e em outras áreas?• Em que intensidade as emissões de fumaça e gases provocadas pelas queimadas, pelas indústrias, pelos meios de transporte e produção de energia no Brasil, contribuem para as alterações climáticas globais?• Como estas mudanças afetariam os ecossistemas naturais e os de produção agropecuária no território brasileiro?• Que efeitos permaneceriam no ambiente, mesmo que as emissões de gases e o desmatamento no Brasil fossem controlados?

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Não existem ainda respostas definitivas para tais questões. Sabe-se que a Floresta Amazônica tem importância para o clima no mundo, mas não em que proporção. É preciso que o País acompanhe os estudos em andamento e utilize a Amazônia em seu benefício, com a consciência da importância que tem a região em escala mundial.

A biodiversidade ou diversidade biológica pode ser compreendida como o conjunto formado pelos ecossistemas, as populações com suas espécies componentes e o patrimônio genético que as caracterizam, portanto, engloba todas as plantas, animais e microorganismos, bem como os ecossistemas do qual fazem parte.

Recentes estudos conduzem à previsão de que o mundo perderá entre 2% e 7% das espécies nos próximos 25 anos, correspondentes à extinção de 8 mil a 28 mil espécies por ano, ou seja, de 20 a 75 espécies por dia. As Américas do Sul e Central abrigam 51% das plantas tropicais existentes no mundo, enquanto a África e Madagascar respondem por 23%, e a Ásia, 26%. Como exemplo cita-se a região de Cubatão, que apresentava, na época de seu ritmo mais intenso de industrialização (1950 a 1960), todos os atrativos para a implantação do pólo industrial em termos de proximidade do centro consumidor, de porto marítimo de grande porte, de malha viária, de disponibilidade de mão-de-obra, água e energia elétrica.

Os aspectos ambientais foram praticamente ignorados nos processos de análises e nas decisões sobre a instalação de atividades industriais no município, o que provocou intensa degradação ambiental.

Além disso, os ataques à vegetação da Serra do Mar, provocados pelas atividades humanas e, particularmente, pelos efeitos tóxicos das emissões industriais (chuvas ácidas), tornaram suas encostas instáveis, criando riscos de deslizamentos sobre o complexo industrial.

A partir de 1983, foi desencadeado o Programa para a Recuperação da Qualidade Ambiental de Cubatão, como resposta às pressões sociais em curso. Em 1984, o Programa aprovou vários planos individuais para controle ambiental nas indústrias.

Cubatão transformou-se, pela gravidade dos níveis de poluição e riscos para a população, em caso emblemático que atraiu intensa reação. Em 1986, o Ministério Público do Estado de São Paulo e uma entidade ambiental não-governamental ajuizaram ações civis públicas contra 24 empresas poluidoras pelos danos causados à Serra do Mar.

Hoje, os resultados da aplicação do citado Programa mostram significativa redução nos níveis de emissão de poluentes, diminuindo o número de ocorrências de alerta e emergência na região, cuja incidência chegava anteriormente a 17 vezes por ano.

O caso de Cubatão serve de exemplo de planejamentos feitos sem considerar as implicações dos aspectos e dos impactos ambientais de um empreendimento dessa natureza.

Outros problemas ambientais que preocupam as autoridades e toda a população brasileira estão distribuídos ao longo de todo o território nacional, a saber:• saneamento básico inadequado ou inexistente;• crescimento populacional;• pobreza;• urbanização descontrolada;• consumo e desperdício de energia;• perda de solo agricultável;• desertificação no Semi-Árido brasileiro;• práticas agrícolas inadequadas;• substâncias tóxicas perigosas;• ineficiente gestão dos recursos hídricos;• mineração e garimpos predatórios;• processos industriais poluentes;• poluição do ar em áreas metropolitanas; e• alteração da Mata Atlântica, da Caatinga e do Cerrado, queimadas na Amazônia, ocupação e destruição de mangues em toda a costa, principalmente próximo aos limites urbanos.

9. OS GRANDES ACIDENTES AMBIENTAIS

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Os grandes acidentes ambientais que vêm ocorrendo em todo o mundo, além de provocar o extermínio local de grandes populações de animais e plantas, têm atingido diretamente as populações humanas, tanto pela perda de vidas como pelas grandes perdas sociais e econômicas. Basta relembrar as tragédias de Minamata, Bhopal, Three Mile Island, Chernobyl, Exxon Valdez, o derrame de 1.290m3 de óleo combustível na Baia de Guanabara feito por um oleoduto da Refinaria Duque de Caxias, o afundamento do navio petroleiro Prestige, em novembro de 2002, com 70 mil toneladas de óleo, na costa da Espanha. Essa quantidade de óleo é duas vezes maior que a contida no Exxon Valdez.

O acidente de Bhopal, ocorrido em Madyma Pradejh, na Índia, provocado pelo vazamento de trinta toneladas de metil isocianato de uma fábrica da Union Carbide, morreram, num primeiro momento, 3.323 pessoas e cerca de 35 mil tiveram o funcionamento de seus pulmões afetado em diversos níveis. Em decorrência desse acidente, a empresa teve que ressarcir, pelos danos causados às pessoas e ao meio ambiente, uma soma da ordem de dez bilhões de dólares.

Há acidentes que ocorrem no dia-a-dia, como o do césio, em Goiânia. A tragédia de Caruaru, com a contaminação de pacientes de hemodiálise, é também um acidente ambiental como tantos outros.

10. A POLUIÇÃO DOS MARES

A poluição do mar causada pelos despejos de rejeitos domésticos e industriais e materiais assemelhados e o escoamento de águas poluídas por insumos agrícolas, entre outros, vem aumentando de forma progressiva, no mundo inteiro. Tudo isso, aliado ao excesso de pesca, está levando ao declínio diversas zonas pesqueiras regionais.

Calcula-se em 500 mil toneladas anuais o derrame de petróleo nos oceanos. Entre 1967 e 1983 foram lançadas 90 mil toneladas de resíduos radioativos no mar pelos países industrializados, o que, oficialmente, não ocorre mais.

Quase 80% dos poluentes lançados nos mares concentram-se nas regiões costeiras que, além de ser altamente habitado, é um habitat marinho vulnerável. De acordo com a Academia Nacional de Ciências dos EUA, estimam-se que 14 bilhões de quilos de lixo são jogados (sem querer ou intencionalmente) nos oceanos todos os anos.

Outra questão importante que vem sendo objeto de preocupação em todo o mundo é a água de lastro. Estima-se que, somente na costa brasileira, são despejadas, anualmente 40 milhões de toneladas de água de lastro, proveniente de diversas partes do mundo.

Responsáveis pelo transporte de mais de 80% dos materiais comercializados em todo o mundo, os navios translocam, anualmente, mais de 10 bilhões de toneladas de água de um local para outro, levando nesse volume cerca de três mil espécies de organismos vivos. Esses organismos, dispersos por diferentes pontos do bioma marinho e também fluvial, causam problemas incomensuráveis em função de suas características adaptativas.

As autoridades buscam estabelecer medidas internacionais de controle, para evitar que espécies exóticas de grande poder de adaptação se instalem em ecossistemas frágeis e provoquem desequilíbrios em seu funcionamento. Além de alterações nos ecossistemas, em geral essas espécies causam grandes prejuízos econômicos em todo o mundo.

11. DANO AMBIENTAL – Formas de reparação

Não encontramos no ordenamento jurídico brasileiro uma definição expressa do termo dano ambiental, pois a legislação ambiental utiliza as seguintes expressões: poluidor, degradação ambiental e poluição.

A Lei 6.938/81 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, estabelece no seu artigo 3º, inciso IV, que poluidor “ é a pessoa física ou jurídica,de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”. Ainda, conceitua a degradação ambiental como a “alteração adversa das características do meio ambiente” (inciso II, do artigo 3º da citada lei).Assim sendo, é importante mencionar a definição legal de poluição prevista no artigo I, da Lei 6.938/81: Poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante das atividades que direta ou indiretamente:

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a) prejudicam a saúde e o bem estar da população;b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;c) afetem desfavoravelmente a biota;d) afetem as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; ee) lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

Como se vê, a legislação define poluidor como a pessoa (física ou jurídica) causadora da degradação ambiental, por conseguinte, poluidor é o degradador ambiental ou a pessoa que altera adversamente as características do ambiente. O tratamento legal atribuído a esses conceitos jurídicos (poluidor, poluição e degradação ambiental) dá ensejo a afirmação de que a poluição não está restrita à alteração do meio natural, portanto, o meio ambiente a ser considerado pode ser tanto o natural quanto o cultural e o artificial.

Se a legislação ambiental fornece apenas elementos indicativos da definição de dano ambiental, a doutrina tem um estudo mais específico e profundo em relação ao tema, especialmente sobre sua caracterização. Assim, o dano ambiental pode ser definido como “a lesão aos recursos ambientais, com a conseqüente degradação-alteração adversa do equilíbrio ecológico e da qualidade ambiental”.

Primeiro, o dano é um pressuposto da obrigação de reparar e, conseqüentemente, um elemento necessário para a configuração do sistema de responsabilidade civil. Segundo, a definição de dano ambiental abrange qualquer lesão ao bem jurídico-meio ambiente-, causado por atividades ou condutas de pessoas físicas ou jurídicas. Ou seja, “o dano ambiental deve ser compreendido como toda lesão intolerável causada por qualquer ação humana (culposa ou não ao meio ambiente), diretamente o bem de interesse da coletividade, em uma concepção totalizante, e indiretamente a terceiros tendo em vista interesses próprios individualizáveis e que refletem o bem”.

O dano ambiental apresenta características diferentes do dano tradicional, principalmente porque é considerado bem de uso comum do povo, incorpóreo, imaterial, autônomo e insuscetível de apropriação exclusiva. Trata-se, aqui, de direitos difusos, em que o indivíduo tem o direito de usufruir o bem ambiental e também tem o dever de preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Desta forma, o dano ambiental pode tanto afetar o interesse da coletividade quanto seus efeitos podem ter reflexo na esfera individual, o que autoriza o indivíduo a exigir a reparação do dano, seja ela patrimonial ou extrapatrimonial. Assim, o dano ambiental tem duas facetas: a) pode ser produzido ao bem público, neste caso, o titular é a coletividade; e b) o dano ecológico,é ainda, o dano sofrido por particular enquanto titular do direito fundamental.

Nesta perspectiva, o dano ao meio ambiente apresenta certas especificidades em relação aos danos não ecológicos. Primeiro, porque as conseqüências decorrentes da lesão ambiental são, via de regra, irreversíveis, podendo ter seus efeitos expandidos para além da delimitação territorial de um Estado. Segundo, porque a limitação de sua extensão e a quantificação do quantum reparatório é uma tarefa complexa e difícil, justamente em função do caráter difuso, transfronteiriço e irreversível dos danos ambientais.

Se a interferência do homem no meio ambiente pode gerar danos, é necessário estabelecer instrumentos de reparação.

A Constituição Federal de 1988 no capítulo dedicado ao Meio Ambiente estabelece como forma de reparação do dano ambiental três tipos de responsabilidade, a saber: civil, penal e administrativa, todas independentes e autônomas entre si. Ou seja, com uma única ação ou omissão pode-se cometer os três tipos de ilícitos autônomos e também receber as sanções cominadas.

Em matéria ambiental a responsabilidade ambiental observa alguns critérios que a diferenciam de outros ramos do Direito. Isto porque ela impõe a obrigação de o sujeito reparar o dano que causou a outrem. É o resultado de uma conduta antijurídica, seja de uma ação, seja de uma omissão, que se origina um prejuízo a ser ressarcido.

Estas peculiaridades da responsabilidade civil ambiental são importantes, pois trazem segurança jurídica, pelo fato do poluidor assumir todo o risco que sua atividade produzir. Além disso, associado à responsabilidade objetiva está o dever do poluidor de reparar integralmente o bem ambiental lesado, seja por meio da restauração, seja por meio da compensação ecológica.

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Os danos ambientais são de difícil reparação, especialmente em razão de suas características que dificilmente são encontradas nos danos não ecológicos. Apresentam, portanto, as seguintes especificidades: a) os danos ao meio ambiente são irreversíveis; b) a poluição tem efeitos cumulativos; c) os efeitos dos danos ecológicos podem manifestar-se além das proximidades vizinhas; d) são danos coletivos e difusos em sua manifestação e no estabelecimento do nexo de causalidade; e) têm repercussão direta nos direitos coletivos e indiretamente nos individuais.

A indenização pecuniária é uma forma de reparação secundária do bem ambiental lesada, portanto, preterida à restauração do dano ambiental. Por outro lado, tem como fator positivo a certeza da sanção civil, o que garante  o caráter coercitivo da responsabilidade civil ambiental.

Verifica-se, portanto, na prática, que nem a restauração e nem a compensação ecológica é capaz de reconstituir os bem ambientais lesados. Neste sentido, a indenização pecuniária é uma forma de compensação ecológica, embora o sistema de reparação ambiental tenha como fim principal à recuperação do patrimônio natural degradado.

A legislação ambiental brasileira determina no artigo 13 da lei 7347/85 que: “Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por conselhos Estaduais que participarão necessariamente, o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.”

Vamos resumir analisando o direito sob a ótica do direito material. Concluímos que quanto aos danos difusos ambientais, têm-se três maneiras de repará-los: a) restauração natural;b) compensação ecológica; e c) indenização pecuniária (também considerado uma forma de compensação).

A primazia do ordenamento jurídico pátrio é a restauração natural como forma de reparação do dano ambiental. Somente quando verificada a impossibilidade técnica de se restaurar o bem degradado é que medidas compensatórias poderão ser aplicadas.

No caso de aplicação de medidas compensatórias para reparação do dano, é importante salientar que existe primazia, também aqui, de determinadas formas de compensação ecológica sobre outras.

Em sentido lato, há que se observar a seguinte ordem de prioridade na aplicação da medida compensatória: a) substituição por equivalente no local; b) substituição por equivalente em outro local; e, c) somente em último caso, indenização pecuniária.

A indenização pecuniária: trata-se da compensação do dano causado por meio pecuniário, já que, na prática, a reparação do dano é praticamente impossível.

11.1 COMO DENUNCIAR CAUSAS DE AGRESSÃO AO MEIO AMBIENTE

Todo cidadão tem o direito e o dever de denunciar uma agressão ao meio ambiente. A primeira atitude a ser tomada é, uma vez sabendo quem é o agente infrator, tentar uma conversa, a fim de conscientizá-lo do dano que está provocando e a sugestão de medidas alternativas para agir, que não sejam prejudiciais ao meio ambiente.

Caso a tentativa de conscientização não dê certo, o jeito será preparar uma denúncia e encaminhá-la ao órgão ambiental correto, pois, caso contrário, não surtirá nenhum efeito.Importante, também, não esquecermos que a imprensa é uma grande aliada nesse processo: pois coloca em evidência os danos ambientais e gera uma discussão social, podendo levar a questão à resolução de forma mais rápida e consciente.

Feitas essas primeiras considerações, vamos indicar o "caminho das pedras" para a realização de uma denúncia. Quem pode denunciar? Qualquer cidadão. Entretanto, é bom ressaltar que se a denúncia partir de um grupo de pessoas ou com o apoio de uma ONG, sua força será maior.

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Deve ser feita por escrito ou por telefone? Em casos emergenciais, como, por exemplo, um incêndio florestal, a denúncia pode ser feita por telefone ou pessoalmente. Nos outros casos, o meio mais eficiente é a denúncia escrita, relatando o dano co o máximo de detalhes (fatos, data, horário, endereço completo do local e todos os dados disponíveis dos infratores) e com provas (fotos, reportagens, documentos, mapa do local,...). Pode ser feita, também por abaixo assinado, sendo que este deve conter não só a assinatura, mas o nome completo e o RG dos signatários. Dica: na denúncia escrita, é sempre bom guardar uma prova de que o documento foi entregue (protocolo no órgão responsável ou na empresa, ou, se enviado por correio, carta com aviso de recebimento - AR).

Para quem mandar a denúncia? Em termos de dano ambiental, o órgão federal principal pela fiscalização e controle ambiental é o IBAMA. Pode-se remeter a denúncia para a sede, em Brasília, ou para a superintendência estadual. Já no âmbito estadual, além da superintendência do IBAMA, pode-se buscar os órgãos estaduais responsáveis, bem como as Procuradorias do Meio Ambiente, ou, dependendo do caso, as Polícias Civil ou Militar (tendo em vista que a agressão ambiental é crime). Em caso de dano contra o consumidor, o mais recomendável é buscar os PROCONs estaduais e as Promotorias de Defesa do Consumidor.

11.2 ÓRGÃOS PÚBLICOS RECEBEM DENÚNCIAS DE AGRESSÕES AMBIENTAIS

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis: é o principal órgão federal para a fiscalização e controle ambiental. Recebe denúncias sobre caça e comércio ilegal de animais, poluição do ar, da água, ou do solo.

Órgão Estadual do Meio Ambiente (secretaria, diretoria ou departamento): atende casos de poluição sonora, do ar, caça e comércio ilegal de animais silvestres, derrubada de árvores.

Procuradorias do Meio Ambiente e de Defesa do Consumidor: podem promover inquéritos e ações judiciais a partir de denúncias de danos ao meio ambiente, ao patrimônio público e ao consumidor, sem custo para o cidadão.

Polícia: a agressão ambiental é crime, quer dizer, tanto a Polícia Civil, quanto a Polícia Florestal e de Mananciais (faz parte da Polícia Militar) podem realizar autuações, aplicar multas, embargar obras e apreender materiais utilizados durante uma infração ambiental.

Poder Legislativo (Senado Federal, Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativas e Câmara de Vereadores): em casos de infrações de maior repercussão, sobretudo quando dependem de uma política pública, podem agir promovendo debates públicos, solicitando requerimento de informações aos responsáveis, entre outras medidas. Contatar a Comissão de Meio Ambiente e de Defesa do Consumidor, quando houver, ou o parlamentar mais sensível à questão.

Conselhos de Meio Ambiente (Conselho Nacional de Meio Ambiente, Conselho Estadual de Meio Ambiente ou Conselho Municipal de Meio Ambiente): reúne representantes do setor público e da sociedade civil, podendo exigir, para infrações de maior repercussão, ações efetivas por parte dos órgãos de meio ambiente.

CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear: é responsável por todas as atividades nucleares no país, inclusive o controle e fiscalização de denúncias sobre lixo nuclear e outros tipos de contaminação radioativa.

Prefeitura Municipal: age em casos de poluição sonora, lixo, construções clandestinas em áreas de preservação ambiental, praças ou jardins mal conservados, extração irregular de argila e areia, e demais problemas no âmbito municipal.

12. IMPACTO AMBIENTAL

De acordo com a Resolução do CONAMA n.º 001 de 23/01/86, Impacto Ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem:a) a saúde, a segurança e o bem-estar da população;b) as atividades sociais e econômicas; c) a biota; d) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e) a qualidade dos recursos ambientais.

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O impacto é positivo quando a ação resulta na melhoria da qualidade de um fator ou parâmetro ambiental. O impacto é negativo quando a ação resulta em danos à qualidade de um fator ou parâmetro ambiental.

A resistência de um ecossistema pode ser entendida como a sua capacidade de resistir e amortecer impactos negativos sobre a sua estrutura.

A resiliência pode ser entendida como sendo a velocidade de recuperação da estrutura geral de um ecossistema após um distúrbio, ou seja, é a capacidade intrínseca de um sistema em manter sua integridade no decorrer do tempo, sobretudo em relação a pressões externas.

Para entender melhor a resiliência analisemos as seguintes situações: a) Um ecossistema torna-se degradado quando perde sua capacidade de recuperação natural após distúrbios, ou seja, perde sua resiliência. Dependendo da intensidade do distúrbio, fatores essenciais para a manutenção da resiliência como, banco de sementes no solo, capacidade de rebrota das espécies, chuva de sementes, dentre outros, podem ser perdidos, dificultando o processo de regeneração natural ou tornando-o extremamente lento.

b) As áreas desflorestadas diminuem sua capacidade de retenção de água, aumentando o escoamento superficial, exportando assim grande carga de sólidos para os cursos de água. Esta destruição ambiental diminui a resistência e a resiliência dos ecossistemas tendo como conseqüência o aumento das enchentes em períodos de intensas chuvas e tornando ainda mais dramáticos os efeitos das secas prolongadas.

O Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA) contém o balanço dos pontos negativos e positivos do impacto ambiental causado por determinada obra, numa região. O Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente, é baseado na Constituição Federal e foi regulamentado por lei em janeiro de 1986 e pela resolução nº 1/86 do Conselho Nacional de Meio Ambiente. Inclui o RIMA as medidas, que são sugeridas pelos técnicos para a prevenção e/ou redução dos efeitos negativos da obra e para o incremento dos efeitos positivos.

Exemplos dos principais impactos ambientais negativos enfrentados por municípios brasileiros:

a) lançamento de esgoto residencial e efluentes industriais, ocasionando poluição nos corpos de água

superficiais e subterrâneos;

b) disposição inadequada dos resíduos sólidos e da saúde;

c) áreas urbanas com crescimento desordenado, mesmo em municípios aonde há Plano diretor;

d) erosão e assoreamento devido ao desmatamento de matas ciliares, atividades mineradoras,

algumas delas clandestinas e manejo inadequado das áreas agrícolas;

e) ocupação por residências ilegais em áreas no entorno de antigas voçorocas;

f) alteração dos perfis longitudinais e transversais dos córregos, ocorrendo degradação da paisagem

devido principalmente a extração mineraria e seus acúmulos desordenados de seus rejeitos, não

obedecendo o que já esta previsto por lei. Não há nenhum manejo adequado com medidas

mitigadoras para diminuir os impactos dessa atividade.

g) principalmente nas áreas urbanas a intensa impermeabilização do solo pela utilização de asfalto

para a pavimentação das ruas e aumento do número de construções, sem o devido acompanhamento

da ampliação da rede de esgoto, juntamente com mau tratamento das redes mais antigas e do

acúmulo de lixo, pela própria população, nas ruas da cidade, vem acarretando aumento do

escoamento superficial e das inundações, tornando as cidades verdadeiras piscinas nas épocas da

chuva;

h) predominância de monoculturas, como a da cana-de-açúcar com seus efeitos negativos, por

exemplo, as queimadas; retirada de matas ciliares substituídas pelas culturas, a vinhaça e outros.

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Todavia, neste caso, mais do que nunca, observa-se que o poder econômico aliado ao político,

tentam demonstrar que os benefícios desta atividade agrícola excede em muito os seus impactos

negativos (!!). “E se não fosse a cana?”, e,

i) utilização sem orientação adequada dos agrotóxicos, ainda recomendados em doses excessivas

àquelas realmente adequadas, aqui outra vez entre o poder econômico interferindo na melhoria da

qualidade de vida e a ambiental;

13. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Iremos apresentar aqui a história da Educação Ambiental, mostrar as fases pelas quais ela passou em diversas épocas, divididas nas décadas de 70, 80 e 90 passando rapidamente pelas décadas de 50 e 60. Foi um longo caminho que foi trilhado desde que começou, e foram obtidas muitas conquistas, porém a tarefa não está terminada e ainda há muito o que se fazer.

OS ANOS 1970As questões ambientais começaram a se apresentar pelos idos dos anos 1970, quando eclode no mundo um conjunto de manifestações, incluindo a liberação feminina, a revolução estudantil de maio de 1968 na França e o endurecimento das condições políticas na América Latina, com a instituição de governos autoritários, em resposta às exigências de organização democrática dos povos em busca de seus direitos à liberdade, ao trabalho, à educação, à saúde, ao lazer e à definição participativa de seus destinos.

Naquela época em que se dançava o rock and roll e que se ouvia a canção de Geraldo Vandré, "Para não dizer que não falei de flores", o que acontecia no mundo? Fortalecia-se o processo de implementação de modelos de desenvolvimento fortemente neoliberais, regidos pela norma do maior lucro possível no menor espaço de tempo. Com o pretexto da industrialização acelerada, apropriava-se cada vez mais violentamente dos recursos naturais e humanos.

O processo de consolidação do capitalismo internacional, paralelo ao paradigma positivista da ciência, já não conseguia dar reposta aos novos problemas, caracterizados pela complexidade e interdisciplinaridade, no contexto de uma racionalidade meramente instrumental e de uma ética antropocêntrica.

No âmbito educativo, processavam-se críticas à educação tradicional e às teorias tecnicistas que visavam à formação de indivíduos eficientes e eficazes para o mundo do trabalho, surgindo movimentos de renovação em educação.

Os antecedentes da crise ambiental da década de 1970 manifestarem-se ainda nas décadas de 1950 e 1960, diante de episódios como a contaminação do ar em Londres e Nova York, entre 1952 e 1960, os casos fatais de intoxicação com mercúrio em Minamata e Niigata, entre 1953 e 1965, a diminuição da vida aquática em alguns dos Grandes Lagos norte-americanos, a morte de aves provocada pelos efeitos secundários imprevistos de pesticidas e a contaminação do mar em grande escala, causada pelo naufrágio do petroleiro Torrei Canyon, em 1966.

Esses acontecimentos, entre outros, receberam ampla publicidade, fazendo com que países desenvolvidos temessem que a contaminação já estivesse pondo em perigo o futuro do homem.

Ainda não se falava de Educação Ambiental, mas os problemas ambientais já demonstravam a irracionalidade do modelo de desenvolvimento capitalista.

Ao mesmo tempo, na área do conhecimento científico, deram-se algumas descobertas que ajudaram a perceber a emergente globalidade dos problemas ambientais. A construção de uma ciência internacional também começava a consolidar-se nas décadas de 1960 e 1970, sendo que grande parte dos conhecimentos atuais dos sistemas ambientais do mundo foi gerada nesse período.

Com o notável avanço da ecologia e de outras ciências correlatas, grande parte do conhecimento existente sobre o meio ambiente, que era suficiente para satisfazer às necessidades do passado, passou a ser insuficiente para embasar a tomada de decisões na organização ambiental da época.

Com a ampliação do "movimento ambientalista", na Segunda metade do século XX, passaram a ser

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elaborados quase todos os aspectos do meio natural associados ao interesse pela situação do ser humano, tanto no plano da comunidade como no das necessidades individuais de vida e subsistência, destacando-se a relação entre os ambientes artificiais e os naturais.

O movimento conservacionista anterior, de proteção à natureza, interessava-se em proteger determinados recursos naturais contra a exploração abusiva e destruidora, alegando razões gerais de prudência ética ou estética. O novo movimento ambiental, sem descartar essas motivações, superou-as, estendendo seu interesse a uma variedade maior de fenômenos ambientais. Alegava que a violação dos princípios ecológicos teria alcançado um ponto tal que, no melhor dos casos, ameaçava a qualidade da vida e, no pior, colocava em jogo a possibilidade de sobrevivência, a longo prazo, da própria humanidade.

A fim de buscar respostas a muitas dessas questões, realiza-se, em 1972, a Conferência de Estocolmo. Desde então, a Educação Ambiental passa a ser considerada como campo da ação pedagógica, adquirindo relevância e vigência internacionais.

As discussões em relação à natureza da Educação Ambiental passaram a ser desencadeadas e os acordos foram reunidos nos Princípios de Educação Ambiental, estabelecidos no seminário realizado em Tammi (Comissão Nacional Finlandesa para a UNESCO, 1974). Esse seminário considerou que a Educação Ambiental permite alcançar os objetivos de proteção ambiental e que não se trata de um ramo da ciência ou uma matéria de estudos separada, mas de uma educação integral permanente.

Em 1975, a UNESCO, em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio ambiente (PNUMA), em resposta à recomendação 96 da Conferência de Estocolmo, cria o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), destinado a promover, nos países-membros, a reflexão, a ação e a cooperação internacional nesse campo. Sem dúvida, a Conferência de Estocolmo configurou-se mais como um ponto centralizador para identificar os problemas ambientais do que como um começo da ação para resolvê-los.

No início da década de 1970, importantes organismos especializados das Nações Unidas tinham iniciado programas sobre vários países desenvolvidos tinham estabelecidos instituições nacionais para manejar os assuntos ambientais (ministérios do meio ambiente, organismo especializados, etc.). O elemento ambiental integrou-se aos programas de muitos organismos intergovernamentais e governamentais que se ocupavam das estratégias de desenvolvimento.

Em seu primeiro período em 1973, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) destacou como alta prioridade os temas referentes ao meio ambiente e ao desenvolvimento, o que constituiu um conceito fundamental de seu pensamento.

Nesse período, realizou-se um conjunto de experiências e práticas de Educação Ambiental em muitos países que possibilitou avanços importantes na sua conceituação, inspirada em uma ética centrada na natureza, que pode ser identificada como a "Vertente Ecológico-Preservacionista da Educação Ambiental".

A Conferência de Estocolmo inspirou um interesse renovado na Educação Ambiental na década de 1970, tendo sido estabelecida uma série de princípios norteadores para um programa internacional e planejado um seminário internacional sobre o tema, que se realizou em Belgrado, em 1975.

Dois anos mais tarde celebrou-se em Tbilisi, URSS, a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, que constitui, até hoje, o ponto culminante do Programa Internacional de Educação Ambiental. Nessa conferência foram definidos os objetivos e as estratégias pertinentes em nível nacional e internacional. Postulou-se que a Educação Ambiental é um elemento essencial para uma educação global orientada para a resolução dos problemas por meio da participação ativa dos educandos na educação formal e não-formal, em favor do bem-estar da comunidade humana.

Acrescentou-se aos princípios básicos da Educação Ambiental nessa conferência a importância que é dada às relações natureza-sociedade, que, posteriormente, na década de 1980, dará origem à vertente socioambiental da Educação Ambiental.

A sensibilidade diante do meio ambiente aumentou entre as populações mais ricas e com maior nível de educação, sendo estimulada por meio de livro e filmes, assim com pelos jornais, revistas e meios de comunicação eletrônicos. As organizações não-governamentais desempenharam um importante papel no desenvolvimento de uma melhor compreensão dos problemas ambientais.

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No Brasil, em 1973, cria-se a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), no âmbito e preocupa-se em definir seu papel no contexto nacional.

OS ANOS 1980A década de 1980 caracteriza-se por uma profunda crise econômica que afeta o conjunto dos países do mundo, bem como por um agravamento dos problemas ambientais. Concebe-se a realidade socioeconômica em termos sistêmicos e estruturais, mostrando a entropia do processo econômico, com a aplicação das leis da termodinâmica na economia.

Fundamenta-se, também, a perspectiva global dos anos 1980: globalidade dos fenômenos ecológicos, as inter-relações entre economia, ecologia e desenvolvimento, políticas ambientais e cooperação internacional. As relações entre a economia e a ecologia levam à necessidade de adoção de um novo sistema de contabilidade ambiental e novos indicadores de bem-estar social e econômico. Realiza-se a crítica ao Produto Nacional Bruto (PNB), postulando-se um novo indicador: o beneficio social líqüido, que inclui o bem-estar econômico, social, individual e global e a noção de qualidade de vida.

No Brasil, a Política Nacional do Meio Ambiente, definida por meio da Lei nº 6.983/81, situa a Educação Ambiental como um dos princípios que garantem "a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar no país condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana". Estabelece, ainda, que a Educação Ambiental deve ser oferecida em todos os níveis de ensino e em programas específicos direcionados para a comunidade. Visa, assim, à preparação de todo cidadão para uma participação na defesa do meio ambiente.

No Decreto n.º 88.351/83, que regulamenta a Lei n.º 226/83, do conselheiro Arnaldo Niskier, que determina a necessidade da inclusão da Educação Ambiental nos currículos escolares de 1º e 2º graus. Esse parecer recomenda a incorporação de temas ambientais da realidade local compatíveis com o desenvolvimento social e cognitivo da clientela e a integração escola-comunidade como estratégia de aprendizagem.

Em 1987, realiza-se o Congresso Internacional sobre a Educação e Formação Relativas ao Meio Ambiente, em Moscou, Rússia, promovido pela UNESCO. No documento final, Estratégia internacional de ação em matéria de educação e formação ambiental para o decênio de 90, ressalta-se a necessidade de atender prioritariamente à formação de recursos humanos nas áreas formais e não-formais da Educação Ambiental e na inclusão da dimensão ambiental nos currículos de todos os níveis de ensino.

Em 1.988 a Constituição Federal brasileira define os princípios fundamentais que regem todas as demais normas ambientais (leis, decretos, portarias, resoluções etc.), e estabelece uma série de obrigações às autoridades públicas, dentre elas: a) a preservação e recuperação das espécies e dos ecossistemas; b) a preservação da variedade e integridade do patrimônio genético; c) a educação ambiental em todos os níveis escolares e a orientação pública quanto à necessidade de preservar o meio ambiente; d) a definição das áreas territoriais a serem especialmente protegidas; e) a exigência de estudos de impacto ambiental para a instalação de qualquer atividade que possa causar significativa degradação ao equilíbrio ecológico; f) a proteção à fauna e à flora, sendo vedadas as práticas que coloquem em risco a sua função ecológica, provoque a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldades, etc.

Assim como a defesa do consumidor, a competência para legislar sobre meio ambiente e sobre a responsabilidade por danos causados ao meio ambiente é da União (abrangência nacional), dos Estados (competência "residual") e dos Municípios (abrangência local), cada um com sua esfera de atuação

OS ANOS 90A análise da economia mundial das três últimas décadas revela que a brecha entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos tem aumentado. Nesse período a economia dos países desenvolvidos caracterizou-se por processos inflacionários, associados a um crescente desemprego, induzindo a uma combinação de políticas macroeconômicas que aumenta os problemas

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socioambientais, com o agravamento do processo de deterioração dos recursos naturais renováveis e não-renováveis nos países do Terceiro Mundo.

Os processos de globalização do sistema econômico aceleram-se. Os fatores globais adquirem maior importância na definição das políticas nacionais, as quais perdem força ante as forças econômicas mundiais. Há uma redefinição do papel do Estado na economia nacional, uma crescente regionalização ou polarização da economia e uma paulatina marginalização de algumas regiões ou países, em relação à dinâmica do sistema econômico mundial. Os países que dependem de produtos básicos são debilitados.

Nesse contexto internacional começa a ser preparada a Conferência Rio-92, na qual a grande preocupação se centra nos problemas ambientais globais e nas questões do desenvolvimento sustentável. Nessa conferência, em relação à Educação Ambiental, destacam-se dois documentos produzidos. No Tratado de Educação ambiental para sociedades sustentáveis, elaborado pelo fórum das ONGs, explicita-se o compromisso da sociedade civil para a construção de um modelo mais humano e harmônico de desenvolvimento, onde se reconhecem os diretos humanos da terceira geração, a perspectiva de gênero, o direito e a importância das diferenças e o direito à vida, baseados em uma ética biocêntrica e do amor. O outro documento foi a Carta brasileira de Educação Ambiental, elaborada pela Coordenação de Educação Ambiental no Brasil e se estabelecem as recomendações para a capacitação de recursos humanos.

A Conferência Rio-92 estabelece uma proposta de ação para os próximos anos, denominada Agenda 21. Esse documento procura assegurar o acesso o acesso universal ao ensino básico, conforme recomendações da Conferência de Educação Ambiental (Tbilisi, 1977) e da Conferência Mundial sobre Ensino para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem (Jomtien, Tailândia, 1990).

De acordo com os preceitos da Agenda 21, deve-se promover, com a colaboração apropriada das organizações não-governamentais, inclusive as organizações de mulheres e de populações indígenas, todo tipo de programas de educação de adultos para incentivar a educação permanente sobre meio ambiente e desenvolvimento, centrando-se nos problemas locais. As indústrias devem estimular as escolas técnicas a incluírem o desenvolvimento sustentável em seus programas de ensino e treinamento. Nas universidades, os programas de pós-graduação devem contemplar cursos especialmente concebidos para capacitar os responsáveis pelas decisões que visem ao desenvolvimento sustentável.

Em 1999, é aprovada no Brasil a lei 9795, de 27 de abril, que dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental.

Durante a década de 1990, o Ministério da Educação (MEC), o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) desenvolvem diversas ações para consolidar a Educação Ambiental no Brasil. No MEC, são aprovados os novos"Parâmetros Curriculares" que incluem a Educação Ambiental como tema transversal em todas as disciplinas. Desenvolve-se, também, um programa de capitação de multiplicadores em Educação Ambiental em todo o país. O MMA cria a Coordenação de Educação Ambiental, que se prepara para desenvolver políticas nessa área no país e sistematizar as ações existentes. O IBAMA cria, consolida e capacita os Núcleos de Educação Ambiental (NEAs) nos estados, o que permite desenvolver Programas Integrados de Educação Ambiental para a Gestão.

Várias organizações estaduais do meio ambiente (OEMAs) implantam programas de Educação Ambiental e os municípios criam as secretarias municipais de meio ambiente, as quais, entre outras funções, desenvolvem atividades de Educação Ambiental. Paralelamente, as ONGs têm desempenhado importante papel no processo de aprofundamento e expansão das ações de Educação Ambiental que se completam e, muitas vezes, impulsionam iniciativas governamentais.

Podemos afirmar, hoje, que as relações sociedade civil organizada entre instituições governamentais responsáveis pela educação ambiental caminham juntas para a construção de uma cidadania ambiental sustentável, baseada na participação, justiça social e democracia consciente.

É evidente que o aprofundamento de processos educativos ambientais apresenta-se como uma condição para construir uma nova racionalidade ambiental que possibilite modalidades de relações entre a sociedade e a natureza, entre o conhecimento científico e as intervenções técnicas no mundo,

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nas relações entre os grupos sociais diversos e entre os diferentes países em um novo modelo ético, centrado no respeito e no direito à vida em todos os aspectos.

13.1 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (Lei nº 9795 de 27 de abril de 1999)

CAPITULO I - DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Art. 1º Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Art. 2º A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal. Art.3º Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo: I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem; III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação; V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente; VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, identificação e a solução de problemas ambientais. Art. 4º São princípios básicos da educação ambiental: I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo; VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural. Art. 5º São os objetivos fundamentais da educação ambiental: I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; II - a garantia de democratização das informações ambientais; III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.

CAPÍTULO II - DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Secão I - Disposições Gerais Art.6º É instituída a Política Nacional de Educação ambiental.

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Art.7º A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, e organizações não-governamentais com atuação em educação ambiental. Art.8º As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes linhas de atuação inter-relacionadas: I - capacitação de recursos humanos; II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações; III - produção e divulgação de material educativo; IV - acompanhamento e avaliação. §1º Nas atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental serão respeitados os princípios e objetivos fixados por esta Lei. §2º A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para: I - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos educadores de todos os níveis e modalidades de ensino; II - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos profissionais de todas as áreas; III - a preparação de profissionais orientados para as atividades de gestão ambiental; IV - a formação, especialização e atualização de profissionais na área de meio ambiente; V- o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz respeito à problemática ambiental. §3º As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltar-se-ão para: I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando incorporação da dimensão ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades de ensino; II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão ambiental; III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando participação dos interessados na formulação e execução de pesquisas relacionadas à problemática ambiental; IV - a busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na área ambiental; V - o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo material educativo; VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio às ações enumeradas nos incisos I a V. Seção II - Da Educação Ambiental no Ensino Formal Art.9º Entende-se por educação ambiental na educação escolar desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino público e privados, englobando: I - educação básica: a) educação infantil; b) ensino fundamental; c)ensino médio; II - educação superior; III - educação especial; IV - educação profissional V - educação de jovens e adultos. Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal. § 1º A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino. §2º Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica. §3º Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas. Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas. Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental. Art. 12. A autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus cursos, nas redes públicas e privada, observarão o cumprimento do disposto nos Arts 10 e 11 desta Lei. Seção III - Da Educação Ambiental Não-Formal Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização na defesa da qualidade do meio ambiente. Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará: I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente;

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II - a ampla participação da escola, universidade e organizações não-governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal; III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-governamentais; IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação; V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação; VI - a sensibilização ambiental dos agricultores; VII - o ecoturismo.

CAPÍTULO III - DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Art. 14. A coordenação da política Nacional de Educação Ambiental ficará a cargo de um órgão gestor, na forma definida pela regulamentação desta Lei. Art. 15. São atribuições do órgão gestor: I - definição de diretrizes para implementação em âmbito nacional; II - articulação, coordenação e supervisão de planos, programas e projetos na área de educação ambiental, em âmbito nacional; III - participação na negociação de financiamentos de planos, programas e projetos na área de educação ambiental. Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e nas áreas de sua jurisdição, definirão diretrizes, normas e critérios para a educação ambiental, respeitados os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental. Art. 17. A eleição de planos e programas, para fins de alocação de recursos públicos vinculados à Política Nacional de Educação Ambiental, deve ser realizada levando-se em conta os seguintes critérios: I - conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental; II - prioridade dos orgão integrantes do SISNAMA e do Sistema Nacional de Educação; III - economicidade, medida pela relação entre a magnitude dos recursos a alocar e o retorno social propiciado pelo plano ou programa proposto; Parágrafo único. Na eleição a que se refere o caput deste artigo, devem ser contemplados, de forma eqüitativa, os planos, programas e projetos das diferentes regiões do País. Art.18. (vetado) Art.19. Os programas de assistência técnica e financeira relativos ao meio ambiente e educação, em níveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos às ações de educação ambiental.

CAPÍTULO IV - DISPOSIÇÕES FINAIS Art.20. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de noventa dias de sua publicação, ouvidos o conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho nacional de Educação. Art.21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

14. A QUESTÃO AMBIENTAL NA EMPRESA

A questão ambiental é uma realidade que chegou definitivamente às empresas modernas. Deixou de ser um assunto de ambientalistas para se converter em SGA (Sistema de Gestão Ambiental), e não se trata de um tardio despertar de consciência ecológica dos empresários e gerentes, mas uma estratégia de negócio.

A globalização dos problemas ambientais é um fato incontestável e as empresas estão desde a sua origem no centro desse processo e qualquer solução efetiva para os problemas envolve essas empresas. Dentro desse contexto foram criadas normas de proteção ambientais, em especial a ISO 14000, que tem como função estabelecer um mecanismo mundial de uniformização das metodologias para implantação de sistema de gestão ambiental visando o aperfeiçoamento das relações das empresas com o meio ambiente

Empresa não é uma questão separada do meio ambiente. A empresa é a questão central do meio ambiente. As formas como fazemos negócios refletem aquilo em que acreditamos e o que valorizamos. A empresa é também a força contemporânea mais poderosa de que dispomos para estabelecer o curso dos eventos da humanidade.

Quanto antes as organizações enxergarem a questão ambiental como oportunidade competitiva, maior será sua probabilidade de sobreviver e lucrar. É pela ênfase da questão ambiental como uma oportunidade de lucro que poderemos controlar melhor os prejuízos que temos causados ao meio ambiente.

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14.1 GESTÃO AMBIENTAL

Num mercado globalizado, competitivo e de constante mudança e onde os consumidores estão cada vez mais exigentes, a empresa que utiliza a pratica de gestão ambiental pode atingir a sua grande vantagem competitiva pois, a gestão ambiental auxilia as organizações a aprofundar aos temas ambientais e integrar o cuidado ambiental de forma sistemática das suas operações.

Logo, podemos definir Gestão Ambiental como sendo uma estrutura organizacional “que possui atividade de planejamento, responsabilidades, pratica, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental.”

Dentre os principais princípios da empresa, em relação à questão ambiental, serão destacados alguns a seguir.

Prioridade organizacional – a empresa deve garantir que a gestão ambiental esta entre suas principais prioridades e que ela é o principal fator de ajuda para o desenvolvimento sustentado de forma equilibrada.

Gestão Integrada – integrar todas as políticas, praticas ambientais em sua cadeia de valor.

Processo de Melhoria – estar sempre buscando alternativas de melhoria para a área ambiental levando em conta o desenvolvimento inovativo tecnológico.

Educação Ambiental – conforme já estudamos a Educação Ambiental é relevante pois, não basta apenas implementar a gestão ambiental , a preocupação com o meio ambiente é de suma importância educar, motivar e sociabilizar todos os colaboradores da organização para este fato, já que, espera-se que a educação parta para fora do ambiente de trabalho e que ela faça parte de seu grupo de valores.

Prioridade no Enfoque – ao escolher o processo ambiental e também inovativo é necessário manter o foco, deve-se fazer de planejamento e constantes feedback nas idéias que forem colocadas em praticas.

Produtos e Serviços – Desenvolver e fabricar produtos que não sejam agressivos ao meio ambiente.

Orientação ao Consumidor – orientar a sociedade sobre o correto uso de seus produtos e/ou serviços para que a gestão ambiental também funcione fora da organização .

Equipamentos e Operacionalização – verificar se a escolha das maquinas,equipamentos e operações estão produzindo algum mal ao meio ambiente. O ideal é que se faça intervenções constantes no processo no intuito de verificar o bom funcionamento das operações.

Pesquisa – a empresa pode conduzir projetos ou até apoiar universidades e/ou centros de pesquisa no intuito de verificar os impactos de todas as suas operações.

Enfoque Preventivo – modificar os processos em que ocorra algum impacto ambiental.

Fornecedores e subcontratados – o ideal é que a organização também se preocupe com seus fornecedores, fornecendo conhecimentos necessários sobre os seus possíveis impactos ambientais, assim assegurará o possível melhoramento de suas atividades.

Planos de Emergência – desenvolver e manter planos de emergências nas áreas em que ocorrem potencialmente riscos de danos ambientais.

Transferência de Tecnologia – contribuir para a disseminação de praticas tecnológicas que tragam benefícios para o meio ambiente , em conjunto com os órgãos públicos e privados.

Contribuição ao Esforço Comum – contribuir para o desenvolvimento de treinamentos, cursos, palestras e iniciativas educacionais que atinjam toda a sociedade.

Transferência de Atitude – gerar uma transferência de informações,ou seja,comunicar e ajudar sempre que necessário à sociedade em geral sobre os possíveis impactos ambientais e formas de prevenção.

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Atendimento e Divulgação – correspondem à verificação das praticas de gestão ambiental, pode ser realizada auditorias internas e externas, alem da divulgação para a comunidade em geral sobre as formas das suas políticas ambientais.

É preciso nunca esquecer que a inovação, não é um termo técnico, é econômico e social. Seu critério é uma mudança no comportamento das pessoas como cidadãos, estudantes ou professores ou os profissionais de uma forma geral.

Estes princípios tornam-se mais claro na medida em que aumentam as preocupações com a manutenção da qualidade do meio ambiente, bem como a proteção da saúde humana, organizações de todos os tamanhos vem crescentemente voltando suas atenções para os potenciais impactos de suas atividades, produtos e serviços.

O desempenho ambiental de uma organização vem tendo importância cada vez maior para as partes interessadas, internas e externas. Alcançar um desempenho ambiental consistente requer comprometimento organizacional e uma abordagem sistemática ao aprimoramento contínuo.

As questões ambientais passam a tornar-se objeto de iniciativas de normalização e certificação no âmbito nacional e internacional. Dentre essas normas, destacam-se as que fornecem diretrizes para que as empresas adotem procedimentos que fomentem e controlem a adoção de práticas menos degradantes ao meio ambiente, algumas destas normas são certificáveis possibilitando à empresa demonstrar a terceiros – organismos financiadores, acionistas, companhias de seguro e clientes (pessoa física e jurídica) – o atendimento a suas diretrizes.

Essas normas de âmbito nacional e internacional visam à melhoria da gestão ambiental nas empresas, tendo como destaque a ISO 14000 – instrumento mundial de critérios ambientais na gestão de empresas – e suas séries.

14.2 A SÉRIE ISO 14000 – Sistema de Gestão Ambiental (SGA)

A série ISO 14000 foi escrita pelo Comitê Técnico 207 (TC 207), criado pela Organização Internacional de Normalização – ISO. Onde define os elementos de um SGA (Sistema de Gestão Ambiental), a auditoria de um SGA, a avaliação do desempenho ambiental, a rotulagem ambiental e a análise de ciclo de vida.

Para a obtenção e manutenção do certificado ISO 14001 a organização tem que se submeter à auditoria periódica, realizada por uma empresa certificadora, credenciada e reconhecida tanto pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade industrial), no caso do Brasil, quanto por outros organismos internacionais. Nesta auditoria são verificados os cumprimentos de requisitos como:a) cumprimento da legislação ambiental;b) diagnóstico atualizado dos aspectos e impactos ambientais de suas atividades;c) procedimentos padrão e planos de ação para eliminar ou diminuir os impactos ambientais;d) pessoal devidamente treinado e qualificado;e) entre outros.

A norma tem como foco a melhoria contínua, onde a implantação do SGA ISO 14001 segue a metodologia PDCA (Plan, Do, Check, Act), que em português podemos traduzir por Planejar, Implementar, Verificar e Analisar criticamente. É observado que o Sistema de Gestão Ambiental ISO 14001 apóia-se num ciclo de melhoria contínua, que contém as cinco partes: Política Ambiental, Planejamento, Implementação e operação, Verificação e ação corretiva e Análise crítica pela administração.

14.2.1 Política Ambiental

Uma política ambiental estabelece um senso geral de orientação e fixa os parâmetros de ação para uma organização. Determina o objetivo fundamental bem como o nível de desempenho ambiental exigido pela organização, contra o qual todas as ações subseqüentes serão julgadas.

Tendo como base a avaliação ambiental inicial ou mesmo uma revisão que permita saber onde e em que estado a organização se encontra em relação às questões ambientais, chegou à hora da

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empresa definir claramente aonde ela quer chegar. Nesse sentido, a organização discute, define e fixa o seu comprometimento e a respectiva política ambiental.

14.2.2 PlanejamentoA organização deve estabelecer e manter um procedimento para identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços que possam por ela ser controlados e sobre os quais se presume que ela tenha influência, a fim de determinar aqueles que tenham ou possam ter impactos significativos sobre o meio ambiente. A organização deve assegurar que os aspectos relacionados a estes impactos significativos sejam considerados na definição de seus objetivos ambientais. A organização deve manter estas informações atualizadas.

Por exemplo, alguns aspectos típicos: uso de matéria-prima, uso de energia, emissões atmosféricas, lançamento em corpos d’água, alterações no solo, resíduos sólidos, resíduo perigoso, ruído e odor.

14.2.3 Implementação e operação

A implantação bem-sucedida de um SGA exige comprometimento de todos os empregados da organização. As responsabilidades ambientais, portanto, não devem se restringir à função ambiental, devendo também incluir outras áreas, tais como a gerência operacional e outras funções que não sejam especificamente ambientais.

O comprometimento deverá começar nos níveis gerenciais mais elevados da organização, que deverão estabelecer a política ambiental da empresa e garantir a implantação do SGA. Como parte deste comprometimento, a alta administração deverá designar seus representantes específicos, com responsabilidade definida e autoridade para implantação do SGA. No caso de organizações grandes e complexas, poderá existir mais de um representante designado. Deverá também garantir o suprimento de recursos apropriados à implantação e manutenção do SGA. É também importante que as principais responsabilidades do SGA sejam comunicadas ao pessoal relevante. Em empresas pequenas e médias, estas responsabilidades podem ser assumidas por apenas um indivíduo.

A organização deve identificar as necessidades de treinamento. Ela deve determinar que todo o pessoal, cujas tarefas possam criar um impacto significativo sobre o meio ambiente, receba treinamento apropriado.

Também deve estabelecer e manter procedimentos que façam com que seus funcionários ou membros, em cada nível e cargo pertinente, estejam conscientes sobre: a) a importância da conformidade com a política ambiental, procedimentos e requisitos dos sistemas de gestão ambiental; b) os impactos ambientais significativos, reais ou potenciais, de suas atividades e dos benefícios ao meio ambiente resultantes da melhoria de seu desempenho pessoal; c) suas funções e responsabilidades em atingir a conformidade com a política ambiental; d) procedimentos e requisitos do sistema de gestão ambiental, inclusive os requisitos de preparação e atendimento a emergências e as conseqüências potenciais da inobservância de procedimentos operacionais especificados.

14.2.4 Verificação e ação corretiva

Qualquer ação corretiva ou preventiva adotada para eliminar as causas das não conformidades, reais ou potenciais, deve ser adequada à magnitude dos problemas e proporcional ao impacto ambiental verificado.

A organização deve implementar e registrar quaisquer mudanças nos procedimentos documentados, resultantes de ações corretivas e preventivas. Esse elemento da norma é critico para o contínuo desenvolvimento de seu desempenho ambiental. A intenção é analisar por que deu errado e fazer alterações para que haja menos probabilidade de dar errado novamente.

14.2.5 Conclusão

O processo de um Sistema de Gestão Ambiental exerce uma enorme influência nas empresas para a melhoria contínua. É possível observar que esse sistema é parte do sistema administrativo geral de uma empresa, incluindo a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, treinamentos, procedimentos, processos e recursos para a implementação e manutenção da gestão ambiental. Onde também inclui aqueles aspectos de administração que planejam, desenvolvem,

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implementam, atinge, revisam, mantêm e melhoram a política ambiental, os objetivos e metas da empresa.

Os benefícios trazidos pela melhoria contínua do Sistema de Gestão Ambiental são: a) o melhor gerenciamento das questões ambientais para mostrar o comprometimento com a proteção ambiental; b) facilidade a obtenção de empréstimos internacional. Pode estar condicionado a implementação do SGA; c) redução no valor do prêmio do seguro; d) possibilitar transações comerciais com alguns clientes, especialmente na Europa e com o governo americano; e) atenuação perante tribunais em caso de demanda judicial, com demonstração de evidência ao comprometimento e esforços realizados; f) facilitar a realização de acordos multilaterais entre países, onde apareça a necessidade de mostrar o comprometimento do governo com a proteção ambiental; g) aumento da vantagem competitiva; h) melhorar a adequação a legislação ambiental da organização; i) facilita a prevenção da poluição e conservação dos recursos; j) conquista de novos clientes e ou mercados; k) reduz os custos operacionais; l) permite o envolvimento e conscientização dos empregados, com o aumento da moral da equipe; e m) ganho de aumento da confiança dos clientes.

Em relação a estes benefícios, deve ser lembrado que não ocorrem de imediato, há necessidade de que sejam corretamente planejados e organizados todos os passos para a interiorização da variável ambiental na organização para que ela possa atingir, no menor prazo possível, o conceito de excelência ambiental, que lhe trará importante vantagem competitiva.

15. DESAFIO AMBIENTAL

Muitas pressões econômicas e sociais estão forçando as organizações a responder ao desafio ambiental. Senão vejamos:1) Observância da lei. A quantidade e o rigor crescentes de leis e regulamentos.2) Multas e Custos Punitivos. As multas por não-observância e os custos associados às respostas a acidentes e desastres aumentam em número e freqüência.3) Culpabilidade Pessoal e Prisão. Indivíduos estão sendo multados e ameaçados de prisão por violar as leis ambientais, e mais e mais dessas leis são votadas e regulamentadas.4) Organizações Ativistas Ambientais. Tem havido uma proliferação desses grupos e suas agendas reformadoras, em nível internacional, nacional, estadual e local.5) Cidadania despertada. Os cidadãos estão ficando informados através da mídia e de fontes mais substanciais e estão buscando uma série de canais pelos quais possam expressar seus desejos ao mundo empresarial.(Por ex., você, aqui, agora). 6) Sociedades, Coalizões e Associações. Associações de classe, associações de comércio e várias coalizões estão fazendo pronunciamentos e dando início a programas que possam influenciar um comportamento empresarial voltado ao meio ambiente.7) Códigos Internacionais pelo Desempenho Ambiental. São muitas pressões globais para o desempenho ambiental responsável.8) Investidores Ambientalmente Conscientes. As organizações estão reconhecendo que seu desempenho ambiental e seus potenciais riscos financeiros decorrentes de um desempenho fraco (multas, custos de despoluição e custas de processos) determinarão o quão atraentes serão suas ações para investidores.9) Preferência do Consumidor. Os consumidores estão buscando práticas ecológicas e produtos verdes, e a resposta das organizações deve ir além de puras campanhas maciças de propaganda verde.10) Mercados Globais. A concorrência internacional existe no contexto de uma enorme gama de leis ambientais que não mais permitirão que empresas de países desenvolvidos exportem sua poluição para países em desenvolvimento.11) Concorrência. A pressão que se coloca provém daquelas empresas que estão adotando o desempenho sustentável e melhorando suas posições competitivas.12) Outras Pressões. Primeiro, o pessoal qualificado vai cada vez mais preferir trabalhar em organizações com bons históricos ambientais. Segundo, no futuro, a determinação do "preço de custo total" vai requerer que as empresas reflitam nos preços dos produtos e serviços não só os custos de

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produção e entrega como também os custos totais da degradação ambiental associada àqueles produtos e serviços.

15.1 ALGUNS PASSOS NECESSÁRIOS PARA ENFRENTAR O DESAFIO AMBIENTAL:

1) Desenvolva e publique uma política ambiental.2) Estabeleça metas e continue a avaliar os ganhos.3) Defina claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e do pessoal administrativo (Linha ou Assessoria).4) Divulgue interna e externamente a política, os objetivos e metas e as responsabilidades.5) Obtenha recursos adequados.6) Eduque e treine seu pessoal e informe os consumidores e a comunidade.7) Acompanhe a situação ambiental da empresa e faça auditorias e relatórios.8) Acompanhe a evolução da discussão sobre a questão ambiental.9) Contribua para os programas ambientais da comunidade e invista em pesquisa e desenvolvimento aplicada à área ambiental.10) Ajude a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os envolvidos: empresa, consumidores, comunidade, acionistas etc.11) Aceite primeiro o desafio ambiental antes que seus concorrentes o façam.12) Seja responsável em relação ao meio ambiente e torne isso conhecido. Demonstre aos clientes, fornecedores, governo e comunidade que a empresa leva as questões ambientais a sério e que desenvolve práticas ambientais de forma eficiente.13) Utilize formas de prevenir a poluição. Ser considerada uma empresa amigável ao ambiente, especialmente se ela supera as regulamentações exigidas, propicia vantagens de imagem em relação aos concorrentes, consumidores, comunidade e órgãos governamentais.14) Ganhe o comprometimento do pessoal. Com o crescimento da preocupação ambiental, as pessoas não querem trabalhar em organizações consideradas como poluidoras do meio ambiente. Ter empregados interessados, dedicados e comprometidos depende também de uma imagem institucional positiva.

15.2 BENEFÍCIOS QUE PODERÃO SER ALCANÇADOS

1) Economias devido à redução do consumo de água, energia e outros insumos.2) Economias devido à reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos.3) Redução de multas e penalidades por poluição.4) Aumento da contribuição marginal de "produtos verdes" que podem ser vendidos a preços mais altos.5) Aumento da participação no mercado devido a inovação dos produtos e menos concorrência.6) Linha de novos produtos para novos mercados.7) Aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição. 8) Melhoria da imagem institucional.9) Renovação de produtos.10) Aumento da produtividade.11) Alto comprometimento do pessoal.12) Melhoria nas relações de trabalho.13) Melhoria e criatividade para novos desafios.14) Melhoria das relações com órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas.15) Acesso assegurado ao mercado externo.16) Melhor adequação aos padrões ambientais.

16. DESEMPENHO AMBIENTAL NA EMPRESA

Desempenho ambiental consiste nos “resultados obtidos com a gestão dos aspectos ambientais da empresa”. Ou seja, resultados obtidos na gestão das atividades, produtos e serviços da empresa que podem interagir com o meio ambiente.Empresas comprometidas com a conquista da melhoria contínua do seu desempenho ambiental, buscam continuamente soluções para três questões fundamentais:

a. ONDE ESTAMOS ?A realização de uma primeira avaliação ambiental permitirá que a empresa responda a esta questão. Esta avaliação deverá abranger a comparação do desempenho ambiental da empresa com padrões, normas, códigos e princípios externos já estabelecidos. Deverão ser avaliados, também, os procedimentos, as políticas e as práticas de gestão ambiental já implementadas na empresa.

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As exigências de mercado e os padrões ambientais mais elevados, atingidos por algumas empresas do setor, são importantes parâmetros para esta avaliação. Da mesma forma, os diversos códigos de lideranças empresariais. Ao avaliar o potencial para vantagem competitiva de cada um desses códigos, será fácil perceber que o atendimento à legislação e aos padrões legais não são mais suficientes para garantir um diferencial competitivo às empresas ou regiões.

É fundamental o comprometimento das lideranças com a melhoria do desempenho ambiental.

Como mobilizar a empresa: Promova reuniões internas. Discuta o assunto com demais membros da empresa(gerentes). Realize seminários. Convide à participação de outras empresas conforme seu interesse. Estimule a participação da empresa em eventos, seminários e reuniões externas sobre o assunto. Promova o acesso da sua empresa a informações ambientais (como por exemplo revistas

especializadas) e divulgue-as. Envolva todos os membros da empresa em ações de endomarketing (campanhas internas e

eventos de sensibilização à questão ambiental).

O status atual pode ser feito através de questionários de auto-avaliação, será um primeiro passo para situar o estágio atual da empresa quanto à gestão ambiental. A avaliação inicial compreende, entre outras, as seguintes tarefas: Avaliação do grau de atendimento aos requisitos legais e suas principais pendências, assim como

a outras exigências do órgão de controle. Identificação dos passivos ambientais da empresa. Avaliação da documentação existente na empresa, referente às questões ambientais. Avaliação dos procedimentos internamente adotados em ações ambientais. Avaliação dos programas de capacitação de mão-de-obra existentes (treinamento). Avaliação das práticas e procedimentos adotados na contratação de serviços e fornecedores

externos. Registros de não conformidade e ações de controle. Interação com outros sistemas e programas internos de qualidade, de saúde e segurança. Avaliação das relações com a comunidade e outras partes interessadas.

Na avaliação inicial é importante identificar os pontos fortes e as principais deficiências no desempenho ambiental da empresa, de forma a eleger prioridades. Técnicas de auditorias ambientais (incluindo a elaboração e aplicação de questionários e checlists, além de entrevistas com o pessoal interno) são usadas na avaliação. A participação de pessoas qualificada, de fora da empresa, geralmente torna o processo mais produtivo e confiável , quer seja pela experiência específica, quer seja pela sua imparcialidade. Em alguns casos, recorre-se aos serviços de consultoria especializada.

b. ONDE QUEREMOS CHEGAR?A política de meio ambiente da empresa é o seu “termo de compromisso ambiental”. Este compromisso está condicionado às metas globais da empresa, de acordo com seu porte, com as tendências ambientais do mercado em que atua, além das características peculiares à sua região de entorno.

Os objetivos e as metas ambientais da empresa serão estabelecidos a partir da identificação das atividades, produtos e serviços da empresa que podem interagir com o meio ambiente, e dos respectivos impactos ambientais significativos associados.

c. COMO CHEGAR LÁ?A implementação de planos de ação e de programas de gestão específicos, associados ao treinamento e à conscientização dos empregados, possibilitam à empresa a conquista de objetivos e metas ambientais.

A realização de avaliações ambientais periódicas permitirá o acompanhamento sistemático dos resultados das ações implementadas, assim como a correção dos eventuais desvios detectados, com o contínuo aperfeiçoamento de desempenho ambiental da empresa.

17. AUDITORIA AMBIENTAL

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A auditoria ambiental consiste em processo sistemático de inspeção, análise e avaliação das condições gerais ou especificas de uma determinada empresa em relação a fontes de poluição, eficiência dos sistemas de controle de poluentes, riscos ambientais, legislação ambiental, relacionamento da empresa com a comunidade e órgão de controle, ou ainda do desempenho ambiental da empresa.

A auditoria ambiental tem como objetivo caracterizar a situação da empresa para fornecer um diagnóstico atual no que diz respeito a poluição do ar, águas e resíduos sólidos, favorecendo a definição das ações de controle e de gerenciamento que deverão ser tomadas para proporcionar a sua melhoria ambiental.

A auditoria fornece recomendações de ações emergenciais, de curto, médio e longo prazo que deverão ser tomadas para proporcionar a melhoria ambiental da empresa. De forma sucinta, pode-se dizer que a auditoria ambiental compara resultados com expectativas ambientais.

A realização de Auditorias Ambientais terá caráter compulsório quando for legalmente exigida por um órgão ambiental regulador.Quanto ao tipo, a Auditoria Ambiental poderá ser:a) INTERNA - como um instrumento de gestão ambiental da empresa, geralmente utilizadas afim de identificar e analisar eventuais passivos ambientais. Passivo ambiental é o conjunto de dívidas reais ou potenciais que o homem, a empresa ou a propriedade possui com relação à natureza por estar em desconformidade com a legislação ou procedimentos ambientais propostos.

b) EXTERNA - com o objetivo de se obter uma certificação ambiental.

Concluindo, cada dia mais as empresas fazem uso dessa prática, não apenas para a prevenção ou saneamento de seus passivos ambientais, mas também com o objetivo da certificação que será um fator de decisão num mercado altamente competitivo.

17.1 FORMAS DE AUDITORIAS AMBIENTAIS

A maioria das auditorias ambientais é uma combinação de uma e outra forma de auditoria. Contudo, o objetivo principal de qualquer auditoria ambiental é a realização de um diagnóstico da situação atual para verificar o que está faltando e promover ações futuras que tragam a melhora do desempenho ambiental da empresa. Seguem algumas formas:

a) Auditoria dos impactos ambientais:– Onde é feita uma avaliação dos impactos ambientais no ar, água,solo e comunidade de uma determinada unidade industrial ou de um determinado processo com objetivo de fornecer subsídios para ações de controle da poluição, visando a minimização destes impactos.

b) Auditoria dos riscos ambientais:– Onde é feita uma avaliação dos riscos ambientais reais ou potenciais de uma fábrica ou de um processo industrial especifico.

c) Auditoria da legislação ambiental:– Onde é feita uma avaliação da situação ambiental de uma determinada fábrica ou organização em relação ao cumprimento da legislação vigente.

d) Auditoria de sistemas de gestão ambiental:– É uma avaliação sistemática para determinar se o sistema da gestão ambiental e o desempenho ambiental de uma empresa estão de acordo com sua política ambiental, e se o sistema esta efetivamente implantado e adequado para atender aos objetivos ambientais da organização.– A auditoria de sistema de gestão é uma ferramenta de gestão, compreendendo uma avaliação sistemática, documentada, periódica e objetiva sobre como os equipamentos, gestão e organização ambiental estão desempenhando o objetivo de ajudar a proteger o meio ambiente.

17.2 VANTAGENS DAS AUDITORIAS AMBIENTAIS

As principais vantagens das auditorias ambientais são: promover a defesa do ambiente; apoiar o cumprimento da legislação ambiental; reduzir a exposição da empresa a processos-crime;

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proporcionar uma verificação independente do desempenho da empresa; identificar aspectos a necessitar de atenção; proporcionar, a tempo, alertas à gestão sobre potenciais futuros problemas; facilitar a comparação e o intercâmbio de informação entre empresas; aumentar da consciência dos empresários sobre políticas e responsabilidades ambientais; identificar potenciais poupanças nomeadamente as resultantes da minimização de resíduos; avaliar programas de treino e fornecer dados para o treino de pessoal; fornecer informação de base para uso em emergências e avaliar a eficácia e eficiência dos

dispositivos de resposta a emergências; assegurar a existência de dados ambientais de base, adequados e atualizados a serem

utilizados pela gestão (em sensibilização e para o processo de tomada de decisão) em alterações processuais, instalação de novas unidades, etc;

permitir à gestão acreditar no bom desempenho ambiental; apoiar e assistir nas relações entre a empresa e as autoridades, informando do tipo de

procedimentos adaptados; facilitar a celebração de contratos de seguro e a cobertura por prejuízos ambientais.

17.3 APLICAÇÃO DA AUDITORIA

A Auditoria deverá realizar:

1) Levantamento de informações sobre a empresa, tais como localização das instalações, processo produtivo, insumos, matérias-primas e resíduos industriais decorrentes de suas atividades. - A matéria-prima é a substância bruta principal e essencial com que é fabricada alguma coisa. Minério de ferro, por exemplo, é matéria-prima para fabricação de aço. Algodão é matéria-prima para fabricação de tecido. - Insumo é o elemento que entra no processo de produção de mercadorias ou serviços. Exemplos: energia, água, equipamentos, reagentes químicos, trabalho humano, etc. - Resíduo é tudo aquilo que sobra de algum processo. Quando falamos de resíduos industriais, geralmente nos referimos a resíduos sólidos (qualquer tipo de rejeito de consistência sólida) e resíduos líquidos (aqueles que não podem ser lançados em cursos d’água, como por exemplo, os resíduos oleosos, os resíduos de estações de tratamento de efluentes e muitos outros).

2) Levantamento da legislação de proteção ao meio ambiente, nos âmbitos federal, estadual e municipal, bem como das normas técnicas pertinentes às atividades da empresa a ser auditada;

3) Levantamento de informações relevantes, como por exemplo resultados de auditorias anteriores, condicionantes das licenças de operação, planos de controle ambiental, política, objetivos e metas e etc.;

4) Elaboração prévia das listas de verificação sobre os pontos a serem auditados (áreas a serem verificadas (no nosso caso, todas), pessoas envolvidas e pessoas a serem ouvidas);

5) Comunicar a empresa a ser auditada;

6) Coleta de evidências: entrevistas, exames de processos de produção, controle de equipamentos e revisão da documentação;

7) Descrever as evidências de conformidade e não conformidade detectadas, nomes das pessoas contatadas, conteúdo das discussões, documentação examinada e evidências positivas e negativas;

8) Apresentar pontos polêmicos e divergentes, obstáculos e dificuldades;

9) Solicitação de informações adicionais/esclarecer dúvidas;

10) Produto Final: Elaboração do Relatório de Auditoria Ambiental contendo observações e não conformidades encontradas, descrição dos pontos principais e sugestões de programas de ação para melhoria da performance ambiental.

18. LICENÇAS AMBIENTAIS

O Licenciamento Ambiental é o mais importante instrumento do Poder Público com objetivo de permitir e induzir a utilização racional dos recursos ambientais, inclusive no que diz respeito a

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organismos estatais e paraestatais, de maneira a atingir o bem comum, manifestado na forma de um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

A instalação, a expansão e a operação de equipamentos ou atividades industriais, comerciais e de prestação de serviços, dependem de prévia autorização e inscrição em registro cadastral, desde que inseridas na listagem das atividades consideradas potencialmente causadoras de degradação ambiental, como por ex. atividades industriais, minerárias (extração de areia, calcário, argila, etc), de infra-estrutura (ponte, rodovia, loteamento, gasoduto, hidrelétrica, termoelétrica, etc), agropastoris (suinocultura, avicultura etc).

A Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que prevê o licenciamento ambiental determina que a competência para sua realização é do órgão estadual do setor, cabendo à autoridade federal, através do IBAMA, atuar de forma supletiva em casos de omissão do órgão do Estado ou quando as obras ou atividades forem capazes de provocar impactos regionais.

A Licença Ambiental é o ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente ( no caso do Estado de São Paulo é a CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, órgão vinculado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente - SMA) estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimento ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

Para a concessão da Licença Ambiental, dependendo da atividade, são necessários Estudos Ambientais que são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentando como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: Relatório Ambiental, Plano e Projeto de Controle Ambiental, Relatório Ambiental Preliminar, Diagnóstico Ambiental, plano de manejo, Plano de Recuperação de área Degradada e Análise Preliminar de Risco.A autorização (Licença Ambiental) será concedida através de: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO).

18.1 LICENÇA PRÉVIA (LP)

Corresponde à fase preliminar de elaboração de planos e estudos pelo empreendedor em que este por vezes, ainda não tenha efetivado a compra do terreno, nem detalhado o processo a empregar.

É concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases do licenciamento.

Ou seja: a Licença Prévia (LP) autoriza o empresário a desenvolver o projeto do empreendimento.Assim, qualquer planejamento realizado antes da LP pode ser alterado. Aprova a localização e a concepção e atesta a viabilidade ambiental do empreendimento ou atividade. É de grande importância no atendimento do princípio constitucional da precaução.

Vamos citar alguns documentos que deverão ser apresentados nesta fase. É bom lembrar que a lista de documentos é variável, pois depende de critérios como: atividade da empresa, região, diretrizes de uso do solo etc.:

a) Requerimento Padrão (Formulário);

b) Cadastro específico de cada atividade (Formulário);

c) Certidão da Prefeitura Municipal, atestando que o local e o tipo de atividade estão de acordo com as posturas e leis municipais;

d) Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), para as atividades que por Lei os exijam; ou Estudo Preliminar - EAP (Relatório de Controle Ambiental - RCA, para atividades minerárias), a critério do Órgão Público responsável;

e) Comprovante da taxa de recolhimento no valor da respectiva licença, conforme guia própria;

f) Requerimento ao Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM de aproveitamento das substâncias minerais sob qualquer regime (Registro de Licença, autorização de pesquisa mineral, permissão de lavra garimpeira entre outros) (atividades minerárias);

g) Comprovante de posse ou arrendamento da área (atividades minerárias e empreendimentos imobiliários);

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h) Documentos exclusivos para empreendimentos imobiliários;

i) Descrição detalhada da atividade;

j) Descrição da área (vegetação, curso d'água e áreas vizinhas);

k) Projeto de Saneamento Básico (lixo, esgoto, luz, água, etc);

l) Plano de transporte e armazenamento de combustível.

18.2 LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI)

Exigida para atividades que necessitam de Sistema de Controle ou minimização de impactos ambientais.

Autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante.

Ou seja: a Licença de Instalação (LI) é requerida ao se ter o projeto aprovado, servindo para a construção do empreendimento ou atividade, de acordo com esse projeto.

Alguns documentos exigidos:

a) Requerimento padrão (Formulário);

b) Cadastro industrial complementar (Formulário );

c) Memorial de Caracterização do Empreendimento – MCE – GERAL

d) Projeto do sistema de tratamento de resíduos e/ou medidas mitigadoras de impactos ambientais;

e) Cópia da Licença anterior;

f) Plano de Controle Ambiental - PCA (atividades minerárias);

g) Cópia da comunicação do DNPM julgando satisfatório o Plano de Aproveitamento Econômico - PAE, quando for regime de autorização de pesquisa no DNPM;

h) Anotação de Responsabilidade Técnica - ART do(s) responsável(is) pelo projeto;

i) Publicação da súmula do pedido da Licença de Instalação no Diário Oficial do Estado e periódico de circulação local/regional;

j) Comprovante da taxa de recolhimento no valor da respectiva licença, conforme guia própria.

18.3 LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO)

Exigida antes do início da operação das atividades, onde deverá ser confirmado se o sistema de controle/minimização dos impactos efetivamente executados.

Autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. A base para autorização é a vistoria, teste de operação ou qualquer meio técnico de verificação.

Ou seja: a Licença de Operação (LO) é expedida após a Licença de Instalação, depois da verificação de que o empreendimento foi construído de acordo com o projeto aprovado. Autoriza o empresário a iniciar as atividades do empreendimento.

Alguns documentos exigidos:

a) Requerimento padrão (Formulário );

b) Cópia da Licença anterior;

c) Comprovante de taxa de recolhimento no valor da respectiva licença, conforme guia.

d) Cópia da outorga de lavra do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM (atividades minerárias).

18.4 ÓRGÃOS PÚBLICOS AMBIENTAIS

O Serviço Público Federal possui hoje em nível mais elevado o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal.

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Ligada a esse Ministério existe o SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA), que é composto pelos órgãos e instituições ambientais das três esferas do governo, ou seja, federal, estadual e municipal, e que atua através de dois órgãos: O Conselho Nacional do Meio Ambiente, CONAMA, que é um órgão consultivo e normativo,

encarregado de fixar as resoluções que regem todas as atividades no tocante ao meio ambiente. Participam do CONAMA organizações do governo e não governamentais, estabelecendo normas, diretrizes e critérios para operacionalizar a Política Nacional de Meio Ambiente, PNMA; e

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que é o órgão responsável pela execução da política Federal no tocante ao meio ambiente. É um órgão responsável de fiscalizar e multar os infratores.

Na estrutura administrativa dos estados existem as Secretarias do Meio Ambiente, subordinadas aos Governos Estaduais. Em cada Estado, ligado à Secretaria existe o Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA). Os estados têm uma atuação importante na questão ambiental, sobretudo aprovando o licenciamento de atividades potencialmente poluidoras, o IBAMA vem transferindo para os Estados a responsabilidade e autoridade para fiscalização. Temos no Estado de São Paulo a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) que participa do licenciamento e a Secretaria do Meio Ambiente (SMA).

Em alguns municípios mais importantes existem também Secretarias Municipais de Meio Ambiente, ligados às prefeituras (em São Paulo, denomina-se Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente). 18.5 ÓRGÃOS AMBIENTAIS RESPONSÁVEIS PELAS LICENÇAS

Para verificar se sua atividade necessita de licenciamento ambiental, os micro e pequenos empresários devem dirigir-se:a) ao Ibama: nos casos de licenciamento federal. O Ibama possui representações em todos os estados da Federação e no Distrito Federal, em condições de orientar o licenciamento;b) ao Órgão Estadual de Meio Ambiente – Oema, responsável pela emissão de licenças ambientais para instalação e operação de empresas; (No caso do estado de São Paulo é a CETESB);c) ao órgão municipal de meio ambiente: muitas prefeituras já dispõem de uma entidade para orientar o empresário em questões ambientais (normas, regulamentos, produtos, projetos, tecnologia e financiamento).

E ainda:• No caso de empreendimentos que exigem desmatamento, é preciso obter uma autorização do Ibama ou do órgão estadual de florestas.• Para empreendimentos de extração mineral, é necessário que o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) aprove o Plano de Aproveitamento Econômico apresentado pela empresa, e ainda que o empresário cumpra outras exigências.

18.6 DOCUMENTAÇÃO AMBIENTAL BÁSICA PARA ABERTURA DE EMPRESA (variações dependendo do ramo da empresa):

CETESB - licença de instalação e licença de funcionamento PREFEITURA - alvará de funcionamento e alvará de localização POLÍCIA CIVIL (Secretaria de Segurança Pública) - alvará para fins industriais (produtos

químicos) e certificado de vistoria POLÍCIA FEDERAL (DEPC) Departamento de Produtos Controlados - licença de funcionamento

e utilização de produtos químicos CORPO DE BOMBEIROS - projeto de combate a incêndios.

19. PERÍCIA AMBIENTAL

No Brasil, com tão vasto aparato legislativo de proteção ambiental, a efetivação dos direitos surge por meio de diversas formas de tutela judicial, em demandas individuais ou coletivas. Em todas elas, especialmente no âmbito civil, o princípio poluidor-pagador guia as decisões judiciais, no sentido de que em se constatando o dano ambiental e a exploração de uma atividade potencialmente (em menor ou maior grau) poluidora, o explorador dessa atividade deverá ser responsabilizado - a reparar ou indenizar – pelo dano.

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A constatação do dano e a sua dimensão tornam-se determinantes para a solução da lide, o que, via de regra, deverá ser apurada por meio de perícia ambiental. Trata-se de meio de prova disciplinada pelos Artigos 420 a 439 do Código de Processo Civil, aplicáveis também às lides de Direito Ambiental, em que o juiz nomeia pessoa de sua confiança e com conhecimento técnico suficiente para averiguar a veracidade de fatos e, no mais das vezes, quantificar as conseqüências dos mesmos, através de avaliação da área afetada com a realização de diversos testes de qualidade ambiental gerando a confecção de um laudo ambiental. Conforme mencionado, em termos de procedimento processual as perícias ambientais não diferem das perícias comuns, consistindo no exame, vistoria e avaliação, e sendo reguladas pelos arts. 420 a 439 do Código de Processo Civil. Por ocasião da apuração dos fatos, a perícia ambiental se apóia nas normas do Direito Ambiental, mais precisamente na legislação principal de proteção ambiental, conforme destacamos abaixo: - Constituição Federal art.225 - Lei 6.938/81 - Política Nacional do Meio Ambiente - Lei 4.347/85 - Ação Civil Pública - Lei 9.605/98 - Crimes Ambientais

É importante salientar que quem está sofrendo a perícia tem direito de defesa, portanto se uma empresa está sob perícia ambiental movida contra ela pelo judiciário, a empresa deve ter ao seu lado um perito assistente técnico que realmente conheça o assunto, a fim de que possa contra-argumentar de forma competente com o Perito do Juiz e o Perito Assistente Técnico da outra parte.

O perito é chamado pela Justiça para oferecer laudos técnicos em processos judiciais, nos quais podem estar envolvidos pessoas físicas, jurídicas e órgãos públicos. O laudo técnico é escrito e assinado pessoalmente pelo perito e passa a ser uma das peças (prova) que compõem um processo judicial.

O mercado de trabalho de perícias judiciais é farto para administradores, contadores, economistas e engenheiros civis.

Resumindo o que falamos até agora, podemos concluir o seguinte: - A perícia ambiental destina-se à avaliação dos danos ambientais, que são todas as alterações aos elementos e sistemas da natureza produzida pela ação humana ou natural, que venham a prejudicar suas condições originárias, alterando-os ou degradando-os.

- Por sua vez, o dano ambiental produzido pelo homem proporciona o direito à sociedade de exigir do agente causador uma reparação.

- Exige-se para esta perícia uma equipe multidisciplinar, pois as questões ambientais envolvem várias áreas do conhecimento humano.

- O perito é auxiliar do juízo, nomeado pelo juiz, sendo requisitos necessários o conhecimento técnico, a confiança e sua imparcialidade.

- O perito deve fazer uma avaliação apurada da área afetada e confeccionar um laudo do dano ambiental

19.1 CONFECÇÃO DO LAUDO DO DANO AMBIENTAL

O Laudo de Dano Ambiental deverá obedecer ao seguinte roteiro básico para sua elaboração:

1) Qualificação: 2) Número do processo:3) Nome do interessado (quem propôs a ação) 4) Nome do réu (empresa)5) Local do dano ambiental 6) Município 7) Ação degradadora 8) Data da vistoria 9) Nome dos integrantes da Equipe Técnica 10) Histórico do dano 11) Gravidade

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12) Informações complementares 13) Caracterização da Região (aspectos como solos, vegetação, fauna, população, etc.)14) Possibilidade de recuperação 15) Legislação: (relacionar Leis, Decretos, Resoluções etc., relativos a questão). 16) Indenização:

Para a estimativa do valor, em dinheiro, da indenização deve-se considerar dois aspectos: a) Valor da exploração: é o valor advindo diretamente da exploração do recurso, como por exemplo: o valor de lenha e tora retirada com o desmatamento, ou o valor de minério extraído. b) Valor da recuperação: é o valor da recuperação do dano ambiental considerando-se a tecnologia disponível e compatível para a recuperação do dano, como por exemplo: o valor das mudas e tratos culturais para reflorestar uma área ou o valor da recuperação paisagística de uma cratera provocada pela mineração, etc. Neste ítem é preciso especial atenção porque determinados danos são "irrecuperáveis" (por exemplo lançamento de vinhoto num rio) e outros são "imensuráveis" (por exemplo abate de um animal em extinção).

17) Relatório Final

20. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

A legislação ambiental brasileira é considerada uma das mais bem elaboradas e completas do mundo, graças as leis e regulamentos que foram emitidos a partir de 1981. Existe um conjunto bastante completo de leis que definem as obrigações, responsabilidades e atribuições, tanto dos empregados quanto do Poder Público, nas várias esferas, federal estadual e municipal. A par das leis, há toda uma série de regulamentos a serem cumpridos, elaborados por órgãos como o CONAMA e secretarias Estaduais e Municipais de Meio Ambiente. Essa legislação é, de certa forma, uma herança das leis portuguesas, que continham alguns tópicos ambientais desde à época do descobrimento.

A lista a seguir é uma demonstração de parte das normas ambientais brasileiras. Foram destacados os campos de atuação da norma ambiental, epígrafes e ementas.

a) Meio ambienteConstituição da República Federativa do Brasil (art. 225)

b) Ação Civil Pública Lei nr 7.347, de 24 /07/85- disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências.

c) Agricultura Lei n.º 6.894, de 16.2.80 – dispõe sobre a inspeção e fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou biofertilizantes, destinados à agricultura e dá outras providências. Regulamentada pelo Decreto n.º 86.955, de 18.2.82. Lei n.º 7.802, de 11.7.89 – dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagem, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins e dá outras providências. Regulamenta pelo Decreto n.º 98.816/90.Lei n.º 8.171, de 17.1.91 – dispõe sobre a política agrícola.

d) Água Decreto n.º 23.777, de 23.1.34 – regulariza o lançamento de resíduo industrial das usinas açucareiras nas águas pluviais. Lei n.º 7.661, de 16.5.88 – institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro. Lei nr 6.134, de 02/06.88- dispõe sobre a preservação dos depósitos naturais de águas subterrâneas do Estado de São Paulo. Lei n.º 7.754, de 14.8.89 – estabelece medidas para proteção das florestas existentes nas nascentes dos rios. Lei nr 9.433, de 08/01/97– institui a Política Nacional dos Recursos Hídricos (Lei das Águas) Decreto 2.612, de 03/06/98- regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, e dá outras providências. Lei 9.984, de 17/07/00- dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas - ANA.

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e) Biossegurança/Biodiversidade Lei n.º 8.974, de 5.1.95 – Regulamenta os incisos II e V do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas para o uso das técnicas de engenharia genética e liberação no meio ambiente de organismos geneticamente modificados, autoriza o Poder Executivo a criar, no âmbito da Presidência da República a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança e dá outras providências. Decreto n.º 2.519, de 16.3.98 – Promulga a Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada no Rio de Janeiro, em 5 de junho de 1992.

f) Biotecnologia/Engenharia genética Decreto n.º 2.929, de 11.1.99 – promulga o Estatuto e o Protocolo do Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia, adotados em Madri, em 13 de setembro de 1983, e em Viena, em 4 de abril de 1984, respectivamente, e assinados pelo Brasil em 5 de maio de 1986.

g) Camada de ozônio Decreto n.º 2.679, de 17.7.98 – promulga as emendas ao Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, assinadas em Copenhague, em 25 de novembro de 1992. Decreto n.º 2.699, de 30.7.98 – promulga a emenda ao Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, assinada em Londres, em 29 de junho de 1990.

h) Crimes ambientais Lei nr 9.605, de 13/02/98– dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Lei n.º 9456, de 28.4.97 – institui o direito de proteção de cultivares e dá outras providências. Decreto nr 3.179, de 21/09/99- dispõe sobre a especificação de sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

i) Educação Ambiental Lei n.º 9.795, de 27.4.99 – dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.

j) Fauna Decreto n.º 24.645, de 10.7.34 – dispõe sobre maus tratos em animais. Lei 5.197, de 31/01/67– dispõe sobre a proteção à fauna. Decreto-Lei nr 221, de 28/02/67– dispõe sobre a proteção e estímulo à pesca. Lei nr 7.173, de 14/12/83– dispõe sobre o estabelecimento e funcionamento de jardins zoológicos. Dec. Estadual nr 42.838, de 04/02/98- declara as espécies da fauna silvestre ameaçadas de extinção e as provavelmente ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo. Lei nr 9.605, de 13/02/98– dos crimes ambientais.

k) Florestas e vegetação nativa Lei nr 4.771, de 19/09/65– institui o novo Código Florestal.Lei n.º 6.535, de 15.1.78 – inclui no rol das áreas de preservação permanente as florestas situadas em Regiões Metropolitanas. Lei nr 6.607, de 07/12/78– declara o pau-brasil Árvore Nacional, institui o Dia do pau-brasil e dá outras providências Decreto n.º 84.017, de 21.9.79 – aprova o Regulamento dos Parques Nacionais Brasileiros Lei n.º 6.902, de 27.4.81 – dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental. Lei nr 7.511, de 07/07/86– altera o Código Florestal Portaria Ibama n.º 218, de 4.5.89 – normaliza os procedimentos quanto às autorizações de derrubada e exploração florestal envolvendo área de Mata Atlântica. Decreto n.º 750, de 10.2.93 – dispõe sobre o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração de Mata Atlântica, e dá outras providências. Resolução conjunta Ibama/Supes/SP-SMA/SP n.º 2, de 12.5.94 – Regulamenta o artigo 4º do Decreto Federal n.º 750, de 10.2.1993, que dispõe sobre o corte, a exploração e a supressão de vegetação secundária no estágio inicial de regeneração da Mata Atlântica, no Estado de São Paulo. Lei nr 9.605, de 13/02/98– dos crimes ambientais. Resolução SMA-SP n.º 20, de 9.3.98 - publica lista preliminar das espécies da vegetação do Estado de São Paulo ameaçadas de extinção. Decreto n.º 2.707, de 4.8.98 – promulga o Acordo Internacional de Madeiras Tropicais, assinado em Genebra, em 26 de janeiro de 1994.

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l) Mar Lei n.º 7.661, de 16.5.88 – institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro. Lei n.º 8.617, de 4.1.93 – dispõe sobre o mar territorial, a zona econômica exclusiva e a plataforma continental brasileiros dá outras providências. Decreto n.º 2.956, de 3.2.99 – Aprova o V Plano Setorial para os Recursos do Mar.

m) Patrimônio Artístico Nacional Decreto-Lei n.º 25, de 30.11.37 – organiza a proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Lei nr 9.605, de 13/02/98– dos crimes ambientais.

n) Pesca Decreto-lei nr 221, de 31/08/81 Proteção à pesca. Lei n.º 10.234, de 12.3.99 – Institui o Programa Pescar e estabelece diretrizes para a sua execução. Lei nr 9.605, de 13/02/98– dos crimes ambientais.

o) Política Nacional do Meio Ambiente Lei nr 6.938, de 31/08/81–dispõe sobre a Política do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Regulamentada pelo Decreto n.º 99.274/90.

p) Poluição Lei n.º 997, de 31.5.76 – dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente. Alterada pela Lei n.º 9.477, de 30.12.96.

q) ONGs Lei nr 9.790, de 23/03/99- dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências.

r) Queimadas Lei n.º 4.771, de 19.9.65, art. 27 (Código Florestal). Dec. Presidencial n.º 2.661, de 8.7.98 - regulamenta o artigo 27 da Lei n.º 4.771/65. Lei nr 9.605, de 13/02/98– dos crimes ambientais, arts.14 e 15.

s) Reserva Legal Lei n.º 4.771, de 19.9.65, art. 16 (Código Florestal).

t) Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Decreto nr 1.992, de 05/06/96– dispõe sobre o reconhecimento das Reservas Particulares do Patrimônio Natural, e dá outras providências.

u) Segurança Nuclear Decreto n.º 2.648, de 1º.7.98 – Promulga o Protocolo da Convenção de Segurança Nuclear, assinada em Viena, em 20.9.94.

v) Solo Lei nr 5.318, de 26/09/67– institui a Política Nacional de Saneamento e cria o Conselho Nacional de Saneamento.Lei nr 6.766,de 19/12/79– dispõe sobre parcelamento do solo urbano.

x) Taxas Ambientais Lei nr 9.960, de 28/01/00- institui a Taxa de Serviços Administrativos - TSA, em favor da Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA, estabelece preços a serem cobrados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, cria a Taxa de Fiscalização Ambiental – TFA.Lei 10.165 – IBAMA.

Obs.: Há ainda leis estaduais e municipais.

21. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 05 DE OUTUBRO DE 1988 E O MEIO AMBIENTE

Em 1988 nossa “Lei Maior”, pela primeira vez na história, abordou o tema meio ambiente, dedicando não somente conceito normativo, ligado ao meio ambiente natural como também reconhece outras

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faces: o meio ambiente artificial, o meio ambiente do trabalho e o meio ambiente cultural. O artigo 225 exerce na CF/88 o papel de principal norteador do meio ambiente. O meio ambiente é tratado pela Constituição, de maneira inédita, como um direito de todos, bem de uso comum do povo, e essencial à sadia qualidade de vida.

Até o advento da nova Constituição Federal, o meio ambiente era garantido por disposições comuns e se caracterizavam pela tutela da segurança ou higiene do trabalho, por proteção de alguns aspectos sanitários ou por cuidarem de algumas atividades industriais insalubres ou perigosas.

A feição publicista dada ao meio ambiente veio com a adoção pela Carta Magna da moderna concepção social do Estado e dos direitos do cidadão frente a sua função essencialmente social, podendo, com base nessa nova visão constitucional do Estado, haver limitações a determinados direitos fundamentais, especialmente os que cuidam da propriedade e da livre iniciativa econômica, em função de proteger uma melhor qualidade de vida.

Vê-se tal tendência mesmo no Preâmbulo da Constituição Federal quando instituiu um Estado Democrático destinado a assegurar à sociedade brasileira, entre outros direitos, o de bem-estar, o que implica em um Estado que desenvolva atividades no sentido do homem se sentir em perfeita condição física ou moral, com conforto de saúde e em harmonia com a natureza, exigindo-se, para o bem-estar do ser humano, a existência de um meio ambiente livre de poluição e de outras situações que lhe causem danos.

A promoção do bem-estar de todos como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil obriga a que os administradores públicos tenham um comportamento vinculado a esse preceito constitucional o que por conseqüência, implica na obrigatoriedade de se proteger o meio ambiente.

21.1 REFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS AO MEIO AMBIENTE

DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOSArt. 5 - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; e LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADODA UNIÃOArt. 23 - É competência comum da União, dos Estados do Distrito Federal e dos Municípios: VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;VII - preservar as florestas, a fauna e a flora. Art. 24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERESDAS FUNÇÕES ESSENCIAIS DA JUSTIÇADo Ministério PúblicoArt. 129 - São funções institucionais do Ministério Público: III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRACAPÍTULO IDOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA

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Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: III - função social da propriedade;VI - defesa do meio ambiente.

DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICAArt. 174 - Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. § 3o - O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros. Art. 186 - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigências estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:.............................................................................II utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente.

DA ORDEM SOCIALDISPOSIÇÕES GERAIS

Da SaúdeArt. 200 - Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: VIII -colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

DA ORDEM SOCIALDA EDUCAÇÃO DA CULTURA E DO DESPORTO

Da CulturaArt. 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tombados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. § 2.0 - cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear a sua consulta a quantos dela necessitem.

DA ORDEM SOCIALDO MEIO AMBIENTEArt. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1.0 - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

§ 2.º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

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§ 3.º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4.º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

§ 5.º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6.º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

22. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

Princípios são os mandamentos básicos e fundamentais nos quais se alicerça uma ciência. São as diretrizes que orientam uma ciência e dão subsídios à aplicação das suas normas.

Os princípios são considerados como normas hierarquicamente superiores as demais normas que regem uma ciência. A Constituição Federal define os princípios fundamentais que regem todas as demais normas ambientais (leis, decretos, portarias, resoluções etc.)

Em uma interpretação entre a validade de duas normas, prevalece aquela que está de acordo com os princípios da ciência.

Apesar de ser uma ciência jurídica nova, o Direito Ambiental já conta com princípios específicos que o diferenciam dos demais ramos do direito, apesar dos autores divergirem um pouco na colocação dos princípios. Aliás, nomes de alguns princípios diferenciam de autor para autor.

Abaixo seguem os princípios norteadores do Direito Ambiental, vários deles referendados na nossa lei maior (Constituição da República Federativa do Brasil de 1.988 - principalmente no Art. 225). Outras normas ambientais também citam alguns princípios como veremos a seguir:1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Necessidade de suporte legal para obrigar-se a algo. Obrigatoriedade de obediência às leis (art.5º, II da Constituição Federal) 2) PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICOA proteção ambiental é um direito de todos, ao mesmo tempo em que é uma obrigação de todos (art.225, CF). Isto demonstra a natureza pública deste bem, o que leva a sua proteção a obedecer ao princípio de prevalência do interesse da coletividade, ou seja, do interesse público sobre o privado na questão de proteção ambiental.3) PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICOPor ser o meio ambiente equilibrado um direito de todos (art.225, CF), e ser um bem de uso comum do povo, é um bem que tem caráter indisponível (§5º), já que não pertence a este ou aquele. 4) PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA PROTEÇÃO AMBIENTAL Este princípio está estampado no art.225, caput, da Constituição Federal, que diz que o Poder Público e a coletividade devem assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente sadio e equilibrado. 5) PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO OU PRECAUÇÃOBaseado no fundamento da dificuldade e/ou impossibilidade de reparação do dano ambiental. Artigo 225, §1º, IV, da Constituição Federal, que exige o EIA/RIMA; Artigo 225, §1º, VII da Constituição Federal, que prega a proteção a fauna e a flora. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, princípio 15 que diz: “De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com as suas necessidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis par prevenir a degradação ambiental”. 6) PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE de AVALIAÇÃO PRÉVIA EM OBRAS POTENCIALMENTE DANOSA AO MEIO AMBIENTEA obrigatoriedade da avaliação prévia dos danos ambientais em obras potencialmente danosas público está disciplinada pelo art.225, §1º, IV, da Constituição Federal que obriga o Estudo de Impacto Ambiental e o seu respectivo relatório (EIA , RIMA).

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7) PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE Os Estudos de Impacto Ambiental e o seus respectivos relatórios (EIA , RIMA) têm caráter público, por tratar de envolvimento elementos que compõe um bem de todos, ou seja o meio ambiente sadio e equilibrado (art.225, CF). Por esta razão deve haver publicidade (§1º, IV) ante sua natureza pública. A Resolução nº 9, de dezembro de 1987 do CONAMA que disciplina a audiência pública na análise do RIMA. 8) PRINCÍPIO DA REPARABILIDADE DO DANO AMBIENTALEste princípio vem estampado em vários dispositivos legais, iniciando-se na Constituição Federal, art.225, §3º, onde diz que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, as sanções penais e administrativa, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. O art. 4º , VII, da Lei 6.938/85, também obriga ao poluidor e ao predador a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados. 9) PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃOart. 225, CF, quando fala que a coletividade deve preservar o meio ambiente. Participação na elaboração de leis; participação nas políticas públicas através de audiências públicas e participação no controle jurisdicional através de medidas judiciais como ação civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e ação popular. Princípio 10 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992;10) PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃOEm se tratando do tema ambiental, a sonegação de informações pode gerar danos irreparáveis à sociedade, pois poderá prejudicar o meio ambiente que além de ser um bem de todos, deve ser sadio e protegido por todos, inclusive pelo Poder Público, nos termos do art. 225, da Constituição Federal. Ademais, pelo inciso IV do citado artigo, o Poder Público, para garantir o meio ambiente equilibrado e sadio, deve exigir estudo prévio de impacto ambiental para obras ou atividades causadoras de significativa degradação do meio ambiente, ao que deverá dar publicidade; ou seja, tornar disponível e público o estudo e o resultado, o que implica na obrigação ao fornecimento de informação ambiental. - Art. 216, § 2º, da CF: disciplina o patrimônio cultural, traz especificamente que "cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear a sua consulta a quantos dela necessitem."- Lei 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente): prevê a divulgação de dados e informações ambientais para a formação de consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico (art. 4º, V). No art. 9º diz que entre os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente está a garantia da prestação de informações relativas ao meio ambiente, obrigando-se o Poder Público produzi-la, quando inexistentes, inclusive. - Decreto 98.161, de 21.9.89 (Fundo Nacional do Meio Ambiente): estipula em seu art. 6º que compete ao Comitê que administra o fundo a. "elaborar o relatório anual de atividades, promovendo sua divulgação".- Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor): trás a obrigação de informação em vários de seus artigos. - Lei Federal 8.159, de 8.1.1991 (Política Nacional de Arquivos Públicos e Privados): assegura o direito ao acesso aos documentos públicos (art. 22).- Lei 8.974/95 (Lei da Biossegurança): está previsto que os órgãos responsáveis pela fiscalização dos Ministérios envolvidos na temática e ali citados, devem "encaminhar para publicação no Diário Oficial da União resultado dos processos que lhe forem submetidos a julgamento, bem como a conclusão do parecer técnico."(art. 7º VIII )- Lei 9.433/97 (Política Nacional de Recursos Hídricos): estabelece como um de seus instrumentos o sistema de informações sobre os recursos hídricos (art. 5º).- Lei 7.661/98 (Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro): determina em seu art.8º que "os dados e as informações resultantes do monitoramento exercido sob responsabilidade municipal, estadual ou federal na Zona Costeira, comporão o Subsistema Gerenciamento Costeiro, integrante do Sistema Nacional de Informação sobre o Meio Ambiente- SINIMA.- Agenda 21, capítulo 40: determina, em suma, que no processo do desenvolvimento sustentável, tanto o usuário, quanto o provedor de informação devem melhorar a disponibilidade da informação. - Decreto 2.519, de 16.3.98: a Convenção sobre Diversidade Biológica aderida pelo Brasil pelo citado decreto prevê (art. 17º) a obrigatoriedade do intercâmbio de informações disponibilizando-as ao público. - Dec. 2.741, de 20.8.98: na Convenção Internacional de Combate à Desertificação, determina a divulgação da informação obtida nos trabalhos científicos sobre a temática (art. 18). 11) PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE

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Com o advento da Constituição Federal de 1988, a propriedade passou a ter seu uso condicionado ao bem-estar social e a ter assim uma função social e ambiental, conforme consta dos seus arts. 5º, Inc XXIII, 170, Inc III e 186, Inc II. Para o Direito Ambiental o uso da propriedade só pode ser concebido se respeitada sua função socioambiental, tornando-se assim mais um dos seus princípios orientadores. 12) PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADORArt.225, §3º Constituição Federal. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, princípio 16. Art. 4º, Lei 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente) e Lei 9.433/97 (Lei das Águas). 13) PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE Art. 24, Inc VIII, da CF/88. Todo aquele que praticar um crime ambiental estará sujeito a responder, podendo sofre penas na área administrativa, penal e civil. Lei 9.605/98, que trata dos crimes ambientais; Lei 6.938/81, art.14º que trata da responsabilidade objetiva do degradador. 14) PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Constituição Federal de 1988: art. 225 caput; art. 225, § 1º, Inc I; e art. 186, Inc II. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, Princípio 3, que definiu o desenvolvimento sustentável. Agenda 21; 15) PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTALArt.225, § 1º, Inc VI, da Constituição Federal, prevê o princípio da educação ambiental ao dizer que compete ao Poder Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. A educação ambiental tornou-se um dos principais princípios norteadores do direito ambiental. Está previsto na Agenda 21 e atualmente Lei Federal 9795 de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental.

23. AGENDA 21

A Agenda 21 é um documento oficializado por ocasião da “Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento” - ECO 92, ocorrida em 14 de junho de 1992, no Rio de Janeiro, quando seu texto foi oficialmente admitido pelos países ali representados.

A Agenda 21 está voltada para problemas atuais e tem como objetivo preparar o mundo para os desafios do próximo século. Ela prega a realização de mudanças e se representa um marco na solução das questões ambientais.

É um documento da ONU, e como tal, somente goza de obrigatoriedade após ser reconhecido pela legislação de cada país. No Brasil, os Estados e Municípios poderão legislar a partir da Agenda 21, desde que seguindo a União e prevalecendo a legislação mais restritiva.

A Agenda 21 trata das questões do desenvolvimento econômico-social e suas dimensões, à conservação e administração de recursos para o desenvolvimento, ao papel dos grandes grupos sociais que atuam nesse processo. Prega a criação de projetos que visem ao desenvolvimento sustentável, preservando os recursos naturais e a qualidade ambiental.

A Agenda 21 representa um avanço da consciência ambiental e o fortalecimento das instituições para o desenvolvimento sustentável. Apela para a consciência dos Poderes Públicos e para a sociedade, no sentido de criarem ou desenvolverem um ordenamento jurídico capaz de proteger o meio ambiente, a partir do desenvolvimento sustentável. A erradicação da pobreza, a proteção da saúde humana e a promoção de assentamentos humanos sustentáveis surgem como objetivos sociais da Agenda.

No Brasil, a agenda nacional dependerá das agendas estaduais, e estas, por sua vez, das agendas locais, quando cada autoridade iniciará o diálogo com seus cidadãos e organizações locais para a aprovação de uma Agenda 21.

A Agenda 21 consiste em um documento consensual para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países num processo que durou dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), já mencionada no início desta exposição.

Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas.

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A Agenda 21 traduz em ações o conceito de desenvolvimento sustentável, alterando os padrões de desenvolvimento do próximo século.

A Agenda 21 é, ainda, um processo de planejamento participativo que analisa a situação atual de um país, estado ou município, e planeja o futuro de forma sustentável, através de em planejamento acerca de todos os atores sociais e da formação de parcerias e compromissos para a solução dos problemas, a partir da análise de aspectos econômicos, sociais, ambientais e político-institucionais.

A Agenda considera, questões ligadas à geração de emprego e de renda, à diminuição das disparidades regionais e interpessoais de renda, às mudanças nos padrões de produção e consumo, à construção de cidades sustentáveis e à adoção de novos modelos e instrumentos de gestão.

O objetivo da Agenda 21 é subsidiar ações do Poder Público e da sociedade em prol do desenvolvimento sustentável, sendo necessário, para tanto, a criação de instrumentos e mecanismos legais internacionais.

Se os países envolvidos não oferecerem suporte à implementação da Agenda 21, através da elaboração de leis nacionais que visem ao desenvolvimento sustentável, o trabalho será esquecido.

Na esfera internacional, há a necessidade de instrumentação legal para a implementação de medidas indispensáveis a uma gestão ambiental no âmbito mundial.

Não só os países em via de desenvolvimento necessitam instrumentos e mecanismos legais, também os países desenvolvidos devem curvar-se a esta necessidade, caso contrário, as relações jamais surtirão efeitos, nem mesmo ante a ameaça de catástrofes mundiais.

24. AGENDA 21 BRASILEIRA

A Agenda 21 Brasileira transformou-se em um processo de planejamento estratégico participativo, que foi conduzido pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional.

No processo de elaboração da Agenda a realidade brasileira foi analisada a partir de diferentes focos, observando-se a independência entre o meio ambiental, economia, sociedade e instituições. Além disso, determina que o processo de elaboração e implementação deve estabelecer parcerias, entendendo que a Agenda 21 não é um documento de governo, mas um produto de consenso entre os diversos setores da sociedade brasileira, através da parceria entre governo, setor produtivo e sociedade civil.

Os planos definidos pela Agenda serviriam de base para a elaboração dos Planos Plurianuais do Governo, quando é definido o destino dos recursos públicos do país.

Para o desenvolvimento das idéias o programa foi dividido seis eixos denominados de Agricultura Sustentável, Cidades Sustentáveis, Infra-estrutura e Integração Regional, Gestão dos Recursos Naturais, Redução das Desigualdades Sociais e Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável, permitindo discutir de forma ampla a sustentabilidade do desenvolvimento do Brasil, a partir da análise das diferenças sociais.

Após, encerrada a Agenda 21 Brasileira, o processo de elaboração tomou um novo rumo, através da pesquisa de aspectos estaduais, que visa refletir a diversidade entre as regiões que compõe o país.

A Agenda 21 Brasileira é composta de dois documentos: “Agenda 21 Brasileira – Ações Prioritárias”, que estabelece os caminhos para a construção da sustentabilidade brasileira, e “Agenda 21 Brasileira – Resultado da Consulta Nacional”, produto das discussões realizadas em todo o território nacional.

A Agenda estabeleceu 21 pontos de ação, são eles:1) Produção e consumo: promover uma campanha nacional contra o desperdício e restringir a produção de recicláveis.

2) Ecoeficiência e responsabilidade social: incentivar mecanismos de certificação nas empresas e procedimentos voluntários de monitoramento.

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3) Planejamento estratégico: incorporar a dimensão ambiental dos eixos de desenvolvimento.

4) Energia renovável: reestruturar o Proálcool e desvinculá-lo dos interesses do velho setor sucroalcooleiro.

5) Informação e conhecimento: promover recursos financeiros para pesquisas na área do desenvolvimento sustentável e para a manutenção de pesquisadores no Brasil.

6) Educação permanente: combater o analfabetismo funcional e valorizar o ensino profissionalizante.

7) Promover a saúde: ampliar detecção precoce de hipertensão, diabetes, desnutrição e câncer, democratizando o SUS.

8) Inclusão social: melhorar a distribuição de renda.

9) Universalizar o saneamento ambiental: ampliar para 60% o tratamento secundário de esgotos na próxima década.

10) Gestão de espaço urbano: tornar o Estado promotor do desenvolvimento urbano sustentável. Promover elaboração de Planos Diretores.

11) Desenvolvimento sustentável do Brasil Rural: promover o acesso a terra e à agricultura familiar.

12) Promoção da agricultura sustentável: incentivar o manejo de sistemas produtivos, adotando o princípio da precaução para transgênicos.

13) Promover a Agenda 21: elaborar indicadores de desenvolvimento sustentável.

14) Implantar o transporte de massa: promover a descentralização das cidades e a implementação de redes de metrô e trens rápidos.

15) Preservar e melhorar bacias hidrográficas: assegurar a preservação dos mananciais pelo estabelecimento de florestas protetoras e proteger margens de rios, recuperando suas matas ciliares.

16) Política florestal e controle de desmatamento: limitar a concessão de créditos para a expansão de fronteiras agrícola. Implantar corredores de biodiversidade em todos os biomas.

17) Descentralização do pacto federativo: fortalecer o federalismo e definir as competências entre União, estados e municípios.

18) Modernização do Estado: estabelecer termos de compromisso para a solução de passivos ambientais amparados por garantias bancárias.

19) Relações internacionais e governança global: fortalecer as Nações Unidas como organismo representativo.

20) Formação de capital social: expandir os incentivos fiscais ao terceiro setor, promover oportunidades para os negros, fortalecer o papel da mulher e proteger os indígenas da biopirataria.

21) Pedagogia da sustentabilidade: adotar o princípio da responsabilidade corporativa.

25. CRIMES AMBIENTAIS

25.1 LEI DE CRIMES AMBIENTAIS (lei 9605, de 13/02/98)

A Lei de Crimes Ambientais consolida, em seus artigos 29 a 69, os crimes anteriormente previstos no Código Florestal, Código de Caça e Código de Pesca, e os subdivide em:

a) crimes contra a fauna (ex.: "Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena – detenção de seis meses a um ano, e multa" – art. 29)

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b) crimes contra a flora (ex.: "Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente: Pena – detenção de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente" – art. 39)

c) poluição e outros crimes ambientais (ex.: "Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortalidade de animais ou destruição significativa da flora: Pena – reclusão de um a quatro anos, e multa" – art. 54)

d) crimes contra a administração ambiental (ex.: "Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais: Pena – detenção de um a três anos, e multa" – art. 69).

O grafismo está inserido no capítulo dos crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural, da lei 9.605/98. Em seu art. 65 está dito que é crime punível com a pena de detenção de três meses a um ano e multa: "Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano." Se for realizado em documento tombado, a pena será agravada.

A Lei de Crimes Ambientais é constituída por 82 artigos reunidos em VIII capítulos. Alguns artigos ainda estão sendo regulamentados.

Para melhor elucidação vamos considerar alguns itens cuja ocorrência é maior segundo os órgãos de fiscalização e administração, bem como, os artigos inovadores.

É CONSIDERADO CRIME:

a) COM RELAÇÃO AOS ANIMAIS- Matar, perseguir, caçar, apanhar e utilizar "animais silvestres, nativos ou em rota migratória", sem permissão da autoridade competente. Pena: prisão, de seis a doze meses, e multa."animais silvestres, nativos ou em rota migratória" são animais normalmente encontrados em ambientes naturais típicos da fauna brasileira ou os que utilizam regiões do território brasileiro para se locomover entre áreas diferentes para fugir do inverno rigoroso ou para fins de procriação da espécie. Ex.: Boto, macaco, papagaio, periquito, baleia, tartaruga, gralha azul, tatu, sagüi, etc.

- Vender, adquirir, aprisionar ou transportar "animais silvestres, nativos ou em rota migratória" sem permissão da autoridade competente. Pena: prisão, de seis a doze meses, e multa

- Praticar maus tratos e ferir animais. Pena: prisão, de três a doze meses, e multa.

- Pescar em período de defeso ou em lugares proibidos por órgão competente. Pena: prisão, de um a três anos, ou multa, ou ambas.

- Praticar pesca de arrasto em lugares proibidos. Pena: prisão, de um a três anos, ou multa, ou ambas.Pesca em período de defeso ou pesca de arrasto, são consideradas pesca predatória, isto é, realizadas irregularmente, afetando a cadeia alimentar aquática, seja por utilização de equipamentos proibidos ou realizados em período de reprodução e desova.

- Provocar por poluição ou derramamento de produtos tóxicos a mortandade de peixes ou outras espécies da fauna aquática existentes nos rios, lagos, açudes, lagoas, baías e mares. Pena: prisão, de um a três anos, ou multa, ou ambas.

b) COM RELAÇÃO ÀS PLANTAS- Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente ou cortar árvores em florestas consideradas de preservação permanente sem a permissão da autoridade competente. Pena: prisão, de um a três anos, ou multa, ou ambas.São consideradas de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural situadas ao longo dos rios, ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais, nascentes, nos topos de morros, montes, montanhas e serras, encostas com declividade superior a 45º, fixadores de dunas ou estabilizadoras de mangues ou altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetação, ou ainda assim definidas nos planos diretores e leis de uso do solo, áreas urbanas.

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Dunas: acumulações de areias no litoral em forma de morros. A presença ou não de vegetação define-as como fixas ou móveis, ou ainda um estágio intermediário, que são as dunas semifixas.Mangues: florestas à beira-mar típicas dos litorais tropicais. Com solo lodoso e muito úmido possui vegetação adaptada às suas condições é considerado o berço e a fonte de alimento para muitas espécies, tais como: caranguejos, socós, guaxinins, camarões, garças, etc.

- Causar danos às Unidades de Conservação, independente de sua localização. Pena: prisão, de um a cinco anos.São consideradas Unidades de Conservação as Reservas Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, Áreas de Proteção Ambiental, Reservas Extrativistas, entre outras.

- Provocar incêndio em mata ou floresta. Pena: prisão, de dois a quatro anos.

- Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndio. Pena: prisão, de um a três anos, ou multa, ou ambas.

- Destruir, danificar e maltratar plantas em locais públicos ou privados alheios. Pena: prisão, de três a doze meses, ou multa, ou ambas.

- Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação de dunas e de mangues. Pena: prisão, de três a doze meses, e multa.

- Vender, comprar e utilizar motoserra sem licença ou registro da autoridade competente. Pena: prisão, de três a doze meses, e multa.

- Entrar em Unidades de Conservação portando materiais para caça ou para exploração de produtos florestais, sem licença da autoridade competente. Pena: prisão, de três a doze meses, e multa.

c) COM RELAÇÃO A POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES AMBIENTAIS- Causar poluição que possam provocar danos à saúde das pessoas, morte de animais e destruição das plantas. Pena: prisão, de um a quatro anos, e multa.

- Causar poluição de qualquer natureza que torne uma área imprópria para a ocupação urbana, ou que provoque a retirada dos habitantes das áreas afetadas, ou que torne necessária a paralisação do fornecimento público de água de uma comunidade ou ainda que dificulte ou impeça o uso público das praias. Pena: prisão, de um a cinco anos.

- Retirar pedra, areia e barro sem a autorização da autoridade competente ou em desacordo com a mesma. Pena: detenção, de seis a doze meses, e multa.

- Comercializar, fornecer, transportar, guardar ou usar substância tóxica prejudicial à saúde das pessoas ou ao meio ambiente. Pena: prisão, de um a quatro anos, e multa.Substância tóxica é toda substância sólida, líquida, ou gasosa que, pela suas características representam risco à vida das pessoas, à segurança pública e ao meio ambiente. São divididos em oito classes de risco, representados pelos explosivos, gases líquidos inflamáveis, sólidos inflamáveis, oxidantes tóxicos, radioativos e corrosivos, identificados individualmente através de número código.

d) COM RELAÇÃO AO ORDENAMENTO URBANO E AO PATRIMÔNIO CULTURAL- Destruir ou inutilizar museus, bibliotecas, exposição de quadros, arquivos, registros... Pena: prisão, de um a três anos, multa.

- Pichar prédios, casas, muros, monumentos... Pena: detenção, de três a doze meses, e multa.

- Modificar a construção ou local protegido por lei, por ato administrativo ou por decisão judicial, em razão seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico ou

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monumental, sem autorização da autoridade competente ou de forma diferente da autorização concedida. Pena: prisão, de um a três anos, e multa.

- Construir em solo não edificável, ou no seu entorno, caso o local seja considerado de valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso arqueológico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou de forma diferente da autorização concedida. Pena: prisão, de seis a doze meses, e multa.Solo não edificável – são os terrenos com restrições quanto ao direito de construir.Entorno – espaço físico necessário ao acesso do público ao local e a sua conservação, manutenção e valorização, e, o espaço físico necessário à harmonização do local com a paisagem em que se situar.

e) COM RELAÇÃO AOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL- Impedir ou dificultar a fiscalização ambiental pelos órgãos competentes. Pena: detenção, de um a três anos, e multa.

25.2. SANÇÕES E APLICAÇÃO DE PENA

Pena é a sanção que será imposta pelo Estado, por provocação de uma ação penal, à pessoa que praticar um ato ilícito, previsto em lei, tendo como finalidade evitar que seja praticada essa conduta delituosa novamente.

A Lei de Crimes Ambientais prevê as seguintes categorias de penas:

a) pena privativa de liberdade: É aquele em que o sujeito condenado deverá cumprir sua pena em regime penitenciário. Conforme consta no art. 33 do Código Penal brasileiro, há três espécies de regimes penitenciários: 1) regime fechado, onde o indivíduo terá a execução de sua pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; 2) regime semi-aberto, sendo a pena executada em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; e 3) regime aberto, na qual a pena executa-se em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

Deve-se ressaltar ainda que há dois tipos de penas privativas de liberdade: detenção e reclusão.

b) pena restritiva de direitos: Esse tipo de pena substituirá a aplicação da pena restritiva de liberdade.Conforme o art. 7º da Lei n.º 9.605/98, deverão ser observadas as seguintes condições para que haja essa conversão de penas:- tratar-se de crime culposo ou houver a aplicação de pena privativa de liberdade inferior a quatro anos; - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

Essa pena poderá ser: 1) prestação de serviços à comunidade;2) interdição temporária de direitos; 3) suspensão parcial ou total de atividades; e 4) prestação pecuniária e recolhimento domiciliar.

c) Multa:Consiste na cominação de um valor pecuniário à pena aplicada ao réu. No Brasil, adotou-se o sistema do dia-multa, levando-se em conta o rendimento do condenado durante um mês ou um ano, dividindo-se o montante por 30 ou 365 dias. O resultado equivalerá ao dia-multa.

As penas serão agravadas se:

I – houver reincidência nos crimes de natureza ambiental; II - tiver o agente cometido a infração; a) para obter vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a execução material da infração;

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c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade alheia; e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; g) em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados; i) à noite; j) em épocas de seca ou inundações; l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante fraude ao abuso de confiança; o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. A pena será atenuada se: I - o agente for de baixo grau de instrução ou escolaridade; II - houver arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; III – houver comunicação prévia pelo agente, do perigo iminente de degradação ambiental; IV – houver colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. Uma das inovações é a punição à pessoa jurídica que cometer qualquer dos crimes tipificados na Lei de Crimes Ambientais.

A pessoa jurídica infratora submeter-se-á às penas de multa, restritivas de direitos (suspensão parcial ou total das atividades; interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações) e prestação de serviços à comunidade (custeio de programas e de projetos ambientais; execução de obras de recuperação de áreas degradadas; contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas).

26. AÇÃO CIVIL PÚBLICA (Lei 7.347, 24/07/85)

Os grandes movimentos ambientais mundiais geram conscientização da problemática ambiental. A degradação ambiental mais a impunidade geraram a necessidade de se encontrar formas de proteção jurídica ao meio ambiente e assim surgiram as leis relacionadas à sua proteção, cujo conjunto acabou se tornando o que chamamos de Direito Ambiental. Devido aos reflexos da class actions americana - que é o instrumento adequado à tutela dos interesses coletivos à defesa de grupos de pessoas ou segmentos sociais, surgiu no direito brasileiro a ação civil pública ou coletiva disciplinada pela Lei 7.347/85, tendo sido prevista posteriormente também pelo art.129, III, da Constituição Federal, que prevê o instrumento de tutela de interesses da sociedade DEFINIÇÃO: a ação civil pública é a ação de caráter público que protege o meio ambiente os consumidores e os direitos difusos e coletivos, entre outros. Esta ação é civil porque processa-se perante o juízo cível e é pública porque defende o patrimônio público, bem como os direitos difusos e coletivos. NATUREZA JURÍDICA: eminentemente processual OBJETO: condenação em pecúnia ou obrigação de fazer ou não fazer (art.3º). O juiz poderá cominar multa pelo descumprimento do que foi condenado, aplicando-se subsidiariamente o art.287 do Código de Processo Civil. PROTEGE: o meio ambiente; o consumidor; bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e qualquer outro interesse difuso ou coletivo e infração da ordem pública. INTERESSES DIFUSOS: indivisível, titulares pessoas indetermináveis.INTERESSES COLETIVOS: indivisível, titulares são grupos, classes ou categorias. Atualmente tem-se entendido que o objeto da ação civil pública é muito amplo, em vista do que dispõe o inc.IV do art.1º da Lei 7.347/85, quando diz rege a lei “qualquer outro interesse difuso ou coletivo” e o art.110 do Código do Consumidor. FORO: local do dano (art. 2º). Em havendo intervenção ou interesse da União, autarquia ou empresa pública federal e não houver Vara da Justiça Federal na Comarca, será competente o juízo estadual local, e em segunda instância o Tribunal Regional Federal da Região respectiva. PRESCRIÇÃO: ação imprescritível

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CAUTELAR: possibilidade. Atualmente com a possibilidade do adiantamento da tutela pretendida (art. 273, §§ CPC), pode ser pedida liminar no bojo da ação. (art.12º). LEGITIMIDADE ATIVA: Ministério Público, União, Estado, Município, empresas públicas, fundações, sociedades de economia mista e associações.(art.5º). LEGITIMIDADE PASSIVA: o causador do dano DENUNCIAÇÃO DA LIDE: não cabe, pois a responsabilidade objetiva não pode ser acumulada com a responsabilidade por culpa. INQUÉRITO CIVIL: procedimento administrativo investigatório, com natureza jurídica inquisitorial. (art.8º,§1º). É peça fundamental, podendo ser dispensável apenas em casos de urgência e relevância assim reconhecidas.A instauração do inquérito civil preparatória da ação civil pública é atribuição do Ministério Público, sendo sua função constitucional, nos termos do art.129, III, da Constituição Federal. COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO: previsto no inquérito (art.5º, §6º) , bem como na ação. ARQUIVAMENTO: pelo MP (art.9º). CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: aplicação subsidiária (art.19º). REPARAÇÃO DE DANO: para reparar dano ambiental que é a lesão aos recursos ambientais (Lei 6.938/81, art.3º,V). a- retorno ao "status quo ante" pela reparação ou recuperação. b- indenização em dinheiro, forma final. RESPONSABILIDADE OBJETIVA: no caso de dano ambiental, independente de prova de culpa. Pressupostos: ação ou omissão do réu /evento danoso/relação de causalidade.MEIO AMBIENTE: patrimônio indispensável do Estado. SENTENÇA : efeito coisa julgada erga omnes (art.16º), exceto se a ação for julgada improcedente por deficiência de provas. Ou seja: a sentença civil fará coisa julgada perante terceiros e frente a todos e não somente perante as partes. Coisa julgada é quando a sentença não está mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário, tornando-se imutável e indiscutível (art.467 do Código de Processo Civil.

26.1 O POVO PODE DEFENDER O SEU DIREITO DE RESPIRAR AR PURO

O povo pode se defender de uma empresa que polui o ar, e que viola seu direito de respirar ar puro, por meio de uma Ação Civil Pública, proposta pelo Ministério Publico. E esse procedimento só é possível porque:

a) ao estabelecer que "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo", a Constituição Federal atribuiu ao povo a titularidade do direito à qualidade e preservação do meio ambiente. Esse direito, que atinge um número indeterminado de pessoas, e que é um direito de todos (e, ao mesmo tempo, de ninguém individualmente) chama-se direito "difuso". Um exemplo de direito difuso é o direito que todos temos de respirar ar puro;

b) por sua vez, a Lei n.º 7.347 de 24.7.1985 criou a Ação Civil Pública como instrumento de defesa desses direitos difusos, e atribuiu ao Ministério Público a legitimidade para propor ação de responsabilidade pelos danos morais e patrimoniais causados: ao meio ambiente, ao consumidor, ao patrimônio histórico, artístico, cultural etc. Vale lembrar que, além do Ministério Público, a lei estendeu a legitimidade para propor Ação Civil Pública às associações civis criadas com a finalidade de defesa desses direitos, e

c) por fim, a lei determina que qualquer pessoa poderá "provocar" o Ministério Público, prestando informações sobre fatos que constituam violação dos direitos difusos (como a degradação do meio ambiente, por exemplo), a fim de que o órgão proponha a Ação Civil Pública em defesa dos direitos "difusos" do povo.

26.2 EXEMPLO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA

_________

(mínimo - 12 espaços)

O representante do Ministério Público, com fundamento no art. 5° da Lei n° 7.347, de 24.07.1985, vem propor contra o_ (nome da empresa), com sede nesta cidade_ (endereço), ação civil pública de responsabilidade, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

 1. A Empresa adquiriu a chácara denominada _________, onde se encontra sediada., pretendendo ali instalar oficina de conserto de suas máquinas e depósito de material e de destroços de veículos acabados.

 2. O local, conforme se pode verificar das fotografias inclusas, é dos mais aprazíveis do bairro, composto de vivendas ajardinadas, algumas antigas, com arborização feita a capricho, ali funcionando duas escolas, justamente confinantes com o terreno da Empresa.

 3. Consoante se pode concluir, a obra construída constitui-se em legítima agressão ao meio ambiente, à estética e à paisagem da Rua da Fonte, agressão verificável a um simples exame das fotografias ora exibidas.

 4. Regem-se pela Lei n°7.347 de 1985, as ações de responsabilidades por danos causados: I. a este; I. a consumidor; III. a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (art. 1°). A ação poderá ter por objeto a condenação em dinheiro, ou cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer (art. 2°).

 5. Face ao exposto, requer:

a) a citação da (nome da empresa), na pessoa de seu representante legal (nome), para responder, sob pena de revelia, aos termos da presente ação, que visa à obrigação de não fazer a obra acima mencionada.

b) a concessão de medida liminar para que se suspendam os serviços de reparo da construção;

c) que, a final, seja a ré condenada a abster-se da realização do ato danoso aos interesses da comunidade e a pagar as custas e honorários de advogado.

Dá a causa o valor de ______

 

Protesta por prova pericial e oral,

 

Termos em que Pede e Espera Deferimento

 

____________ de ____________ de 20____.

 

Assinatura com n.º na OAB.

________________________________________

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Obs.:

1. A ação principal e a ação cautelar poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e pelos Municípios. Poderão ser propostas por autarquia, empresa pública, fundação, sociedade de economia mista ou por associação que: I. esteja constituída há pelo menos um ano, nos termos da lei civil; III. inclua entre suas finalidades institucionais a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, ao patrimônio estético, histórico, turístico e paisagístico (Lei n°7.347/85, art. 3°).

2. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ANTUNES, Paulo De Bessa. Direito Ambiental. 6ª ed. Rio de Janeiro. Ed. Lumen Juris, 2002.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto; Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt. 39. ed. atual. até a emenda constitucional n. 52 de 8-3-2006, acompanhada de novas notas remissivas e dos textos integrais das emendas constitucionais e das emendas constitucionais de revisão. São Paulo: Saraiva, 2006. (Coleção Saraiva de Legislação).

BRASIL, Lei de Crimes Ambientais. Lei 9.605. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1998.

BRASIL, Política Nacional do Meio Ambiente. Lei n.º 6.938 de 31 de agosto de 1981.

CLEMENTINO, José Carlos. 2007. Home Page HTTP://planeta.terra.com.br/educacao/clementino

DIAS, Genebaldo Freire. 1992. Educação Ambiental : princípios e práticas. Ed. Gaia Ltda. São Paulo. Ed. Mantiqueira. Campos do Jordão.

DIAS, Edna Cardozo. 1999. Manual de crimes Ambientais. Belo Horizonte. Mandamentos.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra, Ação Civil Pública, Editora LTr – São Paulo 2004.

MAZZILLI, Hugo Nigro. 1997. A Defesa dos Direitos Difusos em Juízo. 9ª ed. São Paulo. Saraiva.

MEIRA, Regina de Fátima. 1998. Ensaio sobre meio ambiente. Monografia

MEIRELLES, Hely Lopes. 1986. A Proteção Ambiental e Ação Civil Pública. São Paulo. Revista dos Tribunais, 611: 7/13.

RESENHA DE AULAS DADAS NO CEUNSP- Faculdade de Ciências Gerenciais e Faculdade Cidade de Salto pelo Prof. José Carlos Clementino. 2000-2009.

www.clementino.zip.net