dr. josé monteiro - rio de janeiro · hipnose na cirurgia e anestesiologia* dr. josé monteiro o...

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HIPNOSE NA CIRURGIA E ANESTESIOLOGIA* Dr. José Monteiro O combate ã dor no ato operatório tem progressivamente obtido novas armas. A primeira notícia da utilização do mesmerismo em Anestesia data de 2 de abril de 1829, 14 anos apôs a morte de Mesmer, quando um cirurgião francês, JULES CLOQUET, pra- ticou uma amputação de seio. No entanto, parece que em 1797 DUBOIS tinha amputado um seio, sem dor, com a paciente en transe mesmérico, assim como RECAMIER, cirurgião francês, também é reconhecido como tendo feito cirurgia em 1821, num paciente em transe mesmérico. 0 barão DU POTET atuou como magnetizador em várias cirurgias. JAMES ESDAILLE.na índia,rea lizou inúmeras intervenções cirúrgicas em transe mesmérico. JOHN ELLIOTSON, na Inglaterra, fez referenda a muitas cirurgias feitas sob o transe magnético. Atualmente, com os progresso da anestesia, conseguimos esse desiderato com o uso de drogas realizando anestesias quase perfeitas. Isto, entretanto, não deve impedir que procuremos em outros campos, também científicos, elementos outros, que aperfeiçoem cada vez mais os processos de combate ã dor. Entendemos que entre esses processos um se sobreleva no momento - é a hipnanestesia. A Associação Médica Americana, em junho de 1958, aprovou o emprego da hipnose por sua ação terapêutica inegável e, desde que a hipnose, como o bisturi do cirurgião, seja utilizada por mãos técnicas e cientificamente preparadas do especialista. Infelizmente, ainda existem resistências ao valor da hipnose na cirurgia e na prática anestesiol ogica em geral. Em grande parte essas barreiras resultam do fato da hip nose ter sido sempre associada a espetãculos de palco, televisão e charlatanismo. Por in fluência desses espetãculos o leigo acredita que há um estigma ao ser hipnotizado, poi? que ficará subjugado ã vontade do hipnotizador. Dai a hesitação dos médicos em usar esse me todo,evitando serem confundidos com os charlatães. Por outro lado, a hipnose não tem si do vulgarizada entre os médicos, pois o tempo e o esforço que é exigido da parte do espe- cialista para obter o treino hipnótico necessário são ponderáveis. No entanto, a sugestão hipnótica tem ampla aplicação na medicina, podendo ser usada, além de outras vantagens, para modificar anestesias locais ou gerais e para produ- zir a analgesia. Evidentemente, nem todas as pessoas são susceptíveis, com as mesmas possibilida des de serem tratadas pela hipnose. Os resultados dependem da delicadeza, da cultura, da educação e do temperamento do paciente, e tais fatores costumam determinar variações su£ preendentes. Apesar da nossa experiência ter aumentado ultimamente, acreditamos que as se guintes razões limitam o uso sistemático da hipnanestesia: Exige preparo anterior, o que nem sempre é exequível. Poucos de nós poderiam garantir uma hipnanestesia cirúrgica em um, entre cem casos cirúrgicos nao seiecionados. Não temos nenhum meio rãpido-e certo de determinarqual será o indivíduo capaz e susceptível.Para pacientes hostis a ideia de serem hipnotizados ou para aqueles que não querem ouvir, nada se consegue. Devemos salientar que, neste pon t", entra grande parte da personalidade e habilidade do hipnotista. Estas qualidades sãõ adquiridas e se desenvolvem com a prática da hipnose. Então, a desvantagem principal da hipnose na anestesia é que nem todo o pacien- te pode ser hipnotizado. Outra desvantagem é o tempo empregado, pois mesmq, o caso mais favorável pode requerer de 4 a 5 horas de trabalho em diferentes ocasiões, antes que se possa sentir em condições para operar. Em média, gasta-se aproximadamente 30 minutos para se conseguir a Indução de anestesia. também limitações técnicas. 0 relaxamento muscular induzido por meio da hipnose não pode de maneira nenhuma ser comparado àquele relaxamento dado pelo cu rare, que é exigido pelo cirurgião durante uma operação abdominal. Como precaução, os pacientes que na ocasião da intervenção cirúrgica estejam sub metidos a intensa psicoterapia ou psicanálise nao devem ser hipnotizados para anestesia. " Entretanto, essas desvantagens, são ultrapassadas pelas muitas vantagens exis - tentes. A hipnose é um método complementar útil a ser acrescido ã prática anestesio 1ógica diária. Eis porque a anestesia ideal será consequida pela combinação de técnicas hipnóti- cas, com doses menores e mais seguras de agentes anestésicos químicos, ao mesmo tempo em que a "dose" de hipnose ê aumentada (hipnanestesia). * - Trabalho apresentado nos I9s Congressos Pan Americano e Brasileiro de Hipnologia Rio de Janeiro, 16-22, julho, 1961. ** - Ex-Presidente da Sociedade de Hipnose Médica de São Paulo. Nota do Editor - E, o Dr. José Monteiro, consagrado médico anestesista na cidade de São Paulo, com larga expe riênoia acumulada no campo Hipnologia e que vem, até os dias de hoje, usando com su cesso a hipnanestesia. 2 2

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Page 1: Dr. José Monteiro - Rio de Janeiro · HIPNOSE NA CIRURGIA E ANESTESIOLOGIA* Dr. José Monteiro O combate ã dor no ato operatório tem progressivamente obtido novas armas. A primeira

HIPNOSE NA CIRURGIA E ANESTESIOLOGIA* Dr. José Monteiro

O combate ã dor no ato o p e r a t ó r i o tem p r o g r e s s i v a m e n t e obtido novas armas.

A p r i m e i r a n o t í c i a da u t i l i z a ç ã o do me s m e r i s m o em A n e s t e s i a d a t a de 2 de a b r i l de 1829, 14 a n o s apôs a m o r t e de Mesmer, quando um c i r u r g i ã o f r a n c ê s , JULES CLOQUET, p r a ­t i c o u uma am p u t a ç ã o de s e i o . No e n t a n t o , p a r e c e que em 1797 DUBOIS jã t i n h a amputado um s e i o , sem d o r , com a p a c i e n t e en t r a n s e m e s m é r i c o , a s s i m como RECAMIER, cirurgião francês, também é r e c o n h e c i d o como t e n d o f e i t o c i r u r g i a em 1 8 2 1 , num p a c i e n t e em t r a n s e mesmérico. 0 barão DU POTET a t u o u como m a g n e t i z a d o r em várias c i r u r g i a s . JAMES E S D A I L L E . n a índia,rea l i z o u inúmeras intervenções c i r ú r g i c a s em t r a n s e m e s m é r i c o . JOHN ELLIOTSON, na I n g l a t e r r a , fez r e f e r e n d a a m u i t a s c i r u r g i a s f e i t a s s ob o t r a n s e m a g n é t i c o .

A t u a l m e n t e , com os p r o g r e s s o da a n e s t e s i a , c o n s e g u i m o s e s s e d e s i d e r a t o com o uso de d r o g a s r e a l i z a n d o a n e s t e s i a s q u a s e p e r f e i t a s . I s t o , e n t r e t a n t o , não dev e i m p e d i r que p r o c u r e m o s em o u t r o s campos, também c i e n t í f i c o s , e l e m e n t o s o u t r o s , que aperfeiçoem c a d a v e z m a i s os p r o c e s s o s de c o m b a t e ã d o r . E n t e n d e m o s que e n t r e e s s e s p r o c e s s o s um se s o b r e l e v a no momento - é a h i p n a n e s t e s i a .

A A s s o c i a ç ã o M é d i c a A m e r i c a n a , em j u n h o de 1 9 5 8 , a p r o v o u o emprego da h i p n o s e por sua ação t e r a p ê u t i c a inegável e, d e s d e que a h i p n o s e , como o b i s t u r i do ci r u r g i ã o , sõ s e j a u t i l i z a d a p o r mãos técnicas e c i e n t i f i c a m e n t e p r e p a r a d a s do e s p e c i a l i s t a .

I n f e l i z m e n t e , a i n d a e x i s t e m r e s i s t ê n c i a s ao v a l o r da h i p n o s e na c i r u r g i a e na prática a n e s t e s i o l o g i c a em g e r a l . Em g r a n d e p a r t e e s s a s b a r r e i r a s r e s u l t a m do f a t o da h i p no s e t e r s i d o sempre a s s o c i a d a a esp e t ã c u l o s de p a l c o , t e l e v i s ã o e c h a r l a t a n i s m o . P o r i n fluência d e s s e s e s p e t ã c u l o s o l e i g o a c r e d i t a que há um e s t i g m a ao s e r h i p n o t i z a d o , p o i ? que ficará s u b j u g a d o ã v o n t a d e do h i p n o t i z a d o r . D a i a h e s i t a ç ã o d o s m é d i c o s em u s a r e s s e me t o d o , e v i t a n d o serem c o n f u n d i d o s com os c h a r l a t ã e s . P o r o u t r o l a d o , a h i p n o s e não tem s i do v u l g a r i z a d a e n t r e os m é d i c o s , p o i s o tempo e o es f o r ç o que é e x i g i d o da p a r t e do e s p e ­c i a l i s t a p a r a o b t e r o t r e i n o h ipnótico necessário são p o n d e r á v e i s .

No e n t a n t o , a sugestão hipnótica tem am p l a a p l i c a ç ã o na m e d i c i n a , podendo s e r u s a d a , além de o u t r a s v a n t a g e n s , p a r a m o d i f i c a r a n e s t e s i a s l o c a i s ou g e r a i s e p a r a p r o d u ­z i r a a n a l g e s i a .

E v i d e n t e m e n t e , nem t o d a s as p e s s o a s são s u s c e p t í v e i s , com as mesmas p o s s i b i l i d a des de s e r e m t r a t a d a s p e l a h i p n o s e . Os r e s u l t a d o s dependem da d e l i c a d e z a , da c u l t u r a , da edu c a ç ã o e do t e m p e r a m e n t o do p a c i e n t e , e t a i s f a t o r e s costumam d e t e r m i n a r variações su£ p r e e n d e n t e s . —

A p e s a r da n o s s a e x p e r i ê n c i a t e r a u m e n t a d o u l t i m a m e n t e , a c r e d i t a m o s que as se g u i n t e s razões l i m i t a m o u s o sis t e m á t i c o da h i p n a n e s t e s i a :

E x i g e p r e p a r o a n t e r i o r , o que nem sempre é e x e q u í v e l .

P o u c o s de nós p o d e r i a m g a r a n t i r uma h i p n a n e s t e s i a c i r ú r g i c a em um, e n t r e cem c a s o s c i r ú r g i c o s nao s e i e c i o n a d o s . Não temos nenhum m e i o rãpido-e c e r t o de d e t e r m i n a r q u a l será o indivíduo c a p a z e s u s c e p t í v e l . P a r a p a c i e n t e s h o s t i s a i d e i a de s e r e m h i p n o t i z a d o s ou p a r a a q u e l e s que não querem o u v i r , nada se c o n s e g u e . Devemos s a l i e n t a r q u e , n e s t e pon t " , e n t r a g r a n d e p a r t e da p e r s o n a l i d a d e e h a b i l i d a d e do h i p n o t i s t a . E s t a s q u a l i d a d e s sãõ a d q u i r i d a s e s e d e s e n v o l v e m com a prática da h i p n o s e .

E n t ã o , a d e s v a n t a g e m p r i n c i p a l da h i p n o s e na a n e s t e s i a é que nem t o d o o p a c i e n ­t e pode s e r h i p n o t i z a d o .

O u t r a d e s v a n t a g e m é o tempo e m p r e g a d o , p o i s mesmq, o c a s o m a i s favorável pode r e q u e r e r de 4 a 5 h o r a s de t r a b a l h o em d i f e r e n t e s o c a s i õ e s , a n t e s que se p o s s a s e n t i r em co n d i ç õ e s p a r a o p e r a r . Em m é d i a , g a s t a - s e a p r o x i m a d a m e n t e 30 m i n u t o s p a r a s e c o n s e g u i r a Indução de a n e s t e s i a . Há também limitações t é c n i c a s . 0 r e l a x a m e n t o m u s c u l a r i n d u z i d o p o r me i o da h i p n o s e não pode de m a n e i r a nenhuma s e r c o m p a r a d o à q u e l e r e l a x a m e n t o dado p e l o cu r a r e , que é e x i g i d o p e l o cirurgião d u r a n t e uma op e r a ç ã o a b d o m i n a l .

Como p r e c a u ç ã o , os p a c i e n t e s que na ocasião da in t e r v e n ç ã o c i r ú r g i c a e s t e j a m sub m e t i d o s a i n t e n s a p s i c o t e r a p i a ou ps i c a n á l i s e nao devem s e r h i p n o t i z a d o s p a r a a n e s t e s i a . "

E n t r e t a n t o , e s s a s d e s v a n t a g e n s , são u l t r a p a s s a d a s p e l a s m u i t a s v a n t a g e n s e x i s -t e n t e s . A h i p n o s e é um método c o m p l e m e n t a r útil a s e r a c r e s c i d o ã p r á t i c a a n e s t e s i o 1ógica d i á r i a . E i s p o r q u e a a n e s t e s i a i d e a l será c o n s e q u i d a p e l a c o m b i n a ç ã o de técnicas h i p n ó t i ­c a s , com d o s e s menores e m a i s s e g u r a s de a g e n t e s a n e s t é s i c o s q u í m i c o s , ao mesmo tempo em que a " d o s e " de h i p n o s e ê aumentada ( h i p n a n e s t e s i a ) .

* - T r a b a l h o a p r e s e n t a d o nos I 9 s C o n g r e s s o s Pan A m e r i c a n o e B r a s i l e i r o de H i p n o l o g i a R i o de J a n e i r o , 1 6 - 2 2 , j u l h o , 1 961.

** - E x - P r e s i d e n t e da S o c i e d a d e de H i p n o s e Médica de São P a u l o . N o t a do E d i t o r - E, o Dr. José M o n t e i r o , c o n s a g r a d o médico a n e s t e s i s t a na c i d a d e de São P a u l o , com l a r g a expe riênoia a c u m u l a d a no campo H i p n o l o g i a e que vem, até os d i a s de h o j e , u s a n d o com su c e s s o a h i p n a n e s t e s i a .

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Page 2: Dr. José Monteiro - Rio de Janeiro · HIPNOSE NA CIRURGIA E ANESTESIOLOGIA* Dr. José Monteiro O combate ã dor no ato operatório tem progressivamente obtido novas armas. A primeira

O s u c e s s o da indução e da m a n u t e n ç ã o da h i p n a n e s t e s i a d e p e n d e amplamente da Interação de m u i t o s f a t o r e s nas p e r s o n a l i d a d e s do p a c i e n t e e do m é d i c o .

Em razão das objeções- f r e q u e n t e m e n t e o p o s t a s ã h i p n o s e , p r i n c i p a l m e n t e p a r t i d a s de a n e s t e s i s t a s n o v a t o s , nao f a m i l i a r i z a d o s com os p e r c a l ç o s do pré e p õ s - o p e r a t õ r i o , I que nos e s f o r ç a m o s em v u l g a r i z a r os n o s s o s r e s u l t a d o s c a d a d i a m a i s a n i m a d o r e s . «

Desde que a h i p n a n e s t e s i a s e j a u s a d a j u d i c i o s a m e n t e e p o r quem t e n h a experiên c i a , e l a f o r n e c e r e s u l t a d o s s u p e r i o r e s ã a n e s t e s i a m e d i c a m e n t o s a .

As p r i n c i p a i s objeções dos o p o s i t o r e s ã h i p n a n e s t e s i a são r e s p o n d i d a s p e l a l e i ­t u r a das o b s e r v a ç õ e s c i t a d a s a d i a n t e , onde d o e n t e s hã q u e , ao f i m da o p e r a ç ã o , chegam a p e r g u n t a r se a intervenção jâ t e r m i n o u e pedem ao c i r u r g i ã o p a r a v e r a peça. A a p a r e n t e s i m p l i c i d a d e da h i p n o s e e x a s p e r a os i n c r é d u l o s , p o i s nao sabem que a d r o g a mais p o d e r o s a é a q u e l a que i m o b i l i z a e a c a l m a , que t r a n q u i l i z a e c o n f o r t a , e que o u t r a não é senão a p a ­l a v r a .

A h i p n o s e a p l i c a d a na c i r u r g i a e a n e s t e s i o l õ g i a , vem se i n t e g r a n d o ã r o t i n a diã r i a , em t u d o e p o r t u d o , c a d a v e z m e l h o r . Se temos um p a c i e n t e com medo, q u e r s e j a de urna" operação g r a n d e ou p e q u e n a , e l e se a p r e s e n t a sempre com os mesmos s i n t o m a s : t a q u i c a r d i a , h i p e r t e n s ã o , s u o r e s e t a q u i p n é a .

Nas n o s s a s v i s i t a s p a r a f a z e r o p r é - a n e s t é s i c o devemos c o n v e r s a r e p r o c u r a r a c a l mar o p a c i e n t e . Nao f a l a r a p e n a s p o r f a l a r , mas s i m , u s a r p a l a v r a s e sugestões c h e i a s dê s e n t i d o e bem o r i e n t a d a s . N e s s e s p a c i e n t e s a h i p n o s e d e v e s e r t e n t a d a mesmo que s e j a p a r a f a z i - l o s a c e i t a r as d r o g a s que queremos que e l e tome. P a r a p a c i e n t e s a l é r g i c o s ã d r o g a s , a h i p n o s e é um benefício.

Com a f i n a l i d a d e de c o m b a t e r a tensão psíquica que p r e c e d e ao a t o cirúrgico,cons t a t a m o s que a s i m p l e s prescrição de um barbitúrico p a r a que o p a c i e n t e p o s s a d o r m i r a noT t e , não g a r a n t i r á que e l e t e n h a um sono d e s c a n s a d o d u r a n t e t o d a a n o i t e . E l e pode e s t a r tão a g i t a d o , que anulará q u a l q u e r sedação. D i s s o não se d e d u z que o p a c i e n t e p o s s a p r e s ­c i n d i r da p r é - m e d i c a ç ã o quando e x c i t a d o . P e l o c o n t r á r i o , empregamos c o n v e n i e n t e m e n t e a h i p n o s e , s u g e r i n d o que e l e f i q u e t r a n q u i l o , c a l m o , r e l a x a d o . Se a c r e s c e n t a r m o s as d r o g a s d ê p r é - m e d i c a ç ã o , e l a s agirão de modo s i n é r g i c o , r e s u l t a n d o bom r e p o u s o n o t u r n o e o sono d e ­s e j a d o . N e s s e s c a s o s , d o s e s m í n i m a s serão e f i c a z e s e d e s t e modo o p a c i e n t e poderá i r p a ­r a a s a l a de o p e r a ç ã o em õtimas c o n d i ç õ e s , s e d a d o , sem e n t r e t a n t o e s t a r d e p r i m i d o .

P e n s a r em s u b s t i t u i r as d r o g a s a n e s t é s i c a s p o r h i p n o s e , em operação de g r a n d e v u l t o , e x i g i n d o g r a n d e r e l a x a m e n t o m u s c u l a r , como p o r e x e m p l o , nas 1 a p a r a t o m i a s , a b a i x a ­mento de r e t o , e t c . s e r i a uma u t o p i a . E n t r e t a n t o , a h i p n o s e n e s s e s c a s o s será um c o m p l e -mento de g r a n d e v a l o r . A h i p n o s e p a s s a a s e r então um d o s e l e m e n t o s da polifarmãcia que c o n s t i t u i a A n e s t e s i a m o d e r n a .

A a p l i c a ç ã o da h i p n o s e é de ii.estimável v a l o r no p õ s - o p e r a t õ r i o i m e d i a t o , c o n ­t r i b u i n d o p a r a uma recuperaçro i d e a l .

Quando usamos a p e n a s a a n e s t e s i a q u í m i c a , a v e n t i l a ç ã o p u l m o n a r é l i m i t a d a p e l a d o r ; a tosse e a e x p e c t o r a ç ã o t o r n a m - s e p e n o s a s p o r q u e o p a c i e n t e tem medo da d o r . Quando s e u s a a h i p n a n e s t e s i a , a sugestão d i r e t a dada p e l o h i p n o t i s t a , e que pode s e r bem s u c e d i da mesmo nos c a s o s l e v e s de h i p n o s e , a c a l m a o p a c i e n t e , s u p r i m e o medo, combate a d o r , d i ­m i n u i n d o a d o s e maciça de t ó x i c o s ; é o c o m p o n e n t e e m o c i o n a l da s í n d r o m e d o l o r o s a que r e s ­ponde ã h i p n o t e r a p i a .

0 p a c i e n t e pode s e r e s t i m u l a d o a t o m a r p r e c o c e m e n t e líquidos e u r i n a r com f a c i ­l i d a d e . Nas crianças t e m o s . o b t i d o r e s u l * a d o s s u r p r e e n d e n t e s , c o n d i c i o n a n d o a sugestão ãs canções de a d o r m e c e r , história do t a p e t e m a g i c o , f e s t a de a n i v e r s á r i o , s o r v e t e de me­l a n c i a da s e m e n t e p r e t a , e t c . , f a l a r ao t e l e f o n e com o p a p a i . . . As crianças são m u i t o s u c e p t í v e i s , e a c e i t a m com f a c i l i d a d e a h i p n o s e . E um e x c e l e n t e m é t o d o p a r a se c o n s e g u i r a a n e s t e s i a b a s a l . E s s a s crianças estarão m a i s ã v o n t a d e , r e a g i r ã o de m a n e i r a m e l h o r e t e rão um p õ s - o p e r a t õ r i o m u i t o m e l h o r .

As crianças c o n s t i t u e m um campo e x p e r i m e n t a l p o r e x c e l ê n c i a p a r a a v a l i a r m o s os r e s u l t a d o s da h i p n a n e s t e s i a , p o r q u e , se r e a l m e n t e o r e s u l t a d o não f o s s e bom, r e a g i r i a m e i m p e d i r i a m a o p e r a ç ã o .

A h i p n o s e é v a n t a j o s a p a r a os p a c i e n t e s com q u e i m a d u r a s g r a v e s , que f r e q u e n t e -mente n e c e s s i t a m de a n e s t e s i a s p a r a t r o c a s dos c u r a t i v o s , e p a r a os q u a i s , cada refeição que perdem aumentam as n e c e s s i d a d e s de proteínas p l a s m á t i c a s , o que pode s e r c o r r i g i d o a través de s u g e s t õ e s de aumento do a p e t i t e .

T r a b a l h o notável n e s t e campo f o i f e i t o p o r HAROLD CRASILNECK. R e c e n t e m e n t e , KEL SEY e BARON, na I n g l a t e r r a , u s a r a m a c a t a t o n i a i n d u z i d a h i p n o t i camen t e como única manei-' r a de c o n s e r v a r um p a c i e n t e na posição de mãos nos p é s , d u r a n t e 28 d i a s . E s t u d o s m e l h o r e s d e s s a s a p l i c a ç õ e s d e v e r i a m s e r e x t e n d i d o s ã c i r u r g i a o r t o p é d i c a .

A técnica u s a d a p o r n õ s , nas n o s s a s h i p n a n e s t e s i a s , é a s e g u i n t e : empregamos de r o t i n a o b a r b i t ú r i c o e n d o v e n o s o p a r a a indução da a n e s t e s i a e, ao mesmo tempo, vamos p r o c e dendo ã indução h i p n ó t i c a . I n j e t a m o s bem l e n t a m e n t e o b a r b i t ú r i c o , p a r a que p o s s i b i l i t e que o p a c i e n t e nos c o n t i n u e o u v i n d o um m a i o r tempo p o s s í v e l , o que nos permitirá i r d i z e n

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do: "Você 1rã começar a s e n t i r - s e s o n o l e n t o , m a i s s o n o l e n t o , t o n t o , m a i s t o n t o , cada v e z m a i s s o n o l e n t o ; d e s c a n s e , irá d o r m i r um sono g o s t o s o , t r a n q u i l o , e de a g o r a em d i a n t e pas s a r e i ã a c r e s c e n t a r Hum, Hum Durma, d u r m a , d u r m a .

De q u a l q u e r m a n e i r a e l e a s s i m f i c a r á ; a d r o g a s e g u r a m e n t e o fará d o r m i r . Ao mesmo tempo pode s e r - l h e d i t o que e l e se sentirá bem quando a c o r d a r , c a l m o , t r a n q u i 1 o,sem d o r , no q u a r t o . Nunca s u g i r a que e l e não v o m i t a r á , não s e n t i r á d o r . Suponhamos que e l e só ouça a p a l a v r a v o m i t a r ou sentirá d o r , e ent ã o ?

S u g e s t õ e s ao p a c i e n t e devem s e r da d a s de uma m a n e i r a p o s i t i v a na ocasião da a n e s t e s i a , q u e r e s t e j a m o s f a z e n d o uma a n e s t e s i a e n d o v e n o s a , q u e r p o r inalação ou r e g i o n a l . Falamos sempre ao p a c i e n t e , ao mesmo tempo em que f a z e m o s a a n e s t e s i a o m a i s s u p e r f i c i a l p o s s í v e l , e em a l g u m a s v e z e s pode e s t a r mesmo c o m p l e t a m e n t e a c o r d a d o , como a c o n t e c e u nes t e mês com uma p a c i e n t e de 59 anos de i d a d e , s u b m e t i d a a uma l a p a r o t o m i a e x p l o r a d o r a . Apõs~ a o p e r a ç ã o , a p a c i e n t e já no q u a r t o , l ú c i d a , sem d o r , q u i z s a b e r o que l h e h a v i a a c o n t e c i d o : s e e s t i v e r a a c o r d a d a ou d o r m i n d o d u r a n t e a i n t e r v e n ç ã o , p o i s o u v i r a p e r f e i t a m e n t e t o ~ d a s a s s u g e s t õ e s , a i n d a que não p u d e s s e mexer com a língua e os d e d o s ( i s t o f o i d e v i d o ã cur a r i z a ç a o m a c i ç a ) . T e r m i n a d a a o p e r a ç ã o , dando as s u g e s t õ e s p ó s - h i p n õ t i c a s , c o m e t i a f a l h a de d i z e r - l h e que não i r i a s e n t i r d o r . A p a c i e n t e e n t e n d e u que d e v i a sentir d o r , e es sa d o r e l a s e n t i u quando da colocação do e s p a r a d r a p o , c o n f o r m e o s e u próprio r e l a t o . ~

P a c i e n t e s sob h i p n o s e estão c o n s c i e n t e s de t o d a s as pressões em áreas não a n e s ­t e s i a d a s e sempre q u e i x a r ã o , p o r e x e m p l o , se um braço está em s u p e r - e x t e n s ã o , p r e v e n i n d o a s s i m uma p a r a l i s i a do r a d i a l .

Quando o p a c i e n t e está v o l t a n d o da a n e s t e s i a , a i n d a na s a l a de operação, i n s i s ­t i m o s r e p e t i d a s v e z e s nas sugestões p ó s - h i p n õ t i c a s , o mesmo se d a n d o d u r a n t e o t r a n s p o r t e do p a c i e n t e ao q u a r t o ou ã s a l a de r e c u p e r a ç ã o . D i s t o r e s u l t a um p õ s - o p e r a t õ r i o e x c e l e n t e .

Temos us a d o com s u c e s s o a h i p n a n e s t e s i a em p a c i e n t e s que vão s e r s u b m e t i d o s ã c i r u r g i a c a r d í a c a . A h i p n o s e , p a r a e s s e s p a c i e n t e s , r e p r e s e n t a o menor r i s c o . E do c o n h e ­c i m e n t o g e r a l que um p a c i e n t e com um coração r u i m ê de um r i s c o c i r ú r g i c o g r a v e , mais a i n da se ê o próprio coração que v a i s e r o p e r a d o . N e s t e s c a s o s s empre t e n t a m o s e m p r e g a r a h i p n a n e s t e s i a . P a r a e s s e f i m g e r a l m e n t e n e c e s s i t a m o s um m a i o r tempo a n t e c e d e n d o a o p e r a ç ã o . " Dado o p r e p a r o p r é - o p e r a t õ r io a que são s u b m e t i d o s e s s e s p a c i e n t e s , o c o n t a t o com os mes mos, no mínimo de 3 a 5 d i a s a n t e s da i n t e r v e n ç ã o , é de suma i m p o r t â n c i a .

P a r a que tenhamos uma i d e i a prática do emprego da h i p n o s e na A n e s t e s i o l o g i a e de s e u s s a l u t a r e s e f e i t o s na C i r u r g i a , v e j a m o s a l g u n s c a s o s :

19 CASO - P a c i e n t e de 16 a n o s . O p e r a ç ã o : e s t e n o s e s u b - a õ r t i c a . A intervenção f o i r e a l i z a d a com ci r c u l a ç ã o e x t r a - c o r p ó r e a , sob h i p n o s e , ã q u a l s e a s s o c i o u , em 6 h o r a s de operação 400 mgr. de t i o m i l a l e g a l a m i n a 200. No término da o p e r a ç ã o demos ordem p a r a a c o r d a r , o que o p a c i e n t e f e z de m a n e i r a lúcida. I n f o r m o u que não s e n t i a d o r a l g u m a , t e n ­do s i d o f e i t a s sugestões p ó s - h i p n õ t i c a s , p a r a m a i o r t r a n q u i l i d a d e e m e l h o r vigilância de possíveis c o m p l i c a ç õ e s .

29 CASO - P a c i e n t e de 59 a n o s . O p e r a ç ã o : l a p a r a t o m i a e x p l o r a d o r a - g a s t r e c t o m i a . 0 p a c i e n t e e r a cardíaco compensado. E n f i s e m a t o s o com c i r r o s e h e p á t i c a e e s p l e n o m e g a l i a . 0 p a c i e n t e a p r e s e n t a v a i n t e n s a s h e m o r r a g i a s g á s t r i c a s , t e n d o já tomado 24 l i t r o s de sangue em 6 d i a s . F o i l e v a d o p a r a a s a l a d e - o p e r a ç ã o em péssimo e s t a d o g e r a l , c i a n o s e , pressão a r t e r i a l 4 de m á x i m a . 0 seu e s t a d o c o n t r a - i n d i c o u até a a d m i n i s t r a ç ã o da medicação p r é - a -n e s t é s i c a . Foram d i s s e c a d a s 3 v e i a s , uma no pé e duas nos b r a ç o s , p a r a administração do s a n g u e no a t o cirúrgico. A intervenção f o i r e a l i z a d a s o b h i p n o s e , ã q u a l se a s s o e . o u em 3 h o r a s de i n t e r v e n ç ã o , 40 mgr. de scurocaína a 1% p a r a i n f i l t r a ç ã o l o c a l da p e l e e do me_ s o . F o i - l h e a d m i n i s t r a d o também o P i r r o l Amedol ( P a l f i u m ) . Ao término da gastréctomia o p a c i e n t e e s t a v a c a l m o , sem d o r e com a pressão a r t e r i a l m á x i m a de 10.

39 CASO - P a c i e n t e de 69 a n o s . O p e r a ç ã o : a m p u t a ç ã o do g r a n d e a r t e l h o do pé d i ­r e i t o e da cabeça do m e t a t a r s o . 0 p a c i e n t e c h e g o u a n d a n d o até a mesa da s a l a de operação. F o i r e a l i z a d a a amputação apenas com a hipnose. P a c i e n t e c a l m o de p r i n c í p i o a f i m , o b e d e ­c e n d o ãs s u g e s t õ e s . T e r m i n a d a a a m p u t a ç ã o , d a d a s as s u g e s t õ e s p ó s - h i p n õ t i c a s de ausência de d o r e de s a n g r a m e n t o . A c o r d a d o , lúcido, l e v a n t o u - s e , calçou s e u s c h i n e l o s , s a i u a n d a n ­do da s a l a de operação e f o i p a r a sua c a s a .

49 CASO - P a c i e n t e de 14 a n o s . O p e r a ç ã o : a m p u t a ç ã o de ambos os membros i n f e r i o ­r e s ao nível do terço s u p e r i o r da c o x a e e s v a z i a m e n t o g a n g l i o n a r . A p a c i e n t e e r a p o r t a d o ­r a de úlceras de q u e i m a d u r a s há 12 a n o s , com a s p e c t o de t r a n s f o r m a ç ã o m a l i g n a , t i p o ú.lce-r a de M a r j o l i n . 0 exame histo-patolõgico e v i d e n c i o u a e x i s t ê n c i a de e p i t e l i o m a e s p i n o - c e -l u l a r em f a s e e v a s i v a . H a v i a c o m p r o m e t i m e n t o g a n g l i o n a r b i l a t e r a l . Há c e r c a de um ano, a p a c i e n t e não p e r m i t i a que se l h e t o c a s s e m nas lesões; os membros i n f e r i o r e s eram e x t r e m a ­mente do 1 o r o s o s mesmo na p e r i f e r i a . A p a c i e n t e a p r e s e n t a v a g r a n d e d e s n u t r i ç ã o , mau e s t a d o g e r a l que c o n t r a - i n d i c o u p o r várias v e z e s a a d m i n i s t r a ç ã o de a n e s t é s i c o s . A intervenção f o i r e a l i z a d a sob h i p n o s e , ã q u a l se a s s o c i o u , em duas h o r a s e m e i a de o p e r a ç ã o , 450 mgr. de t i o m i l a l , q u a n t i d a d e que r e p r e s e n t a 1/3 do que n o r m a l m e n t e se t e r i a u s a d o .

' 59 CASO - P a c i e n t e com 45 anos I os s e g u i n t e s d i a g n ó s t i c o s : m i o c a r d i e s c l e r o s e , i n f a r t o r e c e n t e , e m b o l i a s periféricas m ú l t i p l a s ; e m b o l i a da f e m u r a l e g a n g r e n a da p e r n a d i r e i t a . I n g r e s s o u no H o s p i t a l em más c o n d i ç õ e s , l e v a n d o mesmo o ca r d i o 1 o g i s t a a temer r i s co do v i r!.« f a c e ao c h o q u e cirúrgico e a n e s t é s i c o . A p a c i e n t e f o i s u b m e t i d a a s i mpa t ec t om iã"

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sob h i p n o s e , t e n d o - l h e s i d o a d m i n i s t r a d o s Z50 mgr.de t i o m i j a l e 25 mgr.de méperidina.NormaImente, sem hipnose,teríamos certamente usado maior quantidade de a n e s t é s i c o . A l g u n s d i a s d e p o i s a mesma p a c i e n t e , d e v i d o ao a g r a v a m e n t o da g a n g r e n a e c o n s e q u e n t e t o x e m i a , f o i s u b m e t i d a ã amputa_ ção no terço s u p e r i o r da c o x a , s o b h i p n o s e e 83 mgr. de t i o m i l a l , t e n d o d u r a d o a i n t e r v e n ^ ção 1 h o r a e 10 m i n u t o s . Ao término da o p e r a ç ã o , d e m o s - l h e ordem p a r a a c o r d a r , o que a p a ­c i e n t e f e z de m a n e i r a a b s o l u t a m e n t e lúcida.. I n f o r m o u e n t ã o , que não s e n t i a d o r a l g u m a : t e n d o - l h e s i d o d a d a s s u g e s t õ e s p ô s - h i p n ó t i c a s , não t e v e d o r f a n t a s m a . F o r a m c o m p l e t a m e n t e a -b o l i d o s os narcóticos e nem mesmo os a n a l g é s i c o s r o t i n e i r o s de p õ s - o p e r a t õ r i o f o r a m a d m i -n i s t r a d o s .

Além d e s s e s c a s o s , u t i l i z a m o s o mesmo m é t o d o em o u t r a s a m p u t a ç õ e s , simpatécto -m i a s , s a f e n e c t o m i a s , h e m i c o l e c t o m i a s e várias i n t e r v e n ç õ e s p l á s t i c a s ou c o s m é t i c a s .

D e n t r e as o p e r a ç õ e s nas q u a i s c a b e bem o a u x í l i o da h i p n o s e está a r i n o p l a s t i a . A g r a n d e m a i o r i a dos c i r u r g i õ e s p l á s t i c o s r e a l i z a - a s o b a n e s t e s i a l o c a l , p o i s hã m a i o r san g r a m e n t o sob a n e s t e s i a g e r a l . Não d e i x a , c o n t u d o , de e x i g i r uma g r a n d e sedação pré-anesté" S i c a q u e , m u i t a s v e z e s , não é s u f i c i e n t e p a r a . m a n t e r o p a c i e n t e t r a n q u i l o na mesa. A h 1 p ~ n o s e , n e s s e s c a s o s , a b o l i n d o a sedação p r é - a n e s t é s i c a i n t e n s a , dá ao cir u r g i ã o um p a c i e n ­t e t r a n q u i l o e c a l m o , que pode s e r o p e r a d o s o b a n e s t e s i a l o c a l . C remos que é e s t a uma boa indicação para o emprego da h i p n a n e s t e s i a . »

S U M M A R Y

The a u t h o r shows t h e a d v a n t a g e s o f t h e u s e o f H y p n o s i s i n S u r g e r y and Anaesthesia. He a l s o shows t h e t e c h n i c a l l i m i t a t i o n s and a d v a n t a g e s o f i t s u s e . He a f f i r m s H y p n o s i s t o be an u s e f u l c o m p l e m e n t a r y m e t h o d , w h i c h s h o u l d be a d d e d t o t h e d a i l y a n a e s t h e s 1 o l o g i c p r a c t i c e , m a i n l y u n d e r t h e f o r m o f H y p n o a n a e s t h e s i a .

H y p n o s i s was u s e d as means t o t r a n q u i l i z e p a c i e n t s b e f o r e a s u r g e r y ; t o r a i s e t h e p o t e n c e o f t h e c h e m i c a l a n a e s t h e t i c s d u r i n g t h e s u r g i c a l i n t e r v e n t i o n ; and a t t h e i m m e d i a t e p o s t - o p e r a t i v e , c o n t r i b u t i n g t o an i d e a l r e c u p e r a t i o n . In a l i t h e m e n t i o n e d c a s e s t h e a u t h o r was w e l l s u c c e e d e d and 1n one c a s e e v e n a p p l y i n g H y p n o s i s o n l y , w i t h o u t any c h e m i c a l a n a e s t h e s i c .

R E S U M E

L ' a u t e u r m o n t r e l e s a v a n t a g e s de 1 ' a p p l i c a t i o n de l ' h y p n o s e d a n s l a c h i r u r g i e e t dans 1 ' a n e s t h é s e o l o g i e . I I m o n t r e a u s s i l e s l i m i t a t i o n s t e c h n i q u e s e t l e s désavantaqes de son e m p l o i . I I a f i r m e que l ' h y p n o s e e s t une m é t h o d e comp1 e m e n t a i r e u t i l e , q u i d o i t e t r e ajoutée ã l a p r a t i q u e de 1 ' a n e s t h é s é o l o g i e q u o t i d i e n n e s o u s l a f o r m e de 1 'hyrinoanesthési e.

L'hy p n o s e a été emp l o y é e comme m e s u r e p o u r t r a n q u i l i s e r d e s p a t i e n t s ã l a v e i l l e d'une i n t e r v e n t i o n c h i r u r g i c a l e ; p o u r a u g m e n t e r l a p u i s s a n c e d e s a n e s t h é s i q u e s c h i m i q u e s , p a n d a n t 1 í n t e r v e n t i o n ; e t d a n s l a période p o s t o p é r a t o i r e i m m e d i a t e , c o n t r i b u a n t ã une récu p é r a t i o n idéale. Dans t o u s l e s c a s c i t e s , 1 ' a u t e u r a o b t e n u un bon r é s u l t a t , a y a n t m ê m e , d a n s un de c e s c a s , f a i t u s a g e s e u l e m e n t de 1 ' h y p n o s e , s a n s a u c u n a n e s thésique "c h i m i q u e .

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