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DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL Professor Gabriel Poiava Martins Email: [email protected]

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Penal Parte Especial

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DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL

Professor Gabriel Poiava Martins

Email: [email protected]

F. MILÍCIA PRIVADA, SOB PRETEXTO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE SEGURANÇA, OU POR GRUPO DE EXTERMÍNIO:

§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)

ESSA LEI 12.720/2012 TAMBEM ACRESCENTOU O ART. 288-A DO CP. ESSA CAUSA DE AUMENTO SÓ SE APLICA SOMENTE AOS CRIMES DOLOSOS. A LEI É OMISSA QUANTO AO CONCEITO DE MILICIA PRIVADA, ORGANIZAÇÃO PARA MILITAR E GRUPO DE EXTERMÍNIO. OBS.: PARTE DA DOUTRINA SUSTENTA QUE ESSA CAUSA DE AUMENTO NÃO TEM COMO SER APLICADA ANTES DE UMA REGULAMENTAÇÃO LEGAL, POIS VIOLA CRISTALINAMENTO O PRINCIPIO DA TAXATIVIDADE. (CRISTIANE DUPRET)

ORGANIZAÇÃO PARAMILITAR: (CEZAR ROBERTO BITENCURT). É uma associação civil armada, basicamente formada por civis, com estrutura similar a militar, com finalidade ilegal e violenta.

Qual o numero mínimo de integrantes? 1C: (CEZAR ROBERTO BITENCURT). Numero mínimo de 4 integrantes, similar ao que acontece com a quadrilha prevista no art. 288 do CP. 2C: (ROGÉRIO SANCHES e BRUNO GILABERTE). Numero mínimo de 3 participantes, pois caso contrario a lei traria expressamente a exigência de 4, igual ao que acontece com o crime de quadrilha. Fazendo-se também um paralelo com o crime de Organização Criminosa que em seu art. 2 exige ao menos 3 participantes.

LEI Nº 12.694, DE 24 DE JULHO DE 2012. Art. 2o Para os efeitos desta Lei, considera-se organização criminosa a associação, de 3 (três) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional.

MILICIA PRIVADA: (ROGÉRIO GRECO). Organização não estatal, de natureza paramilitar, atuando ilegalmente, com utilização de armas, impondo regime de terror. GRUPO DE EXTERMÍNIO: São grupos dedicados ao extermínio de pessoas, com vinculo estável e permanente, pois caso contrario estaríamos numa hipótese de concurso de pessoas. - É POSSIVEL A CUMULAÇÃO DESSA MAJORANTE COM O CRIME DO ART. 288-A DO CP? BRUNO GILABERTE entende que sim, fazendo-se um paralelo com as decisões do STF e do STJ sobre o concurso do crime de roubo majorado

pelo concurso de pessoas com o crime de formação de quadrilha.

PERDÃO JUDICIAL: § 5º

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Perdão judicial como uma causa extintiva de punibilidade prevista no art. 107, IX do CP.

Requisitos: - homicídio culposo - sofrimento, pelo agente, de graves consequências do delito. (aspecto físico ou psíquico do agente) Trata-se de uma hipótese de desnecessidade de aplicação da pena, pois a punição torna-se exagerada.

QUAL A NATUREZA JURIDICA DA SENTENÇA QUE CONCEDE O PERDÃO JUDICIAL? 1C: (DAMÁSIO DE JESUS e STF). A sentença tem natureza CONDENATÓRIA. Significa que o juiz tem que efetivamente condenar o réu, somente deixando de aplicar a pena. Somente se perdoa quem errou. 2C: (MAJORITÁRIA e STJ). Tem natureza DECLARATÓRIA. Sumula n.18 do STJ. Aqui o Estado renuncia o direito de condenar, mas isso não significa que ele esteja absolvendo o agente. BRUNO GILABERTE.

CRIMES CONEXOS AO CRIME PERDOADO TAMBEM FICAM SUJEITOS AO PERDÃO JUDICIAL? 1C: (BRUNO GILABERTE). SIM, desde que o crime conexo também seja culposo e vislumbre-se a desnecessidade da aplicação da pena. 2C: (STJ) NÃO é possível. Por previsão legal so se aplica ao homicídio culposo. RESP 1009822/RS.

O PERDÃO JUDICIAL SE APLICA AO CRIME DE HOMICIDIO NO TRANSITO? 1C: (RUI STOCO). NÃO, pois não há previsão legal no CTB. 2C: (BRUNO GILABERTE e ROGERIO GRECO – MAJORITÁRIO). SIM, primeiro que o Codigo Penal deve ser aplicado de forma subsidiária ao CTB. Segundo que pelas razões do veto entende-se que se aplicaria o perdão judicial do CP.

ÚLTIMAS OBSERVAÇÕES SOBRE O CRIME DE HOMICÍDIO: - CRIME DE POSSE OU PORTE DE ARMA DE FOGO FICA ABSORVIDO PELO CRIME DE HOMICÍDIO? Majoritariamente entende-se que a posse ou porte de arma de fogo so ficara absorvido se a mesma tiver como única finalidade a pratica do homicídio (meio frequentemente usado para a pratica do homicídio), caso contrario haverá concurso material de crimes. Posição também defendida pelo STJ.

2. DA PARTICIPAÇÃO NO SUICÍDIO (ART. 122 DO CP)

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Parágrafo único - A pena é duplicada: Aumento de pena I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

Conceito de suicídio: É a extinção da vida humana pela própria vitima. O suicídio em si não é um ato típico. Pune-se no art. 122 do CP não o suicídio, mas a participação no suicídio. Obs: trata-se de uma conduta antijurídica, em que pese atípica. É antijurídica porque a vida humana é um bem indisponível. Objetividade Jurídica: Vida Humana. Trata-se de bem indisponível, logo independe da anuência da vítima para a ocorrência desse delito. Sujeito Ativo: qualquer pessoa. O sujeito ativo não pode praticar atos executórios destinados a morte, pois caso contrario responderia por homicídio.

Sujeito Passivo: qualquer pessoa que venha praticar atos executórios do suicídio. Aqui é imprescindível que a vitima tenha capacidade de discernimento, pois caso contrario o agente responderia por homicídio. Obs: tem que ser pessoa DETERMINADA ou grupo DETERMINDADO DE PESSOAS, pois a lei se refere a “alguém”. Quando o agente se referir a um grupo indeterminado de pessoas o fato será atípico. Ex: pessoa se suicida depois de ler um livro que o conduz a depressão.

Obs: não será crime de participação em suicido, mas sim homicídio quando o agente leva a vitima a erro, fazendo com que esta venha a se matar. Ex: o agente empresta arma de fogo, dizendo que a mesma encontra-se desmuniciada, e a vítima, por erro, vem a se matar.

PARTICIPAÇÃO MORAL E PARTICIPAÇÃO MATERIAL: A. PARTICIPAÇÃO MORAL: INDUZIR e INSTIGAR. INDUZIR: é fazer nascer uma ideia. INSTIGAR: é fomentar uma ideia já existente. Induzimento e instigação podem ocorrer por omissão? Majoritário (BRUNO GILABERTE): induzimento e instigação pressupõem um comportamento comissivo.

Fraude é uma forma de induzimento ou instigação? Ex: médico inventa uma doença dolorosa e letal para o seu paciente, fazendo com que esta decida pelo suicídio. 1C: (ALVARO MAYRINK). As hipóteses de fraude configuram o crime de homicídio e não de participação no suicido. 2C: (BRUNO GILABERTE). Mesmo que a fraude vicie a vontade da vitima em se matar, não afasta o crime de participação no suicídio. Aqui, diferentemente do erro, a vítima tem vontade de se matar, mesmo que essa vontade seja oriunda de um motivo viciado pelo agente.

B. PARTICIPAÇÃO MATERIAL: AUXILIO: é a ajuda material. Ex: emprestar uma arma de fogo; fornecer um veneno. É possível auxilio por omissão? 1C: (DAMASIO DE JESUS e BRUNO GILABERTE). NÃO, pois a lei se refere a “prestar-lhe auxilio”, o que sugere um comportamento comissivo.

2C: (Aníbal Bruno, Noronha e Nelson Hungria) compartilham da ideia da possibilidade de auxílio por omissão. Mirabete reproduz um exemplo de auxílio por omissão: o caso do enfermeiro de Altavilla: em um hospital é internado um doente que sofre de uma doença e manifesta propósitos de suicídio. O enfermeiro, violando a norma do regulamento que manda recolher as armas de toda pessoa internada, deixa-lhe o revólver, para que ele (o doente) possa realizar seu desígnio. EX: Se o agente auxilia a vitima emprestando-lhe uma faca, porem esta vem a se matar com um revolver, mesmo assim o agente responderá pelo crime de participação no suicídio? Não, pois houve a quebra do nexo de causalidade.

Ex: Se o agente pratica mais de um verbo núcleo do tipo, tais como induzir e auxiliar no suicídio, haverá também pluralidade de crimes? Não. O agente continuara por responder por apenas um delito. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: O art. 122 do CP condiciona a aplicação da pena à verificação do resultado lesão corporal ou morte. Para analise do momento consumativo do presente delito é importante verificar qual a natureza juridica dessa exigencia do tipo.

1C: RENÉ ARIEL DOTTI, NELSON HUNGRIA e BRUNO GILABERTE. É uma condição objetiva de punibilidade, não integrando o tipo penal. 2C: DAMASIO DE JESUS E FERNANDO CAPEZ. São elementares do tipo penal.

Logo, o momento consumativo do presente delito vai depender da corrente doutrinária adotada. 1C: para a corrente que adota que a lesão corporal e a morte são condições objetivas de punibilidade, a consumação se dá com a mera prática dos verbos do núcleo do tipo. O crime, portanto, seria formal. 2C: já a corrente que sustenta que a lesão corporal e a morte seriam elementares do tipo, a consumação só ocorreria com a produção desses resultados. O crime, portanto, seria material.

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA:

Parágrafo único - A pena é duplicada: Aumento de pena I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

MOTIVO EGOSÍSTICO: trata-se de hipótese em que o crime tem um interesse pessoal, mas que não necessita ser de caráter econômico. MENORIDADE DA VÍTIMA: qual o critério deve ser adotado para verificar a menoridade da vítima?

1C: DAMASIO DE JESUS. Entre 14 e 18 anos. Caso seja menor de 14 será crime de homicídio. Utiliza como critério do mínimo de 14 anos o art. 217-A do CP. 2C: BRUNO GILABERTE. Deve-se avaliar caso a caso, pois um menor de 13 anos pode ter capacidade de resistência. DIMINUIDA A CAPACIDADE DE RESISTÊNCIA DA VÍTIMA: ex. embriaguez, alienação mental incompleta.

PACTO DE MORTE: Quando duas ou mais pessoas firmam um acordo para simultaneamente retirarem suas próprias vidas. Ex1: duas pessoas celebram um pacto de morte, onde ambos ministram venenos em seus copos com agua. Caso ambos sobrevivam, apresentando lesões corporais graves, responderão pelo crime de participação no suicídio na modalidade instigação. Ex2: duas pessoas celebram pacto de morte, onde apenas uma delas abre uma encanação de gás. Caso o agente que praticou o ato executório sobreviva e o outro venha a morrer, responderá pelo crime de homicídio.

Ex3: imagina que 5 pessoas estejam brincando de “roleta russa”, onde o revolver possui apenas um projétil. Nesse caso todos os participantes sobreviventes responderiam por participação no suicido caso a vítima morresse ou apresentasse lesão corporal de natureza grave. TESTEMUNHAS DE JEOVÁ Ex: Quando o próprio paciente (maior e capaz), por questões religiosas, recusa-se a receber transfusão de sangue.

Rogerio Greco: nessa hipótese deve ser encarado como uma tentativa de suicídio, logo o médico dever atuar amparado no art. 146, parag. 3º, I do CP.

§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;

Ex: quando os pais recusam-se a autorizar a transfusão de sangue de seu filho menor, por questões religiosas. Rogerio Greco: da mesma forma o médico poderá atuar amparado no art. 146, parag. 3º, I do CP. Os pais são garantidores e caso o filho venha a morrer eles responderiam por homicídio.

CLASSIFICAÇÃO DO CRIME DE PARTICIPAÇÃO NO SUICÍDIO

CRIME DOLOSO CRIME COMUM (pode ser praticado por qualquer pessoa) FORMA LIVRE DANO (exige-se o efetivo dano ao bem jurídico tutelado) MATERIAL (exige-se a produção do resultado naturalístico)