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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP CURSO: DIREITO - DISCIPLINA: DPC – PROCESSO DE EXECUÇÃO – INTRODUÇÃO Professor: SEBASTIÃO FERRO PROCESSO DE EXECUÇÃO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DO BIMESTRE PROCESSO DE EXECUÇÃO Noções e Princípios Gerais PARTES NA EXECUÇÃO Arts. 566 a 574 JUÍZO COMPETENTE Arts. 575 a 579 TÍTULO EXECUTIVO Cumprimento da Sentença (Título Judicial -Art. 475-N) e Título Extrajudicial Arts. 583 a 586 EXECUÇÃO Provisória e Definitiva Arts. 587 e 588 LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA Arts. 475-A a 475-H TIPOS OU ESPÉCIES DE EXECUÇÃO Para Entrega de Coisa Certa (arts. 621 a 628) Para Entrega de Coisa Incerta (arts. 629 a 631) Execução das Obrigações de Fazer (arts. 632 a 641) Execução das Obrigações de Não Fazer (arts. 642 a 643) TUTELA ESPECÍFICA Execução para Pagamento de Quantia Contra Devedor Solvente (arts. 646 a 729) Execução para Pagamento de Quantia Contra Devedor Insolvente (arts. 748 a 786-A) CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DO BIMESTRE DEFESAS OPONÍVEIS NA EXECUÇÃO Impugnação (Título Judicial - Art. 475J, § 1º) Embargos do Devedor (artigos 736 a 745) Embargos de Terceiro (arts. 1.046 a 1.054) Embargos à Penhora Embargos à Arrematação e à Adjudicação Art. 746 EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA Arts. 730 e 731 EXECUÇÃO DE ALIMENTOS Arts. 732 a 735 REMIÇÃO da Execução (art. 651) de Bens (Arts. 787 a 790 => Título do CPC revogado pela Lei 11.382/2006) SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO Arts. 265, §§ 2º e 3º do 739, 791 a 793 e 1.052 EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO Arts. 267, incisos I a III, VII, VIII, XI c/c os arts. 265, § 2º e 47, § único; 569, 794 e 795 EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR INSOLVENTE Arts. 748 a 786-A) AÇÃO MONITÓRIA Arts. 1.102-A a 1.102-C 1

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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIPCURSO: DIREITO - DISCIPLINA: DPC – PROCESSO DE EXECUÇÃO – INTRODUÇÃO

Professor: SEBASTIÃO FERRO

PROCESSO DE EXECUÇÃO

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DO 1º BIMESTRE

PROCESSO DE EXECUÇÃO Noções e Princípios GeraisPARTES NA EXECUÇÃO Arts. 566 a 574JUÍZO COMPETENTE Arts. 575 a 579

TÍTULO EXECUTIVO Cumprimento da Sentença (Título Judicial -Art. 475-N) e Título

Extrajudicial Arts. 583 a 586EXECUÇÃO Provisória e Definitiva Arts. 587 e 588LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA Arts. 475-A a 475-H

TIPOS OU ESPÉCIES DE EXECUÇÃO

Para Entrega de Coisa Certa (arts. 621 a 628) Para Entrega de Coisa Incerta (arts. 629 a 631) Execução das Obrigações de Fazer (arts. 632 a 641) Execução das Obrigações de Não Fazer (arts. 642 a 643)

TUTELA ESPECÍFICA

Execução para Pagamento de Quantia Contra Devedor Solvente (arts. 646 a 729)

Execução para Pagamento de Quantia Contra Devedor Insolvente (arts. 748 a 786-A)

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DO 2º BIMESTRE

DEFESAS OPONÍVEIS NA EXECUÇÃO

Impugnação (Título Judicial - Art. 475J, § 1º) Embargos do Devedor (artigos 736 a 745) Embargos de Terceiro (arts. 1.046 a 1.054) Embargos à Penhora Embargos à Arrematação e à Adjudicação Art. 746

EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

Arts. 730 e 731

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS Arts. 732 a 735

REMIÇÃO

da Execução (art. 651) de Bens (Arts. 787 a 790 => Título do CPC revogado pela Lei

11.382/2006)SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO Arts. 265, §§ 2º e 3º do 739, 791 a 793 e 1.052EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

Arts. 267, incisos I a III, VII, VIII, XI c/c os arts. 265, § 2º e 47, § único; 569, 794 e 795

EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR INSOLVENTE

Arts. 748 a 786-A)

AÇÃO MONITÓRIA Arts. 1.102-A a 1.102-C

B I B L I O G R A F I A B Á S I C A

MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo processo civil brasileiroSANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civilTHEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civilTHEODORO JUNIOR, Humberto. Processo de conhecimento

B I B L I O G R A F I A B Á S I C A

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AL VIM, José Manoel Arruda. Manual de direito processual civil I e IIAL VIM, José Manuel Arruda. Tratado de direito processual civilARAGÃO, Egas Dirceu Muniz. Comentários ao código de processo civilBARBI, Celso Agrícola. Comentários ao código de processo civilCINTRA, Antonio Carlos de Araújo e outros. Teoria geral do processoCOSTA, Alfredo de Araújo Lopes da. Direito processual civil brasileiroCOSTA, Moacir Lobo da. Breve notícia históricaDINAMARCO, Cândido Rangel. Fundamentos do processo civilDINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processoDINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civilGRECO FILHO, Vicente. Direito processual civil brasileiroLlEBMAN, Enrico Túllio. Manual de direito processual civilMARQUES, José Frederico. Manual de direito processual civilPASSOS, José Joaquim Calmon de. Comentários ao código de processo civil

B I B L I O G R A F I A S U G E R I D A P E L O P R O F E S S O R

ASSIS, Araken de. Manual da execução. 11ª edição revista, ampliada e atualizada com a Reforma Processual 2006/2007CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. V. 2, 14ª edição, 2007SHIMURA, Sérgio S. Título executivo

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO À EXECUÇÃO....................................................................................3

PARTES NA EXECUÇÃO.........................................................................................15

COMPETÊNCIA PARA A EXECUÇÃO ART. 575 A 579...........................................18

TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS.........................................................................29

TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS.............................................................32

EXECUÇÃO DEFINITIVA E PROVISÓRIA...............................................................42

EXECUÇÃO PROVISÓRIA..............................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

CARTA DE SENTENÇA............................................................................................54

LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA..................................................................................56

B I B L I O G R A F I A...............................................................................................69

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INTRODUÇÃO À EXECUÇÃO

I. GENERALIDADES

Da necessária convivência humana surge a sociedade politicamente organizada, ou seja, o Estado, que exige de seus cidadãos a obediência de normas às quais estão submissos. A norma jurídica, como já é de nosso conhecimento, é uma espécie entre todas as outras regras de convivência, contudo diferencia-se delas pela qualidade e grau de coercitividade que lhe é próprio. O Estado, mediante o uso da força que emana de sua soberania impõe o respeito à norma legal.

Cabe aos indivíduos sujeitos às normas jurídicas obedecê-las voluntariamente diante das situações jurídicas concretas por elas amparadas. A não submissão voluntária poderá desencadear a imposição coativa àqueles que se encontrem na esfera de incidência da norma, mediante a interferência de um dos organismos do Estado.

O próprio ordenamento jurídico se encarrega de traçar as medidas necessárias para que se adentre à esfera jurídica do indivíduo para, obrigá-lo a cumprir a determinação legal, ou realizar o comando em seu lugar, substituindo-o. "As medidas que o próprio ordenamento jurídico traça para que o Estado possa invadir a esfera de autonomia do indivíduo e fazer cumprir efetivamente a regra de direito, vem a ser o que se denomina sanção da norma jurídica1".

CARÁTER REPARATÓRIO DAS SANÇÕES => via de regra, as SANÇÕES CIVIS são direcionadas à reparação e compensação dos prejuízos advindos da não obediência ao comando legal, portanto, possuem caráter reparatório. Aquele que indeniza os prejuízos que causou, repara os danos que produziu. Exemplos:

1. quem promete pagar uma nota promissória em determinado dia deverá cumprir este compromisso (obrigação de pagar quantia certa);

2. a pessoa que assumiu a responsabilidade de fazer alguma coisa para outra estará obrigada à sua promessa (obrigação de fazer);

3. aquele que prometeu entregar coisa determinada estará sujeito a este compromisso (obrigação de entregar coisa certa ou incerta).

A partir do momento em que as situações acima exemplificadas significarem uma relação jurídica, ou seja, relação amparada por determinada norma jurídica e se a pessoa obrigada não cumprir seu dever voluntariamente, o Estado, mediante requisição do sujeito subordinante, irá adentrar ao patrimônio do indivíduo obrigado para efetivar a sanção, mesmo que seja contra a vontade deste.

CARÁTER PATRIMONIAL DAS SANÇÕES => é sobre o patrimônio do indivíduo que recai a sanção civil. Contudo, antes da aplicação da sanção é necessário o acertamento da relação jurídica caso haja qualquer dúvida entre os sujeitos que dela participam. Este acertamento da existência ou não do direito tem lugar no instrumento da jurisdição denominado Processo de Conhecimento, estudado até o presente momento dentro da matéria Direito Processual Civil. A partir de agora, passaremos a estudar um outro tipo de instrumento, o Processo de Execução, no qual a jurisdição exerce atividade diversa da cognitiva tendo como finalidade a satisfação forçada de um direito declarado no processo anterior ou no título legalmente aceito.

O Estado serve-se da atividade executiva, à qual ficará sujeito o devedor, extraindo do patrimônio deste a quantia necessária para a satisfação do credor.

A EXECUÇÃO É SEMPRE FORÇADA => considerando que o processo de execução é instrumento de força do Estado, dizemos que toda execução é forçada. "Com a execução forçada e através do remédio jurídico denominado processo, o Poder Público procura realizar,

1 TEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo de Execução - Leud - 19 ed., pág. 32. 2 Idem, pág. 32-3.

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sem o concurso da vontade do devedor, o resultado prático a que tendia a regra jurídica que não foi obedecida2."

1. CONHECIMENTO E EXECUÇÃO

A JURISDIÇÃO É SECUNDÁRIA E SUBSTITUTIVA => sabemos que a atividade jurisdicional é secundária e substitutiva tanto no processo de conhecimento, quanto no processo de execução. Contudo, há diferenças entre estes dois instrumentos da jurisdição, conforme a seguir demonstrado:

PROCESSO DE CONHECIMENTO PROCESSO DE EXECUÇÃO

No conhecimento a autoridade jurisdicional, após examinar a lide, descobre e formula a regra jurídica relativa ao caso concreto a ele apresentado e forma o título executivo.

No processo de execução o juiz exerce atividades necessárias para a efetiva aplicação daquilo que se contém no título executivo.

Na cognição há decisão de mérito, há julgamento, há decisão (processo de sentença).

Na execução somente há atividades práticas, (processo de coação).

O contraditório é amplo, pois a defesa contesta todos os pleitos postos em juízo, bem como o próprio direito reclamado.

No processo de execução o contraditório é restrito à forma da prática dos atos executórios, pois o título executivo já traz a declaração de certeza (a resistência se dá através da impugnação que poderá paralisar a execução).

No processo cognitivo a pretensão é resistida.

Na execução a pretensão é insatisfeita.

2. CABIMENTO

A execução é destinada a tornar efetivo um direito já reconhecido em sentença anterior ou estampado em um título extrajudicial, contudo há outras formas processuais destinadas à materialização de determinado crédito, devendo o operador do direito escolher, dentre elas, o procedimento mais apropriado para o caso.

Na lição de Misael Montenegro Filho, o "credor pode, em tese, utilizar-se de quatro instrumentos processuais para tentar satisfazer seu crédito, a saber:a) execução;b) ação monitória;c) ação de cobrança de rito ordinário;d) ação de cobrança de rito sumário3."

Toda execução deve está lastreada em uma sentença ou em um título extrajudicial. Os títulos executivos extrajudiciais estão consignados no art. 585 do CPC:

Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida;

IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio;

V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;

2 Idem, pág. 32-3.

3 In Ação de Execução na Prática - Ed. Atlas, 2004, pág. 22.

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VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial;

VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

§ 1º A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.

§ 2º Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação.

Se acaso a execução não estiver devidamente instruída com um título executivo extrajudicial, será impossível efetivar os atos expropriatórios. Para contornar tal dificuldade, o interessado deve valer-se de uma outra ação já relacionada acima.

3. CLASSIFICAÇÃO DAS SENTENÇAS

CONCEITO DE SENTENÇA => a palavra sentença é originária do latim sententia, sentiendo, gerúndio do verbo sentire, que externa o sentimento. É através da sentença que o juiz declara o que sente, a que convicção chegou em relação à matéria tratada no processo, a partir da análise dos fatos, documentos e provas carreados para os autos. Pela sentença o Estado-juiz, entrega a prestação jurisdicional reclamada, resolvendo a lide e compondo o conflito entre o pedido do demandante e a defesa do demandado.

Para Hernando Oevis Echandia, sentença é: o ato pelo qual o juiz cumpre a obrigação jurisdicional derivada da ação e do direito de contradição, de resolver sobre as pretensões do demandante e as exceções de mérito ou de fundo do demandado.4 No entendimento de Recaséns Siches5 é um erro considerar a sentença um silogismo. Dizer-se que ela corresponde à conclusão extraída de uma premissa maior (a norma jurídica) e de uma premissa menor (a quaestio facti) é ignorar a imensa dificuldade que reside em fixar-se corretamente as duas premissas. Muitas vezes há um emaranhado de regras legais em que parece enquadrar-se o fato sub judice. Na seleção de uma ou mais regras que incidirão sobre o caso em concreto tem o juiz o dever de realizar complexa operação mental, sem contar com qualquer ajuda da lógica formal. O renomado jurisfilósofo acrescenta textualmente: Do ponto de vista psicológico, a sentença é uma instituição intelectiva que entranha vários juízos valorativos. Do ponto de vista objetivo, a sentença é um complexo ideal, muito complicado, mas com uma estrutura unitária de sentido.

Corroborando o cerne do pensamento acima transcrito, o legislador vislumbrou que a complexidade das lides poderia trazer um certo grau de dificuldade ao juiz, quando da elaboração da sentença, para chegar a uma conclusão lógica, isto porque fez constar do § 3º do artigo 454 do CPC a previsão de que: Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate oral poderá ser substituído por memoriais, caso em que o juiz designará dia e hora para o seu oferecimento.

As sentenças podem ser:

TERMINATIVAS => quando encerram o processo sem examinar o mérito da causa. Exemplo:

1. sentença de procedência da exceção da coisa julgada;

2. sentença que absolve o reclamado da instância;

3. sentença que declara a inexistência de pressuposto processual ou condição da ação;

4. sentença que afirma existir o impedimento processual ou pressuposto negativo do litígio;

4 OEVIS ECHANDIA, Hernando. Compendio de Derecho Procesal. 7. ed. tomo I. Bogotá: Editoral ABC, 1979, p. 413.5 SICHES, Recaséns. Introducción al Estudio del Derecho. 7. ed. Editorial Porrúa. 1985, p.199.

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5. sentença que homologa a desistência da ação, nos termos do artigo 267 e seus incisos do CPC.Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I - quando o juiz indeferir a petição inicial;Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;III - quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;VI - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;VII - pela convenção de arbitragem;VIII - quando o autor desistir da ação;IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;XI - nos demais casos prescritos neste Código.§ 1º O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e III, o arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas.§ 2º No caso do parágrafo anterior, quanto ao no II, as partes pagarão proporcionalmente as custas e, quanto ao no III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e honorários de advogado (art. 28).§ 3º O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e VI; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que lhe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento.§ 4º Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

DEFINITIVAS OU DE MÉRITO => quando acolhem ou rejeitam os pedidos formulados pelo autor, pondo fim ao processo. Nestas hipóteses a sentença poderá:

a) decidir a causa quanto ao mérito, total ou parcialmente;

b) pronunciar a decadência ou a prescrição do direito de ação, conforme previsão do inciso I do artigo 269 do CPC;

c) homologar atos que encerram o processo com base nos incisos II, III e V do mesmo artigo.Quanto à natureza jurídica, para melhor entendimento, podemos separar a sentença em

oito categorias distintas, a saber:

1. SENTENÇA CONDENATÓRIA => quando afirma (total ou parcialmente) o direito do autor em face do reclamado, ou seja, quando do seu comando resultar uma condenação para pagar quantia certa, entregar coisa ou resultar em uma obrigação de fazer ou de não fazer, adequada a por em marcha a fase de execução. Nesta hipótese, a sentença deve especificar com clareza as condições para o seu cumprimento, além de condenar a parte vencida a responder pelas custas.

2. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA => quando reconhece a improcedência do pedido, a inculpabilidade do réu ou extingue a instância, ou seja, quando absolve o demandado dos pedidos contra ele formulados em juízo.

3. SENTENÇA DECLARATÓRIA => tem a finalidade de afastar toda e qualquer dúvida a respeito da existência ou inexistência de uma relação jurídica, ou da autenticidade ou não de determinado documento. Limita-se a declarar a existência ou a inexistência de um direito, declarar a falsidade ou autenticidade de um documento, conforme dispõe o artigo 4º do CPC. "É instrumento auto-suficiente de tutela jurisdicional, no sentido de que assegura, de

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maneira plena e completa, a efetividade da situação jurídica substancial deduzi da em juízo6”.

4. SENTENÇA CONSTITUTIVA => aquela que cria, modifica ou extingue a relação jurídica. Não se limita apenas a declarar, vai além, cria, modifica ou extingue um estado ou relação jurídica. Atinge "toda a eficácia, independentemente de outro processo ou de outra via executória7." Note-se que nestes dois tipos de ações, o autor "não pretende que o juiz imponha ao réu a obrigação de prestar algo8." "A emissão de pronunciamento do juiz, dotado de força preponderante declaratória ou constitutiva, atende e esgota, integralmente, a aspiração do autor9”.

5. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA => é aquela que homologa transação celebrada pelas partes. Deve ser executada nos próprios autos da ação principal, sendo desnecessária a propositura de ação autônoma, a teor do art. 569, I do CPC.

6. SENTENÇA MANDAMENTAL => quando o juiz declara o direito e ordena a uma autoridade sua realização, não se olvidando que, por vezes, a ordem judicial pode ser dirigida a um particular.

7. EXECUTIVA (LATO SENSU) => resulta das ações que possuem, ao mesmo tempo, conhecimento e execução. Nelas "a própria sentença se auto-executa, de modo que a atividade executiva realiza-se na mesma relação processual.10" Ao prover o processo, o juiz condena e determina que se pratiquem atos executivos, como é o exemplo da ação de despejo. "A força executiva dos pronunciamentos judiciais é imediata, se a penetração visa a valor predeterminado, previamente definida sua posse pelo executado como ilegítima, tornando desnecessária a formação de novo processo para tal finalidade.11"

8. SENTENÇA LÍQUIDA => quando do seu comando extrai-se valor exato a ser pago pela parte vencida, ou quando a condena a entregar coisa certa.

9. SENTENÇA ILÍQUIDA => ao contrário da anterior, não delimita o montante a ser desembolsado pelo vencido, a título de condenação. É vedado ao juiz proferir sentença ilíquida, quando o autor tiver formulado pedido certo, tudo em homenagem à parte pleiteante que, conhecendo bem os seus próprios interesses, invoca a intervenção do Estado e a ele formula o seu pedido certo e determinado. Assim, não é dado ao juiz modificar o pedido da parte autora.

Há, porém, pedido genérico (aquele que tem de ser determinado no seu quantum por meio de liquidação), assegurado ao demandante pelo artigo 286 do CPC. Nas hipóteses de pedido genérico, cabe ao juiz, ao proferir a sentença, determinar a liquidação para fixar o quantum devido pelo sucumbente. O dispositivo em comento, em seu inciso II, deixa claro que, dentre as hipóteses justificadoras do pedido genérico, figura a da impossibilidade de determinar-se, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito.

10. SENTENÇA ALTERNATIVA => a sentença será alternativa quando alternativo for o pedido. É o caso, por exemplo, da reintegração ou não do empregado estável se o inquérito, para apuração da falta grave que se lhe atribuiu, for julgado improcedente. A teor do artigo 459 do CPC: O juiz proferirá a sentença, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, o pedido formulado pelo autor. Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito, o juiz decidirá de forma concisa. Da redação do artigo 460 do CPC extrai-se os limites a que deve se ater o juiz ou órgão julgador, não lhe sendo permitido proferir sentença citra petita, ultra petita, ou extra petita, conforme se verifica a seguir: É defeso ao juiz proferir sentença a

6 ASSIS, Araken de - Manual do Processo de Execução - Ed. Revista dos Tribunais - 8 ed. - pág. 82.

7 6 Idem, pág. 84.

8 SilVA, Ovídio A. Baptista da Silva -Teoria Geral do Processo Civil- Ed. Revista dos Tribunais. 28 Ed., pág. 262.

9 ASSIS, Araken de - Manual do Processo de Execução - Ed. Revista dos Tribunais - 8 ed. - pág. 94.

10 SilVA, Ovídio A. Baptista da Silva - Teoria Geral do Processo Civil - Ed. Revista dos Tribunais. 28 Ed., pág. 262.

11 ASSIS, Araken de - Código de Processo Civil Comentado Carta Maior - Comentário ao art. 566.

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favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.

11. SENTENÇA CITRA PETITA => é a decisão favorável ao demandante, atribuindo-lhe, no entanto, menos do foi pedido, ou seja, decisão que está aquém do pedido.

12. SENTENÇA EXTRA PETITA => quando decide matéria estranha ao pedido formulado pelo demandante.

13. SENTENÇA ULTRA PETITA => quando do julgamento resultar uma condenação que vai além do que foi pedido pelo autor.

14. SENTENÇA RESCINDENDA => é a sentença de mérito transitada em julgado e submetida a reexame pela via da ação rescisória, nos termos do art. 485. Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;IV - ofender a coisa julgada;V - violar literal disposição de lei;VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória;VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença;IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa; § 1o Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido.§ 2o É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento judicial sobre o fato.

15. OMISSÕES CONTIDAS NA SENTENÇA => as omissões teimam em macular as sentenças, seja em relação aos pleitos do autor, seja quanto às argüições do demandado, seja ainda no tocante às custas. Em qualquer das situações, rende ensejo à interposição de recurso e, na hipótese de omissão, são oponíveis os Embargos de Declaração, nos termos do artigo 535.Art. 535. Cabem embargos de declaração quando: I - houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição; II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal.

SÚMULA 356/STF: O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de Recurso Extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento.

6. DISTINÇÃO DA EXECUÇÃO

Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: I - para lhe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou lhe retificar erros de cálculo;II - por meio de embargos de declaração.

Contemplamos nas linhas precedentes as classificações das ações em um dos modos característicos de prestação da função jurisdicional, ou seja, naquela em que o juiz aplica a norma ao caso concreto submetido a julgamento e, com isso, entregando o direito a uma das

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partes12. Portanto, no chamado processo de conhecimento o juiz transforma os fatos em direito13.

A partir daí já podemos ter uma idéia clara do processo de execução entendendo que há outra atividade jurisdicional através da qual o juiz transforma o direito reconhecido na sentença em fatos concretos, efetivando, isto é, dando cumprimento ao comando do julgado, ao direito declarado no título legalmente reconhecido. Esta atividade é a executiva. "Integram a função jurisdicional o ato de julgar e o ato de dar cumprimento ao julgado14." Na primeira o juiz julga, na segunda pratica atividades necessárias à realização do julgado. Tais atividades são realizadas sobre o patrimônio do devedor. Assim, no processo de execução "desenvolvem-se as medidas necessárias para que a vontade da lei seja realmente satisfeita15," efetivando-se o direito do credor.

7. CONCEITO DE EXECUÇÃO

Sabemos que a ação é um direito subjetivo, público, autônomo e abstrato. "A ação é o direito de invocar o exercício da função jurisdicional16." O exercício do direito à execução se dá através do cumprimento da sentença (fase subseqüente ao processo de conhecimento) ou através da ação de execução para os títulos extrajudiciais. O processo de execução é regido "pelos mesmos princípios que formam a teoria geral do Direito Processual"17.

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. § 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. § 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287). § 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada.§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. § 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. § 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. § 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz. § 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel. § 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o do art. 461.

12 Art. 463 - Ao publicar a sentença de mérito, o juiz cumpre e acaba o oficio jurisdicional.

13 Atividade realizada no Processo de Conhecimento

14 SILVA, Ovídio A. Baptista da Silva - Op. cit., pág. 333.15

TEODORO JÚNIOR, Humberto - Processo de Execução - Leud - 19 ed., pág. 42.16

SANTOS, Moacyr Amaral - Primeiras Linhas de Direito Processual Civil - 22 ed, 1º vol., pág. 147.17 CÂMARA, Alexandre Freitas - Lições de Direito Processual Civil - Ed. LUMEN JURIS - 8 Ed., vol II, Pág. 147.

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A inclusão das normas contidas nos artigos 461 e 461-A, conferindo poderes ao juiz para, se procedente o pedido, nas obrigações de fazer ou de não fazer, ou que tenham como objeto a entrega de coisa, determinar providências que assegurem o resultado prático da decisão, quebraram a autonomia da execução, pois os atos executivos são realizados no próprio processo de conhecimento, contudo regrados pelas normas que lhe são próprias.

A nova reforma do CPC atraiu para o processo de conhecimento a liquidação da sentença condenatória para pagar quantia certa e o cumprimento da sentença, transformando o processo de conhecimento em processo misto (constituído de uma fase de conhecimento e outra executiva).

Com a entrada em vigor da nova legislação (já constante dos artigos acima), a ação de execução autônoma só terá utilidade para os chamados títulos extrajudiciais. Todavia, tais modificações não nos impedem de formular um conceito de execução. Para tanto, é necessário levar em conta que toda execução tem por base uma sentença judicial ou um título extrajudicial. Considerando que o direito do credor já se encontra certo, não se praticam mais atos de cognição relativos ao objeto. Assim, os atos praticados no processo de execução são atos executivos direcionados a retirar do patrimônio do devedor determinado bem ou direito para a satisfação do credor.

Segundo a lição de Enrico Tullio Liebman, citada por Humberto Theodoro Júnior, a ação de execução é o direito subjetivo “que o título confere ao vencedor (ou credor) de promover em seu proveito a realização da sanção por parte dos órgãos judiciários”18.

Para Cândido Rangel Dinamarco a execução é o "conjunto de atos estatais através de que, com ou sem o concurso da vontade do devedor (até contra ela), invade-se seu patrimônio para, à custa dele, realizar-se o resultado prático desejado concretamente pelo direito objetivo material"19.

Para Alexandre Freitas Câmara, a execução é "a atividade jurisdicional que tem por fim a satisfação concreta de um direito de crédito, através da invasão do patrimônio do executado" e explica, logo a seguir que "como se verá, pode ser o próprio devedor, ou outro responsável, como um fiador, por exemplo"20.

8. MEIOS DE EXECUÇÃO

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela especifica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. (...) § 4° - O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.

Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. § 1° Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.

Art. 904. Julgada procedente a ação, ordenará o juiz a expedição de mandado para a entrega, em 24 (vinte e quatro) horas, da coisa ou equivalente em dinheiro. Parágrafo único. Não sendo cumprido o mandado, o juiz decretará a prisão do depositário infiel.

A ordem jurídica estabelecida pelo Estado deve prevalecer entre os indivíduos, pois reguladora das interações sociais.

Os indivíduos que não se submetem voluntariamente poderão a ela ser obrigados por:1. COAÇÃO => possui caráter intimidativo, sendo aplicada por meio de:

18 Op. cit., pág. 46.

19 In Execução Civil - Malheiros - 7 ed. pág. 114

20 In Lições de Direito Processual Civil – Ed. LÚMEN JURIS – 11ª ed., vol. II, pág. 150.

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a) multa => ASTREINTES => no Direito Processual Civil, o juiz poderá estabelecer multa diária se a pessoa obrigada não realizar a obrigação ou não entregar coisa certa,21 (astreintes);

b) prisão => o juiz poderá determinar a prisão do devedor nos casos de inadimplência do pagamento dos alimentos22 ou da não devolução da coisa depositada23. Estas medidas são denominadas como execução indireta.

2. SUB-ROGAÇÃO24 => o Estado atua como substituto do devedor, sem ou contra a vontade deste. Exemplificando:

1. na execução para entrega de coisa certa, o Estado dela se apropria, entregando-a ao credor;

2. quando a execução é fundada em título por quantia certa ou por obrigação de fazer, apropria-se de um bem do devedor, aliena-o ou transfere para o credor, amortizando ou quitando a dívida, ou ainda para cobrir as despesas de custeio da obra que era de obrigação de devedor. É a chamada execução forçada, pois pelo uso da força há uma intromissão no patrimônio do devedor para, com o produto obtido com a sua alienação, satisfazer o credor, ou seja, há "intromissão coercitiva na esfera jurídica do devedor com o fim de obter um resultado real ou jurídico a cuja produção esteja ele obrigado ou pela qual responda"25.

9. CONDIÇÕES E PRESSUPOSTOS

CONDIÇÕES DA AÇÃO EXECUTIVA => como toda ação a execução de títulos extrajudiciais exige certas condições e pressupostos. O credor, no uso de sua faculdade de requerer ao Estado, aciona a jurisdição para que esta realize a execução. Para o exercício desse direito de ação deve se atentar para:A) A POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO;B) A LEGITIMIDADE DAS PARTES;C) O INTERESSE DE AGIR.

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DA AÇÃO EXECUTIVA => para que sejam possíveis e válidos os atos executivos reclamados pelo credor, há que se preencher os pressupostos processuais exigidos por qualquer tipo de processo, como:A) A CAPACIDADE DAS PARTES;B) JUÍZO COMPETENTE;C) REPRESENTAÇÃO REGULAR;D) PETIÇÃO INICIAL APTA;E) CITAÇÃO VÁLIDA.

PRESSUPOSTOS ESPECÍFICOS DA AÇÃO EXECUTIVA => além dos pressupostos processuais acima, também há a imperiosa necessidade de se observar as especificidades do processo de execução, tais como:A) A EXISTÊNCIA DE TÍTULO EXECUTIVO (pressuposto formal ou legal);B) A LIQUIDEZ DO TÍTULO;C) O INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO CONTIDA NO TÍTULO (pressuposto prático ou substancial -

exigibilidade).São estes os requisitos necessários para se realizar qualquer execução. Assim, "o

processo de execução só é franqueado àquele que se apresenta munido do título executivo"26.De acordo com a lição de Humberto Theodoro Junior, o título é o documento que autoriza o credor a utilizar o procedimento executivo; é o título que define o fim da execução e o tipo de procedimento adequado, se execução de quantia certa; se para entrega de coisa; ou se para obrigação de fazer; é o título também que impõe limites à execução, que fixa os limites da obrigação do devedor: quanto se deve pagar; o que se deve entregar; o que

21 Art. 461, § 4° do CPC.

22 Art. 733, caput e § 1° do CPC.

23 Art. 904, caput e Parágrafo único.

24 Assumir, tomar o lugar de outrem.

25 TEODORO JÚNIOR, Humberto - Processo de Execução - Leud - 19 ed., pág. 41, citando James Goldschmit.

26 Idem, pág. 51.

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se deve fazer. Por fim, o autor citado ensina que "o título executivo deve ser havido como o documento especificado pela lei, apto a propiciar a seu portador a utilização das vias do processo de execução"27.

II. PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DA EXECUÇÃO

Como todos os institutos processuais, a execução obedece a determinados princípios que lhe servem de base. Parece claro que a execução observa os mesmos princípios do processo cognitivo, acrescidos de alguns novos que a doutrina assim os classifica:

1. PRINCÍPIO DA PATRIMONIALIDADE

Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.

TODA EXECUÇÃO É REAL => princípio estampado no artigo acima transcrito, testifica que o devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros, atribuindo, assim, o caráter real da execução.

O preceito acima só é mitigado quando se trata de devedor de alimentos ou de depositário infiel que, para ser compelido a satisfazer o débito ou devolver a coisa, poderá responder com a constrição pessoal.

Também mitigando o rigor da coerção executiva, a lei põe a salvo bens ditos impenhoráveis sobre os quais é vedada a constrição judicial.

2. PRINCÍPIO DO RESULTADO

TODA EXECUÇÃO TEM POR FINALIDADE APENAS A SATISFAÇÃO DO DIREITO DO EXEQÜENTE => as regras estabelecidas pelos arts. 659 e 692, parágrafo único, estampam o princípio em comento, conforme se verifica a seguir:

Art. 659.  A penhora deverá incidir em tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, juros, custas e honorários advocatícios.

§ 1º  Efetuar-se-á a penhora onde quer que se encontrem os bens, ainda que sob a posse, detenção ou guarda de terceiros.

§ 2º Não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.

§ 3º No caso do parágrafo anterior e bem assim quando não encontrar quaisquer bens penhoráveis, o oficial descreverá na certidão os que guarnecem a residência ou o estabelecimento do devedor.

§ 4º  A penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou termo de penhora, cabendo ao exeqüente, sem prejuízo da imediata intimação do executado (art. 652, § 4o), providenciar, para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, a respectiva averbação no ofício imobiliário, mediante a apresentação de certidão de inteiro teor do ato, independentemente de mandado judicial.

§ 5º Nos casos do § 4o, quando apresentada certidão da respectiva matrícula, a penhora de imóveis, independentemente de onde se localizem, será realizada por termo nos autos, do qual será intimado o executado, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado, e por este ato constituído depositário.

§ 6º  Obedecidas as normas de segurança que forem instituídas, sob critérios uniformes, pelos Tribunais, a penhora de numerário e as averbações de penhoras de bens imóveis e móveis podem ser realizadas por meios eletrônicos.

Art. 692. Não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão, ofereça preço vil. Parágrafo único. Será suspensa a arrematação logo que o produto da alienação dos bens bastar para o pagamento do credor.

27 Idem, pág. 54.

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3. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO

A EXECUÇÃO DEVE SER ESPECÍFICA => toda execução tem por fundamento uma obrigação que deveria ter sido prestada voluntariamente pelo devedor. Assim, é esta obrigação inadimplida que o credor deverá obter através da mediação do Estado-Juiz.

Há, entretanto, situações em que a obrigação poderá ser substituída pelo equivalente em pecúnia, quando convertida em perdas e danos em razão da impossibilidade da realização da obrigação originária como na execução de entrega de coisa certa, nas hipóteses em que o objeto pereceu, ou ainda na execução de obrigação de fazer quando houver recusa da realização do fato. A permissão legal para esta prática encontra-se prevista no CPC nos arts. 627 e 633:

Art. 627. O credor tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando esta não Ihe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente.

§ 1º Não constando do título o valor da coisa, ou sendo impossível a sua avaliação, o exeqüente far-lhe-á a estimativa, sujeitando-se ao arbitramento judicial.

§ 2º Serão apurados em liquidação o valor da coisa e os prejuízos.

Art. 633. Se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, é lícito ao credor, nos próprios autos do processo, requerer que ela seja executada à custa do devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se converte em indenização.Parágrafo único. O valor das perdas e danos será apurado em liquidação, seguindo-se a execução para cobrança de quantia certa.

4. PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE

Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas executivas.Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios; b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante.

O CREDOR TEM A LIVRE DISPONIBILIDADE DO PROCESSO DE EXECUÇÃO => a leitura do art. 569 do CPC nos fornece a devida compreensão do princípio em comento, considerando que, com base no citado dispositivo, o credor poderá ditar os trâmites da execução.

Art. 694. Assinado o auto pelo juiz, pelo escrivão, pelo arrematante e pelo porteiro ou pelo leiloeiro, a arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável.Parágrafo único. Poderá, no entanto, desfazer-se:I - por vício de nulidade;II - se não for pago o preço ou se não for prestada a caução;III - quando o arrematante provar, nos 3 (três) dias seguintes, a existência de ônus real não mencionado no edital;IV - nos casos previstos neste Código (arts. 698 e 699).

Art. 794. Extingue-se a execução quando:I - o devedor satisfaz a obrigação;II - o devedor obtém, por transação ou por qualquer outro meio, a remissão total da dívida;III - o credor renunciar ao crédito.

DESISTÊNCIA DA EXECUÇÃO => ainda pelo princípio da disponibilidade, na hipótese de desistência da execução não é necessário que o executado consinta, como ocorre no processo de conhecimento.

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Mesmo com a desistência da execução remanesce o título executivo e, via de conseqüência, fica preservado o direito do exeqüente promover nova execução com fundamento no mesmo título.

Considerando a execução movida pelo Ministério Público, não dispõe ele do crédito a ser alcançado, o que impossibilita a desistência. Contudo, poderá o parquet desistir de determinados atos executórios que poderão beneficiar sua atuação processual. Na hipótese de Haver litisconsórcio ativo a desistência estará restrita à participação do litisconsorciado que por ela optar, desde que divisível a prestação.

A desistência da execução poderá refletir na impugnação caso esta tenham sido oposta. Se versar apenas sobre questões processuais também serão extintos, contudo o credor ficará responsável pelas custas processuais. Versando sobre outras questões, a extinção da impugnação necessitará da concordância da parte contrária.

RENÚNCIA AO CRÉDITO => não se deve confundir desistência da execução com a renúncia ao crédito, pois a renúncia impossibilita a renovação do procedimento em razão de extinguir o direito sobre que se funda a ação, art. 269, V, do CPC. Da mesma forma, o inciso III, do art. 794, consigna que a execução é extinta se o "credor renunciar ao crédito". Deve ser considerado o estágio em que se encontra a execução, pois se já houve a arrematação e a conseqüente assinatura do laudo (art. 694), ou se a obra já tiver sido adjudicada ao empreiteiro (art. 634, § 4°), haverá direitos de terceiros que deverão ser respeitados, cabendo ao juiz ressalvá-los, seja mantendo a arrematação ou indenizando o empreiteiro.

5. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA

INDEPENDÊNCIA DO PROCESSO DE EXECUÇÃO => o artigo 614 do CPC ao determinar que "cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor" estampa a independência do processo de execução fundada em título extrajudicial. Não se pode olvidar dos esforços do legislador na direção de dotar o processo de sua necessária instrumentalidade, adaptando força executiva ao processo de conhecimento de quando a prestação é de fazer ou de não fazer ou quando resultar na entregar coisa certa. Tais regras foram incluídas nos arts. 461, e 461-A, seja o provimento antecipatório ou final. Contudo pela determinação contida no art. 644 se deve observar subsidiariamente as disposições que lhe sucedem. A autonomia da execução foi bastante atingida com a reforma do CPC, excluindo a necessidade de novo processo para os atos executórios fundados em sentença judicial.

6. PRINCÍPIO DO TÍTULO

Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores; III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida;IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. § 1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.

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§ 2o Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação. Art. 618. É nula a execução:I - se o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível (art. 586); II - se o devedor não for regularmente citado;III - se instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrido o termo, nos casos do art. 572.

Art. 695.  Se o arrematante ou seu fiador não pagar o preço no prazo estabelecido, o juiz impor-lhe-á, em favor do exeqüente, a perda da caução, voltando os bens a nova praça ou leilão, dos quais não serão admitidos a participar o arrematante e o fiador remissos.

A EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL TEM POR BASE UM TÍTULO EXECUTIVO => o titulo deverá ser "líquido, certo e exigível" sob pena de nulidade da execução, conforme se abstrai do inciso I, do art. 618. Os títulos executivos extrajudiciais constam do art. 585. A execução também é possível no caso de tutela antecipada, fruto dos provimentos antecipatórios previstos nos arts. 272, 461 e 461-A do CPC. Outros dispositivos esparsos também determinam a formação do título executivo, como é o caso da norma ínsita no art. 695.

7. A EXECUÇÃO NÃO DEVE LEVAR O EXECUTADO A UMA SITUAÇÃO INCOMPATÍVEL COM A DIGNIDADE HUMANA

Art. 649. São absolutamente impenhoráveis:I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;  VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. § 1o  A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do próprio bem. § 2o  O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora para pagamento de prestação alimentícia.

A EXECUÇÃO NÃO É INSTRUMENTO DE DEGRADAÇÃO HUMANA => conforme se infere da leitura do art. 649 que, ao estabelecer a impenhorabilidade de determinados bens, assegura o princípio em comento, evitando que o executado fique impossibilitado de manter-se com dignidade ao sofrer uma ação executiva.

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8. TODA EXECUÇÃO DEVE SER ECONÔMICA

OPÇÃO PELO MODO MENOS GRAVOSO PARA O DEVEDOR => a execução desejada é aquela que satisfaz o credor impondo o menor prejuízo possível ao devedor. Tal princípio tem raízes no art. 620 do CPC: "quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor."

9. A EXECUÇÃO DEVE SER ÚTIL AO CREDOR

A execução deverá trazer alguma vantagem para o exeqüente => é o que se infere da leitura do § 2° do art. 659 "não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução." Nesse mesmo sentido o artigo 692 do CPC disciplina que: "não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão, ofereça preço vil".

PREÇO VIL => entende-se aquele desproporcional entre a avaliação e a oferta, ou também aquele que, mesmo correspondendo à avaliação, sofreu defasagem em razão do tempo entre a perícia e o leilão.

10.A EXECUÇÃO CORRE ÀS EXPENSAS DO EXECUTADO

Princípio que segue a máxima de que o responsável pelo uso da máquina judiciária é quem deve arcar com os custos e despesas daí decorrentes => incluem-se nas despesas, os honorários advocatícios, conforme se extrai das normas contidas nos arts. 651 e 659 do CPC: "antes de arrematados ou adjudicados os bens, pode o devedor, a todo tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância devida, mais juros, custas e honorários advocatícios"; "se o devedor não pagar, nem fizer nomeação válida, o oficial de justiça penhorar-Ihe-á tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal, juros, custas e honorários advocatícios".

III. CATEGORIAS DE EXECUÇÃO

O Livro II do CPC, artigos 566 a 795, trata do Processo de Execução, onde estão incluídas:a) a Execução Para a Entrega de Coisa;b) a Execução das Obrigações de Fazer e Não Fazer;c) a Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente;d) a Execução Contra a Fazenda Pública;e) a Execução de Prestação Alimentícia;f) a Execução Por Quantia Certa Contra Devedor Insolvente.

Apesar da existência de regras comuns, cada uma delas possui dispositivos particulares em razão do bem da vida especificado no título executivo a fundamentar a execução ou, ainda, em razão da pessoa ou de seu estado, como a Fazenda Pública ou se solvente ou insolvente o executado. São "diversos meios executivos, ou seja, técnicas destinadas à obtenção desses bens28."

28 ASSIS, Araken de – Código de processo civil comentado Carta Maior – comentário ao art. 566.

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PARTES NA EXECUÇÃO

Art. 566. Podem promover a execução forçada:I - o credor a quem a lei confere título executivo;II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.

Art. 567. Podem também promover a execução, ou nela prosseguir:I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, Ihes for transmitido o direito resultante do título executivo;II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe foi transferido por ato entre vivos;III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.

Art. 568. São sujeitos passivos na execução: I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; III - o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo; IV - o fiador judicial; V - o responsável tributário, assim definido na legislação própria.

Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas executivas.Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios; b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante.

Art. 570. (Revogado pela Lei n.º 11.232 de 22.12.2005).

Art. 571. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, este será citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro em 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado em lei, no contrato, ou na sentença.§ 1o Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercitou no prazo marcado.§ 2o Se a escolha couber ao credor, este a indicará na petição inicial da execução.

Art. 572. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o credor não poderá executar a sentença sem provar que se realizou a condição ou que ocorreu o termo.

Art. 573. É lícito ao credor, sendo o mesmo o devedor, cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, desde que para todas elas seja competente o juiz e idêntica a forma do processo.

Art. 574. O credor ressarcirá ao devedor os danos que este sofreu, quando a sentença, passada em julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a obrigação, que deu lugar à execução.

I. INTRODUÇÃO

Sabemos que a jurisdição é inerte, consoante o que se infere da leitura dos artigos 2° e 262 do CPC. Assim, sendo o processo de execução procedimento autônomo é necessário, para a sua instauração, a iniciativa do interessado.

O primeiro cuidado que o legislador teve ao regrar o processo de execução foi a de definir a titularidade processual, ou seja, quem pode ser parte legítima para promover e suportar a execução. O propósito desta lição é esclarecer esta titularidade, ativa e passiva.

Devemos, no entanto, cuidar por reservar as inovações a serem lançadas brevemente no sentido de unificar o processo de execução ao processo de conhecimento, passando o primeiro a ser uma extensão do segundo, assim a titularidade será das partes integrantes do processo.

II. PARTES NA EXECUÇÃO

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Quem comparece perante um órgão do Poder Judiciário para pleitear determinada tutela, torna-se parte ativa do processo , e aquele perante o qual esta tutela é solicitada, converte-se em parte passiva . No processo de execução a parte ativa denomina-se exeqüente ou credor e a parte passiva denomina-se executado ou devedor. "Segundo Liebman, parte legítima é a pessoa que pode promover e contra a qual se pode promover a execução".

Quem pleiteia a execução é o credor, "credor a quem a lei confere titulo executivo", portanto, este é a parte legítima. "Partes legitimas se ostentam todos aqueles que figuram nominatum no título. E também os que, por efeito de situação legitimadora, incorrem na órbita da responsabilidade executiva", como é o caso do fiador judicial apontado no inciso IV do art. 568 do CPC.

I. LEGITIMIDADE

O CPC prevê a legitimidade ativa para o processo de execução nos arts. 566 e 568. Contudo o rol apresentado não é exaustivo, pois leis esparsas também facultam esta legitimação.

A legitimidade ativa e passiva pode ser classificada em:a) ordinária primária, art. 566, I e II;b) ordinária superveniente;c) extraordinária.

II. LEGITIMIDADE ATIVA

LEGITIMIDADE ORDINÁRIA PRIMÁRIA => da leitura do art. 566 e seus incisos infere-se que a legitimação ordinária primária será sempre:a) das pessoas que se encontrem nomeadas no título executivo;b) do possuidor do título quando este for ao portador;c) do Ministério Público, conforme regra contida no inciso lI, do art. 566 (o Ministério Público,

nos casos prescritos em lei).Vários são os casos em que a lei confere esta legitimidade ao Ministério Público, assim

quando autor da demanda condenatória formadora do título (art. 81 do CPC: O Ministério Público exercerá o direito de ação nos casos previstos em lei, cabendo-lhe, no processo, os mesmos poderes e ônus que às partes), ou nas oportunidades oferecidas pelas leis do Meio Ambiente (6.938-81), da Ação Civil Pública (7.347-85), da Improbidade Administrativa (8.429-92) e no Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90).

LEGITIMIDADE ORDINÁRIA SUPERVENIENTE => prevista no art., 567 e incisos, é assegurada ao:a) ofendido quando a ação da qual resultou a condenação foi movida pelo Mistério Público;b) espólio, herdeiros e sucessores quando o crédito for transmissível;c) cessionário, devendo este apresentar o instrumento de cessão;d) sub-rogado legal (art. 346 do CC) ou convencional (art. 347 CC);e) cidadão na ação popular, caso o autor não promova a execução no prazo de 60 dias.

LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA SUPERVENIENTE => são raros os casos de legitimação extraordinária, no entanto ela é cabível quando:

a) o Ministério Público assume a titularidade da ação popular, na hipótese de omissão do autor originário;

b) a requerimento da vítima pobre , para executar os efeitos civis da ação penal;c) da inércia do demandante primitivo , dos demais co-legitimados pelo art. 82 poderão iniciar a

ação executiva quando a tutela alcançar danos individualmente sofridos. Da mesma forma, o advogado poderá executar ser direito autônomo relativo à verba de honorários (art. 23 da Lei 8.906/94), bem assim o fiador, quando da inércia do credor, poderá executar o devedor (art. 834 do Código Civil).

III.LEGITIMIDADE PASSIVA

Prevista inicialmente no art. 568 do CPC, a legitimidade passiva também será:

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1. ORDINÁRIA PRIMÁRIA => que é o próprio devedor, assim reconhecido no título executivo (art. 568, I). Se judicial o título, o devedor será o que consta da decisão => pois não só o réu será vencido na demanda, uma vez que nas ações cujo pedido foi improvido, o autor pode restar sucumbente nas custas e honorários (periciais e advocatícios), sujeitando-se à ação executiva, bem assim, os terceiros intervenientes que se tornaram parte no processo e restaram vencidos.

Alerta-se para o caso da pessoa jurídica que tenha sua personalidade extinta, caso em que por ela responderão os sócios, acionistas, liquidantes ou outros obrigados. Já no título extrajudicial o devedor assume voluntariamente a obrigação. Assim, devedor é aquele que se obrigou a cumprir determinada obrigação prevista no título e que não a realizou no tempo devido, encontrando-se inadimplente.

A titularidade passiva pode dar-se em razão da responsabilidade patrimonial (art. 592).Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens:I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução de sentença proferida em ação fundada em direito real;II - do sócio, nos termos da lei;III - do devedor, quando em poder de terceiros;IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida;V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.

2. LEGITIMIDADE PASSIVA ORDINÁRIA SUPERVENIENTE (art. 568 e seus incisos) => são as pessoas que, em virtude de fatos acontecidos após a formação do título tornaram-se responsáveis pela obrigação neles garantida. Nestes estão compreendidos:

a) o ESPÓLIO, os HERDEIROS e SUCESSORES aos quais foi transmitida a dívida ou a obrigação. Acontecendo a sucessão durante o curso da execução, necessária se faz a habilitação; no entanto, se a sucessão ocorreu antes, a ação de execução já deverá ser proposta contra os mesmos. Adverte-se que a responsabilidade, in casu, pressupõe a força da herança;

b) o novo DEVEDOR QUE ASSUMIU, COM O CONSENTIMENTO DO CREDOR, A OBRIGAÇÃO RESULTANTE DO TÍTULO (art. 568, III). Esta situação é alcançada pelas várias formas de cessão de dívida, lembrando sempre que se completa a cessão da dívida com a aceitação do novo devedor pelo credor. Na novação por expromissão29 não é necessária a anuência do antigo devedor.

3. LEGITIMIDADE PASSIVA EXTRAORDINÁRIA => para podermos entender esta espécie de legitimidade acolhemos a lição de Araken de Assis quando revela que se rotula como parte passiva da execução "todo aquele que, vitoriosamente, não puder livrar-se de a execução recair no seu patrimônio." Tal responsabilidade recai sobre as pessoas que assumiram a obrigação e sobre aquelas que "apesar de não terem dívida alguma, expõem seu patrimônio à satisfação do crédito, porque apenas responsáveis pela dívida." São espécies destas últimas:

A) FIADOR JUDICIAL => aquele que presta a garantia nos autos do processo (art. 601, parágrafo único);

B) FIADOR CONVENCIONAL => quanto a este a doutrina não é pacífica em razão de não constar explicitamente do inciso IV do art. 568, contudo a maioria dos lecionadores o colocam na órbita do inciso I ou do inciso III, pois se a fiança é solidária ele é também devedor, ou negando-se o devedor originário a saldar a dívida, o fiador torna-se o novo devedor. Contudo a condição de fiador deve constar do título, advertindo-se, contudo, sobre o benefício de ordem que este possui caso não o tenha renunciado (art. 827 do Código Civil: Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor. Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para solver o débito);

29 Forma de novação em que se substitui o devedor primitivo por outro sem o conhecimento ou anuência daquele

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C) RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO => caracteriza-se em razão da substituição prevista nos arts. 134 e 135 do Código Tributário Nacional;Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório.

Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:I - as pessoas referidas no artigo anterior;II - os mandatários, prepostos e empregados;III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado

D) SUCESSOR A TÍTULO SINGULAR => (terceiro adquirente - art. 626) é aquele que adquiriu a coisa litigiosa, o objeto do processo enquanto havia lide pendente sobre o mesmo;

E) SÓCIO => seja solidário ou subsidiariamente responsável pela dívida social, na conformidade das normas inseridas nos artigos 46, V (se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais) e 990 (Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade), ambos do Código Civil de 2002, quer seja a sociedade personificada ou não. É de se considerar, neste ponto, o tema normatizado pelo artigo 50 do CC/02 (Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica), relativo à despersonalização da pessoa jurídica, quando houver desvio da finalidade ou confusão de patrimônio;

F) CÔNJUGE => quando a dívida, contraída pelo outro cônjuge, teve relação às "coisas necessárias à economia doméstica" (art. 1643 c/c art. 1644 do Código Civil);Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro:I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica;II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir.

Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente ambos os cônjuges.

G) SÍNDICO, COMISSÁRIO, LIQUIDANTE, INVENTARIANTE OU ADMINISTRADOR => quando alienarem ou gravarem bens sem a prévia autorização judicial, na execução fiscal, de acordo com o art. 40 da Lei 6.830/80.

IV. LEGITIMIDADE ATIVA DO DEVEDOR

Possibilidade prevista no art. 570 do CPC, o qual foi revogado pela Lei 11.232/05, considerando que era previsto apenas para os títulos judiciais, estes agora executados como fase do processo de conhecimento.

A legitimidade não era só do devedor, mas de todos os terceiros contra os quais poder-se-ia promover a execução. Nesta hipótese, no pólo passivo figurava aquele que poderia promover a execução.

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V. LITISCONSÓRCIO30

Na execução admite-se o litisconsórcio ativo, passivo ou misto, quer inicial, que o ulterior, este último quando da sucessão processual por mais de um herdeiro ou sucessor ou ainda, do cônjuge quando a penhora recair sobre imóvel comum (art. 669, parágrafo único).

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

Como já se sabe, TERCEIRO é todo aquele que não figura como parte no processo. Na execução, a intervenção de terceiro é peculiar, pois exige a legitimidade extraordinária subordinante. Por tais razões a questão não é pacífica na doutrina. Araken de Assis reconhece que a assistência, sendo possível nos embargos: "há de ser acolhida, igualmente, na execução”. Humberto Theodoro Júnior, por sua vez, explicando a disposição contida no parágrafo único do artigo 595 do CPC, exclui o chamamento ao processo na execução. Também, examinando as características da denunciação à lide, a exclui do processo de execução.

Contudo, como já dito, são peculiares as intervenções de terceiros na execução, exemplo disso encontramos no art. 613; no inciso II do art. 615 e nos artigos 698 e 1.046, que autoriza terceiros a intervirem em processo alheio na defesa de seus interesses quando relacionados com o bem penhorado.

COMPETÊNCIA PARA A EXECUÇÃO A rtigos 575 a 579

Art. 575. A execução, fundada em título judicial, processar-se-á perante:I - os tribunais superiores, nas causas de sua competência originária;II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;III - (Revogado pela Lei n.º 10.358, de 27.12.2001).IV - o juízo cível competente, quando o título executivo for sentença penal condenatória ou sentença arbitral. (Redação dada pela Lei n.º 10.358, de 27.12.2001).

Art. 576. A execução, fundada em título extrajudicial, será processada perante o juízo competente, na conformidade do disposto no Livro I, Título IV, Capítulos II e III.

Art. 577. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos e os oficiais de justiça os cumprirão.

Art. 578. A execução fiscal (art. 585, Vl) será proposta no foro do domicílio do réu; se não o tiver, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.Parágrafo único. Na execução fiscal, a Fazenda Pública poderá escolher o foro de qualquer um dos devedores, quando houver mais de um, ou o foro de qualquer dos domicílios do réu; a ação poderá ainda ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou ocorreu o fato que deu origem à dívida, embora nele não mais resida o réu, ou, ainda, no foro da situação dos bens, quando a dívida deles se originar.Art. 579. Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego da força policial, o juiz a requisitará

I. INTRODUÇÃO

O Judiciário é Poder do Estado com função precípua de dirimir as controvérsias. Na esfera de sua atuação exerce um poder soberano, portanto somente se compreende que, nos casos colocados ao seu exame, haja uma única decisão e de caráter definitivo. O próprio

30 Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:

I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito;III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir;IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão.Art. 49. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e todos devem ser intimados dos respectivos atos

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aspecto dessa decisão - caráter soberano e definitivo - não admite outra solução. Portanto, o Poder Judiciário possui competência para a solução final e soberana das controvérsias.

COMPETÊNCIA => é a qualidade de alguém com capacidade para apreciar e resolver determinado assunto ou matéria específica. Tal conceito aplica-se à atividade pública exercida pelo Judiciário, com pequena diferença em razão da necessária graduação das autoridades que exercem o poder judicante a fim de que sejam únicas as decisões finais a serem aplicadas a casos concretos idênticos.

Evidentemente que, para a divisão da competência foi necessária a escolha de critérios que atendessem aos interesses particulares e comodidades das partes envolvidas no litígio, bem assim a uma adequada distribuição das causas aos órgãos judicantes e, ainda, levasse em consideração a multiplicidade das variadas ações ajuizadas, concluindo-se pela prestação da melhor Justiça.

"A competência é fixada, por exemplo, em função da natureza da relação jurídica material (relação trabalhista, civil, penal) ou da qualidade especial de um de seus integrantes (pessoas jurídicas de direito público, ocupantes de determinados cargos). Outras vezes é a situação do objeto mediato da ação, o bem da vida pleiteado pelo autor, que fixa a competência (CPC, art. 95). Também não se pode esquecer das hipóteses em que os participantes de um contrato estipulam cláusula eletiva”.

Tendo em vista a organização das justiças em pelo menos dois graus, via de regra, a competência originária pertence ao primeiro grau, com as exceções previstas nas normas de competência que transfere a competência originaria para outro grau que não o primeiro.

E na Constituição Federal que se alojam as regras fundamentais sobre competência. Distribui-se a jurisdição pela Justiça Comum e Justiça Especializada. A última composta pela Justiça Eleitoral, Militar e do Trabalho. A primeira divide-se em Justiça Federal e Justiça dos Estados. Cada uma delas é competente para o exame de determinada matéria também especificada pela Carta Maior. As demais matérias, não explicitamente especificadas na Carta Maior, pertencem à Justiça Comum, organizada em razão do sistema federativo.

1. CONCEITO DE COMPETÊNCIA

Diante dos diversos conceitos emitidos por doutrinadores na tentativa de nos passar o significado de competência, não há outro melhor do que o formulado por João Mendes Júnior: "a competência é a medida da jurisdição na atividade dos órgãos do Poder Judiciário". É na mesma linha o conceito lançado por Ovídio A. Baptista da Silva, para quem competência é "a porção atribuída por lei a cada magistrado, ou aos tribunais colegiados, ou a porções fracionárias destes, para apreciar e julgar determinada matéria". Ou, em sentido quantitativo, como leciona Liebman: "é a quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído a cada órgão ou grupo de órgãos." No mesmo norte, o pensamento de Luiz Rodrigues Wambier: competência "é o instituto que define o âmbito de exercício da atividade jurisdicional de cada órgão dessa função encarregado." Um pouco mais abrangente, é o conceito apresentado por Pimenta Bueno: "competência é a faculdade que o juiz tem de exercer a jurisdição que lhe foi conferida em certos lugares, ou sobre certas matérias, ou relativamente a certas pessoas, conforme a lei determina." Em sentido simples como adota Elpídio Donizetti Nunes: "competência é a demarcação dos limites em que cada juízo pode atuar." Eduardo Arruda Alvim, ligando competência à legitimação de seu exercício, assim formula: "em essência, a competência significa a idéia de legitimidade do exercício de um determinado poder, num determinado momento e sob determinadas circunstâncias". Cândido Rangel Dinamarco entende que competência "é o conjunto das atribuições jurisdicionais de cada órgão ou grupo de órgãos, estabelecidos pela Constituição e pela lei.'" A definição mais tradicional, que nos leva a entender desde logo a questão, é a de que a "competência é a medida da jurisdição", ou como explica Celso Neves "é a relação de adequação legítima entre o órgão e a atividade jurisdicional a realizar" .

Por fim podemos entender que todo e qualquer órgão jurisdicional possui competência, a ele delegada pela lei, para que a exerça efetivamente sobre determinado território, em razão da

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natureza de determinadas matérias e ainda sobre determinadas pessoas ou em razão do cargo que ocupam.

Em razão do Princípio do Juízo Natural, as causas somente poderão ser instruídas e decididas pelo juiz competente, ou seja, aquele que a lei concede o poder jurisdicional. O órgão jurisdicional somente exerce o poder de dirimir as questões na medida de sua competência.

A ação de execução não foge a estes princípios, sendo definida sua competência pela lei, em regra pelas normas contidas no artigo 575 e seguintes do CPC. Desnecessário exprimir que a competência é pressuposto processual de validade.

2. COMPETÊNCIA NA EXECUÇÃO FORÇADA

A competência na execução forçada é firmada obedecendo-se os critérios legais acima explicitados, contudo mais um elemento deve ser considerado, ou seja, a procedência, ou natureza do título.

TÍTULO JUDICIAL => o juízo competente para processar a execução é aquele que possui competência originária para o conhecimento da causa originária. "Pode-se afirmar, como regra, que 'a execução da sentença compete ao juiz da causa ou que para esta seria competente, entendendo, como juiz da causa aquele que a julga em primeira ou única instância, seja juiz singular ou tribunal."

3. JUÍZO COMPETENTE PARA OS TÍTULOS JUDICIAIS

A regra exposta pelo art. 575, I, em que pese referir-se a "tribunais superiores" aplica-se a todo e qualquer tribunal indistintamente. A ela deve-se acrescentar a norma ínsita na letra "m", do inciso I, do art. 102 que possibilita a delegação, para outro juízo, de atribuições da prática de atos processuais. Mesmo estando no rol das competências do Supremo Tribunal Federal, aplica-se, por analogia aos demais tribunais, contudo se deve ter em conta que o juízo delegado somente pratica atos de execução, os atos decisórios serão realizados pelo tribunal originário pois a ele pertence a competência.

A norma contida no inciso II do art. 575 é de caráter absoluto, pois funcional, apesar de bastante simplista e de não oferecer qualquer dificuldade na fixação da competência, pode vir a causar eventuais dificuldades em sua realização prática. Haveria maiores facilidades na execução para expropriação e desapossamento de bens móveis ou imóveis se a competência considerasse a situação da coisa; bem assim, na obrigação de fazer ou na determinação de desconto em folha, voltasse a atenção para o local de cumprimento da obrigação, evitando-se, com isso, a prática de atos por juízo diverso daquele no qual se processa a execução, dificuldade que se apresenta com maior relevância se opostos embargos.

Considere, desde logo, que o título judicial não se refere apenas à sentença condenatória proferida no processo civil, mas também se estende:a) à sentença penal condenatória transitada em julgado;b) à sentença homologatória de conciliação ou de transação;c) à sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;d) ao formal e à certidão de partilha; e) à sentença arbitral.

Assim, é necessário perquirir se a regra do art. 575, II (o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição), dirige-se a todas, ou cada uma delas terá tratamento particular no que se refere à competência para sua execução.

SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE CONCILIAÇÃO OU DE TRANSAÇÃO => o Superior Tribunal de Justiça já decidiu que sua execução deve ser processada nos próprios autos, portanto, no juízo que decidiu originariamente a lide. Igual tratamento deve ser dado aos provimentos antecipatórios previstos nos arts. 273, 287 e 461. "Com efeito, antecipar tutela é antecipar atos de execução e isso pode significar, não raro, trazer para o âmbito da ação de conhecimento a atividade executiva que, normalmente, seria desenvolvida em ação autônoma, ex intervallo. Ora, quando isso ocorre, há, na mesma ação, a prestação da tutela

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cognitiva e da executiva, tornando indispensável, no interesse institucional, a fixação da competência, de forma improrrogável, no mesmo juízo”.

A execução da sentença penal condenatória e a arbitral, no que se refere às reparações cíveis, será processada perante o juízo competente, determinado pela regra geral de competência estabelecida nas normas relativas ao processo de conhecimento (arts. 88 a 111), quer seja a sentença oriunda de juízo do primeiro grau ou de tribunal.

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o do art. 461.

FORMAL OU CERTIDÃO DE PARTILHA => trata-se de título expedido ao herdeiro onde são enumerados os bens havidos na herança. O formal ou certidão de partilha equipara-se à carta de sentença e a execução por ele fundamentada seria a de entrega de coisa certa. Assim, aplica-se a regra contida no art. 461-A, acima transcrito, devendo o exeqüente, se for o caso, dirigir-se ao juiz do inventário pleiteando mandado de imissão na posse, caso a coisa esteja na posse do inventariante.

SE ACASO O BEM OUTORGADO AO HERDEIRO OU SUCESSOR ESTIVER NA POSSE DE TERCEIRO => deverá o interessado "promover a demanda cabível (processo de conhecimento) para compelir o terceiro à entrega do bem (e, após a sentença de condenação, pleitear as medidas tendentes ao cumprimento da sentença)”.

4. EXECUÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

Art. 483. A sentença proferida por tribunal estrangeiro não terá eficácia no Brasil senão depois de homologada pelo Supremo Tribunal Federal Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, i, da CF).Parágrafo único. A homologação obedecerá ao que dispuser o Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.Art. 484. A execução far-se-á por carta de sentença extraída dos autos da homologação e obedecerá às regras estabelecidas para a execução da sentença nacional da mesma natureza.

A competência para execução de sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça possui disciplinamento constitucional a partir do inciso X do art. 109, complementadas pelo art. 484 do CPC. Por tal razão serão processadas perante os juízes federais, em carta de sentença extraída dos autos da homologação, observadas "as regras estabelecidas para a execução da sentença nacional da mesma natureza", ou seja, segundo as regras gerais estabelecidas para o processo de conhecimento.

5. JUÍZO COMPETENTE PARA OS TÍTULOS EXTRAJUDICIAIS

A competência para a execução dos títulos extrajudiciais é ditada pelo art. 576, devendo ser processada perante o juízo que seria competente para processar a causa. A norma remete para as regras de competência estabelecidas para o processo de conhecimento (arts. 88 a 111) que deverão ser conjugadas com as regras específicas de cada um dos títulos, quando for o caso.

Entre o extenso rol dos títulos extrajudiciais contido no art. 585, alguns possuem regras específicas, como por exemplo: DUPLICATA => que, segundo o art. 17 da Lei 5.474/68 tem como foro competente a "praça de

pagamento constante do título, ou outra de domicílio do comprador e, no caso de ação regressiva, a dos sacadores, dos endossantes e respectivos avalistas."

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CHEQUE => obedece ao comando do inciso I, do art. 2° da Lei 7.357/85 que enuncia:a) na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o lugar designado junto

ao nome do sacado;b) se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles;c) não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão.

Assim a competência para a execução deste título extrajudicial é determinada pelo lugar do pagamento e, somente quando não constar esse dado é que a competência passa a ser do juízo do domicílio do emitente. NOTA PROMISSÓRIA E LETRA DE CÂMBIO => aplica-se a regra contida na letra "d", do inciso IV,

do art. 100 do CPC:a) a competência é do juízo onde a obrigação deve ser satisfeita ;b) inexistente esse dado na cártula, a competência será do foro comum .

Aplica-se o mesmo dispositivo (a competência será do juízo do local do cumprimento da obrigação, ou na falta desta especificação, o do domicílio do devedor) para os títulos nominados no inciso II do art. 585:a) a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;b) o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas;c) o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou

pelos advogados dos transatores.

EXECUÇÃO QUE TENHA POR BASE A HIPOTECA, O PENHOR OU A ANTICRESE => apesar de consistir em direito real, por não se encontrar mencionada na 2ª parte do art. 95, dá a possibilidade ao credor, em não optando este pelo foro da situação da coisa, a ajuizar a ação no foro do domicílio do devedor. Aplica-se a mesma regra aos contratos de penhor e de anticrese.

EXECUÇÕES RELATIVAS AOS CONTRATOS DE SEGURO DE VIDA E DE ACIDENTES PESSOAIS DE QUE RESULTE MORTE OU INCAPACIDADE => têm como foro competente:

a) o do local do cumprimento da obrigação;b) ou da sede da seguradora;c) ou do local onde está localizada sua filial. contratos de caução pessoal => têm sua execução processada pelo juízo do local do

cumprimento da obrigação.

CRÉDITO DECORRENTE DE FORO, DE LAUDÊMIO, DE ALUGUEL OU RENDA DE IMÓVEL E OS ENCARGOS DE CONDOMÍNIO (DESDE QUE COMPROVADO POR CONTRATO ESCRITO) => são executados:

a) no local do cumprimento da obrigação;b) no local do seu pagamento;c) se não estipulados, no domicílio do obrigado. CRÉDITOS DE SERVENTUÁRIOS, DE PERITOS, DE INTÉRPRETES E DE TRADUTORES QUE TENHAM

SIDO APROVADOS POR DECISÃO JUDICIAL => por serem títulos provenientes de um determinado processo, serão executados nos próprios autos que lhes deram origem.

CRÉDITOS DE ORIGEM FISCAL => o legislador, no art. 578 e seu parágrafo único, deu tratamento especial. Assim, sua execução será proposta:

a) no foro do domicílio do réu;b) não tendo sido indicado o domicílio do réu, no foro de sua residência;c) ou no foro do local onde for encontrado.

Na hipótese de pluralidade de devedores, a Fazenda Pública poderá:a) escolher o foro de qualquer um deles;b) ou o local onde se praticou o ato ou ocorreu o fato que deu origem à dívida;c) ou, ainda, no foro da situação dos bens, quando neles tiver origem a dívida.

Ressalte-se que na execução de créditos fiscais da União, inexistindo Vara da Justiça Federal nas comarcas do interior, a competência é estendida aos juízes estaduais conforme disposições do § 3º do art. 109 da CF c/c o inciso I, do art. 109, da Lei 5.010/66.

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Como se verifica, a fixação da competência para a execução dos títulos extrajudiciais segue as regras do processo de conhecimento, regras gerais de competência do foro. Assim, a ordem de preferência para determinação da competência, em execução de título extrajudicial, é a seguinte:1º) foro de eleição;2º) lugar de pagamento;3º) domicílio do devedor.

6. COMPETÊNCIA NA EXECUÇÃO COLETIVA OU UNIVERSAL

Insolvência é a situação em que se encontra o devedor quando suas dívidas excederem à importância dos seus bens. Pode ser requerida por qualquer credor quirografário 31 com fundamento no título que este possuir, ou pelo próprio devedor ou o inventariante de seu espólio, caso em que se denomina auto-insolvência.

COMPETÊNCIA PARA A AUTO-INSOLVÊNCIA => é do "juiz da comarca em que o devedor tem o seu domicílio", de acordo com disposição do art. 760 do CPC.

INSOLVÊNCIA REQUERIDA PELO CREDOR => a competência será determinada em razão do título que este possuir. Mesmo faltando maiores explicitações no texto da lei, dessa parca referência se infere que, no particular, o credor seguirá a competência geral da ação executória proveniente do seu título, segundo as diretrizes pertinentes ao título judicial e ao extrajudicial. Não há, neste ponto, nota especial reclamando destaque.

Contudo, ao juízo da insolvência concorrerão todos os credores do devedor comum" e as execuções movidas por credores individuais que estiverem em curso serão remetidas ao juízo da insolvência, segundo as regras contidas no art. 762 e seu parágrafo único do CPC.

7. COMPETÊNCIA NOS PROCESSOS INCIDENTAIS E MODIFICAÇÃO

As regras contidas nos artigos 102 a 109 e 111 do CPC têm aplicação na ação de execução, portanto é inegável que o juízo da execução atrai todas as questões incidentais e, em especial, os embargos de terceiros.

Da mesma forma, a incompetência relativa que não tenha sido excepcionada, prorrogará a competência do juízo escolhido pelo exeqüente.

Importante ressaltar, neste ponto, a questão relativa à intervenção de uma das pessoas mencionadas no art. 109, I, da CF, fato que deslocará a competência da Justiça Estadual para a Justiça Federal, contudo esta regra é mitigada em razão do alcance da intervenção, pois pode não levar o interveniente a ter posição processual definida.

8. DO CONTROLE DA COMPETÊNCIA

Na execução, o controle da incompetência absoluta ou da relativa segue as normas do processo de conhecimento.

INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA => deverá ser declarada de ofício em qualquer tempo ou grau de jurisdição;

INCOMPETÊNCIA RELATIVA => deve ser suscitada por meio exceção de incompetência, contudo deverá ser apresentada juntamente com os embargos (art. 742), diferenciando-se neste ponto com a fase cognitiva na qual a apresentação da exceção de incompetência suspende o prazo para a contestação.

9. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL

A competência internacional encontra-se regulada nos artigos 88 e 89 do CPC. O artigo 89 dita a competência exclusiva da justiça brasileira. Nele não há qualquer alusão à ação executiva sobre bens imóveis. Assim, poder-se-ia admitir atos constritivos da justiça estrangeira sobre esta espécie de bens que estivessem localizados no território brasileiro.

31 São os atos e contratos destituídos de qualquer privilégio ou preferência

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Contudo a questão está mais afeta à soberania do que à jurisdição, pois a expropriação executiva não deixa de ser um ato de força, força que pertence ao Estado e sobre seu território é exercida. Por tal argumento parece-nos mais apropriado seguir a seguinte lição de Humberto Theodoro Junior, verbis:

“O credor que possuir título executivo estrangeiro cobrável no país deverá ajuizar a execução perante nossa justiça e não em foro alienígena”.

Se o titulo for sentença condenatória estrangeira, antes deverá obter sua homologação pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 483). Só depois estará habilitado a requerer, perante a Justiça Federal brasileira, a respectiva execução. Em nenhuma hipótese, portanto, haverá exequatur para carta rogatória executiva.

10. REALIZAÇÃO MATERIAL DOS ATOS EXECUTIVOS

O juiz é o órgão da jurisdição, portanto cabe a ele a determinação da realização dos atos executivos. O cumprimento das ordens judiciais é de competência do oficial de justiça. Por vezes a lei concede autonomia ao oficial de justiça para a realização voluntária de atos executivos, como é o caso do art. 653 "o oficial de justiça, não encontrando o devedor, arrestar-Ihe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução”. Na prática, entretanto, os oficiais de justiça são poucos afetos a agirem de ofício, certificam a ocorrência e devolvem o mandado para obterem ordem judicial para a efetivação do ato.

Nem sempre são os oficiais de justiça que praticam os atos executórios, também outros auxiliares poderão realizá-los, como o escrivão ao redigir um termo de penhora, e o leiloeiro.

RESUMO DE COMPETÊNCIA DE ACORDO COM A LEI 11.232/05JUÍZO COMPETENTE PARA O CUMPRIMENTO

O CPC não normatiza a contento a competência do processo executivo, o que impõe a aplicação subsidiária das normas do processo cognitivo, conforme dispõem os arts. 88 a 111, devidamente autorizado pelo art. 598.

Na definição da competência para o processo executivo, devemos observar o que dispõem os arts. 94 (bens móveis) e 95 (bens imóveis), conforme a seguir transcritos:

Art. 94. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.

§ 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.

§ 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado onde for encontrado ou no foro do domicílio do autor.

§ 3o Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação será proposta no foro do domicílio do autor. Se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.

§ 4o Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.

Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.

Art. 614. Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor e instruir a petição inicial:

I - com o título executivo, salvo se ela se fundar em sentença (art. 584);

II - com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa;

III - com a prova de que se verificou a condição, ou ocorreu o termo (art. 572).

Além da vinculação com os bens (móveis ou imóveis), para bem definirmos a competência para o processo executivo devemos considerar:

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1. O TÍTULO EM QUE SE FUNDA A EXECUÇÃO => se judicial (art. 475-P) ou extrajudicial (arts. 575-9);

2. A OBRIGAÇÃO A SER CUMPRIDA:A) OBRIGAÇÃO PECUNIÁRIA => admite ação autônoma;B) DEMAIS OBRIGAÇÕES => mera fase complementar do processo de cognição, que tem

natureza sincrética, por ser uma fusão da cognição com a execução;

Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo.

475-N.São títulos executivos judiciais:I - a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;II - a sentença penal condenatória transitada em julgado;III - a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo;IV - a sentença arbitral;V - o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente;VI - a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;VII - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. O primeiro requisito de toda petição inicial, conforme deflui do art. 282, I, implica a prévia

resolução do problema de competência pelo autor. Observando-se o rol do art. 475-N constata-se a existência de atos decisórios que outorgam

ao vencedor título executivo sem que lhes preceda um processo civil iniciado no 1º ou no 2º grau (a exemplo da sentença penal condenatória, cuja execução civil, exige a formação de autos próprios, pois o processo criminal, que originou a condenação, serve apenas à execução penal, salvo nas Comarcas de interior), ou, até mesmo, processo algum (a exemplo da sentença arbitral, equiparada à sentença proferida por órgãos do Poder Judiciário - art. 31 da Lei n° 9.307/96).

ESPÉCIES DE INCOMPETÊNCIA => no cumprimento dos provimentos judiciais são identificadas duas espécies de incompetência:

1. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA => instituída com o fito de melhor aplicação da Justiça. Características da incompetência absoluta:

a) é IMPRORROGÁVEL (art. 111);

b) o JUIZ CONHECERÁ DE OFÍCIO (art. 113) e a qualquer tempo;

C) IMPLICA EM NULIDADE DOS ATOS DECISÓRIOS (art. 113, § 2°) => máxime dos atos executivos (v.g., da penhora e da arrematação).

2. INCOMPETÊNCIA RELATIVA => em que prepondera o interesse das partes e a decretação da incompetência relativa:

a) se subordina à INICIATIVA DO EXECUTADO, através de exceção (art. 112);B) PRORROGA-SE NA HIPÓTESE DE INÉRCIA, isto é, o juízo inicialmente incompetente torna-se

competente (art. 114); C) COMPORTA ELEIÇÃO DE FORO, via de regra (art. 111, 2ª parte).

COMPETÊNCIA NAS CAUSAS ORIGINÁRIAS DO TRIBUNALTÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS

Art. 475-P O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:

INCISO I DO ART. 475-P (os tribunais, nas causas de sua competência originária) => a competência dos tribunais para o cumprimento de sentença restringe-se às causas de sua competência originária, isto é, aquela que iniciou no próprio Tribunal, ressalvadas as

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hipóteses de delegação de competência para juízes de primeiro grau praticar atos executivos, a exemplo do disposto no art. 102, m, da CF/88, em relação ao STF. Nenhuma regra similar autoriza a delegação nas execuções que tramitam nos demais Tribunais. No entanto, inclina-se a doutrina por autorizar a delegação a quaisquer Tribunais. Verifica-se, entretanto, que o Regimento Interno do STJ prevê em seus arts. 301 a 310 a forma de execução nas ações de sua competência originária.

COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA CAUSA

INCISO II DO ART. 475-P (o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição) => esta é a regra básica de competência, porque raras causas se inserem na hipótese anterior, pois cabe ao juízo que processou a causa no 1º grau de jurisdição, prosseguir nos atos de execução, ainda que a sentença exeqüenda tenha sido substituída por acórdão, nos termos do art. 512, fruto de apelação julgada pelo Tribunal ad quem, com ou sem reforma do pronunciamento de 1º grau. Em suma, cabe ao órgão que apresentou o título, através de decisão (v.g., a do art. 733, caput) ou de sentença (art. 475-N, I), ou seja, não importa a eventual interposição de agravo ou de apelação, nem a substituição da sentença pelo acórdão (art. 512). A regra tem aplicação para:

A) SENTENÇAS HOMOLOGATÓRIAS DE CONCILIAÇÃO E DE TRANSAÇÃO (art. 475-N, III);B) ACORDO EXTRAJUDICIAL HOMOLOGADO JUDICIALMENTE (art. 475-N, V);C) FORMAL E CERTIDÃO DE PARTILHA (art. 475-N, VII) => competência relativa, por aplicação do

§ único do art. 475-P É lícito ao exeqüente optar por dois outros foros concorrentes, nos termos do parágrafo

único do art. 475-P, o que torna relativa (e não absoluta) a competência.

COMPETÊNCIA NA EXECUÇÃO DOS DEMAIS PROVIMENTOS

INCISO III DO ART. 475-P (o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira) => inicialmente devemos destacar as peculiaridades da sentença penal condenatória:

1. COMPETÊNCIA FUNDADA EM SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA => confere título executivo civil ao lesado pelo crime (art. 63 do CPP), cujo interessado/beneficiário deverá:

A) PLEITEAR A LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA JUNTO AO FORUM COMISSI DELICTI (art. 100, V) => pois o juízo penal não fixa o quantum debeatur;

B) PLEITEAR A EXECUÇÃO PERANTE O MESMO JUÍZO DA LIQUIDAÇÃO => após a liquidação da sentença;

1ª OBSERVAÇÃO IMPORTANTE => tratando-se de delito decorrente de acidente de trânsito à vítima e aos seus herdeiros se abre a possibilidade de propor a liquidação e, subseqüentemente, a execução no foro do seu domicílio. Por se tratar de competência relativa, admite-se a opção pelo foro da localização dos bens, com fundamento no parágrafo único do art. 475-P , caso o exeqüente verifique, após a liquidação, inexistirem bens no foro da liquidação;

2ª OBSERVAÇÃO IMPORTANTE => é de se notar que o vínculo originário com o processo-crime se dissolve na execução civil. Assim, sentença penal condenatória oriunda da Justiça Federal executar-se-á na Justiça Comum, pois semelhante causa não se insere no art. 109, I, da CF/88;

EXECUÇÃO DE SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA PROCESSADA PERANTE O JUÍZO DA CAUSA => nas hipóteses em que o juiz de pequena Comarca agrega as competências civil e criminal.

COMPETÊNCIA TERRITORIAL - SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA => ainda em relação à execução no cível de sentença penal condenatória, em se tratando de competência territorial, duas são as opções do exeqüente, à sua livre escolha:

1. FORO DO LUGAR ONDE TIVER SIDO COMETIDO O DELITO;2. FORO DO DOMICÍLIO DO EXEQÜENTE; SENTENÇA ARBITRAL CONDENATÓRIA (art. 31 da Lei n° 9.307/97) => também cabe ao juízo

civil competente que, em princípio, se fixará:A) NO LUGAR DO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO (art. 100, IV);

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B) SUBSIDIARIAMENTE NO FORO DO DOMICÍLIO DO EXECUTADO (art. 94 ou 95) => admitida cláusula de eleição de foro;

2. SENTENÇA ESTRANGEIRA (art. 475-P, VI) => depois de homologada pelo STJ, nos termos do art. 105, i, da CF/88, cabe ao juízo federal de 1º grau do domicílio do executado promover os atos (art. 109, X, da CF/88).

3. COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO FUNDADA EM TÍTULO DE FORMAL OU CERTIDÃO DE PARTILHA (art. 584, V) => a competência é do próprio juízo da partilha.

PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 475-P (Parágrafo único. No caso do inciso II do caput deste artigo, o exeqüente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.) => pelo dispositivo em comento o exeqüente tem a faculdade de optar pelo:

A) FORO DO LUGAR DOS BENS;

B) FORO DO DOMICÍLIO DO EXECUTADO.

FOROS CONCORRENTES AO JUÍZO DA CAUSA

O art. 475-P, em seu § único, possibilita ao exeqüente optar, alternativamente, por dois foros concorrentes com o do JUÍZO DA CAUSA (art. 475-P, II):

A) DO LUGAR DA SITUAÇÃO DOS BENS;B) DO LUGAR DO DOMICÍLIO DO EXECUTADO. É compreensiva a opção do exeqüente pelo primeiro foro eletivo, simplificando em seu

proveito a atividade executiva.

COMPETÊNCIA RELATIVA (art. 112) ARGÜÍVEL ATRAVÉS DE EXCEÇÃO => a incompetência, na hipótese, é relativa, tendo em vista que a execução poderá, a critério da parte, continuar com os atos executivos no juízo da causa, ou prosseguir em qualquer dos foros acima.

Concebe-se, pois, que o exeqüente deduza sua pretensão de executar em lugar diverso do verdadeiro domicílio do executado.

REMESSA DOS AUTOS PARA O JUÍZO ELEITO PARA A EXECUÇÃO => o § único do art. 475-P, in fine, autoriza o exeqüente a solicitar ao juízo de origem que remeta os autos ao novo juízo da execução, o que importa dizer que a execução já fora provocada perante juízo anterior, cabendo ao exeqüente requerer a providência mencionada no art. 475-J, caput.

REMESSA DOS AUTOS PARA O JUÍZO ELEITO POR INICIATIVA DO JUIZ => é lícito ao juiz determinar, de ofício, a remessa dos autos ao juízo da execução eleito pelo exeqüente.

AUTOS NÃO PODEM SAIR DO JUÍZO DA CAUSA => nos casos de execução provisória, os autos originais não podem sair do juízo da causa, hipótese em que, o exeqüente instruirá a petição inicial com as peças previstas no art. 475-O, § 3°.

COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO FUNDADA EM TÍTULOS EXTRAJUDICIAIS

Art. 575. A execução, fundada em título judicial, processar-se-á perante:I - os tribunais superiores, nas causas de sua competência originária;II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;III - (Revogado pela Lei n.º 10.358, de 27.12.2001).IV - o juízo cível competente, quando o título executivo for sentença penal condenatória ou sentença arbitral.

Art. 576. A execução, fundada em título extrajudicial, será processada perante o juízo competente, na conformidade do disposto no Livro I, Título IV, Capítulos II e III.

Art. 577. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos e os oficiais de justiça os cumprirão.

Art. 578. A execução fiscal (art. 585, VI) será proposta no foro do domicílio do réu; se não o tiver, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.

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Parágrafo único. Na execução fiscal, a Fazenda Pública poderá escolher o foro de qualquer um dos devedores, quando houver mais de um, ou o foro de qualquer dos domicílios do réu; a ação poderá ainda ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou ocorreu o fato que deu origem à dívida, embora nele não mais resida o réu, ou, ainda, no foro da situação dos bens, quando a dívida deles se originar.

Art. 579. Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego da força policial, o juiz a requisitará.

COMPETÊNCIA INTERNACIONAL – ARTS. 88 E 89:

1. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE JUDICIÁRIA BRASILEIRA QUANDO:A) O EXECUTADO TIVER DOMICÍLIO NO BRASIL => nesta hipótese a competência é concorrente;B) A OBRIGAÇÃO TIVER QUE SER SATISFEITA NO BRASIL => hipótese em que a competência

também é concorrente;C) A EXECUÇÃO INCIDIR SOBRE BENS IMÓVEIS SITUADOS NO BRASIL => já nesta hipótese a

competência é exclusiva.

COMPETÊNCIA DE JURISDIÇÃO

A competência será, como regra, da Justiça Estadual Comum, ressalvada a competência da Justiça Federal e Especializada.

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO FORO

Prevalecem as regras do processo cognitivo, previstas nos arts. 94 a 100.

COMPETÊNCIA NAS AÇÕES INCIDENTAIS NO CONCURSO ESPECIAL E MODIFICAÇÕES DA COMPETÊNCIA

Conforme dispõe o art. 108, o juízo da execução atrai:A) A IMPUGNAÇÃO;B) OS EMBARGOS DE TERCEIRO (art. 1.049);C) AS CAUTELARES INCIDENTAIS (art. 800, 1ª parte);D) DEMAIS AÇÕES AUTÔNOMAS (art. 585, § 1°), por algum motivo conexas à execução, a

exemplo da ação reivindicatória do bem penhorado, movida pelo verus dominus.

EMBARGOS DO DEVEDOR – COMPETÊNCIA DO JUÍZO DEPRECADO

EXECUÇÃO POR CARTA (art. 658) => o art. 747 estabelece a competência do juízo deprecado para julgar a oposição do executado quando houver unicamente alegação contra ato por ele praticado. Assim, a impugnação de segunda fase, fatalmente recairá na competência do juízo deprecado.

EMBARGOS DE TERCEIRO

COMPETÊNCIA DO JUÍZO DEPRECADO => em se tratando de execução por carta (art. 658), considerando que o art. 1.049 atribui competência para julgar a oposição do terceiro ao "juízo que ordenou a apreensão", e como ao juízo deprecado compete realizar a penhora, em princípio é neste juízo que deverão ser opostos e resolvidos os embargos de terceiro.

CONCURSO UNIVERSAL DE CREDORES (ART. 762, § 1°)

1. As execuções individuais serão remetidas ao juízo da execução coletiva;

2. é competente, porém, o juízo do domicílio do devedor => na hipótese da auto-insolvência, conforme dispõe o art. 760 e nada torna imune o cumprimento do art. 475-I, caput, a semelhante atração.

COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA PENHORA - MULTIPLICIDADE DE PENHORA

COMPETÊNCIA DO JUÍZO ONDE SE EFETIVOU A PRIMEIRA PENHORA => na hipótese de concurso de credores originado pela multiplicidade de penhoras e do qual participam os exeqüentes

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que realizaram constrição e o titular de gravame real, conforme opinião majoritária da doutrina, a competência é daquele juízo que efetivou a 1ª penhora.

IDÊNTICO BEM PENHORADO EM EXECUÇÃO MOVIDA NA JUSTIÇA DO TRABALHO E EM EXECUÇÃO QUE TRAMITA NA JUSTIÇA COMUM => as demandas não se reúnem e caberá à Justiça Comum, oportunamente, realizar a distribuição do dinheiro, preservando a preferência do crédito trabalhista.

COMPETÊNCIA NO CASO DE PENHORA DE BEM GRAVADO COM DIREITO REAL DE GARANTIA INSTITUÍDO EM FAVOR DE EMPRESA PÚBLICA FEDERAL (a exemplo da CEF) => a competência dependerá do teor da iniciativa da CEF:

1. opondo o credor real embargos de terceiro (art. 1.047, II), baseado na impenhorabilidade do bem, haja vista a existência de outros bens livres e desembaraçados de quaisquer gravames, incide o art. 109, I, da CF/88, incumbindo ao juiz federal a quem couber, por distribuição, o julgamento da demanda. A execução ficará suspensa, no respectivo juízo, conforme o efeito suspensivo decorrente dos embargos (art. 1.052);

2. desnecessário o deslocamento para o juízo federal, na hipótese de alguma das pessoas mencionadas no art. 109, I, da CF/88, e de o credor trabalhista tão-só pleitear a satisfação do seu crédito no concurso de preferências (art. 711). Foi o que estabeleceu a Súmula n° 270 do STJ: "O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente federal em execução que tramita na Justiça Estadual, não desloca a competência para a Justiça Federal".

CONTROLE DA COMPETÊNCIA

São duas as formas de controle da incompetência:1. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA:A) DE OFÍCIO PELO JUIZ => nos próprios autos da execução;B) POR INICIATIVA SUBSIDIÁRIA DO EXECUTADO => mediante impugnação;INCOMPETÊNCIA RELATIVA => o juiz não poderá decretar de ofício (Súmula n° 33, do STJ), cabendo ao devedor excepcionar, na forma do art. 112, através de peça autônoma (art. 299, 2ª parte). Deduzida a exceção antes da penhora, seu recebimento suspenderá o processo (artigos 306 e 265, III).

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TÍTULOS EXECUTIVOS

TÍTULO EXECUTIVO => documento que consiste na prova legal da existência do crédito afirmado pelo exeqüente (Teoria documental = Carnelutti). Para a teoria documental do título executivo, este seria um documento representativo da existência do crédito exeqüendo. 32

TÍTULO EXECUTIVO => é um ato (ou fato) jurídico a que a lei atribui eficácia executiva, tornando adequada a utilização da via executiva como forma de fazer atuar a responsabilidade patrimonial.33

I. TIPOS DE TÍTULOS EXECUTIVOS

1. JUDICIAIS

475-N.São títulos executivos judiciais:I - a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;II - a sentença penal condenatória transitada em julgado;III - a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo;IV - a sentença arbitral;V - o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente;VI - a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;VII - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso.

2. EXTRAJUDICIAIS

Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento

particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;

III - os contratos de hipoteca, de penhor, de anticrese e de caução, bem como de seguro de vida e de acidentes pessoais de que resulte morte ou incapacidade;

IV - o crédito decorrente de foro, laudêmio, aluguel ou renda de imóvel, bem como encargo de condomínio desde que comprovado por contrato escrito;

V - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial;

VI - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, Estado, Distrito Federal, Território e Município, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

VII - todos os demais títulos, a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

§ 1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.

§ 2o Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação.

32 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. v. 2. Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2006, p. 17533 CÂMARA, Alexandre Freitas. Op. cit. p. 178

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TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS – ART. 475-N

I. A SENTENÇA PROFERIDA NO PROCESSO CIVIL QUE RECONHEÇA A EXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, NÃO FAZER, ENTREGAR COISA OU PAGAR QUANTIA (CPC, ART. 475-N, I)

EXECUÇÃO DEFINITIVA DE TÍTULO JUDICIAL => quando resultante de sentença ou acórdão proferido no processo civil, hipótese em que o exeqüente não precisará instruir seu requerimento com o título , por se tratar de fase complementar do processo cognitivo, isto é, daquele em que se formou o título, o qual já consta dos próprios autos.

§ 3º do art. 475-O: (Ao requerer a execução provisória, o exeqüente instruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado valer-se do disposto na parte final do art. 544, § 1o: I - sentença ou acórdão exeqüendo; II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; III - procurações outorgadas pelas partes; IV - decisão de habilitação, se for o caso; V - facultativamente, outras peças processuais que o exeqüente considere necessárias).

EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE TÍTULO JUDICIAL OU EXTRAJUDICIAL => processa-se em autos próprios, mesmo em se tratando de título judicial resultante de sentença ou acórdão proferido no processo civil, o que impõe ao exeqüente a necessidade de instruir a petição:

1. COM O TÍTULO JUDICIAL => sentença ou acórdão exeqüendo;

2. COM OS DOCUMENTOS AUTENTICADOS DE QUE TRATA O § 3º DO ART. 475-O:A) CERTIDÃO DE INTERPOSIÇÃO DO RECURSO NÃO DOTADO DE EFEITO SUSPENSIVO;B) PROCURAÇÕES OUTORGADAS PELAS PARTES;C) DECISÃO DE HABILITAÇÃO, SE FOR O CASO;D) FACULTATIVAMENTE, OUTRAS PEÇAS PROCESSUAIS QUE O EXEQÜENTE CONSIDERE NECESSÁRIAS.

OUTRAS CÓPIAS QUE PODEM INSTRUIR O REQUERIMENTO DO EXEQÜENTE

1. SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA => na execução fundada neste título, é a cópia que instruirá o requerimento do exeqüente, pois o original permanecerá no processo penal;

2. SENTENÇAS CIVIS PROVENIENTES DO PROCESSO PENAL => como é o caso da sentença proferida em embargos de terceiro opostos contra o seqüestro penal, que é exeqüível relativamente ao capítulo acessório da sucumbência;

3. SENTENÇA ARBITRAL;

4. SENTENÇA ESTRANGEIRA HOMOLOGADA PELO STJ (EC 45/2000) => na hipótese os autos da homologação permanecem no Tribunal e a execução far-se-á por cata de sentença extraída dos autos da homologação, conforme dispõe o art. 484 (A execução far-se-á por carta de sentença extraída dos autos da homologação e obedecerá às regras estabelecidas para a execução da sentença nacional da mesma natureza). Inobservada a instrução legalmente exigida, o juiz assinará o prazo de 10 dias para o exeqüente emendar o requerimento (art. 616 c/c art. 475-R), sob pena de indeferimento da petição inicial (requerimento).

II. SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO (CPC, ART. 475-N, II)

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:

I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;

II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.

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EXEMPLO DE SENTENÇA PENAL COM REFLEXOS NA EXECUÇÃO CIVIL => homicídio de alguém, praticado por antigo desafeto, representa fato típico penal, capitulado no art. 121 do CP: matar alguém. Além de acomodar-se à cláusula genérica do art. 186, CC/02 – ilícito (Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito) delito civil absoluto -, ele possui forma de liquidação do dano prevista no art. 948, I e II, CC/02 acima transcrito. Trata-se do fenômeno da incidência múltipla, conforme se infere da teoria geral dos fatos jurídicos. Em casos que tais (múltipla incidência), análogos ao exemplificado, nascem duas ações diferentes, mas baseadas no mesmo fato:

A) AÇÃO PENAL => em que é titular o Ministério Público;B) AÇÃO CIVIL REPARATÓRIA EX DELICTIO => titular é a própria vítima do dano ou seus herdeiros e

sucessores. A existência de duas ações, baseadas no mesmo fato, provoca a necessidade de coordenar os juízos porventura emitidos nos respectivos julgamentos34.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE => a vítima do ilícito civil tem duas opções:1. AGUARDAR O DESFECHO DO PROCESSO CRIMINAL => para, de posse da decisão condenatória

transitada em julgado, promover a execução;2. INGRESSAR IMEDIATAMENTE COM A AÇÃO CIVIL DE REPARAÇÃO DE DANO => hipótese em que

terá como título executivo a própria sentença civil. SUSPENSÃO DO PROCESSO CIVIL POR ATÉ 01 ANO => optando a vítima pela AÇÃO CIVIL DE

REPARAÇÃO DE DANO, o processo ficará suspenso aguardando o desfecho da ação penal, conforme dispõe o CPC, art. 110: Se o conhecimento da lide depender necessariamente da verificação da existência de fato delituoso, pode o juiz mandar sobrestar no andamento do processo até que se pronuncie a justiça criminal.

AJUIZAMENTO DA AÇÃO CIVIL DE REPARAÇÃO DE DANO MAS NÃO A AÇÃO PENAL EM 30 DIAS => cessam os efeitos do sobrestamento e o juiz decidirá o processo civil (§ único do art. 110: Se a ação penal não for exercida dentro de 30 (trinta) dias, contados da intimação do despacho de sobrestamento, cessará o efeito deste, decidindo o juiz cível a questão prejudicial).

SOBREVINDO SENTENÇA CONDENATÓRIA NA AÇÃO PENAL => o juízo cível decidirá em favor do autor, pois o provimento penal torna certo o dever de indenizar o dano (art. 91, I, CP).

SOBREVINDO SENTENÇA ABSOLUTÓRIA NA AÇÃO PENAL => seja qual for o fundamento, a ação civil prosseguirá até o seu desfecho. A sentença, na hipótese, se mostra irrelevante, pois a vítima não é parte na ação penal (art. 5º, LIV, CF/88: due proces of law).

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE => mesmo na hipótese em que a vítima aguarda o desfecho da ação penal, SOBREVINDO SENTENÇA ABSOLUTÓRIA, nada obsta que se ajuíze ação civil, qualquer que seja o fundamento da sentença absolutória. O difícil é o juízo cível proferir sentença diversa da do juízo penal. Exemplo: sentença penal absolutória que reconhece a legítima defesa => no juízo cível, será aplicada a norma do art. 188, I, CC/02, que diz que não constitui ilícito civil. Tudo dependerá das provas produzidas pelo autor.

Art. 91, I, do Código Penal: “I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime”;

ARTIGOS DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL CORRELATOS:Art. 63: Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.

Art. 64.  Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil".

34 ASSIS, Araken de – Manual do processo de execução – 8ª ed. rev., atual. E ampl. – São Paulo : Revista dos Tribunais, 2002

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III. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE CONCILIAÇÃO OU DE TRANSAÇÃO, AINDA QUE INCLUA MATÉRIA NÃO POSTA EM JUÍZO (CPC, ART. 475-N, III)

A sentença homologatória somente adquire força executiva na hipótese de as partes contemplarem dever de prestar em favor de alguma delas (arts. 59, § 1º e 161, § 6º, ambos da Lei 11.101/05 – acima transcritos).

Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1o do art. 50 desta Lei.

§ 1o A decisão judicial que conceder a recuperação judicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584 do Código de Processo Civil.

Art. 161. ... § 6º A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584 do Código de Processo Civil.

Conforme dispõe o artigo 269, III, CPC, é sentença de mérito ou definitiva aquela que homologa transação ou conciliação e faz coisa julgada entre as partes e, portanto, rescindível pela via da rescisória (CPC, art. 485, VIII).

IV. SENTENÇA ARBITRAL (CPC, ART. 475-N, IV)

Art. 31 da Lei 9.307/96: (A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo).

Equiparada à sentença proferida por autoridade judiciária, resultando alguma condenação na sentença arbitral, será assegurado à parte beneficiária do título o direito de promover os atos de execução contra o obrigado.

NÃO SENDO LÍQUIDA A SENTENÇA => são duas as etapas a serem observadas:1. pleiteia-se a liquidação da sentença (arts. 475-A e segs. CPC);2. após a liquidação, promove-se os atos executivos conforme a obrigação prevista no título

(art. 475-I, CPC).

V. ACORDO EXTRAJUDICIAL, DE QUALQUER NATUREZA, HOMOLOGADO JUDICIALMENTE (CPC, ART. 475-N, V)

Art. 57, da Lei 9.099/95: (O acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou valor, poderá ser homologado, no juízo competente, independentemente de termo, valendo a sentença como título executivo judicial).

ARTIGOS DO CÓDIGO CIVIL ACERCA DA TRANSAÇÃO

Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação.

Art. 842. A transação far-se-á por escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige, ou por instrumento particular, nas em que ela o admite; se recair sobre direitos contestados em juízo, será feita por escritura pública, ou por termo nos autos, assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz.

Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos.

Art. 844. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela intervierem, ainda que diga respeito a coisa indivisível.

§ 1o Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador.

§ 2o Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a obrigação deste para com os outros credores.

§ 3o Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em relação aos co-devedores.

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Art. 845. Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transigentes, ou por ele transferida à outra parte, não revive a obrigação extinta pela transação; mas ao evicto cabe o direito de reclamar perdas e danos.

Na verdade o dispositivo em comento (art. 475-N, V, CPC), veio apenas codificar o que já dispunha o art. 57 da Lei dos Juizados Especiais, conforme acima transcrito. É a forma de prestigiar a autocomposição.

VI. SENTENÇA ESTRANGEIRA HOMOLOGADA PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (CPC, ART. 475-N, VI)

Temos consciência de que os atos judiciais emanados de autoridade estrangeira nada valem em nosso território, salvo quando existir tratado de mútuo reconhecimento desses atos. No caso brasileiro, mesmo havendo o tratado de mútuo reconhecimento, somente após homologação pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, i, da CF)35, é que poderá ser executada a sentença estrangeira. O procedimento está previsto nos artigos do CPC a seguir transcritos: Art. 483. A sentença proferida por tribunal estrangeiro não terá eficácia no Brasil senão depois de homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. A homologação obedecerá ao que dispuser o Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. Art. 484. A execução far-se-á por carta de sentença extraída dos autos da homologação e obedecerá às regras estabelecidas para a execução da sentença nacional da mesma natureza.

VII. FORMAL E CERTIDÃO DE PARTILHA (CPC, ART. 475-N, VII)

Resulta do processo de inventário e partilha. A teor do art. 1.026 do CPC, a partilha de bens em inventário ou arrolamento é homologada por sentença.

Art. 1.026. Pago o imposto de transmissão a título de morte, e junta aos autos certidão ou informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a partilha.

Art. 1.027. Passada em julgado a sentença mencionada no artigo antecedente, receberá o herdeiro os bens que lhe tocarem e um formal de partilha, do qual constarão as seguintes peças: I - termo de inventariante e título de herdeiros; II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro; III - pagamento do quinhão hereditário; IV - quitação dos impostos; V - sentença. Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído por certidão do pagamento do quinhão hereditário, quando este não exceder 5 (cinco) vezes o salário mínimo vigente na sede do juízo; caso em que se transcreverá nela a sentença de partilha transitada em julgado.

Art. 1.028. A partilha, ainda depois de passar em julgado a sentença (art. 1.026), pode ser emendada nos mesmos autos do inventário, convindo todas as partes, quando tenha havido erro de fato na descrição dos bens; o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, poderá, a qualquer tempo, corrigir-lhe as inexatidões materiais.

O FORMAL E A CERTIDÃO DE PARTILHA => conforme dispõe o § único do art. 584 do CPC O FORMAL E A CERTIDÃO DE PARTILHA (esta utilizada em substituição ao formal) têm força executiva somente em relação:

a) ao inventariante;b) aos herdeiros;c) aos sucessores a título universal ou singular. Em suma, o formal e a certidão de partilha não têm força executiva contra terceiros.

TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS

São aqueles que prescindem de prévia ação condenatória para serem reclamados em juízo através da ação de execução. Estão arrolados no art. 585 do CPC, a saber:

Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:

35 Nova redação dada pela Emenda Constitucional n.º 45

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I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;III - os contratos de hipoteca, de penhor, de anticrese e de caução, bem como de seguro de vida e de acidentes pessoais de que resulte morte ou incapacidade;IV - o crédito decorrente de foro, laudêmio, aluguel ou renda de imóvel, bem como encargo de condomínio desde que comprovado por contrato escrito;V - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial;VI - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, Estado, Distrito Federal, Território e Município, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;VII - todos os demais títulos, a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.§ 1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.§ 2o Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação.

I. LETRA DE CÂMBIO

CONCEITO => regulamentada pelo Decreto n.º 2.044 de 31.12.1908, a letra de câmbio é o título de crédito à ordem, formal, literal, abstrato e autônomo, criado a partir do saque, completado pelo aceite e transferido por endosso. A letra de câmbio constitui uma promessa indireta de pagamento, isto é, o sacador ou criador da letra, promete fazer pagar, por terceiro, pelo sacado, a soma cambial, mas se obriga a pagar pessoalmente, se não for cumprida a ordem de pagamento dada ao sacado.

GARANTIA => a garantia da letra de câmbio é feita por aval (Art. 14. O pagamento de uma letra de câmbio, independente do aceite e do endosso, pode ser garantido por aval. Para a validade do aval, é suficiente a simples assinatura do próprio punho do avalista ou do mandatário especial, no verso ou no anverso da letra).

PARTES NA LETRA DE CÂMBIO => são necessárias três partes na letra de câmbio:

O SACADOR OU TOMADOR => aquele que emite contra alguém o título de crédito. É o emitente da letra;

O SACADO => aquele que efetuará o pagamento, ou seja, contra quem se emitiu a letra;

O BENEFICIÁRIO => aquele que receberá o pagamento.

REQUISITOS DA LETRA DE CÂMBIO => a letra de câmbio deverá apresentar, obrigatoriamente, os seguintes requisitos:

A) A DENOMINAÇÃO “LETRA DE CÂMBIO” OU A DENOMINAÇÃO EQUIVALENTE NA LÍNGUA EM QUE FOR EMITIDA => deverá está escrita no próprio título (art. 1º, I);

B) A SOMA DE DINHEIRO A PAGAR E A ESPÉCIE DE MOEDA (art. 1º, II);C) O NOME DA PESSOA QUE DEVE PAGÁ-LA (sacado) => esta indicação pode ser inserida abaixo

do contexto (art. 1º, III);D) O NOME DA PESSOA A QUEM DEVE SER PAGA (beneficiário) => a letra PODE SER AO PORTADOR e

também pode ser emitida por ordem e conta de terceiro. O sacador pode designar-se como tomador (art. 1º, IV);

E) DATA E LUGAR PARA O SAQUE DA SOMA EM DINHEIRO=> presume-se mandato ao portador para inserir a data e o lugar do saque, na letra que não os contiver (art. 4º);

F) INDICAÇÃO DO VENCIMENTO DA LETRA DE CÂMBIO (art. 17, c/c arts. 6º e 19);G) ASSINATURA DO PRÓPRIO PUNHO DO SACADOR OU DO MANDATÁRIO ESPECIAL => é a assinatura

de quem passa a letra de câmbio e deve ser firmada abaixo do contexto (art. 1º, V).

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Art. 20. A letra deve ser apresentada ao sacado ou ao aceitante para o pagamento, no lugar designado e no dia do vencimento ou, sendo este dia feriado por lei, no primeiro dia útil imediato, sob pena de perder o portador o direito de regresso contra o sacador, endossadores e avalistas.

LEGITIMIDADE PASSIVA – a legitimidade passiva na execução desse título extrajudicial pertence àquele que assumiu a obrigação de pagar a letra, apondo o seu aceite (aceitante), bem como seus avalistas ou obrigados principais, além daquele que se obrigou a pagá-la no caso de o sacado deixar de fazê-lo ou recusar o aceite, considerando-se autônomas as obrigações.

ACEITE (ART. 9º) => a letra de câmbio exige o aceite e, à falta do aceite do sacado, tem-se que este não se obrigou, sendo, portanto, parte ilegítima na execução.

Art. 9º A apresentação da letra ao aceite é facultativa quando certa a data do vencimento. A letra a tempo certo da vista deve ser apresentada ao aceite do sacado, dentro do prazo nela marcado; na falta de designação, dentro de seis meses contados da data da emissão do título, sob pena de perder o portador o direito regressivo contra o sacador, endossadores e avalistas.

Parágrafo único. O aceite da letra, a tempo certo da vista, deve ser datado, presumindo-se, na falta de data, o mandato ao portador para inseri-la.

PROTESTO EXTRAJUDICIAL DO TÍTULO CAMBIAL (ART. 28 E SEGS.) => a letra deve ir a protesto, nos termos do art. 28: (A letra que houver de ser protestada por falta de aceite ou de pagamento deve ser entregue ao oficial competente, no primeiro dia útil que se seguir ao da recusa do aceite ou ao do vencimento, e o respectivo protesto, tirado dentro de três dias úteis. Parágrafo único. O protesto deve ser tirado do lugar indicado na letra para o aceite ou para o pagamento. Sacada ou aceita a letra para ser paga em outro domicílio que não o do sacado, naquele domicílio deve ser tirado o protesto).

CONCEITO DE PROTESTO EXTRAJUDICIAL => o melhor conceito de protesto extrajudicial consta do art. 1º da Lei 9.492/97, que dispõe: Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida.

COMPETÊNCIA PARA O PROTESTO EXTRAJUDICIAL => art. 3º da Lei 9.492/97 define que “Compete privativamente ao Tabelião de Protesto de Títulos, na tutela dos interesses públicos e privados”.

PROCEDIMENTO DO PROTESTO EXTRAJUDICIAL POR FALTA DE PAGAMENTO

1. O título é protocolizado pelo credor no Tabelião de Protesto.

2. O Tabelião expede intimação do protesto ao devedor.

3. Ao receber a intimação o devedor deverá assinar o Aviso de Recebimento (AR).

4. Não sendo encontrado o devedor ou deixando de assinar o aviso de recepção, o Tabelião efetuará intimação por edital, que será fixado no próprio Tabelionato e publicado na imprensa local.

5. O protesto será registrado pelo Tabelião no prazo de 03 dias úteis a partir da protocolização.

DESISTÊNCIA APRESENTADA PELO CREDOR => deverá ser manifestada pelo credor antes da efetivação do protesto, e consiste na retirada do título, efetuando-se o pagamento dos emolumentos e despesas do Tabelião.

PAGAMENTO OU SUSTAÇÃO DO PROTESTO => o devedor poderá evitar o protesto de duas formas:

1. PELA QUITAÇÃO DO TÍTULO => efetuando o pagamento diretamente no tabelionato, desde que, além da dívida, sejam pagos os emolumentos e as despesas. Nesse caso o próprio Tabelionato dará a quitação ao devedor e colocará o valor à disposição do apresentante do título;

2. pela sustação do protesto.

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PRESCRIÇÃO (ART. 49 E SEGS.) => a letra de câmbio tem prazo prescricional diferenciado, conforme se trate:

1. AÇÃO CAMBIAL OU EXECUTIVA CONTRA O SACADOR, ACEITANTE E RESPECTIVOS AVALISTAS (ART. 52, 1ª parte) => prescreve em 05 anos;

2. AÇÃO CAMBIAL OU EXECUTIVA CONTRA O ENDOSSADOR E RESPECTIVOS AVALISTAS (ART. 52, 2ª parte) => prescreve em 12 meses;

Art. 49. A ação cambial é a executiva. Por ela tem também o credor o direito de reclamar a importância que receberia pelo ressaque (art. 38).

Art. 50. A ação cambial pode ser proposta contra um, alguns ou todos os coobrigados, sem estar o credor adstrito à observância da ordem dos endossos.

Art. 51. Na ação cambial, somente é admissível defesa fundada no direito pessoal do réu contra o autor, em defeito de forma do título e na falta de requisito necessário ao exercício da ação.

Art. 52. A ação cambial, contra o sacador, aceitante e respectivos avalistas, prescreve em cinco anos. A ação cambial contra o endossador o respectivo avalista prescreve em 12 meses.

Art. 53. O prazo da prescrição é contado do dia em que a ação pode ser proposta; para o endossador ou respectivo avalista que paga, do dia desse pagamento.

STJ/Súmula 60: É nula a obrigação cambial assumida por Procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste.

II. NOTA PROMISSÓRIA

CONCEITO => também regulamentada pelo Decreto n.º 2.044 de 31.12.1908 (arts. 54 e segs.), é título executivo extrajudicial de grande importância no comércio, o qual se submete aos requisitos da letra de câmbio.

Consiste em título cambiário em que seu criador assume a obrigação direta e principal de pagar a soma constante do título.

O emitente promete pagar, através da nota promissória, certa importância a favor de outrem ou à sua ordem, isto é, exige a participação de dois sujeitos, mas pode ser transferida a terceiro por endosso.

SUJEITOS DA NOTA PROMISSÓRIA => são 02 os sujeitos envolvidos na nota promissória:

1. O EMITENTE OU SUBSCRITOR => aquele que cria a nota promissória a partir do saque da importância consignada no título;

2. O PORTADOR OU BENEFICIÁRIO => é o credor do título. Art. 54. A nota promissória é uma promessa de pagamento e deve conter estes requisitos

essenciais, lançados, por extenso no contexto:I - a denominação de “Nota Promissória” ou termo correspondente, na língua em que for emitida;II - a soma de dinheiro a pagar;III - o nome da pessoa a quem deve ser paga;IV - a assinatura do próprio punho da emitente ou do mandatário especial. § 1º Presume-se ter o portador o mandato para inserir a data e lugar da emissão da nota

promissória, que não contiver estes requisitos. § 2º Será pagável à vista a nota promissória que não indicar a época do vencimento. Será

pagável no domicílio do emitente a nota promissória que não indicar o lugar do pagamento. É facultada a indicação alternativa de lugar de pagamento, tendo o portador direito de

opção.

1ª OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: a nota promissória deverá estar totalmente preenchida ou, no caso de estar em branco, deverá ser completada antes da execução.

2ª OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: a existência da nota promissória independe de sua causa negocial, isto é, não está vinculada a uma causa negocial subjacente.

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REQUISITOS NOTA PROMISSÓRIA => do documento deverá constar:A) A DENOMINAÇÃO “NOTA PROMISSÓRIA” => lançada no texto do título;B) A PROMESSA DE PAGAR SOMA EM DINHEIRO;C) A ÉPOCA DO PAGAMENTO => caso não esteja determinada, o vencimento será considerado à

vista;D) INDICAÇÃO DO LUGAR DO PAGAMENTO => na falta deste poderá ser preenchido pelo portador

ou será considerado o domicílio do subscritor;E) NOME DA PESSOA A QUEM DEVE SER PAGA A PROMISSÓRIA;F) INDICAÇÃO DO LUGAR E DA DATA EM QUE A PROMISSÓRIA É PASSADA => em caso de omissão do

lugar será considerado o designado ao lado do nome do subscritor;G) ASSINATURA DE PRÓPRIO PUNHO DE QUEM PASSA A NOTA PROMISSÓRIA => do emitente. ACEITE => a nota promissória não exige o aceite (Art. 56. São aplicáveis à nota promissória,

com as modificações necessárias, todos os dispositivos do Título I desta Lei, exceto os que se referem ao aceite e às duplicatas).

GARANTIA => a garantia da promissória também é feita por aval, aplicando-se a regra do art. 14, conforme determina o art. 56 acima transcrito.

PROTESTO EXTRAJUDICIAL DO TÍTULO CAMBIAL (ART. 28 E SEGS.) => a promissória deve ir a protesto, nos termos do art. 28, pois não consta da exceção do art. 56 supra.

PRESCRIÇÃO (ART. 49 E SEGS.) => a nota promissória também tem prazo prescricional diferenciado, conforme se trate:

1. AÇÃO EXECUTIVA CONTRA O EMITENTE E RESPECTIVOS AVALISTAS (ART. 52, 1ª parte) => prescreve em 05 anos (conforme determina o art. 56 supra);

2. AÇÃO EXECUTIVA CONTRA O ENDOSSADOR E RESPECTIVOS AVALISTAS (ART. 52, 2ª parte) => prescreve em 12 meses (conforme determina o art. 56 supra);

III. DUPLICATA

CONCEITO => a duplicata é disciplinada pela Lei n.º 5.474, de 18.07.1968.

Título genuinamente brasileiro, origina-se de contrato de compra e venda mercantil, emitido a partir da fatura das mercadorias negociadas, para pagamento a prazo não inferior a 30 dias, entre comprador e vendedor.

A fatura é a relação das mercadorias vendidas discriminadas:

1. pelo tipo;

2. pela quantidade;

3. pelo valor.

Da fatura poderá ser extraída uma duplicata para circulação com efeito comercial, não sendo admitido qualquer outro título de crédito para efetuar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador.

VI. REQUISITOS DA DUPLICATA => o modelo foi padronizado por resolução do Conselho Monetário Nacional, devendo do título constar os seguintes requisitos:

A) A DENOMINAÇÃO “DUPLICATA” (inciso I do § 1º do art. 2º)B) A DATA DE SUA EMISSÃO (art. 2º, § 1º, I);C) O NÚMERO DE ORDEM DA DUPLICATA (art. 2º, § 1º, I);D) O NÚMERO DA FATURA (art. 2º, § 1º, II);E) DATA CERTA DO VENCIMENTO OU A DECLARAÇÃO DE SER A DUPLICATA À VISTA (art. 2º, § 1º, III);F) NOME E DOMICÍLIO DO VENDEDOR/SACADOR E DO COMPRADOR/SACADO (art. 2º, § 1º, IV);G) A IMPORTÂNCIA A PAGAR (EXPRESSO EM NÚMEROS E POR EXTENSO (art. 2º, § 1º, V);H) A PRAÇA DE PAGAMENTO(art. 2º, § 1º, VI);I) A CLÁUSULA À ORDEM (art. 2º, § 1º, VII);J) A DECLARAÇÃO DO RECONHECIMENTO DE SUA EXATIDÃO E DA OBRIGAÇÃO DE PAGÁ-LA, A SER

ASSINADA PELO COMPRADOR, COMO ACEITE, CAMBIAL (art. 2º, § 1º, VIII);

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K) ASSINATURA DO EMITENTE/COMPRADOR COM O ACEITE CAMBIAL (art. 2º, § 1º, IX).

1. GARANTIA => a garantia da duplicata poderá ser feita por aval (art. 12).

2. VENCIMENTO DA DUPLICATA => no tocante ao vencimento da duplicata, este poderá ser:

a) ANTECIPADO => pelo resgate voluntário do comprador (Art. 9º É lícito ao comprador resgatar a duplicata antes de aceitá-la ou antes da data do vencimento);

B) PRORROGADO => pelo vendedor ou endossatário ou por representante com poderes especiais (art. 11. A duplicata admite reforma ou prorrogação do prazo de vencimento, mediante declaração em separado ou nela escrita, assinada pelo vendedor ou endossatário, ou por representante com poderes especiais).

3. ACEITE E MOTIVOS JUSTIFICADORES DA RECUSA DESTE

A duplicata deverá ser aceita pelo comprador, mas este poderá recusar-se em dar o seu aceite (art. 7º) desde que:

A) HAJA AVARIA OU NÃO RECEBIMENTO DAS MERCADORIAS => quando estas não forem enviadas ou entregues por conta e risco do próprio comprador;

B) HAJA DEFEITOS E DIFERENÇAS NA QUALIDADE, OU QUANTIDADE DAS MERCADORIAS;C) HAJA DIVERGÊNCIAS NOS PRAZOS OU PREÇOS AJUSTADOS.

4. PROTESTO EXTRAJUDICIAL DA DUPLICATA E MOTIVOS JUSTIFICADORES DESTE

O título poderá ser protestado na praça de pagamento que constar na duplicata (art. 13):A) POR FALTA DE ACEITE => na hipótese de duplicata não aceita, antes da propositura da ação

judicial de execução deverá ser objeto de protesto;B) PELA NÃO DEVOLUÇÃO DA DUPLICATA PELO COMPRADOR => quando tiver sido enviada para

aceite. Na hipótese do sacado/comprador reter o título, o protesto poderá ser efetuado por meio de triplicata, ou por simples indicação de seus dados pelo comprador;

C) POR FALTA DE PAGAMENTO.

5. REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA PROPOR EXECUÇÃO DE DUPLICATA

O exeqüente/credor deverá observar e apresentar, cumulativamente, os seguintes requisitos:

A) O PROTESTO DA DUPLICATA pela falta de pagamento;B) A RECUSA DO SACADO EM DAR O ACEITE, sem nenhum motivo previsto em lei;C) COMPROVAÇÃO DA EFETIVA ENTREGA E RECEBIMENTO DA MERCADORIA.

6. FORO COMPETENTE PARA A COBRANÇA JUDICIAL DA DUPLICATA OU DA TRIPLICATA

Conforme disciplinado no art. 17, o foro competente para a execução da duplicata é o da praça de pagamento (Art. 17. O foro competente para a cobrança judicial da duplicata ou da triplicata é o da praça de pagamento constante do título, ou outra de domicílio do comprador e, no caso de ação regressiva, a dos sacadores, dos endossantes e respectivos avalistas).

Art. 18 - A pretensão à execução da duplicata prescreve:

l - contra o sacado e respectivos avalistas, em 3(três) anos, contados da data do vencimento do título;

II - contra endossante e seus avalistas, em 1 (um) ano, contado da data do protesto;

Ill - de qualquer dos coobrigados contra os demais, em 1 (um) ano, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento do título.

§ 1º - A cobrança judicial poderá ser proposta contra um ou contra todos os coobrigados, sem observância da ordem em que figurem no título.

§ 2º - Os coobrigados da duplicata respondem solidariamente pelo aceite e pelo pagamento.

7. PRESCRIÇÃO (ART. 18) => a duplicata tem prazo prescricional diferenciado, conforme se trate de:

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a) AÇÃO EXECUTIVA O SACADO E RESPECTIVOS AVALISTAS (ART. 18, I) => prescreve em 03 anos;

b) AÇÃO EXECUTIVA CONTRA O ENDOSSANTE E RESPECTIVOS AVALISTAS (ART. 18, II) => prescreve em 1ano;

c) AÇÃO EXECUTIVA DE QUALQUER COOBRIGADO CONTRA OS DEMAIS (ART. 18, III) => prescreve em 1ano;

IV. DEBÊNTURES

1. CONCEITO

A debêntures é reguladas pelos arts. 52 e seguintes da Lei n.º 6.404, de 15.12.1976 (popularmente conhecida como Lei das Sociedades Anônimas).

Sãos títulos de crédito emitidos pelas sociedades anônimas, com prazo certo, em decorrência de empréstimos por elas obtidos junto ao público e que normalmente pagam juros calculados sobre o valor de emissão corrigido por um indexador.

2. TÍTULOS CAUSAIS E INCOMPLETOS

não se revestem de independência e abstração, tendo em vista vincularem-se ao contrato de sua emissão, cujos termos e cláusulas completam, esclarecem e integram o teor do título.

Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado.

3. REQUISITOS DAS DEBÊNTURES

Estão expressos na Lei acima referida (Art. 59. A deliberação sobre emissão de debêntures é da competência privativa da assembléia-geral, que deverá fixar, observado o que a respeito dispuser o estatuto) e dizem respeito:

a) EMISSÕES E SÉRIES;b) O VALOR NOMINAL DAS DEBÊNTURES (art. 59, II);c) AS GARANTIAS REAIS OU A GARANTIA FLUTUANTE, se houver (art. 59, III);d) VENCIMENTO (Art. 55. A época do vencimento da debênture deverá constar da escritura de

emissão e do certificado, podendo a companhia estipular amortizações parciais de cada série, criar fundos de amortização e reservar-se o direito de resgate antecipado, parcial ou total, dos títulos da mesma série). DEBÊNTURE SEM VENCIMENTO DETERMINADO (§ 3º A companhia poderá emitir debêntures cujo vencimento somente ocorra nos casos de inadimplemento da obrigação de pagar juros e dissolução da companhia, ou de outras condições previstas no título);

e) AS CONDIÇÕES DA CORREÇÃO MONETÁRIA, se houver (art. 59, IV); f) AMORTIZAÇÕES (Art. 55, § 1º: A amortização de debêntures da mesma série que não tenham

vencimentos anuais distintos, assim como o resgate parcial, deverão ser feitos mediante sorteio ou, se as debêntures estiverem cotadas por preço inferior ao valor nominal, por compra em bolsa);

g) A ÉPOCA E AS CONDIÇÕES DE VENCIMENTO OU RESGATE (art. 59, VI);h) JUROS E DEMAIS DIREITOS CONSTANTES DO CONTRATO DE EMISSÃO, isto é, a época e as

condições do pagamento dos juros, da participação nos lucros e do prêmio de reembolso, se houver);

i) CONVERSIBILIDADE OU NÃO EM AÇÕES, e as condições a serem observadas na conversão (art. 59, IV);

j) O MODO DE SUBSCRIÇÃO OU COLOCAÇÃO, E O TIPO DAS DEBÊNTURES.

3.1. REQUISITOS ADCIONAIS DAS DEBÊNTURES

Art. 62. Nenhuma emissão de debêntures será feita sem que tenham sido satisfeitos os seguintes requisitos: I - arquivamento, no registro do comércio, e publicação da ata da assembléia-geral, ou do

conselho de administração, que deliberou sobre a emissão;

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II - inscrição da escritura de emissão no registro do comércio; III - constituição das garantias reais, se for o caso.

4. PRESCRIÇÃO => a debêntures tem prazo prescricional diferenciado, conforme dispõe o art. 287:

Art. 287. Prescreve:

I - em, 1 (um) ano:

a) a ação contra peritos e subscritores do capital, para deles haver reparação civil pela avaliação de bens, contado o prazo da publicação da ata da assembléia-geral que aprovar o laudo;

b) a ação dos credores não pagos contra os acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da companhia.

II - em 3 (três) anos:

a) a ação para haver dividendos, contado o prazo da data em que tenham sido postos à disposição do acionista;

b) a ação contra os fundadores, acionistas, administradores, liquidantes, fiscais ou sociedade de comando, para deles haver reparação civil por atos culposos ou dolosos, no caso de violação da lei, do estatuto ou da convenção de grupo, contado o prazo:

1 - para os fundadores, da data da publicação dos atos constitutivos da companhia;

2 - para os acionistas, administradores, fiscais e sociedades de comando, da data da publicação da ata que aprovar o balanço referente ao exercício em que a violação tenha ocorrido;

3 - para os liquidantes, da data da publicação da ata da primeira assembléia-geral posterior à violação.

c) a ação contra acionistas para restituição de dividendos recebidos de má-fé, contado o prazo da data da publicação da ata da assembléia-geral ordinária do exercício em que os dividendos tenham sido declarados;

d) a ação contra os administradores ou titulares de partes beneficiárias para restituição das participações no lucro recebidas de má-fé, contado o prazo da data da publicação da ata da assembléia-geral ordinária do exercício em que as participações tenham sido pagas;

e) a ação contra o agente fiduciário de debenturistas ou titulares de partes beneficiárias para dele haver reparação civil por atos culposos ou dolosos, no caso de violação da lei ou da escritura de emissão, a contar da publicação da ata da assembléia-geral que tiver tomado conhecimento da violação;

f) a ação contra o violador do dever de sigilo de que trata o artigo 260 para dele haver reparação civil, a contar da data da publicação da oferta.

g) a ação movida pelo acionista contra a companhia, qualquer que seja o seu fundamento.

Art. 288. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não ocorrerá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva, ou da prescrição da ação penal.

V. CHEQUE

1. CONCEITO

Título regulamentado pela Lei n.º 7.357, de 02.09.1985, é uma ordem de pagamento à vista, emitida por alguém (correntista/emitente), em favor próprio ou de terceiro, portador ou nominalmente identificado no título.

É sempre emitido contra o banco ou instituição financeira assemelhada (sacado). A princípio o emitente conta com a devida provisão de fundos junto à instituição financeira.

Por ser uma ordem de pagamento à vista, o cheque pós-datado, sem data ou com data falsa é considerado título irregular mas válido e perfeitamente exeqüível.

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NÃO É TÍTULO CAUSAL => o cheque é título autônomo e independe do cumprimento de eventuais obrigações assumidas pelo credor.

2. REQUISITOS DO CHEQUE

O art. 1º da Lei 7.357/85 define seus requisitos:A) DENOMINAÇÃO “CHEQUE” => inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é

redigido (art. 1º, I);B) ORDEM INCONDICIONAL DE PAGAR QUANTIA DETERMINADA (art. 1º, II);C) IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA/SACADA => banco que deverá pagar o título (art. 1º,

III);D) INDICAÇÃO DO LUGAR DE PAGAMENTO (art. 1º, IV);E) INDICAÇÃO DA DATA E DO LUGAR DE EMISSÃO (art. 1º, V);F) ASSINATURA DO EMITENTE/SACADOR, OU DE SEU MANDATÁRIO COM PODERES ESPECIAIS (art. 1º,

VI. Parágrafo único - A assinatura do emitente ou a de seu mandatário com poderes especiais pode ser constituída, na forma de legislação específica, por chancela mecânica ou processo equivalente).

3. GARANTIA

Conforme dispõe o art. 29, o cheque poderá ser garantido por aval de 3º ou do próprio beneficiário do título: (Art. 29 O pagamento do cheque pode ser garantido, no todo ou em parte, por aval prestado por terceiro, exceto o sacado, ou mesmo por signatário do título).

Art. 30 O aval é lançado no cheque ou na folha de alongamento. Exprime-se pelas palavras ‘’por aval’’, ou fórmula equivalente, com a assinatura do avalista. Considera-se como resultante da simples assinatura do avalista, aposta no anverso do cheque, salvo quando se tratar da assinatura do emitente.

Parágrafo único - O aval deve indicar o avalizado. Na falta de indicação, considera-se avalizado o emitente.

4. TRANSMISSÃO DO TÍTULO

Por endosso, conforme dispõe o art. 17: (O cheque pagável a pessoa nomeada, com ou sem cláusula expressa ‘’ à ordem’’, é transmissível por via de endosso).

5. VENCIMENTO DO CHEQUE

O cheque é uma ordem de pagamento à vista e tem vencimento na data de apresentação para resgate da quantia prevista no título.

6. PROTESTO EXTRAJUDICIAL DO CHEQUE

O protesto do cheque é dispensável quando houver declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação (art. 47, II).

7. LEGITIMAÇÃO ATIVA E PASSIVA NA EXECUÇÃO DO CHEQUE

Art. 47 Pode o PORTADOR promover a execução do cheque: I - contra o EMITENTE E SEU AVALISTA; II - contra os ENDOSSANTES E SEUS AVALISTAS, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento é comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação.

8. PRESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO DO CHEQUE

Art . 59 Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador.

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Parágrafo único - A ação de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra outro prescreve em 6 (seis) meses, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi demandado.

9. EFEITO DA INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO

Art . 60 A interrupção da prescrição produz efeito somente contra o obrigado em relação ao qual foi promovido o ato interruptivo.

10.PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DE ENRIQUECIMENTO

Art . 61 A ação de enriquecimento contra o emitente ou outros obrigados, que se locupletaram injustamente com o não-pagamento do cheque, prescreve em 2 (dois) anos, contados do dia em que se consumar a prescrição prevista no art. 59 e seu parágrafo desta Lei.

Art . 62 Salvo prova de novação, a emissão ou a transferência do cheque não exclui a ação fundada na relação causal, feita a prova do não-pagamento.

VI. TÍTULOS ESTRANGEIROS

Os títulos extrajudiciais oriundos de países estrangeiros não dependem de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça, para serem executados. No entanto, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação, conforme preconiza o CPC em seu art. 585, § 2°.

VII. OUTROS TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS

Segundo leciona Sérgio Shimura, também podem ser objeto de execução os seguintes títulos extrajudiciais:

A) ESCRITURA PÚBLICA => é título executivo extrajudicial a exemplo da escritura pública de compra e venda;

B) DOCUMENTO PÚBLICO ASSINADO PELO DEVEDOR;C) DOCUMENTO PARTICULAR ASSINADO PELO DEVEDOR E DUAS TESTEMUNHAS;D) INSTRUMENTO DE TRANSAÇÃO => desde que referendado pelo Ministério Público, Defensoria

Pública ou pelos advogados dos transatores.

DOCUMENTO – é a coisa representativa de um fato e destinado a fixá-lo de modo permanente e idôneo, reproduzindo-o em juízo. Nele devem-se distinguir:

A) SEU AUTOR => no tocante à autoria o documento pode ser público ou particular.

B) SUA EXTERIORIZAÇÃO;

C) SEU CONTEÚDO.

DOCUMENTO PÚBLICO => no que tange à sua autoria, diz-se que o documento é público quando sua autoria é atribuída a quem esteja no exercício de uma função pública. Exemplo: termo de caução ou boletim de ocorrência lavrado por autoridade policial, após acidente de trânsito, em que um dos envolvidos se obriga a prestar ao outro, certa quantia a título de reparação de danos.

DOCUMENTO PARTICULAR – a contrario sensu, diz-se que o documento é particular quando sua autoria é atribuída a um particular ou que age na qualidade de particular. Para ter força executiva, é necessário que seja assinado pelo devedor e por 02 testemunhas (2ª parte do inciso II do art. 585 do CPC). Exemplo: documento particular de confissão de dívida, bem como o contrato de abertura de crédito em conta corrente bancária, também conhecido como cheque especial.

INSTRUMENTO DE TRANSAÇÃO – instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores, a exemplo do que ocorre com a transação celebrada em questão pendente de decisão judicial e levada a juízo para

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homologação, hipótese em que se transforma em título judicial. A Lei n.º 7.347/85, em seu art. 5º, § 6º, prevê o instrumento de transação materializado em compromisso de ajustamento de conduta: § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.

ACRESCENTE-SE AO ROL DE OUTROS TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS

1. CONTRATOS DE CAUÇÃO E SEGUROS DE VIDA E ACIDENTES PESSOAIS;2. RENDAS IMOBILIÁRIAS E ENCARGO DE CONDOMÍNIO;3. CUSTAS, EMOLUMENTOS E HONORÁRIOS DE AUXILIARES DO JUÍZO;4. CERTIDÃO DA DÍVIDA ATIVA DA FAZENDA PÚBLICA;5. TÍTULOS PREVISTOS EM LEIS EXTRAVAGANTES:A) CÉDULA RURAL PIGNORATÍCIA, CÉDULA RURAL HIPOTECÁRIA, CÉDULA RURAL PIGNORATÍCIA E

HIPOTECÁRIA, NOTA DE CRÉDITO RURAL, NOTA PROMISSÓRIA RURAL E DUPLICATA RURAL (art. 41, DL-167, de 14.02.67);

B) CÉDULA DE CRÉDITO INDUSTRIAL, NOTA DE CRÉDITO INDUSTRIAL E CÉDULA INDUSTRIAL PIGNORATÍCIA (disciplinadas no art. 41 do DL-413, de 09.01.69);

C) LETRA IMOBILIÁRIA => prevista na Lei n.º 4.830, de 21.08.64;D) CÉDULA HIPOTECÁRIA – art. 29 do DL-70, de 21.11.66;E) CÉDULA E NOTA DE CRÉDITO À EXPORTAÇÃO – art. 33 da Lei n.º 6.313, de 16.12.75;F) CRÉDITO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA – art. 5º, caput do DL-911, de 01.10.69;G) CRÉDITO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL;H) PRÊMIO DO CONTRATO DE SEGURO - art. 27 do DL-73, de 21.11.66);I) HONORÁRIOS DE ADVOGADO - art. 24, caput, da Lei 8.906, de 94);J) MULTAS E OBRIGAÇÕES DE FAZER DECORRENTES DE DECISÃO DO PLENÁRIO DO CONSELHO

ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA - art. 60 da Lei n.º 8.884/94;K) CRÉDITO DECORRENTE DO INADIMPLEMENTO DO BOLETIM DE SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES - art. 107, I,

da Lei n.º 6.404, de 15.12.76;L) CRÉDITO (ALIMENTAR) DECORRENTE DO AJUSTAMENTO DOS INTERESSADOS ÀS EXIGÊNCIAS DO

ESTATUTO DO MENOR E DO ADOLESCENTE - art. 211, Lei n.º 8.069, de 13.07.90;M) CRÉDITOS DOS ÓRGÃOS CONTROLADORES DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL - art. 2º da Lei 6.206, de

07.05.75;N) MULTAS DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO - art. 3.°, da Lei n.º 6.822, de 22.09.90;O) TAXA DE RENOVAÇÃO DA MARINHA MERCANTE - art. 6.°, § 10.°, do DL-432, de 23.01.69;P) ADICIONAL AO FRETE PARA RENOVAÇÃO DA MARINHA MERCANTE - art. 15, § 3º, do DL-1.142, de

30.12.70;Q) CRÉDITO DECORRENTE DE CONTRATO DE CÂMBIO - art. 75, caput, da Lei n.º 4.728, de 14.07.66;R) MULTAS E SANÇÕES PECUNIÁRIAS IMPOSTAS NOS JULGAMENTOS DO TRIBUNAL DE CONTAS DA

UNIÃO - art. 71, § 5.°, da CF/88, c/c art. 60 da Lei n.º 8.884, de 11.06.94;S) CÉDULA DE PRODUTO RURAL - art. 4.° da Lei n.º 8.929, de 22.08.94;T) O COMPROMISSO ARBITRAL QUE FIXA OS HONORÁRIOS DE ÁRBITROS, a teor do art. 11, parágrafo

único, da Lei n.º 9.307/96;U) COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO - art. 82, § 3.°, da Lei 8.078/90 e art. 5.°, § 6.°, da Lei

7.357/85;V) CÉDULA E NOTA COMERCIAL - art. 5.° da Lei 6.840/80 c/c o art. 41 de DL-413/69;W)CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO - art. 3.° da MP 2.160-25, de 23.08.2001;X) CÉDULA DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO - art. 9.° da MP 2.223, de 04.09.2001.

TITULO LIQUIDO, CERTO E EXIGÍVEL

O título executivo que fundamenta a ação de execução deve ser líquido, certo e exigível, conforme preceitua o CPC, em seu art. 586: "A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título líquido, certo e exigível", ou seja, necessariamente o título deve expressar certeza, liquidez e exigibilidade da obrigação a que visa executar. Título que não

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reuna tais requisitos não goza de eficácia executiva, conforme dispõe o inciso I do art. 618 do CPC: "É nula a execução: I - se o título não for líquido, certo e exigível".

CERTEZA => consiste no respeito e no reconhecimento da existência da obrigação, ou seja, quando não há controvérsia sobre sua existência.

LIQUIDEZ => corresponde à determinação do valor ou da individuação do objeto da obrigação, conforme se trate de obrigação de pagar em dinheiro, de entrega de coisa, de fazer ou não fazer, em outro dizer: quando é determinada a importância da prestação.

EXIGIBILIDADE => refere-se ao vencimento da dívida. Tem o sentido de que a obrigação que se executa, não depende de termo ou condição, nem está sujeita a outras limitações.

TÍTULO JUDICIAL CONTENDO CONDENAÇÃO GENÉRICA – o parágrafo 1º do art. 586 disciplina que: "Quando o título for sentença, que contenha condenação genérica, proceder-se-á primeiro à sua liquidação". Se a sentença contém condenação genérica, é ela ilíquida, pois não determina o valor ou a individuação do objeto da obrigação do vencido, o que enseja, antes da execução, como processo preparatório desta, liquidação da sentença, por via da qual se apurará o valor ou a individuação do objeto da condenação, a teor do caput do art. 603, do CPC: “Procede-se à liquidação, quando a sentença não determinar o valor ou não individuar o objeto da condenação”.

SENTENÇA PARCIALMENTE ILÍQUIDA – autoriza o credor a promover concomitantemente a execução quanto à parte líquida e a liquidação desta da parte ilíquida, conforme dispõe o parágrafo 2º do art. 586: "Quando na sentença há uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e a liquidação desta".

SENTENÇA CONTENDO CONDIÇÃO OU TERMO => o credor não poderá executá-la sem antes provar:

1. QUE REALIZOU A CONDIÇÃO => nos exatos termos em que prevista no título;

2. QUE JÁ OCORREU O TERMO => é requisito essencial para autorizar a execução (art. 572).

MOMENTO ADEQUADO PARA PROVAR A CONDIÇÃO OU TERMO => trata-se de prova pré-constituída, isto é, que deverá constar da petição inicial da execução, conforme dispõe o inciso III do art. 614: “Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor e instruir a petição inicial: I - com o título executivo, salvo se ela se fundar em sentença (art. 584); II - com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa; III - com a prova de que se verificou a condição, ou ocorreu o termo (art. 572)”.

EXECUÇÃO DEFINITIVA E PROVISÓRIA

SÚMULA 317 DO STJ: É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelação contra sentença que julgue improcedentes os embargos.

EXECUÇÃO DEFINITIVA => para que a sentença tenha força executiva, como regra, é preciso que tenha ocorrido a coisa julgada formal, isto é, o trânsito em julgado. Nesta hipótese, dize-se que a execução é definitiva porque se funda em sentença transitada em julgada, conforme preconiza o artigo 587: “A execução é definitiva, quando fundada em sentença transitada em julgado ou em título extrajudicial; é provisória, quando a sentença for impugnada mediante recurso, recebido só no efeito devolutivo”.

EXECUÇÃO SEMPRE DEFINITIVA => o título executivo extrajudicial que, por sua natureza, é imutável, tem a mesma eficácia executiva da sentença transitada em julgado, isto é, sua execução será sempre definitiva.

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Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas:I - corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;II - fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento;III - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.§ 1º No caso do inciso II do deste artigo, se a sentença provisória for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução.§ 2º A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser dispensada:I - quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até o limite de sessenta vezes o valor do salário-mínimo, o exeqüente demonstrar situação de necessidade;II - nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação.§ 3º - Ao requerer a execução provisória, o exeqüente instruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado valer-se do disposto na parte final do art. 544, § 1o:I - sentença ou acórdão exeqüendo;II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;III - procurações outorgadas pelas partes;IV - decisão de habilitação, se for o caso;V - facultativamente, outras peças processuais que o exeqüente considere necessárias.Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, as normas que regem o processo de execução de título extrajudicial.

CONCEITO

Sempre foi da tradição de nosso Direito a exeqüibilidade de sentença condenatória, especialmente nos casos de apelação, em que o recurso foi recebido tão-só no efeito devolutivo. * Daí prever o CPC a possibilidade de execução definitiva da sentença transitada em julgado ou em título extrajudicial, e da execução provisória, quando a sentença for impugnada mediante recurso, recebido só no efeito devolutivo (art. 587).

Ocorre a EXECUÇÃO PROVISÓRIA QUANDO A SENTENÇA EXEQÜENDA AINDA NÃO PASSOU EM JULGADO, por estar sujeita "à eventualidade da reforma em grau de recurso e, consequentemente, à possibilidade de dever desfazer-se o que foi feito e restabelecido o estado anterior". Por isso mesmo, se a sentença provisoriamente exeqüível se torna imutável, cessam todas as limitações resultantes do estado de interinidade da execução.36

AGRAVO DE INSTRUMENTO

Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator:

I - negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos casos do art. 557;

II - converterá o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, mandando remeter os autos ao juiz da causa;

36 LIEBMAN, Processo de Execução, pp. 120 e 121; JAMES GOLDSCHMIDT, Derecho Procesal Civil, 1936, pp. 547 e 548, in José Frederico Marques, Instituições de direito processual civil. 1. ed. atual. v. 5. Campinas : Millennium, 1999, p. 62.

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III – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;

IV - poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias;

V - mandará intimar o agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que responda no prazo de 10 (dez) dias (art. 525, § 2o), facultando-lhe juntar a documentação que entender conveniente, sendo que, nas comarcas sede de tribunal e naquelas em que o expediente forense for divulgado no diário oficial, a intimação far-se-á mediante publicação no órgão oficial;

VI - ultimadas as providências referidas nos incisos III a V do caput deste artigo, mandará ouvir o Ministério Público, se for o caso, para que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar.

Art. 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo de instrumento, no prazo de 10 (dez) dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO E ESPECIAL

Art. 497. O recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a execução da sentença; a interposição do agravo de instrumento não obsta o andamento do processo, ressalvado o disposto no art. 558 desta Lei.

Art. 542. § 2º Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito devolutivo.

Art. 587. A execução é definitiva, quando fundada em sentença transitada em julgado ou em título extrajudicial; é provisória, quando a sentença for impugnada mediante recurso, recebido só no efeito devolutivo.

JURISPRUDÊNCIA:

Processo: AgRg no REsp 616658 / RS ; AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL2003/0227178-7Relator: Ministro CASTRO MEIRA - Turma: SEGUNDA TURMAData de Julgamento: 07/02/2006 Data de Publicação/fonte: DJ 20.02.2006 p. 280TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. PARTE NÃO EMBARGADA. SÚMULA 83/STJ.1. "Consoante previsão do art. 739, § 2º, do CPC, é possível a expedição de precatório relativamente à parte incontroversa da dívida, quando se tratar de embargos parciais à execução, ainda que opostos pela União" (REsp 576.577/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 29.11.04).2. "Não se conhece do recurso especial pela divergência quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida" (Súmula 83/STJ).3. Agravo regimental improvido.

Ag 571502/SP; AGRAVO DE INSTRUMENTO 2003/0238454-6 - Ministro ARI PARGENDLERTERCEIRA TURMA - Data do julgamento: 15/12/2005 – Data de publicação: DJ 01.02.2006 p. 528PROCESSO CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. A antecipação de tutela na ação ordinária de cobrança de quantia certa tem o efeito de autorizar a execução provisória, com a conseqüente penhora de bens - providência que assegura a efetividade do processo. Agravo de instrumento parcialmente provido.

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AgRg no Ag 617869 / SP ; AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2004/0098715-0Ministro ARI PARGENDLERData de julgamento 29/11/2005 - TERCEIRA TURMAData de Publicação/fonte DJ 01.02.2006 p. 532PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. PRESCRIÇÃO. O termo inicial da execução da sentença é o do respectivo trânsito em julgado, nada importando que – recebido o recurso no só efeito devolutivo – já fosse possível a execução provisória. Agravo regimental não provido.

I. EXECUÇÃO DEFINITIVA

1. CONCEITO => diz-se definitiva a execução quando fundada em sentença transitada em julgado.

2. COISA JULGADA => a coisa julgada surgirá quando a sentença não estiver mais sujeita a qualquer recurso, ordinário ou extraor dinário , o que ocorrerá no momento em que o vencido preclui dos meios de impugnação. A coisa julgada torna indiscutível a sentença, tanto no presente, quanto no futuro. Alerte-se para a redação do § 1º do art. 475-L que foi objeto da ADIN 3.740

3. O QUE PODERÁ SER EXECUTADO PROVISÓRIA OU DEFINITIVAMENTE (art. 475-I, § 1°: É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo) => pode ser executada, provisória ou definitivamente:

A) SENTENÇA => (art. 162, § 1o Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei);

B) ACÓRDÃOS => (art. 163: Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais);

C) DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS (§ 2o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente) => exemplo: multa imposta ao arrematante e ao seu fiador inadimplentes, a teor do art. 695, § 1°, in fine: (Não preferindo o credor que os bens voltem a nova praça ou leilão, poderá cobrar ao arrematante e ao seu fiador o preço da arrematação e a multa, valendo a decisão como título executivo).

4. CABIMENTO DA EXECUÇÃO DEFINITIVA PARA OS TÍTULOS JUDICIAIS => não são todos os títulos judiciais que comportam execução provisória. A execução será sempre definitiva quando se tratar de:

a) SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA (art. 475-N, II) => antes da execução definitiva exige apenas a liquidação da sentença;

b) SENTENÇA ARBITRAL (art. 475-N, IV) => a condenação já constará do título e sua execução será definitiva;

c) SENTENÇA RESCINDENDA => mesmo com o ajuizamento de ação rescisória a execução será definitiva, pois a sentença já terá transitado em julgado. Desejando o autor a suspensão da execução, poderá pleitear medida cautelar para este fim, com fundamento no art. 15 da MP n°2.180/35, de 24.08.2001 (em tramitação) que dispõe: “Aplica-se à ação rescisória o poder geral de cautela de que trata o art. 798 do CPC”.

II. EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas:I - corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;

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II - fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento;III - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.§ 1º No caso do inciso II do deste artigo, se a sentença provisória for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução.§ 2º A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser dispensada:I - quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até o limite de sessenta vezes o valor do salário-mínimo, o exeqüente demonstrar situação de necessidade;II - nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação.§ 3º - Ao requerer a execução provisória, o exeqüente instruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado valer-se do disposto na parte final do art. 544, § 1o:I - sentença ou acórdão exeqüendo;II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;III - procurações outorgadas pelas partes;IV - decisão de habilitação, se for o caso;V - facultativamente, outras peças processuais que o exeqüente considere necessárias.

1. CONCEITO => Conforme dispõe o § 1º do art. 475-I, diz-se provisória a execução quando tem por fundamento sentença ainda não transitada em julgado em razão de recurso recebido no efeito meramente devolutivo, isto é, quando fundada em título judicial na pendência de recurso. A execução provi sória em nada difere da definitiva , pois será realizada em idênticos moldes (art. 475-0, caput).

2. CABIMENTO => a execução provisória tem lugar quando fundada em títulos judiciais.

3. CASOS DE EXECUÇÃO OU CUMPRIMENTO PROVISÓRIO

Comportam execução (ou cumprimento) provisória , ante a ausência de efeito suspensivo do respectivo recurso, os seguintes atos decisórios:

a) SENTENÇAS DE FORÇA CONDENATÓRIA, EXECUTIVA => exemplo quanto à ação de despejo: art. 64, caput, da Lei n° 8.245/91: "... a execução provisória do despejo dependerá...") e mandamental na pendência de apelação recebida tão-só no efeito devolutivo;

b) SENTENÇA ATACADA POR APELAÇÃO NÃO RECEBIDA EM 1º GRAU E NA PENDÊNCIA DE AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA ESTA ÚLTIMA DECISÃO;

c) DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS => por duas razões: 1) quando agravada a decisão interlocutória e ao agravo não se tenha atribuído efeito suspensivo (art. 558: O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão civil, adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da turma ou câmara); 2) pela au-sência de impugnação a interlocutória é atingida apenas pela preclusão, o que importa dizer que o provimento final poderá alterá-la);

d) ACÓRDÃOS UNÂNIMES E NÃO EMBARGADOS, mas que foram objeto de RECURSO ESPECIAL E DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO (art. 542, § 2°: Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito devolutivo);

e) QUANDO O RECURSO FOR PARCIAL => A PARTE DA SENTENÇA OU DO ACÓRDÃO QUE TENHA SIDO OBJETO DE RECURSO RECEBIDO NO EFEITO DEVOLUTIVO (art. 505: A sentença pode ser impugnada no todo ou em parte). A execução provisória será apenas quanto a parte recorrida.

MODALIDADES DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA

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Para que haja execução provisória, é necessário a conjugação de dois indispensáveis requisitos:A) QUE HAJA AÇÃO EXECUTIVA BASEADA EM TÍTULO JUDICIAL;B) QUE SE CONTE COM UMA SENTENÇA QUE NÃO PASSOU EM JULGADO => posto que pendente de

apreciação de recurso recebido no efeito meramente devolutivo.Assim, há execução provisória:

a) QUANDO INTERPOSTO E ADMITIDO RECURSO EXTRAORDINÁRIO OU ESPECIAL (arts. 497 e 542, § 2°);

b) QUANDO INTERPOSTO AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO DENEGATÓRIA DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO OU ESPECIAL (art. 544);

c) QUANDO INTERPOSTA APELAÇÃO RECEBIDA NO EFEITO APENAS DEVOLUTIVO (art. 520);d) QUANDO INTERPOSTO AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA O NÃO-RECEBIMENTO DE APELAÇÃO.

SENTENÇA CONDENATÓRIA SUJEITA A JULGAMENTO DE RECURSO => desde que a sentença condenatória ainda esteja sujeita a julgamento de recurso, provisória tem de ser a execução em face do que está escrito nos arts. 587 e 467 (Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.), devidamente combinados. Sem a preclusão máxima da coisa julgada formal, não pode haver execução definitiva.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO OU ESPECIAL RECEBIDO NO EFEITO MERAMENTE DEVOLUTIVO => no direito anterior, não era provisória a execução de sentença ainda sujeita a recurso extraordinário.37 Hoje, no entanto. verifica-se o contrário. Se o recurso extraordinário ou especial foi recebido no efeito meramente devolutivo (art. 542, § 2°), claro que a execução do acórdão por ele impugnado tem de ser provisória, ex vi do disposto no art. 587. Além do mais, se o recorrido pode requerer carta de sentença para execução do acórdão recorrido, porquanto, admitidos ambos os recursos, "os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça (art. 543, caput), provisória tem de ser a execução, em face do que preceitua o art. 475-I, falando que se fará "a execução provisória, nos autos suplementares, onde os houver, ou por carta de sentença".

Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo.§ 1º É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo.§ 2º Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.

Certo é que o art. 497 declara que o recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a execução da sentença. Está evidente, no entanto, ante os textos legais acima lembrados, que essa execução em causa é a provisória.

APELAÇÃO E EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: I - homologar a divisão ou a demarcação;II - condenar à prestação de alimentos; III - (Revogado pela Lei n.º 11.232 de 22.12.2005). IV - decidir o processo cautelar; V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes;VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem;VII – confirmar a antecipação dos efeitos da tutela.

37 Cf. MARTINS, Pedro Batista. Recursos e processos da competência originária dos tribunais, 1957, pp. 159 a 161

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Art. 521. Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá inovar no processo; recebida só no efeito devolutivo, o apelado poderá promover, desde logo, a execução provisória da sentença, extraindo a respectiva carta.

O artigo 521, do CPC, acima transcrito, estatui que: recebida apelação no efeito apenas devolutivo, o apelado poderá promover, desde logo, a execução provisória da sentença, extraindo a respectiva carta. Também em autos suplementares, se houver, pode promover-se a execução provisória da sentença apelada.

Cabe, assim, a execução provisória de sentença apelada que:a) HOMOLOGAR A DIVISÃO OU A DEMARCAÇÃO; b) CONDENAR À PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS38;c) DECIDIR O PROCESSO CAUTELAR;d) REJEITAR LIMINARMENTE EMBARGOS À EXECUÇÃO OU JULGÁ-LOS IMPROCEDENTES;e) JULGAR PROCEDENTE O PEDIDO DE INSTITUIÇÃO DE ARBITRAGEM;f) CONFIRMAR A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. EMBARGOS À EXECUÇÃO REJEITADOS LIMINARMENTE OU JULGADOS IMPROCEDENTES => no

inciso V do art. 520, menciona-se a sentença que, rejeitar liminarmente os embargos à execução ou julgá-los improcedentes. Isso ocorrendo, a execução que ficara suspensa com a propositura dos embargos retoma o seu curso, mas sob a forma de execução provisória. Como os embargos correm em autos separados (art. 736: O devedor poderá opor-se à execução por meio de embargos, que serão autuados em apenso aos autos do processo principal), não há execução com carta de sentença, salvo se ordenada, por necessária, a subida dos autos do processo executivo. Cabe registrar que, nesse caso, a execução baseada em título extrajudicial, que começara como definitiva, torna-se provisória, o que ocorre, no entanto, não em razão do título executivo, mas em virtude dos embargos que foram opostos.

EXECUÇÃO DE DECISÃO PROLATADA EM PROCESSO CAUTELAR => em relação ao inciso IV do art. 520, está evidente que se cuida das espécies em que a medida cautelar contém providências executórias.

EXECUÇÃO DE SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE DIVISÃO OU DE DEMARCAÇÃO => quanto ao inciso I do art. 520, cumpre observar que a sentença homologatória tem natureza constitutiva, pelo que não é exeqüível. No entanto, se contra a sentença for interposta apelação não admitida pelo juiz e a seguir o vencido ingressar com agravo de instrumento, a execução provisória será admissível, mas se processará nos próprios autos do processo condenatório, uma vez que o recurso interposto é o de agravo de instrumento.

EXECUÇÃO DE SENTENÇA QUE JULGAR PROCEDENTE O PEDIDO DE INSTITUIÇÃO DE ARBITRAGEM => também será recebida só no efeito devolutivo a apelação interposta contra a sentença que julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem, para as hipóteses em que, tendo havido negócio jurídico com pacto adjeto de arbitragem por meio de cláusula com promissória, um dos figurantes objeta-se, entretanto, à sua instituição para a composição do litígio consubstanciado em conflito de interesses relativos aos direitos e deveres dele irradiados, de caráter patrimonial, disponível (Lei n° 9.307, de 23 de setembro de 1996, arts. 6°, parágrafo único, e 7°, §§ 1° a 7°).

(*) Na hipótese do art. 520, II, do CPC - condenação à prestação de alimentos – a jurisprudência entende que sua aplicação se circunscreve, unicamente, à ação de alimentos, como também, quando aparece cumulada à ação de investigação de paternidade. Consequentemente, não abrange o dispositivo as ações de indenização por ato ilícito em que haja condenação do réu ao pagamento de pensão (JTA, 185/241).

Discute-se a respeito da execução da sentença que julga procedente ação de redução de alimentos. No Tribunal de Justiça de São Paulo, duas posições existem. Há acórdão em

38 De outra parte, nas ações de investigação de paternidade, cumulada com ação de alimentos, importante observar o seguinte. Alimentos são devidos, no Direito brasileiro, em virtude de parentesco ou de casamento, no campo do direito de Família. Ora, na ação de investigação de paternidade procura-se, exatamente, o reconhecimento da relação de parentesco, para possibilitar a condenação em prestação alimentícia. Se quanto ao pedido principal reconhecimento da paternidade o recurso é recebido em ambos os efeitos, impossível haja execução provisória do pedido secundário e dependente, referente aos alimentos. Como ainda não existe na ordem jurídica a realidade do parentesco, nada justifica a execução provisória de alimentos que da relação de parentesco depende.

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que se decidiu pelo recebimento da apelação em ambos os efeitos (RJT JESP, 130/342), enquanto outro aresto entende deva ser recebido, apenas, no efeito devolutivo, possibilitando a execução provisória do julgado (RJTJESP, 82/274). A segunda orientação parece ser a mais razoável.

PROIBIÇÃO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA

EXECUÇÃO IMEDIATA DE ALGUNS PROVIMENTOS PODERÁ CAUSAR DANO IRREPARÁVEL AO PATRIMÔNIO DO EXECUTADO => nesta hipótese, não se pode levar a efeito a execução, pois poderá provocar lesão mais grave ao executado do que os benefícios pretendidos pelo exeqüente.

O mandado de segurança chegou a ser manejado como remédio rápido e eficaz para realizar direitos, provocando grandes transtornos orçamentários para Fazenda Pública, até sobrevir o art. 5°, § único, da Lei n° 4.348/64, impondo freio à concessão de liminares que visavam o pagamento de vantagens pecuniárias dos servidores públicos.

A lei em comento vinculou a execução ao trânsito em julgado do provimento judicial, visando, com isto, objetar a entrega de quantias elevadas em dinheiro aos impetrantes, sem a garantia de pronta restituição na hipótese de reforma das sentenças concessivas dos mandados de segurança. A Lei n° 9.494/97, em seu art. 2°-B, com a redação da MP n° 2.180-35, de 24.08.2001, ampliou os limites objetivos da execução, quando dispôs: sentença que tenha por objeto a liberação de recurso, inclusão em folha de pagamento, reclassificação, equiparação, concessão de aumento e extensão de vantagens a servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive de suas autarquias e fundações, somente poderá ser executada após seu trânsito em julgado.

Na linha de proteção do erário, o STF proclamou a constitucionalidade do art. 1° da Lei n° 9.494/97 que veda antecipação de tutela contra a Fazenda Pública, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários (Súmula 729/STF:A decisão na ação direta de constitucionalidade 4 não se aplica à antecipação de tutela em causa de natureza previdenciária).

IMPEDIMENTO À EXECUÇÃO PROVISÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA NA CF/88 (art. 100) => refere-se somente a sentença transitada em julgado quando trata da previsão orçamentária para pagamento dos débitos da Fazenda Pública, decorrentes de decisão judicial. Mesmo para os débitos de pequeno valor, exige-se o trânsito em julgado, conforme dispõe a parte final do art. 100, § 3° da CF/88.

STF rejeita a execução imediata, inclusive das quantias incontroversas apuradas na liquidação, na pendência de recurso.

STJ também passou a rejeitar, tout court, a execução provisória contra a Fazenda Pública.

PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA

O art. 475-O reclama interpretação conjunta com o art. 475-I, caput, a saber: o cumprimento das ordens judiciais, o das prestações de entrega de coisa e o das prestações de fazer, seguirá o disposto no art. 461 e no art. 461-A, enquanto o das prestações pecuniárias se governará pelo Capítulo X e, supletivamente, pelas disposições do Livro II (art. 475-R). Isto importa dizer que, também na execução provisória, a forma e a ordem dos atos executivos se alteram a critério do juiz, consoante as necessidades práticas da realização dos comandos judiciais. O exeqüente empregará na execução provisória, assim como na execução definitiva, os meios executórios legalmente predispostos.

Exemplo: na prestação pecuniária alimentar o credor indicará, no requerimento da execução (art. 475-I, caput, c/c art. 615, I), o meio executivo (desconto, prisão ou expropriação - artigos 16, 17 e 18 da Lei n° 5.478/68). Optando pela expropriação, haja vista a existência de dinheiro no patrimônio do executado, ou porque inadmissível o meio da prisão, a teor da Súmula n° 306, do STJ, então se aplicará o procedimento do art. 475-J.

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RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO EXEQÜENTE

A execução provisória corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente (art. 475-O, I), que se obrigará a reparar eventuais danos sofridos pelo executado em caso de reforma do título exeqüendo. A responsabilidade decorre de possíveis cismas causados ao patrimônio do devedor, em decorrência dos atos de executivos levados a efeito, enquanto provisória a execução. Se dos atos de execução não resultou qualquer prejuízo para o executado, nada há a reclamar do exeqüente, pois o simples fato de se promover a execução provisória não rende ensejo a indenização. É, pois, o prejuízo comprovado que exige reparação.

OBRIGATORIEDADE DA LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO => os prejuízos suportados pelo executado na execução provisória serão definidos em liquidação por arbitramento, conforme dispõe o art. 475-O, lI, in fine: eventuais prejuízos serão liquidados por arbitramento, nos mesmos autos.A regra prevista no inciso II do art. 475-O somente será aplicada na hipótese de

provimento total do recurso do executado, pois no caso de provimento parcial, subsiste a pretensão à execução do exeqüente, inobstante o surgimento da pretensão à liquidação a favor do executado. Há de se considerar o objeto do provimento do recurso, considerando a hipótese de reforma parcial e a existência de liquidação de sentença e a execução provisória em curso. Nesta hipótese, extinguir-se-á a liquidação, mão não a execução, o que libera o liquidante do dever de indenizar a outra parte.

PRESSUPOSTOS DA SATISFAÇÃO DO EXEQÜENTE

Decorridos os 15 dias assinados para o executado apresentar sua impugnação (art. 475-I, § 1°, c/c art. 475-L), com ou sem a apresentação desta, a execução provisória retomará seu curso normal, observado o procedimento cabível. Apresentada que seja a impugnação, que via de regra não tem efeito suspensivo, prossegue-se com os atos executivos.

Poderá o magistrado, nos termos do art. 475-M, caput, atribuir efeito suspensivo à impugnação, desde que esta preencha 2 requisitos:1. a relevância dos seus fundamentos;2. qualificado receio de a execução provocar grave dano ao executado.

PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA QUANDO A IMPUGNAÇÃO FOI RECEBIDA COM EFEITO SUSPENSIVO => o exeqüente poderá liberar-se dos entraves impostos pelo efeito suspensivo atribuído à impugnação, mediante a PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO (art. 475-M, § 1°).

ATOS POSTERIORES => tratando-se de prestação pecuniária, os atos posteriores dependerão do objeto da condenação e há duas variantes possíveis no caso de prosseguimento da execução:

1. a penhora recaiu sobre dinheiro => passa-se à fase final, atribuindo-se ou distribuindo-se a quantia devida a cada exeqüente;

2. a penhora recaiu sobre bem diverso de dinheiro => passa-se à fase de avaliação e a alienação (praça ou leilão) do bem penhorado (arts. 680 e segs.).

A PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO É IMPRESCINDÍVEL SEMPRE QUE HOUVER ALTERAÇÃO OU POSSA PROVOCAR GRAVE DANO AO NO PATRIMÔNIO DO EXECUTADO => conforme dispõe o art. 475-O, III, é compulsória a prestação de caução suficiente e idônea nos próprios autos para que a execução provisória possa chegar à fase final (art. 708), isto é, para que o exeqüente possa:

a) levantar o dinheiro penhorado;b) promover a alienação judicial do bem penhorado;c) levantar o dinheiro fruto da alienação do bem penhorado (art. 716);d) realizar outros atos executivos (exemplo: desapossar o executado da coisa; constranger o

devedor ao comportamento devido, demolir a construção ilícita, impedir, no prédio vizinho, a atividade nociva à segurança e ao sossego do exeqüente e de sua família).

No tocante à exigência de caução suficiente e idônea, 2 vertentes devem ser consideradas:

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1. PRIMEIRA HIPÓTESE: EXEQÜENTE DISPÕE DE PATRIMÔNIO SUFICIENTE PARA PRESTAR CAUÇÃO => em princípio, não importa a qualidade do exeqüente e sua solvabilidade, mas o dano potencial à parte adversa. No entanto, por certo será levado em conta a posição de solvabilidade do exeqüente. Exemplo: um banco ou uma sociedade de economia mista, tem força patrimonial suficiente para garantir eventual indenização, provado o dano potencial ao devedor, o que, em tese, poderia dispensar a caução. Ainda assim, hão de caucionar a execução provisória, pois o inciso III do art. 475-O, não distingue a força patrimonial do exeqüente, mas sim o possível dano ao executado;

2. SEGUNDA HIPÓTESE: EXEQÜENTE NÃO CONTA COM PATRIMÔNIO SUFICIENTE PARA PRESTAR CAUÇÃO => não raras as vezes em que o exeqüente carece de meios para prestar caução. Sob pena de pré-excluir a maioria da população brasileira, para se permitir execução provisoriamente por exeqüentes que tais, caberá ao juiz, recorrendo ao princípio da proporcionalidade e aquilatando a plausibilidade da vitória final do credor/necessitado, dispensar a caução, limitando, por conseguinte, a incidência do art. 475-O, III. Exemplo: pessoa necessitada e desprovida de patrimônio, litigando com o auxílio do benefício da gratuidade (situações análogas: depósito prévio da rescisória e caução do autor da possessória).

AVALIAÇÃO DO JUIZ NO TOCANTE À NECESSIDADE DA CAUÇÃO => para aquilatar a necessidade de o exeqüente prestar caução, o juiz deverá considerar não só o receio de dano ao executado e a plausibilidade do provimento do recurso pendente o art. 475-0, III, sugere que escapará à,. Na verdade, porém, os dois elementos se combinam e equilibram, a seu modo, os pratos da balança: quanto mais intenso o receio de dano, menos interessam a natureza do recurso pendente e as expectativas de sucesso do executado; quanto mais provável for o provimento do recurso, maior o receio de se produzir dano ao executado.

DISPENSA DA CAUÇÃO PARA FAZENDA PÚBLICA => presume-se a solvabilidade das pessoas jurídicas de direito público, o que importa dizer que não surgem "os mesmos riscos e responsabilidades atribuídos aos demais credores comuns”, o que, em tese, dispensa a exigência de prestação de caução.

DISPENSA DA CAUÇÃO PARA DÍVIDAS DE NATUREZA ALIMENTAR OU DECORRENTE DE ATO ILÍCITO => é o que impõe o art. 475-O, § 2°, I. No caso de dívida de natureza alimentar, dois fatores devem ser levados em conta:

a) o limite de 60 vezes o valor do salário mínimo (em outras situações, considerado de pequeno valor - art. 275, I);

b) a necessidade comprovada do exeqüente.1. A dispensa da caução também se justifica para o crédito decorrente do ilícito contra a

pessoa, tendo em vista que este já tem natureza alimentar, conforme explicitam os arts. 100, § 1°-A, da CF/88 e 948, II, e 950, caput, do CC/02. A jurisprudência do STJ já é assente nesse sentido: "Em se tratando de execução provisória de crédito de natureza alimentar contra a Fazenda Pública, é inexigível a prestação de caução"39.

2. Outro caso de dispensa da caução para o exeqüente satisfazer seu crédito, levantando dinheiro ou alienando o bem penhorado está no art. 475-O, § 2°, II. Trata-se da existência de agravo de instrumento para o STF ou para o STJ, ante a inadmissão do recurso especial ou recurso extraordinário (art. 544).

3. Pendendo de apreciação um agravo no STF ou no STJ e que não tenha maiores chances de êxito, o prosseguimento da execução dispensa a prestação de caução, não importando a natureza e o valor do crédito, mesmo nas hipóteses anteriores. Exemplo: se o valor ultrapasse o teto de 60 salários mínimos, desnecessária a caução.

RESTITUIÇÃO AO ESTADO ANTERIOR

Sobrevindo acórdão que modifique ou anule, no todo ou em parte, o provimento sob execução (art. 475-O, II), deverá ser recomposta a situação das partes na hipótese de terem ocorrido alterações em função da execução provisória.

39 6ª Turma do STJ, AgRg no Ag n° 479.553-SP 01.04.2003, ReI. Min. Paulo Medina, DJU 05.05.2003, p. 333.

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Qualquer que seja o estágio atingido pela execução provisória, concebem-se dois termos de alternativa:

1. executado obtém êxito no recurso pendente;2. o provimento exeqüível se torna imutável pela aquisição da eficácia de coisa julgada,

hipótese em que a execução provisória se transformará automaticamente em definitiva, desfazendo a caução prestada (art. 475-O, III).

3. na hipótese de provimento do recurso pendente, há de se considerar se:a) A REFORMA PARCIAL => a execução prosseguirá de forma definitiva apenas em relação ao

crédito remanescente, sem embargo de surgir para o executado pretensão à liquidação do dano por arbitramento (art. 475-O, II, in fine);

b) A REFORMA TOTAL => extingue-se a execução provisória e surge, em favor do executado, a pretensão à liquidação dos danos, bem como o direito de pleitear a devolução das coisas ao estado anterior à execução. Exemplo: o exeqüente terá que restituir os valores recebidos, com correção e juros, sob pena de sofrer execução.

4. CONSEQÜECIAS DA REFORMA TOTAL DA DECISÃO EXEQÜENDA => com o provimento total do recurso, as conseqüências são:

a) liberam-se os bens penhorados e ainda não alienados;b) desconstitui-se o usufruto forçado, perante o qual se segue idêntico dever de reembolsar

as quantias recebidas;c) restitui-se a coisa levantada;d) libera-se o executado do comportamento devido, desfazendo-se os atos materiais dele

conseqüentes. Exemplo: demolição do muro e retorno da linha divisória ao seu traçado original.

5. TERCEIRO E O PROVIMENTO TOTAL DO RECURSO => as conseqüências são:a) a execução provisória já alcançara a fase da alienação dos bens penhorados => verificar

se o retorno ao estado anterior atinge o terceiro;b) na hipótese de adjudicação do bem => desfaz-se o acordo de transmissão e resolve-se o

domínio;c) terceiro arrematante => a extinção da execução provisória, gera efeitos obrigacionais entre

as partes mas não para o arrematante (art. 686, V).

PROCEDIMENTO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA

A execução provisória tem tramitação semelhante à reservada para a execução definitiva. Todavia, cumpre ao exeqüente, preliminarmente:

1. PRESTAR CAUÇÃO PARA GARANTIR O DEVEDOR, NA HIPÓTESE DE ACABAR REFORMADA, no juízo ad quem, a sentença que se está executando;

2. CORRE EM AUTOS SUPLEMENTARES, QUANDO OS HOUVER, OU EM AUTOS INICIALMENTE FORMADOS COM CARTA DE SENTENÇA (art. 484: A execução far-se-á por carta de sentença extraída dos autos da homologação e obedecerá às regras estabelecidas para a execução da sentença nacional da mesma natureza).

3. A CAUÇÃO SERÁ PRESTADA EM AUTOS APARTADOS, COMO PROVIDÊNCIA PREPARATÓRIA DO PROCESSO EXECUTIVO, atendendo-se ao que vem disposto na Seção III do Capítulo lI, Título único do Livro III do CPC (arts. 826 a 838).

Art. 826. A caução pode ser real40 ou fidejussória41.

Art. 827. Quando a lei não determinar a espécie de caução, esta poderá ser prestada mediante depósito em dinheiro, papéis de crédito, títulos da União ou dos Estados, pedras e metais preciosos, hipoteca, penhor e fiança.

40 CAUÇÃO REAL => é aquela que se funda em direitos reais de garantia, como hipoteca, penhor, anticrese ou depósito em dinheiro, quer em títulos de crédito, quer em títulos da dívida pública.41 CAUÇÃO FIDEIJUSSÓRIA => é aquela que se funda em direitos reais de garantia, como hipoteca, penhor, anticrese ou depósito em dinheiro, quer em títulos de crédito, quer em títulos da dívida pública.

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Art. 828. A caução pode ser prestada pelo interessado ou por terceiro.

Art. 829. Aquele que for obrigado a dar caução requererá a citação da pessoa a favor de quem tiver de ser prestada, indicando na petição inicial:I - o valor a caucionar;II - o modo pelo qual a caução vai ser prestada;III - a estimativa dos bens;IV - a prova da suficiência da caução ou da idoneidade do fiador.

Na execução provisória, não se permite a prática de atos que importem em alienação do domínio, como, verbi gratia, a adjudicação ou a arrematação.

Art. 685. Após a avaliação, poderá mandar o juiz, a requerimento do interessado e ouvida a parte contrária:I - reduzir a penhora aos bens suficientes, ou transferi-la para outros, que bastem à execução, se o valor dos penhorados for consideravelmente superior ao crédito do exeqüente e acessórios;II - ampliar a penhora, ou transferi-la para outros bens mais valiosos, se o valor dos penhorados for inferior ao referido crédito.Parágrafo único . Uma vez cumpridas essas providências, o juiz mandará publicar os editais de praça.

REQUERIMENTO INICIAL DA EXECUÇÃO

A execução provisória corre por iniciativa do exeqüente (art. 475-O, I). Mesmo passando a fase do processo de conhecimento, ainda assim se preserva a iniciativa da parte, em respeito ao princípio da inércia da jurisdição.

Ao requerer a execução, conforme reza o art. 475-O, I, o exeqüente especificará o caráter definitivo ou provisório da execução.

OPORTUNIDADE DO REQUERIMENTO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA

TERMO INICIAL => é fácil precisar o termo inicial para o requerimento da execução provisória, pois ele surge no momento em que o recurso que ataca a decisão condenatória for recebido no efeito meramente devolutivo, comprovado mediante certidão apresentado pelo credor (art. 475-O, § 3º, II. Como a regra atual é a ausência de efeito suspensivo do recurso (art. 520, caput, 1ª parte: A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que; art. 542, § 2°: Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito devolutivo., c/c art. 497: O recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a execução da sentença; a interposição do agravo de instrumento não obsta o andamento do processo, ressalvado o disposto no art. 558 desta Lei), compete ao vitorioso dar início à execução provisória desde a emissão do pronunciamento (sentença, acórdão ou decisão) sujeito a recurso desprovido de efeito suspensivo. Assim, o credor terá de aguardar o pronunciamento judicial, quanto ao recebimento do recurso, para verificar se a interposição obsta ou não a eficácia do provimento.

TERMO FINIAL => mais complexo é determinar o termo final, pois a lei não o aponta, deixando para a doutrina e a jurisprudência o determinarem a partir dos casos em concreto. Assim, para a apresentação do requerimento do credor pleiteando a execução provisória, tem-se que, como constitui faculdade do vitorioso, este poderá exercê-la até antes do trânsito em julgado, tendo em vista que após o trânsito, somente é admissível a execução na modalidade definitiva.

AUTOS DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA

AUTOS APARTADOS – NECESSIDADE => da leitura do § 3º do art. 475-O: Ao requerer a execução provisória, o exeqüente instruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado valer-se do disposto na parte final do

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art. 544, § 1o: infere-se que a partir do requerimento do exeqüente será formado autos apartados, pois o seu requerimento deverá ser instruído com as seguintes peças obrigatórias:

A) SENTENÇA OU ACÓRDÃO EXEQÜENDO;B) CERTIDÃO DE INTERPOSIÇÃO DO RECURSO NÃO DOTADO DE EFEITO SUSPENSIVO;C) PROCURAÇÕES OUTORGADAS PELAS PARTES;D) DECISÃO DE HABILITAÇÃO, SE FOR O CASO;E) OUTRAS PEÇAS INDISPENSÁVEIS AO ESCLARECIMENTO DOS LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA

FUTURA EXECUÇÃO, SENDO ESTA ÚLTIMA FACULTATIVA. AUTENTICAÇÃO DOS DOCUMENTOS => os documentos que acompanham o requerimento

inicial deverão vir devidamente autenticados, ainda que por declaração do advogado do exeqüente, declaração esta de inteira responsabilidade pessoal do advogado (art. 475-O, § 3º, caput, c/c art. 544, § 1°, in fine).

AUTOS APARTADOS NA EXECUÇÃO DEFINITIVA. NECESSIDADE => não se descarta a possibilidade de o exeqüente necessitar formar autos apartados para promover a execução definitiva, hipótese em que precisará valer dos elementos indicados no art. 475-O, § 3º, para instruir o seu requerimento. Exemplo: quando o credor optar por promover, simultaneamente, a execução do capítulo líquido do título e a liquidação do capítulo dotado de condenação genérica, conforme lhe autoriza o art. 475-I, § 2°. Nesta hipótese, para evitar tumulto procedimental que se verifica entre a execução e a liquidação de sentença genérica, a solução passa pela formação de autos apartados.

AUTOS APARTADOS NA EXECUÇÃO PROVISÓRIA . DESNECESSIDADE => às vezes não necessário formar autos apartados para a execução provisória. Semelhante hipótese se verifica quando não for recebida a apelação ou os recursos especial e extraordinário, decisão que rende ensejo ao agravo de instrumento processado em autos próprios. Seja pelo indeferimento dos recursos, seja pela interposição de agravo de instrumento os autos originais ficam livres e desembaraçados para prosseguir com a execução provisória.

IMPUGNAÇÃO DO EXECUTADO

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.§ 1º Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias.§ 2º Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de conhecimentos especializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe breve prazo para a entrega do laudo.§ 3º O exeqüente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados.§ 4º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa de dez por cento incidirá sobre o restante.§ 5º Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte.

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre:I - falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia;II - inexigibilidade do título;III - penhora incorreta ou avaliação errônea;IV - ilegitimidade das partes;V - excesso de execução;

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VI - qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença.§ 1º Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal (CONSELHO FEDERAL DA OAB AJUIZOU ADIN NO STF CONTRA ESTE PARÁGRAFO: N.º 3.740 – RELATOR MIN. CEZAR PELUSO => COLHENDO INFORMAÇÕES DO CONGRESSO E DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA - SEM SOLUÇÃO ATÉ ESTA DATA: 08.09.06).§ 2º Quando o executado alegar que o exeqüente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação.

CABIMENTO E MOMENTO DA IMPUGNAÇÃO NA EXECUÇÃO PROVISÓRIA => conforme se infere da leitura do inciso III do art. 475-O, o limite da execução provisória é o próprio levantamento dos valores penhorados ou auferidos com a alienação dos bens penhorados, exigindo-se, neste caso, a prestação de caução suficiente e idônea.

Considerando que o cabimento da impugnação surge após a intimação do devedor pela realização de penhora de bens do seu patrimônio (§ 1º do art. 475-J), e considerando que a execução provisória vai além dos atos de penhora, óbvio está que, após a intimação o executado poderá este impugnar a execução provisória ou definitiva, com fundamento nos incisos do a art. 475-L.

SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA IMPUGNADA

Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.§ 1º Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente requerer o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos.§ 2º Deferido efeito suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos próprios autos e, caso contrário, em autos apartados.§ 3º A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação.

A simples interposição da impugnação não obsta o prosseguimento da execução, tendo em vista que, em regra, será recebida sem efeito suspensivo. No entanto, o legislador facultou ao juiz atribuir efeito suspensivo à impugnação, desde que “relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação” (art. 475-M, caput).

A suspensão da execução provisória perdurará, pelo menos, até a solução da impugnação em primeiro grau, ou até o julgamento do agravo quando, rejeitada a impugnação e interposto agravo de instrumento (art. 475-M, § 3°), a este for atribuído efeito suspensivo pelo relator (art. 558, caput).

EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA IMPUGNADA

É perfeitamente admissível que o juiz, ao acolher a impugnação, decrete a extinção da execução provisória, dependendo, apenas, dos fundamentos argüidos na impugnação e acolhidos pelo juiz.

Também extinta estará a execução provisória caso sobrevenha provimento do recurso e a reforma total da decisão recorrida, eis que desaparece o próprio título.

CONVERSÃO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA EM DEFINITIVA

Quando desprovido o recurso que pendia de julgamento e se preclui as vias recursais, sobrevindo o trânsito em julgado. A conversão será automática. Nesta hipótese, se houve

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prestação de caução, desaparecem os motivos ensejadores desta e, via de conseqüência, desfaz-se a caução prestada nos termos do art. 475-O, III.

EXCESSO DE EXECUÇÃO DEMONSTRADO NA IMPUGNAÇÃO

verificando-se que houve excesso de execução, reduzir-se-á o quantum debeatur pre-tendido pelo exeqüente, limitando-se a penhora ao montante real do crédito. O excesso de execução também poderá decorrer de provimento parcial de recurso interposto contra o título exeqüendo, fixando em valor menor a condenação, o que importará, também, na redução da penhora.

LIMITES DO PROCESSO EXECUTIVO QUANDO A EXECUÇÃO FOR PROVISÓRIA

AVALIAÇÃO DOS BENS => o processo executivo irá até a avaliação, se assim o quiser o exeqüente, e poderão ser aplicadas as providências mencionadas nos incisos I e II do art. 685, acima transcrito.

PUBLICAÇÃO DO EDITAL DE PRAÇA OU DE LEILÃO => não se publicará o edital de praça ou de leilão dos bens penhorados e avaliados.

LEVANTAMENTO DOS DEPÓSITOS => o exeqüente não poderá fazer o levantamento de depósito em dinheiro (art. 475-O, III), a não ser que preste caução idônea (real ou fidejussória), nos autos da própria execução.

EXECUÇÃO PROVISÓRIA PARA A ENTREGA DE COISA CERTA (arts. 621 a 628) => não há falar em alienação do domínio, pelo que não incide, nesse caso, a regra do art. 475-O, III: o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

EXECUÇÃO PROVISÓRIA E A REFORMA DO JULGADO => sobrevindo julgamento do juízo ad quem, que reforme a sentença recorrida, tudo volta ao status quo ante, conforme regra do art. 475, II, in verbis: fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento.

CONVERSÃO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA EM DEFINITIVA => se a sentença recorrida ficar mantida no juízo do recurso, a execução se transforma em definitiva, pelo que o exeqüente poderá requerer:

a) que a caução42 fique extinta;

b) que o processo executivo retome seu curso, se ficou paralisada no momento de serem praticados atos de alienação.

DA RESPONSABILIDADE DO EXEQÜENTE

Preceitua o art. 475-O, I, do CPC, que a execução provisória "corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido". Por outro lado, o inciso II do mesmo artigo determina que as coisas se restituirão ao estado anterior, se anulada ou modificada a sentença exeqüenda.

Como diz Amilcar de Castro43:se o efeito devolutivo do recurso devolve o conhecimento da causa e suas dependências ao tribunal superior, provocando novo julgamento, tudo o que houver sido mudado com base na sentença reformada deverá ser reposto no antigo estado. Evidentemente, a execução

42 Quanto à caução prevista no inciso III do art. 475-O, do CPC, cumpre esclarecer que não será prestada no início da execução. Somente é exigida, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, se por força da execução provisória haja alteração na situação jurídica do vencido. Em suma: "Na execução provisória, enquanto o executado não sofre ameaça ou perda de posse ou domínio nos bens penhorados, não se toma exigível a caução" (RSTJ, 71/188). Daí a correta observação de THEOTONIO NEGRÃO: Assim, nada impede o prosseguimento da execução provisória até a fase do leilão, independentemente, de caução (JT J, 162/56) ou, mesmo, "até o momento do levantamento do dinheiro ou bens" (RSTJ, 89/81) (ob. cit., nota 1 b. ao art. 588, p. 489).43 CASTRO, Amilcar de. Comentários ao código de processo civil. v. 10. p. 18.

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provisória só ficará sem efeito naquilo em que for contrária à modificação operada pelo jul-gado posterior. Ficam também sem efeito todos os atos executivos praticados em execução provisória quando se anula a sentença exeqüenda, pois, neste caso, restituem-se as partes ao estado em que se encontravam antes da referida sentença.

Restaurado o statu quo ante, fica o exeqüente obrigado a indenizar o executado. Cumpre assim àquele não só devolver a este o que acaso tenha recebido, como ainda ressarci-lo de todos os danos causados.

A execução provisória é constitutiva de um risco que produz a responsabilidade do exeqüente pelos danos que o executado sofrer.

A responsabilidade do credor é a que deriva da obrigação de reparar o dano processual, pelo que se aplica, para o cumprimento dessa obrigação, o que dispõe o CPC em seu art. 18:

Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despesas que efetuou. § 1o Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.§ 2o O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não superior a 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento.

Não havendo elementos para declarar-se, desde logo, o valor da indenização, o juiz mandará liquidá-lo por arbitramento (art. 18, § 2º) nos próprios autos da execução provisória. A caução prestada cobrirá o montante total dos prejuízos, ao que se acrescentará a importância necessária, se insuficiente aquela o for; para a sua reparação integral. Confirmada a sentença recorrida, a execução provisória se transforma em definitiva.

CARTA DE SENTENÇA

CONCEITO E DIVISÃOPereira e Sousa leciona que: o processo da execução forma-se em virtude da sentença

que se extrai dos autos. Extrai-se dos autos o instrumento da sentença, assinado pelo juiz que a proferiu, ou por aquele que em seu lugar serve.44

A carta de sentença é justamente esse instrumento da sentença que se extrai dos autos, para a formalização de título executivo judicial. Outrora, a carta de sentença constituía a base fundamental de todo processo de execução, salvo nos casos em que era expressamente dispensada.

Atualmente, como a execução definitiva deve ser feita nos autos principais que se formaram no curso do processo condenatório, a carta de sentença, como instrumento de título executivo, só se torna necessária na execução provisória (e assim mesmo quando não houver autos suplementares) e nos casos especiais que a lei designar.

As cartas de sentença são, portanto, de duas espécies:a) cartas de sentença ordinárias ou comuns;b) cartas de sentença especiais. CARTA DE SENTENÇA COMUM OU ORDINÁRIA => é a que serve de base à instauração de

execução provisória, enquanto especial é a carta de sentença que tenha outro objetivo ou causa finalis, como nos casos apontados de execução definitiva do julgamento estrangeiro e de cumprimento de decisão interlocutória.

CARTA DE SENTENÇA ESPECIAL PARA EXECUÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA => é aquela que não se destina a servir de base à execução provisória. É o que se verifica, em primeiro lugar, com a carta de sentença expedida para executar-se sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (CPC, art. 484: A execução far-se-á por

44 SOUSA, Pereira e. Primeiras linhas sobre o processo civil, 1863, tomo III, § 384 e nota 759.

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carta de sentença extraída dos autos da homologação e obedecerá às regras estabelecidas para a execução da sentença nacional da mesma natureza). No caso, a execução é definitiva; mas, como a homologação se faz no Superior Tribunal de Justiça e a execução perante juiz de primeira instância, não pode esta ter curso nos autos do processo principal. Donde a necessidade de instrumento que formalize o título executivo judicial, o qual, em nosso Direito, é a carta de sentença, por força das normas já mencionadas.

CARTA DE SENTENÇA ESPECIAL PARA CUMPRIMENTO DE DECISÃO INTERLOCUTÓRIA => modalidade de carta que se expede para o cumprimento de decisão interlocutória, contra a qual foi interposto e recebido recurso especial. No caso, não há título executivo e a carta de sentença tem por finalidade servir de base à continuação do processo, no juízo de primeiro grau.

Reformada em apelação, por exemplo: a sentença que anulou o processo, e, a seguir, interposto e recebido o recurso extraordinário ou o especial, pode ser extraída carta de sentença para o processo retomar seu curso, em primeira instância, uma vez que o apelo extraordinário ou especial não tem efeito suspensivo.

REQUISITOS E CONTEÚDO DA CARTA DE SENTENÇA

A Carta de sentença comum deve conter:1. a autuação e cópia autêntica;2. o traslado ou certidão das peças ou atos processuais a seguir elencados:a) petição inicial;b) procuração das partes concedida aos respectivos advogados;c) contestação, se for o caso;d) sentença exeqüenda;e) despacho de admissibilidade do recurso interposto;f) e, se houver habilitação (artigo 1055 a 1062), a carta conterá a sentença que a julgou.

Na carta de sentença extraída para execução provisória de acórdão sujeito ao julgamento de recurso extraordinário ou especial, a sentença exeqüenda é o acórdão recorrido e a sentença de primeiro grau dele constituir parte integrante, também será trasladada, é o que acontece quando a sentença fica mantida por seus fundamentos ou constitui base e fundamentação de um dos capítulos do julgamento de segundo grau.

A carta de sentença em geral (tanto a comum como especiais) deve ser assinada pelo juiz: trata-se de regra consagrada pela praxe, repetida na doutrina e que também decorre do disposto no art. 202, IV, do CPC que é extensivo às cartas solenes.

CARTA DE SENTENÇA E AUTOS SUPLEMENTARES

A carta de sentença só se faz necessária na situação em que não haja autos suplementares. E isso tanto na hipótese de execução provisória45 de sentença contra a qual se apelou, como naquela de interposição de recurso extraordinário ou especial.

Evidente é, no entanto, que às peças contidas nos autos suplementares devem acrescentar-se o acórdão exeqüendo e o despacho de recebimento do recurso.

LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

JURISPRUDÊNCIA DO STJ

AgRg no Ag 476977/SP; AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2002/0128532-3

Ministro FRANCISCO FALCÃO – Primeira Turma – Julgado em: 11/02/2003 DJ 07.04.2003 p. 248

45 A execução provisória pode correr excepcionalmente nos autos do processo principal - o que se verifica quando há agravo de instrumento fundado no art. 544.

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PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. LIQUIDAÇÃO SENTENÇA. CÁLCULOS. ÍNDICES EXPURGADOS. INCLUSÃO. POSSIBILIDADE.

I - É entendimento assente nesta Corte Superior que a correção monetária nada acrescenta, mas apenas mantém o valor da moeda aviltada pelo processo inflacionário. Nessa esteira de pensamento, legítima e necessária a inclusão de expurgos inflacionários em conta de liquidação de sentença.

II - Agravo regimental a que se nega provimento.

REsp 471660 / MG ; RECURSO ESPECIAL 2002/0125250-5

Relator(a) Ministra NANCY ANDRIGHI (1118) Órgão Julgador: TERCEIRA TURMA

Data do Julgamento 04/02/2003 Data da Publicação/Fonte DJ 10.03.2003 p. 212

Processual Civil. Recurso Especial. Honorários advocatícios. Arbitramento por liquidação. Sentença que utiliza critério diverso. Ofensa à coisa julgada material.

- A sentença transitada em julgado deve ser executada nos exatos termos em que foi proferida, inclusive em relação ao critério utilizado para fixação dos honorários advocatícios. Ocorre ofensa à coisa julgada quando, em sede de liquidação, tais parâmetros restam alterados pelo julgador.

Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação. § 1º Do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa de seu advogado.§ 2º A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes.§ 3º Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso II, alíneas ‘d’ e ‘e’ desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso, fixar de plano, a seu prudente critério, o valor devido.

Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo. § 1º Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até trinta dias para o cumprimento da diligência.§ 2º Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista no art. 362.§ 3º Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária.§ 4º Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3o deste artigo, far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador.

Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando:

I - determinado pela sentença ou convencionado pelas partes;

II - o exigir a natureza do objeto da liquidação.

Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a entrega do laudo. Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de dez dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência.

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Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo.

Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum (art. 272).

Art. 475-G. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.

Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento.

NATUREZA E FORMAS DE LIQUIDAÇÃO

Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico:I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados; II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito; III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.

Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título líquido, certo e exigível.§ 1o Quando o título executivo for sentença, que contenha condenação genérica, proceder-se-á primeiro à sua liquidação.§ 2o Quando na sentença há uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e a liquidação desta.

Conforme se infere do art. 475-A, acima transcrito, promove-se a liquidação da sentença quando desta não constar valor determinado ou não individuar o objeto da condenação. E isso porque é lícito ao autor formular pedido genérico, ao propor ação condenatória, consoante está claro no art. 286 acima, e porque, quando o título executivo for sentença que contenha condenação genérica, proceder-se-á primeiro à sua liquidação.

A liquidação pode ser objeto de pedido incidental complementar ou de ação condenatória destinada a obter a integração da anterior sentença de condenação, mediante a determinação, por ato decisório, do quantum debeatur ou de especificação dos bens demandados.

§ 3º Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária.

A LIQUIDAÇÃO É PROCEDIMENTO COMPLEMENTAR DA SENTENÇA CONDENATÓRIA => a liquidação não se insere no processo executivo nem é incidente deste. Tratando-se de procedimento destinado a completar46 a sentença condenatória, a liquidação não mais se cinge a inciden-te post-decisório do processo de conhecimento, configurando-se como processo condenatório complementar (processo de conhecimento, portanto) para que se forme o título executivo judicial (liquidação por arbitramento ou liquidação por artigos).

A liquidação prepara o título executivo, complementando a sentença condenatória, e não o processo executivo. Errôneo, pois, afirmar-se que se trata de processo preparatório da execução. OBJETO DA LIQUIDAÇÃO => a liquidação é realizada porque a sentença não determinou o

valor da condenação nem lhe individuou o objeto. Logo, a sua causa finalis é a de determinar o valor da condenação ou a de lhe individuar o objeto. o que significa complementar a sentença condenatória como título executivo.

Se a determinação do valor da condenação depender de simples cálculo aritmético, o credor ajuizará a execução instruindo a petição inicial com a demonstração do débito ou memória dos cálculos devidamente atualizados até a data dessa propositura (Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o

46 AFONSO FRAGA leciona que a liquidação visa "completar ou integrar a sentença", sendo, pois, um incidente final da fase instrutiva do pro-cesso", e não "parte da execução", nem "tampouco um incidente da mesma execução" (Execução das sentenças, 1922, pp. 93 e 94).

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pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo.), cumprindo ao executado a objeção a esse cálculo por meio dos embargos do devedor (art.741, V).

Como ao devedor é dada legitimação ativa à execução, assumindo posição idêntica à do exeqüente, também dele será exigível, para esse fim, proceder ao cálculo na forma do art. 475-B, depositando de imediato o valor apurado.

CAUSA DA LIQUIDAÇÃO E TÍTULOS DE LIQUIDAÇÃO OBRIGATÓRIA

LIQUIDEZ => diz-se líquido o crédito quando estiver perfeitamente individualizado, não carecendo de qualquer elemento externo para identificar seu importe.

Entretanto, constata-se em algumas sentenças que está perfeitamente definido o direito ao crédito, mas falta-lhe definir o valor (quantum debeatur). Falta-lhe, pois liquidez, isto é, o objeto da dívida não se encontra suficientemente definido. Nesta hipótese, proceder-se-á à liquidação da sentença conforme dispõe o caput do art. 475-A. Exemplo: sentença em que A condenado a pagar a B, vítima de lesões decorrentes de briga de bar, o que este deixou de ganhar do exercício de sua profissão de médico, durante sua convalescença, por força do impedimento transitório. A sentença deixa de indicar o valor da dívida, o que será apurado em liquidação.

LIQUIDEZ E ESPÉCIES DE OBRIGAÇÃO

Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação.

Por ser mais comum nas prestações pecuniárias, às vezes vinculamos a liquidez às dívidas de dinheiro apenas, o que constitui uma vã ilusão. Este sentimento de dúvida é reforçado pela leitura do caput do art. 475-A, quando consigna: valor devido, o que sugere tratar-se de obrigação exclusivamente pecuniária. No entanto, as prestações genéricas e as prestações de fazer também necessitam de liquidação.

PRESTAÇÕES DE ENTREGA DE COISA DETERMINADA PELO GÊNERO E PELA QUANTIDADE => aplicação do art. 461-A, § 1°: (Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. § 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.). O dispositivo transcrito prevê o incidente de concentração, cabendo ao magistrado fixar o prazo já para a entrega da coisa individuada pelo credor (na inicial) ou pelo devedor, no ato da entrega.

Obrigações de gênero, exemplificadas na coisa incerta (art. 243, CC/02), implicam na escolha da concentração ou individualização para determinar o objeto concreto da prestação. É defeso ao obrigado entregar coisa pior, mas também não lhe será obrigado a entregar a melhor (art. 244, 2ª parte, CC/02). Exemplo: A se obrigou a entregar a B 600 sacas de feijão. A obrigação está perfeitamente individuada pela quantidade e pelo produto, falta apenas definir a qualidade: se do tipo 1, 2 ou 3.

O incidente se resolve da seguinte forma:

1. inicia-se pela identificação da parte que escolherá o produto a ser entregue => quando o título dispuser a quem compete a escolha:

A) SE COUBER AO CREDOR => este individualizará a coisa na petição inicial. Entretanto, permanecendo inerte, o juiz mandará intimá-lo pessoalmente (art. 267, § 1°) e, persistindo a inércia, extingue-se o processo (art. 267, III).

B) SE COUBER AO DEVEDOR => este entregará a coisa devidamente individualizada no prazo em que o juiz assinar. No silêncio do devedor, a escolha passará para o credor, aplicar-se-á, por analogia, o art. 571, § 1°, revertendo a escolha ao credor;

C) SE COUBER A TERCEIRO => este será intimado para fazer a escolha. A inércia do terceiro transfere a escolha para o devedor.

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IMPUGNAÇÃO À ESCOLHA

Configurada violação ao art. 244, 2ª parte, CC/02, isto é, caso tenha ocorrido indicação da coisa pior pelo devedor, ou, da coisa melhor pelo credor, aplica-se subsidiariamente, devidamente autorizado pelo art. 475-R, a regra do art. 630: (Qualquer das partes poderá, em 48 (quarenta e oito) horas, impugnar a escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação.).

INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO => variará conforme a parte que assumiu a escolha:A) ESCOLHA DO EXEQÜENTE => conta-se o prazo da juntada aos autos do mandado de

intimação, ficando suspenso o prazo fixado pelo juiz para entrega da coisa, até a solução do incidente;

B) ESCOLHA A CARGO DO DEVEDOR => o prazo fluirá da intimação da entrega ou do depósito (art. 461-A, § 2°).

AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO NO PRAZO DE 48 HORAS => considera-se como concordância tácita com a individualização.

SOLUÇÃO DO INCIDENTE => será sumária (art. 630, 2ª parte: o juiz decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação), mas o juiz poderá ouvir perito, caso mostre-se necessário (art. 599, I). Poderá optar por inspecionar o bem, ou até determinar a realização da prova técnica, nos casos que se mostrarem mais graves.

RECURSO CABÍVEL

Por se tratar de decisão interlocutória, a solução do incidente rende ensejo ao AGRAVO e não suspenderá a execução.

OBRIGAÇÕES DE FAZER

Também nas obrigações de fazer muitas vezes ocorre uma completa indeterminação. Exemplo: não basta condenar o réu a levantar o muro, é preciso estipular:

a) Como;b) Onde;c) quando fazer o muro.

PONTOS DA CONDENAÇÃO QUE NECESSITAM SER EXPLICADO:

a) definir o material a ser utilizado => se cabe ao condenado erguer o muro de alvenaria ou de madeira;

b) estipular a sua altura;

c) definir o acabamento;

d) definir se o serviço poderá ser executado por terceiro;

e) estipular os "custos da obra”.

LIQUIDEZ E TÍTULO EXTRAJUDICIAL

A falta de liquidez atinge exclusivamente os títulos judiciais. O título extrajudicial ou é líquido ou, não o sendo, não alcança a condição de título, o que

autoriza ao juiz rejeitar liminarmente a execução. No entanto, é perfeitamente possível liquidar prestação pecuniária substitutiva da

prestação originalmente prevista em título extrajudicial. Exemplo: destruída a coisa, apura-se em liquidação o valor da coisa e os prejuízos , conforme autoriza o art. 627, § 2.

Em resumo:

1. EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA CERTA => pressupõe individualização absoluta;

2. EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA INCERTA => se subordinará ao incidente de escolha (art. 629);

3. EXECUÇÃO PARA CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER => tolera a relativa indeterminação das prestações de fazer, cabendo ao exeqüente indicar na petição inicial os pormenores faltantes;

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4. EXECUÇÃO DE PRESTAÇÕES PECUNIÁRIAS => o credor apresentará, juntamente com a inicial, a memória de cálculo do seu crédito alegado (art. 614, II), não influindo o acréscimo de juros na liquidez do título, conforme decisão da 1ª Turma do STF47.

EXCESSO NA PRETENSÃO DO EXEQÜENTE => constatada a hipótese de excesso à execução, cabe ao executado impugnar a execução com fundamento no art. 743, III, c/c art. 475-L, V.

LIQUIDEZ E PEDIDO GENÉRICO

Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico:

I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados;

II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do

fato ilícito;

III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado

pelo réu.

Conforme se infere do artigo acima transcrito, a liquidação do título judicial decorre do pedido genérico do autor. Às vezes o pedido genérico é indispensável em razão dos fatos ensejadores da ação. Exemplo: A sofreu acidente de trânsito, do qual resultou grave lesão corporal, exigindo intervenção cirúrgica e prolongado tratamento fisioterápico para recuperar os movimentos plenos do membro avariado. Visando obter reparação de B, A só poderá apresentar planilha de custos do dano material atualizada até o momento do ajuizamento da demanda, ante a impossibilidade de avaliar as despesas futuras (art. 286, II). Nesta hipótese A poderá formular pedido genérico e, em conseqüência, a sentença também será genérica, o que exigirá liquidação quando da execução.

CONDENAÇÃO GENÉRICA NO PROCESSO COLETIVO => quando se tratar de processo coletivo instaurado em prol de interesses individuais homogêneos (art. 95 da Lei n° 9.078/90).

LIQUIDAÇÃO PODERÁ SER COLETIVA => em se tratando de condenação genérica no processo coletivo, a liquidação da sentença também poderá ser coletiva, conforme se infere do art. 97 da Lei n° 8.078/90. A liquidação, na hipótese, na modalidade por artigos, também se ocupará de identificar os beneficiários da indenização.

Art. 459. O juiz proferirá a sentença, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, o pedido formulado pelo autor. Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito, o juiz decidirá em forma concisa. Parágrafo único. Quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz proferir sentença ilíquida.

TENDÊNCIA PELA VEDAÇÃO DE PEDIDO GENÉRICO E DE PROVIMENTO ILÍQUIDO => é o que se depreende da redação do § único do art. 459, acima transcrito. Quando líquido for o pedido do autor, líquida também deverá ser a sentença. Também o art. 475-A, em seu § 3°, veda a emissão de provimento condenatório genérico nas causas subordinadas ao procedimento sumário e contempladas no art. 275, II, d e e.

SENTENÇA CONDENATÓRIA POR QUANTIA ILÍQUIDA NO JUIZADO ESPECIAL COMUM => a vedação consta dos arts. 38, § único (Não se admitirá, ainda que genérico o pedido) e do art. 52, I, parte inicial (as sentenças serão necessariamente líquidas...), ambos da Lei n° 9.099/95.

CASOS DE LIQUIDAÇÃO OBRIGATÓRIA

SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA => é, por natureza, ilíquida (art. 475-N, II), tendo em vista que o dano civil representa assunto estranho ao processo criminal. Se o legitimado desejar executar no juízo cível a sentença penal condenatória, deverá, obrigatoriamente, liquidar o título, para só então promover a execução.

47 1ª T. STF, RE-108.613-MG, 30.05.89, Rel. Min. Sidney Sanches, RTJSTF, 107/1.310, in ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença. Rio de Janeiro : Forense, 2006.

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QUESTÕES A SEREM APURADAS NA LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA => é no ato da liquidação que se atenderá, dentre as relevantes questões, à participação da vítima no resultado do evento, concorrência de culpas (art. 945 CC/02).

SENTENÇA PROFERIDA EM REVISÃO CRIMINAL => se dela resultou condenação para reparar o dano provocado pela prisão injusta (art. 630, § 1°, do CPP).

Lei n° 9.307/96, Art. 27. A sentença arbitral decidirá sobre a responsabilidade das partes acerca das custas e despesas com a arbitragem, bem como sobre verba decorrente de litigância de má-fé, se for o caso, respeitadas as disposições da convenção de arbitragem, se houver.

SENTENÇA ARBITRAL (art. 475-N, IV) => não se descarta a possibilidade da sentença arbitral merecer a liquidação, muito embora deva primar por pronunciamento condenatório com valor determinado (art. 31, in fine, da Lei n° 9.307/96).

DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS EXEQÜÍVEIS => a exemplo da que condena a parte por litigância de má-fé, às vezes necessitam de liquidação por arbitramento (art. 18, § 2°, in fine).

DANOS PROVOCADOS PELA EXECUÇÃO INJUSTA (art. 574: O credor ressarcirá ao devedor os danos que este sofreu, quando a sentença, passada em julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a obrigação, que deu lugar à execução) => a liquidação deverá ser processada no mesmo processo em que correu a execução, mas às vezes se mostrará impossível de atender.

CONTRADITÓRIO NA LIQUIDAÇÃO

A 4ª Turma do STJ decidiu que a LIQUIDAÇÃO NÃO SE INSERE NO PROCESSO EXECUTIVO, NEM É INCIDENTE DESTE. A execução ou o cumprimento de sentença se ocupam da efetivação dos direitos, portanto, nada se assemelha à liquidação.

CONTRADITÓRIO NA LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO E POR ARTIGOS => assegura-se o contraditório nessas modalidades de liquidação, e o legitimado passivo será chamado por intermédio de intimação a seu advogado (art. 475-A, § 1°, in fine).

CONTRADITÓRIO NA LIQUIDAÇÃO EM SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA, EM SENTENÇA ARBITRAL E EM SENTENÇA ESTRANGEIRA => ocorrerá citação mediante mandado (art. 475-N, § único) ou, eventualmente, por via postal (a despeito do art. 222, d) e por edital, observados os res-pectivos pressupostos de admissibilidade.

INTIMAÇÃO DO ADVOGADO => se o chamamento do réu se der através de intimação ao advogado (art. 475-A, § 1°, in fine), basta a publicação no órgão de divulgação do expediente forense do juízo (art. 236: No Distrito Federal e nas Capitais dos Estados e dos Territórios, consideram-se feitas as intimações pela só publicação dos atos no órgão oficial).

CONTRADITÓRIO NA LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULO DO CREDOR (art. 475-B) => não haverá contraditório preliminar, nem mesmo no caso de o juiz adotar a medida do art. 475-B, § 2°. O controle do quantum debeatur dependerá do oferecimento de impugnação pelo executa-do (art. 475-L, V).

LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação.

§ 1º Do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa de seu advogado.

§ 2º A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes.

§ 3º Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso II, alíneas ‘d’ e ‘e’ desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso, fixar de plano, a seu prudente critério, o valor devido.

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O § 2º do art. 475-A autoriza a liquidação na pendência de recurso, ainda que este tenha sido recebido no efeito suspensivo. Para tanto, a liquidação se processará em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com as cópias da:

A) SENTENÇA OU DO ACÓRDÃO;B) PROCURAÇÃO OUTORGADA PELAS PARTES;C) DECISÃO DE RECEBIMENTO DO RECURSO;D) OUTRAS PEÇAS ÚTEIS. Também se exigirá liquidação em autos apartados, quando se tratar de liquidação de

decisão antecipatória e que tenha sido objeto de agravo recebido no efeito meramente devolutivo ou que já tenha sido julgado pelo tribunal.

A liquidação na pendência de recurso recebido com ou sem efeito suspensivo constitui opção do vencedor e se mostra útil e proveitosa exatamente antes da execução provisória, porque encurta o tempo necessário à satisfação do direito.

A liquidação em si não é provisória, mas definitiva. A expectativa é de que não sobrevenha a reforma da decisão recorrida, mesmo parcial, mantendo o direito expectado.

EXECUÇÃO E LIQUIDAÇÃO SIMULTÂNEAS

Ocorre, com alguma freqüência, provimento judicial de força condenatória que contém parte líquida e outra ilíquida. Exemplo: A pleiteia indenização por dano emergente e por lucros. O juiz condena o réu B ao pagamento de quantia certa quanto ao primeiro pedido (dano emergente), mas dispõe genericamente acerca dos lucros.

Na hipótese acima, como o título contém parte líquida e parte ilíquida, o credor poderá pleitear o cumprimento da sentença no que respeita à parte líquida e, simultaneamente, promover a liquidação da parte ilíquida (art. 475-1, § 2°).

NECESSIDADE DE AUTOS APARTADOS => considerando que o processo prosseguirá no cumprimento da sentença, quando esta transitar em julgado, a liquidação se processará em autos apartados, para evitar tumulto processual.

EXECUÇÃO PROCESSADA NOS AUTOS PRINCIPAIS E A LIQUIDAÇÃO EM AUTOS APARTADOS => desejando o credor realizar a execução e a liquidação simultaneamente, e o devedor liquidar os eventuais prejuízos que a execução provisória já lhe causou, a execução definitiva se processará nos autos originais, enquanto as liquidações se realizarão em autos apartados (art. 475-A, § 2", in fine).

ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO

Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo. § 1º Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até trinta dias para o cumprimento da diligência.§ 2º Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista no art. 362.§ 3º Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária.§ 4º Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3o deste artigo, far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador.

Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: I - determinado pela sentença ou convencionado pelas partes;II - o exigir a natureza do objeto da liquidação.

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Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo.

São 03 os meios de liquidação da sentença, conforme explicitado nos artigos acima:1. LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULO DO CREDOr (art. 475-B);2. LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO (art. 475-C);3. LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS (art. 475-E).

I. LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULO DO CREDOR

Aplica-se, exclusivamente, às obrigações pecuniárias.a) 1ª CARACTERÍSTICA => não origina incidente à execução;b) 2ª CARACTERÍSTICA => terá início com a própria execução;c) 3ª CARACTERÍSTICA => o credor instruirá a inicial com a memória discriminada e atualizada

do cálculo;d) 4ª CARACTERÍSTICA => as controvérsias sobre o quantum debeatur se deslocam para a

impugnação (art. 475-L, V), com a alegação de excesso de execução pelo devedor, incumbindo-lhe o ônus de indicar o valor correto (art. 475-L, § 2°);

e) 5ª CARACTERÍSTICA => o credor é a parte legítima para pleitear a liquidação.

1. LEGITIMAÇÃO ATIVA E PASSIVA NA LIQUIDAÇÃO

A leitura do § 2° do art. 475-A (liquidante instruir o requerimento de liquidação) e do art. 475-B, caput (que alude a credor), nos dá a impressão de que a liquidação, ao menos nas modalidades do arbitramento e dos artigos, legitimam-se o vitorioso e o vencido.

Na hipótese de dívida pecuniária passível de liquidação por cálculo aritmético:a) o autor pleiteará a execução, juntando planilha atualizada dos cálculos;b) o vencido, na hipótese, requererá o depósito nos próprios autos do processo, aplicando-se,

conforme a atitude tomada pelo credor, o art. 581 (O credor não poderá iniciar a execução, ou nela prosseguir, se o devedor cumprir a obrigação; mas poderá recusar o recebimento da prestação, estabelecida no título executivo, se ela não corresponder ao direito ou à obrigação; caso em que requererá ao juiz a execução, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la). É lícito ao credor requerer o levantamento imediato da quantia incontroversa. Aqui também se conclui pela possibilidade de ambos (autor e vencido) se legitimarem, observadas a nuanças de cada procedimento, conforme se tratar de credor ou devedor.

NOS CASOS DE LIQUIDAÇÃO DO TÍTULO POR ARBITRAMENTO OU POR ARTIGOS => legitimar-se-á, ativamente, tanto o credor quanto o vencido para pleiteá-la, segundo os procedimentos dos artigos 475-C e 475-E. Exemplo: sentença penal condenatória (art. 475-N, II) => liquida-se por arbitramento e, sem dúvida, reconhecido o interesse do condenado em se liberar do dever de indenizar, segue-se sua inequívoca legitimação para liquidar o provimento, promovendo a citação pessoal da vítima (art. 475-N, § único).

SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA – LEGITIMIDADE DE QUEM NÃO É PARTE NO PROCESSO => o lesado pelo ilícito penal não figura como parte no processo-crime e, ainda assim, legitima-se a liquidar a sentença penal condenatória (art. 475-N, II).

AÇÕES COLETIVAS => a vítima, seus sucessores e quaisquer outros beneficiados pelo provimento (art. 97 da Lei n° 8.078/90: A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82: “MP, União, Estados, Municípios e DF, órgãos da administração pública, direta e indireta, as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear), também se legitimam a liquidar o provimento resultante de processo em que não participaram.

OBRIGAÇÃO PECUNIÁRIA DA FAZENDA PÚBLICA - LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULO => dispensa o depósito, pois a obrigação se subordina ao regime do precatório, observado o valor.

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REGRA GERAL => o credor se legitima para propor a liquidação, enquanto que o /vencido/condenado figurará no pólo passivo.

2. COMPETÊNCIA NA LIQUIDAÇÃO

O requerimento de liquidação será dirigido ao juiz competente, que corresponde ao da execução (art. 475-P).

No caso de falência do vencido, não se altera a competência para liquidação. Exemplo: compete ao juízo trabalhista liquidar dívida passível de habilitação (art. 6°, § 2°, in fine, da Lei n° 11.101/05).

3. REQUISITOS DA PLANILHA

O credor, ou terceiro a seu mando (contador ou empresa de consultoria), elaborará memória discriminada e atualizada do cálculo, que deverá instruir a inicial da execução (art. 475-B, caput). A ausência deste documento ensejará a aplicação do art. 616: (Verificando o juiz que a petição inicial está incompleta, ou não se acha acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da execução, determinará que o credor a corrija, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de ser indeferida), facultando ao exeqüente emendar a inicial, no prazo de 10 dias, sob pena de extinção. Igual providência deverá ser adotada se algum defeito flagrante for constatado na planilha. Exemplo: descumprimento de seus requisitos.

O credor deverá apontar na planilha:a) o valor principal atualizado da obrigação;b) os juros (taxa e fórmula de cálculo);c) a correção monetária (índice e base de cálculo), de forma discriminada e analítica => no

caso de inexatidão dos cálculos, caberá ao executado impugnar a execução, alegando excesso (art. 475-L, V).

ÔNUS RELATIVO À CONTRATAÇÃO DE 3º PARA ELABORAÇÃO DA PLANILHA => por se tratar de uma despesa desnecessária, firmou-se jurisprudência no sentido de que o encargo fique com o exeqüente, pois não poderá transferi-lo para o executado.48 O erro da orientação se afigura manifesto, porém: na ausência da planilha, a pretensão a executar se revelará inad-missível.

4. FORMAÇÃO E CONTROLE DA PLANILHA

Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo.

§ 1º Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até trinta dias para o cumprimento da diligência.

§ 2º Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista no art. 362.

§ 3º Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária.

§ 4º Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3o deste artigo, far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador.

Na montagem da planilha o credor poderá encontrar alguma dificuldade na obtenção de dados, máxime quando estes estiverem em poder do devedor.

A sistemática introduzida pelo art. 475-B e seus §§, apresenta as seguintes soluções:1. DADOS NECESSÁRIOS A FORMAÇÃO DA PLANILHA EM PODER DO DEVEDOR OU DE TERCEIRO => o

credor não estará isento de apresentar sua planilha, contendo os cálculos que entenda 48 Corte Especial do STJ, EResp. 442.087-RS, 04.08.04, Rel. Min. Franciulli Netto, DJU 06.12.04, p. 184.

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corretos, ao tempo em que requererá que o órgão judiciário requisite as informações do devedor ou do 3º, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência. Decorrido o prazo e o devedor não apresenta motivo justo para a falta de entrega dessas informações (v.g., a destruição dos livros contábeis por um incêndio), reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor. Em sendo o 3º, configurar-se-á a hipótese do art. 362: (Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz lhe ordenará que proceda ao respectivo depósito em cartório ou noutro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o embolse das despesas que tiver; se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força policial, tudo sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência), art. 475-B, § 3°. Descumprida a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força policial, conforme autoriza o art. 579.

2. CRIME DE DESOBEDIÊNCIA (art. 362, in fine) => mesmo adotando as medidas do item anterior, nada obsta que o 3º seja responsabilizado pelo crime de desobediência, crime este que também poderá ser imputado ao devedor contumaz (incidência do art. 600, III, c/c art. 601, por força do art. 14, caput, V, e § único).

3. UTILIZAÇÃO DO CONTADOR DO FORO => na impossibilidade de o credor despender de recursos próprios para pagar um perito para elaborar a planilha, o juiz, após manifestação do credor intimado, nomeará o contador do foro (art. 475-B, § 3°, in fine). O beneficiário da gratuidade da justiça (Lei n° 1.060/50) também poderá pleitear que sejam utilizados os conhecimentos técnicos do contador do foro.

RETORNO DOS AUTOS DO CONTADOR => o juiz examinará os novos cálculos apresentados pelo contador e, comparando-os aos apresentados pelo credor, decidirá:

1. A PLANILHA DO CREDOR É CORRETA => prossegue-se com a execução;2. A PLANILHA DO CREDOR APRESENTA VALOR INFERIOR ÀQUELE PREVISTO NO TÍTULO =>

prossegue-se na execução;3. A PLANILHA DO CREDOR APRESENTA VALOR SUPERIOR AO PREVISTO NO TÍTULO => abrem-se

duas alternativas:a) O CREDOR CORRIGE A INICIAL => após o que, prossegue-se na execução;b) O CREDOR MANIFESTA-SE PELA MANUTENÇÃO DO VALOR INICIALMENTE PRETENDIDO (superior ao

do título) => far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador (art. 475-B, § 4°).

1ª OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: o juiz não poderá corrigir, de ofício, o valor pretendido pelo credor, com fundamento no princípio dispositivo.

2ª OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: o art. 475-B, § 4°, não prevê a possibilidade de o devedor impugnar a execução, alegando excesso de execução (art. 745-L, V).

II. LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO

Na liquidação por arbitramento e por artigos, a ação de liquidação origina incidente prévio à execução, mediante a intimação do réu/obrigado, na pessoa do seu advogado (art. 475-A, § 1°, in fine).

LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO => cabível quando não se puder fixar o quantum da condenação por intermédio de simples operações aritméticas, porquanto NECESSÁRIO O EXAME OU A PROVA PERICIAL para que se declare o valor de prestação ou prestações a serem pagas: é o que se dá, verbi gratia, com a estimativa do valor necessário para a reparação de danos.

INTIMAÇÃO DO DEVEDOR PELA PUBLICAÇÃO => se efetiva pela publicação no órgão oficial de divulgação do expediente forense (art. 236: No Distrito Federal e nas Capitais dos Estados e dos Territórios, consideram-se feitas as intimações pela só publicação dos atos no órgão oficial).

INTIMAÇÃO PESSOAL DO DEVEDOR => INEXISTINDO ADVOGADO PELA REVOGAÇÃO DO MANDATO ANTERIORMENTE OUTORGADO intima-se pessoalmente o devedor (art. 215, caput: “Far-se-á a

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citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente autorizado” c/c art. 224: Far-se-á a citação por meio de oficial de justiça nos casos ressalvados no art. 222, ou quando frustrada a citação pelo correio).

CHAMAMENTO DO DEVEDOR NA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA (necessariamente ilíquida), DE SENTENÇA ARBITRAL E DE SENTENÇA ESTRANGEIRA (eventual-mente ilíquidas) => é imperiosa a CITAÇÃO DO DEVEDOR (art. 475-N, § único). A citação será levada a efeito por um dos meios previstos no art. 221.

SOLUÇÃO DA LIQUIDAÇÃO => seja por arbitramento, seja por artigos a solução será por decisão, a teor do art. 475-H.

RECURSO CABÍVEL => da decisão que soluciona a liquidação por arbitramento cabe agravo de instrumento (Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento).

JULGADA A LIQUIDAÇÃO => após o julgamento da liquidação, inicia-se o prazo de 15 dias para o devedor adimplir a obrigação (art. 475-J, caput).

3. CASOS DE LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO

Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando:

I - determinado pela sentença ou convencionado pelas partes;

II - o exigir a natureza do objeto da liquidação.

Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a entrega do laudo.

Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de dez dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência.

Esta modalidade de liquidação tem lugar nas hipóteses do art. 475-C, que exige prova pericial. Consiste o arbitramento na:

a) APURAÇÃO DO VALOR EM DINHEIRO;b) APURAÇÃO DO OBJETO DO LITÍGIO;c) AVALIAÇÃO DE VALOR EM DINHEIRO OU DE OBJETO DO LITÍGIO NO INVENTÁRIO, NAS PARTILHAS E

NA ESTIMAÇÃO DO VALOR DO BEM PENHORADO. 1ª HIPÓTESE: A LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO SE TORNARÁ OBRIGATÓRIA QUANDO

DETERMINADO PELA SENTENÇA (art. 475-C, I, parte inicial). Após o trânsito em julgado o juiz da execução determinará a liquidação nessa modalidade.

2ª HIPÓTESE: QUANDO EXIGIDA POR LEI => o juiz também adotará o arbitramento por imposição legal. Exemplo: a) hipótese de prejuízos sofridos em decorrência da execução provisória (art. 475-O, II); b) danos resultantes do dolo processual (art. 18, § 2°, in fine).

3ª HIPÓTESE: LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO POR CONVENÇÃO DAS PARTES (art. 475-C, I, parte final). A convenção das partes pode ser prévia ao processo ou superveniente ao provimento passível de liquidação. Ressalte-se que a convenção das partes só é admissível quando não houver necessidade de provar fato novo, caso em que se torna obrigatória a liquidação por artigos.

4ª HIPÓTESE: DECORRERÁ DA PRÓPRIA NATUREZA DO OBJETO DA CONDENAÇÃO (art. 475-C, II) => quando as peculiaridades do objeto do litígio tornam necessário recorrer ao conhecimento especializado do perito. 1º exemplo: a liquidação dos alimentos indenizativos, devidos por dano à pessoa (arts. 948, II, e 949 do CC/02). 2º exemplo: a apuração do dano provocado às fundações do prédio vizinho. Quando existe divergência das partes quanto ao montante dos pagamentos parciais.

4. PROCEDIMENTO DA LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO

REQUERIMENTO APRESENTADO PELO CREDOR => na forma do art. 475-A, § 1°, o credor deverá provocar a liquidação mediante requerimento.

HIPÓTESE DE INTIMAÇÃO DO DEVEDOR => promover-se-á a intimação do devedor, na forma do art. 475-A, § 1°, in fine;

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HIPÓTESE DE CITAÇÃO DO DEVEDOR => a parte contrária será citada quando se tratar de sentença penal condenatória transitada em julgado, a sentença arbitral e a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 475-N, § único).

RESPOSTA DO DEVEDOR/OBRIGADO => é perfeitamente cabível a contestação à pretensão, alegando a inadmissibilidade do arbitramento. Decidido o incidente (contestação), o juiz nomeará perito, se mantido o pleito do liquidante.

PRAZO PARA O PERITO APRESENTAR O LAUDO => o prazo para que o perito entregue o laudo será fixado pelo juiz no ato de nomeação deste (art. 475-D, caput, parte final).

ACOLHIDA A CONTESTAÇÃO DO DEVEDOR/OBRIGADO => se o juiz rejeitará o pedido do liquidante, acolhendo a contestação do devedor, poderá o credor valer-se do agravo de instrumento (art. 475-H).

FORMULAÇÃO DE QUESITOS E A INDICAÇÃO DE ASSISTENTES TÉCNICOS => admite-se que as partes participe da definição dos valores, na medida em que darão suas contribuições mediante a formulação de quesitos aos peritos.

APRESENTAÇÃO DO LAUDO => após a entrega do laudo as partes serão intimadas para se manifestarem em 10 dias, designando-se data para a sentença, oportunidade em que o juiz poderá inquirir o perito e os assistentes (art. 475-D, § único).

JULGAMENTO DA LIQUIDAÇÃO => superada toda e qualquer situação conforme acima descrito, o juiz julgará o arbitramento, fixando o quantum debeatur (art. 475-H).

RECURSO CABÍVEL => da decisão que julgar a liquidação, caberá agravo de instrumento (art. 475-H).

III.LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS

1. CASOS DE LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS

Aplica-se a liquidação por artigos, quando tiver necessidade de provar fato novo, pouco importando a natureza da obrigação. Exemplo: o valor da diária do carro de aluguel, na indenização dos lucros cessantes. A data da efetiva ocupação da área pela administração, na desapropriação indireta. Em hipóteses que tais, a liquidação será por artigos (art. 475-E).

FATO NOVO => é o que resulta da obrigação e que não foi objeto de decisão no provimento sob liquidação, ou surgiu durante ou após a demanda condenatória, a despeito de essencial à apuração do quantum debeatur. O fato novo a ser provado é fato pertinente ao valor do dano, e não a sua existência.

Exemplo: após a prolação da sentença constata-se que o autor deve ter toda a perna amputada, sendo que na instrução do processo a prova limitou-se a verificar a existência de danos pessoais que exigiram a amputação apenas do pé, e o nexo de causalidade entre a conduta do réu e o dano sofrido. Trata-se de fato superveniente e que merece a reparação do dano conforme ele se apresenta no momento da liquidação da sentença.

Exemplo: REQUERENTE que teve seu carro, indisponibilizado por força de Cautelar de Busca e Apreensão, proposta pelo REQUERIDO e deferida pelo juiz.. O REQUERENTE, empregado pracista, conforme consta de documento anexo, depende exacerbadamente do veículo em questão para o cumprimento de suas atividades, que constituem a principal fonte de sustento de toda a sua família. O REQUERIDO não atendeu ao disposto no Art. 806 do CPC, de modo que a cautelar concedida perdeu sua eficácia, nos termos do art. 808 do CPC, tendo o REQUERENTE o direito de ser ressarcido dos prejuízos causados pela execução da medida. Por conseqüência da indisponibilidade de seu veículo, o REQUERENTE ficou impossibilitado de trabalhar durante 31 dias, o que, proporcionalmente ao salário por ele percebido, causou-lhe um prejuízo de R$ (...), conforme demonstrado em planilha de cálculos anexa, o que acarretou desequilíbrio psicológico e financeiro, comprometendo as condições de subsistência da família. Diante dos fatos e em virtude do caráter emergencial, o REQUERENTE se viu obrigado a recorrer a instituição financeira, contraindo um empréstimo no valor de R$ (...), como comprovado em documento anexo, a

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fim de permitir a subsistência de sua família, quitando as dívidas já vencidas. Desta feita, pode-se inferir que o REQUERENTE teve um prejuízo material da ordem de R$ (...). Requer seja o REQUERIDO condenado ao pagamento de verba indenizatória no Valor de R$ (...) referente aos prejuízos causados pela privação da utilização do veículo, bem como pelos danos morais sofridos pelo REQUERENTE.

2. PROCEDIMENTO DA LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS

A liquidação por artigos gera incidente processado em autos apartados e observa, no que couber, o procedimento comum (art. 272, caput), ou seja, sumário ou ordinário (art. 475-E).

PETIÇÃO INICIAL => esta modalidade de liquidação inicia-se por petição inicial do credor.

HIPÓTESES DE INTIMAÇÃO DO DEVEDOR => o réu será chamado ao processo mediante intimação na pessoa do advogado constituído nos autos (art. 475-A, § 1°, in fine).

HIPÓTESES DE CITAÇÃO DO DEVEDOR => para a liquidação fundada em algum dos títulos do art. 475-N, II, IV e VI => o réu/obrigado deverá ser citado e não intimado, ante a necessidade de formação de autos apartados (art. 475-N, § único).

PRAZO PARA RESPOSTA DO DEVEDOR => recebida a inicial da liquidação o juiz concederá o prazo de 15 dias para resposta (art. 297), no caso de procedimento ordinário, ou designa audiência de conciliação (art. 277), se o procedimento for o sumário. O juiz prosseguirá observando o roteiro natural dos respectivos ritos.

JULGAMENTO DA LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS E RECURSO CABÍVEL => o legislador preferiu denominar de “decisão” e não de “sentença” a solução das modalidades de liquidação de sentença, oferecendo como meio recursal o agravo de instrumento, conforme dispõe o art. 475-H: (Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento).

Araken de Assis se insurge contra essa opção do legislador, quando afirma:

Não há o menor sentido de subordinar a liquidação por artigos ao procedimento comum e, paralelamente, quebrar a regra geral da admissibilidade do recurso de apelação. A impugnação do pronunciamento do juiz através de agravo de instrumento, processando-se a liquidação em autos apartados (art. 475-A, § 2°), porque provisória a execução, contradiz a boa técnica e o princípio da economia. E há um precedente digno de registro: autuado separadamente o pedido de concessão do benefício de gratuidade (art. 6°, segunda parte, da Lei n° 1.060/50) ou a impugnação da parte contrária (art. 4°, § 2°, e art. 7°, parágrafo único, c/c art. 6°, segunda parte, da Lei n° 1.060/50), o ato do juiz que resolver o incidente desafiará apelação, a teor do art. 17 da Lei n° 1.060/50, conforme alvitrou a P Turma do STJ.

CUMPRIMENTO DA SENTENÇA

Alerte-se, de início, que se revela contraproducente a revogação do inciso III do art. 520, que, na sua redação original, retirava o efeito suspensivo da apelação interposta contra a sentença de liquidação.

A ausência do dispositivo em comento poderá conduzir os julgadores ao entendimento de que, doravante, do pronunciamento que julgar a liquidação por artigos, processada em autos apartados, caberá apelação em seu duplo efeito (art. 520, caput), isto se o magistrado entender que a solução da liquidação será dada por meio de sentença e não de simples decisão. Se assim entender o magistrado, a sentença será impugnável por meio de apelação e não de agravo de instrumento (art. 475-H).

RESULTADO PRÁTICO DECORRENTE DO JULGAMENTO DA LIQUIDAÇÃO

Não rara são as vezes em que a liquidação de sentença nada apurará em favor do aparente vitorioso aparente, mostrando-se, assim, infrutífera.

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CONDENAÇÃO APARENTE => ocorre quando o credor ilude o órgão judiciário quanto à real existência do dano, fundamentalmente em função das deficiências na produção e na avaliação, a cargo do autor, da prova dos ilícitos.

OPÇÕES DO CREDOR NA HIPÓTESE DE CONDENAÇÃO APARENTE => verificado o trânsito em julgado de decisão que resultou em condenação aparente, resta ao credor duas alternativas:

1. NÃO PROMOVER A EXECUÇÃO DO TÍTULO JUDICIAL => opção que parece a mais sensata;

2. EXECUTÁ-LO INJUSTAMENTE => vez que esta opção beneficiaria apenas a parte que deu causa à anomalia.

RESULTADO PRÁTICO DA LIQUIDAÇÃO => a liquidação poderá se reduzir a zero em alguns casos extremos, conduzindo à rejeição do incidente, desaparecendo, por conseguinte, a pretensão a liquidar o título judicial. Em derradeira análise, impede a renovação da pretensão de liquidação do título.

PRINCÍPIO DA FIDELIDADE DO TÍTULO => o art. 475-G consagra o chamado PRINCÍPIO DA FIDELIDADE AO TÍTULO, segundo o qual é defeso "discutir de novo a lide, ou modificar a sentença, que a julgou". Exemplo: não se pode rediscutir, na liquidação, a correção monetária já definida no provimento alcançado pela autoridade da coisa julgada. A 1ª Turma do STJ afastou semelhante controvérsia, tendo em vista que o título em liquidação já estabelecera a fluência da correção monetária a partir da propositura da ação, impedindo disposição diversa49.

CONSEQÜÊNCIAS DO PRINCÍPIO DA FIDELIDADE DO TÍTULO => eventuais omissões relativas a pedidos não contemplados no título judicial, e que não foram corrigidas pela via do recurso próprio, não poderão, aqui na liquidação, ser objeto de insurgência das partes.

1. Exemplo: não constará da liquidação honorários não contemplados no título judicial, ou a sua forma de cálculo, cuja omissão não tenha sido corrigida pela via dos embargos de declaração50.

2. Exemplo: outra omissão que não poderá ser sanada na liquidação é o reembolso das despesas processuais e que também não tenha sido corrida antes do trânsito em julgado51.

3. Exemplo: omissão dos descontos previdenciários a favor de 3º, também não se resolverá na liquidação52.

4. Exemplo: definida a solidariedade passiva no título, não há falar em rediscuti-la na liquidação53.

EXCEÇÕES ADMISSÍVEIS NA LIQUIDAÇÃO => a regra geral de respeito ao princípio da fidelidade do título, prevista no art. 475-G poderá ser mitigada nas seguintes hipóteses:

1. INCLUSÃO DE JUROS MORATÓRIOS NA LIQUIDAÇÃO => mesmo que o autor não tenha formulado pedido expresso e ainda que ausentes da condenação, podem, na liquidação, ser incluídos os juros moratórios, conforme prevê o art. 293: “Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais” e a Súmula n° 254/STF: “Incluem-se os juros moratórios na liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a condenação”, além da incidência do art. 406 do CC: “Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação de lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional”.

2. INCLUSÃO DE CORREÇÃO MONETÁRIA => salvo quando a sentença expressamente a afastá-la, não caracteriza vício ultra petita a inclusão de correção monetária ao valor principal, mesmo quando não pedida na inicial da ação, o que poderá ser feito até de ofício. A

49 1ª Turma do STJ, REsp. n° 341.510-SP, 21.09.2004, ReI. Min. Francisco Falcão, DJU 03.11.2004, p. 13650 3ª Turma do STJ, REsp. n° 2.043-RJ, 06.03.1990, ReI. Min. Fontes de Alencar, RJSTJ, 13/33451 1ª Turma do STJ, REsp. n° 46.743-SP 04.09.1995, ReI. Min. Milton Pereira, DJU 25.05.1995, p. 31.07752 5ª Turma do STJ, REsp. n° 204.766-RS, 16.09.1999, ReI. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJU 18.10.1999, p. 26353 4ª Turma do STJ, AgRg no Ag. n° 235.057-SP 13.08.2002, ReI. Min. Barros Monteiro, DJU 28.10.2002, p. 321

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correção monetária poderá ser incluída até mesmo após o trânsito em julgado da sentença. Também poderá ser incluída quando, excluída do cálculo, a parte não o impugnou oportunamente. A não inclusão configurará erro material passível de correção de ofício.

3. EXCLUSÃO DA CORREÇÃO MONETÁRIA => atendendo aos chamados expurgos inflacionários;

4. PRESTAÇÕES PERIÓDICAS VENCIDAS APÓS A SENTENÇA => cabendo ao devedor alegar e provar a ocorrência de fato superveniente ao provimento extinguindo a obrigação.

ERROS PASSÍVEIS DE CORREÇÃO NA LIQUIDAÇÃO => o título conservará imune de alterações os critérios de cálculos adotados em respeito à coisa julgada, mas se tolera a correção de erros materiais (erro de conta ou de cálculo, o erro aritmético, pode ser corrigido a qualquer tempo)54.

ERROS QUE NÃO PODEM SER CORRIGIDOS NA LIQUIDAÇÃO => ficam cobertos pela autoridade da coisa julgada e por isso mesmo não podem ser corrigidos na liquidação:

a) os elementos do cálculo;b) os critérios do cálculo.

EFEITOS DO JULGAMENTO DA LIQUIDAÇÃO

EFEITO PRÓPRIO DA LIQUIDAÇÃO => consiste na fixação do valor da obrigação, isto é, consiste:

a) na apuração do saldo do dever e haver;b) em reduzir a dinheiro a dimensão do dano causado. Relembre-se que, em alguns casos, o

resultado prático poderá ser igual a zero. AUTORIDADE DA COISA JULGADA NA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA => ocorre nas

modalidades por arbitramento e por artigos, quando o valor fixado for igual ou superior a zero. Nestes casos, o provimento que julga a liquidação se tornará indiscutível, no presente e no futuro, em tudo quanto corresponder ao juízo (iudicium) emitido para fixar o quantum debeatur. Exemplo: o STJ já decidiu que ''Não se pode alterar a sentença referente aos cálculos de liquidação na qual o juiz determinou a aplicação do IPC"55, o que atende o disposto no art. 468 do CPC.

NÃO ESTÃO ACOBERTADOS PELA AUTORIDADE DA COISA JULGADA => não havendo controvérsia acerca dos expurgos inflacionários, o quantum debeatur poderá ser revisto posteriormente. Também o erro material (eventual inobservância dos critérios estabelecidos pelo juiz) comporta correção a qualquer tempo e de officio (art. 463, I).

RECURSO CABÍVEL E SUCUMBÊNCIA

RECURSO CABÍVEL => o agravo de instrumento é o recurso cabível (art. 475-H), embora os tribunais ainda não tenham tido a oportunidade de se manifestar acerca do cabimento ou não da apelação.

HONORÁRIOS NA LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO => no julgamento da liquidação por arbitramento NÃO CABERÁ A CONDENAÇÃO DO VENCIDO EM HONORÁRIOS, respondendo tão-só pelas despesas processuais (art. 20, § 1°).

HONORÁRIOS NA LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS => o STJ, por intermédio da 3ª Turma, já teve oportunidade de examinar o problema, embora à luz do direito anterior, concluindo pelo não cabimento também56.

B I B L I O G R A F I A

54 4ª Turma do STJ, REsp. n° 533.393-MG, 18.12.2003, ReI. Min. Fernando Gonçalves, D]U 16.02.2004, p. 268.55 1ª S. do STJ, Eresp. n° 88.960-DF, 11.02.1998, ReI. Min. Garcia Vieira, DJU 08.05.2000, p. 5256 3ª Turma, Resp 29.151-RJ, 20.09.1994, Rel. Min. Nilson Naves RJSTJ, 76/162.

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ASSIS, Araken de. Manual do Processo de Execução. Ed. Revista dos Tribunais - 8 ed. - pág.

257 e 1.012.

ASSIS, Araken de. Cumprimento da sentença. Rio de Janeiro : Forense, 2006.

CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. 12 ed., vol. II. Rio de Janeiro :

Lumen Juris, 2006.

CELSO, Neves. Estrutura Fundamental do Processo Civil. Forense 1997. Pág. 54.

Curso avançado de Processo Civil. Revista dos Tribunais - 2 ed., vol. 1, pág. 83.

Curso de Direito Processual Civil. Revista dos Tribunais - 1998 - vol. I. pág. 90.

Curso de Processo Civil. Revista dos Tribunais. 5 ed. vol. 1, pág. 53 (citando Mattirolo e

outros)

MARCATO, Antonio Carlos. Código de Processo Civil Interpretado - Atlas, 2004, pág. 1712.

MARQUES, José Frederico. Instituições de Direito Processual Civil. 1 ed. atual. Campinas :

Millennium, 1999.

SANTOS, José Carlos Bedaque dos. Código de Processo Civil Eletrônico Carta Maior -

Comentários ao art. 86.

TEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo de Execução - Leud - 22 ed., pág. 120.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo de Execução - Leud - 19 ed., pág. 123.

ZAVASCKI, Teori Albino. Comentários ao Código de Processo Civil - Ed. Revista dos Tribunais

- 2° Ed., vol. 8, pág. 123

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

3. CONCEITUE TÍTULO EXECUTIVO.

4. QUAL O PRESSUPOSTO ESPECÍFICO DA EXECUÇÃO?

5. ESTABELEÇA A DIFERENÇA ENTRE EXECUÇÃO DEFINITIVA E EXECUÇÃO PROVISÓRIA.

6. DEFINA A LIQUIDEZ, A CERTEZA E A EXIGIBILIDADE DO TÍTULO EXECUTIVO.

7. IDENTIFIQUE CINCO REGRAS COMUNS AO PROCESSO DE COGNIÇÃO E AO DE EXECUÇÃO.

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