dpc 2014.1 - aula 04 de 04 - prof paulo coen (14.03) - dpc 2014.01

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CURSO DELEGADO CIVIL Nº19 DATA 14/03/2014 DISCIPLINA MEDICINA LEGAL PROFESSOR PAULO COEN MONITORA SÍLVIA H. FACCION AULA 04 1. Tanatologia forense: Capítulo da medicina legal no qual se estuda a morte e as consequências jurídicas a ela inerentes. Ramo da medicina legal que estuda o morto e a morte, assim como os fenômenos dela decorrentes. 1.1. Morte: É um processo dinâmico e prolongado que envolve transformações sucessivas no tempo. Morte funcional morte tissular: Se inicia nos centros vitais cerebrais ou cardíacos e se propaga a todos os órgãos e tecidos vitais. Morte clínica: A cessação total e permanente das funções vitais. Hoje há conceitos mais precisos. Morte circulatória: PCR irreversível. Morte cerebral: Morte encefálica em geral (e não somente do córtex); Coração ainda pode bater (ex. nos T.C.Es.); EMENTA: Na aula de hoje serão abordados os seguintes pontos: 1. Tanatologia forense; 1.1. Morte; 1.2. Tanatognose e Cronotanatognose; 1.3. Inumação; 1.4. Exame médico- legal (necropsia).

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DPC 2014.1 - Aula 04 de 04 - Prof Paulo Coen (14.03) - DPC 2014.01

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  • CURSO DELEGADO CIVIL N19 DATA 14/03/2014 DISCIPLINA MEDICINA LEGAL PROFESSOR PAULO COEN MONITORA SLVIA H. FACCION AULA 04

    1. Tanatologia forense:

    Captulo da medicina legal no qual se estuda a morte e as consequncias jurdicas a ela inerentes.

    Ramo da medicina legal que estuda o morto e a morte, assim como os fenmenos dela decorrentes.

    1.1. Morte:

    um processo dinmico e prolongado que envolve transformaes sucessivas no tempo. Morte funcional morte tissular: Se inicia nos centros vitais cerebrais ou cardacos e se

    propaga a todos os rgos e tecidos vitais. Morte clnica: A cessao total e permanente das funes vitais. Hoje h conceitos mais

    precisos. Morte circulatria: PCR irreversvel.

    Morte cerebral:

    Morte enceflica em geral (e no somente do crtex);

    Corao ainda pode bater (ex. nos T.C.Es.);

    EMENTA:

    Na aula de hoje sero abordados os seguintes pontos:

    1. Tanatologia forense;

    1.1. Morte;

    1.2. Tanatognose e Cronotanatognose;

    1.3. Inumao;

    1.4. Exame mdico- legal (necropsia).

  • Conceito importante com o advento dos transplantes de rgos.

    O crebro est morto quando:

    Obervam-se os sinais clssicos da morte (v. adiante) ou: Depresso circulatria provocar PCR que no responde a tratamento Aps 12h de inconscincia com falta de respirao espontnea Midrase bilateral + E.E.G. (eletro encefalograma) isoeltrico oi Cessao da circulao intracraniana por 30 (em angiograma).

    Morte aparente:

    Aparncia de morte em virtude de baixa atividade metablica e circulatria;

    Inconscincia/ relaxamento muscular/ respirao diminuda/ apnia;

    Devido a isso, exige-se decurso de 24 horas antes da enumao.

    Morte anatmica:

    Parada total e permanente de todas as funes orgnicas.

    Morte histolgica:

    Morte das clulas que compe os vrios tecidos e rgos.

    A morte um fenmeno que se protrai no tempo: pode-se achar clulas vivas no cadver mesmo dias aps a inumao.

    Morte relativa:

    Estado de PCR reversvel.

    Morte intermdia:

    Cessao progressiva das atividades orgnicas sem que seja possvel a recuperao da vida.

    Morte absoluta:

    Leva de 30 a 50 anos aps a morte, para que no tenha mais nada vivo no organismo.

    Cessao de toda atividade biolgica no indivduo

    Na falta de aparelhagem, a hora da morte a da morte clnica.

    1.2. Tanatognose e Cronotanatognose:

    Tanatognose: parte da medicina forense que estuda a realidade da morte.

    Cronotanatognose: se ocupa da determinao do tempo em que ela ocorreu.

    Tafonomia: estudo de todas as fases percorridas pelo corpo humano aps a morte at a fossilizao, no interesse forense.

    Fenmenos cadavricos:

    Vrias transformaes que o corpo passa na sua transio da vida para a morte.

    difcil precisar o momento da morte.

    Lorenzo Borri estabeleceu os 02 grupos de fenmenos:

  • a) Abiticos ou avitais ou vitais negativos: presentes em todos os casos. b) Transformativos ou de positivao da morte: variam de caso a caso.

    Abiticos:

    Imediatos:

    Perda da conscincia; Imobilidade; Relaxamento muscular; Parada cardaca; Ausncia de pulso; Parada respiratria; Insensibilidade.

    Consecutivos:

    Resfriamento do corpo; Rigidez cadavrica; Hipstases; Livores cadavricos Desidratao.

    Transformativos:

    Destrutivos:

    Autlise; Putrefao; Macerao.

    Conservadores:

    Calcificao; Saponificao; Mumificao; Corificao.

    Fenmenos abiticos: imediatos:

    NO so sinais de certeza para afirmar a morte;

    Deve-se promover manobras para o diagnstico da morte recente/ imediata;

    Auscultao; E.C.G. Prova da fluorescncia de Icard: injetada por via intra venosa, somente se houver vida,

    aps alguns minutos a pele/ mucosa adquirem colorao amarelada.

    Facies hipocrtica ou mscara da morte: expresso fisionmica tpica do cadver: Olhos fundos, fronte enrugada, nariz afilado, tmporas deprimidas, vazias e enrugadas,

    lbios cados, orelhas repuxadas para cima, ma do rosto deprimida, queixo

    enrugado, semblante carregado.

    Fenmenos abiticos consecutivos:

  • Maior importncia na determinao do momento da morte.

    a) Resfriamento do corpo (algidez cadavrica):

    Depende do: momento da morte, temperatura, umidade ambiente, idade, panculo adiposo (gordura corporal), vestimentas.

    Velocidade da perda do calor: ~1,5C por hora (Fvero)

    b) Rigidez cadavrica: pelo aumento de cido ltico e coagulao da miosina. Comea de

    cima para baixo, do pescoo para baixo e acaba da mesma forma.

    Lei de Nysten: comea pela a musculatura da mandbula fica rgida, depois o pescoo, trax e abdmen. A rigidez cadavrica se inicia da cabea para baixo.

    Inicia de 3 a 5 horas aps o bito. Completa-se de 8 a 12 horas. Permanece por 12 a 24 horas (excepcionalmente at 36 h) depois volta a ficar flcido. Clculo da hora da morte pela rigidez sempre aproximado. Espasmo cadavrico/ rigidez catalptica/ rigidez plstica/ rigidez estaturia:

    Frequentemente associado a mortes violentas. Instalao abrupta, imediatamente entra em rigidez. Cadver assume a posio em que se encontrava quando da hora da morte. Grande valia para a percia.

    Rigidez em vida: ttano/ leses no sistema nervoso central SNC/ estricnina.

    c) Livores cadavricos e hipstases:

    Cessada a circulao o sangue tende a se depositar nas partes mais baixas do corpo, de acordo com a posio em que se encontra.

    Hipstases: colees sanguneas de cor vermelha, cutneas ou viscerais. Livores: reas opostas, superiores e naquelas onde o corpo est pressionado contra

    anteparo ou premido por barao mecnico.

    Ambos surgem de 2 a 3 horas aps a morte, e fixam-se de 8 a 12 h, ou seja, entre a terceira e a oitava hora, nesse intervalo de 5 horas, se o corpo for movido o sangue ir

    descolar.

    Importante na determinao da posio do cadver no momento da morte.

    Obs: em recm- nascido as hipstases costumam ser muito evidentes (podem ser confundidas

    com agresses, por leigos).

    Obs: na raa negra necessrio colormetro de Nutting para visualizao. Uma lmpada que

    ajuda a distinguir a colorao.

    d) Desidratao:

    Perde cerca de 8 a 18g/ kg ao dia (mais acentuada nos recm- nascidos). Pergaminhamento da pele: pele murcha como se fosse uva passa. Dessecao da mucosa: Diminuio do tnus do globo ocular. Sinal de Sommer e Lacher ou livor esclerotinae nigrecens: manchas enegrecidas na

    esclertica.

  • Fenmenos transformativos destrutivos:

    a) Autlise:

    Cessao do recebimento de nutrientes pelas clulas. Meio orgnico neutro cido alterao do pH ruptura de clulas e tecidos. Comprova-se essa acidificao tecidual (sinal evidente de morte).

    b) Putrefao:

    Inicia logo aps a autlise, pela ao de germes aerbicos e anaerbios. Geralmente inicia no intestino grosso, dando origem mancha verde abdominal. Embora varie com o local onde est o cadver, a putrefao costuma seguir 04 fases.

    1a fase da colorao:

    15 a 24 horas aps a morte, podendo durar 07 dias. Mancha verde difunde-se por todo o corpo. Nos afogados na cabea trax (superior).

    2a fase gasosa ou enfisematosa:

    02 a 07 dias aps o bito, pode durar de 07 a 30 dias. Gases da putrefao: agigantamento, protruso da lngua, inchao das genitais. Destacamento da epiderme. Flictemas putrefativos: formao de bolhas, contedo sero- sanguneo. Circulao pstuma de Brouardel: sangue forado para a periferia, desenho dos vasos

    na pele.

    3a fase coliquativa:

    De 01 ms, 2 a 3 anos aps a morte. Dissoluo do cadver pelas bactrias e fauna cadavrica (v. adiante).

    4a fase esqueletizao:

    Reduo do cadver s partes sseas (>36 meses). Cabelos e dentes resistem mais tempo, porm mors omnia solvit.

    c) Macerao:

    Ocorre em 02 hipteses:

    Submetidos ao meio lquido contaminado (macerao sptica ex. gua de piscina, mar, rio, etc.).

    Fetos retidos a partir do 5ms (macerao assptica), no h bactrias.

    Os ossos soltam-se dos tecidos; Abdome achata-se; Tegumento desprende-se sob a forma de largos retalhos.

  • Fenmenos transformativos - conservadores:

    a) Saponificao (adipocera):

    Cadver adquire consistncia untuosa e mole (como sabo e cera). Normalmente atinge s partes do cadver (mas pode afetar todo o corpo). Inicia em estado adiantado de putrefao. Facilitado por solos argilosos com pouca aerao. Fenmeno da mmia do pntano.

    b) Mumificao:

    Natural: em condies climticas que permitem rpida desidratao, impedindo ao de bactrias que levam a putrefao.

    Artificial: corpos submetidos a processos qumicos para conservao.

    c) Calcificao:

    Atinge fetos retidos na cavidade abdominal (vira uma pedra). Decorrncia da rotura da gestao tubria. Incrustao de sais de clcio, dando aparncia ptrea: litopdio. Excepcionalmente observvel em partes moles de cadver adulto.

    d) Corificao:

    Preservado o corpo em decomposio, sua pele assume aspecto de couro curtido (no h possibilidade de decomposio).

    Vsceras e musculatura permanecem conservadas, mas amolecidas. Fenmeno que ocorre em corpos enterrados em caixes hermeticamente fechados,

    principalmente de zinco.

    Pode acontecer em meio natural desde que haja isolamento.

    Cronotanatognose:

    Parte da tanatologia que estuda a data aproximada da morte.

    Os fenmenos cadavricos no obedecem a um rigorismo, variam com:

    A causa mortis. Influncia de fatores extrnsecos (terreno, temperatura, umidade). Importante para estabelecer responsabilidade criminal e nos processos civis relacionados

    a sobrevivncia e interesse sucessrio.

    Baseia-se em um conjunto de fenmenos.

    Alm dos fenmenos j descritos, h na literatura, outros mtodos que, dado o grande numero de

    variveis que apresentam, so de validade relativa para a determinao do momento da morte.

    Mtodos (de pouca validade):

    Crioscopia do sangue:

    Ajuda a distinguir se houve afogamento ou se a imerso no lquido foi aps a morte. Quando a imerso posterior (homicdio) a ponto de congelamento do sangue

    (crioscpico) no varia permanecendo entre -0,54 e 0,58C. .

  • H diferenas quanto ao ponto se a gua era doce (mais prximo de 0C) ou salgada (mais distante).

    De pouca validade, no entanto, para determinar a data da morte.

    Cristais de sangue putrefato:

    Cristais de Westenhoffer rocha valverde que podem ser encontradas no sangue entre o 3 ao 35 dia aps a morte.

    De pouca validade.

    Crescimento dos pelos do corpo e barba:

    Nas primeiras horas aps a morte crescem de 0.021 mm/h; Destitudo de valor cientfico para a cronotanatognose.

    Contedo gstrico:

    Foi proposta a seguinte frmula para horrio ps- morte: Estmago repleto ou digesto inicia: 1 a 2h. Fase terminal da digesto: 4 a 7h. Estmago vazio: > 7 h. H diversas variveis, inclusive o teor de lipdios dos alimentos. Despido de valor cientfico para a hora da morte (Croce). Tem uma margem de erro altssima.

    Alm da verificao dos fenmenos cadavricos, a anlise da FAUNA CADAVRICA importante para determinar a cronotanatognose.

    Fauna cadavrica:

    Tem grande importncia para determinao da cronologia da morte.

    Particularmente importante nos corpos deixados ao ar livre.

    Baseia-se na especificidade demonstrada por algumas espcies de animais por certa fase

    da decomposio do corpo.

    Flamnio favero (1975) identifica trs faunas distintivas:

    Fauna ao ar livre. Fauna dos tmulos. Fauna aqutica.

    Fauna ao ar livre: a fauna mais rica, pois os animais tem mais acesso ao cadver.

    1a legio: 8 a 15 dias.

    2 a legio: 15 a 20 dias.

    3 a legio: 3 a 06 meses.

    4 a legio: 10 meses.

    5 a legio: 10 meses.

    6 a legio: 10 a 12 meses.

    7 a legio: 12 a 24 meses.

    8 a legio: mais de 36 meses.

  • Fauna dos tmulos: H uma dificuldade de acesso maior, e pode encontrar concomitncia de

    legies no tmulo, pois algumas vezes o bicho come e morre no local.

    Nos cadveres inumados.

    Menos exuberante que aquela ao ar livre, permite determinar a cronotanatognose, pelo

    nmero de geraes encontradas e no por legies.

    Fauna aqutica:

    Corpos encontrados em gua doce ou salgada inmeras leses produzidas por:

    mamferos, lontras, eventualmente ratos, aves, urubus, gaivotas, caranguejos, siris,

    crustceos, peixes.

    Diagnstico jurdico da morte:

    Definio se ocorreu:

    Definir se foi homicdio, suicdio, morte acidental. bitos de causas naturais tem implicao em problemas sucessrios. Morte suspeitas: a violncia no evidente exige exame mais apurado. Morte suspeita sbita e morte por inibio vaga (reflexo de Hering ex. sujeito entrou na

    gua gelada teve choque trmico e morreu):

    Morte suspeita sbita e morte por inibio vagal (reflexo de Hering):

    Morte sbita sem violncia manifesta.

    Inibio crdio- respiratria sem causa determinante convincente.

    Algumas pessoas tm maior predisposio por exacerbao dos reflexos inibidores.

    Necessita excitao externa, fsica, qumica, psiquica, agindo sobre reas especficas do

    corpo, reas reflexgenas ou zonas- gatilho.

    Quase sempre acidental (quedas, manobras cirrgicas).

    Pode ser criminoso (estrangulamento, esganadura, golpes de artes marciais).

    Condies para haver morte com causa inibitria:

    Morte sbita e inesperada de pessoa sadia. Traumatismo ou irritao de pequena monta sobre certas partes do corpo. Ausncia de leses capazes de produzir o bito.

    Quase sempre acidental (quedas, manobras cirrgicas);

    Pode ter origem criminosa (estrangulamento, golpes de artes marciais, envenenamento).

    Morte suspeita de violncia oculta:

    Corpo sem leses externas, mas que pode ocultar (traumatismos, envenenamento,

    sevcias).

    Classificadas pela autoridade policial como: encontro de cadver, ou morte a esclarecer.

    Incluem-se os corpos em adiantado estado de decomposio.

    Morte suspeita de violncia indefinida:

    Violncia evidente, mas o exame externo no permite determinar a preciso das causas

    das leses.

  • Ex: corpos atingidos por composies frreas: grande extenso de leses pode ocultar/

    mascarar outras produzidas antes. No sabe se caiu de algum lugar ou se foi atropelado.

    Morte suspeita de violncia definida:

    Leses externas perfeitamente definidas quanto causa.

    Etiologia jurdica permanece indefinida.

    Ex: encontra corpo afogado, homicdio ou suicdio?).

    Morte de infortnio no trabalho:

    Dvida recai sobre o nexo causal entre atividade laborativa e leses.

    Necropsia indispensvel. Para afastar qualquer hiptese de nexo causal.

    Diagnstico diferencial entre: morte agnica ou sbita:

    Morte sbita: So consideradas suspeitas at prova em contrrio, percia.

    Morte agnica: extino desarmnica e paulatina das funes orgnicas, com estertores quando a pessoa vai piorando aos poucos at chegar ao bito.

    O diagnstico diferencial normalmente feito na necropsia, mas h casos em que

    necessria a complementao diagnstica pelas docimasias heptica ou supra renal.

    Baseia-se em:

    Dosagem da glicose e glicognio no fgado. Presena e dosagem de adrenalina na supra renal.

    Diagnstico diferencial entre: leses ante e post mortem:

    Pode ser definido no exame macroscpico ou microscpico;

    Perito esclarece justia se as leses do cadver foram antes ou aps a morte e se esse

    lapso temporal foi pequeno ou grandes.

    Leses in vitam:

    Hemorragias e coagulao do sangue Retrao dos tecidos; Consolidao de fraturas; Reaes inflamatrias; Escoriaes; Cogumelo de espuma/ escuma (afogados).

    Segunda parte da aula

    1.3. Inumao:

    Consiste no sepultamento do cadver.

    Exigncias sanitrias

    Profundidade 1, 75 m. Largura 0,80 m. Espao entre inumatrios: 0,60 m.

    A inumao no pode ser antes de 24h do bito, nem depois de 36 horas aps o bito;

  • Excees: molstias infecciosas graves, epidemias, conflitos armados.

    Nas mortes violentas, exige-se necropsia prvia. Art. 162 CPP.

    Art. 162. A autpsia ser feita pelo menos seis horas depois do bito, salvo se os peritos,

    pela evidncia dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que

    declararo no auto.

    Pargrafo nico. Nos casos de morte violenta, bastar o simples exame externo do

    cadver, quando no houver infrao penal que apurar, ou quando as leses externas

    permitirem precisar a causa da morte e no houver necessidade de exame interno para a

    verificao de alguma circunstncia relevante.

    Cadver:

    Corpo morto que conserva a aparncia humana. Por no ter cessado totalmente a conexo entre suas partes.

    res extra commercium: Criminaliza subtrao de peas anatmicas desagregadas do corpo humano. crime. Art. 211 CP.

    Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadver ou parte dele:

    Pena - recluso, de um a trs anos, e multa.

    Vilipndio a cadver

    crime a destruio tanto do cadver inteiro quanto partes. Abrange o natimorto, mas no o embrio (feto com < 180 dias), por no ter possibilidade

    de sobrevivncia , art. 1597 CC.

    Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constncia do casamento os filhos:

    I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivncia conjugal;

    II - nascidos nos trezentos dias subsequentes dissoluo da sociedade conjugal, por morte,

    separao judicial, nulidade e anulao do casamento;

    III - havidos por fecundao artificial homloga, mesmo que falecido o marido;

    IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embries excedentrios, decorrentes de

    concepo artificial homloga;

    V - havidos por inseminao artificial heterloga, desde que tenha prvia autorizao do marido.

    No cadver: esqueleto, cinzas humanas, restos mortais em total decomposio, peas amputadas do vivo, mmia, feto/ embrio com mais de 180 dias.

    Cdigo de posturas e Obras. Lei Ordinria 699 de 16 de junho de 1953 (cada municpio tem

    sua legislao):

    Dispes sobre o Cdigo de Posturas e Obras do Municpio de Curitiba:

    Inumao:

    No cadver:

    esqueleto, cinzas humanas, restos mortais em total decomposio, peas amputadas do vivo, mmia, feto/ embrio com menos de 180 dias.

    Inumao sem atestado de bito:

  • Art. 77 lei 6015/73 (Lei de Registros Pblicos): no havendo mdico no local, supre-se por 02 testemunhas que tenham verificado/ presenciado a morte.

    Art. 77 - Nenhum sepultamento ser feito sem certido, do oficial de registro do lugar do falecimento, extrada aps a lavratura do assento de bito, em vista do atestado de mdico, se houver no lugar, ou em caso contrrio, de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte. (Renumerado do art. 78 com nova redao, pela Lei n 6.216, de 1975).

    1 Antes de proceder ao assento de bito de criana de menos de 1 (um) ano, o oficial verificar se houve registro de nascimento, que, em caso de falta, ser previamente feito. (Redao dada pela Lei n 6.216, de 1975).

    2 A cremao de cadver somente ser feita daquele que houver manifestado a vontade de ser incinerado ou no interesse da sade pblica e se o atestado de bito houver sido firmado por 2 (dois) mdicos ou por 1 (um) mdico legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizada pela autoridade judiciria. (Includo pela Lei n 6.216, de 1975).

    Exumao:

    Desenterramento do cadver.

    Deve observar as disposies legais, art. 67 da Lei 6015/73.

    Formalidades:

    Presena da autoridade policial, peritos, escrivo. Administrador do cemitrio para indicar o local (sob pena de desobedincia, art. 163,

    pargrafo nico, CPP).

    Art. 163. Em caso de exumao para exame cadavrico, a autoridade providenciar para

    que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligncia, da qual se lavrar auto

    circunstanciado.

    Pargrafo nico. O administrador de cemitrio pblico ou particular indicar o lugar da

    sepultura, sob pena de desobedincia. No caso de recusa ou de falta de quem indique a

    sepultura, ou de encontrar-se o cadver em lugar no destinado a inumaes, a autoridade

    proceder s pesquisas necessrias, o que tudo constar do auto.

    Familiares do morto (se possvel). Aps identificao, realiza-se exame cadavrico a cu aberto ou em necrotrio. Em suspeita de envenenamento, coleta de materiais para exames complementares. Fotografia do cadver aps abertura do caixo (art. 164, CPP).

    Art. 164. Os cadveres sero sempre fotografados na posio em que forem encontrados,

    bem como, na medida do possvel, todas as leses externas e vestgios deixados no local

    do crime. (Redao dada pela Lei n 8.862, de 28.3.1994).

    Cremao:

    Incinerao do cadver, reduzindo a cinzas;

    Temperatura de 1.000 C, reduzem o cadver a 1,5 kg a 2,5 kg de cinzas.

    Mantidas em caixas de metal soldada e depois colocada em urna esttica.

    Urnas podem ser enterradas ou guardadas em nichos prprios

    Impossibilita a verificao post mortem quando h suspeita de crime.

    Prescries especiais prvias cremao:

    Minucioso exame do cadver. Registro das impresses digitais. Descrio das arcadas dentrias.

  • S realizado de acordo com o art. 77, 2 da Lei 6015/73:

    Houve vontade expressa em vida. Interesse da sade pblica. bito atestado por 02 mdicos ou 01 legista. Morte violenta, s aps autorizao do juiz.

    Art. 77 - Nenhum sepultamento ser feito sem certido, do oficial de registro do lugar do

    falecimento, extrada aps a lavratura do assento de bito, em vista do atestado de mdico,

    se houver no lugar, ou em caso contrrio, de duas pessoas qualificadas que tiverem

    presenciado ou verificado a morte. (Renumerado do art. 78 com nova redao, pela Lei n

    6.216, de 1975).

    2 A cremao de cadver somente ser feita daquele que houver manifestado a vontade

    de ser incinerado ou no interesse da sade pblica e se o atestado de bito houver sido

    firmado por 2 (dois) mdicos ou por 1 (um) mdico legista e, no caso de morte violenta,

    depois de autorizada pela autoridade judiciria. (Includo pela Lei n 6.216, de 1975).

    Lei 9434/97 (lei de transplantes):

    a) Doador morto (arts. 3 ao 8):

    Depende de autorizao do cnjuge ou parente.

    Transplante pode ser em estabelecimento pblico ou privado.

    Necessita de diagnstico de morte enceflica confirmada pelos critrios de resoluo do

    CFM, declarada por 02 mdicos, sendo pelo menos 01 neurologista.

    Tecidos, rgos, ou partes podem ser retirados antes da necropsia, se no tiverem a ver

    com a causa da morte.

    No pode ser feita nas pessoas no identificadas.

    No incapaz somente com autorizao expressa dos pais ou representante legal.

    Art. 3 A retirada post mortem de tecidos, rgos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento dever ser precedida de diagnstico de morte enceflica, constatada e registrada por dois mdicos no participantes das equipes de remoo e transplante, mediante a utilizao de critrios clnicos e tecnolgicos definidos por resoluo do Conselho Federal de Medicina.

    1 Os pronturios mdicos, contendo os resultados ou os laudos dos exames referentes aos diagnsticos de morte enceflica e cpias dos documentos de que tratam os arts. 2, pargrafo nico; 4 e seus pargrafos; 5; 7; 9, 2, 4, 6 e 8, e 10, quando couber, e detalhando os atos cirrgicos relativos aos transplantes e enxertos, sero mantidos nos arquivos das instituies referidas no art. 2 por um perodo mnimo de cinco anos.

    2 s instituies referidas no art. 2 enviaro anualmente um relatrio contendo os nomes dos pacientes receptores ao rgo gestor estadual do Sistema nico de Sade.

    3 Ser admitida a presena de mdico de confiana da famlia do falecido no ato da comprovao e atestao da morte enceflica.

    Art. 4 Salvo manifestao de vontade em contrrio, nos termos desta Lei, presume-se autorizada a doao de tecidos, rgos ou partes do corpo humano, para finalidade de transplantes ou teraputica post mortem.

    Art. 4o A retirada de tecidos, rgos e partes do corpo de pessoas falecidas para

    transplantes ou outra finalidade teraputica, depender da autorizao do cnjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessria, reta ou colateral, at o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes verificao da morte. (Redao dada pela Lei n 10.211, de 23.3.2001)

  • Pargrafo nico. (VETADO) (Includo pela Lei n 10.211, de 23.3.2001)

    1 A expresso no-doador de rgos e tecidos dever ser gravada, de forma indelvel e inviolvel, na Carteira de Identidade Civil e na Carteira Nacional de Habilitao da pessoa que optar por essa condio.(Revogado pela Lei n 10.211, de 23.3.2001) 2 A gravao de que trata este artigo ser obrigatria em todo o territrio nacional a todos os rgos de identificao civil e departamentos de trnsito, decorridos trinta dias da publicao desta Lei.(Revogado pela Lei n 10.211, de 23.3.2001) 3 O portador de Carteira de Identidade Civil ou de Carteira Nacional de Habilitao emitidas at a data a que se refere o pargrafo anterior poder manifestar sua vontade de no doar tecidos, rgos ou partes do corpo aps a morte, comparecendo ao rgo oficial de identificao civil ou departamento de trnsito e procedendo gravao da expresso no-doador de rgos e tecidos.(Revogado pela Lei n 10.211, de 23.3.2001) 4 A manifestao de vontade feita na Carteira de Identidade Civil ou na Carteira Nacional de Habilitao poder ser reformulada a qualquer momento, registrando-se, no documento, a nova declarao de vontade.(Revogado pela Lei n 10.211, de 23.3.2001) 5 No caso de dois ou mais documentos legalmente vlidos com opes diferentes, quanto condio de doador ou no, do morto, prevalecer aquele cuja emisso for mais recente.(Revogado pela Lei n 10.211, de 23.3.2001)

    Art. 5 A remoo post mortem de tecidos, rgos ou partes do corpo de pessoa juridicamente incapaz poder ser feita desde que permitida expressamente por ambos os pais, ou por seus responsveis legais.

    Art. 6 vedada a remoo post mortem de tecidos, rgos ou partes do corpo de pessoas no identificadas.

    Art. 7 (VETADO)

    Pargrafo nico. No caso de morte sem assistncia mdica, de bito em decorrncia de causa mal definida ou de outras situaes nas quais houver indicao de verificao da causa mdica da morte, a remoo de tecidos, rgos ou partes de cadver para fins de transplante ou teraputica somente poder ser realizada aps a autorizao do patologista do servio de verificao de bito responsvel pela investigao e citada em relatrio de necrpsia.

    Art. 8 Aps a retirada de partes do corpo, o cadver ser condignamente recomposto e entregue aos parentes do morto ou seus responsveis legais para sepultamento.

    Art. 8o Aps a retirada de tecidos, rgos e partes, o cadver ser imediatamente

    necropsiado, se verificada a hiptese do pargrafo nico do art. 7o, e, em qualquer caso,

    condignamente recomposto para ser entregue, em seguida, aos parentes do morto ou seus responsveis legais para sepultamento. (Redao dada pela Lei n 10.211, de 23.3.2001)

    b) Doador vivo, art. 9:

    Somente maior e capaz pode doar.

    Incapaz pode doar: medula ssea, com autorizao judicial e consentimento dos 02 pais,

    desde que no traga risco vida.

    Vedado tambm gestante (exceto medula ssea sem risco vida materna ou do

    concepto).

    Autorizao de quem vai disponente por escrito, assinado por 02 testemunhas,

    especificando o rgo, tecido.

    Pode ser revogado a qualquer tempo, antes da doao.

    Art. 9o permitida pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, rgos e

    partes do prprio corpo vivo, para fins teraputicos ou para transplantes em cnjuge ou parentes consangneos at o quarto grau, inclusive, na forma do 4

    o deste artigo, ou em

    qualquer outra pessoa, mediante autorizao judicial, dispensada esta em relao medula ssea. (Redao dada pela Lei n 10.211, de 23.3.2001)

    1 (VETADO)

  • 2 (VETADO)

    3 S permitida a doao referida neste artigo quando se tratar de rgos duplos, de partes de rgos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada no impea o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua integridade e no represente grave comprometimento de suas aptides vitais e sade mental e no cause mutilao ou deformao inaceitvel, e corresponda a uma necessidade teraputica comprovadamente indispensvel pessoa receptora.

    4 O doador dever autorizar, preferencialmente por escrito e diante de testemunhas, especificamente o tecido, rgo ou parte do corpo objeto da retirada.

    5 A doao poder ser revogada pelo doador ou pelos responsveis legais a qualquer momento antes de sua concretizao.

    6 O indivduo juridicamente incapaz, com compatibilidade imunolgica comprovada, poder fazer doao nos casos de transplante de medula ssea, desde que haja consentimento de ambos os pais ou seus responsveis legais e autorizao judicial e o ato no oferecer risco para a sua sade.

    7 vedado gestante dispor de tecidos, rgos ou partes de seu corpo vivo, exceto quando se tratar de doao de tecido para ser utilizado em transplante de medula ssea e o ato no oferecer risco sua sade ou ao feto.

    8 O auto-transplante depende apenas do consentimento do prprio indivduo, registrado em seu pronturio mdico ou, se ele for juridicamente incapaz, de um de seus pais ou responsveis legais.

    c) Receptor art. 10:

    Deve consentir por escrito (incapaz: pais ou responsveis legais).

    Na ausncia deles, o mdico assistente pode tomar a deciso, desde que no seja

    possvel mant-lo vivo de outra forma.

    2: inscrio em lista nica, no confere direito a indenizao se o rgo se perdeu, salvo

    se por dano acidental ou material.

    Art. 10. O transplante ou enxerto s se far com o consentimento expresso do receptor, assim inscrito em lista nica de espera, aps aconselhamento sobre a excepcionalidade e os riscos do procedimento. (Redao dada pela Lei n 10.211, de 23.3.2001)

    1o Nos casos em que o receptor seja juridicamente incapaz ou cujas condies de sade

    impeam ou comprometam a manifestao vlida da sua vontade, o consentimento de que trata este artigo ser dado por um de seus pais ou responsveis legais. (Pargrafo includo pela Lei n 10.211, de 23.3.2001)

    2o A inscrio em lista nica de espera no confere ao pretenso receptor ou sua famlia

    direito subjetivo a indenizao, se o transplante no se realizar em decorrncia de alterao do estado de rgos, tecidos e partes, que lhe seriam destinados, provocado por acidente ou incidente em seu transporte. (Pargrafo includo pela Lei n 10.211, de 23.3.2001)

    Pargrafo nico. Nos casos em que o receptor seja juridicamente incapaz ou cujas condies de sade impeam ou comprometam a manifestao vlida de sua vontade, o consentimento de que trata este artigo ser dado por um de seus pais ou responsveis legais.

    1.4. Exame mdico legal (necropsia):

    Tcnica tanatolgica que compreende diversas fases, desde a anlise do local do bito,

    at exames laboratoriais complementares.

    Visa determinar a causa mortis, e a natureza jurdica do evento:

  • Natural. Acidental. Suicida. Criminosa.

    Fases do exame tanatolgico (diagnstico):

    Perinescroscpica ( feito pelo perito criminal):

    Histria do fato. Histria da vtima. Histria do suposto agressor. Exame do local (peritos criminais).

    Necropsia completa: feita no IML- Instituto Mdico Legal.

    Exames complementares: histolgicos, qumicos e outros.

    Necropsia tcnica:

    Observar as regras dos artigos 158 a 184 do CPP.

    Para necropsia, em regra, aguarda-se 06h do bito (art. 162, CPP). Deve ser feita a qualquer dia ou hora.

    Inspeo externa:

    Sexo. Compleio fsica. Estado de nutrio. Presena de cicatrizes ou tatuagens. Deformidades, ferimentos externos; Vestes: presenas de machas (orgnicas), solues de continuidade, resduos (em

    disparos de arma de fogo), dentio.

    Inspeo interna:

    Exame das cavidades torcica e abdominal. rgos do pescoo (laringe, traqueia, esfago e tireoide). Cavidades: vertebral, craniana, Cavidades acessrias da cabea (rbitas, fossas nasais, ouvidos e seios da face) Exame individual dos sistemas orgnicos com obrigatria coleta de material (amostras

    dos rgos e fluidos) para exames complementares guardando material suficiente para

    nova percia, se necessrio. Art. 170 CPP.

    Art. 170. Nas percias de laboratrio, os peritos guardaro material suficiente para a

    eventualidade de nova percia. Sempre que conveniente, os laudos sero ilustrados com

    provas fotogrficas, ou microfotogrficas, desenhos ou esquemas.

    Recomposio do corpo para inumao. Necropsia branca: aquela que no deu concluses. S se admite desde que tenha feito a

    necropsia completa.